O documento discute o Romantismo em Portugal, abordando suas características principais e manifestações na literatura, arquitetura, escultura e pintura entre os séculos XVIII e XIX. O Romantismo surgiu na literatura portuguesa no final do século XVIII e se desenvolveu plenamente nas outras artes a partir da década de 1830, impulsionado pelo rei D. Fernando II. Nesta época, autores como Herculano e Garrett publicaram obras literárias marcantes que ajudaram a definir o estilo romântico português
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O Romantismo em Portugal: Literatura, Arquitetura, Escultura e Pintura
1. O Romantismo em Portugal
Literatura, Arquitetura, Escultura e Pintura
2. Índice
Introdução – Contextualização Histórica e seus condicionantes
Principais Características
Arquitectura
Escultura
Pintura
1º Momento do Romantismo – Literatura
2º Momento do Romantismo – Literatura
3º Momento do Romantismo – Literatura
Conclusão
Webgrafia
3. Contextualização Histórica e
seus condicionantes
Os primeiros anos do século XIX são
muito complexos, devido
essencialmente à sucessão de
problemas políticos, nomeadamente a
fuga da família real para o Brasil em
1807, devido às invasões francesas,
posterior/consequente domínio
inglês, revolução liberal em 1820,
regresso da família real em 1821,
independência do Brasil, a perda do
comércio colonial com a antiga
colónia em 1822 (dramático golpe na
economia portuguesa), contra
revolução absolutista e, finalmente,
guerras liberais, conservando a
instabilidade até 1834. Esta
conjuntura só permite o
desenvolvimento de condições
propícias à eclosão de um novo estilo
artístico no final da década de 1830.
Apesar de em Portugal surgir
relativamente cedo na literatura, em
finais do século XVIII com alguns
pré-românticos, nas restantes formas
artísticas desenvolve-se apenas com
o impulso de dado por D. Fernando
II, marido de D. Maria II, ao iniciar a
construção do Palácio Nacional da
Pena, após a estabilização da
conjuntura nacional.
Fig. 2. – Embarque da família real portuguesa no cais de Belém,
em 29 de Novembro de 1807.
Fig. 1. – D. Fernando II
Fig. 3. – (Alfredo Roque) Embarque da família real portuguesa no
cais de Belém, em 29 de Novembro de 1807.
4. Contextualização Histórica e
seus condicionantesO início do
Romantismo em
Portugal é marcado
com a publicação, em
1836, de A Voz do
Profeta, de Alexandre
Herculano, sendo na
sequência lançada a
primeira revista
romântica portuguesa,
o Panorama, em
1837.
Embora em 1825
tenha sido publicado
Camões, obra de
Almeida Garrett,
pode-se datar a o
início do Romantismo
a partir de 1836.
Fig. 4. –
Alexandre
Herculano
Fig. 5. –
Almeida
Garrett
Fig. 6. – A
Voz do
Profeta, de
Alexandre
Herculano
Fig. 7. –
Camões,
de
Almeida
Garrett
5. Contextualização Histórica e
seus condicionantes
O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico, elaboradas pelo século das Luzes,
que podemos definir como um estado de espírito. O seu nome deriva de "romance" (história de
aventuras medievais), que tiveram uma grande divulgação no final de setecentos, respondendo ao
crescente interesse pelo passado gótico e à nostalgia da Idade Média.
O Romantismo surgiu, no final do século XVIII, na Alemanha, a partir do movimento Sturm und
Drang (Tempestade e Paixão), depois desenvolveu-se na Inglaterra e, por volta de 1830, atingiu um
ponto alto em França.
Em Portugal surgiu com as revoltas liberais, em consequência, com o fim do absolutismo, que
trouxe às pessoas liberdade. Liberdade essa que é um dos factores do Romantismo.
Fig. 8. – O Viajante Sobre o Mar de Névoa – 1818 Fig. 9. – Chalk Cliffs on Rügen – 1818
6. Principais Características
Libertação Estilística - O Romantismo é oposição ao Classicismo dada a
liberdade da criação existente nesse novo estilo que dispensa as regras exaltadas
pelos clássicos e, inclusive, faz uso de uma linguagem muito próxima à coloquial.
Subjectivismo - Valorização de opiniões e expressão de pensamento de acordo
com as percepções individuais em detrimento da objectividade.
Sentimentalismo - Exaltação dos sentimentos, em detrimento do racionalismo. Há
uma forte expressão de tristeza, melancolia e saudade.
Idealização - Visão ideal das coisas, que não são vistas de forma verdadeira, mas
idealizadas, perfeitas.
Nacionalismo ou Patriotismo - Como uma forma de recuperar o orgulho
português e os seus valores, a pátria é exaltada, destacando-se apenas suas
qualidades.
Culto ao Fantástico - Forte tendência para a fantasia, para os sonhos, em
detrimento à razão.
Culto à Natureza - Forte tendência para expressar sentimentos situando-os em
ambientes naturais.
Saudosismo - Necessidade de refugiar-se no passado, com forte expressão de
melancolia e saudade.
O Romantismo
foi encarado
como uma nova
maneira de se
expressar,
enfrentar os
problemas da
vida e do
pensamento.
7. Arquitetura
Em Portugal a arquitectura
romântica chegou pela mão de
um estrangeiro casado com a
rainha de Portugal de D. Maria
II, Fernando de Saxe-Coburgo-
Gotha.
Irregularidades nas
estruturas espaciais e
volumétricas;
Preferência pelas
geometrias mais
complexas e pelas
formas curva;
Efeitos de luz;
Movimento dos planos;
Pitoresco da decoração,
ou seja, tudo o que
pode ser pintado ou
representado em
imagem
O Palácio da Pena, é mais conhecido
por Castelo da Pena, localiza-se no
concelho de Sintra, no distrito de
Lisboa.
Representa uma das principais
expressões o Romantismo
arquitectónico do século XIX no
mundo.
Fig. 10. – Palácio Nacional da Pena em Sintra, uma das expressões do
Romantismo arquitectónico do século XIX no mundo.
8. Arquitetura - Neomanuelino
O Neomanuelino, devido à tendência nacionalista do
Romantismo, surge como a grande arquitectura. O edifício é
coberto por uma profusão de formas decorativas, tal como todos
os historicismos, imitando o estilo original, mas sem tentar copiar
os edifícios originais.
Utiliza os elementos mais superficiais do estilo como arcos,
pináculos, frisos, cordas, ameias, elementos vegetalistas e alguma
escultura. Os elementos decorativos são directamente copiados ou
inspirados nas grandes exemplos históricos como o Convento de
Cristo em Tomar, Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de
Belém em Lisboa. A colocação dos elementos decorativos segue a
lógica estética, ao contrário dos originais com significado
iconográfico, conseguindo um efeito de conjunto com grande
impacto visual.
Era, igualmente, utilizado nos pavilhões de Portugal, nas
importantíssimas exposições universais do final do século XIX,
como opção nacionalista, em edifícios efémeros destinados a
promover o país.
Fig. 11. – Palácio Hotel do Buçaco, pormenor da fachada neomanuelina
11. Arquitectura - Neogótico
O Neogótico teve menos
importância. Segue a
corrente internacional e,
como é relativamente
abundante na Europa,
não atinge o esplendor
do Neomanuelino. São
edifícios adaptados às
necessidades do século
XIX, decorados
principalmente com
arcos em ogiva,
pináculos, rosáceas,
flechas e outros
elementos superficiais
do gótico original.
Fig. 23. – Elevador de Santa Justa Fig. 24. – Capela dos Pestanas Fig. 25 – Igreja de Reguengos de Monsaraz
12. Arquitectura - Neoárabe
O estilo neoárabe, foi um estilo
artístico revivalista e romântico
, surgido na Europa no século
XIX, que buscava imitar e
recriar a arte islâmica antiga
Por serem menos utilizados
na Europa, são por vezes
verdadeiramente
espectaculares. A arquitectura
segue o gosto internacional,
utilizando as características
típicas do estilo, como o
azulejo, arcos em ferradura,
arcos contra curvados,
estuques, talha, cores fortes,
etc.
13. Escultura A escultura romântica é dominada, tal como todo o estilo, pelo
sentimento. Surgem nas grandes cidades os monumentos públicos, em
sintonia com a restante Europa, compostos por esculturas e relevos em
pedestais monumentais. Destacam-se os seguintes monumentos:
Camões, de Vítor Bastos – Lisboa.
Afonso de Albuquerque, de Costa Mota Tio – Lisboa.
D. Pedro IV, de Calmels – Porto.
D. Pedro IV, Davioud e Robert – Lisboa
Restauradores, António Tomás da Fonseca, Augusto de
Barros, Alberto Nunes e Simões de Almeida – Lisboa.
Uma das particularidades da escultura romântica em Portugal é a sua
frequente junção com a estética naturalista. Este facto deve-se à
manutenção do Romantismo, principalmente nos monumentos
públicos, em simultâneo com o desenvolvimento do
excelente Naturalismo em Portugal. É, de novo, um ajustamento às
grandes correntes estéticas internacionais, seguindo a sensibilidade
nacional.
Dado à complicada situação portuguesa, no início do século XIX, os
grandes monumentos públicos surgiriam numa época já relativamente
tarde, quando os escultores activos se interessavam, e seguiam, o
Naturalismo.
Fig. 29. – O Desterrado, de Soares dos
Reis, mármore, 1874, foi a prova final do
pensionato de escultura que o artista
efetuou em Roma. Para uns, a obra evoca
nostalgia da pátria sentida pelo autor,
enquanto outros a interpretam como
símbolo da saudade nacional
14. EsculturaOutros Exemplos de esculturas da época Romântica.
Fig. 30. – Camões, de Vítor Bastos Fig. 31. – Afonso de Albuquerque, de Costa
Mota Tio
Fig. 32. – D. Pedro IV,
de Calmels
Fig. 33. – D. Pedro
IV, Davioud e Robert
15. Pintura
Manifestou-se principalmente nos
seguintes temas:
Cenas de género (vida rural e
costumes populares);
Históricos (Idade Média e
episódios nacionalistas);
Cenas místicas (Procissões);
Retratos;
Paisagem (As composições de
paisagens confundiam-se muitas
vezes com o Naturalismo).
No entanto a pintura não
tinha uma estética muito
marcada, nem objetivos
concretos e não teve a
mesma importância que a
nossa literatura romântica.
Fig. 34. – A Adoração dos
Magos (1828), de Domingos Sequeira,
no Museu Nacional de Arte Antiga.
16. Pintura
Fig. 35. – Retrato da Viscondessa de
Meneses, Luís pereira Meneses
Fig. 36. – Só Deus, Francisco Metrass
17. Pintura
Fig. 37 – Paisagem com figura e gado junto ao Castelo de
Palmela. 1865 Tomás da Anunciação
Fig. 38 – Vitelo, Tomás da Anunciação
(1818-1879)
18. Pintura
Fig. 39. – Cinco artistas em Sintra, João Cristino da Silva
(1855)
Fig. 40. – Festa na Aldeia Leonel
Marques Pereira (1828-1892)
19. 1º Momento do
Romantismo –
Literatura
O Romantismo não se veio a
implementar totalmente nos primeiros
momentos em Portugal. Inicialmente,
buscava-se gradativamente, apagar os
modelos clássicos que ainda dominava
o meio socioeconómico. Os escritores
dessa época, eram românticos em
espírito, ideias e ações políticas e
literárias, mas ainda clássicos em
muitos aspectos.
Almeida Garrett, teve uma vida sentimental
bastante atribulada em que se sobressai o
seu romance adúltero com a viscondessa da Luz.
Na poesia, assimilou os moldes clássicos e morreu
sem tornar-se romântico autêntico, pois carecia do
egocentrismo tão almejado pelos românticos,
deixando sua fantasia no teatro e na prosa de ficção.
Escreveu Camões (1825), Dona Branca (1826),
Folhas Caídas (1853), Viagens na minha
terra (1846), entre outras.
Fig. 41. – Almeida Garrett
20. 1º Momento do
Romantismo –
LiteraturaNa ficção de Alexandre Herculano, prevalece
o caráter histórico dos enredos, voltados para a
Idade Média, enfocando as origens de Portugal
como nação. Além disso, ocorrem muitos temas
de caráter religioso. Quanto à sua obra não-
ficcional, os críticos consideram que renovou a
historiografia, uma vez que se baseia não mais
em ações individuais, mas no conflito de
classes sociais para explicar a dinâmica da
história.
Sua obras principais são: A harpa do crente
(1838), Eurico, o presbítero (1844), entre
outras.
Fig. 42. – Alexandre Herculano
21. 2º Momento do
Romantismo –
Literatura
Aqui, notamos com plena facilidade o
domínio da estética e da ideologia
romântica. Os escritores tomam
atitudes extremas, transformando-se
em românticos descabelados, caindo
fatalmente no exagero, com
tendências para temas escuros e
fúnebres, tudo expresso numa
linguagem fácil e comunicativa.
Soares de Passos constitui a encarnação
perfeita do “mal-do-século”. Vivendo na
própria carne os devaneios de que se nutria
a fértil imaginação de tuberculoso, a sua
vida e sua obra espelham claramente o
prazer romântico do escapismo das
responsabilidades sociais da época,
acabando por cair em extremo pessimismo,
um incrível desalento derrotista.
Poesias (1855)
Fig. 43. – Soares de Passos
22. 2º Momento do
Romantismo –
Literatura
Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa.
Frequentou a sociedade portuense, dedicando-se
ao jornalismo, e teve uma vida romântica
agitada, desde vários casos amorosos e prisão.
Devido ao facto de perder a sua visão, suicida-se
com um tiro na cabeça. É um dos maiores
escritores portugueses do século XIX.
Suas obras principais: Amor de Perdição (1864),
A queda dum anjo (1866), entre outras.
Fig. 44. – Camilo Castelo Branco
23. 3º Momento do
Romantismo –
Literatura
Acontece aqui, um tardio
florescimento literário que
corresponde ao terceiro momento
do Romantismo, em fusão dos
remanescentes do Ultra-
Romantismo. Esse período é
marcado pela presença de poetas,
como João de Deus, Tomás
Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de
Novais, Pinheiro Chagas e Júlio
Dinis, que purificam até o extremo
as características românticas.
Tomás Ribeiro mistura a influência de Castilho e de Victor Hugo, o que explica
o caráter entre passadista e progressista da sua poesia.
Bulhão Pato inicia o ultra-romântico e evolui, através duma sátira às vezes
cortante, para atitudes realistas e parnasianas.
Faustino Xavier de Novais dirigiu uma folha literária. Satirizou o Ultra-
Romantismo.
Manuel Pinheiro Chagas cultivou a poesia de Castilho, que motivou a Questão
Coimbrã.
Fig. 45. – Tomás Ribeiro Fig. 46. – Bulhão Pato Fig. 47. – Faustino Xavier de
Novais
Fig. 48. – Manuel
Pinheiro Chagas
24. 3º Momento do
Romantismo –
Literatura
João de Deus foi um escritor
dedicado apenas à poesia.
Lírico de incomum vibração
interior, pôs-se à margem da
falsa notoriedade e dos ruídos
da vida literária e manteve-se
fiel até o fim a um desígnio
estético e humano que lhe
transcendia a vontade e a
vaidade.
Principais poemas: Cartilha
Maternal, Flores do
Campo, Folhas Soltas, Campo
de Flores Fig. 49. – João de Deus
25. Os poemas de Júlio Dinis armam-
se sobre uma tese moral e
teleológica, na medida em que
pressupõem uma melhoria, embora
remota, para a espécie humana,
frontalmente contrária à
desesperação e ao amoralismo
cético dos ultra-românticos, numa
linguagem coerente, lírica e de
imediata comunicabilidade.
Conduz as suas histórias, sempre a
um epílogo feliz, não considerando
a heroína como “mulher demónio”,
mas sim como “mulher anjo”.
Sua principal obra: As pupilas do
senhor reitor (1867)
Fig. 50. – Júlio Dinis
26. Conclusão
Compreendemos que o Romantismo, não passou de uma forma de repudiar as regras que
contornavam e preenchiam o campo artístico da época que, juntamente com a ideologia
vigente, traziam um enorme descontentamento. Este momento artístico em Portugal talvez
foi, o marco principal para a liberdade de expressão do pensamento, que tornar-se-ia
definitivo no Modernismo.