1. O QUE É LITERATURA?
Por que estudar Literatura?
2. O que é literatura
• De uma forma simplificada, pode-se
dizer que literatura é a arte da
palavra. Carlos Drummond de
Andrade diz, em um de seus poemas:
Penetra surdamente no reino das
palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser
escritos.
3. • Como qualquer arte, a literatura exige,
da parte do escritor, técnicas,
conhecimentos, sensibilidade e
paciência. Esse trabalho às vezes se
assemelha a uma luta, às vezes, a um
vício:
Lutar com palavras
é a luta mais vã
Enquanto lutamos
Mal rompe a manhã.
[...]
Palavra, palavra
(digo exasperado),
Se me desafias
Aceito o combate.
(Carlos Drummond de Andrade)
4. Literatura e comunicação
• A literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um
instrumento de comunicação e de interação social
e, por isso, cumpre também o papel social de
transmitir os conhecimentos e a cultura de uma
comunidade.
• A literatura faz uso livre da língua, chegando às vezes
até a subverter algumas de suas regras e o sentido
comum de algumas palavras.
5. A literatura e sua plurissignificação
• O poeta moderno norte-americano Ezra
Pound define literatura deste modo:
“Literatura é a linguagem carregada de
significado. Grande literatura é simplesmente
linguagem carregada de significado até o
máximo grau possível”.
6. • Os versos de Drummond que seguem
foram publicados em 1945, durante a
Segunda Guerra Mundial e durante a
ditadura de Vargas no Brasil. Observe os
vários significados que a palavra flor
pode assumir. O que ela representa?
Como pode uma flor furar o asfalto?
Seria a flor um elemento que transgride
a ordem estabelecida? Seria a flor a
metáfora da própria poesia, a poesia de
resistência política, ou a metáfora de
uma revolução?
7. Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam o completo silêncio, paralisem os negócios,
Garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da
tarde
E lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas
em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e
o ódio.
(“A flor e a náusea”. Reunião. 10 ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1980. p. 78-9.)
8. Literatura e sociedade
• Partindo das experiências pessoais e
sociais, o artista recria ou transcria a
realidade, dando origem a uma supra-
realidade ou a uma realidade ficcional.
Por meio dessa supra realidade, ele
consegue transmitir seus sentimentos e
idéias ao mundo real, de onde tudo se
origina. A reação do público à obra
também pode modificar as atitudes
futuras do artista.
9. • Assim, a obra literária é resultado das
relações dinâmicas entre escritos,
público e sociedade. E, como outras
obras de arte, ela não só nasce
vinculada a certa realidade, mas
também pode interferir nessa realidade,
auxiliando no processo de
transformação social.
• Por vezes, a literatura assume formas de
denúncia social, de crítica à realidade
circundante. Dizemos então, que se
trata de uma literatura engajada, que
serve a uma causa político-ideológica ou
a uma luta social.
10. • Observe como Drummond capta o
clima de medo que existiu durante a
Segunda Guerra Mundial:
Congresso internacional do medo
Provisoriamente não cantemos o amor
que se refugiou mais abaixo dos
subterrâneos.
Cantemos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantemos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso
companheiro.
11. Literatura e Imaginação
• Como transcrição da realidade, a literatura não
precisa necessariamente estar presa a ela. Tanto
o escritor quanto o leitor fazem uso da
imaginação: o artista recria livremente a
realidade, assim como o leitor recria livremente o
texto literário que lê.
• O poeta português Fernando Pessoa já havia se
referido a essa postura participante do leitor.
Veja o poema a seguir, que é do começo do
século XX.
12. Autopsicografia
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão
Este comboio de corda
Que se chama coração.
13. Literatura e Prazer
• A arte cumpre o papel de proporcionar prazer.
A literatura, jogando com as palavras, ritmos,
sons e imagens e conduzindo o leitor a
mundos imaginários, causa prazer aos
sentidos e à sensibilidade do homem.
14. A Dança
Não te amo como se fosses a rosa de sal,
topázio
Ou flechas de cravos que propagam o
fogo:
Te amo como se amam certas coisas
obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e
leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas
flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu
corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem
Senão assim deste modo que não sou
nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito
é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com
meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
15. Literatura e História Literária
• Estudar literatura é, basicamente, ampliar
nossas habilidade de leitura do texto literário.
No ensino médio, a esse estudo se soma o da
história literária, por meio do qual é possível
acompanhar a evolução cronológica da
literatura de determinado povo e cultura e
observar a relação entre suas transformações
e os diversos momentos os históricos.