O documento descreve o movimento literário Trovadorismo no século XI, que marcou o início da literatura portuguesa. As principais formas literárias eram as cantigas, divididas em cantigas de amor, amigo, escárnio e maldizer. Os trovadores compunham essas canções e melodias que tratavam de temas como o amor cortês e a sátira.
O Trovadorismo, primeiro movimento literário em português
1. Trovadorismo
C E N T R O U N I V E R S I T Á R I O E S T Á C I O D E B H
L I T E R AT U R A P O R T U G U E S A I
P R O F E S S O R A F L Á V I A A L C Â N TA R A
2. Trovadorismo
• Trovadorismo foi um movimento literário e
poético que surgiu na Idade
Média, no século XI. Foi o primeiro
movimento literário da língua portuguesa,
pois dele surgiram as primeiras
manifestações literárias.
• As cantigas são os principais registros da
época, tradicionalmente divididas em:
Cantigas de Amor
Cantigas de Amigo
Cantigas de Escárnio
Cantigas de Maldizer
3. Trovadorismo
• O Trovadorismo português teve seu apogeu durante de
cerca de 150 anos (aprox. finais do século XII a meados
do século XIV).
• Surgiu no mesmo período em que Portugal começou a
despontar como nação independente, no século XII;
porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde
se espalhou por praticamente toda a Europa. Apesar
disso, a lírica medieval galego-portuguesa possuiu
características próprias, uma grande produtividade e um
número considerável de autores conservados.
4. • Trovadores eram aqueles que
compunham as poesias e
as melodias que as acompanhavam,
e cantigas são as poesias cantadas.
• A designação "trovador" aplicava-se
aos autores de origem nobre, sendo
que os autores de origem vilã tinham o
nome de jogral, termo que designava
igualmente o seu estatuto de
profissional (em contraste com o
trovador).
5. As cantigas, primeiramente destinadas
ao canto, foram depois manuscritas em
cadernos de apontamentos, que mais
tarde foram postas em coletâneas de
canções chamadas Cancioneiros (livros
que reuniam grande número de trovas).
6. São conhecidos três Cancioneiros galego-portugueses:
O "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca
Nacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o "Cancioneiro
da Vaticana". Além disso, há um quarto livro de cantigas
dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso X de Leão e
Castela, O Sábio.
Surgiram também os textos em prosa de cronistas
como Rui de Pina, Fernão Lopes e Gomes Eanes de
Zurara e as novelas de cavalaria, como a demanda
do Santo Graal.
7. Symphonia da Cantiga 160, Cantigas
de Santa Maria, de Afonso X, o Sábio
- Códice do Escorial.
(1221-1284).
https://www.youtube.com/watch?v=hCGyDmclpS8
04:09
9. Classificação das cantigas
Com base na maioria das cantigas
reunidas nos cancioneiros, podemos
classificá-las da seguinte forma:
10. A cantiga de amor
• O cavalheiro dirige-se à mulher amada como
uma figura idealizada, distante.
• O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a
serviço de sua senhora, dama da corte,
tornando esse amor um sonho, distante,
impossível. Nunca consegue conquistá-la,
porque eles pertencem a diferentes níveis
sociais.
• Sua amada é chamada de senhor (as palavras
terminadas em or como senhor ou pastor, em
galego-português não tinham feminino).
• Canta à "minha senhor", a quem ele trata como
superior revelando sua condição hierárquica.
• Canta a dor de amar e está sempre acometido
da "coita", palavra frequente nas cantigas de
amor que significa "sofrimento por amor".
11. Características:
• Eu-lírico masculino e sofredor.
• Assunto Principal: o sofrimento amoroso do eu-lírico
perante uma mulher idealizada e distante.
• Amor cortês; vassalagem amorosa.
• Amor impossível.
• Ambientação aristocrática das cortes.
• Forte influência provençal.
• Vassalagem amorosa "o eu lírico usa o pronome de
tratamento "senhor".
12. A cantiga de amigo
• São cantigas de origem popular, com marcas da
literatura oral, recursos esses próprios dos textos
para serem cantados e memorizados.
• O eu-lírico é uma mulher (mas o autor era
masculino, devido à sociedade feudal e o restrito
acesso ao conhecimento da época), que canta seu
amor pelo amigo (isto é, namorado), muitas vezes
em ambiente natural, e em diálogo com
sua mãe ou suas amigas.
• A figura feminina que as cantigas de amigo
desenham é da jovem que se inicia no universo do
amor, por vezes lamentando a ausência do amado,
por vezes cantando a sua alegria pelo próximo
encontro.
• Diferente da cantiga de amor, nela não há a
relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher
do povo.
• Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza
da mulher, pela ida de seu amado à guerra.
13. Características:
• Eu lírico feminino.
• Presença de paralelismos.
• Predomínio da musicalidade.
• Assunto Principal: saudade
• Amor natural, espontâneo e
possível.
• Ambientação popular rural ou
urbana.
• Influência da tradição oral ibérica.
• Deus é o elemento mais
importante do poema.
• Pouca subjetividade.
14. A cantiga de escárnio
• O eu-lírico faz uma sátira indireta,
cheia de duplos sentidos, a alguma
pessoa.
• São cantigas feitas pelos trovadores
para dizer mal de alguém, por meio
de ambiguidades, trocadilhos e
jogos semânticos, em um processo
que os trovadores chamavam
"equívoco".
• O cômico que caracteriza essas
cantigas é predominantemente
verbal, fazendo alusão indireta e
velada, para que o destinatário não
seja reconhecido.
• Estimula a imaginação do poeta e
sugere-lhe uma expressão irônica,
embora, por vezes, bastante
mordaz.
15. Características:
• Crítica indireta; normalmente a
pessoa satirizada não é
identificada.
• Linguagem trabalhada, cheia
de sutilezas, trocadilho e
ambiguidades.
• Ironia e sarcasmo.
16. A cantiga de maldizer
• Ao contrário da cantiga de escárnio, a
cantiga de maldizer traz uma sátira
direta e sem duplos sentidos.
• É comum a agressão verbal à pessoa
satirizada, e muitas vezes, são
utilizados até palavras de baixo calão
(palavrões).
• O nome da pessoa satirizada pode ou
não ser revelado.
17. Características:
• Crítica direta; geralmente a pessoa satirizada é identificada.
• Linguagem agressiva, direta, por vezes obscena.
• Zombaria.
18. Próxima
aula: • Humanismo português: a poes
ia palaciana, a crônica historiogr
á-
fica de Fernão Lopes e o teatro
popular de Gil Vicente.
• Leitura específica: Poética de Gil
Vicente (Disponível em PDF na Sala de
Aula Virtual e arquivos do Teams)