O documento resume uma edição da revista Profissão Mestre, com 3 artigos principais: 1) Sobre como ajudar alunos com TDAH, destacando a importância dos professores estarem informados sobre o transtorno; 2) Uso de jogos de videogame como ferramenta educacional; 3) Benefícios da meditação para a saúde e bem-estar dos professores. A revista também contém seções sobre notícias educacionais, dicas para professores e eventos.
3. 3PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
Diretor financeiro: Marcos Arnaldo Alves da Costa
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Gilda Pellegrino
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Profissão Mestre é publicada 12 vezes por ano
pela Humana Editorial Ltda.
ISSN1984-8528.Edição159anoXIV,dezembrode2012.
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O desafio de ajudar o aluno com TDAH
Mais um ano letivo chega ao fim e, para auxiliar o professor na desafiante
tarefa de educar, o tema de nossa última edição de 2012 aborda um assun-
to que ainda gera muitas dúvidas nas escolas, mas que precisa ser esclare-
cido: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Definido
pela educadora especial Bárbara Delpretto como um quadro psicopatoló-
gico complexo e que afeta todo o desenvolvimento psicoemocional, cogniti-
vo e social do sujeito, o TDAH exige uma intervenção junto ao seu portador
em variadas dimensões – principalmente no nível psicológico e pedagógico.
É fundamental que o professor esteja preparado para que realmente
possa ajudar esse aluno. Ajudar para que ele tenha um desenvolvimen-
to satisfatório na escola – e, mais do que isso, na vida. O psiquiatra Carlos
Renato Moreira Maia, também ouvido pela reportagem, ressalta que os
docentes devem estar cientes de que são pessoas importantíssimas nes-
se processo. São os professores, muitas vezes, os primeiros a identificar
no aluno o comportamento diferenciado. Assim, preparamos uma maté-
ria com informações importantes e que podem ajudar a esclarecer as prin-
cipais dúvidas. Também apresentamos dicas de profissionais especializa-
dos indicando ações que podem ser desenvolvidas em sala de aula para
possibilitar uma maior interação desse aluno na rotina escolar.
Ainda nesta edição, reportagem da seção Ferramentas Digitais
mostra como jogos de videogame podem ser utilizados como ferra-
menta educacional. Experiências inovadoras revelam que a iniciativa
motiva os alunos e estimula a interação.
Para encerrar o ano, vale conhecer um pouco mais sobre meditação
e relaxamento – práticas que conduzem ao equilíbrio e bem-estar, carac-
terísticas imprescindíveis para a sua qualidade de vida. A matéria da sé-
rie Saúde do Professor traz orientações de como agir nos momentos de
tensão e (por que não) dar início a um programa de meditação em 2013.
Boa leitura e Feliz Ano Novo!
Carolina Mainardes
Jornalista responsável
carolina@humanaeditorial.com.br
Nota da Redação
Entre os dias 22 de dezembro de 2012 e 6 de janeiro de 2013, a
Humana Editorial estará em período de férias coletivas.
EDITORIAL
4. 4 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
10 12
30 16
24 28
Capa
Como ajudar o
aluno com TDAH
18
05 Manual do professor
Confira notícias sobre
educação, dicas de even-
tos, livros e filmes, entre
outros atrativos da seção.
08 Profissão Mestre on-line
Saiba o que está rolando
no site, no blog e nas re-
des sociais da Profissão
Mestre.
09 Inclusão
O perfil do professor me-
diador é tema de arti-
go que encerra série de
Marcos Meier e Gislaine
Coimbra Budel
10 Superprofessor
Professoras de Madureira
(RJ) criam projeto de in-
centivo à leitura e envol-
vem alunos na promoção
de um “chá literário”.
12 Ensino
Os desafios para as au-
las de Educação Física a
partir de uma nova práti-
ca, motivadora e reflexiva
ÍNDICE
O professor é um dos primeiros a identificar
o comportamento diferenciado do estudante,
por isso estar bem informado é o
primeiro passo para contribuir
para o desenvolvimento do
aluno com o transtorno.
16 Administração escolar
Artigo aborda as vantagens da
adoção de práticas socioam-
bientais responsáveis na institui-
ção
24 Sala de aula
Atividade de Educação Musical
une experimentação, intenção e
criação para formação de indiví-
duos críticos
28 Saúde do Professor
Conheça os benefícios da medi-
tação e do relaxamento para ali-
viar o estresse do dia a dia
30 Ferramentas digitais
Games são alternativa atraente
para abordar conteúdo e tornar
aulas interativas e divertidas
32 Palavra do Mestre
Pedagogo Ivanilson Costa fala
sobre o desafio de formar pen-
sadores em sala de aula
35 Destaque e Use
Seção traz informações para o
professor trabalhar o tema Dia
de Luta contra a Aids
5. 5PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
Foi notícia na educação
DICA DE SAÚDE
Fábio TorresMANUAL DO PROFESSOR
Instituições não educacionais passaram a
garantir na Justiça o direito à chancela do
Ministério da Educação para a oferta de cur-
sos de pós-graduação lato sensu (especiali-
zação ou MBA). Desde agosto do ano pas-
sado, instituições como entidades de classe
e sindicatos não recebem mais o credencia-
mento da pasta para oferecer esses cursos.
Entretanto, ao menos dez decisões judiciais
já foram dadas para assegurar a esses cur-
sos o mesmo tratamento concedido às de-
mais instituições, segundo levantamento da
Abipg (Associação Brasileira de Instituições
de Pós-graduação). A notícia é do jornal
Folha de São Paulo (10/11/2012).
Conforme noticiou o portal G1 (13/11/2012),
um levantamento sobre o perfil dos mu-
nicípios brasileiros divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostra que 38% dos servidores públicos mu-
nicipais possuíam somente o nível médio de
escolaridade em 2011. Outros 32% concluí-
ram o nível superior ou pós-graduação. De
acordo com o Perfil dos Municípios Brasileiros
2011, as regiões Norte (41,7%) e Nordeste
(41,2%) tinham os maiores percentuais de
servidores com ensino médio. Os níveis mais
elevados de escolarização (superior e/ou de
pós-graduação) se concentravam nas re-
giões Sul, com 39,8%, Sudeste, com 36,8%,
e Centro-Oeste, com 32,4%.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo
(13/11/2012), o Brasil vai precisar criar 16.622
turmas de pré-escola e dos dois primeiros
anos do ensino fundamental se um projeto
recém-aprovado pelo Senado passar pela
Câmara e for sancionado pela presidente. É
que o texto prevê um limite de 25 alunos por
sala nessas séries iniciais da escolarização,
justamente as responsáveis pela alfabeti-
zação da criança. A mudança, elogiada pe-
dagogicamente – já que é nessa fase que
o atendimento individualizado e a avaliação
contínua são mais necessários –, implica uma
série de adaptações que demandam inves-
timento financeiro e planejamento rigoroso
das redes de ensino, do espaço físico à ca-
pacitação de docentes.
Maioria das crianças e adolescentes brasileiros
usa a internet para trabalhos escolares
Segundo dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil, feita pelo Comitê Gestor
da Internet no Brasil (CGI.br), 82% das crianças e adolescentes no País utilizam
a internet primariamente para a realização de trabalhos escolares. A pesqui-
sa é resultado de um acordo entre o Centro de Estudos sobre as Tecnologias
da Informação e da Comunicação (CETIC.br) e a London School of Economics
(LSE) para trazer ao Brasil a metodologia utilizada na pesquisa europeia EU
Kids Online. No total, foram realizadas entrevistas com 1.580 crianças e ado-
lescentes de 9 a 16 anos e também com o mesmo número de pais. A pesqui-
sa revelou que a frequência de uso da internet é elevada nessa faixa etária:
47% usam a internet todos os dias ou quase todos os dias. O acesso à inter-
net por esse perfil ocorre em uma variedade de locais. Destaque para o uso
na escola (42%), no domicílio (40%), na lan house (35%) e pelo celular, que é
citado por 18% desses usuários. Para conferir os dados completos da pesqui-
sa, acesse www.cetic.br/usuarios/kidsonline/2012/index.htm.
Dicas para uma boa noite de sono
É muito comum ouvirmos queixas de insônia e noites mal dormidas.
Mas, afinal, será o sono um momento tão importante assim na rotina
de uma pessoa? Segundo Ângela Beatriz, especialista em Medicina
do Sono, uma noite bem dormida é vital para o ser humano e faz to-
da a diferença para aqueles que estudam. É o momento de recupe-
ração das forças físicas e mentais, da absorção de todo o conteú-
do estudado no dia. “Sem respeitar o período de descanso não vai
adiantar nada estudar horas, dias e meses, pois o cérebro não irá ab-
sorver o conteúdo necessário para se fazer uma boa prova”, enfatiza.
Veja algumas dicas dadas por ela para espantar o sono e não preju-
dicar a saúde:
• Atividade física é uma excelente recomendação, pois ajuda a libe-
rar energia e equilibrar o organismo. Mas se esses exercícios forem
praticados no período noturno, eles se tornarão causadores do mau
sono.
• Dê uma atenção especial para o travesseiro e colchão. A escolha
acertada fará toda a diferença para uma noite calma e tranquila.
• Aparelhos eletrônicos não devem ser usados na hora de dormir. Eles
estimulam o cérebro a manter a atenção, dificultando que você dur-
ma. Além disso, emitem muita luz para os olhos e reduzem a mela-
tonina, hormônio essencial para o sono.
• Evite também dormir na parte da tarde, ingerir bebidas alcoólicas, ir
a festas e cultivar sensações como ansiedade ou estresse.
• O sono deve estar no seu cronograma diário, assim como qualquer
outra atividade. Criando uma rotina fica mais fácil não colocar tudo
a perder.
• É importante listar todas as atividades diárias e ir assinalando tudo
que já foi realizado. Dessa forma, quando deitar estará com a cons-
ciência tranquila de que cumpriu a meta do dia e não ficará perden-
do tempo na cama pensando se faltou alguma coisa.
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6. 6 PROFISSÃO MESTRE®
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Manual do professor
EVENTOS*
*Eventos sujeitos a alterações
PARA LER, VER E OUVIR
EU INDICO
2013
Janeiro
28º Congresso Internacional de
Educação Física
Data: 12 a 16 de janeiro
Local: Foz do Iguaçu (PR)
Informações: www.congressofiep.com
XX Simpósio Nacional
de Ensino de Física
Data: 21 a 25 de janeiro
Local: São Paulo (SP)
Informações:
www.sbfisica.org.br/~snef/xx
Fevereiro
IV Seminário de Educação
Brasileira (SEB)
Data: 20 a 22 de fevereiro
Local: Campinas (SP)
Informações: www.cedes.unicamp.br
Abril
IX Encontro da Linha de Pesquisa
Linguagem e Educação
Data: 23 e 24 de abril
Local: São Paulo (SP)
Informações:
tinyurl.com/linguagemeducacao
IV Congresso Internacional de Estudos
Linguísticos e Literários da Amazônia
Data: 23 a 26 de abril
Local: Belém (PA)
Informações: www.ufpa.br/mletras
Maio
VII Congresso Brasileiro
de História da Educação
Data: 20 a 23 de maio
Local: Cuiabá (MT)
Informações: www.ufmt.br/cbhe7
Educar/Educador 2013
Data: 22 a 25 de maio
Local: São Paulo (SP)
Informações:
www.futuroeventos.com.br/educar
A prática de produção de textos em sala de aula
Sérgio Simka e Marcos Júlio (orgs.)
Wak Editora
Com o intuito de estimular e facilitar a produção de redações den-
tro das salas de aula, este livro reúne experiências e propostas
de nove pesquisadores da área. As práticas descritas na publica-
ção também têm como objetivo servir como um instrumento pa-
ra ajudar outros professores na hora de ensinar as crianças a es-
crever – uma tarefa sempre complicada. R$ 32,00, 172 páginas.
Projeto educativo escolar
José Camilo dos Santos Filho (org.)
Editora Vozes
Dividida em três partes, esta obra promete esclarecer o
Projeto Educativo Escolar, incentivando o debate sobre as con-
dições efetivas de sua eficácia e o aprimoramento de sua prá-
tica. São discutidos os fundamentos do projeto educativo, os
níveis de concretização do currículo escolar e temas relaciona-
dos à implementação do projeto. R$ 42,00, 320 páginas.
Os saberes e as falas de bebês e suas professoras
Tacyana Karla Gomes Ramos e Ester Calland de Sousa Rosa
(orgs.)
Autêntica Editora
Esta obra oferece subsídios para a prática pedagógica com
crianças pequenas. Com o objetivo de qualificar essa prática,
o livro discute propostas educativas para crianças com menos
de dois anos de idade e discute algumas questões polêmicas
da educação infantil. Além disso, evidencia posicionamentos e
contribui para ampliar o debate sobre o que deve ser priorizado numa proposta
pedagógica para crianças dessa faixa etária. R$ 44,00, 160 páginas.
Obrigado por fumar
“A temática [do filme] abordada é de suma importância para
ser trabalhada pelos professores entre os adolescentes, em
relação à questão do tabagismo. Trata-se de uma sátira sobre
a indústria do fumo e as artimanhas de um lobista da área.
O filme propicia uma reflexão e um interessante debate so-
bre a situação/posição de gerentes e empre-
gados que trabalham em organizações como a que é retratada
no filme. Além disso, aborda temas relacionados a alianças, ética
corporativa, fidelidade à empresa, liberalidade, meio ambiente,
modelosmentais,negociação,paradigmas,raciocíniolateral,relacio-
namento entre pais e filhos, responsabilidade social e valores. E ain-
da deixa a pergunta: ‘como agir quando o produto fabricado pela
empresa onde você trabalha pode prejudicar a saúde?’.”
Renata Carone Sborgia é professora, mestra em Psicologia e au-
tora do livro Responsabilidade acadêmica do gestor educacional
(Madras Editora).
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7. 7PROFISSÃO MESTRE®
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Quem é que, depois de um
dia inteiro de trabalho, nun-
ca chegou em casa com
aquela vontade louca de entrar
em férias? E isso não vale só para
aqueles que estão insatisfeitos com
a profissão.
Uma paisagem, um lugar novo
para conhecer, culturas diferentes ou
talvez aventuras quase impossíveis!
Ah, que vontade de dar um tempo...
Mas as férias são curtas, a gra-
na também, e nem sempre é pos-
sível programar aquela viagem dos
sonhos. E por isso, um bom livro é a
receita perfeita para esses momen-
tos. Ele está sempre à mão, e tudo
que você precisa é de um sofá con-
fortável para se jogar e viajar com
os personagens.
Manual do professor
Reflexão
Vamos dar um tempo?
A leitura
engrandece
a alma.
(Voltaire)
Através da leitura você pode ir até
para Marte, para a Lua; pode conhe-
cer a Europa, desvendar os mistérios
das religiões, se aventurar em alto-
-mar, voltar no tempo... Com os livros
tudo é possível. Basta permitir que a
sua imaginação te leve para os cená-
rios descritos pelos autores.
Além disso, para os incansáveis
intelectuais, há sempre algo no-
vo para aprender, mesmo que seja
apenas uma palavra diferente para
adicionar ao nosso vocabulário.
Amigo fiel, companhia certa, um
livro na bolsa ou à cabeceira é cer-
teza de bons momentos e diversão
saudável a qualquer hora. Viaje e se
entregue aos ensinamentos e mo-
mentos prazerosos que os livros po-
dem proporcionar.
Fonte: Ana Eduarda, escritora da
trilogia Enigma das Fronteiras.
7PROFISSÃO MESTRE®
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8. 8 PROFISSÃO MESTRE®
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Enquete
A diretora técnica do Instituto Crescer, Luciana Allan, fa-
lou com exclusividade para a revista Profissão Mestre
sobre os benefícios que a neuroeducação traz para
a realização de um aprendizado significativo na sala
de aula, além das mudanças que as tecnologias pro-
moveram no processo de cognição dos
estudantes. Veja o vídeo em www.
youtube.com/profissaomestre ou leia o código ao lado em
seu smartphone ou tablet-PC (é preciso baixar um aplicati-
vo leitor de códigos QR).
Portal Seu Professor chega a 50 mil alunos cadastrados
O portal Seu Professor, que oferece reforço on-line para os estudan-
tes do ensino fundamental II e do ensino médio, acaba de comemorar
a marca dos 50 mil alunos cadastrados. Lançado há pouco mais de um
ano, o site é ideal para complementar os estudos dos jovens que irão
prestar vestibular e Enem. Entre os serviços que o site oferece, o mais
procurado é o tira-dúvidas, em que professores credenciados respon-
dem as dúvidas dos alunos em até 24 horas. O usuário pode digitar o
conteúdo sobre o qual tem dúvidas ou fotografá-lo pelo celular ou câ-
mera e enviá-lo ao professor, que explica e responde ao aluno. Todas
as respostas são personalizadas, e há um limite de interações para o
aluno, o que evita a resposta pronta para todos os exercícios e estimu-
la o desenvolvimento do raciocínio. Outro serviço é a videoaula, na qual
professores abordam conteúdos das disciplinas de Matemática, Língua
Portuguesa, Ciências, Biologia, Física, Química, História e Geografia. Os
vídeos possuem de três a sete minutos de duração, de acordo com o te-
ma. Para conhecer o site, acesse www.seuprofessor.com.br.
Você utiliza ou já utilizou videogames nas suas aulas?
33% Sim, é uma ferramenta muito interessante.
50% Não, mas gostaria de utilizar.
17% Não, e não pretendo usá-los.
• Confira o artigo “Mar”, da
nossa colunista Anna Veronica
Mautner:
http://ow.ly/eWmU3
• Artigo “O futuro de um país tem
a cara da sua escola no presen-
te”, por Cristovam Buarque: ht-
tp://ow.ly/ezS4e
• As ferramentas de bate-
-papo como Windows Live
Messenger e GTalk podem
beneficiar o professor de vá-
rias maneiras.
http://ow.ly/eWpIS
• O sinal amarelo do Ideb:
http://ow.ly/f2cdw
• Projeto pedagógico – ex-
pressão da identidade insti-
tucional: http://ow.ly/f1DQj
• José Manuel Moran acredi-
ta que as ferramentas tec-
nológicas podem enriquecer
bastante as aulas:
http://ow.ly/eWoys
• Preparo financeiro deve co-
meçar o mais cedo possível:
http://ow.ly/eUYAn
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9. 9PROFISSÃO MESTRE®
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Marcos Meier e Gislaine Coimbra Budel inclusão
V
irou moda chamar todos os
professores de “mediadores”,
mas uma grande parte não
é. Mediar não é o mesmo que in-
teragir, não é o mesmo que ensi-
nar. Mediação é muito mais do
que isso. De acordo com Reuven
Feuerstein, um dos
maiores educado-
res do mundo, a
mediação precisa
ter algumas carac-
terísticas muito es-
peciais. Sem elas,
não é mediação, é
apenas uma “inte-
ração”. Vejamos as
três principais:
1 – Intencionalidade e reciprocidade
O mediador precisa querer ensinar
o conteúdo com tal paixão e deci-
são que fará tudo o que estiver ao
seu alcance para explicar da me-
lhor forma possível. Adaptará a
linguagem para que a criança com
deficiência realmente compreen-
da. Usará as tecnologias disponí-
veis na escola para que o conceito
se torne claro. Isso tudo chamare-
mos de intencionalidade, que é a
soma do objetivo com as todas as
ações possíveis para que o ensino
seja realmente de qualidade. Além
da intencionalidade do professor,
o aluno precisa desejar aprender.
Isso se chama reciprocidade. E o
mediador usa estratégias adequa-
das para encantar o aluno desde o
princípio, para chamar sua aten-
ção, para conquistar sua vontade
de aprender.
2 – Transcendência
Não basta aprender para fazer uma
prova. É preciso que se aprenda de
tal forma que seja possível aplicar
o conceito construí-
do em qualquer ou-
tra situação ou con-
texto. A compreensão
do conceito é tal que
a criança passa a
aplicar o aprendido
em sua própria vida
e consegue explicar
qualquer nova situa-
ção em que o concei-
to esteja presente.
3 – Mediação do significado
Um conceito realmente compreendi-
do se interliga a outros conceitos já
construídos pela criança. O media-
dor precisa ajudar a criança a fazer
isso, principalmente uma criança
com dificuldades de aprendizagem.
Mediar o significado é mostrar aos
alunos onde se aplica o conteúdo re-
cém-aprendido, de que forma esse
conteúdo aumenta a compreensão
sobre outros fatos e como o concei-
to pode ampliar a compreensão de
mundo da criança. Tudo isso é me-
diar o significado de um conceito.
Segundo Feuerstein, um me-
diador sempre considera em suas ati-
tudes essas três características an-
teriores; no entanto, para que um
mediador seja ainda melhor é ne-
cessário que inclua outras nove ca-
racterísticas em sua interação com
seus alunos, incluindo as crianças
com deficiências. Se as três carac-
terísticas estiverem presentes num
professor, ele já pode ser considera-
do um mediador; no entanto, se tal
professor apresentar em suas atitu-
des as outras nove, ele será um me-
diador ainda melhor.
Os professores precisam receber
formação continuada para que pos-
sam desenvolver melhor sua meto-
dologia. Sabemos que muitos pro-
fessores já agem de acordo com as
características de mediação aqui de-
fendidas, mas para que possam ser
ainda mais eficazes é importante que
suas ações sejam conscientes e plane-
jadas, e não apenas fruto do acaso ou
de experiências – ainda que bem-su-
cedidas. Precisamos nos profissiona-
lizar cada vez mais. Precisamos agir
com nossos alunos sabendo o que
queremos e onde pretendemos levá-
-los com nossa ajuda, e em espe-
cial para com os alunos com defi-
ciências. Sem esses pré-requisitos
iremos interagir com eles, mas não
saberemos se as vitórias ou fracas-
sos dependeram mais de nós ou
das próprias crianças.
Gislaine Coimbra Budel é professo-
ra, pedagoga, escritora, palestran-
te e pós-graduada em Intervenção
Cognitiva e Aprendizagem Mediada
de Reuven Feuerstein. Com 26 anos de
experiência em educação especial, é
também diretora do Centro Municipal
de Atendimento Especializado Profª
Maria Julieta Alves Malty, da Prefeitura
Municipal de Curitiba. Contatos pelo e-
-mail: gislaine.pedago@hotmail.com
Marcos Meier é psicólogo, professor
de Matemática, mestre em Educação,
escritor e palestrante. É uma das maio-
res autoridades brasileiras na Teoria da
Mediação de Feuerstein. Seus livros se
encontram na loja virtual www.kapok.
com.br. E-mail: marcosmeier@gmail.com
“O mediador
usa estratégias
adequadas para
encantar
o aluno desde
o princípio”
O perfil do professor
mediadorSegundo Reuven Feuerstein, a mediação precisa
ter algumas características muito especiais
Inspirado na obra Mediação da aprendizagem
na educação especial, de Gislaine Coimbra
Budel e Marcos Meier (Editora IBPEX, 2012).
10. 10 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
D
e acordo com a terceira edi-
ção da pesquisa Retratos da
Leitura no Brasil, realizada
pelo Instituto Pró-Leitura em par-
ceria com o Ibope no ano de 2011
e divulgada no primeiro semestre
deste ano, o hábito da leitura es-
tá em queda entre os brasileiros.
Dentre os entrevistados, apenas
28% afirmaram que a leitura de li-
vros, jornais e revistas faz parte de
seus hábitos cotidianos – um per-
centual menor do que os 36% re-
gistrados na segunda edição do le-
vantamento, realizada em 2007.
Além disso, a média de livros li-
da num período de três meses (o
que caracteriza a pessoa como lei-
tora ou não-leitora) também caiu
de uma edição para a outra: de 2,4
para 1,85.
Tendo em vista esse cená-
rio, projetos que incentivam a lei-
tura – principalmente entre os
mais jovens – sempre são necessá-
rios, ainda mais na idade escolar.
Na Escola Municipal Rugendas,
de Madureira (RJ), graças a uma
iniciativa das professoras Aline
Scalércio e Cláudia Gomes, os alu-
nos do sétimo ano do ensino fun-
damental II puderam conhecer um
pouco mais sobre a vida de três es-
critores brasileiros, alimentando o
interesse dos jovens pela leitura e
estimulando-os a conhecer mais
Fábio Torressuperprofessor
Literatura
brasileira
à mesa
Projeto criado por duas professoras de Madureira (RJ) alia incentivo à leitura
com a produção de um “chá literário” para pais, professores e convidados
sobre os autores do País. O resul-
tado final das atividades realiza-
das pelos adolescentes foi um Chá
Literário, que reuniu alunos, pro-
fessores, pais e convidados de ou-
tras escolas em setembro deste ano.
O projeto foi criado neste ano
pelas educadoras. “Eu e a profes-
sora Cláudia, da sala de leitura,
resolvemos criar um novo proje-
to que revolucionasse o interesse
pela leitura, de modo que os alu-
nos pudessem não só ler, mas tam-
bém viver a magia da literatura”,
afirma Aline, que é professora de
Português e Inglês. As atividades
envolveram 140 alunos de três tur-
mas do turno matutino do sétimo
11. 11PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
superprofessor
ano da escola. Cada turma abor-
dou um autor brasileiro dentre es-
tes três: Monteiro Lobato, Ziraldo e
Cecília Meireles. Segundo Cláudia,
“utilizamos como referencial [para
a escolha dos autores] a qualidade
dos escritores e sua ligação com o
universo infanto-juvenil. Monteiro
Lobato foi escolhido por ser um au-
tor do universo brasileiro, com per-
sonagens que marcaram a infância
de muitos dos nossos alunos, seja
na leitura ou na televisão. Ziraldo
foi escolhido pela linguagem cômi-
ca e ligada ao universo infanto-ju-
venil. Cecília Meireles foi escolhi-
da como forma de trabalharmos a
poesia como linguagem escrita e
também por suas obras direciona-
das a esse público”.
De acordo com as professoras,
os alunos contribuíram e muito
para a realização do Chá Literário.
“Eles participaram ativamente do
processo de produção dos traba-
lhos, da confecção da decoração e
das lembranças, e da execução do
projeto”, revela Cláudia. O estudan-
te Leandro Ricardo, que participou
das atividades, corrobora a fala da
professora: “eu achei um projeto
bem criativo, informativo e partici-
pativo”. Ao todo, foram dois meses
de preparação para o evento final.
Durante este período, foram reali-
zadas extensas pesquisas sobre ca-
da um dos autores, além da seleção
das informações e das obras a se-
rem apresentadas. Os alunos ain-
da assistiram a filmes e vídeos que
possuíam conteúdo relacionado
aos escritores selecionados. “Ao de-
senvolver esse trabalho, os alunos
tiveram um enorme contato com a
riqueza da literatura, eles descobri-
ram mais prazer na leitura a partir
do momento que se sentiram capa-
zes de entender o que estavam len-
do. O projeto incentivou o contato
com a leitura, proporcionou a inte-
ração ao fazer com que eles traba-
lhassem em conjunto e trouxe uma
contextualização de obras literá-
rias, tornando-as assim, mais com-
preensíveis e significativas”, diz a
professora Aline.
Todas as atividades culminaram
na realização do Chá Literário no dia
19 de setembro. Na ocasião, alunos
e professores da Escola Municipal
Rugendas, pais dos estudantes e até
mesmo educadores convidados de
outras instituições da região pude-
ram acompanhar a apresentação das
pesquisas e saborear as diversas gu-
loseimas e bebidas preparadas pelos
educandos. “Cada turma apresentou
um autor e durante uma hora foram
trabalhados a vida, o universo de sua
obra, textos do autor e vídeos rela-
cionados ao assunto. Pais, alunos de
outras turmas e convidados assisti-
ram aos trabalhos e ao final comen-
taram que gostaram muito, tanto da
escolha dos autores como dos traba-
lhos realizados”, conta a professo-
ra Cláudia. Além das apresentações
orais dos alunos, também foram
confeccionados cartazes com tre-
chos de obras dos autores pesquisa-
dos, decorações temáticas para o dia
da apresentação e até mesmo lem-
brancinhas para quem esteve pre-
sente no evento.
O sucesso do primeiro Chá
Literário já rendeu frutos na escola,
segundo a diretora Ana Lúcia Silva
Barreto. “Esta iniciativa de ambas
gerou frutos que resultaram tam-
bém em um Chá Literário nas tur-
mas do turno da tarde, que optaram
por conhecer mais da vida e da obra
de Vinícius de Moraes”. Já Aline pre-
vê muitas outras edições do projeto.
“[O Chá Literário] surgiu neste ano
e certamente terá continuidade por
muitos anos, pois vimos que deu
muito certo, que os alunos aprende-
ram e se envolveram como nunca”,
comemora.
Para Aline, o sentimento de sa-
tisfação gerado pelo projeto é indes-
critível. “Estou muito feliz por ter
dado aos meus alunos, com o auxí-
lio da professora de sala de leitura
[Cláudia], a oportunidade de reali-
zar um trabalho tão rico, tão cultu-
ral, e, por que não dizer, tão legal!
(...) Sinto-me realizada ao ver os
meus alunos evoluindo, crescendo e
se tornando pessoas dignas e melho-
res a cada dia”, revela a professora de
Língua Portuguesa. A diretora Ana
Lúcia também compartilha do sen-
timento de Aline. “Realmente, pro-
jetos tão bem-sucedidos e profissio-
nais tão especiais fazem a diferença
na educação”, afirma.
Professora Aline Scalércio: “ao de-
senvolver esse trabalho, os alunos ti-
veram um enorme contato com a ri-
queza da literatura”
Fotos:Arquivopessoal
Diretora Ana Lúcia Silva Barreto:
“projetos tão bem-sucedidos e pro-
fissionais tão especiais fazem a dife-
rença na educação”
12. 12 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
“A
educação física é a única
disciplina da grade curri-
cular que é prática, lúdica
e vivencial. Imagina os benefícios que
isso pode representar. E, mesmo as-
sim, vem cambaleando, trôpega, de-
pendente do regime da escola.” O de-
sabafo é do professor Antônio Ricardo
Catunda de Oliveira, doutorando em
Ciências da Educação e presidente da
Comissão de Educação Física Escolar
do Conselho Federal de Educação
Física (Confef). Prevista na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
de 1996, como componente curricu-
lar da educação básica, a Educação
Física somente cumpre seus objetivos
ao fazer com que o aluno vivencie o
momento de forma reflexiva e signi-
ficativa para obter maior qualidade de
vida e promoção da saúde. Para tan-
to, a disciplina deve estar integrada
ao projeto pedagógico da escola, sen-
do tratada em igualdade de condições
com os outros componentes curricu-
lares. A orientação faz parte da Carta
da Educação
Física Escolar,
publ icada
em janeiro
de 2007 duran-
te o 22º Congresso
Internacional de
Educação Física. No entanto,
a realidade aponta para alunos des-
motivados e professores muitas vezes
acomodados. Por que isso acontece e
como mudar essa situação?
Para o professor Ricardo
Catunda, que também é co-
ordenador do curso de es-
pecialização em Educação
Física Escolar da Universidade
Estadual do Ceará (Uece), três fatores
são cruciais neste contexto. “É uma
questão multifatorial, que envolve as-
pectos relacionados à formação do
profissional, à [maneira] como o pró-
prio professor encara sua atividade e
à gestão da escola”, avalia. Catunda
aindaobservaqueéimprescindívelque
a Educação Física obtenha realmente
status de disciplina, “com o mesmo res-
peito e valorização das demais”.
O professor e pedagogo Glauco
Ramos, doutor em Educação Física e
coordenador do curso de pós-gra-
duação em Educação Física Escolar
daUniversidadeFederaldeSãoCarlos
(UFSCar), também acredita nisso, e
defende que a Educação Física não
pode ser vista apenas como o úni-
co momento de “liberdade” na esco-
la. “Ela precisa ser encarada como os
demais componentes curriculares, ou
seja, [uma disciplina na qual] o pro-
fessor é capaz de ensinar os conheci-
mentos acerca das manifestações da
cultura de movimento – jogos,
esportes, ginásticas, danças
e lutas – e discuti-los jun-
to com os alunos”, consi-
dera. E acrescenta: “além
da colaboração dos ges-
tores e da própria es-
cola, precisamos de
professores bem
preparados e
atentos às características e necessida-
des dos alunos e da escola”.
Compreensão
O professor é fundamental no proces-
so. Catunda acredita que a Educação
Física perde por conta da falta de res-
ponsabilidade dos próprios docentes.
“É preciso que o professor assuma
que existe um conteúdo a ser traba-
lhado, a partir de uma metodologia,
com um planejamento. E que haja
abertura para um processo interativo
durante as aulas e avaliação do que
foi trabalhado”, comenta.
Além do papel do professor, é im-
prescindível que seja definida a fun-
ção da disciplina na escola. “Tem que
haver um processo de envolvimento
do gestor. Muitas vezes, a escola não
favorece a Educação Física por des-
conhecimento”, acrescenta Catunda.
Para isso, ele indica a necessidade de
que o próprio professor mantenha
uma posição a respeito da atividade,
tenha consciência e expertise sobre o
tema e, principalmente, se autovalo-
rize.
Drible
O professor de Educação Física
Maurício Priess da Costa, mestre em
Sociologia, vinculado à rede pública
do Estado do Paraná, aponta como
maiores entraves para um trabalho
mais complexo a estrutura física
das escolas – “demasiadamen-
te limitadas”. Mesmo assim,
ele acredita que grande parte
dos professores consegue
driblar essa rea-
lidade e
Carolina MainardesENSINO
Educação Física: os desafios
para uma nova prática escolar
Aulas devem motivar estudantes a vivenciar o momento
de forma reflexiva, garantindo maior qualidade de vida
12 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
13. 13PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
se virar bem. “Os espaços físicos ge-
ralmente não estão adaptados para
a prática das concepções mais atuais
de Educação Física – pelo menos na
escola pública –, e para a imensa di-
versidade de capacidades dos alunos”,
comenta. Ele afirma que esses espa-
ços resumem-se a uma quadra de
concreto pintada com linhas, traves
de futebol, cestas de basquete e redes
de vôlei; um anacronismo que reme-
te ao tempo da prática de esportes e
atividades físicas como principal ob-
jetivo da disciplina. “Hoje, o univer-
so da prática corporal vai muito além
dos ‘bols’ (futebol, voleibol, basquete-
bol, etc.). Mas o potencial da aula é li-
mitado por conta da falta de estrutu-
ra, e o professor é obrigado a dar o seu
jeito para manter o aluno concentra-
do e motivado”, lamenta.
Costa acredita, ainda, que o apri-
moramento constante é indispensá-
vel para que o professor promova prá-
ticas mais adequadas à realidade do
ENSINO
Apesquisa Educação Física nas Escolas Públicas Brasileiras, realizada pe-
lo Ibope e encomendada pelas organizações Atletas pela Cidadania,
Instituto Ayrton Senna e Instituto Votorantim, mostra que:
• 74% dos professores ouvidos atribuíram notas entre 8 e 10, numa
escala de 0 a 10, para a satisfação em trabalhar com o ensino de
Educação Física;
• 41% dos professores afirmaram que os alunos faltam bastante às au-
las de Educação Física;
• 21% dos professores identificam que a Educação Física não é tratada
com a mesma importância que as outras disciplinas;
• 98% apontaram a contribuição da Educação Física no desempenho
dos alunos nas demais disciplinas escolares.
Conduzida entre os dias 20 de outubro e 24 de novembro de 2011, em
todas as regiões do País, a pesquisa envolveu duas entrevistas em ca-
da uma das 458 escolas pesquisadas: uma com o professor de Educação
Física, e outra com o diretor ou vice-diretor da escola.
Pesquisa mostra realidade da rede pública
Os alunos demonstram muito in-
teresse em participar de todas
as atividades de aula
Os alunos têm interesse apenas
em jogos competitivos
Alguns alunos faltam muito às
aulas de Educação Física
Alguns alunos teriam mais inte-
resse na aula de Educação Física
se as atividades propostas fos-
sem mais diversificadas
Qual o envolvimento dos alunos com a aula de Educação Física?
76%
47%
41%
11%
Essa pergunta foi feita pelo Ibope aos professores e diretores
das escolas públicas pesquisadas. Veja as respostas:
Fonte: pesquisa Educação Física nas Escolas Públicas Brasileiras
público jovem. “O break e o le parkour,
por exemplo, são práticas relativa-
mente novas e que geram muito in-
teresse e significado para o aluno, fa-
zem parte do seu universo”, sugere.
O docente da rede pública do
Estado do Paraná sugere que o plane-
jamento das aulas de Educação Física
pode ser dividido em períodos distin-
tos, como em bimestres. Nessa pro-
posta, cada bimestre é tomado por
um eixo temático (ginástica, jogos,
dança, lutas ou esporte) e um tema
transversal, que liga a matéria dada
à realidade da comunidade e do alu-
no. Ao se trabalhar o eixo dança, por
exemplo, pode-se fomentar discus-
sões sobre gênero, papéis sociais do
homem e da mulher, sexismo, etc.
“Isso ajuda o aluno a refletir sobre
seu próprio corpo e sobre a práti-
ca corporal em si. Há uma proble-
matização sobre a realidade apre-
sentada na sociedade, o que ajuda
a desenvolver a capacidade crítica
do aluno”, explica.
Para Antônio Ricardo Catunda, do
Confef, os professores de Educação
Física precisam se autovalorizar
Prof. Maurício Priess da Costa, du-
rante aula de Educação Física para
alunos da rede pública
Fotos:Divulgação
14. 14 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
A
educação é a arte do cora-
ção. Essa frase não é nova.
Não se sabe quem foi o pri-
meiro a dizê-la. Mas ela es-
tá na essência de Sócrates e no fun-
damento de Dom Bosco. Sócrates
instigava os jovens de seu tempo a
colocarem para fora o potencial que
tinham. Era como um “parto de
ideias”. Dom Bosco, o jovem padre
italiano, queria mostrar quanto era
importante para os jovens que não
apenas fossem amados, mas que se
sentissem amados.
O termo “educação” deriva do
vocábulo latino educare, que significa
criar, nutrir, amamentar, cuidar, en-
sinar. Porém, a palavra tem relação
estreita com a forma verbal latina
duco, que quer dizer conduzir. Além
tem potencial. Desconsiderar a ba-
gagem que cada pessoa traz é um
equívoco de quem não se predispõe
a conhecer o universo alheio. Não é
possível ajudar alguém a ser condu-
tor sem antes conhecê-lo, sem antes
perceber as limitações e as amarras
que o impedem de ca-
minhar com os pró-
prios pés.
Se necessá-
rio, o aprendiz
saberá levan-
tar-se de uma
A complexidade
da educação
disso, “educar” também está ligado a
educere, que significa, ao pé da letra,
conduzir para fora, isto é, preparar a
pessoa para viver no mundo, fora de
seu universo individual.
Percebe-se, com isso, que a edu-
cação, já na origem da palavra, é al-
go mais complexo do que pode pa-
recer à primeira vista. Está sempre
ligada ao conceito de permitir ao
ser humano que ele seja, que reali-
ze, que aconteça, que tenha atitude.
Em outras palavras, instrumentali-
zá-lo ou, ainda mais, instigá-lo, pa-
ra que ele consiga desenvolver suas
habilidades. Assim, é preciso que o
educador acredite que seu aprendiz
14 PROFISSÃO MESTRE®
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15. 15PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
queda, moral ou profissional, indivi-
dual ou familiar, porque aprendeu a
fazê-lo. Foi preparado para que, du-
rante a travessia, não fuja ao sinal do
primeiro obstáculo. O educador deve
buscar o sonhado meio-termo aristo-
télico – prevenia o filósofo grego so-
bre o fato de que, tal como um arquei-
ro, na vida é possível errar de muitas
maneiras, mas acertar o centro é para
aqueles que foram educados. Na épo-
ca, a educação era restrita aos poucos
que frequentavam a Ágora ou o Liceu.
Hoje,odesafioéatingirtodos,semdis-
tinção, como estabelece a Constituição
Federal de 1988.
A tarefa afigura-se monumental,
complexa. Todos não são
alguns. O univer-
so de pessoas é ri-
co e, ao mesmo
tempo, penoso
de ser traba-
lhado. Existe,
ENSINOGabriel Chalita
Gabriel Chalita é deputado federal,
doutor em Direito e em Comunicação e
Semiótica, ex-secretário de Educação
de São Paulo.
“Nisto reside
a sabedoria:
tratar coisas
complicadas
de maneira
simples”
entretanto, uma forma de superar
essa dificuldade – agir com a maior
simplicidade possível. Nisto reside a
sabedoria: tratar coisas complicadas
de maneira simples.
E qual é o segredo?
É a amizade. Porque a
amizade simplifica as
coisas, direcionando o
relacionamento entre
pais e filhos e entre
professores e aprendi-
zes para o afeto.
Separar proces-
so educativo de afe-
to é mais ingênuo do
que acreditar no poder do afeto pa-
ra mudar comportamentos e gerar
aprendizagem. É preciso dizer isso,
porque há muitos que apregoam ser
ingênuo querer acreditar que o pro-
fessor, com tantos dissabores, have-
rá de ser afetuoso. Mas, se não o for,
não será educador.
Paulo Freire, na obra Pedagogia
da autonomia, afirma que “a afetivi-
dade não se acha excluída da cog-
noscibilidade”. Para ele, seriedade
docente e alegria são
perfeitamente con-
ciliáveis, e o proces-
so de ensinar e apren-
der não deve ignorar,
além da alegria, a bo-
niteza. Assim, cabe a
nós, educadores, mes-
mo com os dissabo-
res da vida, mesmo
com os altos e baixos
da profissão, construir
diariamente uma relação de respei-
to e amizade no complexo ambien-
te da sala de aula.
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16. 16 PROFISSÃO MESTRE®
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Ivo Moraes Cadaval Júnioradministração escolar
S
ó temos duas formas de com-
petir em um determinado
mercado (diferenciar-se): ou
por preço ou por valor. Na lingua-
gem comum do dia a dia usam-se,
de maneira intercambiável, os ter-
mos valor e preço. Pode-se enten-
der que o preço de um bem de-
pende das condições de mercado,
enquanto o conceito de valor es-
taria associado às condições sub-
jetivas de cada indivíduo, sendo
função de suas preferências e ne-
cessidades.
Escolher competir pelo pre-
ço exige uma administração ex-
tremamente austera dos custos.
Quem trabalha somente com pre-
ço, está sempre trabalhando com
margens reduzidas, apertadas e,
por consequência, nunca investe
em nada, nunca treina, nunca bus-
ca um diferencial. Acaba por de-
preciar o negócio.
Para definir o preço de alguma
coisa é preciso analisar o valor do
serviço, do ponto de vista do possí-
vel comprador. Se a percepção de-
le registra valor irrelevante, o pre-
ço será necessariamente baixo.
Portanto, se quisermos obter um
preço melhor pelo serviço ofereci-
do, será necessário procurar outro
comprador ou encontrar meios de
alterar a percepção de valor daque-
le cliente em relação ao que coloca-
mos à venda.
Para mudarmos a percepção de
valor precisamos introduzir mu-
danças materiais ou conceituais
que criem novos significados ou
aplicações dos serviços que ofere-
cemos aos nossos clientes.
Com relação ao diferencial so-
cioambiental, percebemos cada vez
mais cobranças advindas da socie-
dade decorrentes de uma maior
conscientização acerca do papel
social e ambiental exercidos pelas
empresas e que acabam por agregar
novas responsabilidades aos mo-
delos de gestão tradicionais, antes
mais focados em aspectos econô-
micos e financeiros. A sustentabi-
lidade, ou o desenvolvimento sus-
tentável, é pautada no equilíbrio e
ponderação dos esforços dispensa-
dos para a construção de uma ope-
ração baseada nos pilares econômi-
co, social e ambiental, podendo ser
definida como o desenvolvimen-
to capaz de suprir as necessidades
da geração atual sem comprometer
a capacidade de atender às necessi-
dades das futuras gerações. É o de-
senvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro.
A escola é um campo fértil no
desenvolvimento de ações socio-
ambientais responsáveis, através
da educação e na interação com
seus stakeholders (pais, alunos, pro-
fessores, colaboradores e a socieda-
de em geral). O bom educador sabe
que exemplos consistentes edu-
cam. Uma estrutura que use com
consciência os recursos naturais
(como a água e a energia) e seja
acessível (tanto em sua estrutura
física quanto nas ações cotidianas)
favorece a apreensão de conceitos
socioambientais e a construção de
novos valores e atitudes.
Escolas que vêm adotando
uma postura socioambientalmen-
te responsável buscam, entre ou-
tros objetivos, diferenciar sua mar-
ca na arena competitiva. Mais do
que uma inovação em modelos de
gestão, devemos ter uma evolução
adaptativa e madura no conjunto
“É o
desenvolvimento
que não esgota
os recursos
para o futuro”
Práticas
socioambientais
responsáveis para
diferenciar-se
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dezembro 2012
17. 17PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
de práticas tradicionais (visão, pre-
missas, objetivos, metas, etc.) da
gestão escolar. Essa evolução im-
põe a crescente conscientização do
papel que a Escola deve assumir
em seu mercado para atingir níveis
competitivos cada vez mais sólidos,
perenidade e diferenciação rele-
vante, almejando crescente evolu-
ção no valor gerado para si (insti-
tuição, colaboradores, etc.), bem
como para seus públicos estratégi-
cos externos e para o seu entorno/
meio ambiente.
Ivo Moraes Cadaval Júnior é bacha-
rel em Ciências Econômicas, especialis-
ta em Gestão Educacional. É gerente
de Planejamento e Controle da Província
Marista do Rio Grande do Sul. E-mail:
ivo.cadaval@gmail.com
administração escolar
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administração escolar
18. 18 PROFISSÃO MESTRE®
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Carolina Mainardescapa
E
le é impaciente, não presta atenção, não
segue instruções, é esquecido e ainda
contamina toda a classe com sua impul-
sividade. Reconheceu esses sintomas em al-
guns de seus alunos? Pode ser que ele seja um
portador do Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade (TDAH), ou não. O diagnós-
tico não é tão simples e deve ser feito por um
médico. O TDAH é uma das doenças psiquiátri-
cas mais comuns na infância e frequentemen-
te persiste até a idade adulta. A prevalência
do transtorno é de aproximadamente 5,29%
na população, segundo estudos, com predo-
mínio no sexo masculino. De acordo com o
médico psiquiatra Carlos Renato Moreira
Maia, pesquisador do Programa de Déficit
de Atenção e Hiperatividade (ProDAH)
do Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
o TDAH é caracterizado por sintomas
de falta de atenção e/ou hiperativi-
dade e impulsividade (ver box pág.
21), que causam prejuízos ao in-
divíduo em ao menos dois am-
bientes – em casa e na escola,
por exemplo.
Como ajudar
o aluno
com TDAHO professor é um dos primeiros a
identificar o comportamento diferen-
ciado da criança, por isso deve estar
bem informado sobre o transtorno
18 PROFISSÃO MESTRE®
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19. 19PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
capa
Maia explica que o diagnósti-
co do transtorno é clínico, ou se-
ja, é baseado na descrição dos
sintomas relatados pelo indiví-
duo, seus pais ou outras pessoas de
seu convívio, professores e edu-
cadores. “Conforme o Manual
de Diagnóstico e Estatística – IV
Edição (DSM-IV) da Associação
Americana de Psiquiatria, são ne-
cessários seis sin-
tomas de desa-
tenção e/ou seis
sintomas de hi-
peratividade/im-
pulsividade. Para
que se estabeleça
o diagnóstico de
TDAH, esses sin-
tomas devem ser
mais frequentes e
severos do que o
esperado para a faixa etária do in-
divíduo”, observa o médico, mes-
tre e doutorando em Psiquiatria
e especialista em Psiquiatria da
Infância e Adolescência. Além dis-
so, continua Maia, é necessário
que tais sintomas estejam presen-
tes antes dos 7 anos de idade, cau-
sando prejuízo à criança em dois
ou mais ambientes, e que não se-
jam justificados por algum outro
transtorno mental. “É importante
destacar que não existem exames
que estabeleçam o diagnóstico, co-
mo exames de sangue, imagem ou
eletroencefalograma”, completa.
Ele também alerta que, por se
tratar de uma do-
ença, o diagnós-
tico só pode ser
feito por um mé-
dico, preferen-
cialmente com experiência em
TDAH (psiquiatra da Infância e
Adolescência, neurologista infan-
til ou pediatra). “Existem outras
doenças psiquiátricas com sinto-
mas semelhantes ao TDAH, mas
somente profissionais experientes
conseguem fazer o diagnóstico di-
ferencial”, adverte.
Frente a um problema tão com-
plexo, como o professor deve agir? O
psicólogo Ronaldo Ferreira Ramos,
diretor executivo da Associação
Brasileira de Déficit de Atenção
(ABDA), ressalta que o professor
“Por se tratar
de uma doença,
o diagnóstico só
pode ser feito
por um médico”
19PROFISSÃO MESTRE®
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20. 20 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
cial dessa necessidade especial, ela
recomenda que o professor regis-
tre o comportamento do aluno no
horário de aula quanto à irritabi-
lidade, à inquietude e à agitação. E
acrescenta: “se o aluno demonstra
conhecer o conteúdo, mas não con-
segue terminar todas as atividades
devido a algumas destas caracterís-
ticas observadas frequentemente, é
possível que haja a perda da atenção
por fatores não somente ambien-
tais. O déficit de atenção/hiperati-
vidade é um quadro psicopatológico
complexo e que afeta todo o desen-
volvimento psicoemocional, cogni-
tivo e social do sujeito, e por esta ra-
zão, a intervenção junto a ele deve
ocorrer em diversas dimensões”.
O psiquiatra Carlos Maia res-
salta que os docentes devem es-
tar cientes de que são pessoas im-
portantíssimas nesse processo. “Os
professores têm a oportunidade de
detectar as alterações no comporta-
mento da criança, quando compa-
rada a outros indivíduos da mesma
faixa etária”, considera. O médico
também salienta que, em uma sala
com aproximadamente 30 alunos
ou mais, os que apresentam TDAH
não são somente aqueles com com-
portamento mais hiperativo, mas
também aquelas crianças quietas
e pouco participativas, que muitas
vezes não são percebidas até que
apresentem importantes dificulda-
des escolares.
Ele reforça que o TDAH é uma
doença, e não um problema de ca-
ráter ou personalidade: “o compor-
tamento hiperativo/impulsivo não é
proposital, e melhora significativa-
mente com o tratamento adequado.
Ao perceberem uma criança com ca-
racterísticas compatíveis com TDAH
devem pedir aos pais que providen-
ciem uma avaliação psiquiátrica
adequada. A observação dos profes-
sores poderá ser fundamental para o
futuro dessas crianças”.
é um dos primeiros a identificar
o comportamento diferenciado da
criança. “Geralmente é na escola
que as crianças com TDAH apre-
sentam os primeiros sintomas do
transtorno, porque têm que ficar
sentadas, obedecer a regras, se con-
centrar”, comenta. E orienta que a
primeira coisa a ser feita nesses ca-
sos é chamar os pais para conver-
sar e sugerir que busquem ajuda de
um especialista.
Ainda segundo Ramos, assim
que a criança for diagnosticada
deve ter início um acompanha-
mento multidisciplinar que, na
opinião dele, pode contar com um
terapeuta, um psiquiatra infantil
ou outro médico conforme a ne-
cessidade. “A partir do momento
que é iniciado o tratamento, a me-
lhora na escola e na vida social da
criança é visível”, enfatiza, elen-
cando entre os benefícios obtidos
a melhora na autoestima, na so-
cialização e na concentração.
Na escola
Para Bárbara Delpretto, professo-
ra da Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar), educadora espe-
cial e Mestre em Educação, o pro-
fessor pode e deve realizar uma
avaliação “enquanto processo e ato
que permite valorizar se há o aces-
so aos saberes culturais por parte
do aluno, e que estão na base da
aprendizagem escolar. Neste sen-
tido, falamos de avaliações distin-
tas, realizadas por diferentes pro-
fissionais”.
Para que o professor possa real-
mente ajudar esse aluno, primeira-
mente deve procurar se informar
sobre as características do TDAH.
“É a partir deste conhecimento
que há a possibilidade de ajusta-
mento dos métodos e da tempora-
lidade das atividades escolares, tor-
nando-as mais acessíveis”, explica
Bárbara. Após o conhecimento ini-
Fotos:Divulgação
Bárbara Delpretto alerta que o
professor deve procurar se infor-
mar sobre as características do
TDAH para que possa ajudar o alu-
no que tem o problema
Ronaldo Ferreira Ramos, da ABDA,
orienta que assim que a criança for
diagnosticada, deve ter início um
acompanhamento multidisciplinar
O psiquiatra Carlos Maia ressalta que
os docentes devem estar cientes de
sua importância na detecção de alte-
rações no comportamento da criança
capa
21. 21PROFISSÃO MESTRE®
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Rotina escolar
O presidente da ABDA acredita
que a escola – e também a famí-
lia – precisa estar preparada para
lidar com essas crianças. “Os pais
e os professores devem ter mui-
ta informação sobre o transtor-
no, quanto maior o grau de infor-
mação, melhor. E os pais devem
conversar com os professores, sa-
ber se eles estão informados so-
bre o assunto e, se não conhecem,
devem pedir que procurem orien-
tação. Pais e professores devem
manter diálogo constante, a fim
de contribuir para o aprendizado
e o desenvolvimento dessa crian-
ça”, afirma.
A professora Bárbara concorda
que os profissionais que acompa-
nham o aluno na escola e a fa-
mília devem buscar informações
sobre o desenvolvimento, o com-
portamento, os interesses e avan-
ços do aluno em questão. “Isso
para que possam celebrar as me-
lhorias no tratamento e o ganho
obtido na qualidade de vida. Ou
mesmo para que possam analisar
a necessidade de readequação do
tratamento em vistas à rotina es-
colar e às demandas e atividades
desenvolvidas por ele neste espa-
ço”, observa.
A educadora afirma que o
acompanhamento do aluno com
TDAH por uma equipe multipro-
fissional tende a colaborar para
que o trabalho em diversas di-
mensões tenha sucesso. “Mas
reforço que é sempre funda-
mental que estes profissionais
conversem, ouvindo o que o su-
jeito e a família têm a falar”,
reafirma. E exemplifica dizen-
do que, muitas vezes, a medica-
ção dada ao aluno, variando de
acordo com a posologia, o deixa
sem energia no período de aula.
Neste sentido, é necessário in-
dicar essas características com-
portamentais à família para que
ela e o médico que acompanha o
aluno possam verificar se exis-
tem outras possibilidades que
não interfiram negativamente
nas atividades e na saúde do es-
tudante.
Ela ainda enfatiza que cabe aos
pais ou responsáveis pelo aluno
reger o equilíbrio que deve haver
entre os diferentes profissionais
em atuação, indicando as priori-
dades desejadas a partir das ne-
Conheça alguns sintomas:
• Não consegue prestar atenção a detalhes e comete muitos erros por
distração
• Tem dificuldade em manter a atenção por muito tempo em atividades
longas, como palestras ou leituras
• Parece não escutar quando falam diretamente com ele – algumas ve-
zes pode se perceber um olhar distante
• Não segue instruções e não termina os deveres de escola ou tarefas
domésticas, ou seja, perde o foco, e pode deixar algumas coisas pela
metade (é comum ter vários projetos iniciados e deixados pela metade)
• Tem grande dificuldade em organizar suas tarefas ou atividades diárias
• Evita atividades que necessitam esforço mental prolongado, como ler
e escrever
• Perde coisas necessárias para as atividades
• Distrai-se facilmente com estímulos surgidos fora do ambiente (ruídos,
conversas, movimentos)
• É esquecido nas atividades diárias: esquece de dar um recado ou de
levar um material escolar
Sintomas de hiperatividade:
• Costuma estar em constante movimento não só na sala de aula, mas
para assistir um filme, ou para fazer uma refeição
• Com frequência, não permanece sentado por muito tempo
• Corre e sobe em cima das coisas sem conseguir se conter
• Não consegue ser silencioso nas atividades ou nas brincadeiras – é
uma criança bastante barulhenta
• Frequentemente está a mil, a todo vapor ou ligado na tomada; costu-
ma falar demais
Sintomas de impulsividade:
• Dá respostas precipitadas antes que alguma pergunta seja terminada
• Não aguarda a vez em filas, em chamadas ou em brincadeiras
• Costuma se intrometer em assuntos onde não é chamado
Fonte: Carlos Maia, médico psiquiatra, pesquisador do Programa de Déficit
de Atenção/Hiperatividade (ProDAH) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Como identificar o aluno com TDAH?
capa
cessidades observadas na criança,
proporcionando, assim, ambien-
tes estruturados para a convivên-
cia sadia. “Os pais também pre-
cisam buscar por informações a
respeito do transtorno do défi-
cit de atenção/hiperatividade,
de modo que possam adequar as
possíveis exigências domésticas
a estas necessidades, proporcio-
nando a ela [criança] um espaço
adequado para o seu desenvolvi-
mento”, finaliza.
22. 22 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
A
s causas do Transtorno
de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH)
são multifatoriais e, segun-
do o médico psiquiatra Carlos
Renato Moreira Maia, acre-
dita-se que fatores genéticos,
alterações neuroanatômi-
cas, danos ao sistema nervo-
so central e fatores ambien-
tais possam estar envolvidos
na etiologia (fatores que con-
tribuem para a ocorrência de
uma doença). Maia explica
que, na maioria dos casos, o
tratamento é feito com medi-
camentos, preferencialmen-
te estimulantes. Em mais de
75% dos casos a resposta ao
tratamento é positiva, “sen-
do rapidamente perceptível”,
afirma.
A terapia comportamental
pode ser indicada como adju-
vante ao tratamento nos casos
em que persistem sintomas
residuais, ou ainda, conforme
relaciona Maia, nas seguintes
situações: casos de crianças
com idade inferior a 6 anos
(com pouco prejuízo funcio-
nal), casos em que o diag-
nóstico do TDAH é duvidoso;
casos em que os pais não con-
cordam com o diagnóstico e/
ou tratamento com medica-
mentos, e quando há presen-
ça de fatores ambientais que
interferem nos sintomas.
Prejuízos
Entre os prejuízos que o TDAH
pode causar, estão os problemas
relacionados à hiperatividade.
“Embora muitas pessoas, sem
conhecimentos científicos, afir-
mem que a hiperatividade seria
benéfica em vários aspectos da
vida dos indivíduos (como criati-
vidade e espontaneidade), é cien-
tificamente comprovado que ela
pode causar prejuízos físicos e
sociais para essas crianças”, afir-
ma o psiquiatra. Ele comenta
que, devido a seu comportamen-
to, elas são mais visadas e fre-
quentemente são responsabiliza-
das por iniciarem problemas em
sala de aula. E, em alguns casos,
podem perder totalmente o inte-
resse pelos estudos.
É comum ainda que os estu-
dantes que tenham o TDAH apre-
sentem dificuldades no aprendi-
zado e baixo rendimento escolar.
Essas situações podem levá-los
a apresentar baixa autoesti-
ma e, quando adultos, frequen-
temente ocupam posições infe-
riores no mercado de trabalho.
“Muitos jovens desistem dos es-
tudos por acharem que não pos-
suem capacidade ou inteligência
suficiente para o curso que gos-
tariam de fazer”, comenta Maia.
Ele acrescenta que o TDAH não
tratado pode também estar asso-
ciado a acidentes domésticos e/
ou de trânsito.
Algumas técnicas que favorecem
o processo de ensino e aprendi-
zagem do aluno com TDAH po-
dem ser adotadas (atividades
motivadoras e que estimulam a
concentração):
• Reforço positivo de condutas
consideradas boas.
• Organização da sala de aula
com o intuito de retirar o exces-
so de estímulos do ambiente.
• Aproximação do aluno da lousa,
evitando possíveis distrações.
• Elaboração de um planeja-
mento flexível, possibilitando a
esse aluno que trabalhe sozi-
nho em alguns momentos.
• Planejar momentos em que o
aluno possa se movimentar
de tempos em tempos (por
exemplo, pedir que ele vá
buscar algo).
• Ajustar a temporalidade das
atividades.
• Fracionar as atividades (por
exemplo, se o professor pas-
sar 10 questões sobre deter-
minado conteúdo, é mais acon-
selhável que, para o aluno com
TDAH, ele fracione essas ativi-
dades, pedindo que ele apre-
sente as questões respondidas
de duas em duas).
• No caso de crianças com dificul-
dade de memorização, é reco-
mendado um maior tempo pa-
ra a realização das provas.
• No caso de crianças com dificulda-
des na escrita ou leitura, realizar
prova oral.
• Ao final da atividade, o profes-
sor pode explorar o uso de jo-
gos no pátio ou em um espa-
ço diferente da sala de aula,
permitindo que os alunos que
já concluíram as atividades não
distraiam os que ainda estão
fazendo as atividades, até co-
mo uma forma de recompensa
ao esforço deles.
Fontes: Bárbara Delpretto, professora da
UFSCar e Ronaldo Ferreira Ramos, diretor
executivo da ABDA
O tratamento
e os prejuízos
Tratamento do TDAH é feito geralmente com
medicamentos. Entre os maiores prejuízos es-
tão as dificuldades de aprendizado
Dicas práticas para o professor
capa
23. 23PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
M
inhas pernas tremeram
de medo. Meus dentes
cerraram nervosos. Fechei
os punhos com aflição. Nervoso e
com medo estava eu quando vi o
que vi, e que imaginei jamais tes-
temunharia, em exposição bem no
meio de um supermercado: já exis-
tem miniaturas dos gladiadores de
luta livre à venda.
São bonequinhos fortões, com
músculos saindo dos músculos, ca-
ras de mal e mau e que me causa-
ram, de súbito, mal-estar. O que é
que bonequinhos de lutadores de
vale-tudo estão fazendo entre as
bananas e o iogurte do supermer-
cado? Preciso pensar, analisar e
decidir se devo recomendar a com-
pra ou não.
Aquele pessoal entra no ringue,
que para eles parece palco, com
o intuito de serem cruéis. Exibir
crueldade com ar heroico. Heróis
somos nós, educadores educados,
que entramos numa aula para di-
luir o efeito daquilo que eles provo-
caram no ringue.
Olho as miniaturas dos luta-
dores, olho para nossas crianças.
Olho para as miniaturas dos luta-
dores, olho para nossa sala de au-
la. Precisamos disso? Ocupo meu
pensamento avaliando que é exa-
tamente disso que “não” precisa-
mos. Não precisamos nem da mi-
niatura, nem do tamanho-família.
Aliás, tamanho-“família”? E não
adianta dizer “não façam isso em
casa”. Fica a sugestão do comple-
mento: “mas pode fazer na escola”.
Não se pode institucionalizar a
violência, chamando-a de espor-
te. O problema de tudo isso é um
só: dinheiro. Entre o rola e rola
da lona, rola muita grana respin-
gada de sangue num vaivém em
que poucos lucram muito porque
os consumidores de violência estão
aplaudindo dois homens que se es-
queceram que são homens e estão
lá para se atacar. Essas lutas não
são cristãs.
Se o problema desse pessoal que
se esmaga no ringue é dinheiro,
por que é que nós é que temos que
pagar e apagar o pato?
A racionalidade do homem vai
pelo ralo e por água abaixo quando
vejo a aprovação desta prática. E a
educação recebe um belo nocaute.
A indústria do entretenimento
investe pesado nesse suplício que
é um combate animalesco. Minha
mente não consegue extrair um
bom exemplo para dar a nossos
alunos de uma exibição dessas, que
eu insisto em não gostar. Quem pa-
trocina a pancadaria pensa assim:
“vamos colocar as lutas e, aos pou-
cos, o pessoal vai se acostumando”.
Ora, como posso me acostumar
com a tortura alheia? Devo engolir
sangue e achar gostoso? Não somos
nós que condenamos o pensamen-
to nazista, napoleônico, “osama-
binládico”? Quando penso que a
humanidade deu um passo à fren-
te, percebo algo assim e me entris-
teço. Existe um investimento bilio-
nário que incentiva o bate-bate e a
formação de público para esse tipo
de espetáculo. Será que não é con-
tra isso que Gandhi lutava? E ago-
ra, mais essa, querem misturar o
público infantil para preparar os
espectadores das lutas do futuro.
Acho errado.
Não tenho medo desses ho-
mens porque não o são. Temo, te-
nho medo do que eles represen-
tam. Percebo alguns hematomas
na educação que surgiram recen-
temente. Olho para esses bonequi-
nhos, essas miniaturas de violên-
cia e começo a entender o porquê.
Um grupo de pais de família
que ganha a vida batendo nos ou-
tros. Chega a ser insano. Acho até
que quem deveria ganhar a luta é
quem apanha mais. Questão de so-
lidariedade. Estão tentando vender
ídolos que as crianças, nossos alu-
nos compram fácil, fácil. Eu não
compro. Ídolo, para mim? Ainda
fico com Joaquim Barbosa.
ENSINOCésar Augusto Dionísio
César Augusto Dionísio é professor,
mestre em Comunicação e Cultura e eco-
nomista. E-mail: contatos@cesardioni-
sio.com. Audiotexto do artigo na íntegra
disponível no site www.cesardionisio.
com com possibilidade para download.
A miniatura da violência
24. 24 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
sala de aula Educação Musical - ensino fundamental I e II
É tempo
de fazer
música!Atividades que unem experimentação,
intenção e criação musical são uma proposta
para a formação de um indivíduo crítico
e integrado ao meio em que vive
24 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
2008, altera a atual Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, instituin-
do a obrigatoriedade do ensino de mú-
sica nas escolas brasileiras. Com essa
Lei,músicapassaaserumcomponente
curricular obrigatório no ensino básico.
Uma proposta de Educação
Musical fundamentada no exercí-
cio da criação musical contribui pa-
ra a formação de um indivíduo cria-
tivo, crítico, integrado ao meio em
que vive e, sobretudo, com auto-
nomia para escolher o melhor pa-
ra si e para o mundo em que habi-
ta. Entendemos que ensinar música
nas escolas significa ensinar o indi-
víduo a construir e conquistar sua
autonomia de criador e intérprete
de sua própria trama musical, inse-
rindo-o na grande sinfonia da vida.
A vivência dos elementos sono-
ros proporcionada pelos atos musi-
cais se constitui numa oportunidade
de aprender e inventar para si e para o
mundo tramas sonoras cada vez mais
harmônicas. Por meio das performan-
cesmusicais,oalunoatuacomoouvin-
teeexecutor,aproximandorealidadese
reinventando sentidos que, por sua vez,
farão ressonância com o seu modo de
viver e de estar no mundo.
A
primeira manifestação de ex-
pressão e comunicação do
ser humano foi sonora, pois,
antes mesmo da palavra, o som já
existia. É por isso que fazer música
é inerente ao ser humano e possibi-
lidade comum a todos. Entretanto,
com o passar dos tempos, a palavra
falada e escrita sobrepujou o som,
de modo que para que continuemos
a fazer da música um modo de vi-
da, hoje, é preciso que voltemos a
dominar seu código e saibamos o
que fazer com todas as suas possibi-
lidades, para que possamos atingir
a nós próprios e aos outros. Assim
é que a escola passou a ter o com-
promisso de educar musicalmente.
Ou seja, ensinar o aluno a decifrar
a linguagem do seu coração e a en-
tender o meio em que vive, utilizan-
do o dó-ré-mi de modo tão natural
como decodifica o bê-a-bá.
Porém, devemos sempre ter em
mente que aprender música é lem-
brar daquilo que já sabemos, é des-
pertar na memória o que somos
desde o princípio. Por isso fazer mú-
sica nos é tão convidativo e familiar.
A Lei 11.769, publicada no Diário
Oficial da União de 19 de agosto de
O processo de construção mu-
sical se inicia com a percepção do
som via sensação, e prossegue tra-
mando com os fios do conhecimen-
to musical um tecido sonoro que
representa individualidades e mul-
tiplicidades compromissadas com a
harmonia e beleza do som e do ser.
Na Educação Musical, o estímulo à
pesquisa sonora vinculada ao contex-
to afetivo do indivíduo visa à amplia-
ção do universo sonoro, considerando
as possibilidades instrumentais, corpo-
rais e vocais. O tocar e o ouvir um ins-
trumento, bem como a voz que fala,
canta, imita, inventa e movimenta-se
no corpo e no ambiente, são elemen-
tos de aprendizagem, de criação e ação,
que motivam e ativam a expressão, fa-
vorecendo as relações em seus diversos
níveis: consigo mesmo e com o outro,
com a Natureza e com o Cosmos.
Fazer música envolve muito
mais do que conhecer a teoria da
música, com todos os seus princí-
pios e regras. Fazer música tem a
ver com criação, com invenção, com
o encontro com o outro, com sabo-
res de vida e de amores.
O jogo musical e a improvisação,
em suas formas livres, contribuem
25. 25PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
sala de aula
ativamente para a assimilação e
acomodação das estruturas musi-
cais internacionalizadas, e também
promove a absorção de novos mate-
riais e estruturas mediante a explo-
ração livre e manipulação criativa
dos objetos sonoros.
Proporcionar ao indivíduo a opor-
tunidade de explorar livremente o
mundo dos sons e de expressar com
espontaneidade suas próprias ideias
musicaisépapeldaEducaçãoMusical.
Se ela valoriza a criatividade e a inven-
ção, então a improvisação é instru-
mentopedagógicovalioso.Importante
colocar que improvisação é aqui en-
tendida como composição instan-
tânea, jogo lúdico com os sons, livre
exercício da musicalidade; portanto,
está associada a uma experiência mu-
sical intensa e participativa.
A experimentação é condição sine
qua non para que posteriormente pos-
sa haver a delimitação dos elemen-
tos musicais, ou seja, reconhecimen-
to, análise e nomeação do som e dos
seus diversos parâmetros, da melodia
e dos seus elementos, do ritmo e dos
seus elementos, do fraseado.
A fluência na interpretação ocor-
re como consequência da experi-
mentação e da vivência de liberda-
de criativa. As noções teóricas são
introduzidas a partir do contexto de
reconstrução da experiência sonora,
considerando que mesmo a experi-
mentação trazendo em si a possibili-
dade de um resultado desagradável,
o risco intrínseco é engrandecedor.
A partir de um repertório de
sons que o aluno vivenciou livre-
mente, fica mais fácil convidá-lo a
organizar esses sons de diferentes
maneiras, introduzindo as noções
de forma, estilo, estética, consonân-
cia/dissonância e todos os elemen-
tos que constituem os universos
musicais. A fluência criativa dentro
de padrões estabelecidos passa en-
tão a ser consequência natural, em
vez de ponto de partida.
A seguir, uma proposta de ativida-
de que contempla experimentação, in-
tenção e criação musical.
Objetivos
• Propiciar ao aluno a vivência da
intensidade.
• Estimular o aluno à manipulação
dos elementos sonoros.
• Instigar a criação musical.
• Incentivar a performance musical.
• Proporcionar o exercício da crítica.
• Permitir a reflexão acerca da po-
luição sonora.
Conteúdos
• Intensidade sonora.
• Poluição sonora.
Público-alvo
Atividade indicada para alunos do
ensino fundamental I e II.
Desenvolvimento
1o
movimento:
O professor, utilizando uma flau-
ta, um apito ou outro instrumen-
to, produz um som forte e depois um
som fraco para logo em seguida per-
guntar como esses sons foram obti-
dos. Explica aos alunos que sopran-
do o instrumento com muita força o
som sai forte, e soprando com suavi-
dade, o som sai fraco. Em seguida, so-
licita que experimentem bater palmas
commuitaforçaeperceberquetipode
som foi produzido, e então propõe o
mesmo, agora com pouca força. A par-
tir dessa experiência, combina que ca-
minharão com os calcanhares quan-
do ouvirem sons fortes e com a ponta
dos pés quando ouvirem sons fracos,
por exemplo. A representação corporal
pode ser alterada por sugestões da tur-
ma ou do próprio professor.
2o movimento
O professor solicita aos alunos
exemplos de sons fortes e de sons
fracos, listando-os no quadro em
duas colunas e solicitando que os
reproduzam com suas vozes.
Exemplo: trovão, cachoeira, ven-
tania, galo cantando, passarinho
cantando, etc.
3º movimento
O professor conta a história O Som
fraco que queria ser forte. (Ver box 2)
4o
movimento
Por meio dessa história, o professor
poderá introduzir a questão da po-
luição sonora que acontece quan-
do um ou vários sons fortes soam
ao mesmo tempo, chegando muito
perto do limite de nossa capacida-
de de discriminação auditiva.
O professor irá refletir com os
alunos sobre a poluição sonora e os
informar sobre os efeitos prejudiciais
que este tipo de poluição pode cau-
sar, como estresse, perturbação do
sono, dificuldade de concentração,
de aprendizagem e de comunicação,
o que pode acabar criando um esta-
do de cansaço e tensão que pode tra-
zer ou complicar várias doenças.
O professor deverá solicitar, en-
tão, que os alunos façam uma pes-
quisa sobre os efeitos da poluição
sonora na forma de cartazes, os
quais poderão ficar expostos nos
murais da escola.
5o
movimento
Nesta etapa, o professor solicita
que os alunos, divididos em gru-
pos, componham um pequeno tre-
cho musical com alturas de sons
diferentes, utilizando para a parti-
tura algumas imagens.
Exemplo: (Ver box 1)
Depois, divididos em grupos, ca-
da qual escolhe um dos sons para
representar; a composição deverá
ser apresentada. O professor deverá
gravar ou filmar a performance pa-
ra posterior análise crítica.
Avaliação
Ao aluno, cabe a alegria e o prazer
da descoberta. Ao professor, o ensi-
25PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
26. 26 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
no das formas mais eficientes e
facilitadoras da expressão musi-
cal do seu aluno. E nesse diálogo,
a avaliação se apresenta como um
instrumento de interação que,
por sua vez, fornece modos de in-
tervenções com objetivos de faci-
litar o processo de ensino-apren-
dizagem musical.
Um outro aspecto a ser con-
siderado em relação à avaliação
diz respeito ao fato de que julgar
e excluir não são funções educa-
tivas, e por isso a avaliação, co-
mo medida inclusiva, tem como
objetivo indicar o grau de domí-
nio do aluno, com o objetivo
de calcular e ponderar so-
bre o progresso realizado
por ele, estimando o seu
potencial de desenvolvi-
mento.
Considerando que os
objetivos em educação mu-
sical gravitam em torno da ex-
perimentação, dos conteúdos téc-
nico-teóricos e da composição,
quando se fala em processo ava-
liativo, são eles que norteiam as
nossas reflexões. O domínio das
atitudes, o domínio da compreen-
são dos conceitos e o domínio da
aquisição das habilidades e com-
petências formam as bases da
avaliação.
Ao avaliar suas performances
musicais, o aluno atua como exe-
cutor sensível e, ao mesmo tem-
po, como ouvinte crítico; des-
sa forma, aproxima realidades e
reinventa sentidos – objetivos da
educação.
Autora: Márcia Victório de Araújo Costa,
graduada em Música e Psicologia,
Mestre em Educação Musical e Doutora
em Ciências da Educação, professora re-
gente de Educação Musical do Colégio
Pedro II, Rio de Janeiro (RJ).
E-mail: marciavictorio@ig.com.br
Edição: Carolina Mainardes
sala de aula
26 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
Existia numa orques-
tra uma flauta que
produzia um som tão
doce e suave que
encantava a todos
os que o ouviam.
Mas ela não era
feliz... coitada...
tinha uma inve-
ja enorme da
tuba, toda gran-
dona, que podia produzir aquele
som fortão e vivia se exibindo para a
flauta que queria porque queria soar
forte como a tuba. Fazia tanta, mas
tanta força para soar que acabava fi-
cando entupida de tanta saliva. E o
maestro, desesperado, não sabia
mais o que fazer, pois precisava tanto
do som da flauta quanto do som da
tuba. Foi quando teve uma brilhante
ideia. Entregou para a tuba uma par-
titura especial e mandou que ela en-
saiasse muito bem. No dia seguinte,
a tuba bem que tentou fazer bonito,
mas toda vez que precisava fazer um
somsuave,assim,bemfraquinho,de-
safinava tanto a coitada que de dou-
rada ficou sem cor! A flauta se sen-
tiu vingada ao ver o vexame da tuba,
porém, o maestro, chegando perti-
nho dela, entregou uma partitura pe-
dindo que ensaiasse muito bem para
tocar no dia seguinte. Vocês já imagi-
nam o que aconteceu, não é?
Pois foi tanto, mas tanto som
esganiçado que no fim a flauta
não teve outro jeito a não ser
recolher-se no seu estojo! Foi
quando o maestro enfim fa-
lou: “vocês são muito tolinhos.
Não percebem que para a or-
questra tocar bonito precisa-
mos de todos os sons? Flauta,
para que se esganiçar tanto
se o seu som suave é tão bo-
nito? Tuba, para que se exibir
tanto se junto com os outros o
seu som fica ainda mais vibran-
te?”. Foi quando a flauta reco-
nheceu que não valia a pena
querer ser o que não era e deu
razão ao maestro. Afinal, for-
te ou fraco, um som bem soa-
do sempre é um som bonito! E
virou-se para seus colegas ins-
trumentos e disse: “vamos em-
belezar a vida por aí afora, do
jeitoquesomos,soandoforteou
soando fraco, porém
sempre da forma
mais harmoniosa
que pudermos
soar! Assim, com
certeza o mun-
do ficará ainda
mais bonito!”.
O Som fraco que
queria ser forte
BOX 1
BOX 2
Opção 1
Opção 2
27. 27PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
E
nquanto os deputados fe-
derais discutiam o Plano
Nacional de Educação
(PNE), que depois seguiu para o
Senado, o Brasil foi reprovado no
vestibular para o futuro. O Ideb
– Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica mostrou os trá-
gicos resultados
da avaliação da
educação, revelan-
do que nossas es-
colas públicas têm
média de 3,7.
Esse resulta-
do demonstra o
descaso brasilei-
ro com a educa-
ção. Ao mesmo
tempo nos dá a oportunidade de
formular um Sistema Nacional
do Conhecimento e de Inovação
que até aqui ainda não existe no
Brasil.
Esse sistema exige a criação
de um Ministério da Educação de
Base, a criação de uma Carreira
Nacional do Magistério, com sa-
lário mínimo de R$ 9 mil para os
educadores, e a adoção da edu-
cação integral. Esse sistema exi-
ge também uma série de instru-
mentos capazes de garantir uma
Revolução Nacional na Educação
– uma RNE em vez de um PNE.
Em minha opinião, são 11 os
principais instrumentos:
1 Mais tempo na escola ao lon-
go do ano e em cada dia pa-
ra toda criança ou jovem dos
4 aos 18 anos de idade.
2 Professores com maiores sa-
lários e reconhecimento so-
cial, o que atrairia ao ma-
gistério os jovens com mais
POLÍTICAS PÚBLICASCristovam Buarque
Cristovam Buarque é professor da
Universidade de Brasília (UnB) e se-
nador pelo PDT/DF. Foi ministro da
Educação e reitor da UnB. Visite o site:
www.cristovam.com.br.
talento, exigindo deles for-
mação sólida, vocação para
o magistério, dedicação ex-
clusiva e avaliações constan-
tes; com estabilidade-respon-
sável – estável em relação à
política, mas não em relação a
avaliações. Os docentes preci-
sam reduzir o tem-
po em sala de aula e
ampliar o tempo pa-
ra estudo, orienta-
ção de alunos, con-
versas com os pais,
participação em se-
minários e cursos.
Ao longo de toda a
atividade profissio-
nal devem receber
permanente qualificação nos
mais novos métodos didáticos.
3 Prédios mais confortá-
veis, bonitos e bem equipa-
dos, com laboratórios para
Ciências, Informática, televi-
são, bibliotecas, quadras es-
portivas, espaços culturais.
4 Mais tempo com leituras, ati-
vidades culturais e esporti-
vas, debates filosóficos, pro-
moção científica e ampliação
do estudo de Matemática,
Ciências e idiomas.
5 Reorientação do método do
simples ensino para métodos
que permitam a combinação
da teoria e prática e orienta-
do à aprendizagem ao longo
de toda a vida.
6 Menos tempo em frente à te-
levisão doméstica e uso mais
intenso e de melhor qualida-
de do computador e televisão,
tanto em aulas presenciais
quanto a distância.
7 Pais dos alunos com maior
participação nas atividades
de seus filhos, bem como
maior oferta de cursos dedi-
cados a eles, especialmente (e
emergencialmente) para a er-
radicação do analfabetismo.
8 Abertura das escolas à população
local como forma de protegê-las e
atrair a comunidade externa.
9 Métodos e conceitos mais
adequados aos gostos e há-
bitos das crianças e jovens,
com melhor aproveitamento
do tempo de aulas, fazendo
da escola um agradável cen-
tro da vida de cada criança.
10 Definição de uma Lei de
Responsabilidade Educacional,
nos moldes de Responsabilidade
Fiscal e da Lei da Ficha Limpa,
para tornar inelegíveis políticos
que não cumpram as metas.
11 Regularidade, continuidade
e organização da sala de au-
la para que os alunos e pro-
fessores cumpram os horários
diários e do ano letivo regu-
larmente, sem interrupções.
Sem a adoção desses instru-
mentos, o PNE fracassará por
continuar preso ao velho sistema
educacional desmotivado.
“Sem adoção
desses
instrumentos,
o PNE
fracassará”
PNE ou revolução na educação
28. 28 PROFISSÃO MESTRE®
dezembro 2012
especial
SérieSérie Saúde do professor Yannik D’Elboux
A
série Saúde do Professor abor-
dou ao longo deste ano os
principais problemas asso-
ciados à carreira docente. Na maio-
ria dos casos, o estresse aparece
como fator desencadeante ou agra-
vante da enfermidade. O estresse é
o principal vilão dos tempos mo-
dernos, e um inimigo já bem co-
nhecido dos professores, frequen-
temente sobrecarregados pelo
trabalho e pelas responsabilida-
des do ato de educar. Não é fácil
transformar a dura realidade das
escolas brasileiras, porém existem
meios de levar o dia a dia da pro-
fissão com mais tranquilidade e
serenidade.
As técnicas de relaxamento e
meditação são um caminho pa-
ra vivenciar o cotidiano com mais
calma e menos estresse. Apesar de
terem surgido no Oriente há mi-
lênios como práticas para o cami-
nho espiritual, essas modalidades
adquiriram uma conotação mais
ampla, sendo cada vez mais usa-
das na busca de uma vida equili-
brada. Alguns benefícios à saúde,
sobretudo ligados à prática da me-
ditação, também já estão sendo re-
velados por pesquisas científicas.
Um estudo realizado durante 18
anos com 202 idosos hipertensos
que praticavam a meditação trans-
cendental diariamente, publicado
no American Journal of Cardiology,
mostrou uma redução significati-
va nos óbitos por uma série de en-
fermidades, em comparação aos
pacientes tratados somente com
medicamentos. As mortes por
câncer diminuíram 49%, as oca-
sionadas por problemas cardiovas-
culares 30%, e as decorrentes de
doenças em geral, 23%.
Segundo o professor do
Centro de Práticas Esportivas da
Universidade de São Paulo (USP),
Marcos Rojo Rodrigues, forma-
do em Educação Física, ph.D. em
Ciência do Yoga e coordenador do
curso de pós-graduação em Yoga
na UniFMU, as práticas de rela-
xamento e meditação exercem
uma influência sobre o sistema
nervoso parassimpático, produ-
zindo um maior estado de calma.
“Perceberemos mudanças no pa-
drão respiratório, que se tornará
lento, com movimentos abdomi-
nais e predominância expirató-
ria. Perceberemos diminuição da
frequência cardíaca e do tônus
muscular. Estaremos relaxados,
mas não sonolentos”, explica o
professor, falando sobre os efeitos
fisiológicos que ocorrem durante
essas atividades.
Alguns minutos de prática por dia já contribuem para o equilíbrio e bem-estar, deixando
o professor mais calmo para tomar decisões e lidar com os conflitos em sala de aula
Meditação e relaxamento
para aliviar o estresse
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especial
No mundo de hoje, marcado pe-
lo excesso de movimento e agita-
ção, o sistema nervoso é constan-
temente bombardeado, o que leva
ao surgimento de doenças. Isso
é o que acredita Márcia De Luca,
especialista em Yoga, Meditação
e Ayurveda, e autora de diver-
sos livros nesse segmento. Márcia
afirma que a meditação e o rela-
xamento contribuem para o forta-
lecimento do sistema imunológico
e para o equilíbrio hormonal, além
de auxiliar os praticantes a terem
mais foco e concentração. “É o an-
tídoto perfeito para o estresse do
dia a dia”, ressalta, enfatizando a
importância de aquietar a mente.
A professora e psicopedagoga
Márcia Fabiana Bianchi Marques,
vice-diretora da Escola Estadual
João Corrêa, em Canela (RS), e uni-
docente de uma turma de quin-
to ano do ensino fundamental na
Escola Municipal Nossa Senhora de
Fátima, em Gramado (RS), conhe-
ce bem os benefícios de acalmar a
mente e o corpo. Desde 2008, quan-
do fez um curso de Meditação pa-
ra Professores promovido pela ONG
Mente Viva, que também desenvol-
ve projetos nessa área com estudan-
tes, Márcia incorporou a prática ao
seu cotidiano, fazendo quase dia-
riamente o exercício com os alunos
por cinco minutos e também prati-
cando individualmente de quinze a
vinte minutos, três a quatro vezes
por semana. “Vivenciando a técni-
ca da meditação percebo que con-
sigo ter um maior equilíbrio e cal-
ma interior para tomar decisões. A
meditação aumenta a criatividade e
a memória, diminui o nível de es-
tresse e ansiedade, melhora a qua-
lidade do sono”, relata a professo-
ra. A docente também percebeu
um aumento em sua sensibilidade.
Márcia acredita que, por natureza,
os professores já possuem um ins-
tinto aguçado, que os permite no-
tar quando um aluno está passando
por problemas sociais ou emocio-
nais, porém a meditação potencia-
liza essa capacidade. “A prática de
técnicas relaxantes parece apurar
ainda mais esse instinto, tornando-
-nos mais sensíveis, compreensivos
e tolerantes.”
Aqui e agora
Para quem já está impaciente só de
ler essa reportagem, é importante
reforçar que com um pouco de es-
forço qualquer pessoa pode apren-
der a meditar e relaxar. O ideal é
praticar todos os dias, mesmo que
sejam apenas cinco minutos (veja
no quadro como fazer). Inicialmente,
o mais indicado é procurar um lu-
gar tranquilo e silencioso; entre-
tanto, com a experiência, torna-
-se possível transferir esse estado
de serenidade para outros locais e
momentos do dia. Meditar facili-
ta o processo de viver o aqui e ago-
ra. “A meditação pode ser entendi-
da como estar onde você está, ou
seja, manter a mente no que está
fazendo. Fazer com atenção plena.
Se estiver dando aula, pense na au-
la, nos alunos e qual a melhor for-
ma de ajudá-los”, salienta Marcos
Rojo, que também foi professor da
rede estadual por 25 anos.
Os exercícios de relaxamento
e meditação favorecem o autocon-
trole, habilidade indispensável aos
educadores que precisam lidar com
inúmeras situações de conflito no
cotidiano escolar. Rojo lembra que
ter autocontrole não significa negar
as emoções, mas aprender a traba-
lhar os sentimentos de forma positi-
va e a mudar a maneira de encarar os
problemas. Para a professora Márcia
Marques, esse controle é o único ca-
minho para conseguir enfrentar di-
ficuldades como falta de limites e in-
teresse dos alunos, casos de bullying,
drogas, desrespeito e outras adversi-
dades frequentes na escola e na sa-
Nos momentos de tensão
• Pare e preste atenção em sua
respiração, buscando principal-
mente expirar de maneira mais
lenta, a fim de diminuir a ansie-
dade e agitação.
• Volte o foco dos seus pensamen-
tos para o momento presente.
Começando a meditar
• Sente-se com as costas eretas,
de modo estável e confortável,
pode ser em uma cadeira ou al-
mofada no chão;
• Respire de forma lenta e pro-
funda, expandindo tórax e ab-
dome durante a inspiração e re-
colhendo durante a expiração;
• Tente soltar o ar no dobro do
tempo em que ele leva para en-
trar, porém sem sentir falta de ar;
• Faça esse exercício diariamente
por cinco minutos e permaneça
sentado por mais cinco minutos
observando a respiração acon-
tecer naturalmente, sem interferir.
Dicas valiosas
• Busque um lugar tranquilo;
• Se preferir, coloque uma música
suave ao fundo;
• Aromatize o ambiente com óleo
essencial de lavanda, que aju-
da a relaxar;
• Não rejeite nenhum pensamen-
to que vier à sua mente, bus-
que apenas observá-los e não
alimentá-los;
• Aumente o tempo de meditação
progressivamente conforme sua
prática, tentando alcançar uma
média de 20 minutos diários.
Fontes: Marcos Rojo Rodrigues e Márcia De Luca
la de aula. “O professor, quando me-
dita, aprende a lidar melhor com as
próprias reações e os pensamentos.
Ao meditar, cultivamos estados da
mente que nos dão paz e bem-estar”,
resume a educadora.
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FERRAMENTAS DIGITAIS Fabio Torres
O
s jogos eletrônicos já fazem
parte do cotidiano do brasi-
leiro. Seja no celular, no ta-
blet, no computador ou num console
de videogame, não é difícil ver al-
guém disputando para vencer um
adversário ou bater uma pontuação.
Segundo a pesquisa “Games Pop”, re-
alizada pelo Ibope entre 23 de abril e
05dejulho de2012e divulgada emse-
tembro desse mesmo ano, já são 11,8
milhões de jogadores espalhados pelo
Brasil, sendo que 40% deles possuem
até 19 anos – ou seja, boa parte dos ga-
mers (pessoas com o hábito de jogar)
ainda está em idade escolar. Além dis-
so, recursos comuns, como os PCs e os
celulares são as ferramentas mais usa-
das por quem tem esse hábito: 42%
dos jogadores afirmam que utilizam o
computador para a jogatina, 16% op-
tam pelo celular e 1% usa o tablet.
Os jogos de videogame, no entan-
to, não são utilizados apenas para o
lazer. Existe uma vertente dedicada a
estudar apenas os games cujo foco vai
além do puro entretenimento e bus-
ca cumprir com outra função, seja ela
noticiar uma informação, fazer uma
propaganda ou até mesmo educar.
Tratam-se dos chamados jogos sérios,
que nada mais são do que games que
abordam temáticas variadas, sempre
com um intuito que extrapola o ob-
jetivo primário dos jogos (a diversão),
mas sem deixá-lo de lado. Dentre as
subdivisões dos jogos sérios, estão os
jogos educativos, que são aqueles de-
senvolvidos com o objetivo de educar
crianças, tendo como pano de fun-
do conteúdos de disciplinas comuns
A próxima fase
da educaçãoGames apresentam uma alternativa moderna e atraente para pro-
fessores que buscam tornar suas aulas mais interativas e divertidas
aos alunos. De acordo com a ame-
ricana Jeannie Novak, fundadora
da Indiespace – uma das primeiras
empresas voltadas para a difu-
são de conteúdo de entrete-
nimento para internet – e au-
tora do livro Desenvolvimento
de Games (Cengage Learning),
“esses games baseiam-se na aquisi-
ção de conhecimentos ao jogar, sendo
que certos tópicos (como Geografia,
Matemática e leitura) são ensinados
ou acessados dentro do próprio game”.
Para o professor da Faculdade
Municipal de Camaçari (Famec),
Marcos Paulo Lopes Pessoa, a uti-
lização dos jogos eletrônicos dentro
da sala de aula é de extrema impor-
tância, tendo em vista que o públi-
co hoje está bastante acostumado
com a utilização das tecnologias no
seu dia a dia. “Devemos lembrar que
estamos lidando com a educação de
uma geração que nasceu imersa em
um mundo cujas tecnologias digi-
tais estão cada vez mais presentes.
Fala-se, portanto, de ‘nativos digi-
tais’, que lidam cotidianamente com
computadores, internet, videogames,
smartphones, etc. Dessa forma, con-
sidero adequado que a escola insi-
ra tais elementos em suas práticas,
pois cria uma aproximação com o
mundo fora das paredes da sala”,
diz o educador, que também acre-
dita que empregar os videogames
pode tornar a aula “mais diverti-
da e atraente”. Já para Maurício da
Silveira Piccini, doutor em Narrativa
Digital e sócio-fundador da JETTA
Desenvolvimento de Software (em-
presa especializada em jogos eletrô-
nicos), os jogos “são um novo modelo
de cartilha, sendo possível padroni-
zar um jogo customizado para a aula
(o jogo educativo, substituindo a car-
tilha padronizada) ao mesmo tempo
Assassin’s Creed: A série, que já
conta com cinco jogos, utiliza co-
mo pano de fundo diversos mo-
mentos da história do mundo, tais
como a Itália renascentista e a
Guerra Civil dos Estados Unidos.
God of War: Tendo como base a
mitologia grega, os games acom-
panham a história de um guer-
reiro espartano que busca derro-
tar os deuses do Monte Olimpo.
Outras figuras mitológicas, como
os titãs, aparecem no jogo tam-
bém.
Dante’s Inferno: Este game colo-
ca o jogador no papel de Dante,
personagem da obra clássi-
ca A Divina Comédia, de Dante
Alighieri, que deve percorrer os
nove círculos do inferno atrás de
sua amada.
Sugestões de jogos comerciais
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FERRAMENTAS DIGTAIS
“Sou usuário de jogos eletrônicos desde a época do Atari e acompa-
nho a evolução dos consoles até essa última geração. Passei (e passo
ainda) muitas horas derrotando inimigos, salvando princesas ou sim-
plesmente o Planeta Terra. Tornei-me professor de Língua Portuguesa
e, desde 2009, venho utilizando jogos eletrônicos em minhas ativi-
dades. Tudo começou em uma aula sobre narrativas mitológicas em
que líamos um texto que falava sobre o nascimento de Zeus, quan-
do alguns alunos me disseram que conheciam essa história por ter
visto em um game chamado God of War. Isso me chamou a aten-
ção e pesquisei sobre o assunto. Acabei por introduzir algumas ce-
nas de jogos nas aulas. Percebi, com isso, um aumento de interesse
dos meus alunos pelos assuntos apresentados. Venho trabalhando
tanto com jogos comerciais como também com jogos voltados para
a educação. Desde 2010, pertenço ao grupo Comunidades Virtuais
(www.comunidadesvirtuais.pro.br), em que, orientado pela professo-
ra Lynn Alves, desenvolvi uma pesquisa sobre a relação entre games
e Literatura. Por ocasião do mestrado, estudei um caso de tradução
do primeiro cântico da Divina Comédia (O Inferno) de Dante Alighieri,
uma das maiores obras literárias de todos os tempos, para o formato
de game. Atualmente, venho estudando o fenômeno transmidiático
Assassin’s Creed, que envolve games, filmes, quadrinhos e romances.
Também sou roteirista de games educa-
tivos e formador de professores na área
de Tecnologias Digitais. E, ainda, leciono
a disciplina Educação e Tecnologias pa-
ra turmas de Pedagogia da Faculdade
Metropolitana de Camaçari (Famec).
Acredito nas potencialidades pedagógi-
cas dos jogos eletrônicos e busco com-
preender o que faz os bons games
serem tão atraentes para essa nova ge-
ração de alunos, e principalmente como
é possível aproveitar esse encantamen-
to a serviço da educação. A partir dis-
so, tento aproveitá-los com o objetivo de
tornar minhas aulas mais dinâmicas, par-
ticipativas e divertidas.”
Eu testei
Marcos Paulo Lopes Pessoa
é roteirista de games educa-
tivos e professor da disciplina
Educação e Tecnologias no cur-
so de Pedagogia da Famec.
Divulgação
gos comerciais – aqueles vendidos
comumente em lojas – também
são úteis para a sala de aula. Sua
utilização, no entanto, ainda não
é unanimidade. Piccini defende
que os jogos comerciais devem ser
usados devido à sua elevada quali-
dade técnica (gráficos e sons me-
lhores e maior interatividade com
o jogador), mas ainda apresentam
obstáculos. “O problema é que a
maioria dos jogos comerciais de
alta qualidade não são considera-
dos adequados para o público in-
fantil e juvenil – seja pela temá-
tica (violência, sexo e drogas) ou
pelo nível de dificuldade”, afirma
o doutor em Narrativas Digitais.
Por outro lado, o professor Pessoa
admite já ter participado de ex-
periências de sucesso com jogos
comerciais: “já trabalhei em sa-
la com jogos ditos educacionais e
jogos comerciais e vi que é perfei-
tamente possível se aprender em
ambos os casos”, revela.
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em que, pela experiência interativa
do jogo, cada aluno teria uma expe-
riência diferente de acordo com suas
necessidades. Ou seja, o jogo, tendo
diversos níveis de dificuldade, per-
mite que alunos com diferentes ní-
veis de conhecimento interajam com
a experiência de jogar”.
Pessoa ainda elenca outros bene-
fícios que o uso dos games pode trazer
para as aulas: o trabalho com racio-
cínio lógico, a participação proativa
dos estudantes em sua própria for-
mação, a aprendizagem por simula-
ção e o trabalho colaborativo para a
resolução de problemas. “Além disso,
o game tem a capacidade de aliar o lú-
dico e os conteúdos escolares”, com-
pleta o professor. Piccini, por sua vez,
destaca como os jogos incentivam os
alunos na assimilação dos conteúdos
e também dão um feedback instantâ-
neo para os estudantes. “Não há ne-
cessidade de esperar o professor corri-
gir um trabalho para saber se o aluno
está certo ou errado. Tem-se o retor-
no imediato da informação, facilitan-
do (e até exigindo) uma postura ati-
va e investigativa por parte do aluno”,
afirma.
O professor Pessoa também afir-
ma que existem várias alternativas de
atividades viabilizadas pela utiliza-
ção dos jogos eletrônicos no ambien-
te escolar. “Conheço diferentes ca-
sos de sucesso em que os professores
utilizam videogames em sala de au-
la: desde trabalhos em que os alunos,
ao jogar, são colocados diante de pro-
blemas ligados ao conteúdo das aulas,
até casos em que os alunos são convi-
dados a criarem seus próprios games,
estimulando assim a pesquisa e a co-
laboração. Como eu disse, vai depen-
der dos objetivos que o professor quer
alcançar e da sua criatividade”.
Jogos educacionais X jogos comerciais
O campo dos jogos, no entanto,
não é restrito aos games educacio-
nais. Existem casos em que os jo-
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palavra do mestre Experiências no ensino público
Desafio
da escola:
formar
pensadores
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