Jean Piaget foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX.
Seu trabalho intenso em biologia o fez perceber que o desenvolvimento biológico não acontecia somente devido ao crescimento e hereditariedade, mas também às variáveis do ambiente.
Por Bruno Carrasco, psicoterapeuta existencial.
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2017
2. Jean Piaget
Jean William Fritz Piaget, mais conhecido por
Jean Piaget, foi um biólogo, psicólogo e
epistemólogo suíço, considerado um dos mais
importantes pensadores do século XX.
Nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 9 de agosto de
1896, e faleceu em Genebra, 16 de setembro de
1980. Durante sua vida Piaget escreveu mais de
cinquenta livros e centenas de artigos.
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3. Especialista em Moluscos...
Em 1915, aos 18 anos, Piaget recebeu seu bacharelado da Universidade de
Neuchâtel. Três anos depois, recebeu seu doutorado em ciências naturais
pela mesma universidade. Durante este período, Piaget estudou o
desenvolvimento dos moluscos em muitos lagos que cercavam Neuchâtel.
Ele estava interessado em como os moluscos se adaptavam ao serem
transferidos de um ambiente a outro, e descobriu que suas estruturas, em
forma de concha eram afetadas pela água calma ou agitada do lago, elas se
alteravam à medida que o ambiente mudava. Aos 21 anos, já havia publicado
25 trabalhos profissionais (a maioria sobre moluscos) e foi considerado um
dos poucos especialistas em moluscos do mundo.
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4. Biologia,Filosofia e Psicologia
Seu trabalho intenso em biologia o fez perceber que o desenvolvimento
biológico não acontecia somente devido ao crescimento e hereditariedade,
mas também às variáveis do ambiente. Em sucessivas gerações de moluscos,
ele observou certas mudanças estruturais que somente poderiam ser
atribuídas à mudança de lagos grandes com muitas ondas a lagos pequenos
com poucas ou nenhuma onda.
Cedo em sua vida, ele passou de biologia para filosofia e, eventualmente, para
a psicologia. Ele passa a estudar sobre o desenvolvimento do conhecimento,
dos valores e da afetividade nos seres humanos.
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5. Ele ficou convencido de que o desenvolvimento da inteligência das crianças
poderia ser estudado experimentalmente. Por dois anos ele realizou diversos
testes em crianças para examinar o desenvolvimento do pensamento delas.
Piaget foi um pesquisador incansável, até sua morte, em 1980, ele seguiu um
árduo plano de trabalho. Todo verão, quando findava o ano escolar, ele
recolhia suas pesquisas e descobertas, realizadas durante o ano, e dirigia-se
para uma casa de campo abandonada, nos Alpes, onde ele, isolado, passava o
verão, escrevendo. Quando terminava o verão, ele retornava das montanhas
com um ou dois livros novos e vários artigos.
Desenvolvimento Cognitivo
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6. Processos Mentais
Seu grande objeto de estudo era o desenvolvimento intelectual da criança,
desenvolvendo uma teoria sobre como se dá o processo de aprendizagem.
Ele buscava entender os processos mentais que usamos nas diferentes etapas
da vida para entender o mundo.
Sua visão é chamada de interacionista, pois mostra o homem e a criança num
processo ativo de contínua interação, relacionando o desenvolvimento
biológico com o desenvolvimento social, onde um depende do outro.
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7. Interacionismo
A teoria de Piaget contribuiu muito para o entendimento do desenvolvimento
humano, além disso sua teoria nos mostra que tudo na vida tem seu tempo
certo para acontecer.
Antes as pessoas achavam que a criança tinha de fazer tudo, que se fossem
muito estimulados ou se tivessem apenas um “bom aparato neurológico”,
deveriam fazer tudo que desejado, pois nada lhe faltava.
Piaget funda então a epistemologia genética e junto com sua teoria
interacionista mostra que o ambiente é fundamental para o desenvolvimento.
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9. Repertório de Ações
Na visão de Piaget, o conhecimento em si constitui um repertório de ações,
físicas ou mentais, e utilizou a palavra esquema para referir-se a tais ações. O
bebê, por exemplo, inicia a vida com um pequeno repertório de esquemas
inatos sensoriais ou motores (tais como: olhar, provar, tocar, ouvir, alcançar),
mais tarde, o bebê possui, com clareza, esquemas mentais, criando
categorias, comparando um objeto com outro, aprendendo palavras para
categorias específicas; na adolescência vemos esquemas tão complexos como
a análise dedutiva ou o raciocínio sistemático. Para a compreensão desse
processo, Piaget propôs três processos básicos que respondem pela
mudança: assimilação, acomodação e equilibração.
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10. Hereditariedade
Cada pessoa herda uma série de estruturas biológicas (sensoriais e
neurológicas) que predispõem ao desenvolvimento de certas estruturas
mentais. Porém, o amadurecimento dessas estruturas mentais dependem
essencialmente do contato e relação com o meio ambiente.
Por exemplo no caso da linguagem, o sujeito herda todo a capacidade para a
aprendizagem e o desempenho, mas a plena realização destas capacidades
depende das condições que o meio ambiente irá oferecer.
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11. Adaptação
A adaptação acontece no momento em que é colocada uma nova questão
para o sujeito, gerando desequilíbrio, fazendo com que tenha de ir em busca
de novos comportamentos que possam adaptar o organismo e lidar com esta
questão, para depois voltar a manter o equilíbrio do organismo.
Piaget diz que a criatividade e a curiosidade intelectual são prazerosas e
muito gratificantes para criança, para o adolescente e para o adulto.
No processo total de adaptação, estariam implicados dois processos
complementares: a assimilação e a acomodação.
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12. Assimilação
A assimilação consiste na tentativa de solucionar uma situação utilizando uma
estrutura mental já formada, de algo previamente conhecido.
Deste modo, uma nova situação será incorporada ao conhecimento de modos
e repertórios de respostas mentais.
Na prática, a assimilação é uma atualização de um aspecto do repertório
comportamental ou mental do sujeito numa dada circunstância.
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13. Acomodação
A acomodação, é quando o sujeito procura novas maneiras de agir perante a
uma nova situação, levando em consideração as propriedades específicas de
cada circunstância, modificando assim as antigas estruturas dele (esquemas)
para que possa lidar com uma situação nova em sua vida.
Tanto a assimilação quanto a acomodação são processos interligados e quase
sempre acontecem juntos. Um o outro não existe, pois eles permitem um
estado de adaptação intelectual em toda a vida do sujeito.
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14. Esquema
Quando as crianças nascem, elas são dotadas de reflexos, como chupar ou
chorar por fome, são ações inatas, que não são dotadas de capacidades
mentais prontas.
Com o passar dos anos e com a maturação biológica, neurológica e
psicológica, a criança começa a criar esquemas, que são estruturas mentais
ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente organizam o meio
intelectualmente.
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15. Equilibração
É o processo de passagem de uma situação de desequilíbrio para uma
situação de equilíbrio.
Uma fonte de desequilíbrio ocorre quando se espera que uma situação ocorra
de determinada maneira, e esta não acontece.
Quando recebemos um novo esquema, desequilibramos nosso organismo até
que ocorra o processo de acomodação, onde adaptamos nosso organismo a
um novo esquema, retornando assim ao equilíbrio.
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17. Estágios do Desenvolvimento
Segundo Piaget, agimos de diferentes maneiras com relação às situações que
nos são dadas, de acordo com os momentos de nossa vida. Essas maneiras se
alteram conforme a nossa faixa etária, denominada por estágio ou período.
Esses períodos são influenciados pela maturação do sistema nervoso,
psicológico e biológico e a influência do ambiente em que o sujeito vive.
A mensuração etária não é rígida, pois o sujeito é determinante no seu
processo de desenvolvimento.
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18. Sensório Motor (0 à 2 anos)
Características Principal Mudança
Atividade reflexa apenas.
Coordenação mão-boca.
Coordenação mão-olho.
Coordenação de dois esquemas.
Obtenção de novos meios pela
experimentação.
Representação interna.
O desenvolvimento caminha da
atividade reflexa à representação e
solução de problemas
sensório-motores.
Surgem os sentimentos primitivos de
gostar e não gostar.
A afetividade é investida no "eu".
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19. Sensório Motor (0 à 2 anos)
● Os objetos só existem enquanto estão à vista;
● A criança aprende a diferenciar os objetos de seu corpo;
● Entende o mundo através dos sentidos e da ação motora.
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20. Pré-Operacional (2 à 7 anos)
Características Principal Mudança
Problemas resolvidos pelo emprego
das representações mentais,
desenvolvimento da linguagem.
Pensamento e linguagem, ambos
egocêntricos. Não pode solucionar os
problemas de conversação.
O desenvolvimento caminha da
representação sensório-motora ao
pensamento pré-lógico e à solução de
problemas.Tem início o verdadeiro
comportamento social.
Intencionalidade ausente nos
julgamentos morais.
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21. Pré-Operacional (2 à 7 anos)
● Pensamento egocêntrico;
● Os objetos são classificados por uma só característica;
● Inicia a manipulação de conceitos numéricos e de conservação;
● Usa símbolos para representar os objetos e a si mesmo, capta as
perspectivas dos outros, classifica os objetos e utiliza a lógica simples.
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22. Operações Concretas (7 à 11 anos)
Características Principal Mudança
O pensamento adquire
reversibilidade. Pode solucionar os
problemas de conservação – as
operações lógicas são aplicadas na
solução de problemas concretos. Não
pode resolver problemas verbais e
problemas hipotéticos complexos.
O desenvolvimento caminha do
pensamento pré-lógico à solução dos
problemas concretos.
Aparecimento da vontade e início da
autonomia.
A intencionalidade é construída.
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23. Operações Concretas (7 à 11 anos)
● Começa a pensar logicamente, tendo por base objetos concretos;
● Ainda não é capaz de abstrair;
● Operações mentais internas novas e poderosas, tais como adição,
subtração e inclusão de classes;
● Criança apegada à experiência específica, embora seja capaz de realizar
manipulações mentais e físicas.
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24. Operações Formais (12 anos em diante)
Características Principal Mudança
Pode resolver todos os tipos de
problemas, logicamente – e pensar
cientificamente. Soluciona os
problemas verbais e hipotéticos
complexos. Estruturas cognitivas
adultas.
O desenvolvimento caminha da
solução lógica dos problemas
concretos à solução lógica de todos
os tipos de problemas. Emergência
dos sentimentos idealistas e da
formação de personalidade. Início da
adaptação ao mundo adulto.
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25. Operações Formais (12 anos em diante)
● Pensamento lógico-formal, abstração, generalização;
● Maturidade intelectual: organiza ideias ou objetos de maneira sistemática
e pensa dedutivamente.
● Capacidade de pensar por deduções, imaginar e pensar sobre as coisas
que jamais viu ou que ainda não aconteceram;
● Capacidade de manipular ideias e eventos ou objetos;
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27. Construção do Conhecimento
Segundo Piaget, a aprendizagem é um processo de construção, que se realiza
por meio da interação entre pessoas e objetos, de acordo com nossas
possibilidades e interesses.
A aprendizagem não é um processo passivo, portanto é preciso buscar meios
de despertar o interesse dos estudantes e dar a eles um papel mais ativo na
prática educativa.
A criança é concebida como um ser dinâmico, que em todo momento interage
com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas, sendo
participante do processo de aprendizagem.
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28. Proposta Construtivista
A proposta de educação construtivista contraria muitos modelos de educação
em vigor, ela dá maior importância para que o descobrimento parta do aluno,
e não que este receba o conteúdo de maneira passiva pelo professor.
A aprendizagem é vista como um processo construído internamente, que
depende do nível de desenvolvimento de cada indivíduo.
Os conflitos cognitivos e a interação social são importantes e favorecem o
desenvolvimento da aprendizagem.
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29. Escola Construtivista
A escola deve propor atividades desafiadoras às crianças que provoquem
desequilibrações e equilibrações sucessivas, propiciando para a criança a
construção de seu conhecimento.
Numa escola construtivista há muitos brinquedos, jogos matemáticos,
projetos de pesquisa, situações-problema para o aluno desenvolver, abertura
para a escolha de temas, bem como a realização de objetivos pedagógicos
centrados no aluno, valorizando o raciocínio utilizado e não somente as
respostas corretas, respeitando o modo de conceber as ideias dos alunos,
valorizando o diálogo e a cooperação entre os alunos.
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30. Reconhecimento
Piaget se dedicou ao estudo da maneira de como aprendemos e de como nos
desenvolvemos em cada etapa do desenvolvimento, e foi dignificado por toda
sua contribuição com honras em diversos países.
Ele recebeu títulos de honra em Havard (1936), Sourbone (1946), Universidade
de Bruxelas (1949), Universidade do Rio de Janeiro (1949) e Columbia (1970).
Em 1969, ele foi o primeiro europeu a ser citado por menção honrosa pela
Associação Americana de Psicologia, por sua vasta contribuição à psicologia.
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31. Referências Bibliográficas
● Introdução à Psicologia Geral, David Myers. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
● Teorias do Desenvolvimento: Conceitos Fundamentais, Clara
Rappaport et al. São Paulo: EPU, 1981.
● Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget, Barry
Wadsworth. São Paulo: Pioneira, 1996.
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32. Por Bruno Carrasco
Psicoterapeuta existencial e professor. Graduado em Psicologia, licenciado em
Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia e Psicologia
Existencial Humanista e Fenomenológica, possui especialização em
Psicoterapia Fenomenológico-Existencial, formação em Arteterapia, Educação
Popular e Educação Participativa.
Em seu trabalho busca valorizar cada pessoa em seu modo de ser singular,
colaborando para lidar com suas dificuldades e ampliar suas possibilidades de
escolha perante a vida. Acredita na liberdade de fazer escolhas saudáveis e
refazer os rumos de nossa vida, potencializando nossa existência.
www.brunopsiexistencial.tk
33. ex-isto
Ex-isto é um projeto dedicado ao estudo e pesquisa sobre o existencialismo e
suas relações com a psicologia, filosofia, psicoterapia, fenomenologia,
literatura e artes, iniciado no final de 2016. Criado e mantido por Bruno
Carrasco, psicoterapeuta existencial e professor.
Tem como intuito oferecer conteúdos que facilitem a compreensão sobre os
temas pesquisados, por meio de textos, vídeos, cursos ou livros, optando por
utilizar uma linguagem acessível, de modo a promover reflexões sobre a
subjetividade, a condição humana e suas possibilidades.
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