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Aulas de história no bolso
1. Aulas de História no bolso
Escrito por Fábio Torres
Detalhes
Publicado em 09 Novembro 2015
Blog e aplicativo são criados por professor mineiro e revolucionam prática
pedagógica com alunos dos ensinos fundamental e médio
É difícil não ter escutado pelo menos uma vez na vida a seguinte frase sobre os
smartphones: “eu vivia tão bem sem ele antes, hoje não vivo sem!”. Se você nunca a
ouviu, certamente ouviu ou leu algo similar. Esses aparelhos que não existiam até 10
ou 15 anos atrás hoje são parceiros constantes, principalmente dos jovens. Ciente
disso, o professor de História Rodolfo Alves Pereira, que leciona nas redes estaduais
2. de Minas Gerais e Rio de Janeiro e já tinha um blog sobre a disciplina, criou um jeito
inovador e moderno para inserir o smartphone em suas aulas: com ajuda de uma
plataforma paga, ele criou um aplicativo com os conteúdos estudados pelos alunos.
Pereira leciona História há nove anos, após se apaixonar pela disciplina e pela
docência durante um curso preparatório em Juiz de Fora (MG). Desde então, ele vem
buscando novas formas de ensinar, algo que iniciou em 2010 com a criação do blog
Acrópole. “Minha ideia era torná-lo um ambiente virtual de aprendizagem para
todos os meus alunos, contendo vários tipos de fontes históricas, como textos,
imagens, vídeos, cartas, depoimentos, sugestões de leitura, além de trabalhos e
textos escritos pelos próprios estudantes. No blog, também divulgo artigos de
opinião de interesse público”, explica o professor. Quatro anos depois, em agosto de
2014, com o incentivo de duas alunas do Centro Integrado de Educação Pública
(CIEP) 280 Professor Vasco Fernandes da Silva Porto, da cidade do Carmo (RJ), o
blog “evoluiu” e assim surgiu o aplicativo Acrópole, disponível gratuitamente para os
alunos o baixarem em seus celulares e tablets. “Foi então que comecei a utilizar o
celular como ferramenta de aprendizagem, dinamizando o acesso ao conteúdo do blog
e também as aulas de História”, conta Pereira.
O app mudou a cara das aulas de História, para a felicidade dos alunos. “Acredito
que o uso das mídias e tecnologias na escola é um meio de facilitar a
aprendizagem e deixar o ensino mais dinâmico”, afirma Juliana Conde Ribeiro, do
CIEP 280. Já Nívea de Azevedo Salgado, aluna do mesmo colégio, destaca a
diversidade de conteúdos disponibilizados nas plataformas: “essas atividades nos
ajudam 100% nos estudos, pois nos motivam a estudar e conhecer mais sobre os
conteúdos dados em sala de aula”. O blog Acrópole e o aplicativo são igualmente um
sucesso entre os alunos da Escola Estadual Luiz Salgado Lima, de Leopoldina (MG),
onde Pereira também trabalha. “O blog e o aplicativo são um jeito mais fácil e
prático de aprender as matérias, ainda mais hoje em dia que as pessoas têm
preguiça de abrir livros e estão sempre no celular”, afirma a estudante Vanessa de
Souza Vieira Dutra, que complementa: “mantendo o aplicativo no celular, dá para
estudar por ele, e isso é muito legal porque nenhum professor meu pensou nisso
antes”. Segundo Pereira, o projeto começou com 90 alunos do 9º ano do ensino
fundamental, mas hoje estudantes de 18 turmas do 6º ano do fundamental até o 3º ano
do ensino médio de ambas as escolas utilizam o blog e o app.
Inspiração e reconhecimento
Além do sucesso com os jovens, o trabalho de Pereira tem inspirado também alguns
professores a começarem a usar o celular durante as aulas. “Percebi que, com a
divulgação dos resultados do projeto, alguns colegas de trabalho notaram a
importância de registrar tudo o que é produzido no dia a dia escolar, por meio de
3. fotografias e divulgação de suas ações pedagógicas nas redes sociais”, revela. O
docente inclusive admite que o blog e o aplicativo Acrópole são acompanhados pelos
seus colegas educadores. “Alguns colegas me parabenizaram pela iniciativa e vários
deles acompanham o blog e a fanpage do Acrópole que está no Facebook”, diz
Pereira.
Os elogios para a iniciativa não se limitam apenas ao ambiente dos colégios. Em
2014, o projeto “O celular como ferramenta de leitura e aprendizagem” terminou
como um dos finalistas do Prêmio Vivaleitura. “Estar entre os cinco finalistas de
um prêmio nacional deu visibilidade ao projeto, impulsionando o trabalho rumo
a novas conquistas. Quando estivemos em Brasília, em dezembro de 2014, para
participar do prêmio, promovemos o nome de nossas escolas e suas respectivas
cidades de localização, e isso deixou todos muito orgulhosos”, relembra Pereira. Os
bons resultados obtidos só incentivam o professor a continuar com as plataformas e
também o estimulam a tentar novos projetos. “Tenho vários planos e sonhos, como
publicar um livro reunindo textos e artigos postados no blog e ingressar em um curso
de mestrado na área de História ou Educação”, revela.
Reportagem publicada na edição de setembro de 2015.