SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 24
Da acção aos valores.
A teoria para poder analisar
          a prática.
 1.       A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou
         inconscientemente, movemo-nos porque desejamos e
               queremos algo que nos parece desejável.
      2.    Os valores orientam a nossa acção e as nossas
           escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o
                                 mundo.
O que são os valores:
• Os valores não são         • Os valores são
  ideias, porque as ideias     qualidades que
  definem-se                   atribuímos às coisas,
  intelectualmente,            acções, pessoas.
  enquanto os valores        • Por isso não valem
  implicam a nossa             apenas por si, têm que
  afectividade, emoção e       ter um suporte onde são
  preferências.                aplicados.
• Honra: ideia. Se apenas
  a definirmos, valor se
  desejarmos que as
  nossas acções tenham
  essa qualidade.
Juízos de facto e juízos de
               valor:
• Juízos de facto são
  descritivos das
  propriedades objectivas
  de uma coisa, acção ou
  pessoa.
• Têm valor de verdade
  independente do sujeito.
• Exemplo. Isto é uma
  pintura a óleo de
  Gauguin,pintada em 1888
  e intitulada “Les
  Alychamps
Juízos de facto e juízos de
                valor:
• Os juízos de valor são
  normativos, dizem-nos como
  devemos avaliar as coisas.
• Se têm valor de verdade?
  Talvez sim, talvez não. Não
  são independentes das nossas
  crenças e gostos. Há quem
  defenda contudo que são
  independentes dos nossos
  gostos.
• Exemplo: Este quadro é muito
  expressivo, gosto do jogo de
  claro/escuro.
Tipos de valores e critérios
               valorativos.
• Valores estéticos: Exemplo:
  Prefiro a pintura figurativa à
  abstracta. Porquê?
• Para emitir um juízo de valor
  temos critérios valorativos.
  Estes servem para fazermos
  uma hierarquização dos
  valores e determinar as
  nossas preferências. São
  padrões de avaliação, regras
  de procedimento. Mas também
  nos servem para justificar as
  nossas preferências, para as
  explicar.
Tipos de valores:

•   Há valores Absolutose
    valores Relativos. Os
    valores absolutos são
    independentes das épocas e das
    pessoas. Os valores relativos
    dependem da cultura, da época e
    da pessoa.
•   Há valores meio: Que não têm
    valor em si, mas têm valor como
    meio para atingir outros valores.
    Por exemplo: o dinheiro (Têm
    valor extrínseco)
•   Há valores que valem por si, a
    amizade ou a liberdade. Que são
    um fim em si e não o meio para
    atingir através deles outros
    valores. (Têm valor intrínseco)
Tipos de valores, segundo a
     taxinomia de Max Sheller:
•
                         capaz - incapaz
    1.Valores úteis      caro - barato
                         abundante -escasso
                            necessário -supérfluo
                                são - doente
                                selecto -vulgar
      1.Valores vitais          enérgico -inerte
                               forte -débil
Tipos de valores segundo a
             taxinomia de Max Sheller
•                                               conhecimento -erro
•                    Intelectuais                exacto -aproximado
•                                               evidente - provável
•
•                                                             bom -mau

•   3. Valores                                                 bondoso -ardiloso
    Espirituais       Morais                                  justo -injusto
•                                                              escrupuloso -desleixado
•                                                              leal -desleal
•
                                                                             belo -feio
•                                   Estéticos                  gracioso -tosco
•                                                             elegante -deselegante
•                                                              harmonioso -desarmonioso
•
•                                   sagrado -profano
•   4. Valores                      divino -demoníaco
•       religiosos                  supremo -derivado
•                                   milagroso -mecânico
Duas teorias sobre os valores:
        subjectivismo e objectivismo.
• Teoria subjectivista
• TESE: Os juízos de valor são subjectivos.
• ARGUMENTO:. Não existe um padrão objectivo de Bom ou de
  Belo. Daí ser impossível justificar racionalmente porque devo gostar
  mais de Bach ou de Tony Carreira. Estes autores são bons para
  alguém que gosta deles mas não possuem um valor intrínseco.
  Outro exemplo: Pode ser preferível, por vezes mentir ,a dizer
  sempre a verdade.
• Os juízos de valor expressam os gostos do sujeito e não um
  valor real do objecto.
• Argumento a favor (empírico): sobre o mesmo objecto pode haver
  inúmeros juízos de valor.
Consequências:
• Os juízos de valor são relativos e não
  absolutos. Daí não haver juízos de valor
  Verdadeiros ou falsos.
• São relativos às pessoas, como as
  pessoas são influenciadas pela educação
  e a cultura onde se inserem podemos
  concluir que também dependem da
  cultura.
Teoria objectivista:
• TESE: Os Juízos de valor são objectivos.
• Argumento: há valores absolutos que
  transcendem as pessoas, isto é que são
  independentes de gostarmos ou não.
• Os objectos têm valor independentemente do
  gosto das pessoas.
• Há determinadas acções e objectos que têm
  um valor em si.
Argumento:
     • Este quadro de Chagall
       tem valor em si. Isto é,
       tem qualidades técnicas,
       de composição e
       equilíbrio que são
       próprias desta pintura.
       Daí que os juízos de
       valor possam ser
       Verdadeiros ou falsos.
Teoria complementar:

• Haverá uma possibilidade de considerar
  que há uma subjectividade comum, uma
  forma de sentir em relação aos valores
  morais, que é universal. Daí o valor da
  justiça, da dignidade humana ser um valor
  absoluto porque é próprio da humanidade.
Exemplo:
• “É errado e
  condenável matar
  inocentes ou
  infringir-lhes
  sofrimento”
• Este juízo tem valor
  de verdade, isto é,
  seja qual for a
  circunstância ou a
  pessoa é verdadeiro.
A diversidade cultural e os valores:
• . O Etnocentrismo:
  considera que existem
  padrões culturais
  superiores que devem
  ser aplicados a toda a
  diversidade.
• Pode conduzir ao           • .
  preconceito e racismo,
  xenofobia e situações de
  conflito.
O Relativismo cultural:
• A posição relativista: considera que não
  existem padrões , não há portanto
  culturas boas e más. Todos os juízos
  morais são relativos.
• Não podemos, por isso, condenar as
  práticas de outras culturas.

• Conduz à tolerância e à coesão social.
O argumento da diversidade
           cultural:
• Culturas diferentes
  têm códigos morais
  diferentes.
• Logo, não há uma
  verdade objectiva da
  moralidade, certo e
  errado são questões
  de opinião.
Argumentos a favor:
• Os juízos de valor são verdadeiros no seio
  de uma determinada cultura, e só aí
  ganham sentido.
• A excisão é uma prática justificada para
  controle da natalidade e segurança das
  famílias.
Argumentos contra o relativismo
         cultural (Obecção1)
• Objecção: a indiferença. O considerar que
  tudo é cultura e que portanto todos os
  actos são legítimos, tornamos impossível
  a discussão da diversidade de valores.
Argumento contra o relativismo cultural
           (Objecção 2):
• Do ponto de vista lógico este argumento
  não é sólido. Porque as pessoas podem
  acreditar em diferentes crenças, e ter
  juízos de valor diferentes acerca do certo
  e do errado, mas isso não significa que o
  certo e o errado dependam do que as
  pessoas acreditam.
Objecção 2
• Pelo facto de não sabermos o melhor não significa que
  não exista. Os relativistas confundem a diversidade de
  opiniões com a inexistência da verdade. Se formos
  relativistas então não há valores morais absolutos.
  Assim todos as regras morais são possíveis e nenhuma
  é melhor que outra. Isso não significa que não há moral,
  significa apenas que ela não é única, que há diferentes
  regras e princípios consoante as sociedades.
  Pelo facto de não sabermos que há vida em
  Andrómeda, não quer dizer que não haja uma verdade
  sobre isso.
Objecção 3
• Se aceitarmos esta posição como correcta devemos
  aceitar como válidos todo o tipo de práticas. Parece-
  nos que há certas práticas que não devem ser
  aceites.
  1 As culturas evoluem: É certo que algumas
  sociedades evoluem: por exemplo a escravatura
  tinha um valor positivo e era uma prática na América
  do Norte e hoje é uma aberração. Se as sociedades
  evoluem é porque compreendem que certas práticas
  são más e que é melhor substitui-las por outras
  mais conformes à natureza humana. A ciência
  ajudou a perceber que todos somos iguais.
Outro argumento Objecção 4:
              •   Há revoltas dentro das
                  sociedades. No seio de uma
                  certa cultura muitas pessoas
                  mais informadas não
                  concordam com certas
                  práticas, nem sempre há
                  unanimidade, e há desvios à
                  norma. Portanto muitos
                  costumes não são livremente
                  aceites mas são impostos pela
                  inércia da tradição.
O relativismo cultural pode
conduzir-nos ao relativismo moral

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A critica da_razao_pratica
A critica da_razao_praticaA critica da_razao_pratica
A critica da_razao_pratica
Douglas Barreto
 
As três principais concepções de ciência
As três principais concepções de ciênciaAs três principais concepções de ciência
As três principais concepções de ciência
Elisabeth Silva Epifânio
 
Passagem do mito à filosofia
Passagem do mito à filosofiaPassagem do mito à filosofia
Passagem do mito à filosofia
Pedro Almeida
 
Pesquisas qualitativa e quantitativa
Pesquisas qualitativa e quantitativaPesquisas qualitativa e quantitativa
Pesquisas qualitativa e quantitativa
Taïs Bressane
 
1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica
Daniele Rubim
 

Mais procurados (20)

O que são valores?
O que são valores?O que são valores?
O que são valores?
 
FILOSOFIA DE KANT
FILOSOFIA DE KANTFILOSOFIA DE KANT
FILOSOFIA DE KANT
 
FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]
FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]
FILOSOFIA DA RELIGIÃO - [PAINE, Scott Randall]
 
MÉTODO CIENTÍFICO.pptx
MÉTODO CIENTÍFICO.pptxMÉTODO CIENTÍFICO.pptx
MÉTODO CIENTÍFICO.pptx
 
A critica da_razao_pratica
A critica da_razao_praticaA critica da_razao_pratica
A critica da_razao_pratica
 
Existencialismo
ExistencialismoExistencialismo
Existencialismo
 
A natureza dos valores L -.pdf
A natureza dos valores L -.pdfA natureza dos valores L -.pdf
A natureza dos valores L -.pdf
 
As três principais concepções de ciência
As três principais concepções de ciênciaAs três principais concepções de ciência
As três principais concepções de ciência
 
O que é a filosofia
O que é a filosofiaO que é a filosofia
O que é a filosofia
 
DUALISMO
DUALISMODUALISMO
DUALISMO
 
Stuart mill
Stuart millStuart mill
Stuart mill
 
éTica profissional
éTica profissionaléTica profissional
éTica profissional
 
Idealismo 306
Idealismo 306Idealismo 306
Idealismo 306
 
Exercícios de lógica aristotélica
Exercícios de lógica aristotélicaExercícios de lógica aristotélica
Exercícios de lógica aristotélica
 
Apresentação modernidade líquida
Apresentação modernidade líquidaApresentação modernidade líquida
Apresentação modernidade líquida
 
Passagem do mito à filosofia
Passagem do mito à filosofiaPassagem do mito à filosofia
Passagem do mito à filosofia
 
12. Filosofia antiga Enem 2022 revisão
12. Filosofia antiga Enem 2022 revisão12. Filosofia antiga Enem 2022 revisão
12. Filosofia antiga Enem 2022 revisão
 
A ética será relativa
A ética será relativaA ética será relativa
A ética será relativa
 
Pesquisas qualitativa e quantitativa
Pesquisas qualitativa e quantitativaPesquisas qualitativa e quantitativa
Pesquisas qualitativa e quantitativa
 
1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica1 introdução à reflexão filosofica
1 introdução à reflexão filosofica
 

Semelhante a Da acção aos valores1

Serão os valores morais relativos?
Serão os valores morais relativos?Serão os valores morais relativos?
Serão os valores morais relativos?
Helena Serrão
 
Microsoft word texto de apoio os valores
Microsoft word   texto de apoio os valoresMicrosoft word   texto de apoio os valores
Microsoft word texto de apoio os valores
Julia Martins
 
Microsoft word texto de apoio os valores
Microsoft word   texto de apoio os valoresMicrosoft word   texto de apoio os valores
Microsoft word texto de apoio os valores
Julia Martins
 
Moral e ética
Moral e éticaMoral e ética
Moral e ética
Over Lane
 
Texto de apoio os valores
Texto de apoio os valoresTexto de apoio os valores
Texto de apoio os valores
Julia Martins
 
Ética e moral desafios contemporâneos
Ética e moral   desafios contemporâneosÉtica e moral   desafios contemporâneos
Ética e moral desafios contemporâneos
Daniela Barroso
 

Semelhante a Da acção aos valores1 (20)

éTica DeontolóGica
éTica DeontolóGicaéTica DeontolóGica
éTica DeontolóGica
 
Etica profissional
Etica profissionalEtica profissional
Etica profissional
 
Valores subjetivos objetivos
Valores subjetivos objetivosValores subjetivos objetivos
Valores subjetivos objetivos
 
CP5-Dr1.ppt
CP5-Dr1.pptCP5-Dr1.ppt
CP5-Dr1.ppt
 
Ética moral e valores
Ética moral e valoresÉtica moral e valores
Ética moral e valores
 
Valor
ValorValor
Valor
 
ética e cidadania
ética e cidadaniaética e cidadania
ética e cidadania
 
Serão os valores morais relativos?
Serão os valores morais relativos?Serão os valores morais relativos?
Serão os valores morais relativos?
 
Microsoft word texto de apoio os valores
Microsoft word   texto de apoio os valoresMicrosoft word   texto de apoio os valores
Microsoft word texto de apoio os valores
 
Microsoft word texto de apoio os valores
Microsoft word   texto de apoio os valoresMicrosoft word   texto de apoio os valores
Microsoft word texto de apoio os valores
 
Moral e ética
Moral e éticaMoral e ética
Moral e ética
 
Texto de apoio os valores
Texto de apoio os valoresTexto de apoio os valores
Texto de apoio os valores
 
Partilha ministerial
Partilha ministerialPartilha ministerial
Partilha ministerial
 
Resumos valores e_valoração
Resumos valores e_valoraçãoResumos valores e_valoração
Resumos valores e_valoração
 
A dimensão pessoal e social da Ética.pdf
A dimensão pessoal e social da Ética.pdfA dimensão pessoal e social da Ética.pdf
A dimensão pessoal e social da Ética.pdf
 
Modulo 6 deontologia e ASC parte I
Modulo 6  deontologia e ASC   parte IModulo 6  deontologia e ASC   parte I
Modulo 6 deontologia e ASC parte I
 
eqt10_ppt_5.pptx
eqt10_ppt_5.pptxeqt10_ppt_5.pptx
eqt10_ppt_5.pptx
 
Ética profissional (1ª e 2ª aula) turma gba
Ética profissional  (1ª e 2ª aula) turma gbaÉtica profissional  (1ª e 2ª aula) turma gba
Ética profissional (1ª e 2ª aula) turma gba
 
Ética no trabalho
Ética no trabalhoÉtica no trabalho
Ética no trabalho
 
Ética e moral desafios contemporâneos
Ética e moral   desafios contemporâneosÉtica e moral   desafios contemporâneos
Ética e moral desafios contemporâneos
 

Mais de Helena Serrão

Descartes provas da existência de Deus.pptx
Descartes provas da existência de Deus.pptxDescartes provas da existência de Deus.pptx
Descartes provas da existência de Deus.pptx
Helena Serrão
 
Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892
Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892
Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892
Helena Serrão
 

Mais de Helena Serrão (20)

Descartes provas da existência de Deus.pptx
Descartes provas da existência de Deus.pptxDescartes provas da existência de Deus.pptx
Descartes provas da existência de Deus.pptx
 
Ceticismo.pptx
Ceticismo.pptxCeticismo.pptx
Ceticismo.pptx
 
O discurso filosófico.pptx
O discurso filosófico.pptxO discurso filosófico.pptx
O discurso filosófico.pptx
 
A estrutura lógica do discurso.pptx
A estrutura lógica do discurso.pptxA estrutura lógica do discurso.pptx
A estrutura lógica do discurso.pptx
 
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptx
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptxCríticas à Ética deontológica de Kant.pptx
Críticas à Ética deontológica de Kant.pptx
 
Representações da pieta
Representações da pietaRepresentações da pieta
Representações da pieta
 
Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892
Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892
Oqueaarte 100529034553-phpapp01-150514210944-lva1-app6892
 
Descartes críticas
Descartes críticasDescartes críticas
Descartes críticas
 
Sensocomumeconhecimentocientfico 130405110837-phpapp02(1)
Sensocomumeconhecimentocientfico 130405110837-phpapp02(1)Sensocomumeconhecimentocientfico 130405110837-phpapp02(1)
Sensocomumeconhecimentocientfico 130405110837-phpapp02(1)
 
David hume2
David hume2David hume2
David hume2
 
Revisoes hume e_descartes
Revisoes hume e_descartesRevisoes hume e_descartes
Revisoes hume e_descartes
 
Determinismo e liberdade_na_acao_humana
Determinismo e liberdade_na_acao_humanaDeterminismo e liberdade_na_acao_humana
Determinismo e liberdade_na_acao_humana
 
David hume2
David hume2David hume2
David hume2
 
Pp4
Pp4Pp4
Pp4
 
Inteligencia artificial
Inteligencia artificialInteligencia artificial
Inteligencia artificial
 
Falcias 121204140007-phpapp01
Falcias 121204140007-phpapp01Falcias 121204140007-phpapp01
Falcias 121204140007-phpapp01
 
O que é a arte
O que é a arteO que é a arte
O que é a arte
 
Como vai o teu discernimento intelectual acerca da
Como vai o teu discernimento intelectual acerca daComo vai o teu discernimento intelectual acerca da
Como vai o teu discernimento intelectual acerca da
 
Falácias2
Falácias2Falácias2
Falácias2
 
Logica informal
Logica informalLogica informal
Logica informal
 

Da acção aos valores1

  • 1. Da acção aos valores. A teoria para poder analisar a prática. 1. A nossa acção é motivada por valores. Consciente ou inconscientemente, movemo-nos porque desejamos e queremos algo que nos parece desejável. 2. Os valores orientam a nossa acção e as nossas escolhas, os nossos juízos sobre nós, os outros e o mundo.
  • 2. O que são os valores: • Os valores não são • Os valores são ideias, porque as ideias qualidades que definem-se atribuímos às coisas, intelectualmente, acções, pessoas. enquanto os valores • Por isso não valem implicam a nossa apenas por si, têm que afectividade, emoção e ter um suporte onde são preferências. aplicados. • Honra: ideia. Se apenas a definirmos, valor se desejarmos que as nossas acções tenham essa qualidade.
  • 3. Juízos de facto e juízos de valor: • Juízos de facto são descritivos das propriedades objectivas de uma coisa, acção ou pessoa. • Têm valor de verdade independente do sujeito. • Exemplo. Isto é uma pintura a óleo de Gauguin,pintada em 1888 e intitulada “Les Alychamps
  • 4. Juízos de facto e juízos de valor: • Os juízos de valor são normativos, dizem-nos como devemos avaliar as coisas. • Se têm valor de verdade? Talvez sim, talvez não. Não são independentes das nossas crenças e gostos. Há quem defenda contudo que são independentes dos nossos gostos. • Exemplo: Este quadro é muito expressivo, gosto do jogo de claro/escuro.
  • 5. Tipos de valores e critérios valorativos. • Valores estéticos: Exemplo: Prefiro a pintura figurativa à abstracta. Porquê? • Para emitir um juízo de valor temos critérios valorativos. Estes servem para fazermos uma hierarquização dos valores e determinar as nossas preferências. São padrões de avaliação, regras de procedimento. Mas também nos servem para justificar as nossas preferências, para as explicar.
  • 6. Tipos de valores: • Há valores Absolutose valores Relativos. Os valores absolutos são independentes das épocas e das pessoas. Os valores relativos dependem da cultura, da época e da pessoa. • Há valores meio: Que não têm valor em si, mas têm valor como meio para atingir outros valores. Por exemplo: o dinheiro (Têm valor extrínseco) • Há valores que valem por si, a amizade ou a liberdade. Que são um fim em si e não o meio para atingir através deles outros valores. (Têm valor intrínseco)
  • 7. Tipos de valores, segundo a taxinomia de Max Sheller: • capaz - incapaz 1.Valores úteis caro - barato abundante -escasso necessário -supérfluo são - doente selecto -vulgar 1.Valores vitais enérgico -inerte forte -débil
  • 8. Tipos de valores segundo a taxinomia de Max Sheller • conhecimento -erro • Intelectuais exacto -aproximado • evidente - provável • • bom -mau • 3. Valores bondoso -ardiloso Espirituais Morais justo -injusto • escrupuloso -desleixado • leal -desleal • belo -feio • Estéticos gracioso -tosco • elegante -deselegante • harmonioso -desarmonioso • • sagrado -profano • 4. Valores divino -demoníaco • religiosos supremo -derivado • milagroso -mecânico
  • 9. Duas teorias sobre os valores: subjectivismo e objectivismo. • Teoria subjectivista • TESE: Os juízos de valor são subjectivos. • ARGUMENTO:. Não existe um padrão objectivo de Bom ou de Belo. Daí ser impossível justificar racionalmente porque devo gostar mais de Bach ou de Tony Carreira. Estes autores são bons para alguém que gosta deles mas não possuem um valor intrínseco. Outro exemplo: Pode ser preferível, por vezes mentir ,a dizer sempre a verdade. • Os juízos de valor expressam os gostos do sujeito e não um valor real do objecto. • Argumento a favor (empírico): sobre o mesmo objecto pode haver inúmeros juízos de valor.
  • 10. Consequências: • Os juízos de valor são relativos e não absolutos. Daí não haver juízos de valor Verdadeiros ou falsos. • São relativos às pessoas, como as pessoas são influenciadas pela educação e a cultura onde se inserem podemos concluir que também dependem da cultura.
  • 11. Teoria objectivista: • TESE: Os Juízos de valor são objectivos. • Argumento: há valores absolutos que transcendem as pessoas, isto é que são independentes de gostarmos ou não. • Os objectos têm valor independentemente do gosto das pessoas. • Há determinadas acções e objectos que têm um valor em si.
  • 12. Argumento: • Este quadro de Chagall tem valor em si. Isto é, tem qualidades técnicas, de composição e equilíbrio que são próprias desta pintura. Daí que os juízos de valor possam ser Verdadeiros ou falsos.
  • 13. Teoria complementar: • Haverá uma possibilidade de considerar que há uma subjectividade comum, uma forma de sentir em relação aos valores morais, que é universal. Daí o valor da justiça, da dignidade humana ser um valor absoluto porque é próprio da humanidade.
  • 14. Exemplo: • “É errado e condenável matar inocentes ou infringir-lhes sofrimento” • Este juízo tem valor de verdade, isto é, seja qual for a circunstância ou a pessoa é verdadeiro.
  • 15. A diversidade cultural e os valores: • . O Etnocentrismo: considera que existem padrões culturais superiores que devem ser aplicados a toda a diversidade. • Pode conduzir ao • . preconceito e racismo, xenofobia e situações de conflito.
  • 16. O Relativismo cultural: • A posição relativista: considera que não existem padrões , não há portanto culturas boas e más. Todos os juízos morais são relativos. • Não podemos, por isso, condenar as práticas de outras culturas. • Conduz à tolerância e à coesão social.
  • 17. O argumento da diversidade cultural: • Culturas diferentes têm códigos morais diferentes. • Logo, não há uma verdade objectiva da moralidade, certo e errado são questões de opinião.
  • 18. Argumentos a favor: • Os juízos de valor são verdadeiros no seio de uma determinada cultura, e só aí ganham sentido. • A excisão é uma prática justificada para controle da natalidade e segurança das famílias.
  • 19. Argumentos contra o relativismo cultural (Obecção1) • Objecção: a indiferença. O considerar que tudo é cultura e que portanto todos os actos são legítimos, tornamos impossível a discussão da diversidade de valores.
  • 20. Argumento contra o relativismo cultural (Objecção 2): • Do ponto de vista lógico este argumento não é sólido. Porque as pessoas podem acreditar em diferentes crenças, e ter juízos de valor diferentes acerca do certo e do errado, mas isso não significa que o certo e o errado dependam do que as pessoas acreditam.
  • 21. Objecção 2 • Pelo facto de não sabermos o melhor não significa que não exista. Os relativistas confundem a diversidade de opiniões com a inexistência da verdade. Se formos relativistas então não há valores morais absolutos. Assim todos as regras morais são possíveis e nenhuma é melhor que outra. Isso não significa que não há moral, significa apenas que ela não é única, que há diferentes regras e princípios consoante as sociedades. Pelo facto de não sabermos que há vida em Andrómeda, não quer dizer que não haja uma verdade sobre isso.
  • 22. Objecção 3 • Se aceitarmos esta posição como correcta devemos aceitar como válidos todo o tipo de práticas. Parece- nos que há certas práticas que não devem ser aceites. 1 As culturas evoluem: É certo que algumas sociedades evoluem: por exemplo a escravatura tinha um valor positivo e era uma prática na América do Norte e hoje é uma aberração. Se as sociedades evoluem é porque compreendem que certas práticas são más e que é melhor substitui-las por outras mais conformes à natureza humana. A ciência ajudou a perceber que todos somos iguais.
  • 23. Outro argumento Objecção 4: • Há revoltas dentro das sociedades. No seio de uma certa cultura muitas pessoas mais informadas não concordam com certas práticas, nem sempre há unanimidade, e há desvios à norma. Portanto muitos costumes não são livremente aceites mas são impostos pela inércia da tradição.
  • 24. O relativismo cultural pode conduzir-nos ao relativismo moral