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SOBRE O INSETO
DANOS E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
CONTROLE
PLANTAS RESISTENTES
CONTROLE CULTURAL
CONTROLE BIOLÓGICO
CONTROLE QUÍMICO
Várias espécies de cigarrinhas (Hemiptera: Cercopidae) são
importantes pragas de pastagens na América tropical. Esses
insetos podem diminuir drasticamente a disponibilidade e
qualidade da gramínea forrageira, reduzindo a capacidade de
suporte das pastagens.
As pastagens são consideradas culturas de baixo valor por
unidade de área, nas quais raramente são adotadas medidas
curativas de controle. Por isso, o controle das cigarrinhas deve ter
um enfoque preventivo, prevalecendo a diversificação das
pastagens, com a inclusão de gramíneas resistentes.
As cigarrinhas-das-pastagens são insetos sugadores, sendo
que as espécies brasileiras estão associadas predominantemente
às gramíneas.
Nas várias regiões do Brasil ocorrem diferentes complexos de
cigarrinhas, sendo que as principais espécies típicas de pastagens
são: Notozulia entreriana, Deois flavopicta, Deois incompleta e
Deois schach.
Cigarrinhas pertencentes ao gênero Mahanarva, associadas
com gramíneas de maior porte, como cana-de-açúcar e capim-
elefante, têm causado danos em pastagens. Espécies desse
gênero apresentam tamanhos maiores do que as cigarrinhas
tipicamente de pastagens.
O ciclo de vida das cigarrinhas inclui as fases de ovo, ninfa
(forma jovem das cigarrinhas) e adultos. A eclosão das ninfas,
provenientes de ovos em diapausa, ocorre no início da estação
chuvosa. As ninfas, após a eclosão, se alojam nas bases das
touceiras, onde permanecem, envoltas por uma massa de espuma
que elas mesmo produzem, até completarem o período ninfal,
originando os adultos. Estes se acasalam, ocorre a oviposição,
dando origem a uma nova geração. O ciclo ovo a ovo varia com as
diferentes espécies, podendo ocorrer várias gerações no período
de infestação.
Embora as ninfas das cigarrinhas típicas de pastagens causem
algum dano, são os adultos dessas espécies os responsáveis pelos
maiores prejuízos. Esses, ao se alimentarem nas folhas, injetam
secreções salivares, determinando clorose e a morte dos tecidos.
Ressalta-se que, para o caso das cigarrinhas pertencentes ao
gênero Mahanarva, os danos são mais severos e, que nesse caso,
os danos causados pelas ninfas são também consideráveis.
Constatou-se que 25 adultos de N. entreriana por metro
quadrado, em 10 dias, reduziram em 35% a produção de matéria
seca de Brachiaria decumbens. Constataram-se, também,
reduções significativas na produção de raízes dessa planta
alertando para o fato de que esses insetos podem afetar a
persistência da gramínea. Pastagens severamente atacadas pelas
cigarrinhas podem apresentar qualidade inferior. Observaram-se
aumento no teor de fibra e reduções significativas na digestibilidade
"in vitro", assim como nos teores de proteína bruta, fósforo,
magnésio, cálcio e potássio de B. decumbens.
Estima-se que os prejuízos causados pelas cigarrinhas-das-
pastagens no Brasil alcançam centenas de milhões de dólares
anualmente. Para a região dos Cerrados no Brasil, onde a área
estimada com B. decumbens é de 15 milhões de hectares, os
prejuízos causados por esses insetos podem atingir cifras,
dependendo da área infestada e do nível de infestação, de até 800
milhões de dólares anuais.
Esforços de controle têm sido concentrados na área de
resistência de plantas a insetos, alternativa reconhecida como de
baixo custo e de fácil adoção. Trata-se da melhor opção de controle
para culturas de baixo valor por unidade de área, como as
pastagens, geralmente estabelecidas em extensas áreas.
Abusca de gramíneas alternativas, visando a diversificação das
pastagens, deve ser uma constante e, por isso, tem havido um
grande esforço no sentido de se identificar gramíneas resistentes
às cigarrinhas.
Novas cultivares, além das características agronômicas
desejáveis, devem apresentar, também, alto grau de resistência a
esses insetos. Além de B. brizantha cv. Marandu, outras
forrageiras, resistentes às cigarrinhas, estão disponíveis para o
produtor, incluindo B. brizantha cv. Piatã, Andropogon gayanus cv.
Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, P. maximum cv.
Mombaça e P. maximum cv. Massai.
Essa é uma alternativa de controle em potencial, necessitando
de mais pesquisas. Há casos em que populações de várias
espécies de insetos, pragas em pastagens, foram reduzidas
manipulando-se a carga-animal.
O impacto do pastejo no número de insetos, aparentemente é
indireto ao afetar o microclima onde vive o inseto.
As populações de cigarrinhas tendem a aumentar em pastagens
viçosas sub utilizadas. Em pastagens de B. decumbens infestada
predominantemente com N. entreriana, observou-se que tanto as
populações de ninfas como de adultos de cigarrinhas diminuíram
com o aumento da pressão de pastejo. Essa observação está
relacionada com a influência benéfica da palha, acumulada na
superfície do solo, na população de cigarrinhas. A quantidade de
palha na superfície do solo aumenta em pastagens sob pressões de
pastejo mais leves, garantindo maior sobrevivência de ovos e
ninfas desses insetos.
Pouca pesquisa tem sido conduzida nessa área de modo a se
explorar o seu potencial. Esforços nessa alternativa de controle,
envolvendo o fungo Metarhizium anisopliae, têm gerado resultados
inconsistentes, limitando a generalização de sua recomendação. O
emprego desse fungo é particularmente interessante nas regiões
com alta precipitação, como o Centro-Norte do país, onde têm sido
constatados danos severos de cigarrinhas do gênero Mahanarva.
O controle biológico apresenta um grande potencial, tendo em vista
que pastagens, em sendo culturas perenes, propiciam, em geral,
um microclima razoavelmente estável, favorecendo a persistência
de inimigos naturais que venham ser liberados. Nesse sentido,
estudos adicionais são necessários, principalmente com o
microhimenóptero Anagrus urichi, um parasitóide de ovos de
cigarrinhas.
O uso de inseticidas químicos em áreas extensas de pastagens
depara com limitações de ordem ecológica e econômica. Caso se
opte pelo controle químico, deve-se levar em consideração o alvo a
ser atingido e o momento da aplicação. O alvo deve ser as
cigarrinhas adultas, uma vez que estas se expõem alimentando-se
na parte aérea das plantas; por ocasião do início da emergência dos
adultos. Com freqüência, o produtor tem lançado mão dessa
ferramenta em ocasiões impróprias, geralmente motivado pela
constatação de danos (amarelecimento) nas pastagens.
Considerando que a longevidade média destes adultos está ao
redor de dez dias, e que a sintomatologia dos danos causados pela
cigarrinha se expressa plenamente após três semanas, ao se
constatar o pasto amarelecido, a quase totalidade da população
responsável por aqueles danos já estaria morta, não se justificando,
portanto, a aplicação de inseticidas naquele momento. Os
princípios ativos aprovados pelo MAPA incluem Carbaril,
Clorpirifós, Fenitrotiom, Malatiom e Naled.
Projeto
Gráfico:
Eliana
Okida
Data:
5/11/2007
Tiragem:
200
Texto
e
Fotos:
J.
R.
Valério
A
n
o
s
1
9
7
7
-
2
0
0
7
Gado de Corte
1. Diversificar as pastagens na propriedade com a inclusão de
gramíneas resistentes às cigarrinhas. Sugere-se:
a) as gramíneas Brachiaria brizantha cv. Marandu, B.
brizantha cv. Piatã, Andropogon gayanus cv. Planaltina,
Panicum maximum cv. Tanzânia, P. maximum cv.
Mombaça e P. maximum cv. Massai.
b) evitar o estabelecimento de áreas extensas com um
único tipo de gramínea, procurando intercalar áreas de
gramíneas suscetíveis com gramíneas resistentes.
2. Manejar as pastagens, ajustando a carga-animal, de modo a
evitar sobra de pasto (evitando-se, porém, o superpastejo).
Objetiva-se com isso, reduzir a quantidade de palha
acumulada ao nível do solo.
3. Controle biológico, através do fungo Metarhizium anisopliae.
Trata-se de um inseticida biológico que, se por um lado,
apresenta a grande vantagem de não poluir o ambiente, nem
tão pouco exigir a retirada dos animais quando de sua
aplicação, por outro, apresenta o ônus associado aos custos
do produto e de sua aplicação. Recomenda-se que as
orientações do fabricante sejam seguidas à risca e que,
sempre que possível, um técnico treinado para acompanhar
a aplicação seja envolvido.
4. Controle químico. Ter a cigarrinha adulta como alvo, no início
de sua emergência. Pouco adianta se a aplicação for feita
após a manifestação plena dos danos (pasto amarelecido).
Utilizar somente produtos inseticidas registrados para uso
em pastagens.
Com base nos conhecimentos disponíveis, recomenda-se:
Ovos Ninfa
Massas de espuma Notozulia entreriana
Deois flavopicta Deois incompleta
Mahanarva fimbriolata
Deois schach
Mahanarva sp. Dano em pastagem Gado de Corte
CIGARRINHAS-DAS-PASTAGENS
CIGARRINHAS-DAS-PASTAGENS
PRAGAS QUE RETORNAM COM AS CHUVAS
PRAGAS QUE RETORNAM COM AS CHUVAS
Na época das chuvas esses insetos causam danos
às pastagens comprometendo sua produção e qualidade.
Diversificar as pastagens com gramíneas resistentes
é o melhor meio para se controlar essas pragas.
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  • 1. SOBRE O INSETO DANOS E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA CONTROLE PLANTAS RESISTENTES CONTROLE CULTURAL CONTROLE BIOLÓGICO CONTROLE QUÍMICO Várias espécies de cigarrinhas (Hemiptera: Cercopidae) são importantes pragas de pastagens na América tropical. Esses insetos podem diminuir drasticamente a disponibilidade e qualidade da gramínea forrageira, reduzindo a capacidade de suporte das pastagens. As pastagens são consideradas culturas de baixo valor por unidade de área, nas quais raramente são adotadas medidas curativas de controle. Por isso, o controle das cigarrinhas deve ter um enfoque preventivo, prevalecendo a diversificação das pastagens, com a inclusão de gramíneas resistentes. As cigarrinhas-das-pastagens são insetos sugadores, sendo que as espécies brasileiras estão associadas predominantemente às gramíneas. Nas várias regiões do Brasil ocorrem diferentes complexos de cigarrinhas, sendo que as principais espécies típicas de pastagens são: Notozulia entreriana, Deois flavopicta, Deois incompleta e Deois schach. Cigarrinhas pertencentes ao gênero Mahanarva, associadas com gramíneas de maior porte, como cana-de-açúcar e capim- elefante, têm causado danos em pastagens. Espécies desse gênero apresentam tamanhos maiores do que as cigarrinhas tipicamente de pastagens. O ciclo de vida das cigarrinhas inclui as fases de ovo, ninfa (forma jovem das cigarrinhas) e adultos. A eclosão das ninfas, provenientes de ovos em diapausa, ocorre no início da estação chuvosa. As ninfas, após a eclosão, se alojam nas bases das touceiras, onde permanecem, envoltas por uma massa de espuma que elas mesmo produzem, até completarem o período ninfal, originando os adultos. Estes se acasalam, ocorre a oviposição, dando origem a uma nova geração. O ciclo ovo a ovo varia com as diferentes espécies, podendo ocorrer várias gerações no período de infestação. Embora as ninfas das cigarrinhas típicas de pastagens causem algum dano, são os adultos dessas espécies os responsáveis pelos maiores prejuízos. Esses, ao se alimentarem nas folhas, injetam secreções salivares, determinando clorose e a morte dos tecidos. Ressalta-se que, para o caso das cigarrinhas pertencentes ao gênero Mahanarva, os danos são mais severos e, que nesse caso, os danos causados pelas ninfas são também consideráveis. Constatou-se que 25 adultos de N. entreriana por metro quadrado, em 10 dias, reduziram em 35% a produção de matéria seca de Brachiaria decumbens. Constataram-se, também, reduções significativas na produção de raízes dessa planta alertando para o fato de que esses insetos podem afetar a persistência da gramínea. Pastagens severamente atacadas pelas cigarrinhas podem apresentar qualidade inferior. Observaram-se aumento no teor de fibra e reduções significativas na digestibilidade "in vitro", assim como nos teores de proteína bruta, fósforo, magnésio, cálcio e potássio de B. decumbens. Estima-se que os prejuízos causados pelas cigarrinhas-das- pastagens no Brasil alcançam centenas de milhões de dólares anualmente. Para a região dos Cerrados no Brasil, onde a área estimada com B. decumbens é de 15 milhões de hectares, os prejuízos causados por esses insetos podem atingir cifras, dependendo da área infestada e do nível de infestação, de até 800 milhões de dólares anuais. Esforços de controle têm sido concentrados na área de resistência de plantas a insetos, alternativa reconhecida como de baixo custo e de fácil adoção. Trata-se da melhor opção de controle para culturas de baixo valor por unidade de área, como as pastagens, geralmente estabelecidas em extensas áreas. Abusca de gramíneas alternativas, visando a diversificação das pastagens, deve ser uma constante e, por isso, tem havido um grande esforço no sentido de se identificar gramíneas resistentes às cigarrinhas. Novas cultivares, além das características agronômicas desejáveis, devem apresentar, também, alto grau de resistência a esses insetos. Além de B. brizantha cv. Marandu, outras forrageiras, resistentes às cigarrinhas, estão disponíveis para o produtor, incluindo B. brizantha cv. Piatã, Andropogon gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, P. maximum cv. Mombaça e P. maximum cv. Massai. Essa é uma alternativa de controle em potencial, necessitando de mais pesquisas. Há casos em que populações de várias espécies de insetos, pragas em pastagens, foram reduzidas manipulando-se a carga-animal. O impacto do pastejo no número de insetos, aparentemente é indireto ao afetar o microclima onde vive o inseto. As populações de cigarrinhas tendem a aumentar em pastagens viçosas sub utilizadas. Em pastagens de B. decumbens infestada predominantemente com N. entreriana, observou-se que tanto as populações de ninfas como de adultos de cigarrinhas diminuíram com o aumento da pressão de pastejo. Essa observação está relacionada com a influência benéfica da palha, acumulada na superfície do solo, na população de cigarrinhas. A quantidade de palha na superfície do solo aumenta em pastagens sob pressões de pastejo mais leves, garantindo maior sobrevivência de ovos e ninfas desses insetos. Pouca pesquisa tem sido conduzida nessa área de modo a se explorar o seu potencial. Esforços nessa alternativa de controle, envolvendo o fungo Metarhizium anisopliae, têm gerado resultados inconsistentes, limitando a generalização de sua recomendação. O emprego desse fungo é particularmente interessante nas regiões com alta precipitação, como o Centro-Norte do país, onde têm sido constatados danos severos de cigarrinhas do gênero Mahanarva. O controle biológico apresenta um grande potencial, tendo em vista que pastagens, em sendo culturas perenes, propiciam, em geral, um microclima razoavelmente estável, favorecendo a persistência de inimigos naturais que venham ser liberados. Nesse sentido, estudos adicionais são necessários, principalmente com o microhimenóptero Anagrus urichi, um parasitóide de ovos de cigarrinhas. O uso de inseticidas químicos em áreas extensas de pastagens depara com limitações de ordem ecológica e econômica. Caso se opte pelo controle químico, deve-se levar em consideração o alvo a ser atingido e o momento da aplicação. O alvo deve ser as cigarrinhas adultas, uma vez que estas se expõem alimentando-se na parte aérea das plantas; por ocasião do início da emergência dos adultos. Com freqüência, o produtor tem lançado mão dessa ferramenta em ocasiões impróprias, geralmente motivado pela constatação de danos (amarelecimento) nas pastagens. Considerando que a longevidade média destes adultos está ao redor de dez dias, e que a sintomatologia dos danos causados pela cigarrinha se expressa plenamente após três semanas, ao se constatar o pasto amarelecido, a quase totalidade da população responsável por aqueles danos já estaria morta, não se justificando, portanto, a aplicação de inseticidas naquele momento. Os princípios ativos aprovados pelo MAPA incluem Carbaril, Clorpirifós, Fenitrotiom, Malatiom e Naled.
  • 2. Projeto Gráfico: Eliana Okida Data: 5/11/2007 Tiragem: 200 Texto e Fotos: J. R. Valério A n o s 1 9 7 7 - 2 0 0 7 Gado de Corte 1. Diversificar as pastagens na propriedade com a inclusão de gramíneas resistentes às cigarrinhas. Sugere-se: a) as gramíneas Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. Piatã, Andropogon gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, P. maximum cv. Mombaça e P. maximum cv. Massai. b) evitar o estabelecimento de áreas extensas com um único tipo de gramínea, procurando intercalar áreas de gramíneas suscetíveis com gramíneas resistentes. 2. Manejar as pastagens, ajustando a carga-animal, de modo a evitar sobra de pasto (evitando-se, porém, o superpastejo). Objetiva-se com isso, reduzir a quantidade de palha acumulada ao nível do solo. 3. Controle biológico, através do fungo Metarhizium anisopliae. Trata-se de um inseticida biológico que, se por um lado, apresenta a grande vantagem de não poluir o ambiente, nem tão pouco exigir a retirada dos animais quando de sua aplicação, por outro, apresenta o ônus associado aos custos do produto e de sua aplicação. Recomenda-se que as orientações do fabricante sejam seguidas à risca e que, sempre que possível, um técnico treinado para acompanhar a aplicação seja envolvido. 4. Controle químico. Ter a cigarrinha adulta como alvo, no início de sua emergência. Pouco adianta se a aplicação for feita após a manifestação plena dos danos (pasto amarelecido). Utilizar somente produtos inseticidas registrados para uso em pastagens. Com base nos conhecimentos disponíveis, recomenda-se: Ovos Ninfa Massas de espuma Notozulia entreriana Deois flavopicta Deois incompleta Mahanarva fimbriolata Deois schach Mahanarva sp. Dano em pastagem Gado de Corte CIGARRINHAS-DAS-PASTAGENS CIGARRINHAS-DAS-PASTAGENS PRAGAS QUE RETORNAM COM AS CHUVAS PRAGAS QUE RETORNAM COM AS CHUVAS Na época das chuvas esses insetos causam danos às pastagens comprometendo sua produção e qualidade. Diversificar as pastagens com gramíneas resistentes é o melhor meio para se controlar essas pragas. Apoio: