SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Pastagem
80 DBO dezembro 2017
Ataque múltiplo para
vencer a cigarrinha
Manejo integrado de pragas (MIP) é a melhor estratégia para controlar a
infestação do inseto nas pastagens
renato villela
renato.villela@revistadbo.com.br
A
ssim que percebe os primeiros sinais de amare-
lecimento das folhas do capim, provocado pelo
ataque de cigarrinhas, o produtor se apressa
para comprar um “veneno” que dê jeito na praga que
está acabando com o vigor do seu pasto. O que ele não
percebe é que esse “pronto atendimento” é, na verdade,
tardio, e seu efeito, inócuo. É que os sinais visu-
ais que aparecem na pastagem após a ação das
cigarrinhas só ficam evidentes de duas a três
semanas depois que o inseto começa a sugar
a seiva e injetar toxinas nas plantas forragei-
ras. Esse período corresponde à fase adulta do
inseto, que é o final de seu ciclo de vida. “Na
maioria das vezes, o controle químico é feito so-
bre uma população que morrerá em poucos dias,
o que não evita os prejuízos já causados pela praga”,
adverte Adilson Aguiar, professor da Fazu – Faculda-
des Associadas de Uberaba, e consultor da Consupec
– Consultoria e Planejamento Pecuário. De acordo com
Aguiar, que é especialista em pastagem, para ser eficaz
o combate deve ser feito quando o inseto está na fase
de ninfa, o que requer seu monitoramento, e em várias
frentes, dentro do que se convencionou chamar de ma-
nejo integrado de pragas, ou simplesmente MIP.
Instituído pela comunidade científica na década de
1960 com a finalidade de otimizar o combate a pragas,
doenças e plantas invasoras, o MIP congrega os seguin-
tes métodos de controle: preventivo, cultural, físico,
mecânico, biológico, fisiológico e químico (veja a des-
crição de cada um deles no quadro da pág 82).Todas
essas medidas devem ser empregadas de modo integra-
do, independentemente da praga em questão. Algumas
dessas ações, como o método preventivo, que prevê a
limpeza de máquinas e implementos antes de início do
plantio numa nova área da propriedade, servem como
regras gerais. Outras, por sua vez, devem se adequar à
especificidade de cada praga. Para tanto, é preciso iden-
tificar o inseto e acompanhar seus níveis de infestação
de modo a tomar a medida certa. “Quando a popula-
ção da cigarrinha-das pastagens atingir 20 ninfas/m2 ou
da cigarrinha-dos-canaviais, 5 ninfas/m2, por exemplo,
significa que o controle deve ser feito para evitar danos
econômicos”.
Controle efetivo
Localizada no município de Jaboticatubas, região
metropolitana de Belo Horizonte, MG, a Fazenda Vis-
ta Alegre implantou o MIP no final de 2013, início de
2014, durante o período chuvoso. A propriedade, de
758 ha, possui 477 ha de pastagens, dos quais 380 ha
são de sequeiro e 96 ha estão sob dois pivôs centrais
(48 ha cada). Dedicada à recria e engorda de machos
Nelore, além de um núcleo de melhoramento genéti-
co da raça Mangalarga Marchador, a fazenda tinha um
histórico de ataque severo de cigarrinha-dos-canaviais,
praga ainda mais agressiva que a cigarrinha-das-pasta-
gens (veja quadro). “O capim ficava cheio de manchas,
que primeiro amarelava e depois secava”, relembra Ro-
gério Correa da Silva, gerente da fazenda. O professor
Adilson Aguiar explica que os sintomas evoluem de
listas cloróticas, formando longas faixas de cor ama-
relo limão a esbranquiçadas nas plantas, para manchas
cloróticas, que assumem tonalidades laranja e, depois,
marrom (tecidos necrosados, secos). “Esses sintomas
avançam da ponta para a folha inteira”.
Quem mais sofreu com o ataque da cigarrinha-dos-
-canaviais foi a braquiária, em especial a espécie Bra-
chiaria brizantha cultivar marandu, o popular braquia-
rão, que predomina nas pastagens da propriedade. Mas
o capim tifton, plantado sob um dos pivôs, tampouco
Cigarrinha-
dos-canaviais
é praga mais
agressiva que a
cigarrinha-das-
pastagens
Controle integrado
é mais eficaz”
Adilson Aguiar,
da Fazu
ArquivoDBO
passou imune ao apetite voraz da praga. Com o pro-
blema generalizado, a fazenda tinha dificuldade em
avançar na produção de arrobas por hectare. Na safra
2012/2013, um ano antes da adoção do programa de
manejo integrado, a produtividade média da fazenda foi
de 16@/ha/ano. De lá para cá o cenário começou a mu-
dar.Ao passo de 1,5 @/ha/ano, a fazenda conseguiu ele-
var esse ganho em 37,5%. Na última safra (2016/2017),
a produtividade alcançou 22 @/ha. A melhora do índi-
ce pode ser creditada à intensificação do sistema produ-
tivo, com o aumento das áreas com solos corrigidos e
adubados e suplementação do gado, mas o controle da
praga também teve uma contribuição decisiva. “Sem a
adoção do MIP no controle das cigarrinhas, o ganho em
arrobas por hectare seria limitado”, garante Aguiar. O
professor foi responsável pela implantação do MIP e
treinamento da equipe, além de acompanhar a execução
do programa na fazenda.
Mãos na praga
Antes de iniciar o combate à cigarrinha, toda a equi-
pe da fazenda – do peão ao gerente – passou por treina-
mento para saber identificar o inseto e/ou os sintomas
de seu ataque na forrageira para auxiliar no seu monito-
ramento. Com o conhecimento na bagagem, era hora de
ir para a pastagem em busca da praga. No caso da cigar-
rinha, o monitoramento deve começar de duas a três se-
manas após o início das primeiras chuvas.Aavaliação é
feita com o auxílio de uma moldura em forma quadran-
gular, a mesma utilizada para medir a produção de for-
ragem. Para fazer a amostragem, o “quadrado” é lança-
do aleatoriamente na pastagem. Devem ser amostrados
dez pontos por hectare, em todos os piquetes. As nin-
fas da cigarrinha-dos-canaviais habitam o colo da plan-
ta (porção intermediária entre a parte aérea e a subterrâ-
nea) e na parte superficial das raízes, diferentemente da
cigarrinha-das-pastagens, que prefere a base da planta.
Depois de lançado o quadrado, que na fazenda é fei-
to de vergalhão (1 m x 1 m), começa a “varredura” na
área. Com um rastelo de jardim, acessório formado por
um tridente em formato de “L”, como se fossem os de-
dos de uma mão, o responsável pela tarefa escarifica a
superfície do solo em busca da praga.Após a identifica-
ção das ninfas é feita a contagem. O número é anotado
numa caderneta e, posteriormente, transferido para uma
ficha de controle, onde consta o mapa do módulo com
seus respectivos piquetes delimitados, além de uma es-
cala de cores, onde cada cor corresponde a um nível de
infestação. “É um formato que facilita visualizar a si-
tuação de cada piquete para tomar as medidas necessá-
rias”, explica o professor. Quando a população da praga
no piquete supera o limite estabelecido, de 5 ninfas/m2,
é feito o controle químico, que combina as ações dos
compostos piretróide e neonicotinóide, segundo as re-
comendações de um técnico.
O programa do MIP preconiza que, uma vez diag-
nosticada a necessidade de combate à praga, a primeira
ação seja o controle químico, a ser realizado sobre a pri-
meira geração do inseto, que normalmente aparece entre
novembro e dezembro. Na segunda e terceiras gerações,
que costumam dar as caras entre dezembro e janeiro e
entre janeiro e fevereiro, respectivamente, o controle
Mais danosa, cigarrinha-dos-canaviais
é difícil de controlar.
Há aproximadamente duas décadas, a cigarrinha-dos-canaviais
(Mahanarva fimbriolata) estava restrita, como seu próprio nome sugere, às
lavouras de cana-de-açúcar, além de atacar capineiras de capim-elefante
(Pennisetum purpureum Schum). A partir daí a praga decidiu diversificar o
cardápio e abocanhar outras forrageiras, como o braquiarão. Os ataques,
começaram no bioma amazônico, mas já romperam as fronteiras. Atual-
mente, pastagens no Centro-Oeste e Sudeste já se deparam com o pro-
blema. Algumas particularidades têm dificultado seu controle e a tornam
mais danosa à pastagem. “Esse tipo de cigarrinha não teve um histórico
de coevolução com as gramíneas forrageiras, durante o qual é possível,
por meio de seleção natural, surgirem variedades susceptíveis, modera-
damente susceptíveis, moderadamente resistentes e resistentes”, explica
Adilson Aguiar, da Fazu. Diferentemente da cigarrinha-das-pastagens, em
que apenas a fase adulta é toxicogênica (a ninfa suga a seiva da planta,
mas não injeta toxina), na cigarrinha-dos-canaviais a fase de ninfa também
é toxicogênica. Além disso, seu ciclo de vida é maior.
dezembro 2017 DBO 81
Quadrado feito de vergalhão é lançado... ninfas são vasculhadas dentro do perímetro.
Fotos:RogérioCorrea
Pastagem
82 DBO dezembro 2017
MIP (adoção dos métodos abaixo de forma integrada)
Método Procedimentos Justificativa
Preventivo
* Compra de sementes “tipo
exportação”, com alto grau
de pureza e tratadas com
inseticidas
* Limpeza de máquinas e
implementos após o término da
operação numa área e antes do
início de um novo trabalho
Prevenir a introdução de
pragas de fora da fazenda,
entre retiros e piquetes.
Eficácia: alta
Cultural
* Diversificação de espécies
forrageiras, evitando o
monocultivo
* Escolha de espécies resistentes
às cigarrinhas que atacam as
pastagens
* Manejo correto do pasto,
respeitando a altura de pastejo
indicada de cada forrageira,
de modo a evitar acúmulo de
palha sobre o solo, criando
um ambiente favorável para a
sobrevivência de ovos e ninfas
da praga
* Correção e adubação do solo.
O manejo correto confere
maior vigor à planta e a
torna mais tolerante ao
ataque de pragas.
Eficácia: alta
Químico Aplicação de inseticida químico
Controlar o ataque de
pragas, principalmente no
início da infestação (no caso
da cigarrinha). Eficácia:
alta, mas é preciso escolher
corretamente o produto e
aplicar na hora certa
Biológico Aplicação de inseticida biológico
Controlar o ataque de
pragas a partir da segunda
geração (no caso da
cigarrinha). Eficácia:
alta, mas é preciso fazer
a aplicação quando as
condições climáticas
estiverem favoráveis
Mecânico
Quebra de cupinzeiros
Eliminar os cupins.
Eficácia: baixa.
A quebra de cupinzeiros
sem o controle químico
em sequência é uma das
causas da proliferação de
novos cupinzeiros
Preparo do solo na seca
Expor ovos de pragas à
radiação solar.
Eficácia: média a alta (mas
o procedimento só deve ser
adotado no plantio de novas
pastagens
Obs: Nunca adote o fogo como forma de controle. Além das consequências nocivas ao meio ambiente, a adoção dessa
prática elimina os fungos que causam doenças em pragas. Fonte: Adilson Aguiar/Adaptação: DBO
forem favoráveis à sua proliferação e sobrevivência.
Essa estratégia deve ser utilizada da segunda gera-
ção em diante, pois nesse período as condições climá-
ticas – umidade relativa do ar mais alta, maior ocor-
rência de dias nublados – e da planta – porte maior
– são mais propícias para uma resposta eficaz do fun-
go Metarhizium anisopliae. O monitoramento da pas-
tagem é feito exclusivamente no período das águas,
por 60 a 90 dias após o início das chuvas, com amos-
tragens, em média, a cada 15 dias. “Mas diariamente
toda a equipe de campo está atenta ao aparecimento de
ninfas”, ressalta Aguiar. Quando a fazenda começou a
fazer o controle era possível encontrar até 25 ninfas/
m2. Hoje, três anos depois, dificilmente se conta mais
de 5 ninfas/m2. “Está muito bem controlado”, afirma o
gerente ­Rogério Correa.
MIP reduz custos de controle da cigarrinha
SegundoAdilsonAguiar, o MIP pode - e deve - ser
adotado no controle das pragas que atacam culturas
agrícolas e pastagens. No caso das pastagens, além das
cigarrinhas, que são as principais pragas e causam os
maiores prejuízos, entram na (extensa) lista os cupins
(de montículo e subterrâneo), as formigas (quém-
-quém e saúvas), os gafanhotos, as larvas de besou-
ros (corós), as lagartas (do milho e das pastagens), os
nematóides e o percevejo-castanho das raízes. A des-
peito de sua eficiência, o MIP ainda é pouco utiliza-
do no campo. A necessidade de se empregar ações em
várias frentes - adquirir sementes “tipo exportação”,
com alto percentual de pureza, diversificar as espécies
forrageiras, corrigir e adubar o solo para aumentar a
resistência da planta ao ataque de pragas etc – vem na
contramão da postura de boa parte dos produtores, que
quando se depara com um problema na propriedade,
busca sempre uma solução única e imediata. Soma-
-se a isso a aversão aos números. “A maioria opera em
sistemas extensivos de produção, não têm controle dos
indicadores técnicos e econômicos, além de não valo-
rizar o treinamento dos integrantes de sua equipe para
adoção do MIP”.
Na opinião de Aguiar, o melhor caminho é não ter
a necessidade de combater a praga diretamente, daí a
importância das ações preventivas. No entanto, mesmo
quando o embate torna-se imperativo – condição que o
consultor avalia como “o pior cenário” - ainda assim o
saldo é positivo no final das contas. Na conta dele, ao
lançar mão do controle químico ou biológico, o pro-
dutor terá um custo que varia de 0,72 @/ha (para apli-
cação aérea) a 1,13 @/ha (para aplicação tratorizada).
Entretanto, caso não controle a cigarrinha, deixará de
produzir de 2 a 4 @/ha/ano, considerando a média de
produtividade das pastagens brasileiras (1,1 cabeça/ha,
com ganho de peso médio diário de 300 g/dia). “É pre-
ciso entender que a adoção de um MIP é fundamental
para não precisar realizar o controle químico ou bioló-
gico ou diminuir a frequência de aplicações, o que re-
duz o custo de combate à praga”.	 n
ainda poderá ser químico, mas deve-se dar preferência
ao biológico, caso contrário corre-se o risco de aumen-
tar a resistência da praga aos princípios ativos dos in-
seticidas químicos. Além disso, os fungos aplicados no
controle biológico podem colonizar o sistema (solo, pa-
lhada sobre o solo etc) e persistir por anos se as con-
dições de manejo da pastagem e do solo da pastagem

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carneBovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carneKiller Max
 
Sistemaproducao Galinha Caipira
Sistemaproducao Galinha CaipiraSistemaproducao Galinha Caipira
Sistemaproducao Galinha CaipiraLenildo Araujo
 
Manual de Identificação das Pragas da Cana
Manual de Identificação das Pragas da CanaManual de Identificação das Pragas da Cana
Manual de Identificação das Pragas da CanaKatiane Oliveira
 
Manejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do SoloManejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do SoloMarcelo Venturi
 
A cultura da goiaba
A cultura da goiabaA cultura da goiaba
A cultura da goiabaLaura Salles
 
Pós-colheita e Beneficiamento do Arroz
Pós-colheita e Beneficiamento do ArrozPós-colheita e Beneficiamento do Arroz
Pós-colheita e Beneficiamento do ArrozGeagra UFG
 
Aula sanidade e enfermidade de caprinos e ovinos
Aula   sanidade e enfermidade de caprinos e ovinosAula   sanidade e enfermidade de caprinos e ovinos
Aula sanidade e enfermidade de caprinos e ovinosCutrim Junior
 
MORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJA
MORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJAMORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJA
MORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJAGeagra UFG
 
Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1 O Enxof...
Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1   O Enxof...Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1   O Enxof...
Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1 O Enxof...Tiago Firmino Boaventura de Oliveira
 
Manejo de Pragas do Girassol
Manejo de Pragas do GirassolManejo de Pragas do Girassol
Manejo de Pragas do GirassolGeagra UFG
 
FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)
FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)
FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)Geagra UFG
 
Seminario doenças pós colheita
Seminario doenças pós colheitaSeminario doenças pós colheita
Seminario doenças pós colheitaDalber Silva
 
7 instalações para bovinos de leite
7   instalações para bovinos de leite7   instalações para bovinos de leite
7 instalações para bovinos de leitegarciagotaeficiente
 

Mais procurados (20)

Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carneBovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
Bovinos - Do bem-estar ao Processamento da carne
 
Sistemaproducao Galinha Caipira
Sistemaproducao Galinha CaipiraSistemaproducao Galinha Caipira
Sistemaproducao Galinha Caipira
 
Abordagem clinico-cirurgica
Abordagem clinico-cirurgicaAbordagem clinico-cirurgica
Abordagem clinico-cirurgica
 
Manual de Identificação das Pragas da Cana
Manual de Identificação das Pragas da CanaManual de Identificação das Pragas da Cana
Manual de Identificação das Pragas da Cana
 
Manejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do SoloManejo Ecologico Do Solo
Manejo Ecologico Do Solo
 
Moluscos de interesse agrícola
Moluscos de interesse agrícolaMoluscos de interesse agrícola
Moluscos de interesse agrícola
 
Manual Pragas
Manual PragasManual Pragas
Manual Pragas
 
A cultura da goiaba
A cultura da goiabaA cultura da goiaba
A cultura da goiaba
 
Pós-colheita e Beneficiamento do Arroz
Pós-colheita e Beneficiamento do ArrozPós-colheita e Beneficiamento do Arroz
Pós-colheita e Beneficiamento do Arroz
 
Pragas da Soja
Pragas da SojaPragas da Soja
Pragas da Soja
 
Aula sanidade e enfermidade de caprinos e ovinos
Aula   sanidade e enfermidade de caprinos e ovinosAula   sanidade e enfermidade de caprinos e ovinos
Aula sanidade e enfermidade de caprinos e ovinos
 
Trapoeraba!
Trapoeraba!Trapoeraba!
Trapoeraba!
 
MORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJA
MORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJAMORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJA
MORFOLOGIA E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJA
 
Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1 O Enxof...
Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1   O Enxof...Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1   O Enxof...
Nutrição mineral de plantas. O metabolismo do nitrogênio. Parte 2.1 O Enxof...
 
AULA CENOURA.pptx
AULA CENOURA.pptxAULA CENOURA.pptx
AULA CENOURA.pptx
 
Manejo de Pragas do Girassol
Manejo de Pragas do GirassolManejo de Pragas do Girassol
Manejo de Pragas do Girassol
 
FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)
FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)
FUNGICIDAS (Trazóis, Estrobirulina e Carboxamidas)
 
Acerola 09
Acerola 09Acerola 09
Acerola 09
 
Seminario doenças pós colheita
Seminario doenças pós colheitaSeminario doenças pós colheita
Seminario doenças pós colheita
 
7 instalações para bovinos de leite
7   instalações para bovinos de leite7   instalações para bovinos de leite
7 instalações para bovinos de leite
 

Semelhante a Como controlar cigarrinhas em pastagens

Manejo integrado de pragas
Manejo integrado de pragasManejo integrado de pragas
Manejo integrado de pragasEvangela Gielow
 
Pragas quarentenárias em fruticultura
Pragas quarentenárias em fruticulturaPragas quarentenárias em fruticultura
Pragas quarentenárias em fruticulturaJuan Rodríguez
 
Pragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiro
Pragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiroPragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiro
Pragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiroRevista Cafeicultura
 
Bicudo no Algodoeiro
Bicudo no AlgodoeiroBicudo no Algodoeiro
Bicudo no AlgodoeiroGeagra UFG
 
Fungicidas no Algodão
Fungicidas no AlgodãoFungicidas no Algodão
Fungicidas no AlgodãoGeagra UFG
 
Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica
Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológicaManejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica
Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológicaJoão Siqueira da Mata
 
Daskor 440 catálogo
Daskor 440 catálogoDaskor 440 catálogo
Daskor 440 catálogoarysta123
 
Apostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricolaApostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricolamvezzone
 
Apostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricolaApostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricolaCarlos Polos
 
Aula 3 - NDE e implantação MIP.pdf
Aula 3 - NDE e implantação MIP.pdfAula 3 - NDE e implantação MIP.pdf
Aula 3 - NDE e implantação MIP.pdfSimoneBragaTerra
 
MIP EM ALGODOEIRO (1)
MIP EM ALGODOEIRO (1)MIP EM ALGODOEIRO (1)
MIP EM ALGODOEIRO (1)Diego Santos
 
Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...
Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...
Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...Fonte Comunicação
 
Manejo e Controle de Pragas
Manejo e Controle de PragasManejo e Controle de Pragas
Manejo e Controle de PragasAndresa Gueiros
 

Semelhante a Como controlar cigarrinhas em pastagens (20)

Manejo integrado de pragas
Manejo integrado de pragasManejo integrado de pragas
Manejo integrado de pragas
 
MIP algodão Circular técnica 131
MIP algodão Circular técnica 131 MIP algodão Circular técnica 131
MIP algodão Circular técnica 131
 
Combate a pragas
Combate a pragasCombate a pragas
Combate a pragas
 
Comnate a pragas
Comnate a pragasComnate a pragas
Comnate a pragas
 
Pragas quarentenárias em fruticultura
Pragas quarentenárias em fruticulturaPragas quarentenárias em fruticultura
Pragas quarentenárias em fruticultura
 
Pragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiro
Pragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiroPragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiro
Pragas do cafeeiro – Bicho-mineiro do cafeeiro
 
Bicudo no Algodoeiro
Bicudo no AlgodoeiroBicudo no Algodoeiro
Bicudo no Algodoeiro
 
cigarrinha.pdf
cigarrinha.pdfcigarrinha.pdf
cigarrinha.pdf
 
Algodão pragas
Algodão pragasAlgodão pragas
Algodão pragas
 
Fungicidas no Algodão
Fungicidas no AlgodãoFungicidas no Algodão
Fungicidas no Algodão
 
Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica
Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológicaManejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica
Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica
 
Daskor 440 catálogo
Daskor 440 catálogoDaskor 440 catálogo
Daskor 440 catálogo
 
Apostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricolaApostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricola
 
Apostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricolaApostila entomologia agricola
Apostila entomologia agricola
 
Aula 3 - NDE e implantação MIP.pdf
Aula 3 - NDE e implantação MIP.pdfAula 3 - NDE e implantação MIP.pdf
Aula 3 - NDE e implantação MIP.pdf
 
MIP EM ALGODOEIRO (1)
MIP EM ALGODOEIRO (1)MIP EM ALGODOEIRO (1)
MIP EM ALGODOEIRO (1)
 
Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...
Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...
Ações emergenciais propostas pela embrapa para o manejo integrado de helicove...
 
Circulartecnica 73
Circulartecnica 73Circulartecnica 73
Circulartecnica 73
 
Controlo de pragas
Controlo de pragasControlo de pragas
Controlo de pragas
 
Manejo e Controle de Pragas
Manejo e Controle de PragasManejo e Controle de Pragas
Manejo e Controle de Pragas
 

Mais de Renato Villela (20)

Controle certeiro f2
Controle certeiro f2Controle certeiro f2
Controle certeiro f2
 
Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio
 
Controle certeiro f1
Controle certeiro f1Controle certeiro f1
Controle certeiro f1
 
Professor iveraldo
Professor iveraldoProfessor iveraldo
Professor iveraldo
 
Coccidiose
CoccidioseCoccidiose
Coccidiose
 
Forum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimalForum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimal
 
Rotacionado
RotacionadoRotacionado
Rotacionado
 
Energia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamentoEnergia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamento
 
Cure o umbigo
Cure o umbigoCure o umbigo
Cure o umbigo
 
Muito alem da ilp
Muito alem da ilpMuito alem da ilp
Muito alem da ilp
 
Pg 34
Pg 34Pg 34
Pg 34
 
Tristeza
TristezaTristeza
Tristeza
 
Balanço
BalançoBalanço
Balanço
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
 
Especial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétricaEspecial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétrica
 
Higiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessosHigiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessos
 
Mosca dos chifres
Mosca dos chifresMosca dos chifres
Mosca dos chifres
 
Aftosa julho
Aftosa julhoAftosa julho
Aftosa julho
 
Dbo vacinacao pdf
Dbo vacinacao pdfDbo vacinacao pdf
Dbo vacinacao pdf
 

Como controlar cigarrinhas em pastagens

  • 1. Pastagem 80 DBO dezembro 2017 Ataque múltiplo para vencer a cigarrinha Manejo integrado de pragas (MIP) é a melhor estratégia para controlar a infestação do inseto nas pastagens renato villela renato.villela@revistadbo.com.br A ssim que percebe os primeiros sinais de amare- lecimento das folhas do capim, provocado pelo ataque de cigarrinhas, o produtor se apressa para comprar um “veneno” que dê jeito na praga que está acabando com o vigor do seu pasto. O que ele não percebe é que esse “pronto atendimento” é, na verdade, tardio, e seu efeito, inócuo. É que os sinais visu- ais que aparecem na pastagem após a ação das cigarrinhas só ficam evidentes de duas a três semanas depois que o inseto começa a sugar a seiva e injetar toxinas nas plantas forragei- ras. Esse período corresponde à fase adulta do inseto, que é o final de seu ciclo de vida. “Na maioria das vezes, o controle químico é feito so- bre uma população que morrerá em poucos dias, o que não evita os prejuízos já causados pela praga”, adverte Adilson Aguiar, professor da Fazu – Faculda- des Associadas de Uberaba, e consultor da Consupec – Consultoria e Planejamento Pecuário. De acordo com Aguiar, que é especialista em pastagem, para ser eficaz o combate deve ser feito quando o inseto está na fase de ninfa, o que requer seu monitoramento, e em várias frentes, dentro do que se convencionou chamar de ma- nejo integrado de pragas, ou simplesmente MIP. Instituído pela comunidade científica na década de 1960 com a finalidade de otimizar o combate a pragas, doenças e plantas invasoras, o MIP congrega os seguin- tes métodos de controle: preventivo, cultural, físico, mecânico, biológico, fisiológico e químico (veja a des- crição de cada um deles no quadro da pág 82).Todas essas medidas devem ser empregadas de modo integra- do, independentemente da praga em questão. Algumas dessas ações, como o método preventivo, que prevê a limpeza de máquinas e implementos antes de início do plantio numa nova área da propriedade, servem como regras gerais. Outras, por sua vez, devem se adequar à especificidade de cada praga. Para tanto, é preciso iden- tificar o inseto e acompanhar seus níveis de infestação de modo a tomar a medida certa. “Quando a popula- ção da cigarrinha-das pastagens atingir 20 ninfas/m2 ou da cigarrinha-dos-canaviais, 5 ninfas/m2, por exemplo, significa que o controle deve ser feito para evitar danos econômicos”. Controle efetivo Localizada no município de Jaboticatubas, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, a Fazenda Vis- ta Alegre implantou o MIP no final de 2013, início de 2014, durante o período chuvoso. A propriedade, de 758 ha, possui 477 ha de pastagens, dos quais 380 ha são de sequeiro e 96 ha estão sob dois pivôs centrais (48 ha cada). Dedicada à recria e engorda de machos Nelore, além de um núcleo de melhoramento genéti- co da raça Mangalarga Marchador, a fazenda tinha um histórico de ataque severo de cigarrinha-dos-canaviais, praga ainda mais agressiva que a cigarrinha-das-pasta- gens (veja quadro). “O capim ficava cheio de manchas, que primeiro amarelava e depois secava”, relembra Ro- gério Correa da Silva, gerente da fazenda. O professor Adilson Aguiar explica que os sintomas evoluem de listas cloróticas, formando longas faixas de cor ama- relo limão a esbranquiçadas nas plantas, para manchas cloróticas, que assumem tonalidades laranja e, depois, marrom (tecidos necrosados, secos). “Esses sintomas avançam da ponta para a folha inteira”. Quem mais sofreu com o ataque da cigarrinha-dos- -canaviais foi a braquiária, em especial a espécie Bra- chiaria brizantha cultivar marandu, o popular braquia- rão, que predomina nas pastagens da propriedade. Mas o capim tifton, plantado sob um dos pivôs, tampouco Cigarrinha- dos-canaviais é praga mais agressiva que a cigarrinha-das- pastagens Controle integrado é mais eficaz” Adilson Aguiar, da Fazu ArquivoDBO
  • 2. passou imune ao apetite voraz da praga. Com o pro- blema generalizado, a fazenda tinha dificuldade em avançar na produção de arrobas por hectare. Na safra 2012/2013, um ano antes da adoção do programa de manejo integrado, a produtividade média da fazenda foi de 16@/ha/ano. De lá para cá o cenário começou a mu- dar.Ao passo de 1,5 @/ha/ano, a fazenda conseguiu ele- var esse ganho em 37,5%. Na última safra (2016/2017), a produtividade alcançou 22 @/ha. A melhora do índi- ce pode ser creditada à intensificação do sistema produ- tivo, com o aumento das áreas com solos corrigidos e adubados e suplementação do gado, mas o controle da praga também teve uma contribuição decisiva. “Sem a adoção do MIP no controle das cigarrinhas, o ganho em arrobas por hectare seria limitado”, garante Aguiar. O professor foi responsável pela implantação do MIP e treinamento da equipe, além de acompanhar a execução do programa na fazenda. Mãos na praga Antes de iniciar o combate à cigarrinha, toda a equi- pe da fazenda – do peão ao gerente – passou por treina- mento para saber identificar o inseto e/ou os sintomas de seu ataque na forrageira para auxiliar no seu monito- ramento. Com o conhecimento na bagagem, era hora de ir para a pastagem em busca da praga. No caso da cigar- rinha, o monitoramento deve começar de duas a três se- manas após o início das primeiras chuvas.Aavaliação é feita com o auxílio de uma moldura em forma quadran- gular, a mesma utilizada para medir a produção de for- ragem. Para fazer a amostragem, o “quadrado” é lança- do aleatoriamente na pastagem. Devem ser amostrados dez pontos por hectare, em todos os piquetes. As nin- fas da cigarrinha-dos-canaviais habitam o colo da plan- ta (porção intermediária entre a parte aérea e a subterrâ- nea) e na parte superficial das raízes, diferentemente da cigarrinha-das-pastagens, que prefere a base da planta. Depois de lançado o quadrado, que na fazenda é fei- to de vergalhão (1 m x 1 m), começa a “varredura” na área. Com um rastelo de jardim, acessório formado por um tridente em formato de “L”, como se fossem os de- dos de uma mão, o responsável pela tarefa escarifica a superfície do solo em busca da praga.Após a identifica- ção das ninfas é feita a contagem. O número é anotado numa caderneta e, posteriormente, transferido para uma ficha de controle, onde consta o mapa do módulo com seus respectivos piquetes delimitados, além de uma es- cala de cores, onde cada cor corresponde a um nível de infestação. “É um formato que facilita visualizar a si- tuação de cada piquete para tomar as medidas necessá- rias”, explica o professor. Quando a população da praga no piquete supera o limite estabelecido, de 5 ninfas/m2, é feito o controle químico, que combina as ações dos compostos piretróide e neonicotinóide, segundo as re- comendações de um técnico. O programa do MIP preconiza que, uma vez diag- nosticada a necessidade de combate à praga, a primeira ação seja o controle químico, a ser realizado sobre a pri- meira geração do inseto, que normalmente aparece entre novembro e dezembro. Na segunda e terceiras gerações, que costumam dar as caras entre dezembro e janeiro e entre janeiro e fevereiro, respectivamente, o controle Mais danosa, cigarrinha-dos-canaviais é difícil de controlar. Há aproximadamente duas décadas, a cigarrinha-dos-canaviais (Mahanarva fimbriolata) estava restrita, como seu próprio nome sugere, às lavouras de cana-de-açúcar, além de atacar capineiras de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum). A partir daí a praga decidiu diversificar o cardápio e abocanhar outras forrageiras, como o braquiarão. Os ataques, começaram no bioma amazônico, mas já romperam as fronteiras. Atual- mente, pastagens no Centro-Oeste e Sudeste já se deparam com o pro- blema. Algumas particularidades têm dificultado seu controle e a tornam mais danosa à pastagem. “Esse tipo de cigarrinha não teve um histórico de coevolução com as gramíneas forrageiras, durante o qual é possível, por meio de seleção natural, surgirem variedades susceptíveis, modera- damente susceptíveis, moderadamente resistentes e resistentes”, explica Adilson Aguiar, da Fazu. Diferentemente da cigarrinha-das-pastagens, em que apenas a fase adulta é toxicogênica (a ninfa suga a seiva da planta, mas não injeta toxina), na cigarrinha-dos-canaviais a fase de ninfa também é toxicogênica. Além disso, seu ciclo de vida é maior. dezembro 2017 DBO 81 Quadrado feito de vergalhão é lançado... ninfas são vasculhadas dentro do perímetro. Fotos:RogérioCorrea
  • 3. Pastagem 82 DBO dezembro 2017 MIP (adoção dos métodos abaixo de forma integrada) Método Procedimentos Justificativa Preventivo * Compra de sementes “tipo exportação”, com alto grau de pureza e tratadas com inseticidas * Limpeza de máquinas e implementos após o término da operação numa área e antes do início de um novo trabalho Prevenir a introdução de pragas de fora da fazenda, entre retiros e piquetes. Eficácia: alta Cultural * Diversificação de espécies forrageiras, evitando o monocultivo * Escolha de espécies resistentes às cigarrinhas que atacam as pastagens * Manejo correto do pasto, respeitando a altura de pastejo indicada de cada forrageira, de modo a evitar acúmulo de palha sobre o solo, criando um ambiente favorável para a sobrevivência de ovos e ninfas da praga * Correção e adubação do solo. O manejo correto confere maior vigor à planta e a torna mais tolerante ao ataque de pragas. Eficácia: alta Químico Aplicação de inseticida químico Controlar o ataque de pragas, principalmente no início da infestação (no caso da cigarrinha). Eficácia: alta, mas é preciso escolher corretamente o produto e aplicar na hora certa Biológico Aplicação de inseticida biológico Controlar o ataque de pragas a partir da segunda geração (no caso da cigarrinha). Eficácia: alta, mas é preciso fazer a aplicação quando as condições climáticas estiverem favoráveis Mecânico Quebra de cupinzeiros Eliminar os cupins. Eficácia: baixa. A quebra de cupinzeiros sem o controle químico em sequência é uma das causas da proliferação de novos cupinzeiros Preparo do solo na seca Expor ovos de pragas à radiação solar. Eficácia: média a alta (mas o procedimento só deve ser adotado no plantio de novas pastagens Obs: Nunca adote o fogo como forma de controle. Além das consequências nocivas ao meio ambiente, a adoção dessa prática elimina os fungos que causam doenças em pragas. Fonte: Adilson Aguiar/Adaptação: DBO forem favoráveis à sua proliferação e sobrevivência. Essa estratégia deve ser utilizada da segunda gera- ção em diante, pois nesse período as condições climá- ticas – umidade relativa do ar mais alta, maior ocor- rência de dias nublados – e da planta – porte maior – são mais propícias para uma resposta eficaz do fun- go Metarhizium anisopliae. O monitoramento da pas- tagem é feito exclusivamente no período das águas, por 60 a 90 dias após o início das chuvas, com amos- tragens, em média, a cada 15 dias. “Mas diariamente toda a equipe de campo está atenta ao aparecimento de ninfas”, ressalta Aguiar. Quando a fazenda começou a fazer o controle era possível encontrar até 25 ninfas/ m2. Hoje, três anos depois, dificilmente se conta mais de 5 ninfas/m2. “Está muito bem controlado”, afirma o gerente ­Rogério Correa. MIP reduz custos de controle da cigarrinha SegundoAdilsonAguiar, o MIP pode - e deve - ser adotado no controle das pragas que atacam culturas agrícolas e pastagens. No caso das pastagens, além das cigarrinhas, que são as principais pragas e causam os maiores prejuízos, entram na (extensa) lista os cupins (de montículo e subterrâneo), as formigas (quém- -quém e saúvas), os gafanhotos, as larvas de besou- ros (corós), as lagartas (do milho e das pastagens), os nematóides e o percevejo-castanho das raízes. A des- peito de sua eficiência, o MIP ainda é pouco utiliza- do no campo. A necessidade de se empregar ações em várias frentes - adquirir sementes “tipo exportação”, com alto percentual de pureza, diversificar as espécies forrageiras, corrigir e adubar o solo para aumentar a resistência da planta ao ataque de pragas etc – vem na contramão da postura de boa parte dos produtores, que quando se depara com um problema na propriedade, busca sempre uma solução única e imediata. Soma- -se a isso a aversão aos números. “A maioria opera em sistemas extensivos de produção, não têm controle dos indicadores técnicos e econômicos, além de não valo- rizar o treinamento dos integrantes de sua equipe para adoção do MIP”. Na opinião de Aguiar, o melhor caminho é não ter a necessidade de combater a praga diretamente, daí a importância das ações preventivas. No entanto, mesmo quando o embate torna-se imperativo – condição que o consultor avalia como “o pior cenário” - ainda assim o saldo é positivo no final das contas. Na conta dele, ao lançar mão do controle químico ou biológico, o pro- dutor terá um custo que varia de 0,72 @/ha (para apli- cação aérea) a 1,13 @/ha (para aplicação tratorizada). Entretanto, caso não controle a cigarrinha, deixará de produzir de 2 a 4 @/ha/ano, considerando a média de produtividade das pastagens brasileiras (1,1 cabeça/ha, com ganho de peso médio diário de 300 g/dia). “É pre- ciso entender que a adoção de um MIP é fundamental para não precisar realizar o controle químico ou bioló- gico ou diminuir a frequência de aplicações, o que re- duz o custo de combate à praga”. n ainda poderá ser químico, mas deve-se dar preferência ao biológico, caso contrário corre-se o risco de aumen- tar a resistência da praga aos princípios ativos dos in- seticidas químicos. Além disso, os fungos aplicados no controle biológico podem colonizar o sistema (solo, pa- lhada sobre o solo etc) e persistir por anos se as con- dições de manejo da pastagem e do solo da pastagem