O documento discute diferentes teorias estéticas sobre o que constitui arte. A teoria da imitação defende que uma obra é arte se imitar algo, enquanto a teoria da expressão diz que é arte se expressar emoções do artista. Por fim, a teoria da forma significante argumenta que uma obra é arte se provocar emoções estéticas nos espectadores através de sua forma.
3. O primeiro problema que qualquer teoria da arte
tem de enfrentar é o problema da própria definição
de “arte” ou de “obra de arte”.
Como podemos então definir “arte”?
Patrícia Piccinini
4. As teorias essencialistas defendem que existe uma
essência de arte, ou seja, que existem propriedades
essenciais comuns a todas as obras de arte e que só
nas obras de arte se encontram.
Picasso
5.
6. Uma definição essencialista exige também que tais
propriedades sirvam para distinguir a arte de outras
coisas que não são arte. Daí que se procurem apenas
identificar as propriedades essenciais que sejam
individuadoras da arte.
Vieira da Silva
9. Esta é uma das mais antigas teorias da arte. Foi, aliás, durante
muito tempo aceite pelos próprios artistas como inquestionável.
A teoria da arte como imitação
José Malhoa
1855-1933
10. A definição que constitui a sua tese central é a
seguinte:
Uma obra é arte se, e só se, é produzida pelo
homem e imita algo.
A característica própria desta teoria não reside no
facto de defender que uma obra de arte tem de ser
produzida pelo homem, o que é comum a outras
teorias, mas na ideia de que para ser arte essa
obra tem de imitar algo.
A teoria da arte como imitação
11. Vários foram os filósofos que se referiram à arte como
imitação. Alguns desprezavam-na por isso mesmo, como
acontecia com o conhecido filósofo grego Platão que, ao
considerar que as obras de arte imitavam os objectos
naturais, via essas obras como imagens imperfeitas dos
seus originais. Ainda por cima quando, no seu ponto de
vista, os próprios objectos naturais eram por sua vez
cópias de outros seres mais perfeitos.
A teoria da arte como imitação
12. Já o seu contemporâneo Aristóteles, mantendo
embora a ideia de arte como imitação, tinha uma
opinião mais favorável à arte, uma vez que os
objectos que a arte imita não são, segundo ele,
cópias de nada [e a arte pode contribuir para uma
purificação emocional das pessoas que entram em
relação com ela, libertando-as de emoções
negativas - Catharsis].
A teoria da arte como imitação
13. Pontos fortes da teoria:
A teoria da arte como imitação
Fotografia de
Eugenio Recuenco,
inspirada nos frisos
do Parténon
14. 1. Adequa-se ao facto incontestável de muitas pinturas,
esculturas e outras obras de arte, como peças de teatro ou
filmes imitarem algo da natureza: paisagens, pessoas,
objectos, acontecimentos, etc.
A teoria da arte como imitação
Fotografia de
Eugenio Recuenco,
inspirada nos frisos
do Parténon
18. 2. Oferece um critério de classificação das obras de arte bastante
rigoroso, o que nos permite, aparentemente, distinguir com
alguma facilidade um objecto que é uma obra de arte de outro que
o não é.
A teoria da arte como imitação
Pinturas hiperrealistas de Roberto Bernardi
26. Um aspecto geral desta teoria mostra-nos que é uma teoria centrada nos objectos
imitados. Ela exprime-se frequentemente através de frases como “este filme é
excelente, pois é um retrato fiel da sociedade americana nos anos 60”, ou como “este
quadro é tão bom que mal conseguimos distinguir aquilo que o artista pintou do modelo
utilizado”.
A teoria da arte como imitação
Turner (1775-1851)
27. Limitações da teoria:
A teoria da arte como imitação
Obras de arte que não imitam nada encontramo-las
tanto na pintura como na escultura abstratas ou
noutras artes visuais não figurativas. De forma ainda
mais notória encontramo-las na literatura e na
música.
Jackson Pollock
32. Teoria da arte como expressão
Insatisfeitos com a teoria da arte como imitação (ou
representação), muitos filósofos e artistas
românticos do século XIX propuseram uma
definição de arte que procurava libertar-se das
limitações da teoria anterior, ao mesmo tempo que
deslocava para o artista, ou criador, a chave da
compreensão da arte. Trata-se da teoria da arte
como expressão.
33. Segundo a teoria da expressão:
Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e
emoções do artista.
Van Gogh
34. Se é verdade, como parece ser, que a arte provoca
em nós determinadas emoções ou sentimentos,
então é porque tais sentimentos e emoções
existiram no seu criador e deram origem a tais
obras.
Também nos oferece, como a teoria anterior, um
critério que permite, com algum rigor, classificar
objectos como obras de arte. Com a vantagem
acrescida de classificar como arte todas as obras
que não imitam nada, o que acontece
frequentemente na literatura e sempre na música e
na arte abstracta.
Mais uma vez oferece um critério valorativo: uma
obra é tanto melhor quanto melhor conseguir
exprimir os sentimentos do artista que a criou.
35. Uma teoria como esta manifesta-se frequentemente
em juízos como “Este é um livro exemplar em que o
autor nos transmite o seu desespero perante uma
vida sem sentido” ou como “O autor do filme filma
magistralmente os seus próprios traumas e
obsessões”.
36. Teoria da arte como expressão
Contudo, esta teoria, tal como acontecia com a teoria da imitação,
não consegue apresentar um critério que permita decidir com
segurança o que é arte e o que não o é.
Piet Mondrian
37. Teoria da arte como expressão
Há obras de arte que não expressam emoções do artista,
nem procuram provocar determinadas emoções no
espectador.
Yves Klein
38. Teoria da arte como expressão
De acordo com a teoria da expressão essas obras não seriam arte…
Victor Vasarely
39. Por outro lado, se não soubéssemos quem é o autor de uma obra, ou se
não nos fosse possível saber quais as emoções que estavam na origem da
obra, não a poderíamos interpretar…
E poderá haver arte produzida sem um autor?
Pelo menos sem um autor humano?
40. Teoria da arte como forma significante
Claude Monet (1840-1926)
41.
42.
43. Verificando que a diversidade de obras de arte é bem maior do que
as teorias da imitação e da expressão fariam supor, uma teoria
mais elaborada, e também mais recente, conhecida como teoria da
forma significante (ou “teoria formalista”), abandonou a ideia de
que existe uma característica que possa ser directamente
encontrada em todas as obras de arte.
Teoria da arte como forma significante
Gustave
Klimt
(1840-1926)
44. Esta teoria, defendida, entre outros, pelo filósofo Clive Bell,
considera que não se deve começar por procurar aquilo que define
uma obra de arte na própria obra, mas sim no sujeito que a
aprecia.
Marc Chagall
(1887-1985)
Teoria da arte como forma significante
48. A característica comum a todas as obras de arte só
pode ser identificada por intermédio de um tipo de
emoção peculiar, a que Clive Bell chama emoção
estética, que elas, e só elas, provocam em nós.
Teoria da arte como forma significante
Salvador Dali
“A persistência da memória”
49. De acordo com a teoria formalista de Clive Bell:
Uma obra é arte se, e só se, provoca nas pessoas emoções
estéticas.
50. Tendo em conta a definição dada, reparamos que a
característica de provocar emoções estéticas constitui,
simultaneamente, a condição necessária e suficiente
para que um objecto seja uma obra de arte.
Almada Negreiros
51.
52. Tendo em conta a definição dada, reparamos que a
característica de provocar emoções estéticas constitui,
simultaneamente, a condição necessária e suficiente
para que um objecto seja uma obra de arte.
Francis Bacon
A pintar
53. Mas se essa emoção peculiar chamada “emoção
estética” é provocada pelas obras de arte, e só por
elas, então tem de haver alguma propriedade também
ela peculiar a todas as obras de arte, que seja capaz
de provocar tal emoção nas pessoas.
Mas essa característica existe mesmo? Clive Bell
responde que sim e diz que é a forma significante.
54. Mas essa característica existe mesmo? Clive Bell responde
que sim e diz que é a forma significante.
Wassily Kandinsky
55.
56. Frases como “Este quadro é uma verdadeira obra prima devido à
excepcional harmonia das cores e ao equilíbrio da composição”,
ou como “Aquele livro é excelente porque está muito bem escrito
e apresenta uma história bem construída apoiada em
personagens convincentes e bem caracterizadas”, exprimem
habitualmente uma perspectiva formalista da arte.
Texto da apresentação até este slide é baseado no seguinte
documento: Aires Almeida "O que é a arte?"
´
Piet Mondrian
57.
58. “A teoria de Bell pode ser resumida na expressão “A arte é forma
significante”. A teoria é essencialmente a seguinte: alguns objectos,
criados por mãos humanas, foram, por algum motivo, dotados com
o poder de produzir uma emoção estética nos espectadores
sensíveis. Estes objectos estão por todo o lado; e quando estamos
interessados neles enquanto obras de arte é irrelevante quando
foram feitos, quem os fez ou porquê. O poder para produzir uma
emoção estética é inerente à forma significante. A forma significante
é uma combinação de linhas, formas e cores em certas relações.”
Nigel Warburt
59. Nem toda a forma é significante; mas se um objecto tem uma forma
significante, tem-na por causa das relações entre essas linhas,
formas e cores. A forma significante, defendeu Bell, é “a única
qualidade comum a todas as obras de arte visual”. A representação
– o que uma pintura pinta – é irrelevante para a nossa apreciação
das obras de arte como arte. Não se trata de Bell achar que existe
algo de intrinsecamente errado com a representação; mas antes
que o valor artístico da arte visual se encontra noutro lado.
Nigel Warburt
60. Assim, a arte não é acerca da vida, mesmo quando parece sê-lo. O único
conhecimento relevante que o observador precisa de ter é um sentido da
forma, da cor e do espaço tridimensional.
Nigel Warburt
Salvador Dali