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PEDRO DEMO: PESQUISA, PRINCÍPIO CIENTÍFICO E EDUCATIVO
Eliane Maria Rozin1
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. Ed. São Paulo: Cortez,
2006, 128p.
A obra – [...] Pesquisa pode significar condição de consciência crítica e cabe com o
componente necessário de toda proposta emancipatória. Para não ser mero objeto de pressões
alheias, é mister encarar a realidade com espírito crítico, tornando-a palco de possível
construção social alternativa. Aí, já não se trata de copiar a realidade, mas de reconstruí-la
conforme nossos interesses e esperanças. É preciso Construir a necessidade de construir
caminhos, não receitas que tendem a destruir o desafio de construção.
[...] Predomina entre nós a atitude do imitador, que copia, reproduz e faz prova.
Deveria impor-se a atitude de aprender pela elaboração própria, substituindo a curiosidade de
escutar pela de produzir (DEMO, 1941).
O autor – Pedro Demo nasceu em Santa Catarina, em 1941, em Pedras Grandes, é
filho de pais agricultores, cursou a escola primária e com nove anos entrou no Seminário dos
Franciscanos em Rodeio/SC. Filosofo Teólogo e Músico, Pós-doutorado pela Universitat
Erlangen Neimberg (Alemanha) e em Los Angeles (1999-2000). Foi professor em várias
universidades no Rio de Janeiro, elaborou e publicou textos sobre a realidade socioeconômica
brasileira. Professor titular aposentado e Professor Emérito da Universidade de Brasília
(UnB), Departamento de Sociologia.
A presente análise busca as ideias principais da obra “Pesquisa: Princípio científico e
educativo” de autoria de Pedro Demo, de posicionamento Reconstrutivista defende a ideia que
a gente não produz conhecimento totalmente novo, partimos do que está construído,
disponível e o reelaboramos e preconiza a inclusão da teoria e prática da pesquisa nos
processos de formação educativa do indivíduo com o objetivo de ampliar o exercício da
cidadania.
No livro o autor apresenta inúmeros desafios para a educação, com enfoque maior no
ensino superior apontando mudanças possíveis na estrutura curricular, visto que não inclui a
pesquisa como condição de criatividade e construção de soluções. Salienta também que as
universidades não devem pensar em formar apenas professores que ainda possuam em seu
1
Mestranda em Educação pela UNIOESTE Campus de Francisco Beltrão/PR.
199
ISSN 1984-3879, SABERES, Natal RN, v. 1, n. 17, Dezembro, 2017, 198-201.
interior a condição de aluno, mais sim pensar em formar cidadãos emancipados, que cientes
de sua importância na sociedade, possam exercer mudanças que beneficiem a todos.
A obra traz como ideias centrais a interdependência entre ensino e construção própria
de conhecimento, o desenvolvimento de uma atitude questionadora inerente ao processo de
pesquisar e a instrumentalização de conhecimentos pelo indivíduo nos contextos em que está
inserido de modo que este possa, mais do que compreender sua realidade social, intervir e
modificá-la por meio do exercício da cidadania. O objetivo primeiro do exercício da
cidadania, na visão do autor, seria a emancipação do indivíduo, ou seja, a compreensão e
atuação consciente deste em relação às estruturas dominantes que o colocam na condição de
mero objeto na manutenção dos interesses dos grupos dominantes.
Sobre pesquisa cita que deve ser princípio educativo, ser uma “conquista” e não uma
“domesticação” aborda a diferença entre a pesquisa como princípio científico e a pesquisa
como princípio educativo:
“Pesquisa como princípio científico e educativo faz parte de todo processo
emancipatório, no qual se constrói o sujeito histórico autossuficiente, crítico
e autocrítico, participante e capaz de reagir contra a situação de objeto e de
não cultivar o outro como objeto. Pesquisa como diálogo é processo
cotidiano integrante do ritmo de vida, produto e motivo de interesses sociais
em confronto, base da aprendizagem que não se restrinja a mera reprodução;
Na acepção mais simples, pode significar conhecer, saber, informar-se para
sobreviver, para enfrentar a vida de modo consciente”. (DEMO, 2006. P.42-
43).
Demo tenta desmistificar o conceito de pesquisa, faz sua crítica e banaliza a imagem
do professor que não pesquisa, e o cita como “repassador barato de conhecimento alheio”,
“papagaio” (p.47), por outro lado, para que um educador estimule a cidadania é indispensável
que este seja cidadão. E essa condição exigiria repensar o papel de professor, o qual deve
passar de mero instrutor a verdadeiro mestre. E mestre seria aquele capaz de elaborar a aula e
fazer ciência por si mesmo, e não aquela apenas capaz de repetir conteúdos previamente
estudados, a noção de professor precisa ser totalmente revista “Professor tem que ser
Pesquisador, Socializador e Motivador.” (p.48).
O autor argumenta também, que deve haver desmistificação entre a separação ensino
e pesquisa, esta cria uma divisão entre professores que apenas ensinam e professores que
apenas pesquisam. Considerando que o saber está naturalmente ligado a interesses sociais, o
autor sustenta que pesquisar implica influenciar a prática, ou seja, quem ensina deve pesquisar
200
ISSN 1984-3879, SABERES, Natal RN, v. 1, n. 17, Dezembro, 2017, 198-201.
(aprender a criar) e quem pesquisa deve socializar o conhecimento (ensinar). O que nos
remete a citação de DEMO (2006):
“[...] Se a pesquisa é a razão do ensino, vale o reverso, o ensino é a razão da
pesquisa. O importante é compreender que sem pesquisa não há ensino. A
ausência da pesquisa degrada o ensino a patamares típicos de reprodução
imitativa”. (DEMO, 2006, p.50).
O papel do aluno também foi questionado por DEMO, o mesmo deve sair da
condição de mero ouvinte, copiador, para ser um ser livre no que diz respeito à escolha de
temas para elaboração própria, e para tanto mais uma vez é essencial à figura de um professor
competente que incentive seus alunos, retrata sempre que o aluno leva para vida não o que
decora, mas o que cria por si mesmo, não se estuda só para saber; estuda-se também para
atuar: o aprender a aprender, que significa não imitar, copiar, reproduzir. A verdadeira
aprendizagem é aquela construída com esforço próprio através de elaboração pessoal.
O autor destaca que a escola precisa superar o seu vazio formal distanciado do
compromisso de motivar o processo educativo-emancipatório, o que desvirtua sua qualidade
formal e política. De um lado, a pesquisa faz falta como instrumentação da descoberta e
elaboração própria e, de outro, faz falta como motivação ao questionamento e diálogo. Assim,
a escola precisaria encarar o desafio de recuperar/ocupar o lugar que lhe cabe na sociedade:
educar para a cidadania.
Para finalizar a ideia do autor quando se remete à pesquisa como princípio educativo
apresenta uma proposta de currículo que visa unir indissoluvelmente teoria e prática; ensino e
pesquisa; saber e mudar, no contexto da qualidade formal e política; e incentiva a elaboração
própria, a qual passa a ser critério de avaliação. A grade curricular apresentada, dividida em
oito semestres, apresenta basicamente três tipos de prática:
“A prática inicial, no primeiro ano, constitui-se em fundamentação teórica e
metodológica rumo à capacidade de elaboração própria, além da
confrontação com práticas alheias; A prática intermediária, de caráter
profissionalizante, ocorre nos segundo e terceiro anos e envolve atividades
de extensão; Por fim, a prática profissional plena ocorre no quarto ano e
demanda dedicação diária e integração efetiva no local de trabalho”.
(DEMO, 2006, p.102).
Desenvolvida a partir da pedagogia da transformação de Paulo Freire, a presente obra
concebe o conceito de pesquisa como indissociável do processo educativo e elucida
importantes relações sociais entre os atores envolvidos em tal processo, fornecendo,
201
ISSN 1984-3879, SABERES, Natal RN, v. 1, n. 17, Dezembro, 2017, 198-201.
importantes sugestões de ações a serem desenvolvidas na instituição Escola e junto aos
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Pesquisa como princípio educativo

  • 1. ISSN 1984-3879, SABERES, Natal RN, v. 1, n. 17, Dezembro, 2017, 198-201. PEDRO DEMO: PESQUISA, PRINCÍPIO CIENTÍFICO E EDUCATIVO Eliane Maria Rozin1 DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. Ed. São Paulo: Cortez, 2006, 128p. A obra – [...] Pesquisa pode significar condição de consciência crítica e cabe com o componente necessário de toda proposta emancipatória. Para não ser mero objeto de pressões alheias, é mister encarar a realidade com espírito crítico, tornando-a palco de possível construção social alternativa. Aí, já não se trata de copiar a realidade, mas de reconstruí-la conforme nossos interesses e esperanças. É preciso Construir a necessidade de construir caminhos, não receitas que tendem a destruir o desafio de construção. [...] Predomina entre nós a atitude do imitador, que copia, reproduz e faz prova. Deveria impor-se a atitude de aprender pela elaboração própria, substituindo a curiosidade de escutar pela de produzir (DEMO, 1941). O autor – Pedro Demo nasceu em Santa Catarina, em 1941, em Pedras Grandes, é filho de pais agricultores, cursou a escola primária e com nove anos entrou no Seminário dos Franciscanos em Rodeio/SC. Filosofo Teólogo e Músico, Pós-doutorado pela Universitat Erlangen Neimberg (Alemanha) e em Los Angeles (1999-2000). Foi professor em várias universidades no Rio de Janeiro, elaborou e publicou textos sobre a realidade socioeconômica brasileira. Professor titular aposentado e Professor Emérito da Universidade de Brasília (UnB), Departamento de Sociologia. A presente análise busca as ideias principais da obra “Pesquisa: Princípio científico e educativo” de autoria de Pedro Demo, de posicionamento Reconstrutivista defende a ideia que a gente não produz conhecimento totalmente novo, partimos do que está construído, disponível e o reelaboramos e preconiza a inclusão da teoria e prática da pesquisa nos processos de formação educativa do indivíduo com o objetivo de ampliar o exercício da cidadania. No livro o autor apresenta inúmeros desafios para a educação, com enfoque maior no ensino superior apontando mudanças possíveis na estrutura curricular, visto que não inclui a pesquisa como condição de criatividade e construção de soluções. Salienta também que as universidades não devem pensar em formar apenas professores que ainda possuam em seu 1 Mestranda em Educação pela UNIOESTE Campus de Francisco Beltrão/PR.
  • 2. 199 ISSN 1984-3879, SABERES, Natal RN, v. 1, n. 17, Dezembro, 2017, 198-201. interior a condição de aluno, mais sim pensar em formar cidadãos emancipados, que cientes de sua importância na sociedade, possam exercer mudanças que beneficiem a todos. A obra traz como ideias centrais a interdependência entre ensino e construção própria de conhecimento, o desenvolvimento de uma atitude questionadora inerente ao processo de pesquisar e a instrumentalização de conhecimentos pelo indivíduo nos contextos em que está inserido de modo que este possa, mais do que compreender sua realidade social, intervir e modificá-la por meio do exercício da cidadania. O objetivo primeiro do exercício da cidadania, na visão do autor, seria a emancipação do indivíduo, ou seja, a compreensão e atuação consciente deste em relação às estruturas dominantes que o colocam na condição de mero objeto na manutenção dos interesses dos grupos dominantes. Sobre pesquisa cita que deve ser princípio educativo, ser uma “conquista” e não uma “domesticação” aborda a diferença entre a pesquisa como princípio científico e a pesquisa como princípio educativo: “Pesquisa como princípio científico e educativo faz parte de todo processo emancipatório, no qual se constrói o sujeito histórico autossuficiente, crítico e autocrítico, participante e capaz de reagir contra a situação de objeto e de não cultivar o outro como objeto. Pesquisa como diálogo é processo cotidiano integrante do ritmo de vida, produto e motivo de interesses sociais em confronto, base da aprendizagem que não se restrinja a mera reprodução; Na acepção mais simples, pode significar conhecer, saber, informar-se para sobreviver, para enfrentar a vida de modo consciente”. (DEMO, 2006. P.42- 43). Demo tenta desmistificar o conceito de pesquisa, faz sua crítica e banaliza a imagem do professor que não pesquisa, e o cita como “repassador barato de conhecimento alheio”, “papagaio” (p.47), por outro lado, para que um educador estimule a cidadania é indispensável que este seja cidadão. E essa condição exigiria repensar o papel de professor, o qual deve passar de mero instrutor a verdadeiro mestre. E mestre seria aquele capaz de elaborar a aula e fazer ciência por si mesmo, e não aquela apenas capaz de repetir conteúdos previamente estudados, a noção de professor precisa ser totalmente revista “Professor tem que ser Pesquisador, Socializador e Motivador.” (p.48). O autor argumenta também, que deve haver desmistificação entre a separação ensino e pesquisa, esta cria uma divisão entre professores que apenas ensinam e professores que apenas pesquisam. Considerando que o saber está naturalmente ligado a interesses sociais, o autor sustenta que pesquisar implica influenciar a prática, ou seja, quem ensina deve pesquisar
  • 3. 200 ISSN 1984-3879, SABERES, Natal RN, v. 1, n. 17, Dezembro, 2017, 198-201. (aprender a criar) e quem pesquisa deve socializar o conhecimento (ensinar). O que nos remete a citação de DEMO (2006): “[...] Se a pesquisa é a razão do ensino, vale o reverso, o ensino é a razão da pesquisa. O importante é compreender que sem pesquisa não há ensino. A ausência da pesquisa degrada o ensino a patamares típicos de reprodução imitativa”. (DEMO, 2006, p.50). O papel do aluno também foi questionado por DEMO, o mesmo deve sair da condição de mero ouvinte, copiador, para ser um ser livre no que diz respeito à escolha de temas para elaboração própria, e para tanto mais uma vez é essencial à figura de um professor competente que incentive seus alunos, retrata sempre que o aluno leva para vida não o que decora, mas o que cria por si mesmo, não se estuda só para saber; estuda-se também para atuar: o aprender a aprender, que significa não imitar, copiar, reproduzir. A verdadeira aprendizagem é aquela construída com esforço próprio através de elaboração pessoal. O autor destaca que a escola precisa superar o seu vazio formal distanciado do compromisso de motivar o processo educativo-emancipatório, o que desvirtua sua qualidade formal e política. De um lado, a pesquisa faz falta como instrumentação da descoberta e elaboração própria e, de outro, faz falta como motivação ao questionamento e diálogo. Assim, a escola precisaria encarar o desafio de recuperar/ocupar o lugar que lhe cabe na sociedade: educar para a cidadania. Para finalizar a ideia do autor quando se remete à pesquisa como princípio educativo apresenta uma proposta de currículo que visa unir indissoluvelmente teoria e prática; ensino e pesquisa; saber e mudar, no contexto da qualidade formal e política; e incentiva a elaboração própria, a qual passa a ser critério de avaliação. A grade curricular apresentada, dividida em oito semestres, apresenta basicamente três tipos de prática: “A prática inicial, no primeiro ano, constitui-se em fundamentação teórica e metodológica rumo à capacidade de elaboração própria, além da confrontação com práticas alheias; A prática intermediária, de caráter profissionalizante, ocorre nos segundo e terceiro anos e envolve atividades de extensão; Por fim, a prática profissional plena ocorre no quarto ano e demanda dedicação diária e integração efetiva no local de trabalho”. (DEMO, 2006, p.102). Desenvolvida a partir da pedagogia da transformação de Paulo Freire, a presente obra concebe o conceito de pesquisa como indissociável do processo educativo e elucida importantes relações sociais entre os atores envolvidos em tal processo, fornecendo,
  • 4. 201 ISSN 1984-3879, SABERES, Natal RN, v. 1, n. 17, Dezembro, 2017, 198-201. importantes sugestões de ações a serem desenvolvidas na instituição Escola e junto aos professores e alunos.