SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
Capa
42 DBO março 2018
Muito além
da ILPFazenda do norte goiano amplia conceito de integração para triplicar sua
rentabilidade e ganhar eficiência em todos os níveis
josé maria matos
Lote de fêmeas
em piquete
de mombaça,
ao lado de
lavoura de sorgo
parcialmente
colhida para
silagem na
fazenda TopGen
Amaralina, GO
DBO março 2018 43
Renato Villela
de Amaralina, GO.
renato.villela@revistadbo.com.br
O
conceito de integração já não se restringe à
tradicional dobradinha pecuária-agricultura.
Vai muito além, envolvendo todos os seto-
res produtivos da fazenda, com emprego de tecnolo-
gias complementares e multiplicadoras de resultados.
A Agropecuária TopGen, empresa com 3.700 ha em
Amaralina, no norte goiano, é partidária incondicional
desse conceito. Com plantel de 2.000 matrizes Nelore,
ela faz ciclo completo e extrai cada vez mais recursos
estratégicos da agricultura, integrando (no sentido am-
plo da palavra) todas as suas atividades, na busca con-
tínua por eficiência. A lavoura de soja, por exemplo,
principal cultura agrícola explorada na fazenda, permi-
te recuperar pastos degradados e fornece adubo residu-
al para as pastagens temporárias de inverno. O sorgo
de safrinha garante silagem tanto para engordar os ani-
mais de terminação quanto para “sequestrar” (tratar a
cocho) os bezerros recém-desmamados na seca, estra-
tégia que dá fôlego extra aos pastos rotacionados, por
aliviar a lotação na entressafra.Além disso, garante pa-
lhada para a vacada parida na seca, com reflexos posi-
tivos sobre o ganho de peso dos bezerros.
A suplementação proteica, o confinamento e a se-
leção genética completam esse “mosaico tecnológico”,
acelerando o giro dos animais e a taxa de desfrute. Re-
ferência na seleção de Nelore e na venda de tourinhos
com Certificado Especial de Identificação e Produção
(CEIP), a TopGen é um dos expoentes do Programa
Qualitas Melhoramento Genético e tem conseguido ti-
rar máximo proveito do potencial produtivo de seus
animais por causa da integração. Por encaixar várias
peças (tecnologias) que interagem e se complementam
dentro do sistema de produção, a empresa conseguiu
triplicar sua rentabilidade, que passou de R$ 150/ha,
em 2010, para R$ 470, em 2017, devendo chegar a R$
1.000/ha até 2020. A produção subiu de 5,5 para 13@/
ha/ano, com meta para 24@/ha, um resultado excelen-
te para fazendas de ciclo completo.
Antes de reestruturar seu projeto, a Topgen tinha
um rebanho de 6.000 animais; emprenhava as fêmeas
aos 24 meses e abatia os machos aos três anos de idade.
Hoje, seu rebanho é 33% menor (4.000 cabeças), pois
1.050 dos 2.400 ha de área útil da fazenda foram ocu-
pados pela soja. Seus índices zootécnicos, no entanto,
ficaram bem melhores. As novilhas são submetidas à
IATF são (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) aos
14 meses e os bois vão para o gancho aos 20-22 me-
ses pesando 21@. No ano passado, apresentaram ren-
dimento de carcaça de 57,5%. “Reduzi meu rebanho,
mas tornei meu sistema de produção mais eficiente”,
afirma Rodrigo Segantini do Nascimento, administra-
dor da TopGen, que já está recompondo seu plantel e
pretende, em 2020, manter o mesmo número de ani-
mais que tinha antes em uma área 50% menor.
A força do cerrado
Quando comprou a propriedade em 2000, o empre-
sário Walter Alves do Nascimento, pai de Rodrigo, vi-
veu a mesma saga dos empreendedores pecuários do
Centro-Oeste. Com o auxílio de máquinas de esteira e
autorização dos órgãos competentes, abriu a área para
formar as pastagens da fazenda, suprimiu a vegetação
nativa, arou a terra, gradeou-a uma, duas vezes e se-
meou capim (braquiarão e andropogon, este último tra-
dicionalmente cultivado no norte goiano). Apesar de
todo esse esforço, viu os pastos serem rapidamente
ocupados pelo chamado “broto do cerrado”, uma mis-
tura de espécies nativas, vigorosas e difíceis de com-
bater. A partir daí, o que se desenhou foi um quadro
comum na região e que, muitas vezes, empurra o pro-
dutor para um círculo deficitário e vicioso. “O primeiro
pasto que meu pai plantou já no segundo ano precisava
de reforma”, relembra Rodrigo.
Aqui cabe um parêntesis sobre as invasoras do bio-
ma Cerrado. Grosso modo, nas pastagens da região se
Fazenda em números
Nome: Agropecuária TopGen
Sistema de produção: Ciclo completo
Localização: Amaralina, GO
Área total: 3.700 ha
Área de pastagem: 1.000 ha
Área de ilp: 1.050 ha
RenatoVillela
Da esquerda
para a direita,
o proprietário
Rodrigo
Segantini,
o gerente
Augusto Elias
e o agrômomo
Maurício Bueno.
Parceiros
em busca de
produtividade.
GO
Goiânia
Amaralina
Capa
44 DBO março 2018
encontram dois tipos de praga. A “mole”, fácil de con-
trolar, e a “dura”, cujo combate é difícil, seja porque
os herbicidas necessários são mais caros ou porque a
forma de aplicação demanda mais mão de obra. É o
caso da “lixeira” (Curatella americana), da “cagai-
ta” (­Eugenia dysenterica) e do “araticum-do-cerrado”
(Annona crassiflora), por exemplo, nas quais o her-
bicida precisa ser aplicado diretamente no caule para
surtir efeito. Ao levantar os custos dessa empreita-
da, Segantini descobriu que gastava, em valores atu-
ais, até R$ 400/ha para limpar os pastos praguejados.
Como o broto do cerrado insistia em sempre reapare-
cer, a operação, além de onerosa, se mostrava infrutí-
fera. “Reformar estava ficando caro e o efeito durava
pouco, porque a terra continuava sem fertilidade e o
pasto sujava rapidamente”. A insatisfação levou o pro-
dutor a tomar a primeira de uma série de decisões que
mudariam de vez o patamar da fazenda nos anos se-
guintes: cultivar soja para reformar pastos e diversifi-
car o negócio.
Soja como aliada
Rodrigo Segantini assumiu as rédeas da proprieda-
de em 2007, quando seu pai, que segue como conse-
lheiro e entusiasta da fazenda, decidiu se dedicar a ou-
tros empreendimentos da família, nos ramos industrial
e imobiliário. Basta dar uma volta com ele pelas la-
vouras e pastagens para perceber que é mais afeito aos
bois do que aos grãos. Isso não impediu, entretanto, de
enxergar como a agricultura podia ajudar na busca por
pastagens mais duradouras. Essa constatação surgiu de
um raciocínio simples, que muitas vezes o produtor ig-
nora. “Pensei: mesmo se eu perder R$ 500 por hecta-
re com a soja, ainda será mais vantajoso do que gastar
Área degradada repleta de invasoras...   ...abre espaço para o plantio da soja, que...     ...garante pasto novo para a pecuária.
Membro do Qualitas desde 2.000, a TopGen é um
dos destaques desse programa de melhoramento.
A análise da tendência genética, índice que permite
avaliar o impacto da seleção em determinada caracte-
rística, revela a evolução que o rebanho alcançou ao
longo dos anos. O peso à desmama dos machos aos 7
meses, que era de 191,9 kg em 2006, subiu gradativa-
mente até chegar a 208,5 kg, em 2017. Apresentaram
15,3 kg a mais do que a média da safra de contem-
porâneos do Qualitas do ano passado. Vale ressaltar
que esses pesos são obtidos após jejum de 12 horas
no curral. Já o ganho de peso pós-desmama mais que
dobrou, saltando de 61,5 para 130,14 kg neste mes-
mo intervalo de tempo. Os machos nascidos em 2016
apresentaram 338,7 Kg aos 450 dias, 45 kg acima da
média de seus companheiros de safra do Qualitas.
Esse desempenho permite que os animais sejam aba-
tidos com até 20 meses de idade, uma das metas do
programa.
A vantagem comparativa da genética TopGen
fotosRenatoVillela
Touro Jaguar, aprovado no teste de
Eficiência Alimentar.
pode ser sintetizada no índice Qualitas, que tem 60% de
seu peso relacionado a características de produção de
carne a campo (como ganho pós-desmama e musculo-
sidade) e 40% em características de importância para
a produção de matrizes (peso à desmama e perímetro
escrotal). Na safra 2015, o índice Qualitas da TopGen foi
de 4,64 ante 3,72 dos contemporâneos, 25% acima da
Genética dá respaldo ao projeto
DBO março 2018 45
R$ 400 por hectare para controlar o broto do cerrado,
porque, nessa operação, não ganho nada, enquanto a
lavoura deixa muitos nutrientes no solo”. Para iniciar a
lavoura, Segantini dispunha de três tratores, uma plan-
tadeira e um pulverizador pequenos, maquinário que
deu conta do recado.
O plantio começou em 2010, em 165 ha, e foi se
expandindo nas safras seguintes. Somente em 2013,
com o gado já “espremido” pela lavoura, é que as pri-
meiras áreas reformadas retornaram em definitivo à pe-
cuária. Pastagens semeadas em terras corrigidas pela
agricultura tendem a ser mais longevas, se bem mane-
jadas. “É possível explorar a forragem por até quatro
anos sem aplicar grande quantidade de fósforo, utili-
zando apenas adubação de manutenção com nitrogê-
nio e potássio”, afirma o agrônomo Maurício Bueno,
responsável pela parte agrícola da propriedade. Nessas
áreas têm sido aplicados, de dois em dois anos, 60 kg
de nitrogênio, 10 kg de fósforo e 60 kg de potássio por
hectare, o equivalente a 300 kg/ha da fórmula 20-05-20
(NPK), ao custo de R$ 360/ha.
Segundo Adilson Aguiar, sócio-diretor da Consu-
pec, consultoria de Uberaba, MG que acompanha a
fazenda, mesmo sendo um nível de adubação baixo,
para 3-4 UA/ha, é preciso ter cuidado com o manejo.
Quando a carga está ajustada à oferta de forragem, por
exemplo, não se deve adubar o pasto nas primeiras três
ou quatro semanas da estação chuvosa, pois há bom
aporte de nutrientes (principalmente nitrogênio, fósfo-
ro e enxofre), provenientes da mineralização da maté-
ria orgânica, da decomposição da palhada ou mesmo
da atmosfera, carreados pela água das chuvas após des-
cargas elétricas. “A adubação, nessas condições, pode
produzir mais capim do que os animais darão conta de
comer e esse erro de manejo será difícil de resolver,
exigindo roçagem”, salienta o consultor.
Foco no Nelore
Como a entrada da agricultura na fazenda obri-
gou Segantini a vender parte do plantel, que caiu de
1.600 para 900 fêmeas, o produtor aproveitou esse pas-
so atrás para tomar outra atitude ousada e reestruturar
todo o rebanho da fazenda, dando início a um rigo-
roso processo de seleção genética. A primeira medida
foi escolher uma raça. Tinha de tudo na propriedade:
além de Nelore meio-sangue Angus, Bonsmara, Mon-
tana, Senepol, Santa Gertrudis. Peculiaridades do mer-
cado aliadas a problemas sanitários precipitaram a
decisão. “Eu não conseguia agregar valor às fê-
meas F1, ninguém queria, a menos que fossem
Angus. Além disso, os animais tinham muitos
problemas de casco, alta infestação de carra-
pato, moscas e eram muito exigentes em ter-
mos nutricionais. Achei melhor ficar somente
com o Nelore”, relata.
O cruzamento industrial se foi, mas deixou um
importante legado, na forma de desafio. “Para alcançar
os índices produtivos e reprodutivos que queria, preci-
sava conseguir, no Nelore, o que obtinha no cruzamen-
to: fêmeas com precocidade sexual e machos preco-
ces na terminação”. O caminho da TopGen na seleção
começou a ser pavimentado, a bem da verdade, em
1998, quando, ainda em outra propriedade, o produtor
adquiriu 380 matrizes Nelore da Granja Rezende, em
Uberlândia, MG, criatório que se esmerava no melho-
ramento da raça. Ao focar apenas no Nelore, Seganti-
ni intensificou o uso de sêmen de touros melhoradores,
via IATF, até chegar aonde queria.
A precocidade sexual das fêmeas talvez seja a face
mais visível dessa evolução. Com o apoio de um pro-
grama de suplementação, as novilhas, chamadas de
RenatoVillela
Candidatos
a tourinhos
da TopGen,
em pastos
rotacionados
de capim
massai.
média do programa. O avanço conquistado no cam-
po da genética se reflete na produtividade da fazen-
da, que é de 13 @/ha/ano. “É mais do que o dobro
da média das propriedades brasileiras que fazem ciclo
completo” afirma Leonardo Souza, diretor do Qualitas.
Nos últimos anos, a TopGen passou também a fa-
zer seleção para eficiência alimentar. “Queremos des-
cobrir quais machos comem menos e convertem mais,
ou seja, têm menor custo de produção por arroba”,
explica Souza. Iniciada em 2010, em parceria com a
UFG – Universidade Federal de Goiás, a seleção por
eficiência alimentar passou a ser feita também pela
Unesp de Botucatu, em um acordo firmado em 2016.
O “vestibular” para os touros é dos mais concorri-
dos. No ano passado, dos 10.000 machos inscritos,
apenas 1.800 foram certificados como reprodutores.
Destes, somente 120 foram selecionados para a pro-
va de eficiência alimentar, que elegeu 10 animais para
coleta de sêmen. Seis estão contratados por centrais
de inseminação. Um deles é o touro Portinari, que faz
companhia a Jaguar (foto), o pioneiro touro da TopGen
a figurar nessa seleta lista.
Adilson Aguiar,
da Fazu:
“Carga
ajustada à
oferta de
forragem”.
Capa
46 DBO março 2018
“precocinhas”, são inseminadas aos 14 meses. Nos ma-
chos, a seleção também é apertada. Apenas 20% dos
melhores animais nascidos na safra das fazendas inte-
grantes do Qualitas são certificados como touros e re-
cebem o Ceip, com chancela do Ministério da Agricul-
tura. A fazenda vende, em média, 100 touros por ano,
pelo preço médio de R$ 7.500.
Pastos temporários
O passo seguinte era resolver o problema da escas-
sez de pasto nos meses de seca, que é severa na região.
Mais uma vez a integração lavoura-pecuária se encai-
xou perfeitamente no projeto. Iniciada em 2010, com
foco na recuperação da fertilidade do solo por meio da
soja, ela se tornou também uma alternativa para produ-
ção de pastos temporários, para uso na seca. Seganti-
ni testou várias forrageiras em sobressemeadura com a
soja. O capim pé-de-galinha, semeado uma única vez,
não deixou saudades, devido à baixa produção de mas-
sa forrageira. A braquiária ruziziensis, carro-chefe dos
sistemas de integração, foi deixada de lado pela lenti-
dão no estabelecimento, o que provocava atraso na en-
trada dos animais. O milheto, promissor nos meses de
maio e junho, “derretia” em julho. Perdia o vigor e per-
deu o pretígio.
Após essas tentativas malsucedidas, Segantini che-
gou ao mombaça, capim de alta produção capaz de ofe-
recer pastagem de qualidade na seca. Funciona assim:
a soja é plantada no início de novembro; em fevereiro,
pouco antes da colheita, no ponto em que a cultura está
“alourando” (estágio que marca o início da senescên-
cia das folhas, já no final do enchimento dos grãos), as
sementes da forrageira são lançadas de avião. O capim
fica pronto para o pastejo no final de abril, cerca de 25
dias após a colheita da soja, e é consumido pelos ani-
mais até o final de outubro, quando sofre dessecação e
vira palha para o plantio direto, dando início a um novo
ciclo agrícola.
A despeito de ter conquistado a preferência do pro-
dutor, o mombaça é uma forrageira difícil de manejar
em sistemas de integração, exigindo atenção no mane-
jo. Devido ao hábito de crescimento cespitoso (em tou-
ceiras) característico do gênero Panicum, dois proble-
mas podem acometer a cultura subsequente: manchas
de solo descoberto e “envelopamento” da semente de
soja, quando os discos do implemento puxam parte do
capim dessecado para dentro do sulco de plantio, o que
faz com que a semente caia em cima da palha ao in-
vés de ser depositada sobre o solo. Para evitar que isso
aconteça, é preciso ajustar a taxa de lotação de acordo
com a forragem. Por precaução, alguns produtores op-
tam por aumentar a taxa de semeadura. Mais adensado,
o mombaça forma menos touceiras.
Sistemas complementares
As pastagens temporárias dão respaldo na seca aos
1.000 ha de pastos perenes, divididos em 25 módulos
de pastejo rotacionado, compostos por três a oito pi-
quetes, de 5 a 20 ha cada. A falta de uniformidade no
dimensionamento se deve à topografia, nem sempre
plana, da mesma forma que a distribuição das forra-
geiras respeitou a aptidão de cada espécie. Nas partes
mais baixas (úmidas) foi introduzido o quicuio, que su-
porta alagamento. Uma mancha de solo cascalhento foi
plantada com massai, adaptado a esse tipo de solo. As
terras “macias” (mais férteis) foram reservadas para o
braquiarão e os panicuns. Os módulos mais divididos
e, consequentemente, com menor área por piquete (5 a
6 ha) são de massai e mombaça.
A decisão de fatiá-los em mais piquetes se deve
ao manejo, que é mais difícil nesses capins, em função
de seu crescimento vigoroso nas águas. “Com mais di-
visões, o gado aproveita melhor a forragem”, afirma
Augusto Elias Borges, gerente geral da fazenda e res-
ponsável pelo manejo do gado. Em contrapartida, os
piquetes de braquiarão têm mais de 6 ha. “É um ca-
pim que, se bem manejado, ‘segura’ bastante forragem
para a seca, por isso o utilizamos de forma estratégica,
como reserva”. As pastagens temporárias de ILP, ocu-
padas de maio a outubro, também são divididas, porém
em menor número de piquetes para não onerar a ope-
ração e, sempre que possível, respeitar o tamanho dos
talhões de soja, que variam de 50 a 400 ha.
As subdivisões são feitas apenas nas áreas acima de
250 ha, com a cerca elétrica fracionando-as em quatro
Vacas
multíparas
recebem
apenas
sal mineral
no cocho
RenatoVillela
Como é o manejo de pasto da TopeGen
Altura (cm)
Alvos
Forrageira Entrada Saída
Mombaça 90 45
Massai 30 15
Braquiarão 30 15
MG-5 30 15
Braquiária humidicola 25 13
Fonte: Consupec. Adaptação DBO
Capa
48 DBO março 2018
pastos. O tamanho médio dos piquetes nas pastagens
temporárias é duas vezes maior do que o dos maiores
piquetes perenes, que a fazenda maneja durante a esta-
ção chuvosa. Há uma justificativa para isso. “A partir
de maio, quando começa a desmama, consigo fazer lo-
tes maiores de bezerras. Como tenho oferta grande de
forragem e bebedouros em todos os módulos, é possí-
vel trabalhar com lotes grandes sem prejudicar o de-
sempenho individual”, diz Segantini. A organização
dos lotes é rígida. Os animais são agrupados por cate-
goria: novilhas, garrotes, touros e animais de descarte.
O manejo, no entanto, é dinâmico. Cada lote pode girar
em um ou dois módulos, de acordo com a época do ano
e a oferta de forragem.
A transferência de parte dos animais das pastagens
perenes para as de ILP é definida pela oferta de for-
ragem, o que torna o manejo bastante dinâmico. “Em
anos que chove mais e sobra pasto, coloco uma quan-
tidade maior de bovinos, mas, geralmente, priorizo as
categorias mais exigentes, como as precocinhas, algum
lote de bezerros desmamados, tourinhos”. A entrada e
saída dos animais dos piquetes, em ambas as áreas, é
determinada pela altura-alvo da forrageira (veja qua-
dro na página anterior). A taxa de lotação nas águas
é de 3,5 UA/ha e na seca, de 1,15 UA/ha, média anual
de 2,5 UA/ha.
P
ara encurtar o ciclo produtivo e dar mais liquidez
ao negócio, alicerçado na venda de tourinhos e
no abate de machos inteiros, além da reposição
de matrizes, a TopGen adota um programa de suple-
mentação que se inicia na desmama. Por recomenda-
ção do Qualitas, as crias ao pé da vaca não recebem
creep-feeding. “Com o processo de seleção, melhora-
mos a habilidade materna das matrizes, por isso não há
necessidade de utilizar o creep”, justifica o veterinário
Leonardo Souza, sócio-diretor do Qualitas. Assim que
desmamam, a partir de maio, com peso médio de 200
kg aos sete meses, os bezerros são suplementados com
sal proteinado na proporção de 0,2% do peso vivo, ou
400 g/dia. De novembro em diante a suplementação,
crescente, passa para 1 kg/dia. O plano é “acelerar” o
ganho de peso da recria durante a estação das chuvas,
aproveitando a oferta maior de forragem. Apesar da es-
tratégia ser a mesma para machos e fêmeas, o objetivo
é diferente para cada categoria e está diretamente rela-
cionado à etapa seguinte da criação.
As bezerras, desmamadas a partir de maio, estarão,
no final do ano, com idade e peso adequado (em torno
de 270 kg) para entrar na estação de monta, que vai de
novembro a fevereiro (90 dias). Depois de passarem
por indução hormonal, as superprecoces são insemina-
das via IATF. O toque é feito 35 dias depois. As vazias
são ressincronizadas e, mesmo que não emprenhem,
são mantidas, pois a fazenda ainda está recompondo
seu plantel. “Este deverá ser o último ano que não as
descartaremos”, diz Segantini.As novilhas que dão po-
sitivo precisam atingir ao menos 400 kg para que pos-
sam parir com segurança e tenham condição corporal
mínima para reconceber na estação de monta seguinte.
Até o ano passado, a fazenda mantinha a suplementa-
ção das “precocinhas” até a desmama da primeira cria.
Neste ano, por economia, o suplemento será fornecido
somente até a parição. “É um teste que faremos para
ver os resultados”, diz.Asuplementação custa R$ 0,80/
cab/dia. A taxa de prenhez da categoria é de 60%. Para
os machos, a meta é colocar de 150 a 180 kg durante a
recria para que estejam prontos para entrar no confina-
mento na seca seguinte.
Confinamento e sequestro
Última etapa do sistema produtivo, o confinamen-
to começa em junho e vai até novembro. Esses cinco
meses, no entanto, não são reservados apenas à termi-
nação, feita em apenas um giro. A estrutura, composta
por 18 currais, separados em três módulos (seis pique-
tes cada), atende também os bezerros, estratégia co-
nhecida como “sequestro”. Assim como acontece com
a soja, as áreas de pastagem rotacionada e de ILP, esses
dois modelos de confinamento se integram ao mane-
jo da fazenda de forma bastante dinâmica. A primeira
categoria a ser fechada é a das vacas vazias, que não
emprenharam na estação de monta (o toque é feito em
abril). No seu encalço vêm os bois, com idade entre
18 e 20 meses, que entram no confinamento pesando
13-14@. No ano passado foram abatidas 350 vacas de
descarte e 300 machos que não passaram pelo crivo de
Precocidade no parto e no gancho
Precocinhas são
inseminadas
pela primeira
vez aos 14
meses.
josémariamatos
Capa
50 DBO março 2018
seleção para se tornarem reprodutores. Eles pesaram
no gancho 21@, com rendimento de carcaça de 57,5%.
Mais de 70% foram classificados como desejáveis no
Programa Farol da Qualidade da JBS (machos intei-
ros, com até 2 dentes e 3-4 mm de gordura). Segantini
recebeu de R$ 1 a R$ 2 a mais por arroba. A peque-
na quantidade de bois abatidos é reflexo da redução de
matrizes nos últimos anos. Segantini espera que, em
2020, com o rebanho já estabilizado, possa abater 600
bois por ano.
A dieta do confinamento é constituída por silagem
de sorgo, sorgo moído (produzidos na fazenda), farelo
de soja e núcleo mineral. Em média, os animais perma-
necem 60 dias no cocho, mas a estadia pode ser abre-
viada ou estendida, de acordo com o mercado. “Se o
boi gordo estiver em alta e o custo da arroba colocada
estiver baixo, posso segurar um pouco mais”, afirma
o produtor. À medida que os caminhões conduzem os
bois a caminho do frigorífico, os currais vão sendo li-
berados para machos e fêmeas recém-desmamados. A
estratégia começou a ser utilizada na fazenda em 2014,
por sugestão da empresa que presta assistência na área
de nutrição. Na época, a fazenda colocava a desmama
durante a seca na pastagem de milheto, semeado nas
áreas de ILP. Como a forrageira definhava em poucos
meses, o ganho de peso conquistado se perdia. “Tinha
a sensação de nadar e morrer na praia”.
A despeito de aprovar a medida, foi somente um
ano depois, em 2015, que Segantini sentiu na pele a
importância do “sequestro” para seu sistema de pro-
dução. Naquele ano choveu pouco, apenas 800 mm (a
média na região é de 1.300 mm) e de forma concentra-
da.As sementes de mombaça lançadas sobre a soja não
germinaram. O sorgo produziu pouca massa para ser
ensilada. “Quando chegou abril, pensei: o que vou fa-
zer com esse gado na seca?” A saída foi arrendar outra
propriedade e levar os animais. “Tirei toda a desmama
da fazenda”, relembra. Para agravar a situação, o pro-
dutor havia comprado 400 novilhas, que seguiram pelo
mesmo caminho. “Só deixei as vacas para parir na fa-
zenda”. Em outubro, no auge da seca, o pior aconteceu.
O pasto arrendado pegou fogo. “Tive de vender todos
os machos de recria. Foi um desastre”. Olhando pelo
retrovisor, o ano “para se esquecer”, nas palavras do
produtor, se tornaria outro marco de mudança na pro-
priedade. “Percebi que tinha um negócio vulnerável,
que não estava nas minhas mãos. Decidi que precisava
ter um estoque mínimo de silagem na fazenda para não
passar pelo mesmo apuro de novo”.
Sorgo veio para ficar
Foi assim que a silagem de sorgo entrou de vez
na rotina da fazenda. São cultivados 350 ha de sorgo
grão, na safrinha após a soja, com aproveitamento da
palhada para pastejo após a colheita. “Normalmente,
coloco vacas paridas nessas áreas”, explica Segantini.
A TopGen também cultiva 150 ha de sorgo forragei-
ro, base da dieta do confinamento e do sequestro. Essa
planta chama a atenção pelo porte e produtividade. No
ano passado, o sorgo Santa Elisa, também conhecido
como V-38 ou sorgo IAC (Instituto Agronômico de
Campinas), produziu 57 t/ha, quase o dobro do que a
antiga variedade que a fazenda costumava plantar, a
um custo de R$ 50/t.
Neste ano, a intenção do produtor é fechar toda a
desmama no confinamento. Além de aliviar a taxa de
lotação durante a seca, a dieta com silagem de sorgo e
proteinado permite que os bezerros ganhem peso du-
rante a seca (500 g/dia), a um custo de R$ 22,50/cab/
mês, (consumo médio de 15 kg/dia). Se ao invés de
levar os bezerros ao cocho, o produtor optasse pelo
aluguel de pasto, desembolsaria praticamente o mes-
mo valor por mês, com a diferença de que os bezerros,
mesmo com proteinado, “malemá” ganhariam mais
de 200 g/dia durante a seca. Para Segantini, há outras
desvatagens. “Teria de pagar frete, deslocar mão de
obra, trator, levar cocho para proteinado. As fontes de
água normalmente não têm qualidade, sem contar o
risco de roubo, que sempre acontece quando se arren-
da um pasto”, diz.
O sequestro ainda ajuda Segantini a puxar a es-
tação de monta para mais cedo. “Os bezerros têm de
nascer entre agosto e novembro, no máximo”, diz. Os
números comprovam que o “bezerro do cedo” sai na
frente em termos de ganho de peso. Na safra passada,
os animais nascidos em agosto de 2017 desmamaram
em maio deste ano com 258 kg, em média, e os do
mês de novembro com 240 kg, enquanto aqueles que
nasceram em dezembro pesaram 193,5 kg. “Toda tec-
nologia que eu introduzo na fazenda tem por objetivo
melhorar a rentabilidade da fazenda, que tem de fun-
cionar como uma empresa. A pecuária tem de dar di-
nheiro”, finaliza o produtor.	 n
josémariamatos
Colheita de
sorgo para
silagem.
Variedade
forrageira
produz 57 t/ha.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável
Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável
Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável ANCP Ribeirão Preto
 
Integração lavoura pecuária -2ª aula
Integração lavoura pecuária -2ª aulaIntegração lavoura pecuária -2ª aula
Integração lavoura pecuária -2ª aulaLcfsouza
 
Dia 3 - Simpósio 2 - Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...
Dia 3 - Simpósio 2 -  Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...Dia 3 - Simpósio 2 -  Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...
Dia 3 - Simpósio 2 - Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...cbsaf
 
A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...
A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...
A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...FAO
 
Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...
Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...
Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...Instituto Besc
 
Sustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuária
Sustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuáriaSustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuária
Sustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuáriaMarília Gomes
 
Integração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtores
Integração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtoresIntegração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtores
Integração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtoresKassia Santos
 
Vantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagens
Vantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagensVantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagens
Vantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagensRural Pecuária
 
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010Exagro
 
Projeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore Zan
Projeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore ZanProjeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore Zan
Projeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore ZanSofia Z. Aranha
 
Prg aula 2 pragas de pastagens
 Prg aula 2 pragas de pastagens Prg aula 2 pragas de pastagens
Prg aula 2 pragas de pastagensCarol Castro
 
Degradação de pastagens em Goiás
Degradação de pastagens em GoiásDegradação de pastagens em Goiás
Degradação de pastagens em GoiásMarília Gomes
 
Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...
Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...
Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...cbsaf
 

Mais procurados (20)

Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável
Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável
Ensino Online - Integração Lavoura Pecuária intensificação sustentável
 
Integração Lavoura Pecuaria Floresta ILPF
Integração Lavoura Pecuaria Floresta ILPFIntegração Lavoura Pecuaria Floresta ILPF
Integração Lavoura Pecuaria Floresta ILPF
 
Integração lavoura pecuária -2ª aula
Integração lavoura pecuária -2ª aulaIntegração lavoura pecuária -2ª aula
Integração lavoura pecuária -2ª aula
 
Dia 3 - Simpósio 2 - Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...
Dia 3 - Simpósio 2 -  Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...Dia 3 - Simpósio 2 -  Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...
Dia 3 - Simpósio 2 - Estratégias de mitigação a mudanças climáticas baseadas...
 
Cartilha ilpf 17_final
Cartilha ilpf 17_finalCartilha ilpf 17_final
Cartilha ilpf 17_final
 
A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...
A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...
A importância da integração lavoura-pecuária com plantio direto na estratégia...
 
Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...
Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...
Potenciais de crescimento da silvicultura, agrossilvicultura e competitividad...
 
Sustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuária
Sustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuáriaSustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuária
Sustentabilidade á pasto, degradação de pastagem, integração lavoura-pecuária
 
Integração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtores
Integração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtoresIntegração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtores
Integração Lavoura Pecuária Floresta Leiteira pequenos produtores
 
Vantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagens
Vantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagensVantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagens
Vantagens e desvantagens do plantio de árvores em pastagens
 
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
Viabilidade economica de projetos agrossilvipastoris montes claros 2010
 
ILP - Lourival Vilela
ILP - Lourival VilelaILP - Lourival Vilela
ILP - Lourival Vilela
 
AdubaçãO De Pastagens
AdubaçãO De PastagensAdubaçãO De Pastagens
AdubaçãO De Pastagens
 
Projeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore Zan
Projeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore ZanProjeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore Zan
Projeto ILP Faz Nova Santo Ângelo - Nelore Zan
 
Sistema agrosilvipastoril
Sistema agrosilvipastorilSistema agrosilvipastoril
Sistema agrosilvipastoril
 
Forragicultura aula1
Forragicultura aula1Forragicultura aula1
Forragicultura aula1
 
Prg aula 2 pragas de pastagens
 Prg aula 2 pragas de pastagens Prg aula 2 pragas de pastagens
Prg aula 2 pragas de pastagens
 
Degradação de pastagens em Goiás
Degradação de pastagens em GoiásDegradação de pastagens em Goiás
Degradação de pastagens em Goiás
 
Fomento Florestal - Benefício compartilhado para empresas e produtores
Fomento Florestal - Benefício compartilhado para empresas e produtores Fomento Florestal - Benefício compartilhado para empresas e produtores
Fomento Florestal - Benefício compartilhado para empresas e produtores
 
Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...
Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...
Dia 4 - Conferencia 3 - Sistemas Agroflorestais e Provisão de Benefícios Opor...
 

Semelhante a Fazenda goiana amplia integração e rentabilidade com soja, genética e tecnologia

"Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári...
"Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári..."Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári...
"Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári...UNDP Policy Centre
 
Fazenda Kirei - Ao gosto do Freguês
Fazenda Kirei - Ao gosto do FreguêsFazenda Kirei - Ao gosto do Freguês
Fazenda Kirei - Ao gosto do FreguêsFundacao Chapadao
 
Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...
Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...
Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...ANCP Ribeirão Preto
 
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5Tiago de Jesus Costa
 
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3Tiago de Jesus Costa
 
Uso do milheto como forrageira
Uso do milheto como forrageiraUso do milheto como forrageira
Uso do milheto como forrageiraPatricia Epifanio
 
FeedBack - Gestão / Na rota da produtividade
FeedBack - Gestão / Na rota da produtividadeFeedBack - Gestão / Na rota da produtividade
FeedBack - Gestão / Na rota da produtividadeTiago de Jesus Costa
 
Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...
Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...
Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...Cepagro
 
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2Tiago de Jesus Costa
 
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e AgricultoresManual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e AgricultoresSérgio Amaral
 
A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...
A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...
A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...Rural Pecuária
 
Banco de proteina para ração animal
Banco de proteina para ração animalBanco de proteina para ração animal
Banco de proteina para ração animalLenildo Araujo
 
Utilização de Pasto na Produção de Ovinos
Utilização de Pasto na Produção de OvinosUtilização de Pasto na Produção de Ovinos
Utilização de Pasto na Produção de OvinosRural Pecuária
 
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção OvinaPlanejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção OvinaRural Pecuária
 
Coprodutos na alimentação de ovinos
Coprodutos na alimentação de ovinosCoprodutos na alimentação de ovinos
Coprodutos na alimentação de ovinosRural Pecuária
 
Cultivo orgânico de milho verde consorciado com Leguminosas
Cultivo orgânico de milho verde consorciado com LeguminosasCultivo orgânico de milho verde consorciado com Leguminosas
Cultivo orgânico de milho verde consorciado com LeguminosasRural Pecuária
 
Dimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdf
Dimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdfDimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdf
Dimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdfAmiltonMaia
 

Semelhante a Fazenda goiana amplia integração e rentabilidade com soja, genética e tecnologia (20)

"Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári...
"Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári..."Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári...
"Restauração de Pastagens Degradadas e Sistemas de Integração Lavoura-Pecuári...
 
Fazenda Kirei - Ao gosto do Freguês
Fazenda Kirei - Ao gosto do FreguêsFazenda Kirei - Ao gosto do Freguês
Fazenda Kirei - Ao gosto do Freguês
 
ILPF_iba.pdf
ILPF_iba.pdfILPF_iba.pdf
ILPF_iba.pdf
 
Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...
Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...
Seminário ANCP 2016 – Carlos Viacava – Produção agropecuária sustentável em s...
 
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 5
 
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 3
 
Ebook ilp
Ebook ilpEbook ilp
Ebook ilp
 
Uso do milheto como forrageira
Uso do milheto como forrageiraUso do milheto como forrageira
Uso do milheto como forrageira
 
Pg 34
Pg 34Pg 34
Pg 34
 
FeedBack - Gestão / Na rota da produtividade
FeedBack - Gestão / Na rota da produtividadeFeedBack - Gestão / Na rota da produtividade
FeedBack - Gestão / Na rota da produtividade
 
Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...
Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...
Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroeco...
 
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2
Vitrine Tecnológica DBO - Capítulo 2
 
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e AgricultoresManual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
 
A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...
A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...
A Importância da Melhoria da Produtividade e Qualidade dos Volumosos em Siste...
 
Banco de proteina para ração animal
Banco de proteina para ração animalBanco de proteina para ração animal
Banco de proteina para ração animal
 
Utilização de Pasto na Produção de Ovinos
Utilização de Pasto na Produção de OvinosUtilização de Pasto na Produção de Ovinos
Utilização de Pasto na Produção de Ovinos
 
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção OvinaPlanejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
Planejamento Forrageiro: Técnicas para Aumento da Produção Ovina
 
Coprodutos na alimentação de ovinos
Coprodutos na alimentação de ovinosCoprodutos na alimentação de ovinos
Coprodutos na alimentação de ovinos
 
Cultivo orgânico de milho verde consorciado com Leguminosas
Cultivo orgânico de milho verde consorciado com LeguminosasCultivo orgânico de milho verde consorciado com Leguminosas
Cultivo orgânico de milho verde consorciado com Leguminosas
 
Dimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdf
Dimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdfDimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdf
Dimensionamento de piquetes Comunicado-Tecnico-65.pdf
 

Mais de Renato Villela (20)

Controle certeiro f2
Controle certeiro f2Controle certeiro f2
Controle certeiro f2
 
Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio Mulheres agronegocio
Mulheres agronegocio
 
Controle certeiro f1
Controle certeiro f1Controle certeiro f1
Controle certeiro f1
 
Professor iveraldo
Professor iveraldoProfessor iveraldo
Professor iveraldo
 
Coccidiose
CoccidioseCoccidiose
Coccidiose
 
Forum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimalForum inovacao saudeanimal
Forum inovacao saudeanimal
 
Rotacionado
RotacionadoRotacionado
Rotacionado
 
Energia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamentoEnergia eletrica bombeamento
Energia eletrica bombeamento
 
Cure o umbigo
Cure o umbigoCure o umbigo
Cure o umbigo
 
Tristeza
TristezaTristeza
Tristeza
 
Balanço
BalançoBalanço
Balanço
 
Cigarrinha
CigarrinhaCigarrinha
Cigarrinha
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
 
Bvd linkedin
Bvd linkedinBvd linkedin
Bvd linkedin
 
Especial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétricaEspecial confinamento cerca elétrica
Especial confinamento cerca elétrica
 
Higiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessosHigiene para evitar abscessos
Higiene para evitar abscessos
 
Mosca dos chifres
Mosca dos chifresMosca dos chifres
Mosca dos chifres
 
Aftosa julho
Aftosa julhoAftosa julho
Aftosa julho
 
Dbo vacinacao pdf
Dbo vacinacao pdfDbo vacinacao pdf
Dbo vacinacao pdf
 
Machos ou femeas
Machos ou femeasMachos ou femeas
Machos ou femeas
 

Fazenda goiana amplia integração e rentabilidade com soja, genética e tecnologia

  • 1. Capa 42 DBO março 2018 Muito além da ILPFazenda do norte goiano amplia conceito de integração para triplicar sua rentabilidade e ganhar eficiência em todos os níveis josé maria matos Lote de fêmeas em piquete de mombaça, ao lado de lavoura de sorgo parcialmente colhida para silagem na fazenda TopGen Amaralina, GO
  • 2. DBO março 2018 43 Renato Villela de Amaralina, GO. renato.villela@revistadbo.com.br O conceito de integração já não se restringe à tradicional dobradinha pecuária-agricultura. Vai muito além, envolvendo todos os seto- res produtivos da fazenda, com emprego de tecnolo- gias complementares e multiplicadoras de resultados. A Agropecuária TopGen, empresa com 3.700 ha em Amaralina, no norte goiano, é partidária incondicional desse conceito. Com plantel de 2.000 matrizes Nelore, ela faz ciclo completo e extrai cada vez mais recursos estratégicos da agricultura, integrando (no sentido am- plo da palavra) todas as suas atividades, na busca con- tínua por eficiência. A lavoura de soja, por exemplo, principal cultura agrícola explorada na fazenda, permi- te recuperar pastos degradados e fornece adubo residu- al para as pastagens temporárias de inverno. O sorgo de safrinha garante silagem tanto para engordar os ani- mais de terminação quanto para “sequestrar” (tratar a cocho) os bezerros recém-desmamados na seca, estra- tégia que dá fôlego extra aos pastos rotacionados, por aliviar a lotação na entressafra.Além disso, garante pa- lhada para a vacada parida na seca, com reflexos posi- tivos sobre o ganho de peso dos bezerros. A suplementação proteica, o confinamento e a se- leção genética completam esse “mosaico tecnológico”, acelerando o giro dos animais e a taxa de desfrute. Re- ferência na seleção de Nelore e na venda de tourinhos com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP), a TopGen é um dos expoentes do Programa Qualitas Melhoramento Genético e tem conseguido ti- rar máximo proveito do potencial produtivo de seus animais por causa da integração. Por encaixar várias peças (tecnologias) que interagem e se complementam dentro do sistema de produção, a empresa conseguiu triplicar sua rentabilidade, que passou de R$ 150/ha, em 2010, para R$ 470, em 2017, devendo chegar a R$ 1.000/ha até 2020. A produção subiu de 5,5 para 13@/ ha/ano, com meta para 24@/ha, um resultado excelen- te para fazendas de ciclo completo. Antes de reestruturar seu projeto, a Topgen tinha um rebanho de 6.000 animais; emprenhava as fêmeas aos 24 meses e abatia os machos aos três anos de idade. Hoje, seu rebanho é 33% menor (4.000 cabeças), pois 1.050 dos 2.400 ha de área útil da fazenda foram ocu- pados pela soja. Seus índices zootécnicos, no entanto, ficaram bem melhores. As novilhas são submetidas à IATF são (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) aos 14 meses e os bois vão para o gancho aos 20-22 me- ses pesando 21@. No ano passado, apresentaram ren- dimento de carcaça de 57,5%. “Reduzi meu rebanho, mas tornei meu sistema de produção mais eficiente”, afirma Rodrigo Segantini do Nascimento, administra- dor da TopGen, que já está recompondo seu plantel e pretende, em 2020, manter o mesmo número de ani- mais que tinha antes em uma área 50% menor. A força do cerrado Quando comprou a propriedade em 2000, o empre- sário Walter Alves do Nascimento, pai de Rodrigo, vi- veu a mesma saga dos empreendedores pecuários do Centro-Oeste. Com o auxílio de máquinas de esteira e autorização dos órgãos competentes, abriu a área para formar as pastagens da fazenda, suprimiu a vegetação nativa, arou a terra, gradeou-a uma, duas vezes e se- meou capim (braquiarão e andropogon, este último tra- dicionalmente cultivado no norte goiano). Apesar de todo esse esforço, viu os pastos serem rapidamente ocupados pelo chamado “broto do cerrado”, uma mis- tura de espécies nativas, vigorosas e difíceis de com- bater. A partir daí, o que se desenhou foi um quadro comum na região e que, muitas vezes, empurra o pro- dutor para um círculo deficitário e vicioso. “O primeiro pasto que meu pai plantou já no segundo ano precisava de reforma”, relembra Rodrigo. Aqui cabe um parêntesis sobre as invasoras do bio- ma Cerrado. Grosso modo, nas pastagens da região se Fazenda em números Nome: Agropecuária TopGen Sistema de produção: Ciclo completo Localização: Amaralina, GO Área total: 3.700 ha Área de pastagem: 1.000 ha Área de ilp: 1.050 ha RenatoVillela Da esquerda para a direita, o proprietário Rodrigo Segantini, o gerente Augusto Elias e o agrômomo Maurício Bueno. Parceiros em busca de produtividade. GO Goiânia Amaralina
  • 3. Capa 44 DBO março 2018 encontram dois tipos de praga. A “mole”, fácil de con- trolar, e a “dura”, cujo combate é difícil, seja porque os herbicidas necessários são mais caros ou porque a forma de aplicação demanda mais mão de obra. É o caso da “lixeira” (Curatella americana), da “cagai- ta” (­Eugenia dysenterica) e do “araticum-do-cerrado” (Annona crassiflora), por exemplo, nas quais o her- bicida precisa ser aplicado diretamente no caule para surtir efeito. Ao levantar os custos dessa empreita- da, Segantini descobriu que gastava, em valores atu- ais, até R$ 400/ha para limpar os pastos praguejados. Como o broto do cerrado insistia em sempre reapare- cer, a operação, além de onerosa, se mostrava infrutí- fera. “Reformar estava ficando caro e o efeito durava pouco, porque a terra continuava sem fertilidade e o pasto sujava rapidamente”. A insatisfação levou o pro- dutor a tomar a primeira de uma série de decisões que mudariam de vez o patamar da fazenda nos anos se- guintes: cultivar soja para reformar pastos e diversifi- car o negócio. Soja como aliada Rodrigo Segantini assumiu as rédeas da proprieda- de em 2007, quando seu pai, que segue como conse- lheiro e entusiasta da fazenda, decidiu se dedicar a ou- tros empreendimentos da família, nos ramos industrial e imobiliário. Basta dar uma volta com ele pelas la- vouras e pastagens para perceber que é mais afeito aos bois do que aos grãos. Isso não impediu, entretanto, de enxergar como a agricultura podia ajudar na busca por pastagens mais duradouras. Essa constatação surgiu de um raciocínio simples, que muitas vezes o produtor ig- nora. “Pensei: mesmo se eu perder R$ 500 por hecta- re com a soja, ainda será mais vantajoso do que gastar Área degradada repleta de invasoras...   ...abre espaço para o plantio da soja, que...     ...garante pasto novo para a pecuária. Membro do Qualitas desde 2.000, a TopGen é um dos destaques desse programa de melhoramento. A análise da tendência genética, índice que permite avaliar o impacto da seleção em determinada caracte- rística, revela a evolução que o rebanho alcançou ao longo dos anos. O peso à desmama dos machos aos 7 meses, que era de 191,9 kg em 2006, subiu gradativa- mente até chegar a 208,5 kg, em 2017. Apresentaram 15,3 kg a mais do que a média da safra de contem- porâneos do Qualitas do ano passado. Vale ressaltar que esses pesos são obtidos após jejum de 12 horas no curral. Já o ganho de peso pós-desmama mais que dobrou, saltando de 61,5 para 130,14 kg neste mes- mo intervalo de tempo. Os machos nascidos em 2016 apresentaram 338,7 Kg aos 450 dias, 45 kg acima da média de seus companheiros de safra do Qualitas. Esse desempenho permite que os animais sejam aba- tidos com até 20 meses de idade, uma das metas do programa. A vantagem comparativa da genética TopGen fotosRenatoVillela Touro Jaguar, aprovado no teste de Eficiência Alimentar. pode ser sintetizada no índice Qualitas, que tem 60% de seu peso relacionado a características de produção de carne a campo (como ganho pós-desmama e musculo- sidade) e 40% em características de importância para a produção de matrizes (peso à desmama e perímetro escrotal). Na safra 2015, o índice Qualitas da TopGen foi de 4,64 ante 3,72 dos contemporâneos, 25% acima da Genética dá respaldo ao projeto
  • 4. DBO março 2018 45 R$ 400 por hectare para controlar o broto do cerrado, porque, nessa operação, não ganho nada, enquanto a lavoura deixa muitos nutrientes no solo”. Para iniciar a lavoura, Segantini dispunha de três tratores, uma plan- tadeira e um pulverizador pequenos, maquinário que deu conta do recado. O plantio começou em 2010, em 165 ha, e foi se expandindo nas safras seguintes. Somente em 2013, com o gado já “espremido” pela lavoura, é que as pri- meiras áreas reformadas retornaram em definitivo à pe- cuária. Pastagens semeadas em terras corrigidas pela agricultura tendem a ser mais longevas, se bem mane- jadas. “É possível explorar a forragem por até quatro anos sem aplicar grande quantidade de fósforo, utili- zando apenas adubação de manutenção com nitrogê- nio e potássio”, afirma o agrônomo Maurício Bueno, responsável pela parte agrícola da propriedade. Nessas áreas têm sido aplicados, de dois em dois anos, 60 kg de nitrogênio, 10 kg de fósforo e 60 kg de potássio por hectare, o equivalente a 300 kg/ha da fórmula 20-05-20 (NPK), ao custo de R$ 360/ha. Segundo Adilson Aguiar, sócio-diretor da Consu- pec, consultoria de Uberaba, MG que acompanha a fazenda, mesmo sendo um nível de adubação baixo, para 3-4 UA/ha, é preciso ter cuidado com o manejo. Quando a carga está ajustada à oferta de forragem, por exemplo, não se deve adubar o pasto nas primeiras três ou quatro semanas da estação chuvosa, pois há bom aporte de nutrientes (principalmente nitrogênio, fósfo- ro e enxofre), provenientes da mineralização da maté- ria orgânica, da decomposição da palhada ou mesmo da atmosfera, carreados pela água das chuvas após des- cargas elétricas. “A adubação, nessas condições, pode produzir mais capim do que os animais darão conta de comer e esse erro de manejo será difícil de resolver, exigindo roçagem”, salienta o consultor. Foco no Nelore Como a entrada da agricultura na fazenda obri- gou Segantini a vender parte do plantel, que caiu de 1.600 para 900 fêmeas, o produtor aproveitou esse pas- so atrás para tomar outra atitude ousada e reestruturar todo o rebanho da fazenda, dando início a um rigo- roso processo de seleção genética. A primeira medida foi escolher uma raça. Tinha de tudo na propriedade: além de Nelore meio-sangue Angus, Bonsmara, Mon- tana, Senepol, Santa Gertrudis. Peculiaridades do mer- cado aliadas a problemas sanitários precipitaram a decisão. “Eu não conseguia agregar valor às fê- meas F1, ninguém queria, a menos que fossem Angus. Além disso, os animais tinham muitos problemas de casco, alta infestação de carra- pato, moscas e eram muito exigentes em ter- mos nutricionais. Achei melhor ficar somente com o Nelore”, relata. O cruzamento industrial se foi, mas deixou um importante legado, na forma de desafio. “Para alcançar os índices produtivos e reprodutivos que queria, preci- sava conseguir, no Nelore, o que obtinha no cruzamen- to: fêmeas com precocidade sexual e machos preco- ces na terminação”. O caminho da TopGen na seleção começou a ser pavimentado, a bem da verdade, em 1998, quando, ainda em outra propriedade, o produtor adquiriu 380 matrizes Nelore da Granja Rezende, em Uberlândia, MG, criatório que se esmerava no melho- ramento da raça. Ao focar apenas no Nelore, Seganti- ni intensificou o uso de sêmen de touros melhoradores, via IATF, até chegar aonde queria. A precocidade sexual das fêmeas talvez seja a face mais visível dessa evolução. Com o apoio de um pro- grama de suplementação, as novilhas, chamadas de RenatoVillela Candidatos a tourinhos da TopGen, em pastos rotacionados de capim massai. média do programa. O avanço conquistado no cam- po da genética se reflete na produtividade da fazen- da, que é de 13 @/ha/ano. “É mais do que o dobro da média das propriedades brasileiras que fazem ciclo completo” afirma Leonardo Souza, diretor do Qualitas. Nos últimos anos, a TopGen passou também a fa- zer seleção para eficiência alimentar. “Queremos des- cobrir quais machos comem menos e convertem mais, ou seja, têm menor custo de produção por arroba”, explica Souza. Iniciada em 2010, em parceria com a UFG – Universidade Federal de Goiás, a seleção por eficiência alimentar passou a ser feita também pela Unesp de Botucatu, em um acordo firmado em 2016. O “vestibular” para os touros é dos mais concorri- dos. No ano passado, dos 10.000 machos inscritos, apenas 1.800 foram certificados como reprodutores. Destes, somente 120 foram selecionados para a pro- va de eficiência alimentar, que elegeu 10 animais para coleta de sêmen. Seis estão contratados por centrais de inseminação. Um deles é o touro Portinari, que faz companhia a Jaguar (foto), o pioneiro touro da TopGen a figurar nessa seleta lista. Adilson Aguiar, da Fazu: “Carga ajustada à oferta de forragem”.
  • 5. Capa 46 DBO março 2018 “precocinhas”, são inseminadas aos 14 meses. Nos ma- chos, a seleção também é apertada. Apenas 20% dos melhores animais nascidos na safra das fazendas inte- grantes do Qualitas são certificados como touros e re- cebem o Ceip, com chancela do Ministério da Agricul- tura. A fazenda vende, em média, 100 touros por ano, pelo preço médio de R$ 7.500. Pastos temporários O passo seguinte era resolver o problema da escas- sez de pasto nos meses de seca, que é severa na região. Mais uma vez a integração lavoura-pecuária se encai- xou perfeitamente no projeto. Iniciada em 2010, com foco na recuperação da fertilidade do solo por meio da soja, ela se tornou também uma alternativa para produ- ção de pastos temporários, para uso na seca. Seganti- ni testou várias forrageiras em sobressemeadura com a soja. O capim pé-de-galinha, semeado uma única vez, não deixou saudades, devido à baixa produção de mas- sa forrageira. A braquiária ruziziensis, carro-chefe dos sistemas de integração, foi deixada de lado pela lenti- dão no estabelecimento, o que provocava atraso na en- trada dos animais. O milheto, promissor nos meses de maio e junho, “derretia” em julho. Perdia o vigor e per- deu o pretígio. Após essas tentativas malsucedidas, Segantini che- gou ao mombaça, capim de alta produção capaz de ofe- recer pastagem de qualidade na seca. Funciona assim: a soja é plantada no início de novembro; em fevereiro, pouco antes da colheita, no ponto em que a cultura está “alourando” (estágio que marca o início da senescên- cia das folhas, já no final do enchimento dos grãos), as sementes da forrageira são lançadas de avião. O capim fica pronto para o pastejo no final de abril, cerca de 25 dias após a colheita da soja, e é consumido pelos ani- mais até o final de outubro, quando sofre dessecação e vira palha para o plantio direto, dando início a um novo ciclo agrícola. A despeito de ter conquistado a preferência do pro- dutor, o mombaça é uma forrageira difícil de manejar em sistemas de integração, exigindo atenção no mane- jo. Devido ao hábito de crescimento cespitoso (em tou- ceiras) característico do gênero Panicum, dois proble- mas podem acometer a cultura subsequente: manchas de solo descoberto e “envelopamento” da semente de soja, quando os discos do implemento puxam parte do capim dessecado para dentro do sulco de plantio, o que faz com que a semente caia em cima da palha ao in- vés de ser depositada sobre o solo. Para evitar que isso aconteça, é preciso ajustar a taxa de lotação de acordo com a forragem. Por precaução, alguns produtores op- tam por aumentar a taxa de semeadura. Mais adensado, o mombaça forma menos touceiras. Sistemas complementares As pastagens temporárias dão respaldo na seca aos 1.000 ha de pastos perenes, divididos em 25 módulos de pastejo rotacionado, compostos por três a oito pi- quetes, de 5 a 20 ha cada. A falta de uniformidade no dimensionamento se deve à topografia, nem sempre plana, da mesma forma que a distribuição das forra- geiras respeitou a aptidão de cada espécie. Nas partes mais baixas (úmidas) foi introduzido o quicuio, que su- porta alagamento. Uma mancha de solo cascalhento foi plantada com massai, adaptado a esse tipo de solo. As terras “macias” (mais férteis) foram reservadas para o braquiarão e os panicuns. Os módulos mais divididos e, consequentemente, com menor área por piquete (5 a 6 ha) são de massai e mombaça. A decisão de fatiá-los em mais piquetes se deve ao manejo, que é mais difícil nesses capins, em função de seu crescimento vigoroso nas águas. “Com mais di- visões, o gado aproveita melhor a forragem”, afirma Augusto Elias Borges, gerente geral da fazenda e res- ponsável pelo manejo do gado. Em contrapartida, os piquetes de braquiarão têm mais de 6 ha. “É um ca- pim que, se bem manejado, ‘segura’ bastante forragem para a seca, por isso o utilizamos de forma estratégica, como reserva”. As pastagens temporárias de ILP, ocu- padas de maio a outubro, também são divididas, porém em menor número de piquetes para não onerar a ope- ração e, sempre que possível, respeitar o tamanho dos talhões de soja, que variam de 50 a 400 ha. As subdivisões são feitas apenas nas áreas acima de 250 ha, com a cerca elétrica fracionando-as em quatro Vacas multíparas recebem apenas sal mineral no cocho RenatoVillela Como é o manejo de pasto da TopeGen Altura (cm) Alvos Forrageira Entrada Saída Mombaça 90 45 Massai 30 15 Braquiarão 30 15 MG-5 30 15 Braquiária humidicola 25 13 Fonte: Consupec. Adaptação DBO
  • 6. Capa 48 DBO março 2018 pastos. O tamanho médio dos piquetes nas pastagens temporárias é duas vezes maior do que o dos maiores piquetes perenes, que a fazenda maneja durante a esta- ção chuvosa. Há uma justificativa para isso. “A partir de maio, quando começa a desmama, consigo fazer lo- tes maiores de bezerras. Como tenho oferta grande de forragem e bebedouros em todos os módulos, é possí- vel trabalhar com lotes grandes sem prejudicar o de- sempenho individual”, diz Segantini. A organização dos lotes é rígida. Os animais são agrupados por cate- goria: novilhas, garrotes, touros e animais de descarte. O manejo, no entanto, é dinâmico. Cada lote pode girar em um ou dois módulos, de acordo com a época do ano e a oferta de forragem. A transferência de parte dos animais das pastagens perenes para as de ILP é definida pela oferta de for- ragem, o que torna o manejo bastante dinâmico. “Em anos que chove mais e sobra pasto, coloco uma quan- tidade maior de bovinos, mas, geralmente, priorizo as categorias mais exigentes, como as precocinhas, algum lote de bezerros desmamados, tourinhos”. A entrada e saída dos animais dos piquetes, em ambas as áreas, é determinada pela altura-alvo da forrageira (veja qua- dro na página anterior). A taxa de lotação nas águas é de 3,5 UA/ha e na seca, de 1,15 UA/ha, média anual de 2,5 UA/ha. P ara encurtar o ciclo produtivo e dar mais liquidez ao negócio, alicerçado na venda de tourinhos e no abate de machos inteiros, além da reposição de matrizes, a TopGen adota um programa de suple- mentação que se inicia na desmama. Por recomenda- ção do Qualitas, as crias ao pé da vaca não recebem creep-feeding. “Com o processo de seleção, melhora- mos a habilidade materna das matrizes, por isso não há necessidade de utilizar o creep”, justifica o veterinário Leonardo Souza, sócio-diretor do Qualitas. Assim que desmamam, a partir de maio, com peso médio de 200 kg aos sete meses, os bezerros são suplementados com sal proteinado na proporção de 0,2% do peso vivo, ou 400 g/dia. De novembro em diante a suplementação, crescente, passa para 1 kg/dia. O plano é “acelerar” o ganho de peso da recria durante a estação das chuvas, aproveitando a oferta maior de forragem. Apesar da es- tratégia ser a mesma para machos e fêmeas, o objetivo é diferente para cada categoria e está diretamente rela- cionado à etapa seguinte da criação. As bezerras, desmamadas a partir de maio, estarão, no final do ano, com idade e peso adequado (em torno de 270 kg) para entrar na estação de monta, que vai de novembro a fevereiro (90 dias). Depois de passarem por indução hormonal, as superprecoces são insemina- das via IATF. O toque é feito 35 dias depois. As vazias são ressincronizadas e, mesmo que não emprenhem, são mantidas, pois a fazenda ainda está recompondo seu plantel. “Este deverá ser o último ano que não as descartaremos”, diz Segantini.As novilhas que dão po- sitivo precisam atingir ao menos 400 kg para que pos- sam parir com segurança e tenham condição corporal mínima para reconceber na estação de monta seguinte. Até o ano passado, a fazenda mantinha a suplementa- ção das “precocinhas” até a desmama da primeira cria. Neste ano, por economia, o suplemento será fornecido somente até a parição. “É um teste que faremos para ver os resultados”, diz.Asuplementação custa R$ 0,80/ cab/dia. A taxa de prenhez da categoria é de 60%. Para os machos, a meta é colocar de 150 a 180 kg durante a recria para que estejam prontos para entrar no confina- mento na seca seguinte. Confinamento e sequestro Última etapa do sistema produtivo, o confinamen- to começa em junho e vai até novembro. Esses cinco meses, no entanto, não são reservados apenas à termi- nação, feita em apenas um giro. A estrutura, composta por 18 currais, separados em três módulos (seis pique- tes cada), atende também os bezerros, estratégia co- nhecida como “sequestro”. Assim como acontece com a soja, as áreas de pastagem rotacionada e de ILP, esses dois modelos de confinamento se integram ao mane- jo da fazenda de forma bastante dinâmica. A primeira categoria a ser fechada é a das vacas vazias, que não emprenharam na estação de monta (o toque é feito em abril). No seu encalço vêm os bois, com idade entre 18 e 20 meses, que entram no confinamento pesando 13-14@. No ano passado foram abatidas 350 vacas de descarte e 300 machos que não passaram pelo crivo de Precocidade no parto e no gancho Precocinhas são inseminadas pela primeira vez aos 14 meses. josémariamatos
  • 7. Capa 50 DBO março 2018 seleção para se tornarem reprodutores. Eles pesaram no gancho 21@, com rendimento de carcaça de 57,5%. Mais de 70% foram classificados como desejáveis no Programa Farol da Qualidade da JBS (machos intei- ros, com até 2 dentes e 3-4 mm de gordura). Segantini recebeu de R$ 1 a R$ 2 a mais por arroba. A peque- na quantidade de bois abatidos é reflexo da redução de matrizes nos últimos anos. Segantini espera que, em 2020, com o rebanho já estabilizado, possa abater 600 bois por ano. A dieta do confinamento é constituída por silagem de sorgo, sorgo moído (produzidos na fazenda), farelo de soja e núcleo mineral. Em média, os animais perma- necem 60 dias no cocho, mas a estadia pode ser abre- viada ou estendida, de acordo com o mercado. “Se o boi gordo estiver em alta e o custo da arroba colocada estiver baixo, posso segurar um pouco mais”, afirma o produtor. À medida que os caminhões conduzem os bois a caminho do frigorífico, os currais vão sendo li- berados para machos e fêmeas recém-desmamados. A estratégia começou a ser utilizada na fazenda em 2014, por sugestão da empresa que presta assistência na área de nutrição. Na época, a fazenda colocava a desmama durante a seca na pastagem de milheto, semeado nas áreas de ILP. Como a forrageira definhava em poucos meses, o ganho de peso conquistado se perdia. “Tinha a sensação de nadar e morrer na praia”. A despeito de aprovar a medida, foi somente um ano depois, em 2015, que Segantini sentiu na pele a importância do “sequestro” para seu sistema de pro- dução. Naquele ano choveu pouco, apenas 800 mm (a média na região é de 1.300 mm) e de forma concentra- da.As sementes de mombaça lançadas sobre a soja não germinaram. O sorgo produziu pouca massa para ser ensilada. “Quando chegou abril, pensei: o que vou fa- zer com esse gado na seca?” A saída foi arrendar outra propriedade e levar os animais. “Tirei toda a desmama da fazenda”, relembra. Para agravar a situação, o pro- dutor havia comprado 400 novilhas, que seguiram pelo mesmo caminho. “Só deixei as vacas para parir na fa- zenda”. Em outubro, no auge da seca, o pior aconteceu. O pasto arrendado pegou fogo. “Tive de vender todos os machos de recria. Foi um desastre”. Olhando pelo retrovisor, o ano “para se esquecer”, nas palavras do produtor, se tornaria outro marco de mudança na pro- priedade. “Percebi que tinha um negócio vulnerável, que não estava nas minhas mãos. Decidi que precisava ter um estoque mínimo de silagem na fazenda para não passar pelo mesmo apuro de novo”. Sorgo veio para ficar Foi assim que a silagem de sorgo entrou de vez na rotina da fazenda. São cultivados 350 ha de sorgo grão, na safrinha após a soja, com aproveitamento da palhada para pastejo após a colheita. “Normalmente, coloco vacas paridas nessas áreas”, explica Segantini. A TopGen também cultiva 150 ha de sorgo forragei- ro, base da dieta do confinamento e do sequestro. Essa planta chama a atenção pelo porte e produtividade. No ano passado, o sorgo Santa Elisa, também conhecido como V-38 ou sorgo IAC (Instituto Agronômico de Campinas), produziu 57 t/ha, quase o dobro do que a antiga variedade que a fazenda costumava plantar, a um custo de R$ 50/t. Neste ano, a intenção do produtor é fechar toda a desmama no confinamento. Além de aliviar a taxa de lotação durante a seca, a dieta com silagem de sorgo e proteinado permite que os bezerros ganhem peso du- rante a seca (500 g/dia), a um custo de R$ 22,50/cab/ mês, (consumo médio de 15 kg/dia). Se ao invés de levar os bezerros ao cocho, o produtor optasse pelo aluguel de pasto, desembolsaria praticamente o mes- mo valor por mês, com a diferença de que os bezerros, mesmo com proteinado, “malemá” ganhariam mais de 200 g/dia durante a seca. Para Segantini, há outras desvatagens. “Teria de pagar frete, deslocar mão de obra, trator, levar cocho para proteinado. As fontes de água normalmente não têm qualidade, sem contar o risco de roubo, que sempre acontece quando se arren- da um pasto”, diz. O sequestro ainda ajuda Segantini a puxar a es- tação de monta para mais cedo. “Os bezerros têm de nascer entre agosto e novembro, no máximo”, diz. Os números comprovam que o “bezerro do cedo” sai na frente em termos de ganho de peso. Na safra passada, os animais nascidos em agosto de 2017 desmamaram em maio deste ano com 258 kg, em média, e os do mês de novembro com 240 kg, enquanto aqueles que nasceram em dezembro pesaram 193,5 kg. “Toda tec- nologia que eu introduzo na fazenda tem por objetivo melhorar a rentabilidade da fazenda, que tem de fun- cionar como uma empresa. A pecuária tem de dar di- nheiro”, finaliza o produtor. n josémariamatos Colheita de sorgo para silagem. Variedade forrageira produz 57 t/ha.