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OS DESAFIOS DA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO ADMINISTRATIVA E
PEDAGÓGICA - CAMINHOS PERCORRIDOS NUMA ESCOLA DE
EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
Profa. Dra. Iduina Mont´Alverne Braun Chaves
iduina@globo.com
Universidade Federal Fluminense/Brasil
Profa. MS. Tânia de Rezende Cozzi
cozzitania@yahoo.com.br
Colégio Universitário Geraldo Reis/UFF/Brasil
Palavras-chave: Gestão - Educação Continuada – Acompanhamento - Escola Básica
Resumo
Este trabalho apresenta as experiências que têm orientado a política de gestão
implementada numa escola pública de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, que tem
como um dos seus objetivos o acompanhamento da prática docente dos professores, no
início de suas carreiras, que estão lotados na escola. A perspectiva teórico-metodológica
adotada está fundamentada na teoria da complexidade de Edgar Morin e na sociologia do
cotidiano de Michel Maffesoli. Ressaltamos a nossa preocupação com a educação
continuada dos professores, visando a preparação qualificada para uma atuação
pedagógica mais dialógica, humana e sensível no contexto escolar. Reconhecemos,
também, as deficiências na formação inicial dos professores que se apresenta
dicotômica, especialmente no que diz respeito às relações teoria/prática, conteúdo/forma,
universidade/escola. Para encarar tal desafio, implementamos vários projetos no currículo
da escola em estudo e selecionamos para essa comunicação os Projetos
“Acompanhamento do Processo de Alfabetização dos Professores da Escola” e o
“Narrativas de Professores sobre a sua Prática em Sala de Aula”. No primeiro projeto,
reconhecendo a fragilidade do processo de formação inicial realizado na graduação, um
professor com experiência, foi indicado, e acompanhou o professor iniciante da escola,
no planejamento de suas atividades para a turma de alfabetização. O processo mostrou-
se fundamental para a atuação do professor iniciante em sala de aula e os resultados
foram satisfatórios para as crianças e promoveu a auto-confiança do novo professor no
seu ofício de mestre. Isso mostra que a relação mestre-aprendiz-mestre, em outras
palavras, um mestre senior (senex) na sua relação com um jovem (puer) professor tem
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forte influência na formação de ambos. No projeto das Narrativas de Professores
sentimos um processo vivo de auto-reflexão da própria prática e da prática dos colegas a
partir das histórias das ações realizadas nas suas turmas, na escola. Foram momentos
formativos para todos os professores, especialmente, para os que estão em início de
carreira, que tiveram a oportunidade de olhar criticamente para a sua prática e com a
discussão grupal e estudos encaminhados, buscar estudos para re-significação de suas
práticas. Os resultados desse trabalho/estudo mostram que o acompanhamento dos
professores no início de suas carreiras faz uma diferença fundamental para eles e para o
ensino.
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OS DESAFIOS DA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO ADMINISTRATIVA E
PEDAGÓGICA - CAMINHOS PERCORRIDOS NUMA ESCOLA DE
EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
[...] o discípulo confia no mestre para que este o instrua e o conduza
enquanto ele não for capaz de se conduzir a si próprio. A condição de
discípulo é provisória, uma situação passageira que aguarda a
habilitação que tornará o indivíduo apto a se conduzir a si próprio.
(GUSDORF, 1995, p.81)
... o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não
estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão
sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade
João Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas)
Introdução
Este trabalho busca apresentar as experiências que têm orientado a política de
gestão implementada no Colégio Universitário Geraldo Reis (COLUNI), uma escola
pública de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, que tem como um dos seus objetivos o
acompanhamento da prática docente dos professores, no início de suas carreiras, que
estão lotados na escola. A perspectiva teórica que adotamos para fundamentar as
experiências deste estudo está baseada na teoria da complexidade de Edgar Morin e na
sociologia do cotidiano de Michel Maffesoli.
A complexidade faz apelo à estratégia, que pode ajudar a avançar no incerto e no
aleatório, é definida por Morin (1982), como a arte de "utilizar as informações que
surgem durante a ação, integrá-las, formular esquemas de ação e ser capaz de reunir o
máximo de certezas para defrontar o incerto" (p.148). Morin responde às grandes
interrogações do mundo contemporâneo e como um intelectual interdisciplinar não
conhece fronteiras e trabalha o conhecimento como aquilo que se tece junto. Com base
nesse paradigma nos lançamos no esforço de pensar com o “pensamento complexo”
uma organização /escola. Não pensamos olhá-la com a idéia de organização burocrática,
fechada, simplificadora, racionalizadora, desintegradora, mas como um “sistema” sócio-
cultural, aberto às múltiplas dimensões da realidade bio-psico-sóciocultural. É, nessa
perspectiva interacionista que o diálogo aberto e permanente, terá condições de acolher
a diversidade de formas de pensamento e correntes na escola, no sentido da unidade
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dos pensamentos, dos valores e das normas compartilhadas pelos membros da
organização escolar. Evitar-se-á, assim, a unidimensionalidade do pensamento
simplificador, que dificulta a visão do todo, que promove a fragmentação do saber, que
isola o homem na instituição. Levaremos em consideração a natureza bio-psico-
sociocultural do professor com a sua possibilidade de desenvolvimento constante - um
sujeito livre para criar, para se transformar, para se desenvolver, enfim para se auto-
organizar e auto-produzir-se, sem perder de vista sua autonomia/dependência (recíproca)
com relação à cultura. É um verdadeiro desafio pensar/entender a organização/escola
respeitando a sua complexidade. Vale, sempre, tentar.
Foi com esse entendimento que buscamos incentivar reuniões/rncontros
pedagógicos especialmente dedicados aos professores iniciantes no colégio, com vistas
ao retorno do trabalho de discussão, dos encontros, no entendimento de que a dialógica
não existe sem pluralismo, sem contestação, sem comunicação de sentimentos.
Com Maffesoli (1987, p. 200) adotamos a idéia de proximidade, “ proxemia” que
busca sentido nas práticas de “vizinhança” que segundo ele permite as redes de
relações, que remete essencialmente ao surgimento de uma sucessão de “nós” que
constituem a própria substância de toda socialidade e a constituição de microgrupos que
se constituem a partir do sentimento de pertença no quadro de uma rede de relações e
de comunicações, no nosso caso a relação pedagógica.
Os fundamentos teórico-metodológicos da pesquisa narrativa foram, também,
utilizados neste estudo. A narrativa está ganhando aceitação como um importante
instrumento para o desenvolvimento profissional, pesquisa e ensino. Professores podem
refletir sobre sua própria prática, articular valores e crenças, dar forma à teoria do ensino
e aperfeiçoar o entendimento do processo decisório. A narrativa levanta a questão da
voz e da autoria. Ela é também aceita como uma legítima perspectiva de pesquisa. A
narrativa, como fenômeno e como método, tem um papel central no desenvolvimento
pessoal e profissional. Através de contar, escrever e ouvir histórias de vida – as suas e as
dos outros – acrescenta Chaves ( p. ) podemos penetrar nas barreiras culturais,
descobrir o poder do “self” e a integridade do outro e ainda, aprofundar o entendimento
de suas perspectivas e possibilidades. Além do mais, todas as formas de narrativa
assumem o interesse em construir e comunicar significado. O significado da prática, da
vida.
A escola de nosso estudo, o Colégio Universitário Geraldo Reis (COLUNI), é uma
escola híbrida composta por crianças de classes sociais bem diversificadas. Nasceu de
um convênio da Universidade Federal Fluminense (UFF) com a Secretaria Estadual de
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Educação e herdou as crianças e os professores do Centro Integrado de Educação
Pública (CIEP) Geraldo Reis, onde agora funciona. Atende da Educação Infantil até o 8º
ano do Ensino Fundamental. Para situar, encontramos uma tensa situação entre os
diferentes grupos da escola: o grupo de professores, um vinculado à Secretaria Estadual
de Educação e outro à Universidade;.o de crianças, um proveniente da favela e o outro
da classe média; o de funcionários, um grupo do Estado e o outro da Universidade.
Ressaltamos a nossa preocupação com a educação continuada dos professores, visando
a preparação qualificada para uma atuação mais dialógica, humana e sensível, voltada
para as suas ações no contexto escolar. Para encarar tal desafio, implementamos vários
projetos no currículo do Colégio e selecionamos o Projeto Acompanhamento do Processo
de Alfabetização e Projeto Narrativas de Professores sobre a sua Prática em Sala de
Aula para essa comunicação. Esses projetos contribuíram de forma expressiva para a
formação pessoal e profissional de nossos professores que reconstruíram as suas
práticas docentes nas experiências de formação promovidas pela escola. Estes projetos,
dentre outros, representam o processo de educação continuada para os professores da
escola, com ênfase nos iniciantes, vivenciado no COLUNI.
As experiências pedagógicas formativas em ato
O Projeto Acompanhamento do Processo de Alfabetização foi iniciado em março
de 2009 e terminou em dezembro do mesmo ano. O trabalho foi desenvolvido,
inicialmente, com a professora Maria que, por motivos particulares, precisou se desligar
da escola sendo substituída pela professora Emily1
.
A professora Emily tem 35 anos, terminou o curso de Pedagogia em 2002, numa
conceituada universidade e o Mestrado em Educação, em 2009, na Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Durante a sua formação fez estágio, por um ano, com uma
turma do Jardim II; em 2004 trabalhou como professora de creche e, depois, como
orientadora pedagógica. Em 2009 fez concurso para o COLUNI e em junho assumiu a
turma do 1º ano (alfabetização).
Começou muito insegura e dizia: “Acho que não vou conseguir ensinar a ler e a
escrever! É muito difícil!”. Nas nossas conversas, Emily falava da falta de preparo do
professor para lidar com a alfabetização – ela não teve, no decorrer da sua formação
inicial no curso de Pedagogia, nenhuma disciplina que relacionasse a teoria à prática,
não conhecia métodos específicos e nem como a criança vai se apropriando da leitura e
1
Nome fictício para preservar a identidade da professora.
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da escrita. “Só nos deram “pinceladas” sobre esse assunto e agora me sinto perdida.”
Assim sendo, trazia para a sala de aula a lembrança da sua própria alfabetização, ou
seja, juntar consoantes com vogais, em um trabalho de memorização das “famílias
silábicas” que não condizem com a formação de pequeno leitor/autor da
contemporaneidade.
Começamos então, um trabalho explorando a oralidade, buscando seguir o
desenvolvimento natural do ser humano e os conhecimentos que a História nos deixou.
É bom lembrar que os povos primitivos, ou quaisquer agrupamentos humanos alheios
ainda às disciplinas de ler e escrever, não deixaram de compor seus cânticos, suas
lendas, suas histórias e expressaram sua experiência e sua moral com provérbios,
adivinhações, transmitidos desde os tempos mais remotos, de memória em memória, de
boca em boca. Esses narradores anônimos salvaram do esquecimento uma boa parte
da educação da humanidade.
Como vemos, sempre foi, e é, relevante a importância dada à expressão oral.
Assim, foi enfatizada a leitura das imagens, os recursos expressivos do desenho, da
pintura, da modelagem, dos movimentos corporais. Foram aprendizados que se
refletiram nos trabalhos em sala de aula, numa íntima relação entre o fazer e o falar pela
criança que está entrando no mundo da leitura e da escrita, pois ela precisa da
diversidade de linguagens com as quais o ser humano pode expressar suas idéias e
suas emoções.
A fala, enquanto manifestação da prática oral, é apreendida em situações
informais do dia-a-dia, nas relações sociais e dialógicas. A verbalização está, portanto,
associada a todas as etapas da vivência da criança. Ela utiliza a linguagem e nós a
utilizamos com ela, num processo contínuo e interativo como adverte Bakhtin (1992).
Compreendendo a prática da linguagem como um fio condutor do processo
ensino-aprendizagem, observamos que tal prática não pode ser algo externo à criança,
mas, sim, relacionada com a sua experiência. Através desta, as crianças são levadas a
buscar uma pluralidade de sentidos nas palavras, nas frases, estabelecendo articulações
entre os sentidos produzidos e os modos e intenções de produção de mensagens. A
criança é convidada a se apropriar das palavras, a deixar fluir seu pensamento e a se
afastar da repetição, do reproduzido, do copiado. É preciso que ela reconheça a sua voz
como uma das vozes possíveis dos discursos.
Estas observações, feitas nos encontros com Emily, se faziam cada vez mais
presentes nas atividades com as crianças, dando indícios de que a relação experiência –
verbalização – leitura/escrita era constante. Este foi então, um caminho para a formação
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de leitores e escritores e não apenas alfabetizados que usam mecanicamente a
habilidade de codificação e decodificação dos símbolos gráficos.
É importante dizer que as crianças do COLUNI, à medida que se expressavam
com maior desembaraço ao comunicar oralmente suas experiências e seus desejos, isso
ia se refletindo nos usos e funções da leitura e da escrita.
Emily, se apropriando dos conhecimentos voltados para a prática pedagógica da
alfabetização das crianças do COLUNI, foi se “apaixonando” pela alfabetização e dizia,
entusiasmada, “Ensinar é muito diferente do que eu imaginava, há caminhos! Agora vejo
o quadro de uma forma mais nítida. Serve para as outras turmas também, é uma
questão dialógica!”.
Neste movimento interativo, Emily estimulava a verbalização do que foi vivido, do
que foi percebido, do que foi sentido, reconhecendo ser importante o lidar com as
diferenças, valorizando-as, inclusive, sabendo que elas vão influir na competência para
compreender, representar e resolver questões do cotidiano, definidas em termos de
funcionamento pessoal, de desempenho ocupacional, cívico, comunitário. Enfim, a
história e a experiência no trabalho de Emily, são/foram, de certa forma, ouvidas, o que
atesta uma ação pedagógica que vai se realizando e se construindo com consciência e
competência.
Vemos, assim, que para que a criança aprenda, o conteúdo da aprendizagem
deve estar articulado ao universo de sentidos de sua realidade. É fundamental, então,
que a escola seja um espaço onde a criança possa falar e escrever o que pensa, onde
seja capaz de entender o outro e de se fazer entender através da fala e da escrita,
promovendo/provocando um relacionamento mais afetivo com a leitura e a escrita. A este
respeito, Vygotsky (1991) destaca, sobremaneira, a importância do outro no processo de
desenvolvimento da criança. Em termos educativos, são fundamentais as diferentes
interações no espaço de sala de aula, tanto entre professor e aluno quanto aquelas que
se estabelecem entre as próprias crianças.
Não será esta dimensão que valorizamos na nossa gestão e que se (re)afirma
nesse projetos de acompanhamento, de interação, de diálogo entre um professor
experiente com um professor em início de carreira? Acreditamos que sim.
Hoje, Emily fala com tranqüilidade sobre os seus medos iniciais – “Vi que eu não
sabia nada! Fiquei assustada porque percebi que o Curso de Pedagogia não prepara o
aluno para que ele possa alfabetizar!” Acrescenta, ainda, a respeito do Projeto
Acompanhamento do Processo de Alfabetização:
“O Projeto me fez perceber coisas que eu não via, agora ficou claro, me deu
embasamento teórico para a prática, a função planejadora, sei como vou atingir os
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objetivos, mudou a minha formação. Alfa não me assusta mais, posso dar “dicas”, posso
até ensinar a outras pessoas!”.
E termina afirmando:
“Se eu fosse participar de uma reunião para mudança de currículo, sugeriria que os
Cursos de Pedagogia enfatizassem a Alfabetização, pois agora vejo que é a fase mais
importante, a que deve dar ao aluno a autonomia para a leitura e a escrita.”.
O Projeto “Narrativas de Professores sobre a sua Prática em Sala de Aula”
organizado e orientado por uma professora experiente no assunto, durante o primeiro
semestre de 2009, apresentou aos professores as bases filosóficas e metodológicas da
Pedagogia dos Projetos. O objetivo principal foi a contribuição para a prática docente
dos professores da escola. A metodologia envolveu leituras para estudo e debates de
alguns dos textos de referência sobre o tema em questão, atividades de produção de
registros de experiências e planejamento de atividades inspiradas nos estudos
realizados. A troca entre os participantes do grupo foi a tônica do curso. Os principais
temas do curso foram: Pedagogia dos projetos: um pouco de sua história e concepção
filosófica; Organização do currículo pelos projetos pedagógicos, organizando um projeto
de trabalho; Registros de experiências: o papel da documentação na prática docente;
Múltiplas linguagens no aprendizado escolar: arte, música, teatro, cinema e a construção
dos conhecimentos socialmente organizados.
Para esse trabalho, que tem limitações de espaço, apenas apresentamos as
linhas mestras do trabalho realizado. Ficará para outra oportunidade os detalhes vividos
durante o referido Projeto. Os principais questionamentos apresentados nos encontros
estavam ligados aos desafios de lidarmos com a distância entre o reconhecimento do
desenvolvimento das crianças (seus avanços e conquistas) e as expectativas que temos
com relação a aquisição de conhecimento por parte delas. Foi sugerido o estudo das
culturas escolares e suas diferenças com a recomendação de textos para discussão
grupal. Nas palavras de uma professora:
Aprendi muito nesse curso. A presença de uma professora experiente coordenando
nossos encontros foi fundamental para a sábia direção dos rumos pelos quais as
discussões iam tomando. Gostei muito do método dialógico que ela usava. Ela não dava
lições ou ditava o que devia ser feito, a velha metodologia das “receitas prontas”. Ela
promovia a reflexão pessoal e grupal. Um aprendizado que se dava no coletivo pelo
coletivo/grupo de professores. Contar a nossa prática para os demais professores foi uma
forma interessante para refletirmos, ouvirmos a opinião do(s) outro(s) e darmos novo
sentido à nossa prática.
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Últimas palavras
Os desafios da gestão do COLUNI nas tarefas de acompanhamentos de
professores mostrou-se fundamental para a atuação do professor iniciante em sala de
aula bem como para os resultados satisfatórios do novo professor no seu ofício de
mestre. Isso mostra que a relação mestre-aprendiz-mestre, de um mestre senior (senex)
na sua relação com um jovem (puer) professor tem forte influência na formação de
ambos. No projeto das Narrativas de Professores sentimos um processo vivo de auto-
reflexão da própria prática e da prática dos colegas a partir das histórias contadas das
ações realizadas nas suas turmas, na escola. Foram momentos formativos para todos os
professores, especialmente, para os que estão em início de carreira. Os resultados desse
trabalho/estudo mostram que o acompanhamento dos professores no início de suas
carreiras faz uma diferença fundamental para eles, para o ensino e para a educação.
Referências bibliográficas
• BAKHTIN, M. (1999): Marxismo e Filosofia da Linguagem, São Paulo, Hucitec.
• CHAVES, I (1999): A pesquisa Narrativa: uma forma de evocar imagens da vida
de professores. En: Imagens da Cultura: um outro olhar. São Paulo, CICE/FEUSP.
• MAFFESOLI , M. (1987) O tempo das Tribos – o declínio do individualismo nas
Sociedades de Massa, Rio de Janeiro, Forense.
• MORIN, E. (1982): Ciência com consciência. Trad. de Maria Gabriela B Bragança,
Portugal, Publicações Europa-América.
• VYGOTSKY, L.(1991): Pensamento e Linguagem, São Paulo, Martins Fontes.

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Acompanhamento de Professores Iniciantes

  • 1. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia El acompañamiento a los docentes noveles: prácticas y concepciones Buenos Aires, del 24 al 26 de febrero de 2010
  • 2. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 2 Eje temático: Los desafíos de la gestión en las tareas de acompañamiento. Condiciones institucionales e interinstitucionales REPORTES DE EXPERIENCIAS OS DESAFIOS DA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO ADMINISTRATIVA E PEDAGÓGICA - CAMINHOS PERCORRIDOS NUMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL Profa. Dra. Iduina Mont´Alverne Braun Chaves iduina@globo.com Universidade Federal Fluminense/Brasil Profa. MS. Tânia de Rezende Cozzi cozzitania@yahoo.com.br Colégio Universitário Geraldo Reis/UFF/Brasil Palavras-chave: Gestão - Educação Continuada – Acompanhamento - Escola Básica Resumo Este trabalho apresenta as experiências que têm orientado a política de gestão implementada numa escola pública de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, que tem como um dos seus objetivos o acompanhamento da prática docente dos professores, no início de suas carreiras, que estão lotados na escola. A perspectiva teórico-metodológica adotada está fundamentada na teoria da complexidade de Edgar Morin e na sociologia do cotidiano de Michel Maffesoli. Ressaltamos a nossa preocupação com a educação continuada dos professores, visando a preparação qualificada para uma atuação pedagógica mais dialógica, humana e sensível no contexto escolar. Reconhecemos, também, as deficiências na formação inicial dos professores que se apresenta dicotômica, especialmente no que diz respeito às relações teoria/prática, conteúdo/forma, universidade/escola. Para encarar tal desafio, implementamos vários projetos no currículo da escola em estudo e selecionamos para essa comunicação os Projetos “Acompanhamento do Processo de Alfabetização dos Professores da Escola” e o “Narrativas de Professores sobre a sua Prática em Sala de Aula”. No primeiro projeto, reconhecendo a fragilidade do processo de formação inicial realizado na graduação, um professor com experiência, foi indicado, e acompanhou o professor iniciante da escola, no planejamento de suas atividades para a turma de alfabetização. O processo mostrou- se fundamental para a atuação do professor iniciante em sala de aula e os resultados foram satisfatórios para as crianças e promoveu a auto-confiança do novo professor no seu ofício de mestre. Isso mostra que a relação mestre-aprendiz-mestre, em outras palavras, um mestre senior (senex) na sua relação com um jovem (puer) professor tem
  • 3. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 3 forte influência na formação de ambos. No projeto das Narrativas de Professores sentimos um processo vivo de auto-reflexão da própria prática e da prática dos colegas a partir das histórias das ações realizadas nas suas turmas, na escola. Foram momentos formativos para todos os professores, especialmente, para os que estão em início de carreira, que tiveram a oportunidade de olhar criticamente para a sua prática e com a discussão grupal e estudos encaminhados, buscar estudos para re-significação de suas práticas. Os resultados desse trabalho/estudo mostram que o acompanhamento dos professores no início de suas carreiras faz uma diferença fundamental para eles e para o ensino.
  • 4. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 4 OS DESAFIOS DA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO ADMINISTRATIVA E PEDAGÓGICA - CAMINHOS PERCORRIDOS NUMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL [...] o discípulo confia no mestre para que este o instrua e o conduza enquanto ele não for capaz de se conduzir a si próprio. A condição de discípulo é provisória, uma situação passageira que aguarda a habilitação que tornará o indivíduo apto a se conduzir a si próprio. (GUSDORF, 1995, p.81) ... o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade João Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas) Introdução Este trabalho busca apresentar as experiências que têm orientado a política de gestão implementada no Colégio Universitário Geraldo Reis (COLUNI), uma escola pública de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, que tem como um dos seus objetivos o acompanhamento da prática docente dos professores, no início de suas carreiras, que estão lotados na escola. A perspectiva teórica que adotamos para fundamentar as experiências deste estudo está baseada na teoria da complexidade de Edgar Morin e na sociologia do cotidiano de Michel Maffesoli. A complexidade faz apelo à estratégia, que pode ajudar a avançar no incerto e no aleatório, é definida por Morin (1982), como a arte de "utilizar as informações que surgem durante a ação, integrá-las, formular esquemas de ação e ser capaz de reunir o máximo de certezas para defrontar o incerto" (p.148). Morin responde às grandes interrogações do mundo contemporâneo e como um intelectual interdisciplinar não conhece fronteiras e trabalha o conhecimento como aquilo que se tece junto. Com base nesse paradigma nos lançamos no esforço de pensar com o “pensamento complexo” uma organização /escola. Não pensamos olhá-la com a idéia de organização burocrática, fechada, simplificadora, racionalizadora, desintegradora, mas como um “sistema” sócio- cultural, aberto às múltiplas dimensões da realidade bio-psico-sóciocultural. É, nessa perspectiva interacionista que o diálogo aberto e permanente, terá condições de acolher a diversidade de formas de pensamento e correntes na escola, no sentido da unidade
  • 5. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 5 dos pensamentos, dos valores e das normas compartilhadas pelos membros da organização escolar. Evitar-se-á, assim, a unidimensionalidade do pensamento simplificador, que dificulta a visão do todo, que promove a fragmentação do saber, que isola o homem na instituição. Levaremos em consideração a natureza bio-psico- sociocultural do professor com a sua possibilidade de desenvolvimento constante - um sujeito livre para criar, para se transformar, para se desenvolver, enfim para se auto- organizar e auto-produzir-se, sem perder de vista sua autonomia/dependência (recíproca) com relação à cultura. É um verdadeiro desafio pensar/entender a organização/escola respeitando a sua complexidade. Vale, sempre, tentar. Foi com esse entendimento que buscamos incentivar reuniões/rncontros pedagógicos especialmente dedicados aos professores iniciantes no colégio, com vistas ao retorno do trabalho de discussão, dos encontros, no entendimento de que a dialógica não existe sem pluralismo, sem contestação, sem comunicação de sentimentos. Com Maffesoli (1987, p. 200) adotamos a idéia de proximidade, “ proxemia” que busca sentido nas práticas de “vizinhança” que segundo ele permite as redes de relações, que remete essencialmente ao surgimento de uma sucessão de “nós” que constituem a própria substância de toda socialidade e a constituição de microgrupos que se constituem a partir do sentimento de pertença no quadro de uma rede de relações e de comunicações, no nosso caso a relação pedagógica. Os fundamentos teórico-metodológicos da pesquisa narrativa foram, também, utilizados neste estudo. A narrativa está ganhando aceitação como um importante instrumento para o desenvolvimento profissional, pesquisa e ensino. Professores podem refletir sobre sua própria prática, articular valores e crenças, dar forma à teoria do ensino e aperfeiçoar o entendimento do processo decisório. A narrativa levanta a questão da voz e da autoria. Ela é também aceita como uma legítima perspectiva de pesquisa. A narrativa, como fenômeno e como método, tem um papel central no desenvolvimento pessoal e profissional. Através de contar, escrever e ouvir histórias de vida – as suas e as dos outros – acrescenta Chaves ( p. ) podemos penetrar nas barreiras culturais, descobrir o poder do “self” e a integridade do outro e ainda, aprofundar o entendimento de suas perspectivas e possibilidades. Além do mais, todas as formas de narrativa assumem o interesse em construir e comunicar significado. O significado da prática, da vida. A escola de nosso estudo, o Colégio Universitário Geraldo Reis (COLUNI), é uma escola híbrida composta por crianças de classes sociais bem diversificadas. Nasceu de um convênio da Universidade Federal Fluminense (UFF) com a Secretaria Estadual de
  • 6. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 6 Educação e herdou as crianças e os professores do Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) Geraldo Reis, onde agora funciona. Atende da Educação Infantil até o 8º ano do Ensino Fundamental. Para situar, encontramos uma tensa situação entre os diferentes grupos da escola: o grupo de professores, um vinculado à Secretaria Estadual de Educação e outro à Universidade;.o de crianças, um proveniente da favela e o outro da classe média; o de funcionários, um grupo do Estado e o outro da Universidade. Ressaltamos a nossa preocupação com a educação continuada dos professores, visando a preparação qualificada para uma atuação mais dialógica, humana e sensível, voltada para as suas ações no contexto escolar. Para encarar tal desafio, implementamos vários projetos no currículo do Colégio e selecionamos o Projeto Acompanhamento do Processo de Alfabetização e Projeto Narrativas de Professores sobre a sua Prática em Sala de Aula para essa comunicação. Esses projetos contribuíram de forma expressiva para a formação pessoal e profissional de nossos professores que reconstruíram as suas práticas docentes nas experiências de formação promovidas pela escola. Estes projetos, dentre outros, representam o processo de educação continuada para os professores da escola, com ênfase nos iniciantes, vivenciado no COLUNI. As experiências pedagógicas formativas em ato O Projeto Acompanhamento do Processo de Alfabetização foi iniciado em março de 2009 e terminou em dezembro do mesmo ano. O trabalho foi desenvolvido, inicialmente, com a professora Maria que, por motivos particulares, precisou se desligar da escola sendo substituída pela professora Emily1 . A professora Emily tem 35 anos, terminou o curso de Pedagogia em 2002, numa conceituada universidade e o Mestrado em Educação, em 2009, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Durante a sua formação fez estágio, por um ano, com uma turma do Jardim II; em 2004 trabalhou como professora de creche e, depois, como orientadora pedagógica. Em 2009 fez concurso para o COLUNI e em junho assumiu a turma do 1º ano (alfabetização). Começou muito insegura e dizia: “Acho que não vou conseguir ensinar a ler e a escrever! É muito difícil!”. Nas nossas conversas, Emily falava da falta de preparo do professor para lidar com a alfabetização – ela não teve, no decorrer da sua formação inicial no curso de Pedagogia, nenhuma disciplina que relacionasse a teoria à prática, não conhecia métodos específicos e nem como a criança vai se apropriando da leitura e 1 Nome fictício para preservar a identidade da professora.
  • 7. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 7 da escrita. “Só nos deram “pinceladas” sobre esse assunto e agora me sinto perdida.” Assim sendo, trazia para a sala de aula a lembrança da sua própria alfabetização, ou seja, juntar consoantes com vogais, em um trabalho de memorização das “famílias silábicas” que não condizem com a formação de pequeno leitor/autor da contemporaneidade. Começamos então, um trabalho explorando a oralidade, buscando seguir o desenvolvimento natural do ser humano e os conhecimentos que a História nos deixou. É bom lembrar que os povos primitivos, ou quaisquer agrupamentos humanos alheios ainda às disciplinas de ler e escrever, não deixaram de compor seus cânticos, suas lendas, suas histórias e expressaram sua experiência e sua moral com provérbios, adivinhações, transmitidos desde os tempos mais remotos, de memória em memória, de boca em boca. Esses narradores anônimos salvaram do esquecimento uma boa parte da educação da humanidade. Como vemos, sempre foi, e é, relevante a importância dada à expressão oral. Assim, foi enfatizada a leitura das imagens, os recursos expressivos do desenho, da pintura, da modelagem, dos movimentos corporais. Foram aprendizados que se refletiram nos trabalhos em sala de aula, numa íntima relação entre o fazer e o falar pela criança que está entrando no mundo da leitura e da escrita, pois ela precisa da diversidade de linguagens com as quais o ser humano pode expressar suas idéias e suas emoções. A fala, enquanto manifestação da prática oral, é apreendida em situações informais do dia-a-dia, nas relações sociais e dialógicas. A verbalização está, portanto, associada a todas as etapas da vivência da criança. Ela utiliza a linguagem e nós a utilizamos com ela, num processo contínuo e interativo como adverte Bakhtin (1992). Compreendendo a prática da linguagem como um fio condutor do processo ensino-aprendizagem, observamos que tal prática não pode ser algo externo à criança, mas, sim, relacionada com a sua experiência. Através desta, as crianças são levadas a buscar uma pluralidade de sentidos nas palavras, nas frases, estabelecendo articulações entre os sentidos produzidos e os modos e intenções de produção de mensagens. A criança é convidada a se apropriar das palavras, a deixar fluir seu pensamento e a se afastar da repetição, do reproduzido, do copiado. É preciso que ela reconheça a sua voz como uma das vozes possíveis dos discursos. Estas observações, feitas nos encontros com Emily, se faziam cada vez mais presentes nas atividades com as crianças, dando indícios de que a relação experiência – verbalização – leitura/escrita era constante. Este foi então, um caminho para a formação
  • 8. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 8 de leitores e escritores e não apenas alfabetizados que usam mecanicamente a habilidade de codificação e decodificação dos símbolos gráficos. É importante dizer que as crianças do COLUNI, à medida que se expressavam com maior desembaraço ao comunicar oralmente suas experiências e seus desejos, isso ia se refletindo nos usos e funções da leitura e da escrita. Emily, se apropriando dos conhecimentos voltados para a prática pedagógica da alfabetização das crianças do COLUNI, foi se “apaixonando” pela alfabetização e dizia, entusiasmada, “Ensinar é muito diferente do que eu imaginava, há caminhos! Agora vejo o quadro de uma forma mais nítida. Serve para as outras turmas também, é uma questão dialógica!”. Neste movimento interativo, Emily estimulava a verbalização do que foi vivido, do que foi percebido, do que foi sentido, reconhecendo ser importante o lidar com as diferenças, valorizando-as, inclusive, sabendo que elas vão influir na competência para compreender, representar e resolver questões do cotidiano, definidas em termos de funcionamento pessoal, de desempenho ocupacional, cívico, comunitário. Enfim, a história e a experiência no trabalho de Emily, são/foram, de certa forma, ouvidas, o que atesta uma ação pedagógica que vai se realizando e se construindo com consciência e competência. Vemos, assim, que para que a criança aprenda, o conteúdo da aprendizagem deve estar articulado ao universo de sentidos de sua realidade. É fundamental, então, que a escola seja um espaço onde a criança possa falar e escrever o que pensa, onde seja capaz de entender o outro e de se fazer entender através da fala e da escrita, promovendo/provocando um relacionamento mais afetivo com a leitura e a escrita. A este respeito, Vygotsky (1991) destaca, sobremaneira, a importância do outro no processo de desenvolvimento da criança. Em termos educativos, são fundamentais as diferentes interações no espaço de sala de aula, tanto entre professor e aluno quanto aquelas que se estabelecem entre as próprias crianças. Não será esta dimensão que valorizamos na nossa gestão e que se (re)afirma nesse projetos de acompanhamento, de interação, de diálogo entre um professor experiente com um professor em início de carreira? Acreditamos que sim. Hoje, Emily fala com tranqüilidade sobre os seus medos iniciais – “Vi que eu não sabia nada! Fiquei assustada porque percebi que o Curso de Pedagogia não prepara o aluno para que ele possa alfabetizar!” Acrescenta, ainda, a respeito do Projeto Acompanhamento do Processo de Alfabetização: “O Projeto me fez perceber coisas que eu não via, agora ficou claro, me deu embasamento teórico para a prática, a função planejadora, sei como vou atingir os
  • 9. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 9 objetivos, mudou a minha formação. Alfa não me assusta mais, posso dar “dicas”, posso até ensinar a outras pessoas!”. E termina afirmando: “Se eu fosse participar de uma reunião para mudança de currículo, sugeriria que os Cursos de Pedagogia enfatizassem a Alfabetização, pois agora vejo que é a fase mais importante, a que deve dar ao aluno a autonomia para a leitura e a escrita.”. O Projeto “Narrativas de Professores sobre a sua Prática em Sala de Aula” organizado e orientado por uma professora experiente no assunto, durante o primeiro semestre de 2009, apresentou aos professores as bases filosóficas e metodológicas da Pedagogia dos Projetos. O objetivo principal foi a contribuição para a prática docente dos professores da escola. A metodologia envolveu leituras para estudo e debates de alguns dos textos de referência sobre o tema em questão, atividades de produção de registros de experiências e planejamento de atividades inspiradas nos estudos realizados. A troca entre os participantes do grupo foi a tônica do curso. Os principais temas do curso foram: Pedagogia dos projetos: um pouco de sua história e concepção filosófica; Organização do currículo pelos projetos pedagógicos, organizando um projeto de trabalho; Registros de experiências: o papel da documentação na prática docente; Múltiplas linguagens no aprendizado escolar: arte, música, teatro, cinema e a construção dos conhecimentos socialmente organizados. Para esse trabalho, que tem limitações de espaço, apenas apresentamos as linhas mestras do trabalho realizado. Ficará para outra oportunidade os detalhes vividos durante o referido Projeto. Os principais questionamentos apresentados nos encontros estavam ligados aos desafios de lidarmos com a distância entre o reconhecimento do desenvolvimento das crianças (seus avanços e conquistas) e as expectativas que temos com relação a aquisição de conhecimento por parte delas. Foi sugerido o estudo das culturas escolares e suas diferenças com a recomendação de textos para discussão grupal. Nas palavras de uma professora: Aprendi muito nesse curso. A presença de uma professora experiente coordenando nossos encontros foi fundamental para a sábia direção dos rumos pelos quais as discussões iam tomando. Gostei muito do método dialógico que ela usava. Ela não dava lições ou ditava o que devia ser feito, a velha metodologia das “receitas prontas”. Ela promovia a reflexão pessoal e grupal. Um aprendizado que se dava no coletivo pelo coletivo/grupo de professores. Contar a nossa prática para os demais professores foi uma forma interessante para refletirmos, ouvirmos a opinião do(s) outro(s) e darmos novo sentido à nossa prática.
  • 10. II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Iduina Mont´Alverne Braun Chaves - Tânia de Rezende Cozzi 10 Últimas palavras Os desafios da gestão do COLUNI nas tarefas de acompanhamentos de professores mostrou-se fundamental para a atuação do professor iniciante em sala de aula bem como para os resultados satisfatórios do novo professor no seu ofício de mestre. Isso mostra que a relação mestre-aprendiz-mestre, de um mestre senior (senex) na sua relação com um jovem (puer) professor tem forte influência na formação de ambos. No projeto das Narrativas de Professores sentimos um processo vivo de auto- reflexão da própria prática e da prática dos colegas a partir das histórias contadas das ações realizadas nas suas turmas, na escola. Foram momentos formativos para todos os professores, especialmente, para os que estão em início de carreira. Os resultados desse trabalho/estudo mostram que o acompanhamento dos professores no início de suas carreiras faz uma diferença fundamental para eles, para o ensino e para a educação. Referências bibliográficas • BAKHTIN, M. (1999): Marxismo e Filosofia da Linguagem, São Paulo, Hucitec. • CHAVES, I (1999): A pesquisa Narrativa: uma forma de evocar imagens da vida de professores. En: Imagens da Cultura: um outro olhar. São Paulo, CICE/FEUSP. • MAFFESOLI , M. (1987) O tempo das Tribos – o declínio do individualismo nas Sociedades de Massa, Rio de Janeiro, Forense. • MORIN, E. (1982): Ciência com consciência. Trad. de Maria Gabriela B Bragança, Portugal, Publicações Europa-América. • VYGOTSKY, L.(1991): Pensamento e Linguagem, São Paulo, Martins Fontes.