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DE SIMULADOR
DE TESTES
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MANUAL CERTIFICADO
FACULDADE DE LETRAS
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
PORTUGUÊS10.ºANO
CéliaCameira
FernandaPalma
RuiPalma
MANUAL DO PROFESSOR
Índice geral
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
22 Mensagens cruzadas
24 Contextualização histórico-literária
Cantigas de amigo
30
«Ondas do mar de Vigo»
Martim Codax
34
«Ai flores, ai flores do verde pino»
D. Dinis
36
«Levad’, amigo que dormides as
manhanas frias»
Nuno Fernandes Torneol
40
«Bailemos nós já todas tres,
ai amigas»
Airas Nunes
Cantigas de amor
48
«Proençaes soem mui bem trobar»
D. Dinis
48
«Quer’eu em maneira de proençal»
D. Dinis
50
«Se eu podesse desamar»
Pero da Ponte
Cantigas de escárnio e maldizer
56
«Ai, dona fea, fostes-vos queixar»
João Garcia de Guilhade
58
«Roi Queimado morreu
com amor»
Pero Garcia Burgalês
60
«Quen a sesta quiser dormir»
Pero da Ponte
pp. GRAMÁTICA
31
Classes e subclasses de
palavras
35 Funções sintáticas
37
Tempos e modos verbais.
Processos fonológicos
38
Fonética e fonologia.
Processos fonológicos
(inserção, supressão e
alteração)
41
Classes de palavras.
Tempos e modos verbais.
Lexicologia: arcaísmo
45
Tempos e modos verbais.
Adjetivos
49
A frase complexa:
coordenação e subordinação.
51
Processos fonológicos.
Formas verbais
59
Funções sintáticas.
Classes e subclasses de
palavras
64
O português: génese,
variação e mudança.
Principais etapas da
formação e evolução do
português
pp. ORALIDADE
35
Apreciação crítica:
Mixórdia de temáticas,
«Níveis prejudiciais de
amor»,
Ricardo Araújo Pereira
44
Compreensão:
Anúncio publicitário
45
Apreciação crítica:
«A idade média está na
moda»
61
Apreciação crítica:
O país onde a maledicência
é melhor que o silêncio,
Mariana Seruya Cabral
pp. ESCRITA
42
Exposição sobre um tema:
Piropo, Miguel Esteves
Cardoso (crónica)
52
Apreciação crítica:
O beijo, Francisco García
Lorca (desenho)
pp. LEITURA
54
Exposição sobre um tema:
O rei que refundou
Portugal, Luís Miguel
Queirós
68 Mensagens de hoje 69 Glossário 70 Ficha formativa
Unidade 1 Poesia trovadoresca
Unidade 0 Diagnose e projeto de leitura
pp.
12 Avaliação diagnóstica 18 Projeto de leitura
2
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
108 Mensagens cruzadas
110
Contextualização
histórico-literária
Farsa de Inês Pereira
117
«Sem casamento, que
enfadamento…»
120
«Pretendente apresentado e
logo rejeitado…»
126
«Aparece um escudeiro e é
solteiro…»
132
«Casamento celebrado,
casamento frustrado?»
137
«Que casamento e que
tormento!»
142 «Bem casar para livre estar…»
pp. GRAMÁTICA
119
Fonética e fonologia.
Processos fonológicos
124
Frases complexas:
coordenação e subordinação
128 Funções sintáticas
129 Complemento do nome
139
Processos fonológicos.
Funções sintáticas
146
Do português antigo ao
português contemporâneo.
Tempos e modos verbais.
Funções sintáticas.
pp. ORALIDADE
128
Apreciação crítica:
Cartoon
152
Reportagem: «Educação:
de iletradas a superletradas»
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
76 Mensagens cruzadas
78
Contextualização
histórico-literária
Crónica de D.João I
83
«Do alvoroço que foi na cidade
cuidando que matavom
o Meestre, e como aló foi
Alvoro Paaez e muitas
gentes com ele»
90
«Das tribulações que Lixboa
padecia per mingua de
mantiimentos»
pp. GRAMÁTICA
85
A frase complexa:
coordenação
88
Predicativo do
complemento direto
93
Funções sintáticas.
A frase complexa
98
Processos irregulares de
formação de palavras
pp. ORALIDADE
86
Apresentação: «O meu 25
de abril», Francisco Sousa
Tavares (crónica)
pp. ESCRITA
94
Exposição sobre um tema:
«Fome e miséria»
98
Apreciação crítica:
«Manifestação cultural»
pp. LEITURA
97
Apreciação crítica: «A estranha
vida de Steve Jobs»,
João Pedro Pereira
100 Mensagens de hoje 101 Glossário 102 Ficha formativa
154 Mensagens de hoje 155 Glossário 156 Ficha formativa
Unidade 2 Fernão Lopes – Crónica de D. João I
Unidade 3 Gil Vicente – Farsa de Inês Pereira
pp. ESCRITA
124
Apreciação crítica: Excerto do
programa 5 para a meia-noite
136
Exposição sobre um tema:
A relevância do espaço na
Farsa de Inês Pereira
140
Exposição sobre um tema:
A construção do tempo
na A Farsa de Inês Pereira
146
Exposição sobre um tema:
«A farsa de Inês Pereira, crítica
de costumes»
3
4
Unidade 4 Luís de Camões, Rimas
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
162 Mensagens cruzadas
164
Contextualização
histórico-literária
A representação da amada
170 «Leva na cabeça o pote»
171 «Posto o pensamento nele»
173 «A verdura amena»
176 «Aquela cativa»
178
«Um mover d’olhos brando
e piadoso»
A experiência amorosa
e a reflexão sobre o Amor
182
«Tanto de meu estado me acho
incerto»
182
«Pede o desejo, Dama, que vos
veja»
A representação da natureza
185
«Alegres campos, verdes
arvoredos»
A reflexão sobre a vida pessoal
188
«Erros meus, má fortuna, amor
ardente»
188
«O dia em que eu nasci, moura
e pereça»
O desconcerto do mundo
191 «Os bons vi sempre passar»
A mudança
196
«Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades»
pp. GRAMÁTICA
172
Funções sintáticas.
A frase complexa:
subordinação
174
A frase complexa: coordenação
e subordinação.
Funções sintáticas.
Campo lexical
175
Campo lexical e campo
semântico
177 Campo semântico
179
Funções sintáticas.
A frase complexa: subordinação
183
Classes de palavras.
Processos regulares
de formação de palavras
186
Funções sintáticas.
A frase complexa:
coordenação.
Classes de palavras.
Pronominalização
189
A frase complexa:
subordinação
192
Funções sintáticas.
Conectores frásicos.
Processos regulares de
formação de palavras.
Étimo
194
Étimo, palavras divergentes
e convergentes
197 Funções sintáticas
199 Complemento do adjetivo
203
Principais etapas da formação
e da evolução do português
pp. ORALIDADE
174
Apreciação crítica:
«Se eu fosse um dia o teu
olhar», Pedro Abrunhosa
180
Exposição sobre um tema:
«Estâncias na medida velha
que têm duas contrariedades:
louvando e deslouvando uma
dama», análise e comparação
de «[Vós] sois NJa Dama» e «De
grão merecer», Luís de Camões
183
Apresentação:
«Amor é um fogo que arde sem
se ver», de Luís de Camões e
versão musicada do mesmo
poema, Polo Norte
186
Exposição sobre um tema:
«A Gaivota dos Alteirinhos»,
Jorge Palma
pp. ESCRITA
172
Exposição sobre um tema:
Leitura comparativa entre
«Ondas do mar de Vigo»,
Martim Codax, e «Posto o
pensamento nele», Luís de
Camões
177
Exposição sobre um tema:
Belle, Amma Asante (filme)
189
Exposição sobre um tema:
«O erro, o arrependimento
e as consequências»
197
Apreciação crítica:
«O futuro das nossas
crianças», Trayko Popov
(cartoon)
201
Síntese: «Camões tornado
carne», Raquel Ribeiro
(notícia)
206 Mensagens de hoje 207 Glossário 208 Ficha formativa
5
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
214 Mensagens cruzadas
217 A epopeia: natureza da obra
Os Lusíadas
222
Constituição da matéria épica:
canto I, ests. 1 a 3 (Proposição)
226
Constituição da matéria épica:
canto I, ests. 4 e 5 (Invocação)
228
Constituição da matéria épica:
canto I, ests. 6 a 18 (Dedicatória)
231
Reflexões do poeta: canto I, ests.
105 e 106 («Bicho da terra tão
pequeno»)
233
Reflexões do poeta: canto V, ests.
92 a 100 (Partida de Vasco da
Gama)
237
Reflexões do poeta: canto VII,
ests. 78 a 87 (Ninfas do Tejo e do
Mondego)
240
Reflexões do poeta: canto VIII,
ests. 96 a 99 (O poder corrupto
do dinheiro)
244
Constituição da matéria épica/
/mitificação do herói: canto IX ests.
52-53 e 66 a 70 (A chegada à Ilha
dos Amores)
248
Reflexões do poeta: canto IX, ests.
88 a 95 (A Ilha dos Amores e a
imortalidade)
254
Constituição da matéria épica:
canto X, ests. 75 a 79 (A Máquina
do Mundo)
256
Constituição da matéria épica:
canto X, ests. 80 a 91 (A Máquina
do Mundo)
260
Reflexões do poeta: Canto X, ests.
145 a 156 (Lamentações e profecia
de futuras glórias nacionais)
pp. GRAMÁTICA
223
Complemento do nome.
A frase complexa:
subordinação
226 Funções sintáticas
230
Funções sintáticas.
Campo lexical.
Arcaísmos e neologismos.
Hiperonímia e hiponímia
232
Campo lexical.
Classes de palavras.
Antonímia
235
A frase complexa:
subordinação.
Processos fonológicos.
Processos regulares
e irregulares de formação
de palavras
239 Arcaísmo e neologismo
255 Processos fonológicos
259
Arcaísmos.
A frase complexa:
subordinação.
Campo semântico.
Palavras divergentes.
Funções sintáticas
267 Funções sintáticas
269
Do português antigo ao
português contemporâneo
pp. ORALIDADE
235
Apreciação crítica:
Anibaleitor, Rui Zink
(romance)
238
Síntese: Uma geração (des)
interessada, Teresa Camarão
(documentário)
251
Anúncio publicitário: «Azeite
Gallo – Poema»
pp. ESCRITA
230
Exposição sobre um tema:
«A importância do sonho»
232
Exposição sobre um tema:
A ambição humana;
«O homem, bicho da Terra
tão pequeno», Carlos
Drummond de Andrade
(poema)
241
Apreciação crítica:
Cartoon, Luís Afonso
259
Exposição sobre um
tema: Comparação entre
Os Lusíadas, de Luís de
Camões, e Troia, filme de
Wolgang Petersen
262
Síntese: Sob o signo do
Império, J. Oliveira Macêdo
(ensaio, excerto)
pp. LEITURA
266
Artigo de divulgação
científica: «Como se faz um
campeão»
Unidade 5 Os Lusíadas
274 Mensagens de hoje 275 Glossário 276 Ficha formativa
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
282 Mensagens cruzadas
284
A literatura de catástrofe: a
História trágico-marítima
Literatura de viagens
285
«O início da aventura do herói
Albuquerque»
290
«Um duplo ataque: os
corsários e a natureza»
295
«Acabam-se os trabalhos: a
justa recompensa»
pp. GRAMÁTICA
287 Funções sintáticas
298
Campo lexical e campo
semântico; arcaísmos e
neologismos
pp. LEITURA
301
Relato de viagem: «Marrocos,
uma comarca exótica», Tiago
Salazar
pp. ORALIDADE
288
Documentário: Caravelas e
naus – um choque tecnológico
no século XVI
294
Síntese: «A milionária cadeia
da pirataria na Somália»,
Gabriel Bonis (artigo)
Unidade 6 História trágico-marítima
pp. ESCRITA
298
Apreciação crítica: História
trágico-marítima, Helena
Vieira da Silva (pintura)
304 Mensagens de hoje 305 Glossário 306 Ficha formativa
6
7
SIGA Síntese informativa e gramatical de apoio
pp. I. ESCRITA E ORALIDADE
311 Exposição sobre um tema
312 Apreciação crítica
313 Síntese
pp. II. TEXTOS LITERÁRIOS
314 Texto poético
315 Texto dramático
317 Texto narrativo
pp. III. GRAMÁTICA (cont.)
324 Sintaxe
Funções sintáticas
Colocação do pronome pessoal átono
Transformação da voz ativa em voz passiva
Coordenação e Subordinação
328 Lexicologia
329 Semântica
Valores de tempo, modo e aspeto em algumas
formas verbais
330
Análise do discurso e pragmática
Texto/linguística textual
Articuladores/conectores do discurso
Reprodução do discurso no discurso
Paratextos
334 Recursos expressivos
pp. III. GRAMÁTICA
319 Morfologia
Processos regulares de formação de palavras
Derivação
Composição
320 Classes de palavras
Classes e subclasses de palavras
Nome
Adjetivo
Verbo
Advérbio e locução adverbial
Quantificador
Interjeição e locução interjetiva
Determinante
Pronome
Preposição e locução prepositiva
Conjunção e locução conjuncional
8
Unidade
1
32 Ficha n.º 1 Cantigas de amigo – caracterização formal
38 Ficha n.º 2 Fonética e fonologia
43 Ficha n.º 3
Cantigas de amigo – variedade do sentimento amoroso; confidência
amorosa; relação com a natureza
46 Ficha n.º 4 Publicidade
53 Ficha n.º 5 Cantigas de amor
63 Ficha n.º 6 Cantigas de escárnio e maldizer
64 Ficha n.º 7 O português: génese, variação e mudança
Unidade
2
87 Ficha n.º 1 Os atores individuais e coletivos
88 Ficha n.º 2 Predicativo do complemento direto
95 Ficha n.º 3 A afirmação da consciência coletiva
99 Ficha n.º 4 Processos irregulares de formação de palavras
Unidade
3
125 Ficha n.º 1 Os processos de cómico
129 Ficha n.º 2 Complemento do nome
141 Ficha n.º 3 Representação do quotidiano
147 Ficha n.º 4 Caracterização das personagens; dimensão satírica
153 Ficha n.º 5 Reportagem
Unidade
4
175 Ficha n.º 1 Campo lexical e campo semântico
181 Ficha n.º 2 A representação da amada
184 Ficha n.º 3 A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor
187 Ficha n.º 4 A representação da natureza
190 Ficha n.º 5 Reflexão sobre a vida pessoal
193 Ficha n.º 6 O desconcerto do mundo
194 Ficha n.º 7 Étimo, palavras divergentes e convergentes
198 Ficha n.º 8 O tema da mudança
199 Ficha n.º 9 Complemento do adjetivo
200 Ficha n.º 10 Medida velha e medida nova
203 Ficha n.º 11 Principais etapas da formação e da evolução do português
Unidade
5
224 Ficha n.º 1 Imaginário épico I
227 Ficha n.º 2 Imaginário épico II
239 Ficha n.º 3 Arcaísmo e neologismo
242 Ficha n.º 4 Reflexões do poeta
246 Ficha n.º 5 Mitificação do herói
252 Ficha n.º 6 Imaginário épico/reflexões do poeta
264 Ficha n.º 7 Canto X – Lamentações e profecia de futuras glórias nacionais
268 Ficha n.º 8 Artigo de divulgação científica
269 Ficha n.º 9 Genealogia linguística
Unidade
6
289 Ficha n.º 1 Documentário
299 Ficha n.º 2 As aventuras e desventuras dos Descobrimentos
303 Ficha n.º 3 Relato de viagem
FICHAS INFORMATIVAS
pp.
9
Verbos de instrução
Analisar
Decompor o objeto a ser analisado, a fim de examinar e identificar as partes, relações e os
princípios envolvidos, que levam à compreensão do todo.
Apresentar Expor, dar a conhecer de maneira sucinta.
Argumentar
Enunciar os raciocínios que constituem um pensamento, defender ideias, opiniões a respeito de
um determinado assunto.
Associar Estabelecer uma correspondência, uma relação entre duas ou mais afirmações, ideias,...
Caracterizar Pôr em evidência, descrever as propriedades de alguém ou algo.
Citar/apontar Mencionar, indicar, de forma breve, determinado aspeto de um assunto.
Classificar Reunir em classes ou respetivos grupos, segundo um sistema de classificação.
Comentar Opinar, discutir sobre o que foi lido, num determinado contexto, dado pelo enunciado.
Comparar/confrontar
Examinar simultaneamente dois ou mais objetos, a fim de conhecer as semelhanças, diferenças
ou estabelecer relações.
Comprovar Provar uma proposição (afirmação), juntar as provas da sua verdade.
Definir Dizer em que consiste. Expor um conceito, clara e precisamente.
Delimitar Estabelecer limites, dizer o início e o fim de sequências.
Confirmar Afirmar, com outras palavras, o já dito; ratificar; corroborar.
Criticar Julgar com critério, com discernimento, analisando o lado positivo e o negativo.
Descrever Apresentar características distintivas, possibilitando visualizar o objeto em descrição.
Discutir Analisar uma questão, um problema, um assunto, pelo exame das razões e provas.
Enumerar Listar factos, dados, características, argumentos; especificar um a um.
Esclarecer Elucidar, tornar compreensível o sentido de uma afirmação, um pensamento,…
Exemplificar Dar exemplos, comprovar com evidências de um texto (abrir e fechar aspas).
Explicar Dar a conhecer ou expor factos, resultado de uma interpretação e compreensão.
Explicitar Tornar explícito, claro e preciso o sentido do que se quer dar a conhecer.
Exprimir o ponto de vista Dar a opinião, fundamentando.
Identificar Reconhecer e apontar os elementos fundamentais ou as principais características.
Ilustrar Explicar, usando exemplos concretos.
Interpretar
Expor o sentido, com clareza e objetividade, dentro de um determinado contexto, a fim de
mostrar uma compreensão do assunto.
Justificar Provar, fundamentar, dar razões convincentes.
Referir Indicar factos e dados que se relacionam ou explicam determinada situação.
Relacionar Estabelecer uma relação (de oposição, semelhança,…); confrontar realidades.
Resumir
Distinguir as ideias centrais de um texto das secundárias, obtendo a síntese, que corresponde à
compreensão do que foi lido.
Transcrever Copiar o que se pede, tal como está no texto original (abrir e fechar aspas).
VERBO SENTIDO
0
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
PROJETO DE LEITURA
Que livros ler?
O que fazer?
t Escrita;
t Oralidade.
Como divulgar?
DIAGNOSE E PROJETO
DE LEITURA
Vicent van Gogh, Still Life – French Novels and a Rose, c. 1888 (pormenor).
12 Unidade 0 // DIAGNOSE E PROJETO DE LEITURA
AVALIAÇÃO
DIAGNÓSTICA
COTAÇÕES
GrupoI
1. 18pontos
1.1 9pontos
1.2 9pontos
2. 18pontos
3. 10pontos
4.1 6pontos
4.2 5pontos
4.3 5pontos
80pontos
Grupo I
Lê atentamente o seguinte texto.
Um livro
Levou-me um livro em viagem,
não sei por onde é que andei.
Corri o Alasca, o deserto,
andei com o sultão no Brunei?
P’ra falar verdade, não sei.
Com um livro cruzei o mar,
não sei com quem naveguei.
Com marinheiros, corsários,
tremendo de febres e medo?
P’ra falar verdade, não sei.
Um livro levou-me p’ra longe,
não sei por onde é que andei.
Por cidades devastadas,
no meio da fome e da guerra?
P’ra falar verdade, não sei.
Um livro levou-me com ele
até ao coração de alguém,
e aí me enamorei –
de uns olhos ou de uns cabelos?
P’ra falar verdade, não sei.
Um livro num passe de mágica
tocou-me com o seu feitiço:
deu-me a paz e deu-me a guerra,
mostrou-me as faces do homem
– porque um livro é tudo isso.
Levou-me um livro com ele
pelo mundo a passear,
não me perdi nem me achei
– porque um livro é afinal…
um pouco da vida, bem sei.
João Pedro Mésseder,
O g é um gato enroscado,
Alfragide, Editorial Caminho, 2003, p. 4
5
10
15
20
25
30
André Letria, Se eu fosse um livro, 2011.
13
Avaliação diagnóstica
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas às questões que se seguem.
1. Classifica as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F).
a) O sujeito poético levou um livro quando foi viajar.
b) O sujeito poético percorreu mar e terra.
c) Os sítios por onde passou assemelhavam-se a paraísos ou infernos.
d) O sujeito poético não conheceu a paixão através dos livros.
e) Nos livros, não está contemplada a vertente multifacetada do Homem.
f) No final do poema, é evidente a importância concedida ao livro.
1.1 Corrige as afirmações falsas.
1.2 Transcreve do poema versos que comprovem as afirmações verdadeiras.
2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da
coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras.
A B
a) Com a construção anafórica no primeiro
verso da 3.ª, 4.ª e 5.ª estrofes,
1. o enunciador questiona a
autenticidade das suas viagens.
b) Com a sucessão de frases
interrogativas,
2. o enunciador contrasta experiências
literárias.
c) Com as diversas enumerações,
3. o enunciador reitera o meio pelo qual
viaja.
d) Com a metáfora «tocou-me com o seu
feitiço» (v. 22),
4. o enunciador acentua a incerteza
quanto à veracidade das suas vivências.
e) Com a antítese «Deu-me a paz e
deu-me a guerra» (v. 23),
5. o enunciador ilustra o poder
transformador da literatura.
f) Com a repetição do verso final, nas
quatro primeiras estrofes,
6. o enunciador sugere a quantidade de
experiências literárias.
3. Identifica o tema do poema.
4. Atenta na forma como o poema está escrito.
4.1 Classifica as estrofes quanto ao número de versos.
4.2 Classifica a rima presente nos dois últimos versos da primeira estrofe.
4.3 Quanto à métrica, divide e classifica o primeiro verso do poema.
PROFESSOR
GrupoI
1.
a)F; b)V; c)V; d)F; e)F; f)V.
1.1a)Umlivroéqueofezviajar.
d) Pelas leituras, também conheceu
apaixão.
e) As várias faces do Homem estão
presentesnoslivros.
1.2b)«CorrioAlasca,odeserto»(v.3)
e«Comumlivrocruzeiomar»(v.6);
c)«Deu-meapazedeu-meaguerra»
(v.23);
f) «porque um livro é afinal… / um
poucodavida»(vv.29-30).
2. a)3.; b)1.; c)6.; d)5.; e)2.; f)4.
3. O tema do poema é a riqueza que
advémdasexperiênciasdeleitura.
4.1 Quintilhas.
4.2Rimaemparelhada.
4.3 Le/vou/-me um / li/vro em/vi/a/
gem – heptassílabo, redondilha
maior.
Sugestão
A correção da avaliação diagnóstica
pode ser feita através de heterocor-
reção. As correções são projetáveis
em
14 Unidade 0 // DIAGNOSE E PROJETO DE LEITURA
COTAÇÕES
GrupoII
1. 15pontos
2.1 5pontos
2.1.1 2pontos
2.2 5pontos
2.3 5pontos
3. 8pontos
40pontos
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Grupo II
Lê atentamente o seguinte texto.
A LEITURA NO ECRÃ
O mundo digital, com os seus
ecrãs e as ligações em rede, veio
criar uma nova forma de ler que é
diferente da dos livros e jornais em
papel. Perante o novo paradigma,
surge toda uma cultura e um con-
junto de competências que urge
aprender, com muitas potencialida-
des e desvantagens à mistura.
É inegável que a era da internet veio
mesmo para ficar, e é com essa reali-
dade em mente que se tenta delinear
uma estratégia para ler no ambiente que
criou. Tal como referem os sociólogos
Gustavo Cardoso e Tiago Lima Quinta-
nilha, em A sociedade dos ecrãs (2013),
ao mesmo tempo que existe uma aposta
cada vez maior em tecnologias assentes
em ecrãs, vemos também uma tendên-
cia para os processos e ferramentas de
mediação dependerem dessa «ecrani-
zação», sendo ambos um «resultado
do crescimento sustentado do modelo
Web». Basicamente, um ecrã que esteja
ligado à rede propicia uma experiência
de leitura que recorre ao multimédia, à
interatividade e à existência de hiperli-
gações. Com o advento da Web 2.0, a
norma passa igualmente por ter o leitor
a produzir e a publicar conteúdos, seja
na blogosfera, nas redes sociais ou atra-
vés de website que tenha criado.
Perante este novo ecossistema, vem
ao de cima a necessidade de uma cultura
digital que dote o leitor de uma capaci-
dade crítica e reflexiva, de modo a saber
procurar e lidar com a informação que
tem em mãos, não bastando dominar a
vertente técnica das tecnologias que se
usam: podemos saber guiar um auto-
móvel, por exemplo, mas se nos faltar
a capacidade de analisar cada situação
que se nos depara na estrada, o erro e o
desastre são quase certos.
Para José Afonso Furtado, «com a
velocidade a que as coisas estão a mudar,
as pessoas têm de ter uma cultura da
informação que seja suficientemente
flexível e ágil para se habituarem a lidar
com problemas inesperados». Acima de
tudo, «a prática da leitura digital implica
novas competências para a apropriação do
texto», entre elas: a capacidade de navegar
por entre os dados a que temos acesso; a
marcação daquilo que verdadeiramente
nos interessa; saber copiar os dados que
queremos; fazer uma boa prospeção,
capaz de encontrar com precisão aquilo
de que necessitamos; realizar anotações às
informações que reunimos; armazenar de
forma organizada os dados que usamos,
para a eles recorrermos quando necessi-
tamos (memória); e aprender a publicar
informação que reunimos.
Tal como explicou o filósofo francês
Michel Foucault, «as fronteiras de um
livro nunca estão claramente defini-
das», pois existe, dentro dele, todo um
«sistema de referências a outros livros,
outros textos, outras frases: é um nó
dentro de uma rede, uma rede de refe-
rência». Nunca estas palavras se revela-
ram tão apropriadas como hoje.
JPL, «Do papel para o digital – a leitura no ecrã»,
in Superinteressante, n.º 193, maio de 2014, pp. 64-65 (texto com supressões)
15
Avaliação diagnóstica
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas às questões que se seguem.
1. Para responderes a cada um dos itens 1.1 a 1.5, seleciona a opção correta.
1.1 O mundo digital
(A) propicia possibilidades díspares de leitura.
(B) mantém as possibilidades de leitura já existentes.
(C) desenvolve as possibilidades de leitura já existentes.
(D) não acrescenta nada às possibilidades de leitura já existentes.
1.2 Esta nova realidade exige que o leitor
(A) desenvolva o gosto pela leitura.
(B) aposte na aquisição de novas tecnologias.
(C) trace uma metodologia de leitura.
(D) perca velhos hábitos de leitura.
1.3 Com o exemplo da condução, pretende-se
(A) aproximar uma realidade conhecida de uma desconhecida.
(B) comparar uma realidade conhecida com uma desconhecida.
(C) distanciar uma realidade conhecida de uma desconhecida.
(D) opor uma realidade conhecida a uma desconhecida.
1.4 A enumeração no quarto parágrafo tem como objetivo
(A) fornecer uma lista exaustiva das competências que o leitor tem de possuir.
(B) sensibilizar para as competências que o leitor tem de possuir.
(C) alertar para as competências que o leitor tem de possuir.
(D) dar exemplos das competências que o leitor tem de possuir.
1.5 A expressão «as fronteiras de um livro nunca estão claramente definidas» (ll. 66-68),
no quinto parágrafo, traduz
(A) a existência de um sistema indefinido.
(B) a referência a outras redes.
(C) a intertextualidade de cada obra.
(D) a imagem dos nós e redes de um sistema definido.
2. Atenta na seguinte expressão «É inegável que a era da internet veio mesmo para ficar»
(ll. 10-11).
2.1 Constrói uma frase em que a palavra destacada pertença a uma classe de pala-
vras diferente.
2.1.1 Classifica-a.
2.2 Classifica a oração sublinhada.
2.3 Indica a função sintática que essa oração desempenha.
3. Identifica o processo de formação das seguintes palavras destacadas, tendo em conta
o contexto em que surgem.
a) «para os processos e ferramentas de mediação dependerem dessa
“ecranização”» (ll. 20-22);
b) «Perante este novo ecossistema»(l.33).
PROFESSOR
GrupoII
1.1(A); 1.2(C); 1.3(B); 1.4(D);
1.5(C).
2.1 Por exemplo: Quando eu era
criança,liamuitoslivros.
2.1.1 Verbo «ser» no pretérito imper-
feitodoindicativo.
2.2 Oração subordinada substantiva
completiva.
2.3Sujeito.
3.a)derivaçãoporsufixação;
b) composição por associação de
radicalepalavra.
16 Unidade 0 // DIAGNOSE E PROJETO DE LEITURA
Grupo III
Atenta na seguinte imagem e na frase abaixo da autoria de Tim Berners-Lee, inventor, em
1989, da World Wide Web, considerado um dos maiores génios vivos do mundo.
Redige um texto de opinião, entre cento e vinte e cento e cinquenta palavras, sobre a
temática «Vantagens e desvantagens dos avanços tecnológicos».
Segue a planificação apresentada:
Introdução:
1.º parágrafo – definição de avanço tecnológico.
Desenvolvimento:
2.º parágrafo – vantagens da evolução tecnológica e respetivos exemplos;
3.º parágrafo – desvantagens da evolução tecnológica e respetivos exemplos.
Conclusão:
5.º parágrafo – opinião pessoal.
Após a escrita do teu texto, não te esqueças de o rever e aperfeiçoar.
«As empresas vão ser cada vez mais geridas
por computadores. E os computadores
estão a ficar mais inteligentes, mas nós não.»
Tim Berners-Lee
«Revista» (texto de Matt Warman), in Expresso, 25 de outubro de 2014
COTAÇÕES
GrupoIII
50pontos
PROFESSOR
GrupoIII
“iH3@{A F75@A†9;5A 3;36A 3A
avanço da ciência; põe ao nosso dis-
por ferramentas/possibilidades, que
nosauxiliam/facilitamnavidaquoti-
diana;
“3H3@{A63F75@AA9;3H7?FD3L7D
Vantagens:
–sociais:maiorqualidadedevidaao
níveldasaúde,educação,segurança,
comunicação, mobilidade, habita-
ção,trabalho…;
– económicas: maior garantia de
subsistência,menordependênciada
natureza,maiorriqueza,etc.
Desvantagens
–sociais:desemprego(naindústria),
perigo de uso excessivo e adição
(internet, telemóveis, computado-
res);
– ecológicas: poluição, desastres
ambientais, problemas para os vá-
riosecossistemas…
“Biniãopessoal.
17
Avaliação diagnóstica
Grupo IV
Escuta atentamente a música Vayorken, interpretada por Capicua.
Seleciona, para cada uma das questões abaixo apresentadas, a resposta que considerares
mais correta, de acordo com o sentido da letra.
1. Quando fosse crescida, queria
(A) viajar pelo mundo.
(B) lecionar windsurf.
(C) vestir-se de rosa e vermelho.
(D) ir a Vayorken.
2. Os dois músicos que refere são
(A) Sérgio Godinho e Jorge Palma.
(B) Zeca Afonso e Pedro Abrunhosa.
(C) Zeca Afonso e Sérgio Godinho.
(D) Jorge Palma e Pedro Abrunhosa.
3. Em criança, considera que tinha
(A) mau feitio, todavia era bem comportada.
(B) mau feitio e era mal comportada.
(C) bom feitio e era bem comportada.
(D) bom feitio, contudo era mal comportada.
4. O tema desta música é
(A) o gosto por viajar.
(B) a sua caracterização atual.
(C) o seu sonho de menina.
(D) a memória da infância.
5. Provavelmente, o nome Vayorken aparece desta forma porque
(A) ainda não sabia geografia.
(B) ainda não sabia pronunciar corretamente as palavras.
(C) era como os seus pais diziam.
(D) era como tinha ouvido dizer.
6. A forma Vayorken corresponde à cidade de
(A) Newark.
(B) Nova Jérsia.
(C) Nova Orleães.
(D) Nova Iorque.
COTAÇÕES
GrupoIV
30pontos
CD 1
Faixa n.o
1
PROFESSOR
Compreensãodooral
1.(B); 2.(C); 3.(B); 4.(D); 5.(B); 6.(D).
18
PROJETO DE LEITURA
LITERATURA PORTUGUESA
AAVV, Antologia do Cancioneiro Geral (poemas escolhidos)
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, Navegações
ALVES, Adalberto, O meu coração é árabe
BRANDÃO, Raul, As ilhas desconhecidas
CASTRO, Ferreira de, A selva
DINIS, Júlio, Serões da província
FARIA, Almeida, O murmúrio do mundo: a Índia revisitada
FERREIRA, António, Castro
GEDEÃO, António, Poesia completa (poemas escolhidos)
NEMÉSIO, Vitorino, Vida e obra do infante D. Henrique
LITERATURA DE EXPRESSÃO PORTUGUESA
AMADO, Jorge, Os capitães da areia
LISPECTOR, Clarice, Contos
LOPES, Baltazar, Chiquinho
MEIRELES, Cecília, Antologia poética (poemas escolhidos)
MORAES, Vinicius de, Antologia poética
ONDJAKI, Os da minha rua
PEPETELA, Parábola do cágado velho
RUI, Manuel, Quem me dera ser onda
LITERATURA UNIVERSAL
ALIGHIERI, Dante, A divina comédia (excertos escolhidos)
Anónimo, Lazarilho de Tormes
CALVINO, Italo, As cidades invisíveis
CAREY, Peter, O Japão é um lugar estranho
CERVANTES, Miguel de, D. Quixote de la Mancha
(excertos escolhidos)
CHATWIN, Bruce, Na Patagónia
DEFOE, Daniel, Robinson Crusoe
ECO, Umberto, O nome da rosa
ÉNARD, Mathias, Fala-lhes de batalhas, de reis
e de elefantes
HOMERO, Odisseia (excertos escolhidos)
MAALOUF, Amin, As cruzadas vistas pelos árabes
MAGRIS, Claudio, Danúbio
MARCO POLO, Viagens (excertos escolhidos)
PÉREZ-REVERTE, Arturo, A tábua de Flandres
PETRARCA, Rimas (poemas escolhidos)
POE, Edgar Allan, Contos fantásticos
SCOTT, Walter, Ivanhoe
SHAKESPEARE, William, A tempestade
SWIFT, Jonathan, As viagens de Gulliver
TELLES, Lygia Fagundes, Ciranda de pedra
VIRGÍLIO, Eneida (excertos escolhidos)
ZIMLER, Richard, O último cabalista de Lisboa
Que livros ler?
Apresentam-se em seguida vários títulos de livros, de entre os quais terás de escolher um ou dois,
de acordo com as indicações do teu professor, para desenvolveres um trabalho no âmbito do Projeto
de Leitura.
19
O que fazer?
A partir da obra que selecionaste, desenvolve uma das seguintes atividades propostas.
1. Exposição
Prepara uma exposição, escrita ou oral, de acordo com os seguintes passos.
Introdução
tinformação sobre o autor e a obra.
Desenvolvimento
tapresentação do conteúdo global da obra (tema, organização);
tsemelhanças e diferenças com o que estudaste em determinada unidade, apoiadas em exemplos.
Conclusão
tsíntese dos aspetos mais relevantes da obra.
2. Apreciação crítica
Faz uma apreciação crítica, escrita ou oral, em que apresentes os seguintes aspetos:
Introdução
tinformação sucinta sobre o autor e a obra, seguida de uma breve descrição do conteúdo da obra.
Desenvolvimento
tapreciação pessoal sobre a obra, fundamentada em argumentos suportados por excertos ilustrativos;
tsemelhanças e diferenças com o que estudaste em determinada unidade, apoiadas em exemplos.
Conclusão
tinformação sobre a importância da divulgação e do conhecimento da obra;
trecomendação da sua leitura.
Como divulgar
Partilha o teu texto escrito:
tOPKPSOBMEBFTDPMB
tOPCMPHVFNFOTBHFOTCMPHTQPUQU
tOPCMPHVFEBCJCMJPUFDBEBUVBFTDPMB
tOPsite de uma livraria online ou num site sobre livros, que permita adicionar comentários de utilizadores.
Partilha o teu texto oral:
tTPCBGPSNBEFBQSFTFOUBÎÍPPSBMËUVSNB
tOVNQSPHSBNBEBSÈEJPEBUVBFTDPMB BDPNQBOIBOEPPEFNÞTJDBTTVHFTUJWBT 
tTPCBGPSNBEFWÓEFPWMPHVFOP:PVUVCF 'BDFCPPL NFOTBHFOTCMPHTQPUQUPVPVUSPsite de partilha de vídeos.
1
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Contextualização histórico-literária
Cantigas de amigo
Cantigas de amor
Cantigas de escárnio e maldizer
Representações de afetos e emoções:
tvariedade do sentimento amoroso;
tconfidência amorosa;
trelação com a natureza;
ta coita de amor e o elogio cortês;
t a dimensão satírica: a paródia do amor cortês e a crítica
de costumes.
Espaços medievais, protagonistas e circunstâncias.
Linguagem, estilo e estrutura:
tcaracterização temática e formal;
trecursos expressivos.
LEITURA
Exposição, textos informativos e imagens.
COMPREENSÃO DO ORAL
Anúncio publicitário.
Registos áudio e audiovisuais.
EXPRESSÃO ORAL
Apresentação oral.
Apreciação crítica.
ESCRITA
Exposição sobre um tema.
Apreciação crítica.
GRAMÁTICA
A língua portuguesa: génese, variação e mudança.
tAs principais etapas da formação e evolução do
português.
tFonética e fonologia: processos fonológicos de inserção,
supressão e alteração.
POESIA
TROVADORESCA
Iluminura do Codex Manesse, século XIV (pormenor).
Manuel Alegre
Estudou em Lisboa, no Porto e na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Dirigente histórico do Partido Socialista desde 1974, foi vice-presidente da Assembleia
da República, de 1995 a 2009, e é membro do Conselho de Estado.
A sua vasta obra literária, que inclui o romance, o conto, o ensaio, mas sobretudo a
poesia, tem sido amplamente difundida e aclamada. Foram-lhe atribuídos os mais
distintos prémios literários: Grande Prémio de Poesia da APE-CTT, Prémio da Crítica
Literária da AICL, Prémio Fernando Namora e Prémio Pessoa, em 1999. Ao seu livro
de poemas Doze naus foi atribuído o Prémio Dom Dinis.
22
Trovadores
Os trovadores trouxeram consigo a afirmação do sentimento
amoroso. Cantaram o chamado amor cortês, que era um lirismo de
devoção a uma dama, quase sempre mulher casada. Era uma forma de
servidão à sua senhora e, ao mesmo tempo, uma libertação do amor,
platónico ou erótico através do qual o trovador divinizava o objecto
do seu amor. O amor cortês é, ao fim e ao cabo, o amor do amor, a
forma poética de um sentimento individual e da subjectividade até então
reprimida.
Estes trovadores provençais escreviam, compunham a música, diziam
ou cantavam as suas trovas com uma extraordinária e sábia elaboração.
Alguns escolhiam palavras que imitavam o canto dos pássaros. Gui-
lherme de Aquitânia escreveu um dos versos mais belos de sempre:
«Farei um poema de puro nada.» Dir-se-ia que poesia e música nasceram
juntas. Mas de que música se trata? Eu creio que é da própria música que
está dentro da língua e a que cada poeta acrescenta a sua toada própria.
De certo modo, pode dizer-se que Portugal foi trova e cantar de
amigo. Das «Ondas do mar de Vigo», de Martim Codax, a «Ai flores,
ai flores do verde pino», de Dom Dinis, foi, também, através das trovas
e das cantigas de amigo e de amor que a língua se foi unificando e con-
solidando, abrindo o caminho para a lírica de Camões e Os Lusíadas,
esse poema fundador, que é um acto de soberania cultural. E foram as
palavras e a toada (motz e son) dos trovadores que viriam a marcar alguns
dos meus poemas, desde a «Trova do amor lusíada» à «Trova do vento
que passa», passando por «Trova», onde há um verso que diz: «Em
trovador me tornei».
Manuel Alegre
(Texto inédito, 2014)
(O autor escreve segundo a grafia anterior ao novo Acordo Ortográfico)
©
Fotografia
Luiz
Carvalho
mensagens
5
10
15
20
25
Novos trovadores
Sou da poesia declamada em voz alta. Tinha
15 anos quando me iniciei na arte de escrever versos,
aprendiz de poeta, nos corredores da escola, com outros
cúmplices interessados no jogo de fazer rimar todas as
palavras do dicionário e que, mais tarde, dediquei em
forma de coro à menina que, no fim das aulas, me dava
a alegria de a acompanhar até ao portão de casa. Num
esforço para não se rir da minha figura, ouvia com
aparente entusiasmo os poemas que eu lhe segredava
num só fôlego, com a voz trémula, com o receio de
que se aborrecesse e, no meio da estrofe, desaparecesse,
fugindo para dentro de casa, levando na canção verde o
meu coração aos pulos.
Aquelas tardes de poesia junto ao portão arrastaram-
-se por longos e penosos meses, numa paixão não corres-
pondida que expurgou de mim os mais sentidos versos
de súplica e de devoção que, até então, nunca julgara
ser capaz de escrever. E quando me vi sem argumentos,
fui beber inspiração nos poetas de outras épocas. E tal
como os jograis ou segréis do século XII, cantei poesias
alheias. Só me faltava mesmo um grupo de soldadeiras
para me acompanharem com suas danças e cantares que
animaram tantos serões nas cortes portuguesas do anti-
gamente.
Entre os meus cúmplices, daqueles que se dedica-
vam aos jogos de rimas nos corredores, havia quem, ao
contrário de mim, preferisse partilhar com o grupo as
suas experiências com as raparigas do liceu, dando voz
aos sentimentos de paixão e dor que julgavam que estas
sentiam em relação a eles. Mas, dependendo do talento
ou capacidade de exagero do trovador de serviço, não
precisei de muito para me convencer de que aquela era
a mais romântica das gerações que passaram pelo liceu,
de tão belos e diversos que eram os versos que parti-
lhávamos uns com os outros. Alguns troncos de árvore
ainda guardam vestígios daqueles anos de descoberta
abençoados pela espontaneidade e simplicidade que nos
dias de hoje vemos refletidas nas canções pop da rádio.
Todos gostamos de ouvir uma história bem contada,
e a poesia sempre foi tida como o veículo mais imediato
para partilhar sentimentos, sejam nossos ou daqueles
que estão à nossa volta. E nos dias de hoje, a par do
lirismo representado pelas cantigas de amigo e de amor
refletidas na canção popular, não podemos deixar de
assinalar que o herdeiro direto das cantigas de escárnio
e maldizer é «provavelmente» o rap, que, lado a lado
com a vertente de crítica social, transporta a mesma
perversidade das cantigas de maldizer. O deboche e a
troça da pessoa ou ações de determinado indivíduo são
características comuns, tal como a ironia e o duplo sen-
tido das palavras usadas para satirizar o objeto-alvo.
Kalaf Epalanga
(Texto inédito, 2014)
23
Kalaf Epalanga
Músico, cronista. Cofundador da Enchufada,
núcleo de edição e produção de projetos,
como Buraka Som Sistema.
Estórias para meninos de cor e O angolano
que comprou Lisboa (por metade do preço)
reúnem, em livro, crónicas escritas para o
jornal Público e Rede Angola.
©
Fotografia
C.
B.
Aragão
cruzadas
5
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25
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24 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
Contextualização histórico-literária
Datas e acontecimentos
1143
Tratado de Zamora: Afonso VII
de Castela reconhece D. Afonso
Henriques como rei de Portugal.
1214
Testamento de D. Afonso II.
1249-1250
Conquista definitiva do Algarve
aos mouros, por D. Afonso III.
1290
Criação do Estudo Geral (Studium
Generale), Universidade, em Lisboa.
1297
Tratado de Alcanizes: estabelece as
fronteiras entre Portugal e Castela.
1309
Transferência do Estudo Geral
para Coimbra.
1312
Fundação da Marinha Portuguesa
por D. Dinis.
Textos e obras
Finais do século XII
Florescimento da poesia trovadoresca.
1280-1325
Poesia de D. Dinis.
1361
Primeira tradução para português
do foral de Lisboa de 1179,
originalmente redigido em latim,
elaborada pelo tabelião Lopo Gil.
Retrato de D. Dinis
da série Reis de Portugal, 1736.
Trovador e jogral, iluminura do
Cancioneiro da Ajuda,
finais do século XIII-princípios
do século XIV (pormenor).
Iluminura do Codex
Manesse, século XIV.
Iluminura do Codex Manesse,
século XIV (pormenor).
guesa
Iluminura do Codex Manesse,
século XIV (pormenor).
25
Contextualização histórico-literária
1. Que mudanças marcaram a Idade Média?
Olhando aos dois grandes períodos em que se costuma
dividir a época medieval, ou seja, a Alta Idade Média (desde as
invasões bárbaras até ao século XI) e a Baixa Idade Média (do
século XII ao XV), vemos como num e noutro as letras não
foram esquecidas, muito embora neste último, mercê de con-
dicionalismos diversos, o fenómeno literário se afirmasse com
vigor, rasgando vetores que a Alta Idade Média desconhecera.
Todavia, para com esta tem o homem, não apenas o medieval
do período posterior, como o de séculos subsequentes, uma
dívida de gratidão, pois é nela que muitas áreas do saber irão
mergulhar as suas raízes, recolhendo aí a sua seiva que espíritos
mais cultos, abertos a novas mentalidades, hão de recriar em
facetas multifacetadas.
Um olhar, ainda que breve, sobre a Alta Idade Média
mostra como nela foram lançados alguns gérmenes que, no
período seguinte, se desenvolverão envoltos em novas rou-
pagens. A Igreja, que há de desempenhar papel relevante no
ensino, na teologia, na filosofia, no comentário de texto e de
doutrinas, vê, entre os séculos IV e VII, muitos dos seus mem-
bros difundirem pela palavra e pela escrita o seu pensamento.
[…]
É na Alta Idade Média que, do século VIII para o século
XI, três fatores de relevância preparam esta viragem: a pro-
teção dispensada por Carlos Magno à cultura; o feudalismo, com origem na frag-
mentação do poder real; a afirmação, a partir dos Juramentos de Estrasburgo (842),
de falares distintos do latim. A ação de diversas ordens religiosas, a fundação das
universidades, as cruzadas, o contacto com civilizações diversas, o policiamento dos
costumes, a afirmação da burguesia são, entre outros, fatores que permitiram que,
na Baixa Idade Média, o campo europeu das letras se manifestasse tão diversificado.
Aida Fernanda Dias,
História crítica da literatura portuguesa – Idade Média, vol. 1,
Lisboa, Editorial Verbo, 1998, pp. 15-16
5
10
15
20
25
Iluminura do Codex Manesse,
século XIV.
PROFESSOR
Leitura
8.1.
Educação Literária
16.1.
MC
PowerPoint
Contextualização
26 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
2. Qual o espaço social das cantigas?
Com o ativo papel dos nobres na Reconquista
e a intensificação da ação pastoral do clero em
contacto com os centros exteriores à Península
Ibérica, acentua-se o processo de identifica-
ção cultural dos dois grandes grupos da classe
dominante, a nobreza e o clero. […]
Nas povoações de fronteira, em constante
ambiente de guerra ofensiva e defensiva, as suas
[da nobreza] atividades militares eram fortemente
estimuladas pelos jograis e cedreiros que andavam
de terra em terra, e aí contavam as suas histórias e
canções de gesta. […]
Desde o fim do século XII, com a formação das cortes
senhoriais e a maior complexidade da corte régia, a produção
cultural nobre diversifica-se: surge a poesia lírica e satírica, com
as suas cantigas de amor, de amigo e de escárnio ou maldizer,
e altera-se a memória linhagística, pontuada por narrativas de proezas dos antepas-
sados […]. Assiste-se, então, a uma intensa atividade criativa, constantemente reno-
vada pelos contactos e a competição com cortes estrangeiras, que os jovens cavaleiros
sem fortuna, sempre à procura de melhores condições de vida, visitam frequente-
mente: a castelhana de Fernando III, de Afonso X e de Sancho IV, a de Aragão e de
Barcelona, onde chegam bem vivas as influências provençais […].
Os novos temas são agora os acontecimentos e as intrigas da corte, o amor cortês,
o prestígio social, as histórias de fidelidade e traição.
A identificação precisa de vários trovadores permitiu definir melhor o processo
de criação cultural, ao verificar que eles são geralmente bastardos e cavaleiros sem
fortuna, ou seja, um grupo de dependentes que a corte sustenta, e aos quais confia o
seu entretenimento nas horas de lazer.
José Mattoso, «A cultura medieval portuguesa (séculos XI a XIV)», in Isabel Allegro
de Magalhães (coord.), História e antologia da literatura portuguesa – séculos XIII a XIV, Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, pp. 32-33 (texto adaptado)
5
10
15
20
25
Rei Afonso X de Castela
e sua corte musical,
iluminura das Cantigas de
Santa Maria, século XIII
(pormenor).
Jovens a passear no campo,
iluminura do Livro de Horas de
D. Fernando, c. 1520-1530
(pormenor).
27
Contextualização histórico-literária
5
10
15
20
5
10
3. O que é o galego-português?
O galego-português era a língua falada na faixa ocidental da Penín-
sula Ibérica até meados do século XIV. Derivado do latim, surgiu pro-
gressivamente como uma língua distinta anteriormente ao século IX,
no noroeste peninsular. Neste sentido, poderemos dizer que, mais do
que designar uma língua, a expressão galego-português designa con-
cretamente uma fase dessa evolução, cujo posterior desenvolvimento
irá conduzir à diferenciação entre o galego e o português atuais. […]
O período que medeia entre os séculos X e XIV constitui, pois, a
época por excelência do galego-português. É, no entanto, a partir de
finais do século XII que a língua falada se afirma e desenvolve como
língua literária por excelência, num processo que se estende até cerca
de 1350, e que, muito embora inclua também manifestações em prosa,
alcança a sua mais notável expressão na poesia que um conjunto alar-
gado de trovadores e jograis, galegos, portugueses, mas também caste-
lhanos e leoneses, nos legou.
Convém, pois, ter presente que, quando falamos de poesia medieval
galego-portuguesa, falamos menos em termos espaciais do que em ter-
mos linguísticos, ou seja, trata-se essencialmente de uma poesia feita
em galego-português por um conjunto de autores ibéricos, num espaço geográfico
alargado e que não coincide exatamente com a área mais restrita onde a língua era
efetivamente falada.
Graça Videira Lopes, Manuel Pedro Ferreira et al., Cantigas medievais galego-portuguesas
[base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/Nova, 2011
(http://cantigas.fcsh.unl.pt, consultado em setembro de 2014)
4. O que é a lírica galego-portuguesa?
Por lírica galego-portuguesa entendemos um grupo de 1680 textos de assunto
profano, transmitidos por três cancioneiros manuscritos, e 420 textos de tema reli-
gioso – as chamadas Cantigas de Santa Maria […] – todos eles escritos numa língua
com características bastante uniformes, o galego-português, num período que vai
de finais do século XII à segunda metade do século XIV. Com exceção de alguns
que continuam anónimos, os textos dos Cancioneiros profanos são atribuídos a 153
trovadores e jograis: reis, filhos de reis, senhores de alto linhage, clérigos, ou simples
filhos do povo que, competindo com a classe nobre, a igualam, muitas vezes, no
plano técnico-artístico.
A língua poética une, de resto, poetas não apenas galegos ou portugueses, como
poderia parecer, mas castelhanos, leoneses ou mesmo extrapeninsulares, que, por
«exotismo» ou simpatia profissional, a escolheram para cantar o amor ou «dizer mal
de alguém», isto é, para comporem cantigas de amor, cantigas de amigo ou cantigas
de escárnio e maldizer.
Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), A lírica galego-portuguesa,
Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, pp. 18-19
Grupo de trovadores, iluminura
das Cantigas de Santa Maria,
século XIII (pormenor).
28 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
5
10
5
10
5. Porquê em verso?
Quase todas as literaturas se iniciam por obras em verso. Excetuando as novas
nacionalidades resultantes da emigração de europeus a partir do século XVI, a poesia
surge mais cedo do que a prosa literária. Não é difícil explicar este facto: nas civili-
zações do passado, a mais corrente forma de comunicação e de transmissão da obra
literária não é a escrita, mas a oralidade. Antes de se fixarem no bronze, na pedra,
no papiro, no papel ou no pergaminho, as histórias, as narrativas, e até os códigos
morais e jurídicos, gravavam-se na memória dos ouvintes; e havia artistas que se
encarregavam de as divulgar, os aedos e rapsodos entre os Gregos, os bardos entre os
Celtas, os jograis entre os povos românicos medievais. O verso é, inicialmente, entre
outras coisas, uma forma de ritmar a fala que facilite a memória [...]. Vestígios desta
literatura oral são ainda hoje os provérbios, que, como facilmente se verifica, obede-
cem a ritmos ou recorrências fónicas que facilitam a fixação. As literaturas românicas
medievais apoiam-se, como já notámos, na literatura oral, cujos principais agentes
eram os jograis.
António José Saraiva, Óscar Lopes, História da literatura portuguesa,
17.ª edição, Porto, Porto Editora, 1996, p. 45
6. Quais as características desta lírica?
Duas eram as espécies de poesia trovadoresca: a lírica-amorosa, expressa em duas
formas, a cantiga de amor e a cantiga de amigo; e a satírica, expressa na cantiga de
escárnio e de maldizer. O poema recebia o nome de «cantiga» (ou ainda de «can-
ção» ou de «cantar») pelo facto de o lirismo medieval se associar intimamente com
a música: a poesia era cantada, ou entoada, e instrumentada. Letra e pauta musical
andavam juntas, de modo a formar um corpo único e indissolúvel. Daí se compreen-
der que o texto sozinho, como o temos hoje, apenas oferece uma incompleta e pálida
imagem do que seriam as cantigas quando cantadas ao som do instrumento, ou seja,
apoiadas na pauta musical. Todavia, dadas as circunstâncias sociais e culturais em que
essa poesia circulava, perderam-se numerosas cantigas bem como a maioria das pautas
musicais.
Massaud Moisés, A literatura portuguesa através dos textos,
29.ª edição, São Paulo, Cultrix, 1998, pp. 19-20 (texto adaptado)
O casamento e o mensageiro, iluminura das
Cantigas de Santa Maria, século XIII (pormenores).
PROFESSOR
Consolida
Sugere-se que o exercício 1 seja rea-
lizado em trabalho de grupo (um
grupo por cada texto). Cada um dos
sete grupos lê um texto e apresenta
a resposta à questão-título, selecio-
nando a informação relevante que
comunicará à turma sob a forma de
conclusões.
Como atividade final, sugere-se a
audição de três versões musicadas
decantigasdestaépoca(originaisou
recriações modernas) para registo
de informações relativas a: instru-
mentos musicais; ritmo; sensações
quedesperta.
1.1Nesteperíodo,aIgrejaeasordens
religiosas desempenharam um pa-
pel relevante na produção e trans-
missão do conhecimento; surgiram
as universidades; as línguas nacio-
nais emergiram em substituição do
latim;ascruzadaspermitiramocon-
tacto com outras civilizações; assis-
tiu-seàafirmaçãodaburguesia…
1.2 Desde o final do século XII, a ati-
vidade cultural intensifica-se nas
cortes senhoriais e régia, surgindo
váriasmodalidadesdapoesialíricae
satírica: cantigas de amor, de amigo
e de escárnio e maldizer. Estas ativi-
dadeseramrenovadaspeloscontac-
tos e pela competição com cortes
estrangeiras, tendo como principais
agentes os trovadores, geralmente
bastardos e cavaleiros sem fortuna,
que a corte sustenta e «aos quais
confia o seu entretenimento nas
horasdelazer».
Link
Poesia trovadoresca
musicada
29
Contextualização histórico-literária
7. Onde podemos encontrar as cantigas?
No seu essencial, conhecemos as
cantigas profanas galego-portuguesas
através de três manuscritos. O mais
antigo […] é o Cancioneiro da Ajuda
(A), rico manuscrito iluminado, mas
que é também o mais incompleto, já
que contém apenas 310 composições,
na sua esmagadora maioria de um
único género, a cantiga de amor. Des-
coberto na biblioteca do Colégio dos
Nobres em inícios do século XIX, e
hoje guardado na Biblioteca do Palácio
da Ajuda, em Lisboa, pouco sabemos
sobre as suas origens ou sobre o seu
percurso. Trata-se, de qualquer forma,
de um manuscrito que ficou manifesta-
mente inacabado, como é muito visível
nas suas iluminuras, muitas delas com
pintura incompleta ou mesmo com
figuras apenas desenhadas (o mesmo
se passando com as iniciais). Os outros
dois manuscritos, conhecidos como
Cancioneiro da Biblioteca Nacional (B, também chamado Cancioneiro Colocci-Bran-
cuti, o mais completo, guardado em Lisboa, na BNP) e Cancioneiro da Vaticana
(V, guardado na Biblioteca Apostólica Vaticana), são manuscritos copiados em Itália,
nas primeiras décadas do século XVI, sob as ordens do humanista Angelo Colocci, e
a partir de um cancioneiro anterior, muito certamente medieval, hoje desaparecido.
Graça Videira Lopes, Manuel Pedro Ferreira et al., Cantigas medievais galego-portuguesas
[base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA, 2011
(http://cantigas.fcsh.unl.pt, consultado em setembro de 2014)
CONSOLIDA
1. Responde às questões que servem de título aos textos.
1.1 Que mudanças marcaram a Idade Média?
1.2 Qual o espaço social das cantigas?
1.3 O que é o galego-português?
1.4 O que é a lírica galego-portuguesa?
1.5 Porquê em verso?
1.6 Quais as características desta lírica?
1.7 Onde podemos encontrar as cantigas?
5
10
15
20
25
Cancioneiro da Ajuda,
(Biblioteca da Ajuda, fl. 56r)
O casamento e o mensageiro, iluminura das
Cantigas de Santa Maria, século XIII.
PROFESSOR
1.3 O galego-português era a língua
falada na faixa ocidental da Penín-
sula Ibérica entre os séculos X e XIV.
A partir dos finais do século XIV é
a língua dos trovadores ibéricos,
independentemente da sua prove-
niência geográfica, passando a ser
o instrumento de comunicação poé-
tico, reflexo e projeção de uma cul-
turaliterária.
1.4 Grupo de poesias com assunto
profano e religioso constante em
cancioneiros manuscritos, escritas
em galego-português, durante um
períodoquevaidefinaisdoséculoXII
à segunda metade do século XIV.
Eram cantadas por trovadores e
jograis.
1.5 A forma ancestral de comunica-
ção e de transmissão da obra literá-
ria não é a escrita, mas a oralidade.
Vestígios desta literatura oral são
ainda hoje os provérbios, que obede-
cem a ritmos ou recorrências fóni-
cas que facilitam a memorização.
As literaturas românicas medievais
apoiam-se na literatura oral, cujos
principaisagenteseramosjograis.
1.6 O poema recebia o nome de
«cantiga», pelo facto de o lirismo
medieval se associar intimamente
com a música: a poesia era cantada,
ou entoada e instrumentada. Letra
e pauta musical andavam juntas,
formando um corpo único e indisso-
lúvel. Ler apenas o poema é, assim,
muitoincompleto.
1.7 Cancioneiro da Ajuda: é anónimo
e o mais antigo, sendo também o
mais incompleto, contém 310 com-
posições, a maior parte cantigas de
amor.
CancioneirodaBibliotecaNacionale
Cancioneiro da Vaticana: são cópias
realizadas em Itália nas primeiras
décadas do século XVI, a partir de
um outro cancioneiro que se julga
medieval e que hoje está desapare-
cido.
30 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
Variedade do sentimento amoroso
PONTO DE PARTIDA
1. Observa a imagem e lê a nota geográfica sobre Vigo.
Identifica a sua posição na Península Ibérica, relativamente ao território português.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Ondas do mar de Vigo
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo1
?
E ai Deus, se verra2
cedo3
!
Ondas do mar levado4
,
se vistes meu amado?
E ai Deus, se verracedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verracedo!
Se vistes meu amado,
por que ei5
gram coidado?
E ai Deus, se verracedo!
Martim Codax,
in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.)
A lírica galego-portuguesa, Lisboa,
Editorial Comunicação, 1983, p. 261
Cantigas de amigo
A
s cantigas de amigo são composições poéticas nas quais o emissor é uma donzela
apaixonada, saudosa, inocente e, muitas vezes, ingénua, que, dirigindo-se à
mãe, às amigas ou à natureza como confidentes, exprime os seus sentimentos face à
ausência do seu amado.
Tiveram origem no noroeste peninsular. São designadas de amigo, pois na maior parte
aparece a palavra «amigo», com o sentido de pretendente, namorado ou amante.
Nota geográfica
Vigo é um município de Es-
panha na província de Pon-
tevedra (Galiza). O seu porto
marítimo, com importante
atividade pesqueira, é o prin-
cipal porto pesqueiro da Eu-
ropa. É também o centro
comercial e económico do sul
da Galiza e lidera a principal
área industrial da comuni-
dade autónoma.
5
10
1 Se vistes meu amigo: [dizei-me] se vistes o meu
amigo.
2 Verra: virá.
3 Cedo: brevemente, rapidamente.
4 Mar levado: mar bravo, encapelado, revolto.
5 Ei: tenho.
«Ondas do mar de Vigo»,
in Pergaminho Vindel,
finais do século XIII (pormenor).
CD 1
Faixa n.o
2
DA
PROFESSOR
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.5; 14.8;
15.1; 15.2.
MC
PontodePartida
1. Vigo fica a norte de Portugal, no-
meadamente do Minho, zona antiga
dogalego-português.
EducaçãoLiterária
Sugestões para leitura expressiva:
dividiraturmaemdoisgruposecada
um lê, em coro, metade da cantiga;
orefrãopodeserlidoportodos.
31
Cantigas de amigo
1. Localiza a informação e os versos que te permitem completar, no teu caderno, o seguinte
esquema.
2. Atenta nos três primeiros versos em galego-português. Faz a sua «tradução» para o
português atual.
3. Explicita o motivo do estado de espírito da donzela.
3.1 Interpreta a locução interjetiva «ai Deus», tendo em conta esse estado de espírito.
4. Explica o papel desempenhado pelas «ondas do mar de Vigo».
5. Explica, por palavras tuas, o significado das sucessivas perguntas retóricas.
6. Refere a simbologia das «ondas» e do «mar».
7. Faz a análise formal desta cantiga, tendo em conta:
a) a constituição estrófica;
b) o esquema rimático;
c) a presença do paralelismo.
Emissor
«meninha»
dirige-se a
a)
Sentimentos
da «meninha»
Inquietação
b) v.
Saudade
c) v.
Preocupação
d) v.
Reencontro
e) v.
Desejo expresso
pela «meninha»
GRAMÁTICA
1. Faz a correspondência entre as duas colunas, identificando a classe e a subclasse das
palavras retiradas da cantiga.
A. Palavra B. Classe e subclasse
a) «ondas» (v.1) 1. conjunção subordinativa completiva
b) «se» (v. 2) 2. verbo transitivo indireto
c) «cedo» (v. 3) 3. pronome relativo
d) «meu» (v. 5) 4. preposição
e) «o» (v. 8) 5. adjetivo qualificativo
f) «por» (v. 8) 6. nome comum
g) «que» (v. 8) 7. verbo transitivo direto
h) «sospiro» (v. 8) 8. pronome pessoal
i) «gram» (v. 11) 9. determinante possessivo
j) «ei» (v. 11) 10. advérbio com valor semântico de tempo
2. Indica o sujeito subentendido de «vistes», v. 2. Substitui-o por um pronome pessoal.
DS SIGA
Texto poético
p. 314
FI
Cantigas de amigo
Caracterização formal
p. 32
SIGA
Classes de palavras
pp. 320-323
PROFESSOR
EducaçãoLiterária
1. a) recetor – ondas do mar de Vigo;
b)Inquietação–v.2;c)Saudade–v.8;
d) Preocupação – v. 11; e) Reencontro
v.3–refrão.
2. Ondas do mar de Vigo / dizei-me:
tendes notícias do meu namorado?
/ E sabeis, ai meu Deus, se virá em
breve?
3.Aseparaçãodoamigo.
3.1 Traduz um desabafo, interpe-
lando Deus tacitamente para que o
seuamadovoltecedo.
4. São um elemento da natureza
a quem a donzela se dirige, par-
tilhando as suas dúvidas sobre o
paradeiro do seu amigo e pergun-
tando-lhessechegarábrevemente.
5. Enfatizam o estado de espírito de
dúvidaeinquietaçãoda«meninha».
6.Asondastraduzemotumultointe-
rior da donzela, mas também são o
seu confidente. O mar representa o
motivo da separação entre os dois
amantes, provavelmente por onde o
amadoteriapartido.
7. a) Trata-se de uma cantiga parale-
lística perfeita, composta por qua-
tro coblas em dísticos e um refrão
monóstico.
b) Esquema rimático: aaR/bbR/aaR/
bbR(rimaemparelhada).
c) É uma paralelística perfeita, por-
que o número de coblas é par;
o primeiro dístico emparelha com o
segundo, mudando a palavra rimante;
no terceiro dístico, o primeiro verso
retoma o sentido do segundo verso
do primeiro dístico (leixa-prem),
acrescentando um verso novo; no
quarto dístico, retoma-se o segundo
versodosegundodístico(leixa-prem)
e repete-se com variação o segundo
versodoterceirodístico.
Gramática
1. a) – 6; b) – 1; c) – 10; d) – 9; e) – 8;
f)–4; g) –3; h)–2; i)–5; j)–7.
2.OndasdomardeVigo.Vós.
32 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
Cantigas de amigo
Caracterização formal
O uso de refrão constitui já de si uma forma de paralelismo,
mas não é este o único tipo de repetição paralelística praticado
pelos poetas galego-portugueses. Sob vários matizes e formas
estilísticas, o paralelismo revela-se como «a quantidade domi-
nante que estrutura os cancioneiros». […] Poderemos consi-
derar na lírica galego-portuguesa três tipos de paralelismo:
literal ou de palavra, estrutural ou de construção (sintática e
rítmica) e concetual ou de pensamento. Equivale isto a dizer
que a essência fundamental do paralelismo consiste na repeti-
ção de palavras, versos inteiros, construções ou conceitos e
que tal técnica não pode deixar de arrastar consigo uma certa
monotonia. Para a evitarem, e simultaneamente conseguirem
a progressão do pensamento, recorriam os trovadores a outro
elemento fundamental do paralelismo, a variação. Repetindo
ipsis verbis a primeira parte do verso ou mesmo o verso inteiro (paralelismo literal e
estrutural), o poeta podia obter a variação mediante três processos: a) substituição
de palavra rimante por um sinónimo; b) transposição das palavras [...]; c) repetição
do conceito mediante a negação do conceito oposto. […] O primeiro recurso foi o
mais utilizado.
Uma grande parte das cantigas de tipo paralelístico apresenta-se estruturada em
dísticos monórrimos [com uma só rima] seguidos de refrão de um verso com rima
diferente, e nelas o paralelismo associa-se a um processo de encadeamento das estrofes
chamado leixa-prem.
Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., pp. 69-70
No processo de leixa-prem:
t o 1.° dístico emparelha com o 2.° dístico, mudando a palavra rimante, mas
reproduzindo o sentido;
t no 3.° dístico, o 1.° verso retoma o 2.° verso do 1.° dístico (processo de leixa-
-prem, propriamente dito), acrescentando um verso novo;
to 4.° dístico retoma o 2.° verso do 2.° dístico (leixa-prem) e repete, com
variação, o 2.° verso do 3.° dístico;
t a progressão do pensamento faz-se sempre no 2.° verso das estrofes/coblas
ímpares, culminando na penúltima estrofe/cobla.
Há paralelismo perfeito se o número de estrofes/coblas for par.
Há várias cantigas de amigo que são paralelísticas perfeitas, isto é, que obedecem ao
seguinte esquema de construção:
5
10
15
20
FICHA INFORMATIVA N.O
1
Iluminura
das Cantigas
de Santa Maria,
século XIII.
33
Ficha informativa
CONSOLIDA
1. Completa o texto com as palavras apresentadas.
A cantiga de amigo caracteriza-se por uma a) estrófica e rítmica que apro-
xima a b) da música. Também o paralelismo c) (com anáforas),
d) (de significados) e e) (frásico) e, ainda, o f)
(repetição na íntegra de verso(s) no fim de cada g) (estrofe) contribuem para a
h) , essencial ao i) .
2. Seguindo o esquema das paralelísticas perfeitas, completa a seguinte cantiga.
Como vivo coitada, madre, por meu amigo
Como vivo coitada, madre, por meu amigo
ca m’enviou mandado que se vai no ferido:
e por el vivo coitada!
a) amado
b) passado
e por el vivo coitada!
Eno sagrado, em Vigo
Eno sagrado, em Vigo (A)
bailava corpo velido: (B)
Amor ei! (R)
Em Vigo, no sagrado, (A’)
bailava corpo delgado: (B’)
Amor ei! (R)
Bailava corpo velido, (B)
que nunca ouver’amigo: (C)
Amor ei! (R)
Bailava corpo delgado, (B’)
que nunca ouver’amado: (C’)
Amor ei! (R)
Que nunca ouver’amigo, (C)
ergas no sagrad’, em Vigo: (D)
Amor ei! (R)
Que nunca ouver’amado, (C’)
ergas em Vigo, no sagrado: (D’)
Amor ei! (R)
Martim Codax,
in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., pp. 264-265.
t canto t poesia t semântico t estrutura t cobla
t sintático t refrão t anafórico t memorização
Martim de Ginzo, in Base de dados da lírica profana galego-portuguesa (Med DB), versão 2.3.3,
Centro Ramón Piñeiro para a Investigación en Humanidades, www.cirp.es (consultado em janeiro de 2015)
c)
eu a Santa Cecília de coraçon o digo:
e por el vivo coitada!
d)
e) falo
e por el vivo coitada!
PROFESSOR
Leitura
8.1.
Educação Literária
14.8.
MC
Consolida
1. a) estrutura; b) poesia; c) ana-
fórico; d) semântico; e) sintático;
f) refrão; g) cobla; h) memoriza-
ção;i)canto.
2. a) Como vivo coitada, madre,
por meu amado; b) ca m’enviou
mandado que se vai no fossado;
c) Ca m’enviou mandado que
se vai no ferido; d) Ca m’enviou
mandado que se vai no fossado;
e) eu a Santa Cecília de coraçon
ofalo.
PowerPoint
Ficha informativa n.o
1
34 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
34
Confidência amorosa
PONTO DE PARTIDA
1. Escuta a emissão do programa radiofónico Portugal passado,
sobre D. Dinis, e toma as seguintes notas:
a) idade do rei quando se casou;
b) nome da rainha com quem se casou;
c) nome do filho que lhe sucedeu;
d) atividade literária (título de um poema);
e) localização do pinhal que mandou
plantar;
f) setores económicos que estimulou;
g) género literário que cultivou.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Ai flores, ai flores do verde pino
1 Pino: pinho, pinheiro.
2 U: onde.
3 Pôs: combinou.
4 San: são.
5 E seera vosc’ant’o prazo saído: e estará
convosco antes de acabar o prazo.
– Ai flores, ai flores do verde pino1
,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u2
é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs3
comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?
[– Vós me preguntades polo voss’amigo,
e eu bem vos digo que é san4
’vivo.
Ai Deus, e u é?]
Vós me preguntades polo voss’amado,
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é san’e vivo
e seera vosc’ant’o prazo saído5
.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é viv’e sano
e seera vosc’ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
5
10
15
20
D. Dinis,
in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.),
op. cit., p. 292
Iluminura do Codex Manesse,
século XIV.
CD 1
Faixa n.o
3
CD 1
Faixa n.o
4
DA
PROFESSOR
Educação Literária
14.1; 14.2; 14.3; 14.4; 14.6;
14.7; 14.8; 14.9; 15.1; 15.2.
Gramática
18.1.
Oralidade
1.1; 1.4; 2.1; 3.2; 4.2; 5.1; 5.3;
6.1; 6.2; 6.3.
MC
PontodePartida
1.
a) 20 anos; b) D. Isabel de Aragão;
c) Afonso (futuro D. Afonso IV);
d) «Ai flores, ai flores do verde pino»;
e) Leiria; f) indústria e agricultura,
nomeadamente a pesca, a salga e a
secagem do peixe, a extração do sal,
os tecidos de linho, os curtumes, a
exploraçãomineira;g)poesia.
Sugestão:
Osalunospoderãofazerumasíntese
oral(deumatrêsminutos)da«Lenda
do milagre das rosas», tendo em
contaostópicosseguintes:
a) protagonista; b) ações habituais
da protagonista; c) reações das ou-
tras personagens; d) situação do
reino em 1233; e) acontecimento do
milagre.
EducaçãoLiterária
1.c).
1.1 Sugestões: «Ai, Deus, e u é?»;
«aquel que mentiu do que pôs
comigo!»; «Ai flores, ai flores»; «Se
sabedesnovasdomeuamigo».
2. A cantiga divide-se em duas par-
tes. Na primeira, que corresponde
às quatro primeiras coblas, a don-
zela pergunta às flores do pinheiro
se sabem notícias do seu amigo. Na
segunda parte, constituída pelas
restantes coblas, as flores assegu-
ram-lhe que ele está bem de saúde e
queregressaráembreve.
35
Cantigas de amigo
1. Escolhe a alínea que corresponde ao assunto da cantiga.
a) Uma donzela, ansiosa e zangada, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a
sua ansiedade, e pergunta a Deus se sabe do paradeiro do amigo.
b) Uma donzela, ansiosa, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansie-
dade, e pergunta-lhes se sabem do paradeiro do amigo.
c) Uma donzela, ansiosa, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansie-
dade e perguntando-lhes se o amigo virá são e vivo.
1.1 Justifica a tua opção com elementos textuais.
2. Divide a cantiga em partes e, de forma sintética, regista o conteúdo de cada uma.
3. Explicita a função das flores do pinheiro em relação à donzela, indicando o recurso
expressivo utilizado.
4. Refere a simbologia das flores, no contexto desta cantiga.
5. Faz a análise formal da cantiga, quanto à constituição estrófica, ao esquema rimático e
à presença do paralelismo.
GRAMÁTICA
1. Faz corresponder a cada elemento destacado nas frases a respetiva função sintática.
A. Frase B. Função sintática
a) «se sabedes novas do meu amigo!» 1. modificador restritivo do nome
b) «Ai Deus, e u é?» 2. complemento direto
c) «aquel que mentiu do que mi á jurado!» 3. complemento indireto
d) «vos digo que é san’vivo» 4. vocativo
e) «Vós me preguntades polo voss’amado» 5. predicativo do sujeito
ORALIDADE
Apreciação crítica
Ouve a crónica Mixórdia de temáticas, de Ricardo Araújo Pereira, intitulada «Níveis
prejudiciais de amor». Prepara uma apreciação crítica oral, entre dois a quatro minutos,
tendo em conta os seguintes tópicos:
tdescrição sucinta do documento
reproduzido;
ttese defendida;
tum argumento a favor;
Para a tua apresentação oral, deves:
tplanificar a tua intervenção;
tutilizar adequadamente recursos
verbais e não verbais.
tdois exemplos da literatura;
trelação tese defendida/assunto da cantiga
«Ai flores, ai flores do verde pino»;
tcomentário crítico.
Níveis
nutos,
antiga
DS
FI
Cantigas de amigo
Caracterização formal
p. 32
SIGA
Texto poético
p. 314
SIGA
Apreciação crítica
p. 312
SIGA
Funções sintáticas
pp. 324-325
PROFESSOR
3. As flores do pinheiro assumem
a função de confidente da donzela.
O recurso expressivo utilizado é a
personificação.
4. As flores simbolizam o regresso
do tempo do amor (primavera), que
irá coincidir com o regresso do amigo.
5. Esta é uma cantiga de amigo para-
lelística constituída por oito coblas.
Cadacoblaapresentaumdísticocom
um refrão monóstico. O esquema
rimático é aaR/bbR/aaR/bbR/aaR/
bbR/aaR/bbR, ou seja, é idêntico em
todos os versos da mesma cobla.
Estamos perante uma cantiga de
amigoparalelística,porqueamesma
ideia surge em versos alternados,
compequenasvariaçõesnofinal.
Gramática
1.a)–2; b)–4; c)–1; d)–5; e)–3.
Oralidade
Notas:
„EPDUNFOTP:programaradiofónico
–crónica;
„tese:oamoréprejudicialàsaúde;
„argumento: os amantes tendem
afalecerprecocemente;
„exemplos: Romeu e Julieta,
TeresaeSimão;
„relaçãotese/cantiga:cantigacon-
firma a tese – a ausência do amigo
provoca na amiga ansiedade e
preocupação;
„comentáriocrítico:respostalivre.
Crónica Mixórdia
de Temáticas: «Níveis
prejudiciais de amor»
36 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
Relação com a natureza
PONTO DE PARTIDA
1. Observa com atenção o quadro que serve de ilustração à cantiga e antecipa
o assunto da composição poética.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Levad’, amigo que dormides
as manhanas frias
Levad’1
, amigo que dormides as manhanas frias;
todalas2
aves do mundo d’amor diziam.
Leda3
m’and’eu.
Levad’, amigo que dormide-las frias manhanas;
todalas aves do mundo d’amor cantavam.
Leda m’and’eu.
Todalas aves do mundo d’amor diziam:
do meu amor e do voss’em ment’aviam4
.
Leda m’and’eu.
Todalas aves do mundo d’amor cantavam:
do meu amor e do voss’i enmentavam5
.
Leda m’and’eu.
Do meu amor e do voss’em ment’aviam;
vós lhi tolhestes6
os ramos em que siiam7
.
Leda m’and’eu.
Do meu amor e do voss’ i enmentavam;
vós lhi tolhestes os ramos em que pousavam.
Leda m’and’eu.
Vós lhi tolhestes os ramos em que siiam
e lhis secastes as fontes em que beviam.
Leda m’and’eu.
Vós lhi tolhestes os ramos em que pousavam
e lhis secastes as fontes u8
se banhavam.
Leda m’and’eu.
Nuno Fernandes Torneol,
in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., p. 259
1 Levad’: levantai-vos.
2 Todalas: todas as.
3 Leda: alegre.
4 Em ment’aviam: tinham no pensamento.
5 Enmentavam: mencionavam, comentavam.
6 Tolhestes: tiraste.
7 Siiam: estavam, pousavam.
8 U: onde.
5
10
15
20
Antonio García Patiño
Cantigas de Amigo, XIV – Levad’, amigo, que
dormides as manhanas frias, 1999.
CD 1
Faixa n.o
5
©
Moleiro.com
DA
PROFESSOR
Oralidade
5.1; 5.3.
Leitura
7.1; 7.2.
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.5; 14.6;
14.7; 14.8; 15.1; 15.2.
Gramática
17.3.
MC
PontodePartida
Cenárioderesposta:
1. A cantiga poderá ser sobre dois
amantes que estão juntos ao ama-
nhecer.Oscorposdesnudosindiciam
intimidadeentreosdois.
37
Cantigas de amigo
1. Divide a cantiga em partes, justificando a tua resposta.
2. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido da
cantiga.
2.1 A donzela acorda
(A) sozinha nessa manhã fria, na floresta.
(B) ao lado do amigo e incita-o a encostar-se a ela.
(C) ao lado do amigo e incita-o a levantar-se.
(D) ao lado do amigo e fala-lhe das aves e das fontes.
3. Explica o que representam as «aves» nesta cantiga e
refere o recurso expressivo usado.
4. Tendo em conta essa função, apresenta uma explicação para as ações do «amigo».
5. Completa no teu caderno o esquema, de modo a confirmares que a cantiga é paralelís-
tica perfeita.
«Levad’, amigo que dormides
as manhanas frias»
«Levad’, amigo que dormides as manhanas frias /
a) »
(1.º verso – 1.ª e 2.ª coblas)
«Todalas aves do mundo d’amor b) /
cantavam»
(2.º verso – 1.ª e 2.ª coblas)
«Do meu amor e do voss’em ment’aviam /
i enmentavam»
(c) )
«Vós lhi tolhestes os ramos em que siiam /
pousavam»
(d) )
Paralelística
(paralelismo de construção e
de sentidos)
Paralelística perfeita ou pura
GRAMÁTICA
1. Identifica o emprego dos tempos verbais seguintes, justificando a tua resposta.
a) «diziam/cantavam»;
b) «tolhestes/secastes»;
c) «and[o]».
2. Identifica os processos fonológicos que ocorreram na evolução de:
a) «dormides» (v. 1)  dormis;
b) «i» (v.16)  aí;
c) «beviam» (v. 20)  bebiam.
DS
SIGA
Valores de tempo, modo e aspeto
p. 329
FI
Fonética e fonologia
p. 38
PROFESSOR
EducaçãoLiterária
1. A cantiga pode ser dividida em
duaspartes.Aprimeiraéconstituída
pelas quatro primeiras coblas e nela
a donzela, alegre, na presença do
amado,pede-lhequeselevante,após
uma noite de intimidade. A segunda
parte começa a partir da quinta
cobla: a donzela lamenta a ausên-
cia do amigo, sugerida pelos sinais
da natureza, «tolhestes os ramos»
(v. 14)e«secastesasfontes»(v.20).
2.1(C).
3. As aves, através do seu canto,
poderiam divulgar o amor vivido
entre a donzela e o «amigo», daí sur-
girempersonificadas.
4. O texto permite uma leitura rea-
lista e uma leitura simbólica. Assim,
o «amigo», ao tirar os ramos onde
estavam as aves e ao secar as fon-
tes onde bebiam e tomavam banho,
pretendia afastá-las. Dessa forma,
estaria a tentar manter em segredo
o amor que entre eles havia. No
entanto , as ações do amigo podem
tambémsimbolizarofimdoamor.
5. a) frias manhanas; b) diziam;
c) 2.o
verso – 3.a
e 4.a
coblas; 1.o
verso
– 5.a
e 6.a
coblas; d) 2.o
verso – 5.a
e
6.a
coblas;1.o
verso–7.a
e8.a
coblas.
Gramática
1. a) pretérito imperfeito do indica-
tivo – descrição de uma situação
habitual no passado; b) pretérito
perfeito do indicativo – ato pontual
doamigo,nopassado;c)presentedo
indicativocomvalorintemporal,con-
tínuo/durativo.
2. a) síncope de d e crase das vogais
em i; b) prótese de a; c) assimilação
dev sobainfluênciadeb inicial.
38 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
Fonética e fonologia
Processos fonológicos (inserção, supressão e alteração)
Fenómeno Designação e conceito Exemplos
Inserção
de unidades
fónicas
Prótese (no início da palavra)
SPIRITU-  espírito
STARE  estar
Epêntese (no interior da palavra)
UMERU-  ombro
CREO  creio
Paragoge (no final da palavra) ANTE  antes
Supressão
de unidades
fónicas
Aférese (no início da palavra) ACUMEN  gume
Síncope (no interior da palavra)
LEGENDA  lenda
MALU-  mau
Apócope (no final da palavra)
MARE-  mar
LEGALE-  legal
Alteração
(por
transformação
ou deslocação)
de unidades
fónicas
Metátese (deslocação de segmento(s) ou
sílabas dentro da palavra)
SEMPER  sempre
FLORE-  frol (port. antigo)
Assimilação
(mudança de uma unidade
por influência de outra
que lhe está próxima e da
qual aquela se aproxima
articulatoriamente)
Progressiva MULTU-  muito (m[ ]to)
Regressiva
IPSU-  isso
AD SIC  assim
Dissimilação (duas unidades fónicas iguais
[ou com propriedades semelhantes] tornam-se
diferentes)
ROTUNDU-  rodondo  redondo
LILIU-  lírio
Sonorização (uma consoante surda torna-se
sonora)
LACU-  lago
LUPU-  lobo
TOTU-  todo
APOTHECA-  bodega
Vocalização (alteração de consoante para
vogal – antecedida de outra vogal na mesma
sílaba, essa unidade é realizada como
semivogal)
NOCTE-  noite
LACTE-  leite
Palatalização (evolução, para som palatal, de
uma unidade ou sequência)
CLAVE-  chave
FLAMMA-  chama
PLENU-  cheio
FILIU-  filho
CICONIA-  cegonha
HODIE  hoje
Contração
Crase (fusão de duas vogais
numa só)
PEDE-  pee (port. antigo)  pé
DOLORE-  door (port. antigo)  dor
Sinérese (uma sequência
de duas vogais em hiato
dá lugar a um ditongo por
semivocalização de uma delas)
LEGE-  lee (port. antigo)  lei
REGE-  ree (port. antigo)  rei
Redução vocálica (enfraquecimento de uma
vogal em posição átona)
sono / soninho
mesa / mesinha
casal / casalinho
(nas formas derivadas, a vogal destacada é
pronunciada em português europeu como [u], [i], [‫)]ܣ‬
FICHA INFORMATIVA N.O
2
39
Ficha informativa
As seguintes mnemónicas ajudar-te-ão a memorizar a terminologia dos fenóme-
nos de inserção e supressão de fonemas:
tASA corta, PEP engorda.
tASA – Aférese, Síncope e Apócope
tPEP – Prótese, Epêntese e Paragoge
Na sonorização, a seguinte mnemónica dá conta da situação mais frequente:
P A T A C A
B O D E G A
CONSOLIDA
1. Identifica os processos fonológicos que ocorreram na evolução das palavras seguintes.
Exemplos Processos fonológicos
a) SPERARE  esperar
b) FENESTRA-  feestra  fresta
c) REGNU-  reino
d) APOTHECA-  abodega  bodega
e) IBI  ii  i  aí
f) CRUDELE-  cruel
g) CLAMARE  chamar
h) PEDE-  pee  pé
i) DOMINA-  domna  dona
j) MALU-  mau
k) SPECULU-  speclu  espelho
l) MULTU-  muito
m) MERULU-  merlo  melro
n) SOLES  soes  sóis
(pataca passa a bodega)
Iluminura do Codex Manesse, século XIV (pormenor).
PROFESSOR
Gramática
17.3.
MC
Nota:Agrafianãoreflete,neces-
sária e imediatamente, todas as
alterações fónicas. Assim, pode-
mos ter grafias conservadoras,
que não deixam transparecer
mudanças que já ocorreram na
língua.
Consolida
1.
a)Prótesedee,apócopedee;
b) Síncope de n, crase de vogais e
metáteseder;
c)Vocalizaçãodeg;
d)Sonorizaçãodep,tec([k]);afé-
resedea;
e) Síncope de b, crase de vogais,
prótesedea;
f)Síncopeded,apócopedee;
g)Apócopedee epalatalizaçãodo
grupocl;
h)Síncopeded,crasedevogais;
i)Síncopedeieassimilaçãodem;
j) Síncope de l e sinérese (forma-
çãodeditongo);
k) Síncope de u, prótese de
e, palatalização do grupo cl;
l)Vocalizaçãodel;assimilaçãoda
nasalidadeporpartedoditongo;
m) Síncope de u e metátese de l
er;
n)Síncopedelesinérese(criação
deditongo).
PowerPoint
Ficha informativa n.o
2
40 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
PONTO DE PARTIDA
1. Observa com atenção a cena do filme Orgulho
e preconceito, baseado no livro homónimo da
escritora inglesa Jane Austen. Explica a impor-
tância que o evento assume para as personagens
que o frequentam.
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Bailemos nós ja todas tres, ai amigas
Bailemos nós ja todas tres, ai amigas,
so1
aquestas2
avelaneiras frolidas,
e quem for velida3
como nós, velidas,
se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verra4
bailar.
Bailemos nós já todas tres, ai irmanas,
so aqueste ramo destas avelanas,
e quem for louçana5
como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas avelanas
verra bailar.
Por Deus, ai amigas, mentr’6
al7
nom fazemos,
so aqueste ramo frolido bailemos,
e quem bem parecer como nós parecemos,
se amigo amar,
so aqueste ramo so’l que8
nós bailemos,
verra bailar.
Airas Nunes,
in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.),
op. cit., p. 311
5
10
15
1 So: sob, por debaixo de.
2 Aquestas: este/a.
3 Velida: bela, formosa.
4 Verra: virá.
5 Louçana: bonita, formosa.
6 Mentr’: enquanto.
7 Al: outra coisa.
8 So’l que: sob o qual.
CD 1
Faixa n.o
6
Iluminura das Cantigas
de Santa Maria, século XIII.
DA
PROFESSOR
Oralidade
1.1; 1.4.
Educação Literária
14.2; 14.3; 14.4; 14.5; 14.8;
15.1; 15.2.
Gramática
19.1.
MC
PontodePartida
1. O evento é um baile, que tem como
objetivooconvíviosociale«ver/estar»
comos«amigos».
▪ Vídeo
Cena do filme «Orgulho
e Preconceito»
41
Cantigas de amigo
1. Descreve, resumidamente, a circunstância e o espaço medieval apresentados na cantiga.
2. Atenta no verso «Bailemos nós ja todas tres, ai amigas» (v. 1).
2.1 Indica o recetor, o convite feito e os recursos linguísticos e expressivos com que
esse pedido se concretiza.
3. Classifica as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as
afirmações falsas.
a) Todas as donzelas, sem exceção, são convidadas a dançar.
b) A ação passa-se no outono.
c) O verso «se amigo amar» (vv. 4, 10, 16) indicia que os pretendentes das amigas
estariam presentes no baile.
4. Indica a simbologia das «avelaneiras».
5. Indica três características da cantiga de amigo.
6. Normalmente, o refrão, com autonomia rimática, repete-se no fim de cada estrofe.
Porém, em algumas cantigas, os versos do refrão intercalam-se nas coblas.
6.1 Partindo desta informação, identifica o refrão nesta cantiga e refere o seu valor
expressivo.
7. Faz a análise formal da cantiga.
8. Atenta no seguinte texto. Seleciona a palavra/expressão correta.
GRAMÁTICA
1. Tendo em conta a cantiga de amigo que acabaste de ler, identifica:
a) a forma verbal no presente do conjuntivo, com valor de imperativo;
b) uma conjunção subordinativa adverbial comparativa;
c) a forma arcaica de «virá»;
d) o advérbio de negação;
e) uma locução interjetiva;
f) a forma arcaica de «sob»;
g) a retoma de «amigas» por substituição lexical;
h) um quantificador numeral;
i) uma conjunção subordinativa adverbial condicional.
Em «Bailemos nós…», o espaço «frolido» é referido a) só nas coblas / só
no refrão, de modo a enfatizar a época primaveril, símbolo da b) fertilidade /
infertilidade, propícia ao namoro. A jovialidade, a beleza e a alegria das
donzelas c) enquadram-se na / contrastam com a natureza circundante.
O baile, perante d) «os amigos» / a família, permite o contacto verbal e
físico, associando-se, assim, a um ritual de fecundidade.
DS
SIGA
Classes de palavras
pp. 320-323
FI
Cantigas de amigo
Caracterização formal
p. 32
SIGA
Texto poético
p. 314
PROFESSOR
EducaçãoLiterária
1. Recria-se um espaço medieval da
vidacoletiva,obaileeasfestaspopu-
lares.Obaileeralocalprivilegiadode
encontroamoroso.
2.1 O recetor são as amigas e o con-
vite é à dança, concretizado através
do uso do presente do conjuntivo
(«Bailemos») e da apóstrofe «ai ami-
gas».
3.
a)F–oconvitesóéválidoparaquem
for «velida», «louçana», «bem pare-
cer»e«amigoamar»;
b) F – as «avelaneiras frolidas» indi-
ciamquesepassanaprimavera;
c)V.
4.Asavelaneirassimbolizamafemi-
nilidade, a beleza e a delicadeza.
A juventude e fecundidade das don-
zelas espelham-se nas avelaneiras
emflor.
5. O enunciador é feminino, faz refe-
rência ao amor pelo «amigo»; a nível
formal está presente o paralelismo.
6.1 O refrão é «se amigo amar / verra
bailar». Reitera o convite à dança
realizado nas coblas, introduzindo a
condição«seamigoamar».
7. Trata-se de uma cantiga parale-
lística, constituída por três coblas.
Cada cobla é uma quadra, com um
dístico como refrão. Note-se que o
primeiroversodorefrãoencontra-se
intercalado entre o terceiro e o
quarto versos da quadra. Tanto as
quadras como o refrão têm rima
monórrima.
8. a) só nas coblas; b) fertilidade;
c) enquadram-se na; d) «os amigos».
Gramática
1.a)«bailemos»(v.1);b)«como»(v.3);
c) «verrá» (v. 6); d) «nom» (v. 13);
e) «Por Deus» (v. 13); f) «so» (v. 5);
g) «irmanas» (v. 7); h) «três» (v. 1);
i)«se» (v.4).
42 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
ESCRITA
Exposição
1. Faz a leitura atenta do texto.
2. Num texto expositivo, de cento e vinte a cento e cinquenta palavras, reflete sobre o
namoro hoje em dia, confrontando-o com o namoro de antigamente.
Segue a planificação apresentada:
tIntrodução: definição de namoro e sua intemporalidade, embora vivido de formas
diferentes;
tDesenvolvimento: características do namoro antigamente e exemplos; do namoro
atual e exemplos; confronto das duas formas de namorar;
tConclusão: apresentação do teu ponto de vista, fundamentando-o.
No final, faz a revisão do teu texto. Verifica a construção das frases, a clareza do
discurso, as repetições desnecessárias e a utilização dos conectores.
5
10
15
20
Piropo
A vida de qualquer rapaz deve ser ler, escrever e correr atrás das raparigas. Esta
última parte é muito importante. Hoje em dia, porém, os rapazes de Portugal já não
correm atrás das raparigas – andam com elas. A diferença entre «correr atrás» e «andar
com» é, sobretudo, uma diferença de energia. Correr é galopar, esforçar, persistir, e é
alegria, entusiasmo, vitalidade. Andar é arrastar, passo de caracol, pachorrice, sono-
lência. […]
Os rapazes de hoje já não perguntam às raparigas se os anjos desceram à terra, ou
que bem fizeram a Deus para lhes dar uns olhos tão bonitos. Dizem laconicamente,
com o ar indiferente que marca o «cool» da contemporaneidade «Vamos aí?». Ou
simplesmente «‘bora aí?». Nos últimos tempos, tanto em Lisboa como na linha de
Cascais, esta economia de expressão atingiu até o cúmulo de se cingir a um breve e
boçal «Bute?». «Bute» significa qualquer coisa como «Acho-te muito bonita e dese-
jável e adoraria poder levar-te imediatamente para um local distante e deserto onde
eu pudesse totalmente desfazer-te em sorvete de framboesas». Mas, como os rapazes
só dizem «Bute?», são as pobres raparigas que têm de fazer o esforço todo de inter-
pretação e de enriquecimento semântico. São assim obrigadas a perguntar às amigas
«Ó Teresinha, o que é que achas que ele queria dizer com aquele bute?». E chegam
à desgraçada condição de analisar as intenções do rapaz mediante uma série de con-
siderações pouco líricas – foi um «Bute» terno ou ríspido, sincero ou mentiroso, terá
sido apaixonado ou desapaixonado? […]
De uma maneira geral, todas as palavras que não se imaginam num soneto de
Camões são impróprias. O amor pode ser um fogo que arde sem se ver, mas não basta
tomar o facto por dado e dizer simplesmente «Bute» – é preciso dizer que arde sem se
ver. Mesmo que não arda, mesmo que se veja.
Miguel Esteves Cardoso, A causa das coisas, 11.ª edição, Lisboa, Assírio  Alvim, 1991, pp. 227-228
DA
SIGA
Exposição sobre
um tema
p. 311
PROFESSOR
MC
Escrita
11.1; 12.1; 12.2; 12.3; 12.4; 13.1.
43
Ficha informativa
FICHA INFORMATIVA N.O
3
5
5
5
10
Iluminura do Codex Manesse,
século XIV (pormenor).
Cantigas de amigo
1. Variedade do sentimento amoroso
[N]a cantiga de amigo […], o argumento essencial é, de facto, o amor não
correspondido, fonte de todo o sofrimento e causa de desconforto e lamento […].
[O poeta] finge que é a mulher a expor as suas próprias penas […] [e] esta mulher
que se lamenta pela ausência ou indiferença do amigo é […] uma donzela, uma
«dona virgo» aparentemente simples e ingénua, sinceramente apaixonada e dolente,
vulnerável a qualquer desilusão, embora também sempre pronta a defender o seu
próprio sentimento de qualquer interferência.
Giulia Lanciani, «Cantiga de amigo», in Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani (org.),
Dicionário da literatura medieval galega e portuguesa, 2.ª edição,
Lisboa, Editorial Caminho, 2000, p. 135 (texto adaptado)
2. Confidência amorosa
A protagonista move-se num ambiente de natureza que ela chama como testemu-
nha dos seus próprios sofrimentos, muitas vezes objetivados ao ponto da identificação
total com a realidade circundante. […] A mulher da cantiga de amigo entra direta
ou indiretamente em contacto não só com o amigo mas também com outras perso-
nagens – elementos da natureza (o mar, as árvores, a fonte, o cervo, o papagaio) ou
seres humanos (a mãe, as amigas confidentes).
Giulia Lanciani, «Cantiga de amigo», in Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani (org.), op. cit., p. 135
3. Relação com a natureza
Há […] em alguns cantares de amigo uma intimidade afetiva com a natureza
talvez diferente do gosto cenográfico da paisagem (como quadro ou reflexo dos
sentimentos humanos) […]. Dir-se-ia existir uma afinidade mágica entre as pessoas e
tudo o que parece mover-se ou transformar-se por uma força interna: a água da fonte
e do rio, as ondas do mar, as flores da primavera ou verão, os cervos, a luz da alva,
a dos olhos. Todas estas coisas participavam ainda de associações mágicas, as suas
designações evocavam tantas correspondências entre o impulso amoroso e o flores-
cer das árvores, o comportamento animal, os movimentos das coisas naturais, que
o esquema repetitivo era como impercetível e subtil desenvolvimento de um tema
através de modulações que sugerem os seus inesgotáveis nexos com a vida.
António José Saraiva e Óscar Lopes, op. cit., pp. 62 e 66
CONSOLIDA
1. Com base nos textos que acabaste de ler, corrige as afirmações incorretas.
A presença feminina é uma característica essencial das cantigas de amigo, e os
sentimentos expressos (na maioria, positivos) são sempre de uma mulher casada.
Esta alegra-se com seres humanos próximos dela e com a natureza amiga, cujos
elementos nunca são associados ao sentimento amoroso.
PROFESSOR
Leitura
7.2; 8.1.
Educação Literária
15.1; 15.2.
MC
Consolida
1. «(na maioria, negativos)»;
«mulher solteira»; «Esta confi-
dencia-se»; «são muitas vezes
associados».
PowerPoint
Ficha informativa n.o
3
44 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
ORALIDADE
Anúncio publicitário
1. Visiona atentamente os anúncios publicitários e completa a tabela com os dados pedidos.
Produto
publicitado
Informação significativa
(data, local, cartaz, etc.)
Slogan
a)
b)
c)
2. Identifica o tema transversal aos três anúncios.
3. Os três anúncios têm uma estrutura semelhante. Explicita-a.
4. Relembra o primeiro anúncio.
4.1 Explica como as personagens expressam os seus sentimentos e esclarece a impor-
tância da sua postura, do silêncio/da hesitação e do olhar.
5. A publicidade conjuga diferentes linguagens (verbais e não verbais).
5.1 Refere três tipos de linguagem comuns aos três anúncios.
5.2 Comenta a sua eficácia e o seu poder sugestivo.
6. Atenta no slogan do terceiro anúncio.
6.1 Identifica o recurso expressivo e menciona um dos efeitos produzidos.
1 2
3
FI
Publicidade
p. 46
SIGA
Recursos expressivos
pp. 334-335
PROFESSOR
Oralidade
1.1; 1.2; 1.3; 1.4; 1.5; 1.6; 1.7;
2.1; 4.2; 5.1; 5.3; 6.1; 6.2; 6.3.
MC
Oralidade
a) Meo Sudoeste; 6-10/08; Zam-
bujeira do Mar; Wi-Fi grátis; «Tu
sóvivesumavez».
b) Optimus Alive; 10/07; Passeio
MarítimodeAlgés;ArcticMonkeys,
TheLumineers…;«Omelhorcartaz.
Sempre!».
c) Vodafone Paredes de Coura;
20-23/08; Paredes de Coura,
Franz Ferdinand, Beirut, James
Blake; «Power aos que semeiam
músicasecolhemfestivais!».
2. Publicidade a festivais de
música.
3. 1.a
parte – contextualização
através de imagens; 2.a
parte –
informaçõesrelevantes; 3.a
parte
– explicitaçãodoslogan.
4.1 Perante um desafio, as per-
sonagens expressam medo, he-
sitação e evitam o contacto
visual. Quando o ultrapassam,
mostram-se felizes, mudando a
sua postura, que se torna mais
confianteesocial.
5.1 Verbal, icónica (imagem) e
musical.
5.2 Aliando estes três tipos de
linguagem,osanúnciosmostram
os locais dos concertos e as pes-
soas a divertirem-se ao som da
música. Sugestiona-se o público
para este mundo de festa e cria-
-se o desejo de participar, indo
aosconcertos.
6.1 Metáfora – quem cultiva o
prazer da música, participa em
festivais, pretende-se que o pú-
blicoadiraaoevento.
Links
MEO Sudeste;
Optimus Alive
Vídeo
Vodafone Paredes
de Coura
45
Cantigas de amigo
GRAMÁTICA
1. Identifica o tempo e o modo verbais presentes nas frases:
a) «Vai ao Meo Sudoeste…»
b) «Não percas…»
c) «O habitat natural da música traz-te…»
1.1 Seleciona as duas alíneas que expressam ordem ou apelo.
2. Indica os adjetivos que constam nas expressões:
a) «Wi-Fi grátis»;
b) «o melhor cartaz»;
c) «o habitat natural da música».
2.1 Classifica quanto à flexão em grau o adjetivo da alínea b). Justifica o seu valor
expressivo.
ORALIDADE
Apreciação crítica
1. Observa atentamente a imagem que se segue.
2. Planifica uma apreciação crítica oral, entre dois e quatro minutos, atendendo aos
seguintes tópicos:
tdescrição sucinta e objetiva da imagem;
timportância de conhecermos o nosso passado;
tpapel que este tipo de eventos tem na sociedade atual;
tcomentário crítico da imagem.
3. Partilha a tua apreciação crítica com os teus colegas. Utiliza adequadamente recursos
verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação e expressivi-
dade.
©
André
Boto
SIGA
Adjetivo
p. 320
Apreciação crítica
p. 312
SIGA
PROFESSOR
Gramática
1. a) imperativo; b) presente do
conjuntivo, com valor de impera-
tivo;c)presentedoindicativo.
1.1 a)eb).
2.a)«grátis»;b)«melhor»;c)«na-
tural».
2.1 Superlativo relativo de supe-
rioridade, enfatiza a excelência do
cartaz,relativamenteaoutros.
Oralidade
Sugestões:
1.e2.
“ 7 G? 57@tD;A F;B;53?7@F7
medieval (pormenor do cas-
telo) sobressaem cinco figuras,
vestidas com trajes medievais.
As personagens femininas têm
vestidos coloridos e penteados
de época. As figuras masculi-
nas envergam espadas e uma
temarmadura.
“o;?BADF3@F75A@:757D?AE3E
nossas raízes, não só para a
nossa cultura geral, mas tam-
bém para percebermos certos
traçoscaracterizadoresdo«ser
português».
“ EF7E 7H7@FAE EyA D77H3@F7E
para divulgar os hábitos e cos-
tumes dos nossos antepas-
sados e promover encontros
entre os membros de uma
comunidade. Por outro lado,
também servem para fomen-
tar o turismo em determinadas
localidades.
“ EF3 ;?397? | 367CG363 3A
tipo de evento que publicita,
promovendo um cenário vivo
e dinâmico de um tempo da
História, desconhecido/obscu-
ro para muitas pessoas. As
palavras que a completam
são desafiadoras e convidam
o público a participar na feira
(«Aúltimaconquista»).
46 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA
Publicidade
1. O que é?
A publicidade consiste na promoção de um produto ou serviço de forma sedu-
tora, surpreendente, inovadora e eficaz, através dos meios de comunicação social.
Jacques Lendrevie, et al., Publicitor,
Alfragide, Dom Quixote, 2010, p. 109 (texto adaptado)
O anúncio é a mensagem que publicita um produto ou um serviço.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (online)
2. Qual é a sua finalidade?
A publicidade tem como objetivo despertar e captar a atenção, o interesse e o
desejo de potenciais consumidores ou simpatizantes, levando-os a memorizar a sua
mensagem e a agir, adquirindo o produto ou aderindo a um determinado conceito
ou causa.
A sigla AIDMA traduz as etapas da «arte de seduzir e convencer» que é a publi-
cidade:
t(despertar a) Atenção;
t(criar) Interesse;
t(provocar) Desejo;
t (permitir a) Memorização;
t(desencadear a) Ação.
Se atendermos ao seu objetivo, a publicidade pode ser dividida em dois tipos:
tcomercial, a que visa a venda de um produto ou de uma marca (fins lucra-
tivos).
tnão comercial/institucional, a que visa a adesão a uma ideia ou a uma causa
(fins sociais, informativos, solidários, preventivos, etc.).
3. Quais são os seus suportes?
Desde os primórdios da Publicidade que tudo tem mudado: o cartaz pintado à
mão dizendo «compre aqui» evoluiu até se chegar ao mupi moderno ou ao painel
eletrónico do estádio de futebol; a página de imprensa deixou de ter apenas texto
e passou a ter ilustração, fotografia, pop-ups; os anúncios deixaram de ser meras
explicações das vantagens dos produtos e, com criatividade, tornaram-se peças de
entretenimento que não só explicam produtos como permitem que nos liguemos
às marcas e nos tornemos seus consumidores, seus embaixadores, seus fans. A net
veio alargar as fronteiras daquilo que é possível obrigando a Publicidade a pensar em
novas linguagens e a adequar-se a novas técnicas.
Toda a evolução da história da Publicidade tem conduzido a que se encontrem
formas mais eficazes, mais abrangentes e mais sofisticadas de chamar a atenção.
A Publicidade foi, é e sempre será a Arte de Chamar a Atenção.
Jacques Lendrevie, op. cit., p. 108 (texto adaptado)
FICHA INFORMATIVA N.O
4
5
10
PowerPoint
Ficha informativa n.o
4
47
Ficha informativa 47
Texto icónico Texto linguístico
Imagem Slogan Texto argumentativo
tDiferentes elementos visuais
(ilustração ou fotografia, arranjo
gráfico, cor, caracteres…) que
despertam a atenção do con-
sumidor.
tFrase ou expressão original,
breve, concisa, simples e fácil
de memorizar capaz de des-
pertar a simpatia pelo pro-
duto ou campanha.
t Texto que dá credibilidade
ao anúncio, apresentando as
qualidades e vantagens do
produto ou campanha que
levam à ação do consumidor
(compra/adesão).
4. Quais são as suas características fundamentais?
Na publicidade, conjugam-se diferentes linguagens: verbal (palavra) e não verbal:
icónica (imagem); musical; gestual e atitudinal (postura, tom de voz, articulação,
ritmo, entoação, expressividade, etc.).
Para obter a simpatia e a adesão do público o texto publicitário recorre a vários
mecanismos linguísticos e estilísticos:
ttempos e modos verbais, como o imperativo ou o conjuntivo;
tentoação;
tneologismos;
trecursos expressivos abundantes: hipérbole, metáfora, anáfora, repetição,
trocadilho…;
taforismos e expressões idiomáticas;
tadjetivos em grande número;
trima, ritmo e métrica.
1. A publicidade é uma área que requer destreza e à-vontade com as palavras e, nesse
campo, os escritores sentem-se no seu «habitat». Há slogans que ficaram na memória
coletiva e que foram criados por autores consagrados. Por exemplo:
2. A primeira agência de publicidade em Portugal chamava-se J. Walter Thompson.
O slogan de Fernando Pessoa acima referido foi criado para esta agência em 1927,
para a marca Coca-Cola.
CURIOSIDADE
«Há mar e mar,
há ir e voltar.»
Alexandre O’Neill
«Mais Seguro,
Mais Futuro.»
Ary dos Santos
«Primeiro estranha-se.
Depois, entranha-se.»
Fernando Pessoa
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  • 1. OFERTA DE SIMULADOR DE TESTES T MANUAL CERTIFICADO FACULDADE DE LETRAS UNIVERSIDADE DE COIMBRA PORTUGUÊS10.ºANO CéliaCameira FernandaPalma RuiPalma MANUAL DO PROFESSOR
  • 2. Índice geral pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 22 Mensagens cruzadas 24 Contextualização histórico-literária Cantigas de amigo 30 «Ondas do mar de Vigo» Martim Codax 34 «Ai flores, ai flores do verde pino» D. Dinis 36 «Levad’, amigo que dormides as manhanas frias» Nuno Fernandes Torneol 40 «Bailemos nós já todas tres, ai amigas» Airas Nunes Cantigas de amor 48 «Proençaes soem mui bem trobar» D. Dinis 48 «Quer’eu em maneira de proençal» D. Dinis 50 «Se eu podesse desamar» Pero da Ponte Cantigas de escárnio e maldizer 56 «Ai, dona fea, fostes-vos queixar» João Garcia de Guilhade 58 «Roi Queimado morreu com amor» Pero Garcia Burgalês 60 «Quen a sesta quiser dormir» Pero da Ponte pp. GRAMÁTICA 31 Classes e subclasses de palavras 35 Funções sintáticas 37 Tempos e modos verbais. Processos fonológicos 38 Fonética e fonologia. Processos fonológicos (inserção, supressão e alteração) 41 Classes de palavras. Tempos e modos verbais. Lexicologia: arcaísmo 45 Tempos e modos verbais. Adjetivos 49 A frase complexa: coordenação e subordinação. 51 Processos fonológicos. Formas verbais 59 Funções sintáticas. Classes e subclasses de palavras 64 O português: génese, variação e mudança. Principais etapas da formação e evolução do português pp. ORALIDADE 35 Apreciação crítica: Mixórdia de temáticas, «Níveis prejudiciais de amor», Ricardo Araújo Pereira 44 Compreensão: Anúncio publicitário 45 Apreciação crítica: «A idade média está na moda» 61 Apreciação crítica: O país onde a maledicência é melhor que o silêncio, Mariana Seruya Cabral pp. ESCRITA 42 Exposição sobre um tema: Piropo, Miguel Esteves Cardoso (crónica) 52 Apreciação crítica: O beijo, Francisco García Lorca (desenho) pp. LEITURA 54 Exposição sobre um tema: O rei que refundou Portugal, Luís Miguel Queirós 68 Mensagens de hoje 69 Glossário 70 Ficha formativa Unidade 1 Poesia trovadoresca Unidade 0 Diagnose e projeto de leitura pp. 12 Avaliação diagnóstica 18 Projeto de leitura 2
  • 3. pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 108 Mensagens cruzadas 110 Contextualização histórico-literária Farsa de Inês Pereira 117 «Sem casamento, que enfadamento…» 120 «Pretendente apresentado e logo rejeitado…» 126 «Aparece um escudeiro e é solteiro…» 132 «Casamento celebrado, casamento frustrado?» 137 «Que casamento e que tormento!» 142 «Bem casar para livre estar…» pp. GRAMÁTICA 119 Fonética e fonologia. Processos fonológicos 124 Frases complexas: coordenação e subordinação 128 Funções sintáticas 129 Complemento do nome 139 Processos fonológicos. Funções sintáticas 146 Do português antigo ao português contemporâneo. Tempos e modos verbais. Funções sintáticas. pp. ORALIDADE 128 Apreciação crítica: Cartoon 152 Reportagem: «Educação: de iletradas a superletradas» pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 76 Mensagens cruzadas 78 Contextualização histórico-literária Crónica de D.João I 83 «Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o Meestre, e como aló foi Alvoro Paaez e muitas gentes com ele» 90 «Das tribulações que Lixboa padecia per mingua de mantiimentos» pp. GRAMÁTICA 85 A frase complexa: coordenação 88 Predicativo do complemento direto 93 Funções sintáticas. A frase complexa 98 Processos irregulares de formação de palavras pp. ORALIDADE 86 Apresentação: «O meu 25 de abril», Francisco Sousa Tavares (crónica) pp. ESCRITA 94 Exposição sobre um tema: «Fome e miséria» 98 Apreciação crítica: «Manifestação cultural» pp. LEITURA 97 Apreciação crítica: «A estranha vida de Steve Jobs», João Pedro Pereira 100 Mensagens de hoje 101 Glossário 102 Ficha formativa 154 Mensagens de hoje 155 Glossário 156 Ficha formativa Unidade 2 Fernão Lopes – Crónica de D. João I Unidade 3 Gil Vicente – Farsa de Inês Pereira pp. ESCRITA 124 Apreciação crítica: Excerto do programa 5 para a meia-noite 136 Exposição sobre um tema: A relevância do espaço na Farsa de Inês Pereira 140 Exposição sobre um tema: A construção do tempo na A Farsa de Inês Pereira 146 Exposição sobre um tema: «A farsa de Inês Pereira, crítica de costumes» 3
  • 4. 4 Unidade 4 Luís de Camões, Rimas pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 162 Mensagens cruzadas 164 Contextualização histórico-literária A representação da amada 170 «Leva na cabeça o pote» 171 «Posto o pensamento nele» 173 «A verdura amena» 176 «Aquela cativa» 178 «Um mover d’olhos brando e piadoso» A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor 182 «Tanto de meu estado me acho incerto» 182 «Pede o desejo, Dama, que vos veja» A representação da natureza 185 «Alegres campos, verdes arvoredos» A reflexão sobre a vida pessoal 188 «Erros meus, má fortuna, amor ardente» 188 «O dia em que eu nasci, moura e pereça» O desconcerto do mundo 191 «Os bons vi sempre passar» A mudança 196 «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» pp. GRAMÁTICA 172 Funções sintáticas. A frase complexa: subordinação 174 A frase complexa: coordenação e subordinação. Funções sintáticas. Campo lexical 175 Campo lexical e campo semântico 177 Campo semântico 179 Funções sintáticas. A frase complexa: subordinação 183 Classes de palavras. Processos regulares de formação de palavras 186 Funções sintáticas. A frase complexa: coordenação. Classes de palavras. Pronominalização 189 A frase complexa: subordinação 192 Funções sintáticas. Conectores frásicos. Processos regulares de formação de palavras. Étimo 194 Étimo, palavras divergentes e convergentes 197 Funções sintáticas 199 Complemento do adjetivo 203 Principais etapas da formação e da evolução do português pp. ORALIDADE 174 Apreciação crítica: «Se eu fosse um dia o teu olhar», Pedro Abrunhosa 180 Exposição sobre um tema: «Estâncias na medida velha que têm duas contrariedades: louvando e deslouvando uma dama», análise e comparação de «[Vós] sois NJa Dama» e «De grão merecer», Luís de Camões 183 Apresentação: «Amor é um fogo que arde sem se ver», de Luís de Camões e versão musicada do mesmo poema, Polo Norte 186 Exposição sobre um tema: «A Gaivota dos Alteirinhos», Jorge Palma pp. ESCRITA 172 Exposição sobre um tema: Leitura comparativa entre «Ondas do mar de Vigo», Martim Codax, e «Posto o pensamento nele», Luís de Camões 177 Exposição sobre um tema: Belle, Amma Asante (filme) 189 Exposição sobre um tema: «O erro, o arrependimento e as consequências» 197 Apreciação crítica: «O futuro das nossas crianças», Trayko Popov (cartoon) 201 Síntese: «Camões tornado carne», Raquel Ribeiro (notícia) 206 Mensagens de hoje 207 Glossário 208 Ficha formativa
  • 5. 5 pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 214 Mensagens cruzadas 217 A epopeia: natureza da obra Os Lusíadas 222 Constituição da matéria épica: canto I, ests. 1 a 3 (Proposição) 226 Constituição da matéria épica: canto I, ests. 4 e 5 (Invocação) 228 Constituição da matéria épica: canto I, ests. 6 a 18 (Dedicatória) 231 Reflexões do poeta: canto I, ests. 105 e 106 («Bicho da terra tão pequeno») 233 Reflexões do poeta: canto V, ests. 92 a 100 (Partida de Vasco da Gama) 237 Reflexões do poeta: canto VII, ests. 78 a 87 (Ninfas do Tejo e do Mondego) 240 Reflexões do poeta: canto VIII, ests. 96 a 99 (O poder corrupto do dinheiro) 244 Constituição da matéria épica/ /mitificação do herói: canto IX ests. 52-53 e 66 a 70 (A chegada à Ilha dos Amores) 248 Reflexões do poeta: canto IX, ests. 88 a 95 (A Ilha dos Amores e a imortalidade) 254 Constituição da matéria épica: canto X, ests. 75 a 79 (A Máquina do Mundo) 256 Constituição da matéria épica: canto X, ests. 80 a 91 (A Máquina do Mundo) 260 Reflexões do poeta: Canto X, ests. 145 a 156 (Lamentações e profecia de futuras glórias nacionais) pp. GRAMÁTICA 223 Complemento do nome. A frase complexa: subordinação 226 Funções sintáticas 230 Funções sintáticas. Campo lexical. Arcaísmos e neologismos. Hiperonímia e hiponímia 232 Campo lexical. Classes de palavras. Antonímia 235 A frase complexa: subordinação. Processos fonológicos. Processos regulares e irregulares de formação de palavras 239 Arcaísmo e neologismo 255 Processos fonológicos 259 Arcaísmos. A frase complexa: subordinação. Campo semântico. Palavras divergentes. Funções sintáticas 267 Funções sintáticas 269 Do português antigo ao português contemporâneo pp. ORALIDADE 235 Apreciação crítica: Anibaleitor, Rui Zink (romance) 238 Síntese: Uma geração (des) interessada, Teresa Camarão (documentário) 251 Anúncio publicitário: «Azeite Gallo – Poema» pp. ESCRITA 230 Exposição sobre um tema: «A importância do sonho» 232 Exposição sobre um tema: A ambição humana; «O homem, bicho da Terra tão pequeno», Carlos Drummond de Andrade (poema) 241 Apreciação crítica: Cartoon, Luís Afonso 259 Exposição sobre um tema: Comparação entre Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Troia, filme de Wolgang Petersen 262 Síntese: Sob o signo do Império, J. Oliveira Macêdo (ensaio, excerto) pp. LEITURA 266 Artigo de divulgação científica: «Como se faz um campeão» Unidade 5 Os Lusíadas 274 Mensagens de hoje 275 Glossário 276 Ficha formativa
  • 6. pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 282 Mensagens cruzadas 284 A literatura de catástrofe: a História trágico-marítima Literatura de viagens 285 «O início da aventura do herói Albuquerque» 290 «Um duplo ataque: os corsários e a natureza» 295 «Acabam-se os trabalhos: a justa recompensa» pp. GRAMÁTICA 287 Funções sintáticas 298 Campo lexical e campo semântico; arcaísmos e neologismos pp. LEITURA 301 Relato de viagem: «Marrocos, uma comarca exótica», Tiago Salazar pp. ORALIDADE 288 Documentário: Caravelas e naus – um choque tecnológico no século XVI 294 Síntese: «A milionária cadeia da pirataria na Somália», Gabriel Bonis (artigo) Unidade 6 História trágico-marítima pp. ESCRITA 298 Apreciação crítica: História trágico-marítima, Helena Vieira da Silva (pintura) 304 Mensagens de hoje 305 Glossário 306 Ficha formativa 6
  • 7. 7 SIGA Síntese informativa e gramatical de apoio pp. I. ESCRITA E ORALIDADE 311 Exposição sobre um tema 312 Apreciação crítica 313 Síntese pp. II. TEXTOS LITERÁRIOS 314 Texto poético 315 Texto dramático 317 Texto narrativo pp. III. GRAMÁTICA (cont.) 324 Sintaxe Funções sintáticas Colocação do pronome pessoal átono Transformação da voz ativa em voz passiva Coordenação e Subordinação 328 Lexicologia 329 Semântica Valores de tempo, modo e aspeto em algumas formas verbais 330 Análise do discurso e pragmática Texto/linguística textual Articuladores/conectores do discurso Reprodução do discurso no discurso Paratextos 334 Recursos expressivos pp. III. GRAMÁTICA 319 Morfologia Processos regulares de formação de palavras Derivação Composição 320 Classes de palavras Classes e subclasses de palavras Nome Adjetivo Verbo Advérbio e locução adverbial Quantificador Interjeição e locução interjetiva Determinante Pronome Preposição e locução prepositiva Conjunção e locução conjuncional
  • 8. 8 Unidade 1 32 Ficha n.º 1 Cantigas de amigo – caracterização formal 38 Ficha n.º 2 Fonética e fonologia 43 Ficha n.º 3 Cantigas de amigo – variedade do sentimento amoroso; confidência amorosa; relação com a natureza 46 Ficha n.º 4 Publicidade 53 Ficha n.º 5 Cantigas de amor 63 Ficha n.º 6 Cantigas de escárnio e maldizer 64 Ficha n.º 7 O português: génese, variação e mudança Unidade 2 87 Ficha n.º 1 Os atores individuais e coletivos 88 Ficha n.º 2 Predicativo do complemento direto 95 Ficha n.º 3 A afirmação da consciência coletiva 99 Ficha n.º 4 Processos irregulares de formação de palavras Unidade 3 125 Ficha n.º 1 Os processos de cómico 129 Ficha n.º 2 Complemento do nome 141 Ficha n.º 3 Representação do quotidiano 147 Ficha n.º 4 Caracterização das personagens; dimensão satírica 153 Ficha n.º 5 Reportagem Unidade 4 175 Ficha n.º 1 Campo lexical e campo semântico 181 Ficha n.º 2 A representação da amada 184 Ficha n.º 3 A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor 187 Ficha n.º 4 A representação da natureza 190 Ficha n.º 5 Reflexão sobre a vida pessoal 193 Ficha n.º 6 O desconcerto do mundo 194 Ficha n.º 7 Étimo, palavras divergentes e convergentes 198 Ficha n.º 8 O tema da mudança 199 Ficha n.º 9 Complemento do adjetivo 200 Ficha n.º 10 Medida velha e medida nova 203 Ficha n.º 11 Principais etapas da formação e da evolução do português Unidade 5 224 Ficha n.º 1 Imaginário épico I 227 Ficha n.º 2 Imaginário épico II 239 Ficha n.º 3 Arcaísmo e neologismo 242 Ficha n.º 4 Reflexões do poeta 246 Ficha n.º 5 Mitificação do herói 252 Ficha n.º 6 Imaginário épico/reflexões do poeta 264 Ficha n.º 7 Canto X – Lamentações e profecia de futuras glórias nacionais 268 Ficha n.º 8 Artigo de divulgação científica 269 Ficha n.º 9 Genealogia linguística Unidade 6 289 Ficha n.º 1 Documentário 299 Ficha n.º 2 As aventuras e desventuras dos Descobrimentos 303 Ficha n.º 3 Relato de viagem FICHAS INFORMATIVAS pp.
  • 9. 9 Verbos de instrução Analisar Decompor o objeto a ser analisado, a fim de examinar e identificar as partes, relações e os princípios envolvidos, que levam à compreensão do todo. Apresentar Expor, dar a conhecer de maneira sucinta. Argumentar Enunciar os raciocínios que constituem um pensamento, defender ideias, opiniões a respeito de um determinado assunto. Associar Estabelecer uma correspondência, uma relação entre duas ou mais afirmações, ideias,... Caracterizar Pôr em evidência, descrever as propriedades de alguém ou algo. Citar/apontar Mencionar, indicar, de forma breve, determinado aspeto de um assunto. Classificar Reunir em classes ou respetivos grupos, segundo um sistema de classificação. Comentar Opinar, discutir sobre o que foi lido, num determinado contexto, dado pelo enunciado. Comparar/confrontar Examinar simultaneamente dois ou mais objetos, a fim de conhecer as semelhanças, diferenças ou estabelecer relações. Comprovar Provar uma proposição (afirmação), juntar as provas da sua verdade. Definir Dizer em que consiste. Expor um conceito, clara e precisamente. Delimitar Estabelecer limites, dizer o início e o fim de sequências. Confirmar Afirmar, com outras palavras, o já dito; ratificar; corroborar. Criticar Julgar com critério, com discernimento, analisando o lado positivo e o negativo. Descrever Apresentar características distintivas, possibilitando visualizar o objeto em descrição. Discutir Analisar uma questão, um problema, um assunto, pelo exame das razões e provas. Enumerar Listar factos, dados, características, argumentos; especificar um a um. Esclarecer Elucidar, tornar compreensível o sentido de uma afirmação, um pensamento,… Exemplificar Dar exemplos, comprovar com evidências de um texto (abrir e fechar aspas). Explicar Dar a conhecer ou expor factos, resultado de uma interpretação e compreensão. Explicitar Tornar explícito, claro e preciso o sentido do que se quer dar a conhecer. Exprimir o ponto de vista Dar a opinião, fundamentando. Identificar Reconhecer e apontar os elementos fundamentais ou as principais características. Ilustrar Explicar, usando exemplos concretos. Interpretar Expor o sentido, com clareza e objetividade, dentro de um determinado contexto, a fim de mostrar uma compreensão do assunto. Justificar Provar, fundamentar, dar razões convincentes. Referir Indicar factos e dados que se relacionam ou explicam determinada situação. Relacionar Estabelecer uma relação (de oposição, semelhança,…); confrontar realidades. Resumir Distinguir as ideias centrais de um texto das secundárias, obtendo a síntese, que corresponde à compreensão do que foi lido. Transcrever Copiar o que se pede, tal como está no texto original (abrir e fechar aspas). VERBO SENTIDO
  • 10. 0 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PROJETO DE LEITURA Que livros ler? O que fazer? t Escrita; t Oralidade. Como divulgar?
  • 11. DIAGNOSE E PROJETO DE LEITURA Vicent van Gogh, Still Life – French Novels and a Rose, c. 1888 (pormenor).
  • 12. 12 Unidade 0 // DIAGNOSE E PROJETO DE LEITURA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA COTAÇÕES GrupoI 1. 18pontos 1.1 9pontos 1.2 9pontos 2. 18pontos 3. 10pontos 4.1 6pontos 4.2 5pontos 4.3 5pontos 80pontos Grupo I Lê atentamente o seguinte texto. Um livro Levou-me um livro em viagem, não sei por onde é que andei. Corri o Alasca, o deserto, andei com o sultão no Brunei? P’ra falar verdade, não sei. Com um livro cruzei o mar, não sei com quem naveguei. Com marinheiros, corsários, tremendo de febres e medo? P’ra falar verdade, não sei. Um livro levou-me p’ra longe, não sei por onde é que andei. Por cidades devastadas, no meio da fome e da guerra? P’ra falar verdade, não sei. Um livro levou-me com ele até ao coração de alguém, e aí me enamorei – de uns olhos ou de uns cabelos? P’ra falar verdade, não sei. Um livro num passe de mágica tocou-me com o seu feitiço: deu-me a paz e deu-me a guerra, mostrou-me as faces do homem – porque um livro é tudo isso. Levou-me um livro com ele pelo mundo a passear, não me perdi nem me achei – porque um livro é afinal… um pouco da vida, bem sei. João Pedro Mésseder, O g é um gato enroscado, Alfragide, Editorial Caminho, 2003, p. 4 5 10 15 20 25 30 André Letria, Se eu fosse um livro, 2011.
  • 13. 13 Avaliação diagnóstica Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas às questões que se seguem. 1. Classifica as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). a) O sujeito poético levou um livro quando foi viajar. b) O sujeito poético percorreu mar e terra. c) Os sítios por onde passou assemelhavam-se a paraísos ou infernos. d) O sujeito poético não conheceu a paixão através dos livros. e) Nos livros, não está contemplada a vertente multifacetada do Homem. f) No final do poema, é evidente a importância concedida ao livro. 1.1 Corrige as afirmações falsas. 1.2 Transcreve do poema versos que comprovem as afirmações verdadeiras. 2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de modo a obteres afirmações verdadeiras. A B a) Com a construção anafórica no primeiro verso da 3.ª, 4.ª e 5.ª estrofes, 1. o enunciador questiona a autenticidade das suas viagens. b) Com a sucessão de frases interrogativas, 2. o enunciador contrasta experiências literárias. c) Com as diversas enumerações, 3. o enunciador reitera o meio pelo qual viaja. d) Com a metáfora «tocou-me com o seu feitiço» (v. 22), 4. o enunciador acentua a incerteza quanto à veracidade das suas vivências. e) Com a antítese «Deu-me a paz e deu-me a guerra» (v. 23), 5. o enunciador ilustra o poder transformador da literatura. f) Com a repetição do verso final, nas quatro primeiras estrofes, 6. o enunciador sugere a quantidade de experiências literárias. 3. Identifica o tema do poema. 4. Atenta na forma como o poema está escrito. 4.1 Classifica as estrofes quanto ao número de versos. 4.2 Classifica a rima presente nos dois últimos versos da primeira estrofe. 4.3 Quanto à métrica, divide e classifica o primeiro verso do poema. PROFESSOR GrupoI 1. a)F; b)V; c)V; d)F; e)F; f)V. 1.1a)Umlivroéqueofezviajar. d) Pelas leituras, também conheceu apaixão. e) As várias faces do Homem estão presentesnoslivros. 1.2b)«CorrioAlasca,odeserto»(v.3) e«Comumlivrocruzeiomar»(v.6); c)«Deu-meapazedeu-meaguerra» (v.23); f) «porque um livro é afinal… / um poucodavida»(vv.29-30). 2. a)3.; b)1.; c)6.; d)5.; e)2.; f)4. 3. O tema do poema é a riqueza que advémdasexperiênciasdeleitura. 4.1 Quintilhas. 4.2Rimaemparelhada. 4.3 Le/vou/-me um / li/vro em/vi/a/ gem – heptassílabo, redondilha maior. Sugestão A correção da avaliação diagnóstica pode ser feita através de heterocor- reção. As correções são projetáveis em
  • 14. 14 Unidade 0 // DIAGNOSE E PROJETO DE LEITURA COTAÇÕES GrupoII 1. 15pontos 2.1 5pontos 2.1.1 2pontos 2.2 5pontos 2.3 5pontos 3. 8pontos 40pontos 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 Grupo II Lê atentamente o seguinte texto. A LEITURA NO ECRÃ O mundo digital, com os seus ecrãs e as ligações em rede, veio criar uma nova forma de ler que é diferente da dos livros e jornais em papel. Perante o novo paradigma, surge toda uma cultura e um con- junto de competências que urge aprender, com muitas potencialida- des e desvantagens à mistura. É inegável que a era da internet veio mesmo para ficar, e é com essa reali- dade em mente que se tenta delinear uma estratégia para ler no ambiente que criou. Tal como referem os sociólogos Gustavo Cardoso e Tiago Lima Quinta- nilha, em A sociedade dos ecrãs (2013), ao mesmo tempo que existe uma aposta cada vez maior em tecnologias assentes em ecrãs, vemos também uma tendên- cia para os processos e ferramentas de mediação dependerem dessa «ecrani- zação», sendo ambos um «resultado do crescimento sustentado do modelo Web». Basicamente, um ecrã que esteja ligado à rede propicia uma experiência de leitura que recorre ao multimédia, à interatividade e à existência de hiperli- gações. Com o advento da Web 2.0, a norma passa igualmente por ter o leitor a produzir e a publicar conteúdos, seja na blogosfera, nas redes sociais ou atra- vés de website que tenha criado. Perante este novo ecossistema, vem ao de cima a necessidade de uma cultura digital que dote o leitor de uma capaci- dade crítica e reflexiva, de modo a saber procurar e lidar com a informação que tem em mãos, não bastando dominar a vertente técnica das tecnologias que se usam: podemos saber guiar um auto- móvel, por exemplo, mas se nos faltar a capacidade de analisar cada situação que se nos depara na estrada, o erro e o desastre são quase certos. Para José Afonso Furtado, «com a velocidade a que as coisas estão a mudar, as pessoas têm de ter uma cultura da informação que seja suficientemente flexível e ágil para se habituarem a lidar com problemas inesperados». Acima de tudo, «a prática da leitura digital implica novas competências para a apropriação do texto», entre elas: a capacidade de navegar por entre os dados a que temos acesso; a marcação daquilo que verdadeiramente nos interessa; saber copiar os dados que queremos; fazer uma boa prospeção, capaz de encontrar com precisão aquilo de que necessitamos; realizar anotações às informações que reunimos; armazenar de forma organizada os dados que usamos, para a eles recorrermos quando necessi- tamos (memória); e aprender a publicar informação que reunimos. Tal como explicou o filósofo francês Michel Foucault, «as fronteiras de um livro nunca estão claramente defini- das», pois existe, dentro dele, todo um «sistema de referências a outros livros, outros textos, outras frases: é um nó dentro de uma rede, uma rede de refe- rência». Nunca estas palavras se revela- ram tão apropriadas como hoje. JPL, «Do papel para o digital – a leitura no ecrã», in Superinteressante, n.º 193, maio de 2014, pp. 64-65 (texto com supressões)
  • 15. 15 Avaliação diagnóstica Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas às questões que se seguem. 1. Para responderes a cada um dos itens 1.1 a 1.5, seleciona a opção correta. 1.1 O mundo digital (A) propicia possibilidades díspares de leitura. (B) mantém as possibilidades de leitura já existentes. (C) desenvolve as possibilidades de leitura já existentes. (D) não acrescenta nada às possibilidades de leitura já existentes. 1.2 Esta nova realidade exige que o leitor (A) desenvolva o gosto pela leitura. (B) aposte na aquisição de novas tecnologias. (C) trace uma metodologia de leitura. (D) perca velhos hábitos de leitura. 1.3 Com o exemplo da condução, pretende-se (A) aproximar uma realidade conhecida de uma desconhecida. (B) comparar uma realidade conhecida com uma desconhecida. (C) distanciar uma realidade conhecida de uma desconhecida. (D) opor uma realidade conhecida a uma desconhecida. 1.4 A enumeração no quarto parágrafo tem como objetivo (A) fornecer uma lista exaustiva das competências que o leitor tem de possuir. (B) sensibilizar para as competências que o leitor tem de possuir. (C) alertar para as competências que o leitor tem de possuir. (D) dar exemplos das competências que o leitor tem de possuir. 1.5 A expressão «as fronteiras de um livro nunca estão claramente definidas» (ll. 66-68), no quinto parágrafo, traduz (A) a existência de um sistema indefinido. (B) a referência a outras redes. (C) a intertextualidade de cada obra. (D) a imagem dos nós e redes de um sistema definido. 2. Atenta na seguinte expressão «É inegável que a era da internet veio mesmo para ficar» (ll. 10-11). 2.1 Constrói uma frase em que a palavra destacada pertença a uma classe de pala- vras diferente. 2.1.1 Classifica-a. 2.2 Classifica a oração sublinhada. 2.3 Indica a função sintática que essa oração desempenha. 3. Identifica o processo de formação das seguintes palavras destacadas, tendo em conta o contexto em que surgem. a) «para os processos e ferramentas de mediação dependerem dessa “ecranização”» (ll. 20-22); b) «Perante este novo ecossistema»(l.33). PROFESSOR GrupoII 1.1(A); 1.2(C); 1.3(B); 1.4(D); 1.5(C). 2.1 Por exemplo: Quando eu era criança,liamuitoslivros. 2.1.1 Verbo «ser» no pretérito imper- feitodoindicativo. 2.2 Oração subordinada substantiva completiva. 2.3Sujeito. 3.a)derivaçãoporsufixação; b) composição por associação de radicalepalavra.
  • 16. 16 Unidade 0 // DIAGNOSE E PROJETO DE LEITURA Grupo III Atenta na seguinte imagem e na frase abaixo da autoria de Tim Berners-Lee, inventor, em 1989, da World Wide Web, considerado um dos maiores génios vivos do mundo. Redige um texto de opinião, entre cento e vinte e cento e cinquenta palavras, sobre a temática «Vantagens e desvantagens dos avanços tecnológicos». Segue a planificação apresentada: Introdução: 1.º parágrafo – definição de avanço tecnológico. Desenvolvimento: 2.º parágrafo – vantagens da evolução tecnológica e respetivos exemplos; 3.º parágrafo – desvantagens da evolução tecnológica e respetivos exemplos. Conclusão: 5.º parágrafo – opinião pessoal. Após a escrita do teu texto, não te esqueças de o rever e aperfeiçoar. «As empresas vão ser cada vez mais geridas por computadores. E os computadores estão a ficar mais inteligentes, mas nós não.» Tim Berners-Lee «Revista» (texto de Matt Warman), in Expresso, 25 de outubro de 2014 COTAÇÕES GrupoIII 50pontos PROFESSOR GrupoIII “iH3@{A F75@A†9;5A 3;36A 3A avanço da ciência; põe ao nosso dis- por ferramentas/possibilidades, que nosauxiliam/facilitamnavidaquoti- diana; “3H3@{A63F75@AA9;3H7?FD3L7D Vantagens: –sociais:maiorqualidadedevidaao níveldasaúde,educação,segurança, comunicação, mobilidade, habita- ção,trabalho…; – económicas: maior garantia de subsistência,menordependênciada natureza,maiorriqueza,etc. Desvantagens –sociais:desemprego(naindústria), perigo de uso excessivo e adição (internet, telemóveis, computado- res); – ecológicas: poluição, desastres ambientais, problemas para os vá- riosecossistemas… “Biniãopessoal.
  • 17. 17 Avaliação diagnóstica Grupo IV Escuta atentamente a música Vayorken, interpretada por Capicua. Seleciona, para cada uma das questões abaixo apresentadas, a resposta que considerares mais correta, de acordo com o sentido da letra. 1. Quando fosse crescida, queria (A) viajar pelo mundo. (B) lecionar windsurf. (C) vestir-se de rosa e vermelho. (D) ir a Vayorken. 2. Os dois músicos que refere são (A) Sérgio Godinho e Jorge Palma. (B) Zeca Afonso e Pedro Abrunhosa. (C) Zeca Afonso e Sérgio Godinho. (D) Jorge Palma e Pedro Abrunhosa. 3. Em criança, considera que tinha (A) mau feitio, todavia era bem comportada. (B) mau feitio e era mal comportada. (C) bom feitio e era bem comportada. (D) bom feitio, contudo era mal comportada. 4. O tema desta música é (A) o gosto por viajar. (B) a sua caracterização atual. (C) o seu sonho de menina. (D) a memória da infância. 5. Provavelmente, o nome Vayorken aparece desta forma porque (A) ainda não sabia geografia. (B) ainda não sabia pronunciar corretamente as palavras. (C) era como os seus pais diziam. (D) era como tinha ouvido dizer. 6. A forma Vayorken corresponde à cidade de (A) Newark. (B) Nova Jérsia. (C) Nova Orleães. (D) Nova Iorque. COTAÇÕES GrupoIV 30pontos CD 1 Faixa n.o 1 PROFESSOR Compreensãodooral 1.(B); 2.(C); 3.(B); 4.(D); 5.(B); 6.(D).
  • 18. 18 PROJETO DE LEITURA LITERATURA PORTUGUESA AAVV, Antologia do Cancioneiro Geral (poemas escolhidos) ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, Navegações ALVES, Adalberto, O meu coração é árabe BRANDÃO, Raul, As ilhas desconhecidas CASTRO, Ferreira de, A selva DINIS, Júlio, Serões da província FARIA, Almeida, O murmúrio do mundo: a Índia revisitada FERREIRA, António, Castro GEDEÃO, António, Poesia completa (poemas escolhidos) NEMÉSIO, Vitorino, Vida e obra do infante D. Henrique LITERATURA DE EXPRESSÃO PORTUGUESA AMADO, Jorge, Os capitães da areia LISPECTOR, Clarice, Contos LOPES, Baltazar, Chiquinho MEIRELES, Cecília, Antologia poética (poemas escolhidos) MORAES, Vinicius de, Antologia poética ONDJAKI, Os da minha rua PEPETELA, Parábola do cágado velho RUI, Manuel, Quem me dera ser onda LITERATURA UNIVERSAL ALIGHIERI, Dante, A divina comédia (excertos escolhidos) Anónimo, Lazarilho de Tormes CALVINO, Italo, As cidades invisíveis CAREY, Peter, O Japão é um lugar estranho CERVANTES, Miguel de, D. Quixote de la Mancha (excertos escolhidos) CHATWIN, Bruce, Na Patagónia DEFOE, Daniel, Robinson Crusoe ECO, Umberto, O nome da rosa ÉNARD, Mathias, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes HOMERO, Odisseia (excertos escolhidos) MAALOUF, Amin, As cruzadas vistas pelos árabes MAGRIS, Claudio, Danúbio MARCO POLO, Viagens (excertos escolhidos) PÉREZ-REVERTE, Arturo, A tábua de Flandres PETRARCA, Rimas (poemas escolhidos) POE, Edgar Allan, Contos fantásticos SCOTT, Walter, Ivanhoe SHAKESPEARE, William, A tempestade SWIFT, Jonathan, As viagens de Gulliver TELLES, Lygia Fagundes, Ciranda de pedra VIRGÍLIO, Eneida (excertos escolhidos) ZIMLER, Richard, O último cabalista de Lisboa Que livros ler? Apresentam-se em seguida vários títulos de livros, de entre os quais terás de escolher um ou dois, de acordo com as indicações do teu professor, para desenvolveres um trabalho no âmbito do Projeto de Leitura.
  • 19. 19 O que fazer? A partir da obra que selecionaste, desenvolve uma das seguintes atividades propostas. 1. Exposição Prepara uma exposição, escrita ou oral, de acordo com os seguintes passos. Introdução tinformação sobre o autor e a obra. Desenvolvimento tapresentação do conteúdo global da obra (tema, organização); tsemelhanças e diferenças com o que estudaste em determinada unidade, apoiadas em exemplos. Conclusão tsíntese dos aspetos mais relevantes da obra. 2. Apreciação crítica Faz uma apreciação crítica, escrita ou oral, em que apresentes os seguintes aspetos: Introdução tinformação sucinta sobre o autor e a obra, seguida de uma breve descrição do conteúdo da obra. Desenvolvimento tapreciação pessoal sobre a obra, fundamentada em argumentos suportados por excertos ilustrativos; tsemelhanças e diferenças com o que estudaste em determinada unidade, apoiadas em exemplos. Conclusão tinformação sobre a importância da divulgação e do conhecimento da obra; trecomendação da sua leitura. Como divulgar Partilha o teu texto escrito: tOPKPSOBMEBFTDPMB tOPCMPHVFNFOTBHFOTCMPHTQPUQU tOPCMPHVFEBCJCMJPUFDBEBUVBFTDPMB tOPsite de uma livraria online ou num site sobre livros, que permita adicionar comentários de utilizadores. Partilha o teu texto oral: tTPCBGPSNBEFBQSFTFOUBÎÍPPSBMËUVSNB tOVNQSPHSBNBEBSÈEJPEBUVBFTDPMB BDPNQBOIBOEPPEFNÞTJDBTTVHFTUJWBT tTPCBGPSNBEFWÓEFPWMPHVFOP:PVUVCF 'BDFCPPL NFOTBHFOTCMPHTQPUQUPVPVUSPsite de partilha de vídeos.
  • 20. 1 EDUCAÇÃO LITERÁRIA Contextualização histórico-literária Cantigas de amigo Cantigas de amor Cantigas de escárnio e maldizer Representações de afetos e emoções: tvariedade do sentimento amoroso; tconfidência amorosa; trelação com a natureza; ta coita de amor e o elogio cortês; t a dimensão satírica: a paródia do amor cortês e a crítica de costumes. Espaços medievais, protagonistas e circunstâncias. Linguagem, estilo e estrutura: tcaracterização temática e formal; trecursos expressivos. LEITURA Exposição, textos informativos e imagens. COMPREENSÃO DO ORAL Anúncio publicitário. Registos áudio e audiovisuais. EXPRESSÃO ORAL Apresentação oral. Apreciação crítica. ESCRITA Exposição sobre um tema. Apreciação crítica. GRAMÁTICA A língua portuguesa: génese, variação e mudança. tAs principais etapas da formação e evolução do português. tFonética e fonologia: processos fonológicos de inserção, supressão e alteração.
  • 21. POESIA TROVADORESCA Iluminura do Codex Manesse, século XIV (pormenor).
  • 22. Manuel Alegre Estudou em Lisboa, no Porto e na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Dirigente histórico do Partido Socialista desde 1974, foi vice-presidente da Assembleia da República, de 1995 a 2009, e é membro do Conselho de Estado. A sua vasta obra literária, que inclui o romance, o conto, o ensaio, mas sobretudo a poesia, tem sido amplamente difundida e aclamada. Foram-lhe atribuídos os mais distintos prémios literários: Grande Prémio de Poesia da APE-CTT, Prémio da Crítica Literária da AICL, Prémio Fernando Namora e Prémio Pessoa, em 1999. Ao seu livro de poemas Doze naus foi atribuído o Prémio Dom Dinis. 22 Trovadores Os trovadores trouxeram consigo a afirmação do sentimento amoroso. Cantaram o chamado amor cortês, que era um lirismo de devoção a uma dama, quase sempre mulher casada. Era uma forma de servidão à sua senhora e, ao mesmo tempo, uma libertação do amor, platónico ou erótico através do qual o trovador divinizava o objecto do seu amor. O amor cortês é, ao fim e ao cabo, o amor do amor, a forma poética de um sentimento individual e da subjectividade até então reprimida. Estes trovadores provençais escreviam, compunham a música, diziam ou cantavam as suas trovas com uma extraordinária e sábia elaboração. Alguns escolhiam palavras que imitavam o canto dos pássaros. Gui- lherme de Aquitânia escreveu um dos versos mais belos de sempre: «Farei um poema de puro nada.» Dir-se-ia que poesia e música nasceram juntas. Mas de que música se trata? Eu creio que é da própria música que está dentro da língua e a que cada poeta acrescenta a sua toada própria. De certo modo, pode dizer-se que Portugal foi trova e cantar de amigo. Das «Ondas do mar de Vigo», de Martim Codax, a «Ai flores, ai flores do verde pino», de Dom Dinis, foi, também, através das trovas e das cantigas de amigo e de amor que a língua se foi unificando e con- solidando, abrindo o caminho para a lírica de Camões e Os Lusíadas, esse poema fundador, que é um acto de soberania cultural. E foram as palavras e a toada (motz e son) dos trovadores que viriam a marcar alguns dos meus poemas, desde a «Trova do amor lusíada» à «Trova do vento que passa», passando por «Trova», onde há um verso que diz: «Em trovador me tornei». Manuel Alegre (Texto inédito, 2014) (O autor escreve segundo a grafia anterior ao novo Acordo Ortográfico) © Fotografia Luiz Carvalho mensagens 5 10 15 20 25
  • 23. Novos trovadores Sou da poesia declamada em voz alta. Tinha 15 anos quando me iniciei na arte de escrever versos, aprendiz de poeta, nos corredores da escola, com outros cúmplices interessados no jogo de fazer rimar todas as palavras do dicionário e que, mais tarde, dediquei em forma de coro à menina que, no fim das aulas, me dava a alegria de a acompanhar até ao portão de casa. Num esforço para não se rir da minha figura, ouvia com aparente entusiasmo os poemas que eu lhe segredava num só fôlego, com a voz trémula, com o receio de que se aborrecesse e, no meio da estrofe, desaparecesse, fugindo para dentro de casa, levando na canção verde o meu coração aos pulos. Aquelas tardes de poesia junto ao portão arrastaram- -se por longos e penosos meses, numa paixão não corres- pondida que expurgou de mim os mais sentidos versos de súplica e de devoção que, até então, nunca julgara ser capaz de escrever. E quando me vi sem argumentos, fui beber inspiração nos poetas de outras épocas. E tal como os jograis ou segréis do século XII, cantei poesias alheias. Só me faltava mesmo um grupo de soldadeiras para me acompanharem com suas danças e cantares que animaram tantos serões nas cortes portuguesas do anti- gamente. Entre os meus cúmplices, daqueles que se dedica- vam aos jogos de rimas nos corredores, havia quem, ao contrário de mim, preferisse partilhar com o grupo as suas experiências com as raparigas do liceu, dando voz aos sentimentos de paixão e dor que julgavam que estas sentiam em relação a eles. Mas, dependendo do talento ou capacidade de exagero do trovador de serviço, não precisei de muito para me convencer de que aquela era a mais romântica das gerações que passaram pelo liceu, de tão belos e diversos que eram os versos que parti- lhávamos uns com os outros. Alguns troncos de árvore ainda guardam vestígios daqueles anos de descoberta abençoados pela espontaneidade e simplicidade que nos dias de hoje vemos refletidas nas canções pop da rádio. Todos gostamos de ouvir uma história bem contada, e a poesia sempre foi tida como o veículo mais imediato para partilhar sentimentos, sejam nossos ou daqueles que estão à nossa volta. E nos dias de hoje, a par do lirismo representado pelas cantigas de amigo e de amor refletidas na canção popular, não podemos deixar de assinalar que o herdeiro direto das cantigas de escárnio e maldizer é «provavelmente» o rap, que, lado a lado com a vertente de crítica social, transporta a mesma perversidade das cantigas de maldizer. O deboche e a troça da pessoa ou ações de determinado indivíduo são características comuns, tal como a ironia e o duplo sen- tido das palavras usadas para satirizar o objeto-alvo. Kalaf Epalanga (Texto inédito, 2014) 23 Kalaf Epalanga Músico, cronista. Cofundador da Enchufada, núcleo de edição e produção de projetos, como Buraka Som Sistema. Estórias para meninos de cor e O angolano que comprou Lisboa (por metade do preço) reúnem, em livro, crónicas escritas para o jornal Público e Rede Angola. © Fotografia C. B. Aragão cruzadas 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
  • 24. 24 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA Contextualização histórico-literária Datas e acontecimentos 1143 Tratado de Zamora: Afonso VII de Castela reconhece D. Afonso Henriques como rei de Portugal. 1214 Testamento de D. Afonso II. 1249-1250 Conquista definitiva do Algarve aos mouros, por D. Afonso III. 1290 Criação do Estudo Geral (Studium Generale), Universidade, em Lisboa. 1297 Tratado de Alcanizes: estabelece as fronteiras entre Portugal e Castela. 1309 Transferência do Estudo Geral para Coimbra. 1312 Fundação da Marinha Portuguesa por D. Dinis. Textos e obras Finais do século XII Florescimento da poesia trovadoresca. 1280-1325 Poesia de D. Dinis. 1361 Primeira tradução para português do foral de Lisboa de 1179, originalmente redigido em latim, elaborada pelo tabelião Lopo Gil. Retrato de D. Dinis da série Reis de Portugal, 1736. Trovador e jogral, iluminura do Cancioneiro da Ajuda, finais do século XIII-princípios do século XIV (pormenor). Iluminura do Codex Manesse, século XIV. Iluminura do Codex Manesse, século XIV (pormenor). guesa Iluminura do Codex Manesse, século XIV (pormenor).
  • 25. 25 Contextualização histórico-literária 1. Que mudanças marcaram a Idade Média? Olhando aos dois grandes períodos em que se costuma dividir a época medieval, ou seja, a Alta Idade Média (desde as invasões bárbaras até ao século XI) e a Baixa Idade Média (do século XII ao XV), vemos como num e noutro as letras não foram esquecidas, muito embora neste último, mercê de con- dicionalismos diversos, o fenómeno literário se afirmasse com vigor, rasgando vetores que a Alta Idade Média desconhecera. Todavia, para com esta tem o homem, não apenas o medieval do período posterior, como o de séculos subsequentes, uma dívida de gratidão, pois é nela que muitas áreas do saber irão mergulhar as suas raízes, recolhendo aí a sua seiva que espíritos mais cultos, abertos a novas mentalidades, hão de recriar em facetas multifacetadas. Um olhar, ainda que breve, sobre a Alta Idade Média mostra como nela foram lançados alguns gérmenes que, no período seguinte, se desenvolverão envoltos em novas rou- pagens. A Igreja, que há de desempenhar papel relevante no ensino, na teologia, na filosofia, no comentário de texto e de doutrinas, vê, entre os séculos IV e VII, muitos dos seus mem- bros difundirem pela palavra e pela escrita o seu pensamento. […] É na Alta Idade Média que, do século VIII para o século XI, três fatores de relevância preparam esta viragem: a pro- teção dispensada por Carlos Magno à cultura; o feudalismo, com origem na frag- mentação do poder real; a afirmação, a partir dos Juramentos de Estrasburgo (842), de falares distintos do latim. A ação de diversas ordens religiosas, a fundação das universidades, as cruzadas, o contacto com civilizações diversas, o policiamento dos costumes, a afirmação da burguesia são, entre outros, fatores que permitiram que, na Baixa Idade Média, o campo europeu das letras se manifestasse tão diversificado. Aida Fernanda Dias, História crítica da literatura portuguesa – Idade Média, vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, 1998, pp. 15-16 5 10 15 20 25 Iluminura do Codex Manesse, século XIV. PROFESSOR Leitura 8.1. Educação Literária 16.1. MC PowerPoint Contextualização
  • 26. 26 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA 2. Qual o espaço social das cantigas? Com o ativo papel dos nobres na Reconquista e a intensificação da ação pastoral do clero em contacto com os centros exteriores à Península Ibérica, acentua-se o processo de identifica- ção cultural dos dois grandes grupos da classe dominante, a nobreza e o clero. […] Nas povoações de fronteira, em constante ambiente de guerra ofensiva e defensiva, as suas [da nobreza] atividades militares eram fortemente estimuladas pelos jograis e cedreiros que andavam de terra em terra, e aí contavam as suas histórias e canções de gesta. […] Desde o fim do século XII, com a formação das cortes senhoriais e a maior complexidade da corte régia, a produção cultural nobre diversifica-se: surge a poesia lírica e satírica, com as suas cantigas de amor, de amigo e de escárnio ou maldizer, e altera-se a memória linhagística, pontuada por narrativas de proezas dos antepas- sados […]. Assiste-se, então, a uma intensa atividade criativa, constantemente reno- vada pelos contactos e a competição com cortes estrangeiras, que os jovens cavaleiros sem fortuna, sempre à procura de melhores condições de vida, visitam frequente- mente: a castelhana de Fernando III, de Afonso X e de Sancho IV, a de Aragão e de Barcelona, onde chegam bem vivas as influências provençais […]. Os novos temas são agora os acontecimentos e as intrigas da corte, o amor cortês, o prestígio social, as histórias de fidelidade e traição. A identificação precisa de vários trovadores permitiu definir melhor o processo de criação cultural, ao verificar que eles são geralmente bastardos e cavaleiros sem fortuna, ou seja, um grupo de dependentes que a corte sustenta, e aos quais confia o seu entretenimento nas horas de lazer. José Mattoso, «A cultura medieval portuguesa (séculos XI a XIV)», in Isabel Allegro de Magalhães (coord.), História e antologia da literatura portuguesa – séculos XIII a XIV, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, pp. 32-33 (texto adaptado) 5 10 15 20 25 Rei Afonso X de Castela e sua corte musical, iluminura das Cantigas de Santa Maria, século XIII (pormenor). Jovens a passear no campo, iluminura do Livro de Horas de D. Fernando, c. 1520-1530 (pormenor).
  • 27. 27 Contextualização histórico-literária 5 10 15 20 5 10 3. O que é o galego-português? O galego-português era a língua falada na faixa ocidental da Penín- sula Ibérica até meados do século XIV. Derivado do latim, surgiu pro- gressivamente como uma língua distinta anteriormente ao século IX, no noroeste peninsular. Neste sentido, poderemos dizer que, mais do que designar uma língua, a expressão galego-português designa con- cretamente uma fase dessa evolução, cujo posterior desenvolvimento irá conduzir à diferenciação entre o galego e o português atuais. […] O período que medeia entre os séculos X e XIV constitui, pois, a época por excelência do galego-português. É, no entanto, a partir de finais do século XII que a língua falada se afirma e desenvolve como língua literária por excelência, num processo que se estende até cerca de 1350, e que, muito embora inclua também manifestações em prosa, alcança a sua mais notável expressão na poesia que um conjunto alar- gado de trovadores e jograis, galegos, portugueses, mas também caste- lhanos e leoneses, nos legou. Convém, pois, ter presente que, quando falamos de poesia medieval galego-portuguesa, falamos menos em termos espaciais do que em ter- mos linguísticos, ou seja, trata-se essencialmente de uma poesia feita em galego-português por um conjunto de autores ibéricos, num espaço geográfico alargado e que não coincide exatamente com a área mais restrita onde a língua era efetivamente falada. Graça Videira Lopes, Manuel Pedro Ferreira et al., Cantigas medievais galego-portuguesas [base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/Nova, 2011 (http://cantigas.fcsh.unl.pt, consultado em setembro de 2014) 4. O que é a lírica galego-portuguesa? Por lírica galego-portuguesa entendemos um grupo de 1680 textos de assunto profano, transmitidos por três cancioneiros manuscritos, e 420 textos de tema reli- gioso – as chamadas Cantigas de Santa Maria […] – todos eles escritos numa língua com características bastante uniformes, o galego-português, num período que vai de finais do século XII à segunda metade do século XIV. Com exceção de alguns que continuam anónimos, os textos dos Cancioneiros profanos são atribuídos a 153 trovadores e jograis: reis, filhos de reis, senhores de alto linhage, clérigos, ou simples filhos do povo que, competindo com a classe nobre, a igualam, muitas vezes, no plano técnico-artístico. A língua poética une, de resto, poetas não apenas galegos ou portugueses, como poderia parecer, mas castelhanos, leoneses ou mesmo extrapeninsulares, que, por «exotismo» ou simpatia profissional, a escolheram para cantar o amor ou «dizer mal de alguém», isto é, para comporem cantigas de amor, cantigas de amigo ou cantigas de escárnio e maldizer. Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, pp. 18-19 Grupo de trovadores, iluminura das Cantigas de Santa Maria, século XIII (pormenor).
  • 28. 28 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA 5 10 5 10 5. Porquê em verso? Quase todas as literaturas se iniciam por obras em verso. Excetuando as novas nacionalidades resultantes da emigração de europeus a partir do século XVI, a poesia surge mais cedo do que a prosa literária. Não é difícil explicar este facto: nas civili- zações do passado, a mais corrente forma de comunicação e de transmissão da obra literária não é a escrita, mas a oralidade. Antes de se fixarem no bronze, na pedra, no papiro, no papel ou no pergaminho, as histórias, as narrativas, e até os códigos morais e jurídicos, gravavam-se na memória dos ouvintes; e havia artistas que se encarregavam de as divulgar, os aedos e rapsodos entre os Gregos, os bardos entre os Celtas, os jograis entre os povos românicos medievais. O verso é, inicialmente, entre outras coisas, uma forma de ritmar a fala que facilite a memória [...]. Vestígios desta literatura oral são ainda hoje os provérbios, que, como facilmente se verifica, obede- cem a ritmos ou recorrências fónicas que facilitam a fixação. As literaturas românicas medievais apoiam-se, como já notámos, na literatura oral, cujos principais agentes eram os jograis. António José Saraiva, Óscar Lopes, História da literatura portuguesa, 17.ª edição, Porto, Porto Editora, 1996, p. 45 6. Quais as características desta lírica? Duas eram as espécies de poesia trovadoresca: a lírica-amorosa, expressa em duas formas, a cantiga de amor e a cantiga de amigo; e a satírica, expressa na cantiga de escárnio e de maldizer. O poema recebia o nome de «cantiga» (ou ainda de «can- ção» ou de «cantar») pelo facto de o lirismo medieval se associar intimamente com a música: a poesia era cantada, ou entoada, e instrumentada. Letra e pauta musical andavam juntas, de modo a formar um corpo único e indissolúvel. Daí se compreen- der que o texto sozinho, como o temos hoje, apenas oferece uma incompleta e pálida imagem do que seriam as cantigas quando cantadas ao som do instrumento, ou seja, apoiadas na pauta musical. Todavia, dadas as circunstâncias sociais e culturais em que essa poesia circulava, perderam-se numerosas cantigas bem como a maioria das pautas musicais. Massaud Moisés, A literatura portuguesa através dos textos, 29.ª edição, São Paulo, Cultrix, 1998, pp. 19-20 (texto adaptado) O casamento e o mensageiro, iluminura das Cantigas de Santa Maria, século XIII (pormenores). PROFESSOR Consolida Sugere-se que o exercício 1 seja rea- lizado em trabalho de grupo (um grupo por cada texto). Cada um dos sete grupos lê um texto e apresenta a resposta à questão-título, selecio- nando a informação relevante que comunicará à turma sob a forma de conclusões. Como atividade final, sugere-se a audição de três versões musicadas decantigasdestaépoca(originaisou recriações modernas) para registo de informações relativas a: instru- mentos musicais; ritmo; sensações quedesperta. 1.1Nesteperíodo,aIgrejaeasordens religiosas desempenharam um pa- pel relevante na produção e trans- missão do conhecimento; surgiram as universidades; as línguas nacio- nais emergiram em substituição do latim;ascruzadaspermitiramocon- tacto com outras civilizações; assis- tiu-seàafirmaçãodaburguesia… 1.2 Desde o final do século XII, a ati- vidade cultural intensifica-se nas cortes senhoriais e régia, surgindo váriasmodalidadesdapoesialíricae satírica: cantigas de amor, de amigo e de escárnio e maldizer. Estas ativi- dadeseramrenovadaspeloscontac- tos e pela competição com cortes estrangeiras, tendo como principais agentes os trovadores, geralmente bastardos e cavaleiros sem fortuna, que a corte sustenta e «aos quais confia o seu entretenimento nas horasdelazer». Link Poesia trovadoresca musicada
  • 29. 29 Contextualização histórico-literária 7. Onde podemos encontrar as cantigas? No seu essencial, conhecemos as cantigas profanas galego-portuguesas através de três manuscritos. O mais antigo […] é o Cancioneiro da Ajuda (A), rico manuscrito iluminado, mas que é também o mais incompleto, já que contém apenas 310 composições, na sua esmagadora maioria de um único género, a cantiga de amor. Des- coberto na biblioteca do Colégio dos Nobres em inícios do século XIX, e hoje guardado na Biblioteca do Palácio da Ajuda, em Lisboa, pouco sabemos sobre as suas origens ou sobre o seu percurso. Trata-se, de qualquer forma, de um manuscrito que ficou manifesta- mente inacabado, como é muito visível nas suas iluminuras, muitas delas com pintura incompleta ou mesmo com figuras apenas desenhadas (o mesmo se passando com as iniciais). Os outros dois manuscritos, conhecidos como Cancioneiro da Biblioteca Nacional (B, também chamado Cancioneiro Colocci-Bran- cuti, o mais completo, guardado em Lisboa, na BNP) e Cancioneiro da Vaticana (V, guardado na Biblioteca Apostólica Vaticana), são manuscritos copiados em Itália, nas primeiras décadas do século XVI, sob as ordens do humanista Angelo Colocci, e a partir de um cancioneiro anterior, muito certamente medieval, hoje desaparecido. Graça Videira Lopes, Manuel Pedro Ferreira et al., Cantigas medievais galego-portuguesas [base de dados online], Lisboa, Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA, 2011 (http://cantigas.fcsh.unl.pt, consultado em setembro de 2014) CONSOLIDA 1. Responde às questões que servem de título aos textos. 1.1 Que mudanças marcaram a Idade Média? 1.2 Qual o espaço social das cantigas? 1.3 O que é o galego-português? 1.4 O que é a lírica galego-portuguesa? 1.5 Porquê em verso? 1.6 Quais as características desta lírica? 1.7 Onde podemos encontrar as cantigas? 5 10 15 20 25 Cancioneiro da Ajuda, (Biblioteca da Ajuda, fl. 56r) O casamento e o mensageiro, iluminura das Cantigas de Santa Maria, século XIII. PROFESSOR 1.3 O galego-português era a língua falada na faixa ocidental da Penín- sula Ibérica entre os séculos X e XIV. A partir dos finais do século XIV é a língua dos trovadores ibéricos, independentemente da sua prove- niência geográfica, passando a ser o instrumento de comunicação poé- tico, reflexo e projeção de uma cul- turaliterária. 1.4 Grupo de poesias com assunto profano e religioso constante em cancioneiros manuscritos, escritas em galego-português, durante um períodoquevaidefinaisdoséculoXII à segunda metade do século XIV. Eram cantadas por trovadores e jograis. 1.5 A forma ancestral de comunica- ção e de transmissão da obra literá- ria não é a escrita, mas a oralidade. Vestígios desta literatura oral são ainda hoje os provérbios, que obede- cem a ritmos ou recorrências fóni- cas que facilitam a memorização. As literaturas românicas medievais apoiam-se na literatura oral, cujos principaisagenteseramosjograis. 1.6 O poema recebia o nome de «cantiga», pelo facto de o lirismo medieval se associar intimamente com a música: a poesia era cantada, ou entoada e instrumentada. Letra e pauta musical andavam juntas, formando um corpo único e indisso- lúvel. Ler apenas o poema é, assim, muitoincompleto. 1.7 Cancioneiro da Ajuda: é anónimo e o mais antigo, sendo também o mais incompleto, contém 310 com- posições, a maior parte cantigas de amor. CancioneirodaBibliotecaNacionale Cancioneiro da Vaticana: são cópias realizadas em Itália nas primeiras décadas do século XVI, a partir de um outro cancioneiro que se julga medieval e que hoje está desapare- cido.
  • 30. 30 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA Variedade do sentimento amoroso PONTO DE PARTIDA 1. Observa a imagem e lê a nota geográfica sobre Vigo. Identifica a sua posição na Península Ibérica, relativamente ao território português. EDUCAÇÃO LITERÁRIA Ondas do mar de Vigo Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo1 ? E ai Deus, se verra2 cedo3 ! Ondas do mar levado4 , se vistes meu amado? E ai Deus, se verracedo! Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro? E ai Deus, se verracedo! Se vistes meu amado, por que ei5 gram coidado? E ai Deus, se verracedo! Martim Codax, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.) A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 261 Cantigas de amigo A s cantigas de amigo são composições poéticas nas quais o emissor é uma donzela apaixonada, saudosa, inocente e, muitas vezes, ingénua, que, dirigindo-se à mãe, às amigas ou à natureza como confidentes, exprime os seus sentimentos face à ausência do seu amado. Tiveram origem no noroeste peninsular. São designadas de amigo, pois na maior parte aparece a palavra «amigo», com o sentido de pretendente, namorado ou amante. Nota geográfica Vigo é um município de Es- panha na província de Pon- tevedra (Galiza). O seu porto marítimo, com importante atividade pesqueira, é o prin- cipal porto pesqueiro da Eu- ropa. É também o centro comercial e económico do sul da Galiza e lidera a principal área industrial da comuni- dade autónoma. 5 10 1 Se vistes meu amigo: [dizei-me] se vistes o meu amigo. 2 Verra: virá. 3 Cedo: brevemente, rapidamente. 4 Mar levado: mar bravo, encapelado, revolto. 5 Ei: tenho. «Ondas do mar de Vigo», in Pergaminho Vindel, finais do século XIII (pormenor). CD 1 Faixa n.o 2 DA PROFESSOR Educação Literária 14.2; 14.3; 14.4; 14.5; 14.8; 15.1; 15.2. MC PontodePartida 1. Vigo fica a norte de Portugal, no- meadamente do Minho, zona antiga dogalego-português. EducaçãoLiterária Sugestões para leitura expressiva: dividiraturmaemdoisgruposecada um lê, em coro, metade da cantiga; orefrãopodeserlidoportodos.
  • 31. 31 Cantigas de amigo 1. Localiza a informação e os versos que te permitem completar, no teu caderno, o seguinte esquema. 2. Atenta nos três primeiros versos em galego-português. Faz a sua «tradução» para o português atual. 3. Explicita o motivo do estado de espírito da donzela. 3.1 Interpreta a locução interjetiva «ai Deus», tendo em conta esse estado de espírito. 4. Explica o papel desempenhado pelas «ondas do mar de Vigo». 5. Explica, por palavras tuas, o significado das sucessivas perguntas retóricas. 6. Refere a simbologia das «ondas» e do «mar». 7. Faz a análise formal desta cantiga, tendo em conta: a) a constituição estrófica; b) o esquema rimático; c) a presença do paralelismo. Emissor «meninha» dirige-se a a) Sentimentos da «meninha» Inquietação b) v. Saudade c) v. Preocupação d) v. Reencontro e) v. Desejo expresso pela «meninha» GRAMÁTICA 1. Faz a correspondência entre as duas colunas, identificando a classe e a subclasse das palavras retiradas da cantiga. A. Palavra B. Classe e subclasse a) «ondas» (v.1) 1. conjunção subordinativa completiva b) «se» (v. 2) 2. verbo transitivo indireto c) «cedo» (v. 3) 3. pronome relativo d) «meu» (v. 5) 4. preposição e) «o» (v. 8) 5. adjetivo qualificativo f) «por» (v. 8) 6. nome comum g) «que» (v. 8) 7. verbo transitivo direto h) «sospiro» (v. 8) 8. pronome pessoal i) «gram» (v. 11) 9. determinante possessivo j) «ei» (v. 11) 10. advérbio com valor semântico de tempo 2. Indica o sujeito subentendido de «vistes», v. 2. Substitui-o por um pronome pessoal. DS SIGA Texto poético p. 314 FI Cantigas de amigo Caracterização formal p. 32 SIGA Classes de palavras pp. 320-323 PROFESSOR EducaçãoLiterária 1. a) recetor – ondas do mar de Vigo; b)Inquietação–v.2;c)Saudade–v.8; d) Preocupação – v. 11; e) Reencontro v.3–refrão. 2. Ondas do mar de Vigo / dizei-me: tendes notícias do meu namorado? / E sabeis, ai meu Deus, se virá em breve? 3.Aseparaçãodoamigo. 3.1 Traduz um desabafo, interpe- lando Deus tacitamente para que o seuamadovoltecedo. 4. São um elemento da natureza a quem a donzela se dirige, par- tilhando as suas dúvidas sobre o paradeiro do seu amigo e pergun- tando-lhessechegarábrevemente. 5. Enfatizam o estado de espírito de dúvidaeinquietaçãoda«meninha». 6.Asondastraduzemotumultointe- rior da donzela, mas também são o seu confidente. O mar representa o motivo da separação entre os dois amantes, provavelmente por onde o amadoteriapartido. 7. a) Trata-se de uma cantiga parale- lística perfeita, composta por qua- tro coblas em dísticos e um refrão monóstico. b) Esquema rimático: aaR/bbR/aaR/ bbR(rimaemparelhada). c) É uma paralelística perfeita, por- que o número de coblas é par; o primeiro dístico emparelha com o segundo, mudando a palavra rimante; no terceiro dístico, o primeiro verso retoma o sentido do segundo verso do primeiro dístico (leixa-prem), acrescentando um verso novo; no quarto dístico, retoma-se o segundo versodosegundodístico(leixa-prem) e repete-se com variação o segundo versodoterceirodístico. Gramática 1. a) – 6; b) – 1; c) – 10; d) – 9; e) – 8; f)–4; g) –3; h)–2; i)–5; j)–7. 2.OndasdomardeVigo.Vós.
  • 32. 32 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA Cantigas de amigo Caracterização formal O uso de refrão constitui já de si uma forma de paralelismo, mas não é este o único tipo de repetição paralelística praticado pelos poetas galego-portugueses. Sob vários matizes e formas estilísticas, o paralelismo revela-se como «a quantidade domi- nante que estrutura os cancioneiros». […] Poderemos consi- derar na lírica galego-portuguesa três tipos de paralelismo: literal ou de palavra, estrutural ou de construção (sintática e rítmica) e concetual ou de pensamento. Equivale isto a dizer que a essência fundamental do paralelismo consiste na repeti- ção de palavras, versos inteiros, construções ou conceitos e que tal técnica não pode deixar de arrastar consigo uma certa monotonia. Para a evitarem, e simultaneamente conseguirem a progressão do pensamento, recorriam os trovadores a outro elemento fundamental do paralelismo, a variação. Repetindo ipsis verbis a primeira parte do verso ou mesmo o verso inteiro (paralelismo literal e estrutural), o poeta podia obter a variação mediante três processos: a) substituição de palavra rimante por um sinónimo; b) transposição das palavras [...]; c) repetição do conceito mediante a negação do conceito oposto. […] O primeiro recurso foi o mais utilizado. Uma grande parte das cantigas de tipo paralelístico apresenta-se estruturada em dísticos monórrimos [com uma só rima] seguidos de refrão de um verso com rima diferente, e nelas o paralelismo associa-se a um processo de encadeamento das estrofes chamado leixa-prem. Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., pp. 69-70 No processo de leixa-prem: t o 1.° dístico emparelha com o 2.° dístico, mudando a palavra rimante, mas reproduzindo o sentido; t no 3.° dístico, o 1.° verso retoma o 2.° verso do 1.° dístico (processo de leixa- -prem, propriamente dito), acrescentando um verso novo; to 4.° dístico retoma o 2.° verso do 2.° dístico (leixa-prem) e repete, com variação, o 2.° verso do 3.° dístico; t a progressão do pensamento faz-se sempre no 2.° verso das estrofes/coblas ímpares, culminando na penúltima estrofe/cobla. Há paralelismo perfeito se o número de estrofes/coblas for par. Há várias cantigas de amigo que são paralelísticas perfeitas, isto é, que obedecem ao seguinte esquema de construção: 5 10 15 20 FICHA INFORMATIVA N.O 1 Iluminura das Cantigas de Santa Maria, século XIII.
  • 33. 33 Ficha informativa CONSOLIDA 1. Completa o texto com as palavras apresentadas. A cantiga de amigo caracteriza-se por uma a) estrófica e rítmica que apro- xima a b) da música. Também o paralelismo c) (com anáforas), d) (de significados) e e) (frásico) e, ainda, o f) (repetição na íntegra de verso(s) no fim de cada g) (estrofe) contribuem para a h) , essencial ao i) . 2. Seguindo o esquema das paralelísticas perfeitas, completa a seguinte cantiga. Como vivo coitada, madre, por meu amigo Como vivo coitada, madre, por meu amigo ca m’enviou mandado que se vai no ferido: e por el vivo coitada! a) amado b) passado e por el vivo coitada! Eno sagrado, em Vigo Eno sagrado, em Vigo (A) bailava corpo velido: (B) Amor ei! (R) Em Vigo, no sagrado, (A’) bailava corpo delgado: (B’) Amor ei! (R) Bailava corpo velido, (B) que nunca ouver’amigo: (C) Amor ei! (R) Bailava corpo delgado, (B’) que nunca ouver’amado: (C’) Amor ei! (R) Que nunca ouver’amigo, (C) ergas no sagrad’, em Vigo: (D) Amor ei! (R) Que nunca ouver’amado, (C’) ergas em Vigo, no sagrado: (D’) Amor ei! (R) Martim Codax, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., pp. 264-265. t canto t poesia t semântico t estrutura t cobla t sintático t refrão t anafórico t memorização Martim de Ginzo, in Base de dados da lírica profana galego-portuguesa (Med DB), versão 2.3.3, Centro Ramón Piñeiro para a Investigación en Humanidades, www.cirp.es (consultado em janeiro de 2015) c) eu a Santa Cecília de coraçon o digo: e por el vivo coitada! d) e) falo e por el vivo coitada! PROFESSOR Leitura 8.1. Educação Literária 14.8. MC Consolida 1. a) estrutura; b) poesia; c) ana- fórico; d) semântico; e) sintático; f) refrão; g) cobla; h) memoriza- ção;i)canto. 2. a) Como vivo coitada, madre, por meu amado; b) ca m’enviou mandado que se vai no fossado; c) Ca m’enviou mandado que se vai no ferido; d) Ca m’enviou mandado que se vai no fossado; e) eu a Santa Cecília de coraçon ofalo. PowerPoint Ficha informativa n.o 1
  • 34. 34 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA 34 Confidência amorosa PONTO DE PARTIDA 1. Escuta a emissão do programa radiofónico Portugal passado, sobre D. Dinis, e toma as seguintes notas: a) idade do rei quando se casou; b) nome da rainha com quem se casou; c) nome do filho que lhe sucedeu; d) atividade literária (título de um poema); e) localização do pinhal que mandou plantar; f) setores económicos que estimulou; g) género literário que cultivou. EDUCAÇÃO LITERÁRIA Ai flores, ai flores do verde pino 1 Pino: pinho, pinheiro. 2 U: onde. 3 Pôs: combinou. 4 San: são. 5 E seera vosc’ant’o prazo saído: e estará convosco antes de acabar o prazo. – Ai flores, ai flores do verde pino1 , se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus, e u2 é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs3 comigo! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi á jurado! Ai Deus, e u é? [– Vós me preguntades polo voss’amigo, e eu bem vos digo que é san4 ’vivo. Ai Deus, e u é?] Vós me preguntades polo voss’amado, e eu bem vos digo que é viv’e sano. Ai Deus, e u é? E eu bem vos digo que é san’e vivo e seera vosc’ant’o prazo saído5 . Ai Deus, e u é? E eu bem vos digo que é viv’e sano e seera vosc’ant’o prazo passado. Ai Deus, e u é? 5 10 15 20 D. Dinis, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., p. 292 Iluminura do Codex Manesse, século XIV. CD 1 Faixa n.o 3 CD 1 Faixa n.o 4 DA PROFESSOR Educação Literária 14.1; 14.2; 14.3; 14.4; 14.6; 14.7; 14.8; 14.9; 15.1; 15.2. Gramática 18.1. Oralidade 1.1; 1.4; 2.1; 3.2; 4.2; 5.1; 5.3; 6.1; 6.2; 6.3. MC PontodePartida 1. a) 20 anos; b) D. Isabel de Aragão; c) Afonso (futuro D. Afonso IV); d) «Ai flores, ai flores do verde pino»; e) Leiria; f) indústria e agricultura, nomeadamente a pesca, a salga e a secagem do peixe, a extração do sal, os tecidos de linho, os curtumes, a exploraçãomineira;g)poesia. Sugestão: Osalunospoderãofazerumasíntese oral(deumatrêsminutos)da«Lenda do milagre das rosas», tendo em contaostópicosseguintes: a) protagonista; b) ações habituais da protagonista; c) reações das ou- tras personagens; d) situação do reino em 1233; e) acontecimento do milagre. EducaçãoLiterária 1.c). 1.1 Sugestões: «Ai, Deus, e u é?»; «aquel que mentiu do que pôs comigo!»; «Ai flores, ai flores»; «Se sabedesnovasdomeuamigo». 2. A cantiga divide-se em duas par- tes. Na primeira, que corresponde às quatro primeiras coblas, a don- zela pergunta às flores do pinheiro se sabem notícias do seu amigo. Na segunda parte, constituída pelas restantes coblas, as flores assegu- ram-lhe que ele está bem de saúde e queregressaráembreve.
  • 35. 35 Cantigas de amigo 1. Escolhe a alínea que corresponde ao assunto da cantiga. a) Uma donzela, ansiosa e zangada, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansiedade, e pergunta a Deus se sabe do paradeiro do amigo. b) Uma donzela, ansiosa, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansie- dade, e pergunta-lhes se sabem do paradeiro do amigo. c) Uma donzela, ansiosa, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansie- dade e perguntando-lhes se o amigo virá são e vivo. 1.1 Justifica a tua opção com elementos textuais. 2. Divide a cantiga em partes e, de forma sintética, regista o conteúdo de cada uma. 3. Explicita a função das flores do pinheiro em relação à donzela, indicando o recurso expressivo utilizado. 4. Refere a simbologia das flores, no contexto desta cantiga. 5. Faz a análise formal da cantiga, quanto à constituição estrófica, ao esquema rimático e à presença do paralelismo. GRAMÁTICA 1. Faz corresponder a cada elemento destacado nas frases a respetiva função sintática. A. Frase B. Função sintática a) «se sabedes novas do meu amigo!» 1. modificador restritivo do nome b) «Ai Deus, e u é?» 2. complemento direto c) «aquel que mentiu do que mi á jurado!» 3. complemento indireto d) «vos digo que é san’vivo» 4. vocativo e) «Vós me preguntades polo voss’amado» 5. predicativo do sujeito ORALIDADE Apreciação crítica Ouve a crónica Mixórdia de temáticas, de Ricardo Araújo Pereira, intitulada «Níveis prejudiciais de amor». Prepara uma apreciação crítica oral, entre dois a quatro minutos, tendo em conta os seguintes tópicos: tdescrição sucinta do documento reproduzido; ttese defendida; tum argumento a favor; Para a tua apresentação oral, deves: tplanificar a tua intervenção; tutilizar adequadamente recursos verbais e não verbais. tdois exemplos da literatura; trelação tese defendida/assunto da cantiga «Ai flores, ai flores do verde pino»; tcomentário crítico. Níveis nutos, antiga DS FI Cantigas de amigo Caracterização formal p. 32 SIGA Texto poético p. 314 SIGA Apreciação crítica p. 312 SIGA Funções sintáticas pp. 324-325 PROFESSOR 3. As flores do pinheiro assumem a função de confidente da donzela. O recurso expressivo utilizado é a personificação. 4. As flores simbolizam o regresso do tempo do amor (primavera), que irá coincidir com o regresso do amigo. 5. Esta é uma cantiga de amigo para- lelística constituída por oito coblas. Cadacoblaapresentaumdísticocom um refrão monóstico. O esquema rimático é aaR/bbR/aaR/bbR/aaR/ bbR/aaR/bbR, ou seja, é idêntico em todos os versos da mesma cobla. Estamos perante uma cantiga de amigoparalelística,porqueamesma ideia surge em versos alternados, compequenasvariaçõesnofinal. Gramática 1.a)–2; b)–4; c)–1; d)–5; e)–3. Oralidade Notas: „EPDUNFOTP:programaradiofónico –crónica; „tese:oamoréprejudicialàsaúde; „argumento: os amantes tendem afalecerprecocemente; „exemplos: Romeu e Julieta, TeresaeSimão; „relaçãotese/cantiga:cantigacon- firma a tese – a ausência do amigo provoca na amiga ansiedade e preocupação; „comentáriocrítico:respostalivre. Crónica Mixórdia de Temáticas: «Níveis prejudiciais de amor»
  • 36. 36 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA Relação com a natureza PONTO DE PARTIDA 1. Observa com atenção o quadro que serve de ilustração à cantiga e antecipa o assunto da composição poética. EDUCAÇÃO LITERÁRIA Levad’, amigo que dormides as manhanas frias Levad’1 , amigo que dormides as manhanas frias; todalas2 aves do mundo d’amor diziam. Leda3 m’and’eu. Levad’, amigo que dormide-las frias manhanas; todalas aves do mundo d’amor cantavam. Leda m’and’eu. Todalas aves do mundo d’amor diziam: do meu amor e do voss’em ment’aviam4 . Leda m’and’eu. Todalas aves do mundo d’amor cantavam: do meu amor e do voss’i enmentavam5 . Leda m’and’eu. Do meu amor e do voss’em ment’aviam; vós lhi tolhestes6 os ramos em que siiam7 . Leda m’and’eu. Do meu amor e do voss’ i enmentavam; vós lhi tolhestes os ramos em que pousavam. Leda m’and’eu. Vós lhi tolhestes os ramos em que siiam e lhis secastes as fontes em que beviam. Leda m’and’eu. Vós lhi tolhestes os ramos em que pousavam e lhis secastes as fontes u8 se banhavam. Leda m’and’eu. Nuno Fernandes Torneol, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., p. 259 1 Levad’: levantai-vos. 2 Todalas: todas as. 3 Leda: alegre. 4 Em ment’aviam: tinham no pensamento. 5 Enmentavam: mencionavam, comentavam. 6 Tolhestes: tiraste. 7 Siiam: estavam, pousavam. 8 U: onde. 5 10 15 20 Antonio García Patiño Cantigas de Amigo, XIV – Levad’, amigo, que dormides as manhanas frias, 1999. CD 1 Faixa n.o 5 © Moleiro.com DA PROFESSOR Oralidade 5.1; 5.3. Leitura 7.1; 7.2. Educação Literária 14.2; 14.3; 14.4; 14.5; 14.6; 14.7; 14.8; 15.1; 15.2. Gramática 17.3. MC PontodePartida Cenárioderesposta: 1. A cantiga poderá ser sobre dois amantes que estão juntos ao ama- nhecer.Oscorposdesnudosindiciam intimidadeentreosdois.
  • 37. 37 Cantigas de amigo 1. Divide a cantiga em partes, justificando a tua resposta. 2. Seleciona a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido da cantiga. 2.1 A donzela acorda (A) sozinha nessa manhã fria, na floresta. (B) ao lado do amigo e incita-o a encostar-se a ela. (C) ao lado do amigo e incita-o a levantar-se. (D) ao lado do amigo e fala-lhe das aves e das fontes. 3. Explica o que representam as «aves» nesta cantiga e refere o recurso expressivo usado. 4. Tendo em conta essa função, apresenta uma explicação para as ações do «amigo». 5. Completa no teu caderno o esquema, de modo a confirmares que a cantiga é paralelís- tica perfeita. «Levad’, amigo que dormides as manhanas frias» «Levad’, amigo que dormides as manhanas frias / a) » (1.º verso – 1.ª e 2.ª coblas) «Todalas aves do mundo d’amor b) / cantavam» (2.º verso – 1.ª e 2.ª coblas) «Do meu amor e do voss’em ment’aviam / i enmentavam» (c) ) «Vós lhi tolhestes os ramos em que siiam / pousavam» (d) ) Paralelística (paralelismo de construção e de sentidos) Paralelística perfeita ou pura GRAMÁTICA 1. Identifica o emprego dos tempos verbais seguintes, justificando a tua resposta. a) «diziam/cantavam»; b) «tolhestes/secastes»; c) «and[o]». 2. Identifica os processos fonológicos que ocorreram na evolução de: a) «dormides» (v. 1) dormis; b) «i» (v.16) aí; c) «beviam» (v. 20) bebiam. DS SIGA Valores de tempo, modo e aspeto p. 329 FI Fonética e fonologia p. 38 PROFESSOR EducaçãoLiterária 1. A cantiga pode ser dividida em duaspartes.Aprimeiraéconstituída pelas quatro primeiras coblas e nela a donzela, alegre, na presença do amado,pede-lhequeselevante,após uma noite de intimidade. A segunda parte começa a partir da quinta cobla: a donzela lamenta a ausên- cia do amigo, sugerida pelos sinais da natureza, «tolhestes os ramos» (v. 14)e«secastesasfontes»(v.20). 2.1(C). 3. As aves, através do seu canto, poderiam divulgar o amor vivido entre a donzela e o «amigo», daí sur- girempersonificadas. 4. O texto permite uma leitura rea- lista e uma leitura simbólica. Assim, o «amigo», ao tirar os ramos onde estavam as aves e ao secar as fon- tes onde bebiam e tomavam banho, pretendia afastá-las. Dessa forma, estaria a tentar manter em segredo o amor que entre eles havia. No entanto , as ações do amigo podem tambémsimbolizarofimdoamor. 5. a) frias manhanas; b) diziam; c) 2.o verso – 3.a e 4.a coblas; 1.o verso – 5.a e 6.a coblas; d) 2.o verso – 5.a e 6.a coblas;1.o verso–7.a e8.a coblas. Gramática 1. a) pretérito imperfeito do indica- tivo – descrição de uma situação habitual no passado; b) pretérito perfeito do indicativo – ato pontual doamigo,nopassado;c)presentedo indicativocomvalorintemporal,con- tínuo/durativo. 2. a) síncope de d e crase das vogais em i; b) prótese de a; c) assimilação dev sobainfluênciadeb inicial.
  • 38. 38 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA Fonética e fonologia Processos fonológicos (inserção, supressão e alteração) Fenómeno Designação e conceito Exemplos Inserção de unidades fónicas Prótese (no início da palavra) SPIRITU- espírito STARE estar Epêntese (no interior da palavra) UMERU- ombro CREO creio Paragoge (no final da palavra) ANTE antes Supressão de unidades fónicas Aférese (no início da palavra) ACUMEN gume Síncope (no interior da palavra) LEGENDA lenda MALU- mau Apócope (no final da palavra) MARE- mar LEGALE- legal Alteração (por transformação ou deslocação) de unidades fónicas Metátese (deslocação de segmento(s) ou sílabas dentro da palavra) SEMPER sempre FLORE- frol (port. antigo) Assimilação (mudança de uma unidade por influência de outra que lhe está próxima e da qual aquela se aproxima articulatoriamente) Progressiva MULTU- muito (m[ ]to) Regressiva IPSU- isso AD SIC assim Dissimilação (duas unidades fónicas iguais [ou com propriedades semelhantes] tornam-se diferentes) ROTUNDU- rodondo redondo LILIU- lírio Sonorização (uma consoante surda torna-se sonora) LACU- lago LUPU- lobo TOTU- todo APOTHECA- bodega Vocalização (alteração de consoante para vogal – antecedida de outra vogal na mesma sílaba, essa unidade é realizada como semivogal) NOCTE- noite LACTE- leite Palatalização (evolução, para som palatal, de uma unidade ou sequência) CLAVE- chave FLAMMA- chama PLENU- cheio FILIU- filho CICONIA- cegonha HODIE hoje Contração Crase (fusão de duas vogais numa só) PEDE- pee (port. antigo) pé DOLORE- door (port. antigo) dor Sinérese (uma sequência de duas vogais em hiato dá lugar a um ditongo por semivocalização de uma delas) LEGE- lee (port. antigo) lei REGE- ree (port. antigo) rei Redução vocálica (enfraquecimento de uma vogal em posição átona) sono / soninho mesa / mesinha casal / casalinho (nas formas derivadas, a vogal destacada é pronunciada em português europeu como [u], [i], [‫)]ܣ‬ FICHA INFORMATIVA N.O 2
  • 39. 39 Ficha informativa As seguintes mnemónicas ajudar-te-ão a memorizar a terminologia dos fenóme- nos de inserção e supressão de fonemas: tASA corta, PEP engorda. tASA – Aférese, Síncope e Apócope tPEP – Prótese, Epêntese e Paragoge Na sonorização, a seguinte mnemónica dá conta da situação mais frequente: P A T A C A B O D E G A CONSOLIDA 1. Identifica os processos fonológicos que ocorreram na evolução das palavras seguintes. Exemplos Processos fonológicos a) SPERARE esperar b) FENESTRA- feestra fresta c) REGNU- reino d) APOTHECA- abodega bodega e) IBI ii i aí f) CRUDELE- cruel g) CLAMARE chamar h) PEDE- pee pé i) DOMINA- domna dona j) MALU- mau k) SPECULU- speclu espelho l) MULTU- muito m) MERULU- merlo melro n) SOLES soes sóis (pataca passa a bodega) Iluminura do Codex Manesse, século XIV (pormenor). PROFESSOR Gramática 17.3. MC Nota:Agrafianãoreflete,neces- sária e imediatamente, todas as alterações fónicas. Assim, pode- mos ter grafias conservadoras, que não deixam transparecer mudanças que já ocorreram na língua. Consolida 1. a)Prótesedee,apócopedee; b) Síncope de n, crase de vogais e metáteseder; c)Vocalizaçãodeg; d)Sonorizaçãodep,tec([k]);afé- resedea; e) Síncope de b, crase de vogais, prótesedea; f)Síncopeded,apócopedee; g)Apócopedee epalatalizaçãodo grupocl; h)Síncopeded,crasedevogais; i)Síncopedeieassimilaçãodem; j) Síncope de l e sinérese (forma- çãodeditongo); k) Síncope de u, prótese de e, palatalização do grupo cl; l)Vocalizaçãodel;assimilaçãoda nasalidadeporpartedoditongo; m) Síncope de u e metátese de l er; n)Síncopedelesinérese(criação deditongo). PowerPoint Ficha informativa n.o 2
  • 40. 40 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA PONTO DE PARTIDA 1. Observa com atenção a cena do filme Orgulho e preconceito, baseado no livro homónimo da escritora inglesa Jane Austen. Explica a impor- tância que o evento assume para as personagens que o frequentam. EDUCAÇÃO LITERÁRIA Bailemos nós ja todas tres, ai amigas Bailemos nós ja todas tres, ai amigas, so1 aquestas2 avelaneiras frolidas, e quem for velida3 como nós, velidas, se amigo amar, so aquestas avelaneiras frolidas verra4 bailar. Bailemos nós já todas tres, ai irmanas, so aqueste ramo destas avelanas, e quem for louçana5 como nós, louçanas, se amigo amar, so aqueste ramo destas avelanas verra bailar. Por Deus, ai amigas, mentr’6 al7 nom fazemos, so aqueste ramo frolido bailemos, e quem bem parecer como nós parecemos, se amigo amar, so aqueste ramo so’l que8 nós bailemos, verra bailar. Airas Nunes, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos (eds.), op. cit., p. 311 5 10 15 1 So: sob, por debaixo de. 2 Aquestas: este/a. 3 Velida: bela, formosa. 4 Verra: virá. 5 Louçana: bonita, formosa. 6 Mentr’: enquanto. 7 Al: outra coisa. 8 So’l que: sob o qual. CD 1 Faixa n.o 6 Iluminura das Cantigas de Santa Maria, século XIII. DA PROFESSOR Oralidade 1.1; 1.4. Educação Literária 14.2; 14.3; 14.4; 14.5; 14.8; 15.1; 15.2. Gramática 19.1. MC PontodePartida 1. O evento é um baile, que tem como objetivooconvíviosociale«ver/estar» comos«amigos». ▪ Vídeo Cena do filme «Orgulho e Preconceito»
  • 41. 41 Cantigas de amigo 1. Descreve, resumidamente, a circunstância e o espaço medieval apresentados na cantiga. 2. Atenta no verso «Bailemos nós ja todas tres, ai amigas» (v. 1). 2.1 Indica o recetor, o convite feito e os recursos linguísticos e expressivos com que esse pedido se concretiza. 3. Classifica as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrige as afirmações falsas. a) Todas as donzelas, sem exceção, são convidadas a dançar. b) A ação passa-se no outono. c) O verso «se amigo amar» (vv. 4, 10, 16) indicia que os pretendentes das amigas estariam presentes no baile. 4. Indica a simbologia das «avelaneiras». 5. Indica três características da cantiga de amigo. 6. Normalmente, o refrão, com autonomia rimática, repete-se no fim de cada estrofe. Porém, em algumas cantigas, os versos do refrão intercalam-se nas coblas. 6.1 Partindo desta informação, identifica o refrão nesta cantiga e refere o seu valor expressivo. 7. Faz a análise formal da cantiga. 8. Atenta no seguinte texto. Seleciona a palavra/expressão correta. GRAMÁTICA 1. Tendo em conta a cantiga de amigo que acabaste de ler, identifica: a) a forma verbal no presente do conjuntivo, com valor de imperativo; b) uma conjunção subordinativa adverbial comparativa; c) a forma arcaica de «virá»; d) o advérbio de negação; e) uma locução interjetiva; f) a forma arcaica de «sob»; g) a retoma de «amigas» por substituição lexical; h) um quantificador numeral; i) uma conjunção subordinativa adverbial condicional. Em «Bailemos nós…», o espaço «frolido» é referido a) só nas coblas / só no refrão, de modo a enfatizar a época primaveril, símbolo da b) fertilidade / infertilidade, propícia ao namoro. A jovialidade, a beleza e a alegria das donzelas c) enquadram-se na / contrastam com a natureza circundante. O baile, perante d) «os amigos» / a família, permite o contacto verbal e físico, associando-se, assim, a um ritual de fecundidade. DS SIGA Classes de palavras pp. 320-323 FI Cantigas de amigo Caracterização formal p. 32 SIGA Texto poético p. 314 PROFESSOR EducaçãoLiterária 1. Recria-se um espaço medieval da vidacoletiva,obaileeasfestaspopu- lares.Obaileeralocalprivilegiadode encontroamoroso. 2.1 O recetor são as amigas e o con- vite é à dança, concretizado através do uso do presente do conjuntivo («Bailemos») e da apóstrofe «ai ami- gas». 3. a)F–oconvitesóéválidoparaquem for «velida», «louçana», «bem pare- cer»e«amigoamar»; b) F – as «avelaneiras frolidas» indi- ciamquesepassanaprimavera; c)V. 4.Asavelaneirassimbolizamafemi- nilidade, a beleza e a delicadeza. A juventude e fecundidade das don- zelas espelham-se nas avelaneiras emflor. 5. O enunciador é feminino, faz refe- rência ao amor pelo «amigo»; a nível formal está presente o paralelismo. 6.1 O refrão é «se amigo amar / verra bailar». Reitera o convite à dança realizado nas coblas, introduzindo a condição«seamigoamar». 7. Trata-se de uma cantiga parale- lística, constituída por três coblas. Cada cobla é uma quadra, com um dístico como refrão. Note-se que o primeiroversodorefrãoencontra-se intercalado entre o terceiro e o quarto versos da quadra. Tanto as quadras como o refrão têm rima monórrima. 8. a) só nas coblas; b) fertilidade; c) enquadram-se na; d) «os amigos». Gramática 1.a)«bailemos»(v.1);b)«como»(v.3); c) «verrá» (v. 6); d) «nom» (v. 13); e) «Por Deus» (v. 13); f) «so» (v. 5); g) «irmanas» (v. 7); h) «três» (v. 1); i)«se» (v.4).
  • 42. 42 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA ESCRITA Exposição 1. Faz a leitura atenta do texto. 2. Num texto expositivo, de cento e vinte a cento e cinquenta palavras, reflete sobre o namoro hoje em dia, confrontando-o com o namoro de antigamente. Segue a planificação apresentada: tIntrodução: definição de namoro e sua intemporalidade, embora vivido de formas diferentes; tDesenvolvimento: características do namoro antigamente e exemplos; do namoro atual e exemplos; confronto das duas formas de namorar; tConclusão: apresentação do teu ponto de vista, fundamentando-o. No final, faz a revisão do teu texto. Verifica a construção das frases, a clareza do discurso, as repetições desnecessárias e a utilização dos conectores. 5 10 15 20 Piropo A vida de qualquer rapaz deve ser ler, escrever e correr atrás das raparigas. Esta última parte é muito importante. Hoje em dia, porém, os rapazes de Portugal já não correm atrás das raparigas – andam com elas. A diferença entre «correr atrás» e «andar com» é, sobretudo, uma diferença de energia. Correr é galopar, esforçar, persistir, e é alegria, entusiasmo, vitalidade. Andar é arrastar, passo de caracol, pachorrice, sono- lência. […] Os rapazes de hoje já não perguntam às raparigas se os anjos desceram à terra, ou que bem fizeram a Deus para lhes dar uns olhos tão bonitos. Dizem laconicamente, com o ar indiferente que marca o «cool» da contemporaneidade «Vamos aí?». Ou simplesmente «‘bora aí?». Nos últimos tempos, tanto em Lisboa como na linha de Cascais, esta economia de expressão atingiu até o cúmulo de se cingir a um breve e boçal «Bute?». «Bute» significa qualquer coisa como «Acho-te muito bonita e dese- jável e adoraria poder levar-te imediatamente para um local distante e deserto onde eu pudesse totalmente desfazer-te em sorvete de framboesas». Mas, como os rapazes só dizem «Bute?», são as pobres raparigas que têm de fazer o esforço todo de inter- pretação e de enriquecimento semântico. São assim obrigadas a perguntar às amigas «Ó Teresinha, o que é que achas que ele queria dizer com aquele bute?». E chegam à desgraçada condição de analisar as intenções do rapaz mediante uma série de con- siderações pouco líricas – foi um «Bute» terno ou ríspido, sincero ou mentiroso, terá sido apaixonado ou desapaixonado? […] De uma maneira geral, todas as palavras que não se imaginam num soneto de Camões são impróprias. O amor pode ser um fogo que arde sem se ver, mas não basta tomar o facto por dado e dizer simplesmente «Bute» – é preciso dizer que arde sem se ver. Mesmo que não arda, mesmo que se veja. Miguel Esteves Cardoso, A causa das coisas, 11.ª edição, Lisboa, Assírio Alvim, 1991, pp. 227-228 DA SIGA Exposição sobre um tema p. 311 PROFESSOR MC Escrita 11.1; 12.1; 12.2; 12.3; 12.4; 13.1.
  • 43. 43 Ficha informativa FICHA INFORMATIVA N.O 3 5 5 5 10 Iluminura do Codex Manesse, século XIV (pormenor). Cantigas de amigo 1. Variedade do sentimento amoroso [N]a cantiga de amigo […], o argumento essencial é, de facto, o amor não correspondido, fonte de todo o sofrimento e causa de desconforto e lamento […]. [O poeta] finge que é a mulher a expor as suas próprias penas […] [e] esta mulher que se lamenta pela ausência ou indiferença do amigo é […] uma donzela, uma «dona virgo» aparentemente simples e ingénua, sinceramente apaixonada e dolente, vulnerável a qualquer desilusão, embora também sempre pronta a defender o seu próprio sentimento de qualquer interferência. Giulia Lanciani, «Cantiga de amigo», in Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani (org.), Dicionário da literatura medieval galega e portuguesa, 2.ª edição, Lisboa, Editorial Caminho, 2000, p. 135 (texto adaptado) 2. Confidência amorosa A protagonista move-se num ambiente de natureza que ela chama como testemu- nha dos seus próprios sofrimentos, muitas vezes objetivados ao ponto da identificação total com a realidade circundante. […] A mulher da cantiga de amigo entra direta ou indiretamente em contacto não só com o amigo mas também com outras perso- nagens – elementos da natureza (o mar, as árvores, a fonte, o cervo, o papagaio) ou seres humanos (a mãe, as amigas confidentes). Giulia Lanciani, «Cantiga de amigo», in Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani (org.), op. cit., p. 135 3. Relação com a natureza Há […] em alguns cantares de amigo uma intimidade afetiva com a natureza talvez diferente do gosto cenográfico da paisagem (como quadro ou reflexo dos sentimentos humanos) […]. Dir-se-ia existir uma afinidade mágica entre as pessoas e tudo o que parece mover-se ou transformar-se por uma força interna: a água da fonte e do rio, as ondas do mar, as flores da primavera ou verão, os cervos, a luz da alva, a dos olhos. Todas estas coisas participavam ainda de associações mágicas, as suas designações evocavam tantas correspondências entre o impulso amoroso e o flores- cer das árvores, o comportamento animal, os movimentos das coisas naturais, que o esquema repetitivo era como impercetível e subtil desenvolvimento de um tema através de modulações que sugerem os seus inesgotáveis nexos com a vida. António José Saraiva e Óscar Lopes, op. cit., pp. 62 e 66 CONSOLIDA 1. Com base nos textos que acabaste de ler, corrige as afirmações incorretas. A presença feminina é uma característica essencial das cantigas de amigo, e os sentimentos expressos (na maioria, positivos) são sempre de uma mulher casada. Esta alegra-se com seres humanos próximos dela e com a natureza amiga, cujos elementos nunca são associados ao sentimento amoroso. PROFESSOR Leitura 7.2; 8.1. Educação Literária 15.1; 15.2. MC Consolida 1. «(na maioria, negativos)»; «mulher solteira»; «Esta confi- dencia-se»; «são muitas vezes associados». PowerPoint Ficha informativa n.o 3
  • 44. 44 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA ORALIDADE Anúncio publicitário 1. Visiona atentamente os anúncios publicitários e completa a tabela com os dados pedidos. Produto publicitado Informação significativa (data, local, cartaz, etc.) Slogan a) b) c) 2. Identifica o tema transversal aos três anúncios. 3. Os três anúncios têm uma estrutura semelhante. Explicita-a. 4. Relembra o primeiro anúncio. 4.1 Explica como as personagens expressam os seus sentimentos e esclarece a impor- tância da sua postura, do silêncio/da hesitação e do olhar. 5. A publicidade conjuga diferentes linguagens (verbais e não verbais). 5.1 Refere três tipos de linguagem comuns aos três anúncios. 5.2 Comenta a sua eficácia e o seu poder sugestivo. 6. Atenta no slogan do terceiro anúncio. 6.1 Identifica o recurso expressivo e menciona um dos efeitos produzidos. 1 2 3 FI Publicidade p. 46 SIGA Recursos expressivos pp. 334-335 PROFESSOR Oralidade 1.1; 1.2; 1.3; 1.4; 1.5; 1.6; 1.7; 2.1; 4.2; 5.1; 5.3; 6.1; 6.2; 6.3. MC Oralidade a) Meo Sudoeste; 6-10/08; Zam- bujeira do Mar; Wi-Fi grátis; «Tu sóvivesumavez». b) Optimus Alive; 10/07; Passeio MarítimodeAlgés;ArcticMonkeys, TheLumineers…;«Omelhorcartaz. Sempre!». c) Vodafone Paredes de Coura; 20-23/08; Paredes de Coura, Franz Ferdinand, Beirut, James Blake; «Power aos que semeiam músicasecolhemfestivais!». 2. Publicidade a festivais de música. 3. 1.a parte – contextualização através de imagens; 2.a parte – informaçõesrelevantes; 3.a parte – explicitaçãodoslogan. 4.1 Perante um desafio, as per- sonagens expressam medo, he- sitação e evitam o contacto visual. Quando o ultrapassam, mostram-se felizes, mudando a sua postura, que se torna mais confianteesocial. 5.1 Verbal, icónica (imagem) e musical. 5.2 Aliando estes três tipos de linguagem,osanúnciosmostram os locais dos concertos e as pes- soas a divertirem-se ao som da música. Sugestiona-se o público para este mundo de festa e cria- -se o desejo de participar, indo aosconcertos. 6.1 Metáfora – quem cultiva o prazer da música, participa em festivais, pretende-se que o pú- blicoadiraaoevento. Links MEO Sudeste; Optimus Alive Vídeo Vodafone Paredes de Coura
  • 45. 45 Cantigas de amigo GRAMÁTICA 1. Identifica o tempo e o modo verbais presentes nas frases: a) «Vai ao Meo Sudoeste…» b) «Não percas…» c) «O habitat natural da música traz-te…» 1.1 Seleciona as duas alíneas que expressam ordem ou apelo. 2. Indica os adjetivos que constam nas expressões: a) «Wi-Fi grátis»; b) «o melhor cartaz»; c) «o habitat natural da música». 2.1 Classifica quanto à flexão em grau o adjetivo da alínea b). Justifica o seu valor expressivo. ORALIDADE Apreciação crítica 1. Observa atentamente a imagem que se segue. 2. Planifica uma apreciação crítica oral, entre dois e quatro minutos, atendendo aos seguintes tópicos: tdescrição sucinta e objetiva da imagem; timportância de conhecermos o nosso passado; tpapel que este tipo de eventos tem na sociedade atual; tcomentário crítico da imagem. 3. Partilha a tua apreciação crítica com os teus colegas. Utiliza adequadamente recursos verbais e não verbais: postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação e expressivi- dade. © André Boto SIGA Adjetivo p. 320 Apreciação crítica p. 312 SIGA PROFESSOR Gramática 1. a) imperativo; b) presente do conjuntivo, com valor de impera- tivo;c)presentedoindicativo. 1.1 a)eb). 2.a)«grátis»;b)«melhor»;c)«na- tural». 2.1 Superlativo relativo de supe- rioridade, enfatiza a excelência do cartaz,relativamenteaoutros. Oralidade Sugestões: 1.e2. “ 7 G? 57@tD;A F;B;53?7@F7 medieval (pormenor do cas- telo) sobressaem cinco figuras, vestidas com trajes medievais. As personagens femininas têm vestidos coloridos e penteados de época. As figuras masculi- nas envergam espadas e uma temarmadura. “o;?BADF3@F75A@:757D?AE3E nossas raízes, não só para a nossa cultura geral, mas tam- bém para percebermos certos traçoscaracterizadoresdo«ser português». “ EF7E 7H7@FAE EyA D77H3@F7E para divulgar os hábitos e cos- tumes dos nossos antepas- sados e promover encontros entre os membros de uma comunidade. Por outro lado, também servem para fomen- tar o turismo em determinadas localidades. “ EF3 ;?397? | 367CG363 3A tipo de evento que publicita, promovendo um cenário vivo e dinâmico de um tempo da História, desconhecido/obscu- ro para muitas pessoas. As palavras que a completam são desafiadoras e convidam o público a participar na feira («Aúltimaconquista»).
  • 46. 46 Unidade 1 // POESIA TROVADORESCA Publicidade 1. O que é? A publicidade consiste na promoção de um produto ou serviço de forma sedu- tora, surpreendente, inovadora e eficaz, através dos meios de comunicação social. Jacques Lendrevie, et al., Publicitor, Alfragide, Dom Quixote, 2010, p. 109 (texto adaptado) O anúncio é a mensagem que publicita um produto ou um serviço. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (online) 2. Qual é a sua finalidade? A publicidade tem como objetivo despertar e captar a atenção, o interesse e o desejo de potenciais consumidores ou simpatizantes, levando-os a memorizar a sua mensagem e a agir, adquirindo o produto ou aderindo a um determinado conceito ou causa. A sigla AIDMA traduz as etapas da «arte de seduzir e convencer» que é a publi- cidade: t(despertar a) Atenção; t(criar) Interesse; t(provocar) Desejo; t (permitir a) Memorização; t(desencadear a) Ação. Se atendermos ao seu objetivo, a publicidade pode ser dividida em dois tipos: tcomercial, a que visa a venda de um produto ou de uma marca (fins lucra- tivos). tnão comercial/institucional, a que visa a adesão a uma ideia ou a uma causa (fins sociais, informativos, solidários, preventivos, etc.). 3. Quais são os seus suportes? Desde os primórdios da Publicidade que tudo tem mudado: o cartaz pintado à mão dizendo «compre aqui» evoluiu até se chegar ao mupi moderno ou ao painel eletrónico do estádio de futebol; a página de imprensa deixou de ter apenas texto e passou a ter ilustração, fotografia, pop-ups; os anúncios deixaram de ser meras explicações das vantagens dos produtos e, com criatividade, tornaram-se peças de entretenimento que não só explicam produtos como permitem que nos liguemos às marcas e nos tornemos seus consumidores, seus embaixadores, seus fans. A net veio alargar as fronteiras daquilo que é possível obrigando a Publicidade a pensar em novas linguagens e a adequar-se a novas técnicas. Toda a evolução da história da Publicidade tem conduzido a que se encontrem formas mais eficazes, mais abrangentes e mais sofisticadas de chamar a atenção. A Publicidade foi, é e sempre será a Arte de Chamar a Atenção. Jacques Lendrevie, op. cit., p. 108 (texto adaptado) FICHA INFORMATIVA N.O 4 5 10 PowerPoint Ficha informativa n.o 4
  • 47. 47 Ficha informativa 47 Texto icónico Texto linguístico Imagem Slogan Texto argumentativo tDiferentes elementos visuais (ilustração ou fotografia, arranjo gráfico, cor, caracteres…) que despertam a atenção do con- sumidor. tFrase ou expressão original, breve, concisa, simples e fácil de memorizar capaz de des- pertar a simpatia pelo pro- duto ou campanha. t Texto que dá credibilidade ao anúncio, apresentando as qualidades e vantagens do produto ou campanha que levam à ação do consumidor (compra/adesão). 4. Quais são as suas características fundamentais? Na publicidade, conjugam-se diferentes linguagens: verbal (palavra) e não verbal: icónica (imagem); musical; gestual e atitudinal (postura, tom de voz, articulação, ritmo, entoação, expressividade, etc.). Para obter a simpatia e a adesão do público o texto publicitário recorre a vários mecanismos linguísticos e estilísticos: ttempos e modos verbais, como o imperativo ou o conjuntivo; tentoação; tneologismos; trecursos expressivos abundantes: hipérbole, metáfora, anáfora, repetição, trocadilho…; taforismos e expressões idiomáticas; tadjetivos em grande número; trima, ritmo e métrica. 1. A publicidade é uma área que requer destreza e à-vontade com as palavras e, nesse campo, os escritores sentem-se no seu «habitat». Há slogans que ficaram na memória coletiva e que foram criados por autores consagrados. Por exemplo: 2. A primeira agência de publicidade em Portugal chamava-se J. Walter Thompson. O slogan de Fernando Pessoa acima referido foi criado para esta agência em 1927, para a marca Coca-Cola. CURIOSIDADE «Há mar e mar, há ir e voltar.» Alexandre O’Neill «Mais Seguro, Mais Futuro.» Ary dos Santos «Primeiro estranha-se. Depois, entranha-se.» Fernando Pessoa