Retomando as teorias clássicas sobre o processo ensino e aprendizagem
Leitura necessária. Quantos conceitos que computamos novos já foram tão profundamente discutidos nos anos 50, 60. Boa leitura, não é prazerosa. É fundamental para quem deseja se aprofundar no processo da educação e de como ela acontece a partir deste teórico americano. Fica a pergunta fundante e provocativa: "o professor constitui o principal “recurso” no processo de ensino como é praticado em nossas escolas. Que se poderá dizer do papel do professor no ensino?"
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
O ensino e a aprendizagem segundo Bruner
1. PPrProfeLocimar Massalai, Professor e Orientador Educacional
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Excerto do livro “O Processo da Educação” de Jerome S. Brunner
Início da Leitura – 26/07/2020
Cada geração nova dá nova forma às aspirações que modelam a educação em
seu tempo. O que talvez esteja surgindo, como marca da nossa, é um amplo
renovar da preocupação com a qualidade e os objetivos intelectuais da educação
– sem que abandonemos, porém, o ideal de que ela deve ser um meio de
preparar os homens bem equilibrados para uma democracia. (p.01)
(...) Que vamos ensinar, e com que fim? Esse novo espírito talvez reflita,
também, a profunda revolução científica de nossos tempos. (p.01)
Figura 1: a velha discussão do distanciamento da academia do mundo real das escolas. Ou
porque a faculdades de educação pesquisam tanto a pobreza da escola pública, vivem dela e
numa bolha. Todo mundo quer ser pesquisador, mas ninguém quer atuar na escola pública.
pág. 3
2. PPrProfeLocimar Massalai, Professor e Orientador Educacional
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Figura 2: O papel da psicologia escolar e a velha “nova” discussão sobre habilidades e sobre o
que ensinar. Ensinar apenas o que o aluno vai precisar? O que é um conteúdo útil? Arte então
seria inútil? Velhas discussões.
p. 4
(...) Porém, na medida em que aumentava a proporção da população matriculada
nas escolas secundárias, e em que se elevava a proporção de novos americanos
na população escolar, passou a ser difícil manter o equilíbrio entre a instrução
em habilidades úteis e a compreensão disciplinada. p. 05. Qualidade ou
quantidade? (grifo meu). Problema da formação da mão de obra para o trabalho.
Em 1960 Bruner discutia a relação de uma disciplina com a outra o que tanto se
propalou nos anos 1980 e 1990 nas discussões sobre metodologia, currículo e
formação de professores. (...) “Captar a estrutura da matéria em estudo é
compreendê-la de modo que permita relacionar, de maneira significativa, muitas
outras coisas com ela. 1Aprender estrutura, em suma, é aprender como as coisas
se relacionam. (p.07)
1 Grifo meu!
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(...) “Uma coisa parece clara: se todo os alunos forem auxiliados a utilizar
integralmente toda a sua potencialidade intelectual, teremos maiores
probabilidades de sobreviver como democracia numa época de enorme
complexidade tecnológica e social”. p.09.
Figura 3: Da importância a literatura e afins para a formação dos estudantes.
p. 09
Figura 4: Da importância de bons professores e bem formados na escola de educação básica
p. 17
(...) Diversas pessoas, que tem trabalhado em currículos de ciências e
matemática, insistem em que é possível apresentar a estrutura fundamental de
uma disciplina de forma a preservar algumas sequências excitantes que
conduzem o aluno a descobrir por si mesmo. p. 18
(...) Uma boa teoria é veículo não apenas para a compreensão de um fenômeno,
como também para sua rememoração futura. p. 22
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(...) De fato, pode acontecer que haja certas atitudes gerais, ou abordagens,
relativas à ciência ou à literatura, que se possam ensinar nos graus elementares
e sejam de considerável importância, para a aprendizagem posterior. A atitude
de que as coisas estão ligadas entre si e não isoladas é um desses jogos. p.24
É preciso (...) oferecer auxílio suplementar aos sistemas escolares locais,
provendo-os de manuais em que se descrevam os vários modos como se pode
elaborar provas. Não é fácil fazer um exame exploratório e seria bem vindo um
manual bem cuidado sobre esse assunto. p.27
O melhor meio de despertar interesse por um assunto é tornar valioso o seu
conhecimento, isto é, tornar o conhecimento adquirido utilizável na mente de
quem o adquiriu, em situações após aquela em que a aprendizagem ocorreu.
p.28
Será necessário muito maior empenho na preparação efetiva de material
curricular, no treinamento de professores e em pesquisas básicas, se se desejar
que as melhoras em nossas práticas educacionais permitam enfrentar os
desafios da revolução científica e social que estamos atravessando. p. 28
Partimos da hipótese de que qualquer assunto pode ser ensinado com eficiência,
de alguma forma intelectualmente honesta, a qualquer criança, em qualquer
estágio de desenvolvimento. É uma hipótese arrojada, mas essencial, quando
se pensa sobre a natureza de um currículo. Não há evidências alguma que a
contradiga; e muitas provas estão sendo acumuladas para comprová-la. p.31
A pesquisa sobre o desenvolvimento intelectual da criança coloca em realce o
fato de que, em cada estágio de desenvolvimento, ela possui um modo
característico de visualizar o mundo e explica-lo a si mesma. A tarefa de ensinar
determinada matéria, a uma criança, em qualquer idade, é a de representar a
estrutura da referida matéria em termos da visualização que a criança tem das
coisas. p.32
O mais importante no ensino de conceitos básicos é ajudar a criança a passar
progressivamente do pensamento concreto à utilização de modos de
pensamento conceitualmente mais adequados. p.36
O ato de aprender um assunto envolve três processos simultâneos2
: primeiro é
a aquisição de nova informação, segundo aspecto da aprendizagem pode ser
chamado de transformação que é o processo de manipular o conhecimento de
modo a adaptá-lo a novas tarefas. (...) A transformação compreende os meios
pelos quais lidamos com a informação, de modo a irmos além dela. O terceiro
aspecto da aprendizagem é a avaliação (crítica): verificar se o modo pelo qual
manipulamos a informação é adequado à tarefa. p.45
Os alunos devem saber o que é sentir-se inteiramente absorvido por um
problema. Poucas vezes experimentam esse sentimento na escola. Se se
2 Minha adaptação!
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conseguir absorvê-los bastante em classe, alguns alunos serão capazes de
transportar esse sentimento para o trabalho que realizam sozinhos. p.46
O objetivo da educação não é a produção de tolos autoconfiantes. p.60
O teatro, as artes, a música e as humanidades como se apresentam em nossas
escolas e faculdades necessitarão de maior apoio. p.75
Uma discussão sobre recursos didáticos auxiliares pode parecer um contexto
inadequado para a discussão sobre o papel do professor no ensino. Porém,
apesar de tudo, o professor constitui o principal “recurso” no processo de ensino
como é praticado em nossas escolas. Que se poderá dizer do papel do professor
no ensino? p.83
Término da leitura – 04/08/2020 às 23:18.
Referência
BRUNER, Jerome S. O processo da educação. Companhia Editora Nacional,
São Paulo, 1968.