Este documento discute várias críticas feitas à filosofia de Descartes, incluindo: 1) Gassendi argumenta que a primeira verdade de Descartes ("penso, logo existo") não foi obtida por intuição mas por dedução; 2) Gassendi sugere que a primeira verdade poderia ser "ando ou vejo, logo existo"; 3) Mersenne pergunta se um ateu pode fazer ciência segundo a filosofia cartesiana.
1. Para os mais complexos; e 4) regra das enumerações sucessivas, uma revisão geral,
uma espécie de “prova dos nove”. Lança o dado e se tiveres mais que cinco pontos,
não te acontece nada; mas se tiveres menos que quatro pontos ficas duas vezes sem
jogar.
23- Casa da Verdade. A primeira verdade descoberta pela razão intuitiva –
apreensão rápida e imediata de uma verdade - pelo filósofo que não queria ser
enganado, é a de que “se estou a duvidar, estou a pensar e se estou a pensar existo
enquanto sujeito que pensa”: “PENSO, LOGO EXISTO” (Cogito, ergo sum). Podes
avançar duas casas.
27- Casa de Gassendi. Gassendi critica Descartes afirmando que a primeira
verdade descoberta pelo filósofo francês não foi obtida por intuição mas por
dedução, cuja forma padrão seria a seguinte: 1- Todos os que pensam existem; 2- Eu
penso e 3- Logo, eu existo. Mas poderias perguntar qual seria o problema se assim
fosse. É simples, se a 1º verdade fosse obtida através de uma dedução, então teria
sido extraída de premissas (conhecimentos) não sujeitos à duvida – duvidosos,
incertos. Logo, a conclusão também seria duvidosa, incerta. Ah! Descartes parece
estar com problemas. Enquanto pensas sobre este assunto ficas uma vez sem jogar.
32- Casa do Santo. Descartes foi acusado de ter “copiado” a prova de existência
de Deus apresentada por Santo Anselmo. Confrontado com esta acusação,
Descartes afirma “Releio Santo Anselmo na próxima oportunidade”. Mas
controvérsias à parte, Descartes afirma que a sua prova da existência de Deus
denominada por Kant de “argumento ontológico” é distinta da prova de Santo
Anselmo, por vários factores, tais como o facto de partir de uma ideia inata (Ser
Perfeito), o que não acontece em Santo Anselmo. Além disso, é-lhe dada a aparência
de uma demonstração matemática, ausente na prova do Santo em questão. Ah!
Nós não somos santos mas … Podes avançar três casas.
35- Casa dos Inimigos. Descartes tinha inimigos ou melhor críticos. Gassendi ainda
critica Descartes afirmando que a primeira verdade poderia ser “Ando ou vejo, logo
existo” em vez de “Penso, logo existo”. Ah! Estás a perguntar “E então qual seria o
problema?”. O problema reside no facto de Gassendi afirmar que a 1º verdade
poderia ser extraída de um acto do corpo (sentidos) e não da razão. Ora Descartes
é racionalista. Enquanto pensas sobre este assunto ficas uma vez sem jogar. Outro
“crítico”, Padre Mersenne colocou-lhe uma questão: “Poderá um ateu (nega a
existência de Deus) fazer ciência?” Para poderes tentar responder a esta pergunta,
deves deslocar-te para a casa 38, onde ficas duas vezes sem jogar.
38- Casa de Deus. Na filosofia de Descartes o Ser Perfeito (Deus) tem
um duplo papel: 1) É a garantia da verdade das evidências – ideias claras e
distintas – actuais, isto é, das ideias que estou neste momento a pensar;
que estão actualmente presentes na minha consciência e 2) É a garantia da
verdade das nossas evidências passadas, presentes na memória (não
actualmente presentes na nossa consciência). Confuso? Não estejas! É o
Ser Perfeito que vai garantir que a verdade não muda enquanto eu deixo
de a pensar actualmente, isto é, que as ideias outrora pensadas como
claras e distintas guardadas na memória continuam a ser verdadeiras. Ah!
… Já deves estar com uma “enorme” dor de cabeça. Pensar é uma
actividade extenuante. Talvez seja melhor descansares um pouco. Ah, já
sei … Ficas duas vezes sem jogar.
50- Casa do Círculo Vicioso. Descartes foi acusado de cometer um erro
de raciocínio denominado de “falácia do círculo vicioso”, pois a verdade da
conclusão é assumida pelas premissas. Senão vejamos: num primeiro
momento, Descartes prova que existe um Deus (Ser Perfeito) porque
temos dele uma ideia inata, clara e distinta e num segundo momento, prova
que as ideias inatas, claras e distintas são necessariamente verdadeiras
porque foram colocadas em nós, na razão humana por um Ser Perfeito que
não engana. Concluindo: Descartes não prova a existência do Ser Perfeito
nem que as ideias inatas são verdadeiras. Esperamos que a tua cabeça,
neste momento, não esteja “feita num oito”. Ah … É o mesmo tipo de
raciocínio presente nesta afirmação: “ Deus existe porque a Bíblia o diz. E
se a Bíblia o diz deve ser verdade porque foi escrita por Deus que não
mente”. Podes avançar duas casas.
58- Casa da Glória.
Parabéns!!… Chegaste ao fim!!...
…Se é que o fim existe…!!!
Coloca o teu peão na casa da partida
e
volta a jogar.