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ALGODÃO - CONTROLE DE PRAGAS - UM DESAFIO NO 
CERRADO 
Nesta condição, são consideradas pragas iniciais da cultura o pulgão do algodoeiro 
(Aphis gossypii), os tripes (Thrips tabaci e Frankliniella spp.) e as moscas-brancas 
(Bemisia spp.) atacando a parte aérea do algodoeiro da emergência até próximo à 
emissão da primeira flor. 
Esses insetos se alimentam da seiva das plantas, são transmissores de viroses e normalmente tem seu 
ataque associado à presença de um fungo preto (fumagina) que interfere na capacidade fotossintética da 
planta e depaupera a fibra do algodoeiro. Normalmente adota-se o controle preventivo destas pragas, 
através do tratamento de sementes com inseticidas. 
Adicionalmente, durante o ciclo de crescimento da cultura são realizadas 
amostragens com decisão de controle sempre que as pragas atingem o nível de 
controle, situação na qual utilizam-se pulverizações terrestres ou aéreas com 
inseticidas registrados para o controle das mesmas. Alguns grupos tem trabalhado 
no sentido de tentar desenvolver cultivares com resistência às principais viroses 
transmitidas por estes insetos. 
Em algumas glebas do Cerrado, principalmente naquelas localizadas em áreas 
muito arenosas e onde a precipitação é alta, tem-se verificado ainda a ocorrência 
do percevejo-castanho (Scaptocoris castanea) no início do ciclo de desenvolvimento 
do algodoeiro associado às raízes das plantas, onde permanece sugando a seiva. 
Estes insetos constituem-se em pragas de difícil controle e mesmo a aplicação de 
produtos sistêmicos de solo tem pouca ação sobre os mesmos, quando o ataque é 
intenso. Em áreas com histórico de ocorrência desta praga tem-se recomendado o 
pousio ou o controle dos insetos quando em revoada, já que os métodos culturais 
de controle normalmente adotados para outras pragas de solo (aração profunda, 
escarificação do solo e etc) exercem pequena ação de controle contra esta praga, 
dado ao seu hábito de se aprofundar muito no perfil do solo em condição de seca. 
Apesar de algumas das lagartas que atacam o algodoeiro poderem ocorrer a partir 
dos 30 a 40 dias após a germinação, a grande maioria delas tem seu ataque 
concentrado do meio para o final do ciclo de crescimento da cultura. Enquanto 
algumas espécies são capazes de atacar as folhas da cultura (Alabama argillacea, 
Spodoptera spp. e Pseudoplusia includens), outras (Heliothis virescens, Spodoptera 
spp., Pectinophora gossypiella) concentram seu ataque nos botões e maçãs das 
plantas. As táticas normalmente adotadas para o convívio com estas lagartas, 
incluem a utilização de armadilhas com feromônio para amostragem, liberação de 
vespinhas parasitóides dos ovos das pragas, plantio antecipado visando escape do 
ataque, destruição dos restos culturais, além do controle químico sempre que as 
densidades populacionais atinjam o nível de controle adotado.
Uma praga que tem crescido em importância no Cerrado é o bicudo do algodoeiro 
(Anthonomus grandis). Considerado a praga-chave do algodoeiro mesmo em outras 
regiões, o inseto chegou a inviabilizar o cultivo do algodoeiro o algodão em alguns 
locais. Em algumas áreas do Cerrado, normalmente o inseto concentra o início do 
seu ataque na época de colheita do plantio regular (safra). Todavia, em outras 
áreas sua presença começa a ser verificada nas lavouras por ocasião da emissão 
dos primeiro botões florais, local preferido para seu ataque. A entrada da praga na 
lavoura pode ser constatada através do monitoramento com armadilhas contendo 
feromônio, devendo-se concentrar esforços de controle ao sinal das primeiras 
infestações da praga. O cont role terapêutico normalmente envolve a pulverização 
de inseticidas registrados para o combate da praga, sendo os mais utilizados 
àqueles pertencentes à classe dos organofosforados e organoclorados. Medidas 
preventivas à evolução do potencial causador de danos incluem adoção de 
calendários de plantio e destruição de soqueiras para uma dada região. O 
incremento do potencial causador de danos desse inseto no Cerrado ao longo dos 
anos, pode ser estreitamente associado ao intenso sistema de exploração das 
áreas, com cultivo de várias safras por ano, o que permite o desenvolvimento de 
várias gerações do inseto/ano. 
Outras pragas de menor importância, pois tem sua ocorrência restrita a alguns 
locais e condições específicas, e que também ocorrem na região são os ác aros 
(Tetranychus urticae, Tetranychus ludeni e Polyphagotarsonemus latus), os 
percevejos rajado e manchador (Horcias nobilellus, Dysdercus spp), os percevejos 
migrantes da soja e a broca do algodoeiro (Eutinobothrus brasiliensis). 
Normalmente dada a ocorrência mais restrita destes insetos medidas de controle já 
adotadas para as pragas de maior potencial causador de dano, terminam por 
suprimir as infestações destes insetos. Quando as infestações são suficientes para 
atingir o nível de controle (comumente alcançado, por exemplo, para ácaros em 
plantios fora de época) medidas específicas de controle são adotadas e estas 
envolvem a pulverização das lavouras com produtos químicos registrados para seu 
controle. 
Controle de Pragas para o Algodão do Nordeste e Colorido 
Os insetos-praga que atacam o algodoeiro cultivado no Nordeste brasileiro, seja 
branco ou colorido, não diferem muito daqueles que ocorrem infestando o 
algodoeiro cultivado no Cerrado. Todavia, no caso do Nordeste (excluindo-se o 
Cerrado Nordestino) dada a condição peculiar do cultivo do algodoeiro, realizado 
principalmente por agricultores familiares que produzem cultivares herbáceos e 
arbóreos (em menor escala), e possuem pequena renda de forma a limitar a 
adoção de pulverizações com produtos sintéticos, a situação do ponto de vista do 
manejo de pragas é bem distinta daquela verificada para o Cerrado. 
Nesta condição, o principal inseto a restringir o cultivo do algodoeiro é o bicudo do 
algodoeiro, que se encontra amplamente disseminado pelas regiões de cultivo. Em
geral a principal tática de manejo adotada é o controle cultural, já que a mão-de-obra 
da família pode ser empregada neste processo, além das menores áreas de 
cultivo favorecerem a adoção desta tática do MIP do algodoeiro. Sendo assim, as 
medidas recomendadas para o convívio com a praga incluem a catação e destruição 
dos botões florais caídos ao solo contendo as larvas do inseto no seu interior e o 
plantio de c ultivares de c ic lo c urto que “esc apem” do ataque do inseto. 
Adicionalmente, sempre que o nível de controle seja atingido (10% de botões 
florais com orifícios de alimentação e/ou oviposição) e que a recomendação da 
adoção de pulverizações se justifique, estas podem ser feitas utilizando-se produtos 
registrados para o controle da praga. No caso do cultivo do algodoeiro arbóreo, 
deve-se atentar para a condução correta da cultura, evitando-se que as plantas 
vegetem ininterruptamente e permaneçam emitindo botões florais, algo que 
contribuiria para aumentar o número de gerações do inseto/ano e, em 
conseqüência, seu potencial causador de danos. 
Além do bicudo, surtos do curuquerê do algodoeiro (Alabama argillacea) são 
comuns neste tipo de condição. Em geral, caso os surtos ocorram próxima à 
colheita das plantas, quando os capulhos já se encontram abertos, nenhuma 
medida de controle é adotada já que a desfolha seria benéfica neste caso, no 
sentido de uniformizar a operação. Entretanto, caso os surtos ocorram no início do 
desenvolvimento vegetativo das plantas, quando estas são mais sensíveis ao 
ataque, medidas de controle curativas são recomendadas. Alguns produtores já 
utilizam liberações inundativas de vespinhas parasitóides do gênero Trichogramma 
visando prevenir os surtos populacionais destas pragas. Predadores do gênero 
Chrysoperla também podem ser liberados, visando exercer ação de controle contra 
pulgões, tripes, ácaros, ovos de pragas em geral e lagartas de primeiros ínstares. 
Dado ao menor uso de inseticidas nestes tipos de cultivo, o controle biológico 
representa uma tática essencial, seja conservativo ou introduzido. Alguns 
produtores lançam mão ainda da pulverização de extratos ou óleos vegetais que 
possuam atividade inseticida, tais como extrato de folhas e óleo da semente de 
Neem, óleo de algodão e outros. 
Em condições irrigadas podem ocorrer surtos populacionais de pulgões e ácaros que 
justifiquem a adoção de medidas de controle. Para as demais pragas que ocorrem 
atacando o algodoeiro, em geral, não são adotadas medidas de controle específicas 
ou estas tem sua densidade populacional restringida por ocasião da adoção de 
medidas de controle para os insetos de ocorrência preponderante ou dada a ação 
do controle biológico natural, que em condição de menor pressão de seleção por 
pesticidas tem sua ação potencializada. Além disso, as cultivares recomendadas 
para o cultivo nesta condição em geral não apresentam a mesma restrição de 
suscetibilidade varietal aos vírus transmitidos por insetos sugadores como aquelas 
cultivadas na região do Cerrado, algo que contribui para a redução da necessidade 
de pulverizações. Insetos como os pulgões, quando considerados apenas como 
pragas agrícolas e não como agentes transmissores de viroses, e desde que 
ocorram em densidades não econômicas, atraem inimigos naturais para as lavouras
que uma vez presentes no agroecossistema irão exercer suas ações de controle 
também sobre outras pragas que ocorrem atacando o algodoeiro. 
HELICOVERPA ARMIGERA - Nova praga preocupa produtores de algodão do país 
Leia mais: http://www.cerradoeditora.com/news/helicoverpa-armigera-nova-praga-preocupa- 
produtores-de-algod%C3%A3o-do-pais/ 
A Helicoverpa armigera é uma lagarta que chegou ao Brasil este ano e tem causado graves 
prejuízos às lavouras de algodão, milho e soja, entre outras. Por isso, ela será um dos 
principais temas científicos do 9º Congresso Brasileiro do Algodão, que começou nesta terça-feira 
(03.09) em Brasília e espera receber 2,5 mil visitantes, inclusive do exterior, para 
discutir as tendências do setor e a crescente importância da cotonicultura brasileira no 
cenário mundial. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão 
(Abrapa), Gilson Pinesso, a praga não existia no Brasil, mas a lagarta se transforma em 
borboleta e consegue voar até mil quilômetros, bota ovos e gera novas lagartas, o que 
explica seu surgimento nas lavouras algodoeiras do país. “Ela come a maçã do algodão com 
tal voracidade que destrói toda a plantação”, disse Pinesso. Outro assunto que, segundo ele, 
estará em pauta no Congresso é o do preço mínimo do algodão, que não é reajustado há 
mais de dez anos. De acordo com o presidente do Congresso, Milton Garbugio, essa edição 
do evento, que tem como tema geral Algodão, Gestão e Otimização de Resultados, será 
dividida em duas etapas. “Adotamos estrutura diferenciada das outras edições, com dois dias 
dedicados ao Módulo Negócios e dois ao Módulo Científico, para dar mais dinâmica aos 
debates e garantir a participação maior dos congressistas”. 
Uma lagarta que cresce rapidamente, multiplica-se com 
velocidade e se alimenta de maneira voraz. 
No oeste da Bahia, em uma região de cerrado que engloba 
municípios como Barreiras, São Desidério e Luiz Eduardo Magalhães, 
as terras são de grandes planícies, com centenas de fazendas 
modernas, mecanizadas, que cultivam de tudo. 
O algodão é um dos principais produtos. As lavouras se 
espalham por 147 propriedades e 260 mil hectares. 
Todas as áreas já foram invadidas pela nova praga, caso da 
fazenda Santo Inácio, que fica no município de São Desidério. 
Uma propriedade típica do oeste baiano, tocada por agricultores 
que vieram do Sul do Brasil. Marcelo Kappes e o pai, Lauri, 
cultivam 1,2 mil hectares de algodão e atravessam um momento 
de crise. 
Marcelo mostra de perto o estrago nas lavouras da família. 
Segundo ele, as primeiras lagartas apareceram no ano passado, 
mas foi só foi este ano que o ataque se tornou mais crítico. 
Marcelo conta que se alimentando do botão floral, a planta não 
desenvolve as flores e sem flores, não forma o algodão. 
A lagarta também pode comer outras brotações do algodoeiro ou 
ainda perfurar o fruto em uma fase mais avançada. De uma forma
ou de outra, o ataque reduz a produtividade das lavouras, às 
vezes, de maneira violenta. 
O problema se repete em todo o oeste da Bahia, mas a 
intensidade dos ataques varia bastante de uma fazenda para 
outra. Nas contas da Associação Baiana dos Produtores de 
Algodão, a helicoverpa deve provocar, nesta safra, uma queda na 
produção de cerca de 15%. 
Além de atacar o algodão, a lagarta também tem provocado 
estragos em outras culturas do oeste baiano, como milho, soja, 
feijão e sorgo. Segundo as associações de produtores, os 
prejuízos na região já passam de R$ 1 bilhão. 
Na Esalq, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, que 
pertence a Universidade de São Paulo, trabalham alguns dos 
principais pesquisadores do Brasil no ramo do controle de pragas. 
Celso Omoto é entomologista, especialista em insetos, e explica 
que o gênero helicoverpa é tido como extremamente prejudicial a 
nossa agricultura. "A helicoverpa armígera foi identificada 
recentemente no Brasil e esse relato foi comprovado pelos 
pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal de Goiás", 
diz. 
Um dos comportamentos que fazem da lagarta uma praga tão 
perigosa é justamente a capacidade de se alimentar de tudo o 
que é tipo de lavoura. 
Técnicos e autoridades não sabem ao certo quando a praga 
entrou no Brasil, muito menos como e porque isso ocorreu. A 
helicoverpa armígera pode ter vindo com mudas ou plantas 
importadas, pode ter migrado naturalmente e há quem acredite 
em uma ação criminosa contra a agricultura brasileira. 
O certo é que já há registros da lagarta em estados como Bahia, 
Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato 
Grosso do Sul, São Paulo, Piauí e Maranhão, Tocantins, Paraná 
e Rio Grande do Sul. Em alguns lugares, a espécie já foi 
identificada por cientistas, em outros ainda falta a confirmação 
oficial.

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Controle de Pragas no Algodão do Cerrado

  • 1. ALGODÃO - CONTROLE DE PRAGAS - UM DESAFIO NO CERRADO Nesta condição, são consideradas pragas iniciais da cultura o pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii), os tripes (Thrips tabaci e Frankliniella spp.) e as moscas-brancas (Bemisia spp.) atacando a parte aérea do algodoeiro da emergência até próximo à emissão da primeira flor. Esses insetos se alimentam da seiva das plantas, são transmissores de viroses e normalmente tem seu ataque associado à presença de um fungo preto (fumagina) que interfere na capacidade fotossintética da planta e depaupera a fibra do algodoeiro. Normalmente adota-se o controle preventivo destas pragas, através do tratamento de sementes com inseticidas. Adicionalmente, durante o ciclo de crescimento da cultura são realizadas amostragens com decisão de controle sempre que as pragas atingem o nível de controle, situação na qual utilizam-se pulverizações terrestres ou aéreas com inseticidas registrados para o controle das mesmas. Alguns grupos tem trabalhado no sentido de tentar desenvolver cultivares com resistência às principais viroses transmitidas por estes insetos. Em algumas glebas do Cerrado, principalmente naquelas localizadas em áreas muito arenosas e onde a precipitação é alta, tem-se verificado ainda a ocorrência do percevejo-castanho (Scaptocoris castanea) no início do ciclo de desenvolvimento do algodoeiro associado às raízes das plantas, onde permanece sugando a seiva. Estes insetos constituem-se em pragas de difícil controle e mesmo a aplicação de produtos sistêmicos de solo tem pouca ação sobre os mesmos, quando o ataque é intenso. Em áreas com histórico de ocorrência desta praga tem-se recomendado o pousio ou o controle dos insetos quando em revoada, já que os métodos culturais de controle normalmente adotados para outras pragas de solo (aração profunda, escarificação do solo e etc) exercem pequena ação de controle contra esta praga, dado ao seu hábito de se aprofundar muito no perfil do solo em condição de seca. Apesar de algumas das lagartas que atacam o algodoeiro poderem ocorrer a partir dos 30 a 40 dias após a germinação, a grande maioria delas tem seu ataque concentrado do meio para o final do ciclo de crescimento da cultura. Enquanto algumas espécies são capazes de atacar as folhas da cultura (Alabama argillacea, Spodoptera spp. e Pseudoplusia includens), outras (Heliothis virescens, Spodoptera spp., Pectinophora gossypiella) concentram seu ataque nos botões e maçãs das plantas. As táticas normalmente adotadas para o convívio com estas lagartas, incluem a utilização de armadilhas com feromônio para amostragem, liberação de vespinhas parasitóides dos ovos das pragas, plantio antecipado visando escape do ataque, destruição dos restos culturais, além do controle químico sempre que as densidades populacionais atinjam o nível de controle adotado.
  • 2. Uma praga que tem crescido em importância no Cerrado é o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). Considerado a praga-chave do algodoeiro mesmo em outras regiões, o inseto chegou a inviabilizar o cultivo do algodoeiro o algodão em alguns locais. Em algumas áreas do Cerrado, normalmente o inseto concentra o início do seu ataque na época de colheita do plantio regular (safra). Todavia, em outras áreas sua presença começa a ser verificada nas lavouras por ocasião da emissão dos primeiro botões florais, local preferido para seu ataque. A entrada da praga na lavoura pode ser constatada através do monitoramento com armadilhas contendo feromônio, devendo-se concentrar esforços de controle ao sinal das primeiras infestações da praga. O cont role terapêutico normalmente envolve a pulverização de inseticidas registrados para o combate da praga, sendo os mais utilizados àqueles pertencentes à classe dos organofosforados e organoclorados. Medidas preventivas à evolução do potencial causador de danos incluem adoção de calendários de plantio e destruição de soqueiras para uma dada região. O incremento do potencial causador de danos desse inseto no Cerrado ao longo dos anos, pode ser estreitamente associado ao intenso sistema de exploração das áreas, com cultivo de várias safras por ano, o que permite o desenvolvimento de várias gerações do inseto/ano. Outras pragas de menor importância, pois tem sua ocorrência restrita a alguns locais e condições específicas, e que também ocorrem na região são os ác aros (Tetranychus urticae, Tetranychus ludeni e Polyphagotarsonemus latus), os percevejos rajado e manchador (Horcias nobilellus, Dysdercus spp), os percevejos migrantes da soja e a broca do algodoeiro (Eutinobothrus brasiliensis). Normalmente dada a ocorrência mais restrita destes insetos medidas de controle já adotadas para as pragas de maior potencial causador de dano, terminam por suprimir as infestações destes insetos. Quando as infestações são suficientes para atingir o nível de controle (comumente alcançado, por exemplo, para ácaros em plantios fora de época) medidas específicas de controle são adotadas e estas envolvem a pulverização das lavouras com produtos químicos registrados para seu controle. Controle de Pragas para o Algodão do Nordeste e Colorido Os insetos-praga que atacam o algodoeiro cultivado no Nordeste brasileiro, seja branco ou colorido, não diferem muito daqueles que ocorrem infestando o algodoeiro cultivado no Cerrado. Todavia, no caso do Nordeste (excluindo-se o Cerrado Nordestino) dada a condição peculiar do cultivo do algodoeiro, realizado principalmente por agricultores familiares que produzem cultivares herbáceos e arbóreos (em menor escala), e possuem pequena renda de forma a limitar a adoção de pulverizações com produtos sintéticos, a situação do ponto de vista do manejo de pragas é bem distinta daquela verificada para o Cerrado. Nesta condição, o principal inseto a restringir o cultivo do algodoeiro é o bicudo do algodoeiro, que se encontra amplamente disseminado pelas regiões de cultivo. Em
  • 3. geral a principal tática de manejo adotada é o controle cultural, já que a mão-de-obra da família pode ser empregada neste processo, além das menores áreas de cultivo favorecerem a adoção desta tática do MIP do algodoeiro. Sendo assim, as medidas recomendadas para o convívio com a praga incluem a catação e destruição dos botões florais caídos ao solo contendo as larvas do inseto no seu interior e o plantio de c ultivares de c ic lo c urto que “esc apem” do ataque do inseto. Adicionalmente, sempre que o nível de controle seja atingido (10% de botões florais com orifícios de alimentação e/ou oviposição) e que a recomendação da adoção de pulverizações se justifique, estas podem ser feitas utilizando-se produtos registrados para o controle da praga. No caso do cultivo do algodoeiro arbóreo, deve-se atentar para a condução correta da cultura, evitando-se que as plantas vegetem ininterruptamente e permaneçam emitindo botões florais, algo que contribuiria para aumentar o número de gerações do inseto/ano e, em conseqüência, seu potencial causador de danos. Além do bicudo, surtos do curuquerê do algodoeiro (Alabama argillacea) são comuns neste tipo de condição. Em geral, caso os surtos ocorram próxima à colheita das plantas, quando os capulhos já se encontram abertos, nenhuma medida de controle é adotada já que a desfolha seria benéfica neste caso, no sentido de uniformizar a operação. Entretanto, caso os surtos ocorram no início do desenvolvimento vegetativo das plantas, quando estas são mais sensíveis ao ataque, medidas de controle curativas são recomendadas. Alguns produtores já utilizam liberações inundativas de vespinhas parasitóides do gênero Trichogramma visando prevenir os surtos populacionais destas pragas. Predadores do gênero Chrysoperla também podem ser liberados, visando exercer ação de controle contra pulgões, tripes, ácaros, ovos de pragas em geral e lagartas de primeiros ínstares. Dado ao menor uso de inseticidas nestes tipos de cultivo, o controle biológico representa uma tática essencial, seja conservativo ou introduzido. Alguns produtores lançam mão ainda da pulverização de extratos ou óleos vegetais que possuam atividade inseticida, tais como extrato de folhas e óleo da semente de Neem, óleo de algodão e outros. Em condições irrigadas podem ocorrer surtos populacionais de pulgões e ácaros que justifiquem a adoção de medidas de controle. Para as demais pragas que ocorrem atacando o algodoeiro, em geral, não são adotadas medidas de controle específicas ou estas tem sua densidade populacional restringida por ocasião da adoção de medidas de controle para os insetos de ocorrência preponderante ou dada a ação do controle biológico natural, que em condição de menor pressão de seleção por pesticidas tem sua ação potencializada. Além disso, as cultivares recomendadas para o cultivo nesta condição em geral não apresentam a mesma restrição de suscetibilidade varietal aos vírus transmitidos por insetos sugadores como aquelas cultivadas na região do Cerrado, algo que contribui para a redução da necessidade de pulverizações. Insetos como os pulgões, quando considerados apenas como pragas agrícolas e não como agentes transmissores de viroses, e desde que ocorram em densidades não econômicas, atraem inimigos naturais para as lavouras
  • 4. que uma vez presentes no agroecossistema irão exercer suas ações de controle também sobre outras pragas que ocorrem atacando o algodoeiro. HELICOVERPA ARMIGERA - Nova praga preocupa produtores de algodão do país Leia mais: http://www.cerradoeditora.com/news/helicoverpa-armigera-nova-praga-preocupa- produtores-de-algod%C3%A3o-do-pais/ A Helicoverpa armigera é uma lagarta que chegou ao Brasil este ano e tem causado graves prejuízos às lavouras de algodão, milho e soja, entre outras. Por isso, ela será um dos principais temas científicos do 9º Congresso Brasileiro do Algodão, que começou nesta terça-feira (03.09) em Brasília e espera receber 2,5 mil visitantes, inclusive do exterior, para discutir as tendências do setor e a crescente importância da cotonicultura brasileira no cenário mundial. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso, a praga não existia no Brasil, mas a lagarta se transforma em borboleta e consegue voar até mil quilômetros, bota ovos e gera novas lagartas, o que explica seu surgimento nas lavouras algodoeiras do país. “Ela come a maçã do algodão com tal voracidade que destrói toda a plantação”, disse Pinesso. Outro assunto que, segundo ele, estará em pauta no Congresso é o do preço mínimo do algodão, que não é reajustado há mais de dez anos. De acordo com o presidente do Congresso, Milton Garbugio, essa edição do evento, que tem como tema geral Algodão, Gestão e Otimização de Resultados, será dividida em duas etapas. “Adotamos estrutura diferenciada das outras edições, com dois dias dedicados ao Módulo Negócios e dois ao Módulo Científico, para dar mais dinâmica aos debates e garantir a participação maior dos congressistas”. Uma lagarta que cresce rapidamente, multiplica-se com velocidade e se alimenta de maneira voraz. No oeste da Bahia, em uma região de cerrado que engloba municípios como Barreiras, São Desidério e Luiz Eduardo Magalhães, as terras são de grandes planícies, com centenas de fazendas modernas, mecanizadas, que cultivam de tudo. O algodão é um dos principais produtos. As lavouras se espalham por 147 propriedades e 260 mil hectares. Todas as áreas já foram invadidas pela nova praga, caso da fazenda Santo Inácio, que fica no município de São Desidério. Uma propriedade típica do oeste baiano, tocada por agricultores que vieram do Sul do Brasil. Marcelo Kappes e o pai, Lauri, cultivam 1,2 mil hectares de algodão e atravessam um momento de crise. Marcelo mostra de perto o estrago nas lavouras da família. Segundo ele, as primeiras lagartas apareceram no ano passado, mas foi só foi este ano que o ataque se tornou mais crítico. Marcelo conta que se alimentando do botão floral, a planta não desenvolve as flores e sem flores, não forma o algodão. A lagarta também pode comer outras brotações do algodoeiro ou ainda perfurar o fruto em uma fase mais avançada. De uma forma
  • 5. ou de outra, o ataque reduz a produtividade das lavouras, às vezes, de maneira violenta. O problema se repete em todo o oeste da Bahia, mas a intensidade dos ataques varia bastante de uma fazenda para outra. Nas contas da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, a helicoverpa deve provocar, nesta safra, uma queda na produção de cerca de 15%. Além de atacar o algodão, a lagarta também tem provocado estragos em outras culturas do oeste baiano, como milho, soja, feijão e sorgo. Segundo as associações de produtores, os prejuízos na região já passam de R$ 1 bilhão. Na Esalq, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, que pertence a Universidade de São Paulo, trabalham alguns dos principais pesquisadores do Brasil no ramo do controle de pragas. Celso Omoto é entomologista, especialista em insetos, e explica que o gênero helicoverpa é tido como extremamente prejudicial a nossa agricultura. "A helicoverpa armígera foi identificada recentemente no Brasil e esse relato foi comprovado pelos pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal de Goiás", diz. Um dos comportamentos que fazem da lagarta uma praga tão perigosa é justamente a capacidade de se alimentar de tudo o que é tipo de lavoura. Técnicos e autoridades não sabem ao certo quando a praga entrou no Brasil, muito menos como e porque isso ocorreu. A helicoverpa armígera pode ter vindo com mudas ou plantas importadas, pode ter migrado naturalmente e há quem acredite em uma ação criminosa contra a agricultura brasileira. O certo é que já há registros da lagarta em estados como Bahia, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, São Paulo, Piauí e Maranhão, Tocantins, Paraná e Rio Grande do Sul. Em alguns lugares, a espécie já foi identificada por cientistas, em outros ainda falta a confirmação oficial.