2. 1. Leia o trecho abaixo como introdução ao seu
trabalho de produção de texto. Procure sentir a força
das palavras no conjunto das frases de Serafina.
Caderno é caderno, diário é diário. Já tive caderno-diário,
caderno-caderno e diário-diário, com fechadurinha, cadeado e tudo. E,
depois de ler alguns deles, cheguei a uma conclusão: daqui pra frente,
vou fazer cadernos de anotações e diários de confissões.
Não, não é bem isso. Assim fica parecendo coisa de repórter, de
detetive... O que eu quero dizer é que vou usar o caderno para falar o que
me der na cabeça e na vontade.
E, através dele, vou fazer de conta que estou conversando com
várias pessoas ao mesmo tempo. Agora, com o diário vai ser diferente.
Para ele vou contar coisas íntimas, segredos, enfim, tudo o que eu não
quiser que ninguém saiba.
3. O diário vai ser meu confidente. E o
caderno vai ser como... como um
telefone. De várias linhas. É. É mais ou
menos isso. Um telefone de papel com
muitas linhas. Pronto. Já comecei a
escrever no meu caderno-telefone, o
cadernofone.
Agora vou discar um número
para fazer a primeira ligação.
Serafina sem rotina, Cristina Porto.
4. Para refletir e concluir
No texto, Serafina diz: "O que eu quero dizer é que vou usar o caderno para
falar o que me der na cabeça e na vontade".
O processo de produção de texto é um exercício da imaginação, durante o
qual criamos e recriamos.
Agora, algumas perguntas:
1. Você tem facilidade para criar ou recriar? Ou as palavras lhe faltam e você
se sente inibido(a)?
2. Tem medo de errar no processo de produção de texto? Por causa da
avaliação? Ela o(a) bloqueia?
3. Sente medo de ter suas ideias recusadas, porque podem não agradar ao
professor?
4. Fica preocupado(a) com as regras gramaticais e frases feitas?
5. Não se sente estimulado(a)? (Muitos dos temas não estão integrados à sua
vida? Então, como falar de coisas que não vive? E por que falar de coisas que
não despertam sua emoção, sentimento, afetividade?)
5. Diante dessas observações, concluímos:
Ao criar, você está se exercitando. Portanto, está sujeito(a) a
acertar e/ou a errar. É essencial perceber, compreender, que o
importante é a prática da criação. Nunca o erro! Você deve ter essa
oportunidade de criar sem medo e de corrigir o erro, isto é, de
escrever e de reescrever. E não ficar preocupado(a) com o seu ponto
de vista e o que os outros vão pensar dele.
Na produção de texto, você precisa saber mais que regras
gramaticais e frases feitas. Precisa aprender a ler, a gostar de ler. Crie o
hábito de fazer leituras diárias, mesmo que seja aos pouquinhos.
Pense que é capaz de fazer as coisas em que acredita. Assim, você
aprenderá a lidar com emoções e a expressar afetividade. Criar seu
mundo de observação, deixando sua mente se encher de imagens e,
em seguida, "colocando tudo pra fora". Você precisa exercitar o ato de
aprender a pensar, a criticar, a julgar, a contestar e a concluir.
6. Para sentir grande satisfação pessoal na
criatividade, é preciso ter um conteúdo rico para
comunicar sua experiência de vida.
Logo, criar não tem um caráter de "tarefa", de
"dever", mas é um exercício ligado ao impulso natural de
exprimir-se. E isso começa a fazer parte da sua vida.
Faça como Serafina: a produção de texto vai ser
"como um telefone de várias linhas... o cadernofone."
Agora comece! Disque um número para fazer a
primeira de muitas e muitas ligações.
7. Bibliografia
• PRATES, Marilda. Encontro e reencontro em
Língua Portuguesa: reflexão e ação. 6ª série.
São Paulo: Moderna, 2001