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U F C D 1 0 6 5 0 - C U R R Í C U L O E Á R E A S D E
C O N T E Ú D O
T R A B A L H O R E A L I Z A D O P O R :
C A R L A R O D R I G U E S
J O A N A A M A R A L
J O A N A P A I V A
L A R A O L I V E I R A
J O Ã O D E D E U S
João de Deus Ramos Nogueira nasceu a 8 de março de 1830 em São Bartolomeu de Messines
(Algarve).
O pai, Pedro José Ramos casou a 28 de junho de 1815 com Isabel Gertrudes Martins de quem teve
doze filhos, cinco morreram menores.
Embora os pais fossem comerciantes humildes preocuparam-se com a educação dos filhos. Foi assim
que durante a sua infância estudou com o pároco da sua aldeia e mais tarde foi para o seminário de
Faro onde estudou aritmética, latim, português... preparando-se com conhecimentos sólidos.
Em 1849 foi para o Seminário de Coimbra para completar os seus estudos preparatórios para
entrar na universidade. Em julho realizou os exames de Latim, Doutrina, Francês, Filosofia,
Aritmética e Geometria, e foi aprovado em todos. Decidiu que faria o curso de Leis ou Matemáticas.
Tinha 19 anos quando saiu do seminário e se matriculou em Direito na Universidade de Coimbra
onde frequentou o 1º ano.
A 19 de Setembro de 1949 faleceu um de seus irmãos com apenas 24 anos, tinha sido ordenado
sacerdote há pouco tempo e João de Deus sofreu psicologicamente, fazendo-o refletir sobre o sentido
da vida.
Em 1850 escreveu a sua primeira poesia intitulada A pomba, que dedicou a Maria Cândida, uma rapariga que
tinha conhecido em São Brás do Alportel (Algarve), numa visita que tinha feito ao seu irmão. Um ano mais
tarde regressou a Coimbra onde continuou a escrever poesias, entre elas, No túmulo, Oração, Raquel e também
algumas prosas. Os temas que mais o impulsionam a escrever é o amor, a mulher...
Enquanto estudante surgiu-lhe o fascínio pelo desenho à pena, interesse que o acompanhou toda a vida. Fazia
especialmente retratos de pessoas que lhe vinham à memória. Desenhava em qualquer pedaço de papel, num
canto de jornal... Tocava guitarra portuguesa na perfeição e compunha música. Humilde e afável, rapidamente
captou o afeto dos que o rodeavam. Era um conversador maravilhoso, amante das tertúlias, era admirado pelos
colegas e conhecido por todos como o “João”. Gostava de ir para o Penedo da Saudade tocar e cantar.
Em 1852 fez o terceiro ano do curso e escreveu a prosa Lia. Em 1853 frequentou o quarto ano do curso, mas
perdeu-o por faltas, pois o convívio e os seus múltiplos interesses não o permitiam dedicar-se aos estudos.
Consta que era um aluno pouco aplicado ou pelo menos que tentava passar despercebido nas aulas. Outro ano
apresentou-se a exame esquecendo-se de que não se tinha matriculado. Em 1855 escreveu a prosa Teresa.
Em 1858 escreveu o artigo Sete e Nove, um texto que nos fala do ciclo da vida, pondo à prova o número 7 e no
qual também faz uma referência sarcástica sobre o Método de Leitura Repentino de António Maria de Feliciano
Castilho.
Nesse mesmo ano quando já estava a fazer o quinto ano do curso conheceu Antero de Quental que se tinha
inscrito no primeiro ano. Tornaram-se amigos chegados e essa amizade durou toda a vida.
Conta-se que numa tarde chuvosa de inverno, num café perto do Arco de Almedina frequentado por
estudantes, Antero de Quental discutia problemas filosóficos com Carlos Lima Mayer. O motivo da
discussão era a dúvida da existência de Deus. Os dois estudantes estavam tão empolgados que não
repararam que numa mesa perto, João de Deus acompanhava a discussão. A discussão estava tão acesa
que chegaram a negar a imortalidade da alma. João de Deus, interveio e com calma disse aos colegas:
“Só ter neste caminho incerto a dor e o pranto?
Pensar que tudo acaba ao fim deste sofrer
Inútil... sem prémio... depois de esperar tanto,
Confundidos o Bem, o Mal e o Dever
a Vida sem sentido, o mundo sem encanto
e ao fim de tanta dor ter medo de morrer,
porque não fica nada em derradeiro manto
da alma vestida em cinza?... Isso pode lá ser!”
Durante o curso cultivou amizades com colegas que viriam a ser seus amigos ao longo da vida, entre os
quais, o já mencionado Antero de Quental, Teófilo Braga, António de Azevedo Castelo Branco, Alberto
Sampaio, Santos Valente, Severino de Azevedo, Francisco Machado de Faria e Maia, Rodrigo Veloso,
Alberto Teles e João de Sousa Vilhena.
A 13 de Julho de 1859 terminou o curso e decidiu permanecer em Coimbra, colaborando com os
jornais: Estreia Litteraria, Atheneu, Prelúdios Litterarios, Académico, Instituto, Phosphoro e Tira-
Teimas e traduzindo obras do francês para o português. As suas poesias ganharam fama entre o meio
académico.
Redige as prosas Maria em 1860 e Damiana e em 1861.
Em 1862 publicou Pachá Janina, obra contra o Reitor da Universidade de Coimbra e partiu para o
Alentejo onde colaborou na redação dos jornais O Bejense (de Beja) e A Folha do Sul (de Évora). Era
impulsionado pelo desejo de poetar e de levar uma vida desprendida de bens materiais.
Em 1863 escreveu Os Lusíadas e a conversação introdutória, artigo que publicou no jornal O Bejense e que
contribuiu para a dissolução do ultrarromantismo, entrando em desacordo com a escola coimbrã. Em 1864 volta
para o Algarve, para uma observação mística da natureza. Em 1865 / 66 fixou-se em Évora onde colaborou com
o jornal A Folha do Sul. Como em 1865 tinha sido surpreendido com a Questão Coimbrã (também conhecida como
Questão do Bom Senso e Bom Gosto) foi uma célebre polémica literária que marcou a visão da literatura em
Portugal na segunda metade do século XIX, considerou que as polémicas no jornal de província se tinham esgotado.
Decidiu deixar a redação do jornal e regressou a São Bartolomeu de Messines. Escreveu a prosa Marina e Carta a
Germano Meyrelles.
No Algarve encontrou uns velhos amigos, José António Garcia Blanco, Domingos Leonardo Vieira e Joaquim de
Almeida Negrão, amigos de boémia e tertúlia em Portimão, que se aperceberam que apesar de João de Deus ser
uma pessoa inteligente e culta, vivia de um modo modesto. Pensaram, então, apresentar o seu nome a candidato a
deputado pelo círculo de Silves à Câmara dos Deputados. Influenciado e motivado por eles candidata-se. A 25 de
Março de 1868 a votação ficou empatada e por esse motivo houve nova votação a 5 de Abril. A 15 de Abril é
proclamada a sua vitória, porém a sua eleição surpreendeu-o. Segundo as suas palavras disse:
“Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos?
Deve ser estreita a gaiola que talvez sirva para se dormir lá dentro a ouvir a música dos outros pássaros. Dormirei
com certeza.”
No entanto, como consequência, João de Deus mudou-se para Lisboa onde prestou juramento e tomou assento nas
Cortes a 18 de maio de 1868.
Como João de Deus nunca deu importância aos bens materiais continuou a traduzir livros franceses,
compôs sermões para pregadores, introduções dramáticas, hinos sagrados para cerimónias
religiosas, rimas para rebuçados de confeitaria, colaborou num dicionário de prosódia (parte da
gramática que se dedica ao estudo da pronúncia correta das palavras; ortoépia) e coseu à máquina
para um grande estabelecimento de roupas brancas do Chiado, o Armazém Suíço que era conhecido
pelos enxovais ricos.
Nesse mesmo período conheceu uma jovem rapariga de 19 anos, Guilhermina das Mercês Battaglia,
filha de António Battaglia, organista da Sé de Lisboa e músico da Corte de D. Luís. Deste
relacionamento nasceu Maria Isabel Battaglia Ramos, José do Espirito Santo Battaglia Ramos ( que
viria a ser visconde de São Bartolomeu de Messines) ,João de Deus Ramos, que continuaria a obra
pedagógica de seu pai e Clotilde Rafaela Battaglia Ramos.
Sem filiação partidária e sem integrar nenhuma comissão, nunca usou a palavra, limitando-se a
estar presente. Desde o início da posse até ao final da legislatura realizaram-se cinquenta sessões.
Em 1868 João de Deus compareceu a trinta e sete, só faltando a duas. Em janeiro de 1869
demonstrou alienação e desinteresse, só tendo ido a três das treze sessões realizadas. Depois desistiu
do envolvimento com a política motivado pela desilusão e pelo discurso oco dos colegas deputados.
Na capital frequentou assiduamente as tertúlias do Café Martinho situado no Rossio. Viveu num
pequeno quarto alugado na Rua dos Correeiros, onde recebia muitos amigos. Ao cabo de uns meses
abandonou a vida das Cortes, porque tal como ele justificou “Não nasci para canário...!”. Publicou a
obra poética Flores do Campo editada pelo seu amigo José António Garcia Blanco e a prosa
Perenese do Mandato.
Em 1870 recebeu um convite do senhor Rovere da Casa Rolland para criar um método de leitura adaptado à
língua portuguesa e inicia desde logo esse seu novo projeto a que chamará mais tarde Cartilha Maternal ou Arte de
Leitura.
Em 1871 traduziu a obra teatral Horácio e Lydia de François Ponsard.
A 18 de Agosto de 1872 faleceu o seu pai.
Em 1873 escreveu O Indígena, uma reflexão satírica sobre comportamentos sociais.
A 20 de Janeiro de 1874 faleceu a sua mãe.
A 4 de Maio de 1874 casou com Guilhermina Battaglia Ramos na Igreja de São Nicolau, em Lisboa.
A 4 de Abril de 1875 nasceu o seu segundo filho José do Espírito Santo Battaglia Ramos.
Em 1875 traduziu os serões de família de Darboy, Arcebispo de Paris, intitulados Ana, mãe de Maria; a Virgem
Maria e A mulher do Levita de Efraim. Traduziu ainda uma parábola e três comédias para teatro de sala da
autoria de Mery: Amemos o nosso próximo; ser apresentado; Ensaio de casamento e A viúva inconsolável.
Durante os anos de 1874 e 1875 colaborou com a revista literária A Harpa.
Em 1876 publicou a obra lírica Folhas Soltas e escreveu A Palavra escrita, uma reflexão sobre os efeitos da fala e
da escrita na civilização.
Entretanto a Casa Rolland faliu, mas João de Deus não desistiu do seu sonho. A 18 de Fevereiro de 1877 a
Cartilha Maternal acabou de ser impressa na tipografia do seu amigo António Madureira, Abade de Arcozelo, em
cujo prefácio João de Deus escreveu:
"(...) Às mães, que do coração professam a religião da adorável inocência, e até por instinto sabem que em cérebros
tão tenros e mimosos todo o cansaço e violência pode deixar vestígios indestrutíveis, oferecemos, neste sistema
profundamente prático, o meio de evitar a seus filhos o flagelo da cartilha tradicional. (...)“
Também em 1880 criou os cadernos Arte de Escrita e Arte de Contas para auxiliar a
aprendizagem dos alunos e em 1881 escreveu sobre A Trissecção do Ângulo.
Começou a elaborar os princípios da Arte de Contas.
Ao longo dos anos as várias edições da Cartilha Maternal esgotavam-se rapidamente. Mas João de
Deus começou a pensar em fazer algo mais pelo povo português. Estava preocupado com a
necessidade de chegar a um maior número de pessoas, mesmo aquelas que não iam à escola. Falou
com o seu amigo Casimiro Freire e com a sua ajuda monetária e alento psicológico fundou a
Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus em 1882. Começou a dar formação
gratuita de Cartilha Maternal ou Arte de Leitura, Arte de Escrita e Arte de Contas em sua casa a
adultos que iriam trabalhar como professores do Método João de Deus, percorrendo o país em
missões de alfabetização.
Em 1877 escreveu Bases para uma Orthografia e A Cartilha Maternal e a Imprensa, dando
resposta a críticas que eram feitas à Cartilha Maternal através dos jornais.
A 26 de Abril de 1878 nasceu o seu terceiro filho João de Deus Ramos Júnior.
Em 1879 começou a elaborar a Arte de Escrita que consistiam num conjunto de cadernos para
facilitar a aprendizagem da escrita.
Em 1880 traduziu a obra Os Deveres dos Filhos de Théodore-Henri Barrau e um ano mais tarde
adaptou-a ao ensino da leitura, dando-lhe o nome Deveres dos filhos para com os seus pais: Arte
de leitura - segunda parte.
Neste contexto afirmou numa carta ao Abade de Arcozelo:
“(...) Não basta ler, é necessário ler com conhecimento de causa. Quem não tem a análise das letras, quem não sabe
as regras dos seus valores, não pode ensinar bem; e ensinando mal, isto é, com muito custo e pouco proveito,
naturalmente se furta às ocasiões de ensinar os outros; o que é um grande mal. Eu espero ainda que às avessas do
que atualmente se pensa, a opinião geral de todos seja que nada mais fácil do que render esse serviço enorme,
imenso, talvez o máximo que podemos prestar. Porque eu posso ser homem sem saber retórica: o que não posso é ser
verdadeiro homem sem saber ler. (...)
(...) Ser homem é saber ler: e nada mais importante, nada mais essencial que essa modesta e humilde coisa chamada
primeiras letras. (...)”
O ideal das missões de alfabetização era o de ensinar gratuitamente a ler, escrever e contar, em apenas quatro a
seis meses, todos aqueles que desejassem saber as primeiras letras. Havia turmas diurnas e noturnas, com adultos e
crianças, rapazes e raparigas. O ensino era gratuito e por vezes ainda havia ajuda material para os mais
carenciados. No final fazia-se um exame e quem aprovasse obtinha um diploma em como tinha as primeiras letras
pelo Método João de Deus.
A 24 de Outubro de 1882 nasceu a quarta filha Clotilde Rafaela Battaglia Ramos.
Ao serão frequentava a Tabacaria Brazileira, perto da Rua D. Pedro V. O seu carácter era tão dócil que falava de
igual modo tanto a um homem simples como a um homem importante.
A sua fama era tal, que passou a assinar tudo o que escrevia, unicamente por “João de Deus”, o seu nome próprio.
A 2 de Agosto de 1888 foi nomeado vitaliciamente Comissário Geral do Método de Leitura Cartilha Maternal com o
vencimento anual de 900 reis. Era seu dever, entre outras atribuições, ministrar cursos aos professores das escolas
públicas de instrução primária e visitar as escolas a fim de ver se o método estava a ser bem aplicado.
Em 1892 escreveu sobre a acentuação, diversidade de pronunciação e a evolução da língua. Em 1893 publicou
Campo de Flores, edição coordenada por Teófilo Braga, porque João de Deus por ser uma pessoa humilde não queria
inicialmente editar esta obra. Ela é uma compilação das suas poesias mais significativas. Nesse mesmo ano publicou A
Cartilha Maternal e o Apostolado e A Cartilha Maternal e a Crítica. Passou o verão com a família numa casa de
João Garcês Palha, em Cortegana, onde os seus cunhados tinham residência.
Em dezembro de 1894 publicou na Revista Portuguesa o artigo Pontuação de Guitarras.
Nos últimos anos, já adoentado, saía pouco e poucas pessoas o procuravam. Mesmo assim, antes e depois do
almoço, ocupava-se do “método”, dando explicações, revendo provas e escrevendo cartas. Ganhou o gosto pelas
antiguidades e adquiriu algumas, não luxuosas, mas peças que eram do seu agrado.
No dia do seu 65º aniversário, a 8 de março de 1895, foi agraciado pelo rei D. Carlos com a condecoração
Grã-Cruz de Santiago. O rei tomou a iniciativa de ir pessoalmente a sua casa entregá-la. João de Deus
encontrava-se debilitado devido à sua doença. Nesse mesmo dia foi-lhe feita uma homenagem de gratidão e
apreço organizada pelos estudantes de Lisboa e outras associações estudantis que se quiseram associar, vindas do
Porto, Coimbra e Santarém. Juntaram-se no Rossio, foram a pé até à casa de João de Deus e diante dela
gritaram vivas, dedicaram-lhe canções e ofereceram presentes.
Grã-Cruz de Santiago
João de Deus, abriu a janela, emocionado e declamou o poema que tinha antecipadamente preparado:
“Que vindes cá fazer, oh mocidade?
Despedir-vos de mim? Quanto vos devo!
Também levo de vós muita saudade
E em lá chegando à outra vida...escrevo.
Estas honras, este culto
Bem se podiam prestar a homens
De maior vulto
Mas a mim, poeta inculto
Espontâneo e popular
É de veras singular”
Durante a sua estadia, entreteve-se a escrever poemas e a desenhar familiares e amigos no estuque das paredes.
Ainda hoje se conservam estas inscrições e a casa está aberta ao público, desenvolvendo atividades literárias.
No dia seguinte à noite foram-no buscar de carruagem e levaram-no
para o Teatro D. Maria II, onde no camarote da família real assistiu
a um sarau em sua homenagem, executado pelos estudantes.
Persistido ao longo dos últimos dez anos por Casimiro Freire para que
publicasse a Arte de Escrita por ser parte integrante do método,
João de Deus respondia que “as maiores injurias que em sua vida
recebera, por parte do professorado oficial, foram motivadas pela
Cartilha Maternal; se publicasse a Arte de Escrita, envolvia-se em
nova luta com os calígrafos, achando-se cada vez com menos
forças.”. No entanto, João de Deus pressentiu que a doença lhe
encurtaria a vida e começou a trabalhar afanosamente. Na segunda
quinzena de dezembro de 1895 entrou em negociação com um
livreiro com o intuito de publicar a Arte de Escrita.
Morreu no seu quarto, vítima de miocardite crónica, a 11 de janeiro
de 1896. A missa de corpo presente foi celebrada na Basílica da
Estrela no dia 15, tendo sido feito um grandioso cortejo formado por
amigos e gente do
povo que o amava profundamente. As autoridades decidiram sepultá-lo no Mosteiro dos Jerónimos onde jaziam os
vultos da nação.
A Arte de Escrita foi publicada pela Imprensa Nacional ainda em 1896, mas advertindo numa nota introdutória
que se tratava duma edição póstuma e que João de Deus não tinha chegado a transmitir os motivos que o levaram a
afastar-se dos processos seguidos nas outras artes caligráficas nacionais e estrangeiras.
Em 1898 saiu uma edição póstuma de Prosas, uma compilação feita por Teófilo Braga de narrativas; cartas,
prólogos e críticas; cartas sobre o método de leitura; cartas íntimas e artigos que João de Deus escreveu em jornais.
Em 1914 foi publicada a Arte de Contas, obra começada por João de Deus e sistematizada e completada pelo seu
discípulo Frederico Caldeira.
A 1 de Dezembro de 1966 o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional.
H I S T Ó R I A D A
A S S O C I A Ç Ã O D E
J A R D I N S - E S C O L A S
J O Ã O D E D E U S
A Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, fundada pelo
mecenas Casimiro Freire, em 1882 (quando 80% da população portuguesa era
iletrada), alfabetizou, desde a sua fundação até 1920, vinte e oito mil adultos e
crianças. Jaime Cortesão escrevia:
"O culto de João de Deus, esse, é mais íntimo, mas não menos produtivo. Em
volta do nome do grande Lírico, autor da Cartilha Maternal, juntaram-se
muitos professores, intelectuais, artistas e construtores que lançam os
verdadeiros alicerces da Pátria".
Em 1908, por proposta de João de Deus Ramos, filho do Poeta-Educador,
passou a designar-se "Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus,
Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escolas".
Sentindo a necessidade de dar carácter mais amplo e perdurável à obra de
instrução levada a cabo, João de Deus Ramos funda em Coimbra, no ano de
1911, o primeiro Jardim-Escola João de Deus. E esse exemplo frutificou. Até
1953, data do seu falecimento, João de Deus Ramos criou 11 Jardins-Escolas.
Em 1917, foi inaugurado o Museu João de Deus, projeto de Escola-Monumento
(da autoria de Raul Lino e hoje classificado património de interesse municipal).
A partir de 1920, a Associação de Jardins-Escolas João de Deus enriqueceu o
número de alfabetizados pelo Método João de Deus com mais cento e trinta e
cinco mil seiscentas e quarenta crianças. Nesse ano, em 1920 iniciou-se o
primeiro e durante largas décadas o único, curso de formação de Educadores de
Infância em Portugal. Este curso tinha a designação de Curso de Didática Pré-
Primária pelo Método João de Deus. Vinte anos depois, começa a funcionar um
Curso de Auxiliares de Educação Infantil (que viria a ser extinto em 1980), no
intuito de evitar que as crianças estivessem entregues a vigilantes sem
preparação especializada.
Exemplo de respeito pela obra desta Instituição (hoje Instituição Particular de
Solidariedade Social - IPSS e anteriormente qualificada Pessoa Coletiva de
Utilidade Pública Administrativa), dedicada à Educação e à Cultura, é, sem
sombra de dúvida, a atitude de um dos principais apóstolos do salazarismo, o
ministro Carneiro Pacheco, que, em 1936, decretou o encerramento das escolas
do Magistério Primário, mas não se atreveu, dado o peso e o reconhecimento
públicos desta Instituição, a encerrá-la, reconhecendo, por Decreto-Lei de 15 de
Agosto de 1936,
"... o respeitoso projeto de responsabilidade e honestidade dessa instituição".
Foi este o reconhecimento público do trabalho de João de Deus Ramos, que de si
próprio dizia ironicamente: Depois de João Sem-Medo e de João Sem-Terra, eis
aqui o João Sem-Nome. Era nesta modéstia, que se revia o pedagogo que já à
época defendia:
"É preciso que o povo saiba ler e escrever, é preciso motivar os políticos para a
execução desses princípios".
Eleito deputado por duas vezes (em 1913 e 1915), João de Deus Ramos exerceu
ainda os cargos de Governador Civil, de Ministro da Instrução Pública (1920) e de
Ministro do Trabalho (1925).
A criação, por diploma legal de 9 de novembro de 1988, da Escola Superior de Educação João de Deus, ministrando os
cursos de Educadores de Infância e de Professores do Ensino Básico - 1.º Ciclo, representou novo ponto alto no historial
da Instituição.
A Associação de Jardins-Escolas João de Deus tem 8268 utentes nos 55 Centros Educativos distribuídos pelo país, cuja
atividade se reparte por: 37 Jardins-Escolas, 7 Centros Infantis e Creche Familiar, 2 Ludotecas Itinerantes, 2 Museus,
a Escola Superior de Educação João de Deus, os Projetos "Anos Ki Ta Manda" e GIP (Gabinete de Inserção Profissional)
e o Centro de Acolhimento Temporário de Crianças e Jovens em Risco de Odivelas «Casa Rainha Santa Isabel».
Em setembro de 2013 entrou em funcionamento o Jardim Escola João de Deus de Odivelas (valência de Creche, Pré-
escolar, 1.º e 2.º Ciclo).
Tem ao seu serviço 1261 funcionários, entre educadores, professores, auxiliares de educação e outros colaboradores.
A C A R T I L H A
M A T E R N A L
A Cartilha Maternal foi publicada em 1877 e nesta altura, João de
Deus já se tinha antecipado e advertido que "a primeira condição
para ensinar por este método é o estudo da fala", desenvolvendo
uma metodologia que, segundo ele próprio, se funda na língua viva,
não apresenta os 6 ou 8 abecedários do costume, senão um, do tipo
mais frequente, e não todo, mas por partes, indo logo combinando
esses elementos conhecidos em palavras que se digam, que se ouçam,
que se entendam, que se expliquem, de modo que, em vez do
principiante apurar a paciência numa repetição néscia, se familiarize
com as letras e os seus valores na leitura animada de palavras
compreensíveis ".
É falando e ouvindo, que as crianças conseguem segmentar as
palavras que lhes interessam, e isto muito antes de serem capazes de
as empregar em frases. Concebendo a aprendizagem da leitura na
sequência da aprendizagem da linguagem oral, a análise e a síntese
não são operações separadas, mas operações interiormente ligadas.
Mas ao contrário do que acontece com a linguagem falada, a
linguagem escrita tem especificidades que só a prática, sem reflexão,
não consegue dominar.
Uma das características da Cartilha é exatamente o tipo de
impressão adotado nas lições. Apesar de todos os avanços
tecnológicos, não conhecemos manuais escolares que proponham o
que a Cartilha Maternal propôs, ao apresentar as palavras
segmentadas silabicamente através do recurso ao preto/cinzento.
Com este recurso a estruturas gráficas artificiais, a metodologia João
de Deus recusa-se a tratar as sílabas independentemente das
palavras em que estão inseridas. Para João de Deus este especto
permite obter a decomposição das palavras sem quebrar a unidade
gráfica e sonora das mesmas.
O J A R D I M - E S C O L A :
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P R I N C Í P I O D O
S É C U L O X X
No âmbito geral dos espaços pré-escolares e a origem do jardim-escola em
Portugal, uma tipologia criada por João de Deus Ramos no início do século
XX. A educação pré-escolar em Portugal nos finais do século XIX, foi
fortemente influenciada pelas experiências europeias, constituindo a
inauguração do primeiro Jardim Escola em 1911 o início da primeira ação
programada e consistente de educação pré-escolar no país. A sua origem
enraíza na criação da Associação de Escolas Móveis, a qual iniciou uma série
de iniciativas de alfabetização por todo o país tendo-as, mais tarde,
complementado com um programa de escolas infantis, que constituem um
caso exemplar de concretização de um projeto educativo. O espaço
arquitetónico idealizado por João de Deus Ramos e concretizado pelo
arquiteto Raul Lino, revela uma originalidade relevante em relação aos
exemplos europeus contemporâneos.
Os espaços educativos para a infância ocupam um lugar relevante na
sociedade contemporânea não só pela função social de guarda e cuidado das
crianças, no período laboral dos pais, mas também pelo carácter formativo e
de pré-escolarização que os caracteriza. Formalizados arquitetonicamente em
edifícios vulgarmente designados por jardins-de-infância, tiveram a sua
formação na primeira metade do século XIX com a infant school inglesa e a
salle d’asile em França, destacando-se a formulação do conceito de
kindergar-ten criado por Fröbel na Alemanha.
Apesar de inicialmente os vários métodos e sistemas educativos destinados à
educação pré-escolar, entretanto provenientes, apontarem para propostas
edificadas com prevalência do espaço exterior no processo educativo, não se
estruturou um modelo único de edifício pré-escolar, conduzindo estas
pedagogias à criação de diversos edifícios que se autonomizaram organizando-
se em várias propostas funcionais.
Portugal não foi imune ao movimento da educação pré-escolar. Já em
1834, foi criada a Sociedade das Casas de Asilo da Infância Desvalida de
Lisboa que implementou, ao longo do século XIX, doze casas de asilo que,
embora de raiz essencialmente assistencial, não deixavam de constituir
verdadeiros jardins-de-infância.
A própria legislação de 1896 a ela se refere, incluindo Fröbel numa lista
de pedagogos a estudar nos cursos de professores para o ensino
elementar das escolas normais.
Apesar do interesse revelado, as concretizações práticas resumiram-se a
algumas iniciativas pontuais não se tendo estabelecido uma prática
consequente e duradoura de construção de equipamentos pré-escolares.
Só aconteceria em 1911, com a inauguração do Jardim Escola João de
Deus em Coimbra (a Câmara Municipal de Coimbra facultou um terreno
com uma superfície de 4800m2 e o projeto de arquitetura foi oferecido
pelo arquiteto Raul Lino, segundo as orientações pedagógicas de João de
Deus Ramos).
No Relatório de Atividades de 1908, da Associação, pode ler-se: “Os
Jardins-Escolas prestar-se-ão esplendidamente para habilitar melhor os
nossos professores e facilitarão, como centros de propaganda, o
desenvolvimento das bibliotecas populares, bem como a realização das
palestras e leituras públicas com o auxílio de projeções luminosas. (...) e
mais (...) desta sorte a Associação, além de contribuir esforçadamente
para a extinção do analfabetismo, terá lançado as bases fundamentais de
uma urgente reforma no processo de todo o ensino, começando como
deve ser, pelo ensino de infância, o que se tornará motivo de legítimo
orgulho para a nossa Associação e para o País. No meio de tanta
desorientação em assuntos educativos, a obra nacional de João de Deus
ficará firme, duradoura e utilíssima, como genuinamente nacional (...).”
Jardim-escola João de Deus em Coimbra
O Jardim-Escola João de Deus de Coimbra foi inaugurado a 2 de Abril de
1911 e custou cerca de 4500$000 réis. Os fundos foram conseguidos
através de donativos, mas principalmente graças aos serões musicais
organizados pelo orfeão académico de Coimbra, dirigido por António
Joyce, que conseguiram juntar a fantástica soma de 1480$000 réis.
João de Deus Ramos dando-lhe o nome do Pai cumpriu o seu dever de
educador e de português. São os princípios pedagógicos que João de Deus
defendeu sempre que inspiram a obra realizada, é a sua compreensão do
que seja a educação e o ensino da criança que ali se vai encontrar: o
carinho da família, o respeito pela espontaneidade infantil, o
desenvolvimento gradual do raciocínio, apoiado sempre em noções
concretas.), se iniciou um programa coerente de construção e
funcionamento de ensino pré-escolar que, atravessando todo o século XX,
chegou aos nossos dias.
Este pioneirismo, conduzido pela Associação de Escolas Móveis, Bibliotecas
Ambulantes e Jardins-Escolas, posteriormente designada por Associação
de Jardins-Escolas João de Deus, atravessa todo o período da 1ª
República e do Estado Novo. Só após a Revolução de 1974 o Estado, com
a implantação do ensino infantil oficial, inicia uma fase de construção de
jardins de infância que perdura nos nossos dias.
Portugal de finais do século XIX apresentava uma taxa de analfabetismo
relevante em comparação com outros países europeus. A Associação de
Escolas Móveis, Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escolas, fundada por
Casimiro Freire em 1882, tinha por objetivo promover a alfabetização
com a utilização da Cartilha maternal do poeta João de Deus e por meio
de escolas móveis; ações de alfabetização itinerantes por todo o território
nacional, dependentes de deslocação de professores e cedência ou aluguer
de instalações.
Jardim-escola João de Deus em
Coimbra atualmente
Como surge então o programa pedagógico e construtivo dos jardins-escolas?
Após o falecimento de João de Deus, seu filho, João de Deus Ramos assume, em 1908, a liderança da associação, visita
várias escolas na Suíça e Itália, contactando com os métodos e espaços de ensino pré-escolar mais avançados na época.
Nesse mesmo ano o arquiteto Raul Lino apresenta-lhe um projeto de escola maternal, posteriormente apresentado como
jardim-escola. Terá, no entanto, sido o esboço apresentado na figura 2 o modelo apresentado para aprovação em
assembleia da Associação, conforme referido posteriormente na ata de 29 de julho de 1909. João de Deus Ramos hesita
na denominação das construções que se propõe levar a cabo: escola maternal ou jardim-escola, este dilema é apresentado
num seu discurso de 1907 com o mesmo título. Infelizmente, só se conhece parte deste discurso, justamente aquela em
que o tema do título não é referenciado.
Crente na originalidade do seu propósito e incutido de um propósito nacionalista, João de Deus Ramos terá optado pela
denominação de jardim-escola pela semelhança com as écoles maternelles francesas que o termo escola maternal evocava.
Esboço de
Raul Lino
(1908) -
projeto-
tipo de
uma escola
maternal.
Lápis e
aquarela
sobre
cartolina.
O projeto-tipo, ou meta projeto, já que se
tratava de um modelo a ser adaptado às
condições do local originando projetos
originais embora com a mesma matriz
funcional e tipológica, apresenta um grande
espaço central, denominado de Museu, em
torno do qual orbitam os espaços de ensino,
cantina e sanitários. De realçar a inexistência
de espaços administrativos, vestiários e uma
cantina que engloba a própria cozinha.
Primeiro Jardim Escola, Coimbra (1911): planta, grafo e
esquema relacional de áreas.
O primeiro projeto executado em Coimbra, já desenvolve outra
complexidade de espaços em torno do Museu. A cozinha autonomiza-
se da cantina e torna-se o primeiro espaço reservado ao adulto. As
instalações sanitárias já não apresentam acesso direto pelo Museu e
subdividem-se em espaço para lavatórios, retretes e banhos. Este
modelo continua a ser utilizado com sucessivas alterações ou adições,
pelo próprio Raul Lino e por outros arquitetos.
O projeto para o Jardim Escola de Alvalade, o último a ser
executado por Raul Lino, apesar da sua maior complexidade,
mantém intactos os pressupostos estabelecidos no início do século 20,
cerca de cinquenta anos depois de formulados.
O projeto para o Jardim Escola de Alvalade, o último a ser executado por Raul Lino, apesar da sua maior
complexidade, mantém intactos os pressupostos estabelecidos no início do século XX, cerca de cinquenta anos
depois de formulados.
Um espaço arquitetónico original? Será o modelo do jardim-escola uma criação original? Ou parte de um tipo de
construção pré-escolar já existente no seu tempo? A legislação de 1896, anteriormente citada, nomeia para o
ensino infantil três tipos: as escolas infantis, os jardins de infância e as escolas maternais. Nessa época, a obra
mais conhecida que aborda as construções escolares de finais do século XIX e princípios do século XX é Les
construcions scolaires en Suisse, do arquiteto Henry Baudin (1907), na qual o autor estabelece os princípios
funcionais preconizados para os edifícios escolares, apresenta exemplos e realiza um levantamento deste tipo de
edifícios construídos na Suíça.
Sabemos que João de Deus Ramos não só teve conhecimento das viagens efetuadas por outros ao estrangeiro
como encetou, ele próprio, várias visitas com o objetivo de conhecer os programas e os espaços pedagógicos
destinados à infância, sendo a mais significativa à realizada em 1908 à Itália e Suíça.
Dessa viagem terá João de Deus Ramos trazido um exemplar da anteriormente citada obra do arquiteto Henry
Baudin, onde não encontrámos qualquer tipo de construção onde houvesse um espaço educativo central,
característica do modelo dos jardins-escola.
Já anteriormente, em 1907, João de Deus Ramos tinha acompanhado João de Barros numa visita à Institutión
Libre de Enseñanza de Madrid, onde certamente contactou com a realidade do ensino pré escolar em Espanha e
com a obra da sua figura mais exemplar – Pablo Montesino, mas os modelos de escola que observámos não
apresentam qualquer semelhança com a proposta de João de Deus Ramos e Raul Lino.
Também no modelo de instalações para as escolas maternais francesas do início do século XX não se vislumbram
aspetos que possam sustentar ter sido o modelo dos Jardins Escolas nele inspirado, apesar do primeiro projeto de
Raul Lino para Coimbra apresentar uma designação inicial de escola maternal.
Teria sido o arquiteto Raul Lino o criador do modelo? Certamente foi ele
que o corporizou em desenho. Na altura Raul Lino era um jovem arquiteto
com pouca experiência de projeto mas, conforme sintetiza Michel Toussaint
Pereira, a sua proposta de uma Casa portuguesa, arquitetura ligada à
natureza e à tradição popular contrariava as propostas beauxartianas na
moda e entrava em consonância com as atitudes nacionalistas e ideias de
João de Deus Ramos de um método e de uma escola portuguesa.
Raul Lino teve a sua formação junto do arquiteto alemão Albrecht Haupt,
de cujo espólio fomos informados não constar qualquer construção escolar,
pelo que se pode colocar a hipótese de ter sido João de Deus Ramos a
sugerir o programa de espaços, recusando liminarmente a existência de
corredor, propiciador de vigilâncias antipáticas, segundo testemunha a sua
filha Maria da Luz (Azevedo, 1997). Sustenta ainda esta hipótese a
afirmação de João de Barros (1911) de que o jardim-escola é uma escola
infantil genuinamente portuguesa e de que já nos tempos de Coimbra
(1897-1902), o jovem colega e amigo com ele debatia as questões do
ensino acreditando no “educar desde a infância”.
Embora não se tenha encontrado prova irrefutável da originalidade do
modelo arquitetónico do Jardim Escola, todos os indícios encontrados nos
levam a considerar como válida a hipótese de ser de facto uma criação
original de João de Deus Ramos que concebe um projeto pedagógico baseado
na Cartilha Maternal e complementado com métodos inspirados em Maria
Montessori e Fröbel, criando em simultâneo, pela mão de Raul Lino, o
correspondente espaço arquitetónico original. “As paredes mestras também
são mestras”, como gostava de referir.
Raul Lino
F U N D A M E N T O S
Fundamenta a sua pedagogia em três princípios básicos:
Criar um ambiente harmonioso, de paz e tranquilidade, capaz de fomentar um clima que permita
trabalhar em boas condições. Sendo de primordial importância a criação de um ambiente de
simpatia, no verdadeiro sentido da palavra, baseado em equilibradas relações entre todos os que aí
exercem funções. Essas relações devem ser norteadas por um profundo respeito entre todos e
englobará primordialmente a criança. Só assim se fortalece um verdadeiro sentido de escola no seu
mais elevado e extenso conceito;
Instituir a tolerância de crenças e convicções, que devem ser respeitadas, quando não colidam com o
funcionamento geral da instituição. Este princípio tem a ver com um conceito de liberdade
responsável;
Fomentar o gosto pelo trabalho quando bem distribuído, e permitir a sua realização em boas
condições. Este aspeto é muito importante para adultos e crianças e será um dos hábitos que podem
favorecer a integração num futuro escolar e profissional evitando possíveis e indesejáveis
marginalizações.
O Jardim-Escola João de Deus enquanto instituição escolar pretende ser inclusiva, respeitando as
diferenças e não sacrificando a criança no altar de uma padronização artificial.
Os princípios base acima referidos representam as condutas gerais que competirão a todos (adultos
e crianças) cumprir e respeitar, pois unificam os fundamentos da obra João de Deus.
Deste modo, pretende formar e educar cidadãos livres, responsáveis e solidários, membros de uma
sociedade que todos desejamos mais justa, feliz e verdadeira, permitindo-lhes a aquisição das
capacidades, conhecimentos e valores que os ajudem a alcançar sucesso na vida.
R O T I N A
D I Á R I A
Acolhimento,
Exercícios de movimento e de
relaxamento,
Higiene / almoço,
Atividades de recolha livre
(preparadas nas salas),
Jogos de mesa,
recreio/repouso,
Tema de vida,
Exercícios de memoria visual,
Atividades de expressão e
trabalhos manuais
Começam
sempre as
manhãs na
Roda das
Canções.
Durante o
acolhiment
o cantam,
fazem
jogos e
danças
acrobáticas
Exercícios de relaxamento
(ouvir uma historia e ouvir
musica)
Almoço
Jogos de mesa
Recreio
Atividades de expressão
Trabalhos manuais
O R G A N I Z A Ç Ã O D E
E S P A Ç O E
M A T E R I A I S
Existe um bom ambiente físico e humano com decoração simples
mas onde a arte tem presença.
Valoriza-se uma arquitetura funcional e atraente de
características nacionais e regionais em que a identidade cultural é
valorizada.
Existem diversos materiais para as atividades programadas em
cada dia:
para a educação sensorial,
preceptiva,
motora,
física
Integrando ainda materiais naturais recolhidas pelas crianças no
recreio e /ou nos passeios;
materiais para os trabalhos manuais e atividades plásticas,
livros,
imagens e toda a documentação necessária para os «temas de
vida»;
materiais de apoio para aprendizagem da matemática como
cuisinaire, blocos lógicos, tangram, calculador multibásico, DONS
DE FROBEL.
Para os mais pequenos existem materiais para imitar, para
aprender a viver e a integrar-se no meio social:
a loja, a casa das bonecas e os jogos de transito.
Cuisinaire
Blocos lógicos
Tangram
Calculador multibásico
Ou
Abaco
E S T R A T É G I A S
Para cumprir a missão e os objetivos enunciados no seu projeto educativo a ESEJD (Escola
Superior de Educação João de Deus) definiu um conjunto de estratégias para implementar
anualmente, que respondem também ás perceções e informações das analises SWAT que fazem
parte do diagnostico organizacional promover um clima agradável na ESEJD em que os
estudantes se sintam num ambiente familiar, promovendo o bem estar pessoal coletivo dinamizar
a criação de cursos para responder as necessidades da comunidade, de acordo com os objetivos
da instituição. Promover a investigação e a sua divulgação e o desenvolvimento pessoal e
profissional dos colaboradores docentes e não docentes garantir a qualidade do ensino proceder a
autoavaliação semestral e anual com vista á melhoria continua da instituição divulgar o processo
de autoavaliação da ESEJD. Promover e realizar visitas de estudo em território nacional e no
estrangeiro difundir a informação permanente e atualizada no site da ESEJD promover estágios
intensivos e contacto com diferentes realidades educativas em Portugal e no estrangeiro, para
além do estipulado no curriculum das unidades curriculares de IPP e PES desenvolver o
programa tutoriais aos alunos promover a viagem de finalistas, apetrechar continuamente o
espolio das bibliotecas com a aquisição de obras propostas pelos docentes das diferentes unidades
curriculares.
“António Ponces de Carvalho”
António Ponces
de Carvalho
Bisneto de João
de Deus
E atual
Presidente da
Direção da
Associação de
Jardins-Escolas
João de Deus
A V A L I A Ç Ã O
Avaliação de João de Deus
Os educadores planeiam diariamente de acordo com os objetivos para cada grupo etário e a avaliação que
realizam é feita tendo em conta a individualidade de cada criança e a programação efetuada.
A avaliação em educação é um elemento integrante e regulador da prática educativa, em cada nível de
educação e ensino, implica princípios e procedimentos adequados ás suas especificidades . O currículo em
educação de infância é concebido e desenvolvido pelo educador, através da planificação, organização e
avaliação do ambiente educativo, bem como as atividades e projetos curriculares, com vista á construção de
aprendizagens integradas.
E S C O L A S
O Jardim-Escola João de
Deus nasceu no
Entroncamento por iniciativa
de algumas famílias que
conheciam a instituição.
No dia 11 de janeiro de
1971 foi inaugurado o espaço
de Jardim-Escola e Ensino
Básico.
O Jardim-Escola João de Deus de
São Bartolomeu de Messines é uma
Instituição Particular de
Solidariedade Social sem fins
lucrativos, que abriu as suas portas
em 1985 e cuja Entidade
Proprietária é a Associação de
Jardins-Escolas João de Deus. Foi
inaugurado oficialmente em 8 de
março de 1986, por se tratar do
dia do aniversário de João de
Deus, o seu patrono.
O Arquiteto Raul Lino projetou
em 1913 o jardim-escola João
de Deus de Alcobaça e é o 3º
mais antigo do Pais.
O jardim -escola
João de Deus de
Mortágua foi
fundada por
Casimiro Freire
em 1882.
AS CORES DOS BIBES
Bibe Amarelo - Viveirinho (3 anos)
Bibe Encarnado - Viveiro (4 anos)
Bibe Azul - Pré-Primária (5 anos)
Bibe Castanho - 1º ano
Bibe Verde - 2º ano
Bibe Azul Claro liso - 3º ano
Bibe Azul Escuro liso - 4º ano
Camisola Verde - 5º ano
Camisola Azul Escuro - 6º ano
Somos os filhos de João de Deus,
Somo anjinhos que cantam nos
céus
Vamos p’ra aula a brincar
Aprender sem se notar
E a brincar a brincar já sei o
A E I O …..
O recreio
é sempre no meio
Da lição
Que enche o coração.
HINO JOÃO DE DEUS
Somos crianças cheias de
alegria
Nossas mãozinhas já têm
magia
Já fiz um carro de barro
Um coração de cartão
E a brincar a brincar
Já sei o A E I O,…
O encanto do
Jardim - Escola
é saltar, rir e Jogar à bola.
Findou o dia vamos regressar
Vestir casacos vamos para o
lar
Lá nos espera também
Outro regaço, o da mãe
Para beijar e ouvir
Dizer o A E I O…
Os meninos
Serão sempre teus
P’la vida fora
JOÃO DE DEUS.
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/09/jardins-escolas-joao-de-deus.html
http://www.joaodeus.com/jardins_escola/rede.asp
https://educacaodeinfancia.com/metodologia-joao-de-deus/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Deus_de_Nogueira_Ramos
http://www.in-faro.com/bio_joao_deus.html
http://www.terraruiva.pt/2019/03/18/recordar-e-reviver-joao-de-deus/
http://www.joaodeus.com/associacao/biografias.asp?id=1
http://www.panteaonacional.gov.pt/2020/03/01/panteao-nacional-e-os-seus-
homenageados-marcoabril-joao-de-deus/
http://www.joaodedeus.pt/documentacao/relatorios/ESEJD-Relatorio-
Autoavalia%C3%A7%C3%A3o-1-2-ciclos-2-semestre-2018.pdf
https://apeejejde.wixsite.com/apeejejde/bibes
http://albarraque.escolasjoaodeus.pt/
R E G G I O E M I L I A
Os moradores da cidade de Reggio Emilia, no norte da Itália,
hoje com 170 mil habitantes, encontraram, após a II Guerra
Mundial, uma cidade de escombros e junto dela, a necessidade
de reconstruir as suas vidas. Uma parte dos cidadãos decidiu
então que a melhor forma de reconstruir o tecido social,
cultural e político da comunidade seria o caminho de
construir uma escola com as próprias mãos.
Da necessidade do cuidado dos pequenos, vislumbrou-se o
cuidado da cidade inteira. Os detritos dos tempos idos virou
matéria prima para a construção do novo. Com a venda de
metais velhos, restos de bombas e construções abandonadas,
começou a ser construída a velha creche. Um jovem
pedagogo, chamado Loris Malaguzzi, inspirado pelas ideias
novas de Jean Piaget, Lev Vygotsky, John Dewey e Maria
Montessori, passava de bicicleta pelo local e encantou-se com
o que viu.
Começou assim o processo de construção da rede de escolas
infantis e creches de Reggio Emilia. Hoje já são mais de 13
creches e 21 pré-escolas na cidade, contemplando 40% da rede
pública do município, com o apoio da Fundação Reggio
Children e do Centro Internacional Loris Malaguzzi.
A abordagem de Reggio Emilia é uma filosofia educacional e pedagogia focada na educação pré-
escolar e primária. Esta abordagem é um currículo autoguiado construtivista e centrado no
aluno que usa a aprendizagem experiencial autodirigida em ambientes orientados para o
relacionamento. O programa é baseado nos princípios de respeito, responsabilidade e
comunidade por meio da exploração, descoberta e jogo. No cerne desta filosofia está o
pressuposto de que as crianças formam a sua própria personalidade durante os primeiros anos
de desenvolvimento e que são dotadas de "uma centena de línguas", através das quais podem
expressar as suas ideias. O objetivo da abordagem de Reggio é ensinar as crianças a usar essas
linguagens simbólicas (por exemplo, pintura, escultura, teatro) na vida cotidiana.
Atualmente, tal metodologia tem sido importante na integração de famílias de imigrantes no
país, pela ampla participação conferida à família no processo. “[O método baseia-se] no
acolhimento das diferentes culturas, religiões, de pertencimento, da noção de que o ser humano
é diferença, diferença que porta um valor em si e um contexto educativo que pode acolher
todos”, afirma a coordenadora da Reggio Children, Cláudia Giudici.
A estrutura física da escola também é pensada na procura de um ambiente educativo e lúdico,
fazendo com que o espaço seja considerado “um terceiro professor”. A cozinha, por exemplo,
fica logo na entrada das unidades e é transparente aos demais cômodos, sugerindo a não-divisão
dos potenciais educativos.
Dialogando com tal perceção está também o papel ativo de todos os membros da comunidade
escolar na aprendizagem. Além dos coordenadores pedagógicos e dos professores, os
responsáveis pela comida são vistos como educadores e as crianças são incentivadas a
interessarem-se por aquilo que estão a comer, tendo um papel ativo até na preparação dos
alimentos. A Reggio Emilia também conta com atelieres, que propõe atividades diversas, dentro
das suas áreas de atuação, para trabalhar com diferentes linguagens.
Loris Malaguzzi
Loris Malaguzzi nasceu a 23 de fevereiro de 1920, na concelho
de Correggio, localizada a 20 quilómetros de Reggio Emilia –
ou a 70 quilómetros de Bolonha, Itália. Em 1940, depois de se
formar em Pedagogia na Universidade de Urbino, começou a
dar aulas nas escolas primárias da região (1941-1943 em
Sologno). Foi assim até o fim da guerra, quando soube do
movimento de Reggio Emilia.
Ao pedalar até o local onde as famílias construíam a escola,
em 1946, encontrou duas mulheres a martelar de forma
persistente o cimento velho dos tijolos retirados das casas
bombardeadas. Malaguzzi pôde confirmar que, que se
construía uma escola com as sobras da guerra – e sem
interferência de engenheiros, governantes ou burocratas.
As ferramentas usadas pelas mulheres, fazendeiros e
trabalhadores voluntários (os homens só iam à obra à noite e
aos sábados) foram adquiridas com a venda de seis cavalos,
três camiões e um tanque de guerra abandonado pelos
alemães. A terra foi doada por um fazendeiro; a areia vinha
do rio.
Cem linguagens
Mas os caminhos da representação simbólica não estão contidos apenas nos campos já
delineados pela arte e pela ciência. Para exemplificar a metodologia, Malaguzzi escreveu o
poema “As Cem Linguagens das Crianças”, no qual propõe as infinitas possibilidades de
expressão do ser humano na primeira idade. A partir desta conceção, destacam-se nas escolas
de Reggio Emilia o papel de protagonista da criança na sua educação, proporcionando
controle sobre as direções da aprendizagem.
Para isso, prioriza-se a “experiência real” antes do estabelecido. As crianças devem poder
tocar, sentir, fazer, relacionar-se e explorar o que está a sua volta, para se conhecerem a si
mesmas e ao mundo no qual estão inseridas. “A mente da criança e do ser humano é
multidisciplinar. Portanto, se observo a criança quando ela conhece, tenho de volta esse modo
de conhecer”, analisa Claudia Giudici.
Dentro da rotina escolar, também é valorizado o trabalho em pequenos grupos, que acontece
muitas vezes – independentemente dos anos. Ao fim do dia, os resultados são divididos pelos
grupos numa assembleia, onde a participação de todos é encorajada. “Acho que formamos
indivíduos críticos, que veem o mundo de várias formas, construindo as suas ideias com a
comunidade e com suas próprias subjetividades”, afirma Madalena Tedeschi, coordenadora de
uma das unidades.
As cem linguagens da criança
A criança
é feita de cem.
A criança tem cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem, sempre cem
modos de escutar
de maravilhar e de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir.
Cem mundos
para inventar.
Cem mundos
para sonhar.
Dizem-lhe:
de descobrir um mundo que já
existe
e de cem roubaram-lhe noventa e
nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que as cem não existem.
A criança diz:
Ao contrário, as cem existem.
As cem linguagens da criança
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem, cem, cem)
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender sem alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
A pedagogia criativa em jardins de infância públicos de Reggio Emilia, foi inaugurada em
1981 no Museu moderno em Estocolmo, Suécia. Como resultado, o Grupo Nacional de
Trabalho e Estudo sobre Centros de Crianças Pequenas foi formado. Em 1991, a Newsweek
relatou que as escolas de Reggio Emilia estavam entre os melhores sistemas escolares do
mundo.
A 24 de maio de 1994, a organização sem fins lucrativos Friends of Reggio Children
International Association foi fundada para promover o trabalho de Loris Malaguzzi e para
organizar o desenvolvimento profissional e eventos culturais em torno dessa abordagem. Em
novembro de 2002, durante a conferência anual da Associação Nacional para a Educação de
Crianças Pequenas em Chicago, a North American Reggio Emilia Alliance foi formalmente
estabelecida.
Em 2003, o município de Reggio Emilia optou por administrar o sistema e a rede de serviços
escolares e centros infantis, formando o Istituzione Scuole e Nidi d'Infanzia. Isso permitiu
que escolas e pré-escolas municipais tivessem programas e atividades independentes
inspirados em Reggio, com o apoio do governo italiano.
Em fevereiro de 2006, o Centro Internacional Loris Malaguzzi foi estabelecido em Reggio
Emilia, como um ponto de encontro para o desenvolvimento profissional e um centro de
pesquisa para a filosofia Reggio. Em 29 de setembro de 2011, a Fundação Reggio Children-
Loris Malaguzzi Center, sem fins lucrativos, foi criada no Centro Internacional Loris
Malaguzzi para promover “educação e pesquisa para melhorar a vida de pessoas e
comunidades, em Reggio Emilia e no mundo”.
A filosofia Reggio Emilia é baseada
no seguinte conjunto de princípios:
 As crianças devem ter algum
controle sobre a direção da sua
aprendizagem;
 As crianças devem ser capazes de
aprender por meio de experiências
de tocar, mover, ouvir e observar;
 As crianças têm um
relacionamento com outras
crianças e com itens materiais do
mundo que devem ser autorizados
a explorar;
 As crianças devem ter infinitas
maneiras e oportunidades de se
expressar.
A abordagem de Reggio Emilia para ensinar
crianças pequenas coloca o desenvolvimento
natural das crianças, bem como as relações
íntimas que compartilham com o seu ambiente,
no centro da sua filosofia. A base da abordagem
de Reggio Emilia reside na sua visão única da
criança: promover a educação dos alunos mais
jovens para promover a melhor integração
possível entre as "100 línguas" das crianças.
Nessa abordagem, acredita-se que as crianças
têm direitos e devem ter oportunidades de
desenvolver o seu potencial. As crianças são
consideradas “portadoras de conhecimento”, por
isso são incentivadas a compartilhar os seus
pensamentos e ideias sobre tudo o que poderiam
encontrar ou fazer durante o dia. “Influenciada
por essa crença, a criança é vista como bela,
poderosa, competente, criativa, curiosa e cheia
de desejos potenciais e ambiciosos.” A criança é
vista como um construtor ativo de
conhecimento. Em vez de ser vista como alvo da
instrução, as crianças são vistas como tendo o
papel ativo de um aprendiz.
Esse papel também se estende ao de pesquisador. Grande parte da instrução nas escolas Reggio
Emilia ocorre na forma de projetos onde eles têm oportunidades de explorar, observar, formular
hipóteses, questionar e discutir para esclarecer seu entendimento. As crianças também são
vistas como seres sociais e o foco é feito na criança em relação às outras crianças, a família, os
professores e a comunidade, em vez de cada criança isoladamente. Eles são ensinados que o
respeito por todos os outros é importante porque todos são uma “agência subjetiva” enquanto
existem como parte de um grupo.
Muito do que ocorre na aula reflete um construtivista abordagem à educação infantil. A
abordagem de Reggio Emilia desafia algumas conceções de competência do professor e prática
adequada ao desenvolvimento. Por exemplo, os professores em Reggio Emilia afirmam a
importância de ser confundido como um contribuidor para a aprendizagem; assim, uma
estratégia importante de ensino é permitir que erros aconteçam propositalmente ou iniciar um
projeto sem uma noção clara de onde ele pode terminar. Outra característica contrária às
crenças de muitos educadores ocidentais é a importância da habilidade da criança de negociar
no grupo de pares. Um dos aspetos mais desafiadores da abordagem de Reggio Emilia é a
solicitação de vários pontos de vista sobre as necessidades, interesses e habilidades das crianças
e a fé simultânea nos pais, professores e crianças para contribuir de maneiras significativas
para a determinação das experiências escolares . Os professores confiam em si mesmos para
responder apropriadamente às ideias e interesses das crianças, confiam que as crianças se
interessem por coisas que valem a pena conhecer e confiam nos pais para serem membros
informados e produtivos de uma equipe educacional cooperativa. O resultado é uma atmosfera
de comunidade e colaboração apropriada ao desenvolvimento tanto para adultos quanto para
crianças.
MATERIAIS
Lembramos que, embora haja um grande número de atividades sensoriais que podem ser
feitas na caixa ou na mesa de luz, esse não é um material Montessori. Na realidade, é
uma das atividades estrela da pedagogia Reggio Emilia. Em contato com a luz, a criança
explora os materiais, as suas texturas, formas e cores. Dedicamos um texto para explicar
o que é a caixa ou mesa de luz, os seus benefícios para o desenvolvimento da criança e os
materiais.
Na pedagogia Reggio Emilia, a criança como protagonista da aprendizagem. Ela é um
sujeito dotado de capacidades para experimentar o mundo por si mesmo.
Bolsas sensoriais para caixa de luz
As bolsas sensoriais são atividades para bébés e para crianças de
inspiração Montessori. A partir do uso de bolsas de congelação, a
criança pode ter contacto com um sem fim de objetos do cotidiano. São
ideais para favorecer o contacto sensorial com peças pequenas que não
poderia tocar diretamente pelo perigo de levá-las à boca.
Como dissemos, as bolsas sensoriais podem conter um sem fim de coisas.
Entre elas estão os líquidos.
O que é a escala Cuisenaire?
A Escala Cuisenaire foi criada pelo professor Georges Cuisenaire nos anos 50. É o recurso
educativo mais utilizado por professores e famílias que apostam pelo uso de material
manipulativo para trabalhar conceitos matemáticos com crianças e adolescentes. O que é,
para que serve, para que idade é recomendada e várias ideias de atividades para trabalhar
com as crianças.
O objetivo central da Escala Cuisenaire é trabalhar as quantidades e mostrar como calcular
com ajuda de barrinhas de várias cores e tamanhos que vão do 1 ao 10. A barrinha que
representa o 1 mede 1 cm x 1 cm, a que representa o 2 mede 2 cm x 2 cm… e assim até o 10.
Através desse material sensorial feito de madeira, as crianças aprendem múltiplos conceitos,
tais como a decompor os números e a realizar cálculos de uma maneira muito simples. Por se
tratar de um material manipulativo, a aprendizagem dá-se através da estimulação da
memória visual, tátil e auditiva que proporciona a manipulação das barrinhas.
Para que serve a escala Cuisenaire?
As barras Cuisenaire podem ser utilizadas para ensinar uma variedade de
conceitos matemáticos e ajudam a desenvolver várias capacidades do
pensamento lógico-matemático. As barrinhas podem ser utilizadas para
aprender:
 a quantidade
 a equivalência
 as quatro operações matemáticas básicas
 as frações
 a área
 a raiz quadrada
 o teorema de Pitágoras
 a potência
 a resolução de equações simples
 os sistemas de equações
 …
Esse recurso de manipulação matemática pode ser trabalhado com crianças
a partir dos 3 anos, sobretudo para evitar que levem as peças menores à
boca. Mas, se feito sob supervisão de um adulto, não há problemas para
começar antes. Ainda assim, é a partir dos 5 a 6 anos e até aos 12 quando
mais proveito a criança pode tirar do material. Contudo, o fato de já estar
familiarizado com as barrinhas Cuisenaire e as suas representações podem
ajudá-lo a entender mais facilmente os conceitos ensinados. Também pode
ser utilizado por adultos para que compreendam melhor os números e
facilite a transição para o cálculo mental.
A partir de que idade podemos utilizar as barrinhas de Cuisenaire e até
quando?
Atividades com a escala Cuisenaire
 Jogo livre (serve para as crianças terem o primeiro contato com a escala)
 Trabalhar a memória (serve para as crianças aprenderem de memória a correlação entre
cores e números)
 Jogos de reconhecimento das dimensões (serve para as crianças reconhecerem as peças
através do tato)
 Jogos de memória (serve para as crianças memorizarem o valor de cada barra)
 Jogos numéricos (serve para as crianças aprenderem que cada cor corresponde a um
valor, a partir da observação em escada das peças, visualizando a sequencia numérica de
1 a 10)
 Jogo do banqueiro (as crianças tiram uma das peças ao calhas, e depois têm de trocar por
outras peças que perfaçam esse mesmo valor)
 Decomposição de números “jogo do comboio” (usar varias peças para perfazer o
comprimento de uma, unindo as peças pelas suas extremidades fazendo um comboio)
 Adição
 Subtração
 Multiplicação
 Divisão
 Construir figuras
 Arrumar as peças na caixa (assim as crianças podem arrumar as peças da maneira que
entenderem, por cor ou tamanho)
ORGANIZAÇÃO DE
ESPAÇOS
O objetivo é construir e organizar ambientes que deem oportunidade às crianças de:
 Expressar o seu potencial, suas aptidões e sua curiosidade;
 Explorar e pesquisar sozinhas e com os outros, tanto colegas quanto adultos;
 Perceber a si mesmas como construtoras de projetos e do projeto educativo geral
levado a cabo pela escola;
 Reforçar as suas identidades, autonomia e segurança;
 Trabalhar e se comunicar com os outros;
 Saber que suas identidades e sua privacidade serão respeitadas.
ROTINAS
A organização diária do tempo não é regulada exaustivamente.
Várias possibilidades tendo em atenção o Respeito pelo tempo de
Interação e ritmo da criança:
 Acolhimento;
 Planificação em grupo;
 Atividades e projetos;
 Intercâmbio em grupo (de aprendizagens
feitas)
 Almoço;
 Atividades e projetos;
 Reunião de grupo (avaliação)
Planificação em grupo
Almoço
Reunião de grupo
Acolhimento
ESCOLAS
Escolas de Inspiração Reggio Emilia em Portugal
Esta é de facto uma Pedagogia
que vai ganhando terreno a
nível mundial. Após ter sido
reconhecido, nos Estados
Unidos, como o sistema
educacional infantil mais
admirável do mundo em 1991,
o seu reconhecimento tem sido
ascendente. No entanto, em
Portugal ainda são muito
poucas as escolas que se
podem dizer que
verdadeiramente procuram
aplicar os ensinamentos desta
abordagem:
- Colégio “Vem Brincar”
- Colégio “Cubo Mágico”
O Colégio Infantil Cubo Mágico,
constituído por creche e jardim de
infância, é um projeto de família criado
para as famílias Nasce do desejo e do
sonho de criar um espaço educativo
diferente, onde as crianças são escutadas,
respeitadas e desafiadas, para que
possam construir as suas aprendizagens
e, crescer rodeadas de valores e estímulos
que as ajudem a desenvolver todo o seu
potencial.
ESTRATÉGIAS
As escolas que implementam a filosofia de Reggio Emilia estão focadas em projetos, na
metodologia de trabalho de projeto. Algo que começa agora a ser implementado em escolas
primárias e secundárias vem desta metodologia. As salas de aula e as rotinas desenvolvem-se
em função do que interessamotiva as crianças. Quando uma criança pergunta algo, o educador,
ao invés de dar a resposta correta, motiva as crianças a investigar e encontrar a resposta
iniciando-se assim um projeto com uma ou mais crianças.
Os educadores, além de documentar a evolução de cada criança em papel, também gravam
vídeos e tiram fotografias que demonstrem as aprendizagens de cada criança.
Esta documentação pedagógica que retrata evidências de aprendizagens da criança podem ser
organizadas intencionalmente num portfólio.
Reggio Emilia promove o desenvolvimento de competências sociais, cooperativas e
colaborativas, e habitua as crianças desde cedo a trabalhar em grupo. É muitas vezes em grupo
que a criança encontra soluções, resolve conflitos e desenvolve capacidades de análise e síntese.
A escola é considerada um organismo vivo, um lugar que tanto as crianças como os educadores
aprendem uns com os outros, colaboram nas tomadas de decisão e onde o conhecimento se
adquire pela experimentação.
O espaço da sala de aula e da própria instituição ocupa também um lugar primordial nesta
filosofia, pois atua como um terceiro educador, já que se entende que o simples uso do espaço
promove relações, comunicações e encontros. Por isso, nos colégios Reggio Emilia cuida-se
muito dos espaço, que estão sempre repletos de exemplares de trabalhos feitos pelas crianças,
fotografias, etc.
Outro aspeto muito importante sobre a filosofia Reggio Emilia é a de que a criança possui
múltiplas linguagens e deve usar todas no seu processo de aprendizagem. No bem conhecido
livro “As Cem Linguagens da Criança”, Malaguzzi explica muito bem este conceito bem como
de que forma a arte é utilizada como principal veículo de formação do conhecimento.
Em suma, todos os modelos pedagógicos apresentados referem a criança como centro da
educação e como ser ativo na construção da sua própria aprendizagem. Ao educador cabe a
responsabilidade de observar os interesses e necessidades de cada criança e preparar espaços,
rotinas e apoiar projetos que respondam em conformidade com essas mesmas observações.
AVALIAÇÃO
A avaliação nos conceitos Reggio Emilia é com foco de aprendizagem e no aluno,
não em modelos prontos e sistematizados. Portanto, o professor observa a
jornada da criança, de uma forma mais individualizada.
A valorização da expressão artística faz com que as escolas de Reggio Emilia
tenham um “artista" com o propósito de instigar os estudantes nas diferentes
formas de expressões.
Portanto uma escola com a abordagem Reggiana estabelece um diálogo com as
visitas através das paredes (desenhos, fotos, decorações, etc...). O Educador faz
sempre questionamentos para os estudantes. sendo fundamental muita
sensibilidade e apropriação do que está a ser feito. Assim há a valorização do
estudante como protagonista do processo de ensino de aprendizagem.
CURIOSIDADES
Camp in Reggio Emilia
Nasce a 14 de Setembro de 2015 o CIRE, em Alcochete, um lugar onde as Crianças podem viver
a sua verdadeira Infância.
As ementas são adaptadas conforme a faixa
etária e possíveis restrições alimentares de cada
criança (como dieta vegetariana e
acompanhamento em casos de alergias e
intolerâncias)
FRANGO PANADO SAUDÁVEL
Ingredientes:
● 4 filetes de frango
● 1 ovo
● ½ chávena de flocos de aveia finos
● ½ chávena de farinha de trigo integral
● Orégãos
● Sal e pimenta (a gosto)
Modo de Preparação:
Num prato fundo misture a aveia e a farinha
de trigo integral e os orégãos. Num outro prato
fundo coloque o ovo e bata levemente. Tempere
os filetes com sal e pimenta a gosto, passe no ovo
e depois na farinha. Coloque os filetes numa
assadeira antiaderente untada e asse no forno
pré-aquecido a 200 graus por 20 a 25 minutos,
dependendo da espessura do filete.
https://translate.google.com/translate?hl=pt-
PT&sl=en&u=https://en.wikipedia.org/wiki/Reggio_Emilia_approach&prev=search&pto=aue
https://www.instagram.com/cire_alcochete/
https://www.facebook.com/pg/campinreggioemilia/about/?ref=page_internal
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http://www.peixinhodourado.com.br/reggio-emilia/
https://www.colegioreggioemilia.pt/#
https://colegio.pt/colegio/jardim-de-infancia-vem-brincar/
https://www.facebook.com/colegiocubomagico/
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  • 2. J O Ã O D E D E U S
  • 3. João de Deus Ramos Nogueira nasceu a 8 de março de 1830 em São Bartolomeu de Messines (Algarve). O pai, Pedro José Ramos casou a 28 de junho de 1815 com Isabel Gertrudes Martins de quem teve doze filhos, cinco morreram menores. Embora os pais fossem comerciantes humildes preocuparam-se com a educação dos filhos. Foi assim que durante a sua infância estudou com o pároco da sua aldeia e mais tarde foi para o seminário de Faro onde estudou aritmética, latim, português... preparando-se com conhecimentos sólidos. Em 1849 foi para o Seminário de Coimbra para completar os seus estudos preparatórios para entrar na universidade. Em julho realizou os exames de Latim, Doutrina, Francês, Filosofia, Aritmética e Geometria, e foi aprovado em todos. Decidiu que faria o curso de Leis ou Matemáticas. Tinha 19 anos quando saiu do seminário e se matriculou em Direito na Universidade de Coimbra onde frequentou o 1º ano. A 19 de Setembro de 1949 faleceu um de seus irmãos com apenas 24 anos, tinha sido ordenado sacerdote há pouco tempo e João de Deus sofreu psicologicamente, fazendo-o refletir sobre o sentido da vida.
  • 4. Em 1850 escreveu a sua primeira poesia intitulada A pomba, que dedicou a Maria Cândida, uma rapariga que tinha conhecido em São Brás do Alportel (Algarve), numa visita que tinha feito ao seu irmão. Um ano mais tarde regressou a Coimbra onde continuou a escrever poesias, entre elas, No túmulo, Oração, Raquel e também algumas prosas. Os temas que mais o impulsionam a escrever é o amor, a mulher... Enquanto estudante surgiu-lhe o fascínio pelo desenho à pena, interesse que o acompanhou toda a vida. Fazia especialmente retratos de pessoas que lhe vinham à memória. Desenhava em qualquer pedaço de papel, num canto de jornal... Tocava guitarra portuguesa na perfeição e compunha música. Humilde e afável, rapidamente captou o afeto dos que o rodeavam. Era um conversador maravilhoso, amante das tertúlias, era admirado pelos colegas e conhecido por todos como o “João”. Gostava de ir para o Penedo da Saudade tocar e cantar. Em 1852 fez o terceiro ano do curso e escreveu a prosa Lia. Em 1853 frequentou o quarto ano do curso, mas perdeu-o por faltas, pois o convívio e os seus múltiplos interesses não o permitiam dedicar-se aos estudos. Consta que era um aluno pouco aplicado ou pelo menos que tentava passar despercebido nas aulas. Outro ano apresentou-se a exame esquecendo-se de que não se tinha matriculado. Em 1855 escreveu a prosa Teresa. Em 1858 escreveu o artigo Sete e Nove, um texto que nos fala do ciclo da vida, pondo à prova o número 7 e no qual também faz uma referência sarcástica sobre o Método de Leitura Repentino de António Maria de Feliciano Castilho. Nesse mesmo ano quando já estava a fazer o quinto ano do curso conheceu Antero de Quental que se tinha inscrito no primeiro ano. Tornaram-se amigos chegados e essa amizade durou toda a vida.
  • 5. Conta-se que numa tarde chuvosa de inverno, num café perto do Arco de Almedina frequentado por estudantes, Antero de Quental discutia problemas filosóficos com Carlos Lima Mayer. O motivo da discussão era a dúvida da existência de Deus. Os dois estudantes estavam tão empolgados que não repararam que numa mesa perto, João de Deus acompanhava a discussão. A discussão estava tão acesa que chegaram a negar a imortalidade da alma. João de Deus, interveio e com calma disse aos colegas: “Só ter neste caminho incerto a dor e o pranto? Pensar que tudo acaba ao fim deste sofrer Inútil... sem prémio... depois de esperar tanto, Confundidos o Bem, o Mal e o Dever a Vida sem sentido, o mundo sem encanto e ao fim de tanta dor ter medo de morrer, porque não fica nada em derradeiro manto da alma vestida em cinza?... Isso pode lá ser!” Durante o curso cultivou amizades com colegas que viriam a ser seus amigos ao longo da vida, entre os quais, o já mencionado Antero de Quental, Teófilo Braga, António de Azevedo Castelo Branco, Alberto Sampaio, Santos Valente, Severino de Azevedo, Francisco Machado de Faria e Maia, Rodrigo Veloso, Alberto Teles e João de Sousa Vilhena. A 13 de Julho de 1859 terminou o curso e decidiu permanecer em Coimbra, colaborando com os jornais: Estreia Litteraria, Atheneu, Prelúdios Litterarios, Académico, Instituto, Phosphoro e Tira- Teimas e traduzindo obras do francês para o português. As suas poesias ganharam fama entre o meio académico. Redige as prosas Maria em 1860 e Damiana e em 1861. Em 1862 publicou Pachá Janina, obra contra o Reitor da Universidade de Coimbra e partiu para o Alentejo onde colaborou na redação dos jornais O Bejense (de Beja) e A Folha do Sul (de Évora). Era impulsionado pelo desejo de poetar e de levar uma vida desprendida de bens materiais.
  • 6. Em 1863 escreveu Os Lusíadas e a conversação introdutória, artigo que publicou no jornal O Bejense e que contribuiu para a dissolução do ultrarromantismo, entrando em desacordo com a escola coimbrã. Em 1864 volta para o Algarve, para uma observação mística da natureza. Em 1865 / 66 fixou-se em Évora onde colaborou com o jornal A Folha do Sul. Como em 1865 tinha sido surpreendido com a Questão Coimbrã (também conhecida como Questão do Bom Senso e Bom Gosto) foi uma célebre polémica literária que marcou a visão da literatura em Portugal na segunda metade do século XIX, considerou que as polémicas no jornal de província se tinham esgotado. Decidiu deixar a redação do jornal e regressou a São Bartolomeu de Messines. Escreveu a prosa Marina e Carta a Germano Meyrelles. No Algarve encontrou uns velhos amigos, José António Garcia Blanco, Domingos Leonardo Vieira e Joaquim de Almeida Negrão, amigos de boémia e tertúlia em Portimão, que se aperceberam que apesar de João de Deus ser uma pessoa inteligente e culta, vivia de um modo modesto. Pensaram, então, apresentar o seu nome a candidato a deputado pelo círculo de Silves à Câmara dos Deputados. Influenciado e motivado por eles candidata-se. A 25 de Março de 1868 a votação ficou empatada e por esse motivo houve nova votação a 5 de Abril. A 15 de Abril é proclamada a sua vitória, porém a sua eleição surpreendeu-o. Segundo as suas palavras disse: “Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos? Deve ser estreita a gaiola que talvez sirva para se dormir lá dentro a ouvir a música dos outros pássaros. Dormirei com certeza.” No entanto, como consequência, João de Deus mudou-se para Lisboa onde prestou juramento e tomou assento nas Cortes a 18 de maio de 1868.
  • 7. Como João de Deus nunca deu importância aos bens materiais continuou a traduzir livros franceses, compôs sermões para pregadores, introduções dramáticas, hinos sagrados para cerimónias religiosas, rimas para rebuçados de confeitaria, colaborou num dicionário de prosódia (parte da gramática que se dedica ao estudo da pronúncia correta das palavras; ortoépia) e coseu à máquina para um grande estabelecimento de roupas brancas do Chiado, o Armazém Suíço que era conhecido pelos enxovais ricos. Nesse mesmo período conheceu uma jovem rapariga de 19 anos, Guilhermina das Mercês Battaglia, filha de António Battaglia, organista da Sé de Lisboa e músico da Corte de D. Luís. Deste relacionamento nasceu Maria Isabel Battaglia Ramos, José do Espirito Santo Battaglia Ramos ( que viria a ser visconde de São Bartolomeu de Messines) ,João de Deus Ramos, que continuaria a obra pedagógica de seu pai e Clotilde Rafaela Battaglia Ramos. Sem filiação partidária e sem integrar nenhuma comissão, nunca usou a palavra, limitando-se a estar presente. Desde o início da posse até ao final da legislatura realizaram-se cinquenta sessões. Em 1868 João de Deus compareceu a trinta e sete, só faltando a duas. Em janeiro de 1869 demonstrou alienação e desinteresse, só tendo ido a três das treze sessões realizadas. Depois desistiu do envolvimento com a política motivado pela desilusão e pelo discurso oco dos colegas deputados. Na capital frequentou assiduamente as tertúlias do Café Martinho situado no Rossio. Viveu num pequeno quarto alugado na Rua dos Correeiros, onde recebia muitos amigos. Ao cabo de uns meses abandonou a vida das Cortes, porque tal como ele justificou “Não nasci para canário...!”. Publicou a obra poética Flores do Campo editada pelo seu amigo José António Garcia Blanco e a prosa Perenese do Mandato.
  • 8. Em 1870 recebeu um convite do senhor Rovere da Casa Rolland para criar um método de leitura adaptado à língua portuguesa e inicia desde logo esse seu novo projeto a que chamará mais tarde Cartilha Maternal ou Arte de Leitura. Em 1871 traduziu a obra teatral Horácio e Lydia de François Ponsard. A 18 de Agosto de 1872 faleceu o seu pai. Em 1873 escreveu O Indígena, uma reflexão satírica sobre comportamentos sociais. A 20 de Janeiro de 1874 faleceu a sua mãe. A 4 de Maio de 1874 casou com Guilhermina Battaglia Ramos na Igreja de São Nicolau, em Lisboa. A 4 de Abril de 1875 nasceu o seu segundo filho José do Espírito Santo Battaglia Ramos. Em 1875 traduziu os serões de família de Darboy, Arcebispo de Paris, intitulados Ana, mãe de Maria; a Virgem Maria e A mulher do Levita de Efraim. Traduziu ainda uma parábola e três comédias para teatro de sala da autoria de Mery: Amemos o nosso próximo; ser apresentado; Ensaio de casamento e A viúva inconsolável. Durante os anos de 1874 e 1875 colaborou com a revista literária A Harpa. Em 1876 publicou a obra lírica Folhas Soltas e escreveu A Palavra escrita, uma reflexão sobre os efeitos da fala e da escrita na civilização. Entretanto a Casa Rolland faliu, mas João de Deus não desistiu do seu sonho. A 18 de Fevereiro de 1877 a Cartilha Maternal acabou de ser impressa na tipografia do seu amigo António Madureira, Abade de Arcozelo, em cujo prefácio João de Deus escreveu: "(...) Às mães, que do coração professam a religião da adorável inocência, e até por instinto sabem que em cérebros tão tenros e mimosos todo o cansaço e violência pode deixar vestígios indestrutíveis, oferecemos, neste sistema profundamente prático, o meio de evitar a seus filhos o flagelo da cartilha tradicional. (...)“
  • 9. Também em 1880 criou os cadernos Arte de Escrita e Arte de Contas para auxiliar a aprendizagem dos alunos e em 1881 escreveu sobre A Trissecção do Ângulo. Começou a elaborar os princípios da Arte de Contas. Ao longo dos anos as várias edições da Cartilha Maternal esgotavam-se rapidamente. Mas João de Deus começou a pensar em fazer algo mais pelo povo português. Estava preocupado com a necessidade de chegar a um maior número de pessoas, mesmo aquelas que não iam à escola. Falou com o seu amigo Casimiro Freire e com a sua ajuda monetária e alento psicológico fundou a Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus em 1882. Começou a dar formação gratuita de Cartilha Maternal ou Arte de Leitura, Arte de Escrita e Arte de Contas em sua casa a adultos que iriam trabalhar como professores do Método João de Deus, percorrendo o país em missões de alfabetização. Em 1877 escreveu Bases para uma Orthografia e A Cartilha Maternal e a Imprensa, dando resposta a críticas que eram feitas à Cartilha Maternal através dos jornais. A 26 de Abril de 1878 nasceu o seu terceiro filho João de Deus Ramos Júnior. Em 1879 começou a elaborar a Arte de Escrita que consistiam num conjunto de cadernos para facilitar a aprendizagem da escrita. Em 1880 traduziu a obra Os Deveres dos Filhos de Théodore-Henri Barrau e um ano mais tarde adaptou-a ao ensino da leitura, dando-lhe o nome Deveres dos filhos para com os seus pais: Arte de leitura - segunda parte.
  • 10. Neste contexto afirmou numa carta ao Abade de Arcozelo: “(...) Não basta ler, é necessário ler com conhecimento de causa. Quem não tem a análise das letras, quem não sabe as regras dos seus valores, não pode ensinar bem; e ensinando mal, isto é, com muito custo e pouco proveito, naturalmente se furta às ocasiões de ensinar os outros; o que é um grande mal. Eu espero ainda que às avessas do que atualmente se pensa, a opinião geral de todos seja que nada mais fácil do que render esse serviço enorme, imenso, talvez o máximo que podemos prestar. Porque eu posso ser homem sem saber retórica: o que não posso é ser verdadeiro homem sem saber ler. (...) (...) Ser homem é saber ler: e nada mais importante, nada mais essencial que essa modesta e humilde coisa chamada primeiras letras. (...)” O ideal das missões de alfabetização era o de ensinar gratuitamente a ler, escrever e contar, em apenas quatro a seis meses, todos aqueles que desejassem saber as primeiras letras. Havia turmas diurnas e noturnas, com adultos e crianças, rapazes e raparigas. O ensino era gratuito e por vezes ainda havia ajuda material para os mais carenciados. No final fazia-se um exame e quem aprovasse obtinha um diploma em como tinha as primeiras letras pelo Método João de Deus. A 24 de Outubro de 1882 nasceu a quarta filha Clotilde Rafaela Battaglia Ramos. Ao serão frequentava a Tabacaria Brazileira, perto da Rua D. Pedro V. O seu carácter era tão dócil que falava de igual modo tanto a um homem simples como a um homem importante. A sua fama era tal, que passou a assinar tudo o que escrevia, unicamente por “João de Deus”, o seu nome próprio. A 2 de Agosto de 1888 foi nomeado vitaliciamente Comissário Geral do Método de Leitura Cartilha Maternal com o vencimento anual de 900 reis. Era seu dever, entre outras atribuições, ministrar cursos aos professores das escolas públicas de instrução primária e visitar as escolas a fim de ver se o método estava a ser bem aplicado. Em 1892 escreveu sobre a acentuação, diversidade de pronunciação e a evolução da língua. Em 1893 publicou Campo de Flores, edição coordenada por Teófilo Braga, porque João de Deus por ser uma pessoa humilde não queria inicialmente editar esta obra. Ela é uma compilação das suas poesias mais significativas. Nesse mesmo ano publicou A Cartilha Maternal e o Apostolado e A Cartilha Maternal e a Crítica. Passou o verão com a família numa casa de João Garcês Palha, em Cortegana, onde os seus cunhados tinham residência.
  • 11. Em dezembro de 1894 publicou na Revista Portuguesa o artigo Pontuação de Guitarras. Nos últimos anos, já adoentado, saía pouco e poucas pessoas o procuravam. Mesmo assim, antes e depois do almoço, ocupava-se do “método”, dando explicações, revendo provas e escrevendo cartas. Ganhou o gosto pelas antiguidades e adquiriu algumas, não luxuosas, mas peças que eram do seu agrado. No dia do seu 65º aniversário, a 8 de março de 1895, foi agraciado pelo rei D. Carlos com a condecoração Grã-Cruz de Santiago. O rei tomou a iniciativa de ir pessoalmente a sua casa entregá-la. João de Deus encontrava-se debilitado devido à sua doença. Nesse mesmo dia foi-lhe feita uma homenagem de gratidão e apreço organizada pelos estudantes de Lisboa e outras associações estudantis que se quiseram associar, vindas do Porto, Coimbra e Santarém. Juntaram-se no Rossio, foram a pé até à casa de João de Deus e diante dela gritaram vivas, dedicaram-lhe canções e ofereceram presentes. Grã-Cruz de Santiago João de Deus, abriu a janela, emocionado e declamou o poema que tinha antecipadamente preparado: “Que vindes cá fazer, oh mocidade? Despedir-vos de mim? Quanto vos devo! Também levo de vós muita saudade E em lá chegando à outra vida...escrevo. Estas honras, este culto Bem se podiam prestar a homens De maior vulto Mas a mim, poeta inculto Espontâneo e popular É de veras singular” Durante a sua estadia, entreteve-se a escrever poemas e a desenhar familiares e amigos no estuque das paredes. Ainda hoje se conservam estas inscrições e a casa está aberta ao público, desenvolvendo atividades literárias.
  • 12. No dia seguinte à noite foram-no buscar de carruagem e levaram-no para o Teatro D. Maria II, onde no camarote da família real assistiu a um sarau em sua homenagem, executado pelos estudantes. Persistido ao longo dos últimos dez anos por Casimiro Freire para que publicasse a Arte de Escrita por ser parte integrante do método, João de Deus respondia que “as maiores injurias que em sua vida recebera, por parte do professorado oficial, foram motivadas pela Cartilha Maternal; se publicasse a Arte de Escrita, envolvia-se em nova luta com os calígrafos, achando-se cada vez com menos forças.”. No entanto, João de Deus pressentiu que a doença lhe encurtaria a vida e começou a trabalhar afanosamente. Na segunda quinzena de dezembro de 1895 entrou em negociação com um livreiro com o intuito de publicar a Arte de Escrita. Morreu no seu quarto, vítima de miocardite crónica, a 11 de janeiro de 1896. A missa de corpo presente foi celebrada na Basílica da Estrela no dia 15, tendo sido feito um grandioso cortejo formado por amigos e gente do povo que o amava profundamente. As autoridades decidiram sepultá-lo no Mosteiro dos Jerónimos onde jaziam os vultos da nação. A Arte de Escrita foi publicada pela Imprensa Nacional ainda em 1896, mas advertindo numa nota introdutória que se tratava duma edição póstuma e que João de Deus não tinha chegado a transmitir os motivos que o levaram a afastar-se dos processos seguidos nas outras artes caligráficas nacionais e estrangeiras. Em 1898 saiu uma edição póstuma de Prosas, uma compilação feita por Teófilo Braga de narrativas; cartas, prólogos e críticas; cartas sobre o método de leitura; cartas íntimas e artigos que João de Deus escreveu em jornais. Em 1914 foi publicada a Arte de Contas, obra começada por João de Deus e sistematizada e completada pelo seu discípulo Frederico Caldeira. A 1 de Dezembro de 1966 o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional.
  • 13. H I S T Ó R I A D A A S S O C I A Ç Ã O D E J A R D I N S - E S C O L A S J O Ã O D E D E U S
  • 14. A Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, fundada pelo mecenas Casimiro Freire, em 1882 (quando 80% da população portuguesa era iletrada), alfabetizou, desde a sua fundação até 1920, vinte e oito mil adultos e crianças. Jaime Cortesão escrevia: "O culto de João de Deus, esse, é mais íntimo, mas não menos produtivo. Em volta do nome do grande Lírico, autor da Cartilha Maternal, juntaram-se muitos professores, intelectuais, artistas e construtores que lançam os verdadeiros alicerces da Pátria". Em 1908, por proposta de João de Deus Ramos, filho do Poeta-Educador, passou a designar-se "Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escolas". Sentindo a necessidade de dar carácter mais amplo e perdurável à obra de instrução levada a cabo, João de Deus Ramos funda em Coimbra, no ano de 1911, o primeiro Jardim-Escola João de Deus. E esse exemplo frutificou. Até 1953, data do seu falecimento, João de Deus Ramos criou 11 Jardins-Escolas. Em 1917, foi inaugurado o Museu João de Deus, projeto de Escola-Monumento (da autoria de Raul Lino e hoje classificado património de interesse municipal). A partir de 1920, a Associação de Jardins-Escolas João de Deus enriqueceu o número de alfabetizados pelo Método João de Deus com mais cento e trinta e cinco mil seiscentas e quarenta crianças. Nesse ano, em 1920 iniciou-se o primeiro e durante largas décadas o único, curso de formação de Educadores de Infância em Portugal. Este curso tinha a designação de Curso de Didática Pré- Primária pelo Método João de Deus. Vinte anos depois, começa a funcionar um Curso de Auxiliares de Educação Infantil (que viria a ser extinto em 1980), no intuito de evitar que as crianças estivessem entregues a vigilantes sem preparação especializada.
  • 15. Exemplo de respeito pela obra desta Instituição (hoje Instituição Particular de Solidariedade Social - IPSS e anteriormente qualificada Pessoa Coletiva de Utilidade Pública Administrativa), dedicada à Educação e à Cultura, é, sem sombra de dúvida, a atitude de um dos principais apóstolos do salazarismo, o ministro Carneiro Pacheco, que, em 1936, decretou o encerramento das escolas do Magistério Primário, mas não se atreveu, dado o peso e o reconhecimento públicos desta Instituição, a encerrá-la, reconhecendo, por Decreto-Lei de 15 de Agosto de 1936, "... o respeitoso projeto de responsabilidade e honestidade dessa instituição". Foi este o reconhecimento público do trabalho de João de Deus Ramos, que de si próprio dizia ironicamente: Depois de João Sem-Medo e de João Sem-Terra, eis aqui o João Sem-Nome. Era nesta modéstia, que se revia o pedagogo que já à época defendia: "É preciso que o povo saiba ler e escrever, é preciso motivar os políticos para a execução desses princípios". Eleito deputado por duas vezes (em 1913 e 1915), João de Deus Ramos exerceu ainda os cargos de Governador Civil, de Ministro da Instrução Pública (1920) e de Ministro do Trabalho (1925). A criação, por diploma legal de 9 de novembro de 1988, da Escola Superior de Educação João de Deus, ministrando os cursos de Educadores de Infância e de Professores do Ensino Básico - 1.º Ciclo, representou novo ponto alto no historial da Instituição. A Associação de Jardins-Escolas João de Deus tem 8268 utentes nos 55 Centros Educativos distribuídos pelo país, cuja atividade se reparte por: 37 Jardins-Escolas, 7 Centros Infantis e Creche Familiar, 2 Ludotecas Itinerantes, 2 Museus, a Escola Superior de Educação João de Deus, os Projetos "Anos Ki Ta Manda" e GIP (Gabinete de Inserção Profissional) e o Centro de Acolhimento Temporário de Crianças e Jovens em Risco de Odivelas «Casa Rainha Santa Isabel». Em setembro de 2013 entrou em funcionamento o Jardim Escola João de Deus de Odivelas (valência de Creche, Pré- escolar, 1.º e 2.º Ciclo). Tem ao seu serviço 1261 funcionários, entre educadores, professores, auxiliares de educação e outros colaboradores.
  • 16. A C A R T I L H A M A T E R N A L
  • 17. A Cartilha Maternal foi publicada em 1877 e nesta altura, João de Deus já se tinha antecipado e advertido que "a primeira condição para ensinar por este método é o estudo da fala", desenvolvendo uma metodologia que, segundo ele próprio, se funda na língua viva, não apresenta os 6 ou 8 abecedários do costume, senão um, do tipo mais frequente, e não todo, mas por partes, indo logo combinando esses elementos conhecidos em palavras que se digam, que se ouçam, que se entendam, que se expliquem, de modo que, em vez do principiante apurar a paciência numa repetição néscia, se familiarize com as letras e os seus valores na leitura animada de palavras compreensíveis ". É falando e ouvindo, que as crianças conseguem segmentar as palavras que lhes interessam, e isto muito antes de serem capazes de as empregar em frases. Concebendo a aprendizagem da leitura na sequência da aprendizagem da linguagem oral, a análise e a síntese não são operações separadas, mas operações interiormente ligadas. Mas ao contrário do que acontece com a linguagem falada, a linguagem escrita tem especificidades que só a prática, sem reflexão, não consegue dominar. Uma das características da Cartilha é exatamente o tipo de impressão adotado nas lições. Apesar de todos os avanços tecnológicos, não conhecemos manuais escolares que proponham o que a Cartilha Maternal propôs, ao apresentar as palavras segmentadas silabicamente através do recurso ao preto/cinzento. Com este recurso a estruturas gráficas artificiais, a metodologia João de Deus recusa-se a tratar as sílabas independentemente das palavras em que estão inseridas. Para João de Deus este especto permite obter a decomposição das palavras sem quebrar a unidade gráfica e sonora das mesmas.
  • 18.
  • 19.
  • 20. O J A R D I M - E S C O L A : A C R I A Ç Ã O D E U M A T I P O L O G I A D E E S P A Ç O E D U C A C I O N A L A D A P T A D O À R E A L I D A D E P O R T U G U E S A D O P R I N C Í P I O D O S É C U L O X X
  • 21. No âmbito geral dos espaços pré-escolares e a origem do jardim-escola em Portugal, uma tipologia criada por João de Deus Ramos no início do século XX. A educação pré-escolar em Portugal nos finais do século XIX, foi fortemente influenciada pelas experiências europeias, constituindo a inauguração do primeiro Jardim Escola em 1911 o início da primeira ação programada e consistente de educação pré-escolar no país. A sua origem enraíza na criação da Associação de Escolas Móveis, a qual iniciou uma série de iniciativas de alfabetização por todo o país tendo-as, mais tarde, complementado com um programa de escolas infantis, que constituem um caso exemplar de concretização de um projeto educativo. O espaço arquitetónico idealizado por João de Deus Ramos e concretizado pelo arquiteto Raul Lino, revela uma originalidade relevante em relação aos exemplos europeus contemporâneos. Os espaços educativos para a infância ocupam um lugar relevante na sociedade contemporânea não só pela função social de guarda e cuidado das crianças, no período laboral dos pais, mas também pelo carácter formativo e de pré-escolarização que os caracteriza. Formalizados arquitetonicamente em edifícios vulgarmente designados por jardins-de-infância, tiveram a sua formação na primeira metade do século XIX com a infant school inglesa e a salle d’asile em França, destacando-se a formulação do conceito de kindergar-ten criado por Fröbel na Alemanha. Apesar de inicialmente os vários métodos e sistemas educativos destinados à educação pré-escolar, entretanto provenientes, apontarem para propostas edificadas com prevalência do espaço exterior no processo educativo, não se estruturou um modelo único de edifício pré-escolar, conduzindo estas pedagogias à criação de diversos edifícios que se autonomizaram organizando- se em várias propostas funcionais.
  • 22. Portugal não foi imune ao movimento da educação pré-escolar. Já em 1834, foi criada a Sociedade das Casas de Asilo da Infância Desvalida de Lisboa que implementou, ao longo do século XIX, doze casas de asilo que, embora de raiz essencialmente assistencial, não deixavam de constituir verdadeiros jardins-de-infância. A própria legislação de 1896 a ela se refere, incluindo Fröbel numa lista de pedagogos a estudar nos cursos de professores para o ensino elementar das escolas normais. Apesar do interesse revelado, as concretizações práticas resumiram-se a algumas iniciativas pontuais não se tendo estabelecido uma prática consequente e duradoura de construção de equipamentos pré-escolares. Só aconteceria em 1911, com a inauguração do Jardim Escola João de Deus em Coimbra (a Câmara Municipal de Coimbra facultou um terreno com uma superfície de 4800m2 e o projeto de arquitetura foi oferecido pelo arquiteto Raul Lino, segundo as orientações pedagógicas de João de Deus Ramos). No Relatório de Atividades de 1908, da Associação, pode ler-se: “Os Jardins-Escolas prestar-se-ão esplendidamente para habilitar melhor os nossos professores e facilitarão, como centros de propaganda, o desenvolvimento das bibliotecas populares, bem como a realização das palestras e leituras públicas com o auxílio de projeções luminosas. (...) e mais (...) desta sorte a Associação, além de contribuir esforçadamente para a extinção do analfabetismo, terá lançado as bases fundamentais de uma urgente reforma no processo de todo o ensino, começando como deve ser, pelo ensino de infância, o que se tornará motivo de legítimo orgulho para a nossa Associação e para o País. No meio de tanta desorientação em assuntos educativos, a obra nacional de João de Deus ficará firme, duradoura e utilíssima, como genuinamente nacional (...).” Jardim-escola João de Deus em Coimbra
  • 23. O Jardim-Escola João de Deus de Coimbra foi inaugurado a 2 de Abril de 1911 e custou cerca de 4500$000 réis. Os fundos foram conseguidos através de donativos, mas principalmente graças aos serões musicais organizados pelo orfeão académico de Coimbra, dirigido por António Joyce, que conseguiram juntar a fantástica soma de 1480$000 réis. João de Deus Ramos dando-lhe o nome do Pai cumpriu o seu dever de educador e de português. São os princípios pedagógicos que João de Deus defendeu sempre que inspiram a obra realizada, é a sua compreensão do que seja a educação e o ensino da criança que ali se vai encontrar: o carinho da família, o respeito pela espontaneidade infantil, o desenvolvimento gradual do raciocínio, apoiado sempre em noções concretas.), se iniciou um programa coerente de construção e funcionamento de ensino pré-escolar que, atravessando todo o século XX, chegou aos nossos dias. Este pioneirismo, conduzido pela Associação de Escolas Móveis, Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escolas, posteriormente designada por Associação de Jardins-Escolas João de Deus, atravessa todo o período da 1ª República e do Estado Novo. Só após a Revolução de 1974 o Estado, com a implantação do ensino infantil oficial, inicia uma fase de construção de jardins de infância que perdura nos nossos dias. Portugal de finais do século XIX apresentava uma taxa de analfabetismo relevante em comparação com outros países europeus. A Associação de Escolas Móveis, Bibliotecas Ambulantes e Jardins-Escolas, fundada por Casimiro Freire em 1882, tinha por objetivo promover a alfabetização com a utilização da Cartilha maternal do poeta João de Deus e por meio de escolas móveis; ações de alfabetização itinerantes por todo o território nacional, dependentes de deslocação de professores e cedência ou aluguer de instalações. Jardim-escola João de Deus em Coimbra atualmente
  • 24. Como surge então o programa pedagógico e construtivo dos jardins-escolas? Após o falecimento de João de Deus, seu filho, João de Deus Ramos assume, em 1908, a liderança da associação, visita várias escolas na Suíça e Itália, contactando com os métodos e espaços de ensino pré-escolar mais avançados na época. Nesse mesmo ano o arquiteto Raul Lino apresenta-lhe um projeto de escola maternal, posteriormente apresentado como jardim-escola. Terá, no entanto, sido o esboço apresentado na figura 2 o modelo apresentado para aprovação em assembleia da Associação, conforme referido posteriormente na ata de 29 de julho de 1909. João de Deus Ramos hesita na denominação das construções que se propõe levar a cabo: escola maternal ou jardim-escola, este dilema é apresentado num seu discurso de 1907 com o mesmo título. Infelizmente, só se conhece parte deste discurso, justamente aquela em que o tema do título não é referenciado. Crente na originalidade do seu propósito e incutido de um propósito nacionalista, João de Deus Ramos terá optado pela denominação de jardim-escola pela semelhança com as écoles maternelles francesas que o termo escola maternal evocava. Esboço de Raul Lino (1908) - projeto- tipo de uma escola maternal. Lápis e aquarela sobre cartolina.
  • 25. O projeto-tipo, ou meta projeto, já que se tratava de um modelo a ser adaptado às condições do local originando projetos originais embora com a mesma matriz funcional e tipológica, apresenta um grande espaço central, denominado de Museu, em torno do qual orbitam os espaços de ensino, cantina e sanitários. De realçar a inexistência de espaços administrativos, vestiários e uma cantina que engloba a própria cozinha. Primeiro Jardim Escola, Coimbra (1911): planta, grafo e esquema relacional de áreas. O primeiro projeto executado em Coimbra, já desenvolve outra complexidade de espaços em torno do Museu. A cozinha autonomiza- se da cantina e torna-se o primeiro espaço reservado ao adulto. As instalações sanitárias já não apresentam acesso direto pelo Museu e subdividem-se em espaço para lavatórios, retretes e banhos. Este modelo continua a ser utilizado com sucessivas alterações ou adições, pelo próprio Raul Lino e por outros arquitetos. O projeto para o Jardim Escola de Alvalade, o último a ser executado por Raul Lino, apesar da sua maior complexidade, mantém intactos os pressupostos estabelecidos no início do século 20, cerca de cinquenta anos depois de formulados.
  • 26. O projeto para o Jardim Escola de Alvalade, o último a ser executado por Raul Lino, apesar da sua maior complexidade, mantém intactos os pressupostos estabelecidos no início do século XX, cerca de cinquenta anos depois de formulados. Um espaço arquitetónico original? Será o modelo do jardim-escola uma criação original? Ou parte de um tipo de construção pré-escolar já existente no seu tempo? A legislação de 1896, anteriormente citada, nomeia para o ensino infantil três tipos: as escolas infantis, os jardins de infância e as escolas maternais. Nessa época, a obra mais conhecida que aborda as construções escolares de finais do século XIX e princípios do século XX é Les construcions scolaires en Suisse, do arquiteto Henry Baudin (1907), na qual o autor estabelece os princípios funcionais preconizados para os edifícios escolares, apresenta exemplos e realiza um levantamento deste tipo de edifícios construídos na Suíça. Sabemos que João de Deus Ramos não só teve conhecimento das viagens efetuadas por outros ao estrangeiro como encetou, ele próprio, várias visitas com o objetivo de conhecer os programas e os espaços pedagógicos destinados à infância, sendo a mais significativa à realizada em 1908 à Itália e Suíça. Dessa viagem terá João de Deus Ramos trazido um exemplar da anteriormente citada obra do arquiteto Henry Baudin, onde não encontrámos qualquer tipo de construção onde houvesse um espaço educativo central, característica do modelo dos jardins-escola. Já anteriormente, em 1907, João de Deus Ramos tinha acompanhado João de Barros numa visita à Institutión Libre de Enseñanza de Madrid, onde certamente contactou com a realidade do ensino pré escolar em Espanha e com a obra da sua figura mais exemplar – Pablo Montesino, mas os modelos de escola que observámos não apresentam qualquer semelhança com a proposta de João de Deus Ramos e Raul Lino. Também no modelo de instalações para as escolas maternais francesas do início do século XX não se vislumbram aspetos que possam sustentar ter sido o modelo dos Jardins Escolas nele inspirado, apesar do primeiro projeto de Raul Lino para Coimbra apresentar uma designação inicial de escola maternal.
  • 27. Teria sido o arquiteto Raul Lino o criador do modelo? Certamente foi ele que o corporizou em desenho. Na altura Raul Lino era um jovem arquiteto com pouca experiência de projeto mas, conforme sintetiza Michel Toussaint Pereira, a sua proposta de uma Casa portuguesa, arquitetura ligada à natureza e à tradição popular contrariava as propostas beauxartianas na moda e entrava em consonância com as atitudes nacionalistas e ideias de João de Deus Ramos de um método e de uma escola portuguesa. Raul Lino teve a sua formação junto do arquiteto alemão Albrecht Haupt, de cujo espólio fomos informados não constar qualquer construção escolar, pelo que se pode colocar a hipótese de ter sido João de Deus Ramos a sugerir o programa de espaços, recusando liminarmente a existência de corredor, propiciador de vigilâncias antipáticas, segundo testemunha a sua filha Maria da Luz (Azevedo, 1997). Sustenta ainda esta hipótese a afirmação de João de Barros (1911) de que o jardim-escola é uma escola infantil genuinamente portuguesa e de que já nos tempos de Coimbra (1897-1902), o jovem colega e amigo com ele debatia as questões do ensino acreditando no “educar desde a infância”. Embora não se tenha encontrado prova irrefutável da originalidade do modelo arquitetónico do Jardim Escola, todos os indícios encontrados nos levam a considerar como válida a hipótese de ser de facto uma criação original de João de Deus Ramos que concebe um projeto pedagógico baseado na Cartilha Maternal e complementado com métodos inspirados em Maria Montessori e Fröbel, criando em simultâneo, pela mão de Raul Lino, o correspondente espaço arquitetónico original. “As paredes mestras também são mestras”, como gostava de referir. Raul Lino
  • 28. F U N D A M E N T O S
  • 29. Fundamenta a sua pedagogia em três princípios básicos: Criar um ambiente harmonioso, de paz e tranquilidade, capaz de fomentar um clima que permita trabalhar em boas condições. Sendo de primordial importância a criação de um ambiente de simpatia, no verdadeiro sentido da palavra, baseado em equilibradas relações entre todos os que aí exercem funções. Essas relações devem ser norteadas por um profundo respeito entre todos e englobará primordialmente a criança. Só assim se fortalece um verdadeiro sentido de escola no seu mais elevado e extenso conceito; Instituir a tolerância de crenças e convicções, que devem ser respeitadas, quando não colidam com o funcionamento geral da instituição. Este princípio tem a ver com um conceito de liberdade responsável; Fomentar o gosto pelo trabalho quando bem distribuído, e permitir a sua realização em boas condições. Este aspeto é muito importante para adultos e crianças e será um dos hábitos que podem favorecer a integração num futuro escolar e profissional evitando possíveis e indesejáveis marginalizações. O Jardim-Escola João de Deus enquanto instituição escolar pretende ser inclusiva, respeitando as diferenças e não sacrificando a criança no altar de uma padronização artificial. Os princípios base acima referidos representam as condutas gerais que competirão a todos (adultos e crianças) cumprir e respeitar, pois unificam os fundamentos da obra João de Deus. Deste modo, pretende formar e educar cidadãos livres, responsáveis e solidários, membros de uma sociedade que todos desejamos mais justa, feliz e verdadeira, permitindo-lhes a aquisição das capacidades, conhecimentos e valores que os ajudem a alcançar sucesso na vida.
  • 30. R O T I N A D I Á R I A
  • 31. Acolhimento, Exercícios de movimento e de relaxamento, Higiene / almoço, Atividades de recolha livre (preparadas nas salas), Jogos de mesa, recreio/repouso, Tema de vida, Exercícios de memoria visual, Atividades de expressão e trabalhos manuais Começam sempre as manhãs na Roda das Canções. Durante o acolhiment o cantam, fazem jogos e danças acrobáticas Exercícios de relaxamento (ouvir uma historia e ouvir musica) Almoço
  • 32. Jogos de mesa Recreio Atividades de expressão Trabalhos manuais
  • 33. O R G A N I Z A Ç Ã O D E E S P A Ç O E M A T E R I A I S
  • 34. Existe um bom ambiente físico e humano com decoração simples mas onde a arte tem presença. Valoriza-se uma arquitetura funcional e atraente de características nacionais e regionais em que a identidade cultural é valorizada. Existem diversos materiais para as atividades programadas em cada dia: para a educação sensorial, preceptiva, motora, física Integrando ainda materiais naturais recolhidas pelas crianças no recreio e /ou nos passeios; materiais para os trabalhos manuais e atividades plásticas, livros, imagens e toda a documentação necessária para os «temas de vida»; materiais de apoio para aprendizagem da matemática como cuisinaire, blocos lógicos, tangram, calculador multibásico, DONS DE FROBEL. Para os mais pequenos existem materiais para imitar, para aprender a viver e a integrar-se no meio social: a loja, a casa das bonecas e os jogos de transito. Cuisinaire Blocos lógicos Tangram Calculador multibásico Ou Abaco
  • 35. E S T R A T É G I A S
  • 36. Para cumprir a missão e os objetivos enunciados no seu projeto educativo a ESEJD (Escola Superior de Educação João de Deus) definiu um conjunto de estratégias para implementar anualmente, que respondem também ás perceções e informações das analises SWAT que fazem parte do diagnostico organizacional promover um clima agradável na ESEJD em que os estudantes se sintam num ambiente familiar, promovendo o bem estar pessoal coletivo dinamizar a criação de cursos para responder as necessidades da comunidade, de acordo com os objetivos da instituição. Promover a investigação e a sua divulgação e o desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores docentes e não docentes garantir a qualidade do ensino proceder a autoavaliação semestral e anual com vista á melhoria continua da instituição divulgar o processo de autoavaliação da ESEJD. Promover e realizar visitas de estudo em território nacional e no estrangeiro difundir a informação permanente e atualizada no site da ESEJD promover estágios intensivos e contacto com diferentes realidades educativas em Portugal e no estrangeiro, para além do estipulado no curriculum das unidades curriculares de IPP e PES desenvolver o programa tutoriais aos alunos promover a viagem de finalistas, apetrechar continuamente o espolio das bibliotecas com a aquisição de obras propostas pelos docentes das diferentes unidades curriculares. “António Ponces de Carvalho” António Ponces de Carvalho Bisneto de João de Deus E atual Presidente da Direção da Associação de Jardins-Escolas João de Deus
  • 37. A V A L I A Ç Ã O
  • 38. Avaliação de João de Deus Os educadores planeiam diariamente de acordo com os objetivos para cada grupo etário e a avaliação que realizam é feita tendo em conta a individualidade de cada criança e a programação efetuada. A avaliação em educação é um elemento integrante e regulador da prática educativa, em cada nível de educação e ensino, implica princípios e procedimentos adequados ás suas especificidades . O currículo em educação de infância é concebido e desenvolvido pelo educador, através da planificação, organização e avaliação do ambiente educativo, bem como as atividades e projetos curriculares, com vista á construção de aprendizagens integradas.
  • 39. E S C O L A S
  • 40. O Jardim-Escola João de Deus nasceu no Entroncamento por iniciativa de algumas famílias que conheciam a instituição. No dia 11 de janeiro de 1971 foi inaugurado o espaço de Jardim-Escola e Ensino Básico. O Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines é uma Instituição Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos, que abriu as suas portas em 1985 e cuja Entidade Proprietária é a Associação de Jardins-Escolas João de Deus. Foi inaugurado oficialmente em 8 de março de 1986, por se tratar do dia do aniversário de João de Deus, o seu patrono. O Arquiteto Raul Lino projetou em 1913 o jardim-escola João de Deus de Alcobaça e é o 3º mais antigo do Pais. O jardim -escola João de Deus de Mortágua foi fundada por Casimiro Freire em 1882.
  • 41.
  • 42. AS CORES DOS BIBES Bibe Amarelo - Viveirinho (3 anos) Bibe Encarnado - Viveiro (4 anos) Bibe Azul - Pré-Primária (5 anos) Bibe Castanho - 1º ano Bibe Verde - 2º ano Bibe Azul Claro liso - 3º ano Bibe Azul Escuro liso - 4º ano Camisola Verde - 5º ano Camisola Azul Escuro - 6º ano
  • 43. Somos os filhos de João de Deus, Somo anjinhos que cantam nos céus Vamos p’ra aula a brincar Aprender sem se notar E a brincar a brincar já sei o A E I O ….. O recreio é sempre no meio Da lição Que enche o coração. HINO JOÃO DE DEUS Somos crianças cheias de alegria Nossas mãozinhas já têm magia Já fiz um carro de barro Um coração de cartão E a brincar a brincar Já sei o A E I O,… O encanto do Jardim - Escola é saltar, rir e Jogar à bola. Findou o dia vamos regressar Vestir casacos vamos para o lar Lá nos espera também Outro regaço, o da mãe Para beijar e ouvir Dizer o A E I O… Os meninos Serão sempre teus P’la vida fora JOÃO DE DEUS.
  • 45. R E G G I O E M I L I A
  • 46. Os moradores da cidade de Reggio Emilia, no norte da Itália, hoje com 170 mil habitantes, encontraram, após a II Guerra Mundial, uma cidade de escombros e junto dela, a necessidade de reconstruir as suas vidas. Uma parte dos cidadãos decidiu então que a melhor forma de reconstruir o tecido social, cultural e político da comunidade seria o caminho de construir uma escola com as próprias mãos. Da necessidade do cuidado dos pequenos, vislumbrou-se o cuidado da cidade inteira. Os detritos dos tempos idos virou matéria prima para a construção do novo. Com a venda de metais velhos, restos de bombas e construções abandonadas, começou a ser construída a velha creche. Um jovem pedagogo, chamado Loris Malaguzzi, inspirado pelas ideias novas de Jean Piaget, Lev Vygotsky, John Dewey e Maria Montessori, passava de bicicleta pelo local e encantou-se com o que viu. Começou assim o processo de construção da rede de escolas infantis e creches de Reggio Emilia. Hoje já são mais de 13 creches e 21 pré-escolas na cidade, contemplando 40% da rede pública do município, com o apoio da Fundação Reggio Children e do Centro Internacional Loris Malaguzzi.
  • 47. A abordagem de Reggio Emilia é uma filosofia educacional e pedagogia focada na educação pré- escolar e primária. Esta abordagem é um currículo autoguiado construtivista e centrado no aluno que usa a aprendizagem experiencial autodirigida em ambientes orientados para o relacionamento. O programa é baseado nos princípios de respeito, responsabilidade e comunidade por meio da exploração, descoberta e jogo. No cerne desta filosofia está o pressuposto de que as crianças formam a sua própria personalidade durante os primeiros anos de desenvolvimento e que são dotadas de "uma centena de línguas", através das quais podem expressar as suas ideias. O objetivo da abordagem de Reggio é ensinar as crianças a usar essas linguagens simbólicas (por exemplo, pintura, escultura, teatro) na vida cotidiana. Atualmente, tal metodologia tem sido importante na integração de famílias de imigrantes no país, pela ampla participação conferida à família no processo. “[O método baseia-se] no acolhimento das diferentes culturas, religiões, de pertencimento, da noção de que o ser humano é diferença, diferença que porta um valor em si e um contexto educativo que pode acolher todos”, afirma a coordenadora da Reggio Children, Cláudia Giudici. A estrutura física da escola também é pensada na procura de um ambiente educativo e lúdico, fazendo com que o espaço seja considerado “um terceiro professor”. A cozinha, por exemplo, fica logo na entrada das unidades e é transparente aos demais cômodos, sugerindo a não-divisão dos potenciais educativos. Dialogando com tal perceção está também o papel ativo de todos os membros da comunidade escolar na aprendizagem. Além dos coordenadores pedagógicos e dos professores, os responsáveis pela comida são vistos como educadores e as crianças são incentivadas a interessarem-se por aquilo que estão a comer, tendo um papel ativo até na preparação dos alimentos. A Reggio Emilia também conta com atelieres, que propõe atividades diversas, dentro das suas áreas de atuação, para trabalhar com diferentes linguagens.
  • 48. Loris Malaguzzi Loris Malaguzzi nasceu a 23 de fevereiro de 1920, na concelho de Correggio, localizada a 20 quilómetros de Reggio Emilia – ou a 70 quilómetros de Bolonha, Itália. Em 1940, depois de se formar em Pedagogia na Universidade de Urbino, começou a dar aulas nas escolas primárias da região (1941-1943 em Sologno). Foi assim até o fim da guerra, quando soube do movimento de Reggio Emilia. Ao pedalar até o local onde as famílias construíam a escola, em 1946, encontrou duas mulheres a martelar de forma persistente o cimento velho dos tijolos retirados das casas bombardeadas. Malaguzzi pôde confirmar que, que se construía uma escola com as sobras da guerra – e sem interferência de engenheiros, governantes ou burocratas. As ferramentas usadas pelas mulheres, fazendeiros e trabalhadores voluntários (os homens só iam à obra à noite e aos sábados) foram adquiridas com a venda de seis cavalos, três camiões e um tanque de guerra abandonado pelos alemães. A terra foi doada por um fazendeiro; a areia vinha do rio.
  • 49. Cem linguagens Mas os caminhos da representação simbólica não estão contidos apenas nos campos já delineados pela arte e pela ciência. Para exemplificar a metodologia, Malaguzzi escreveu o poema “As Cem Linguagens das Crianças”, no qual propõe as infinitas possibilidades de expressão do ser humano na primeira idade. A partir desta conceção, destacam-se nas escolas de Reggio Emilia o papel de protagonista da criança na sua educação, proporcionando controle sobre as direções da aprendizagem. Para isso, prioriza-se a “experiência real” antes do estabelecido. As crianças devem poder tocar, sentir, fazer, relacionar-se e explorar o que está a sua volta, para se conhecerem a si mesmas e ao mundo no qual estão inseridas. “A mente da criança e do ser humano é multidisciplinar. Portanto, se observo a criança quando ela conhece, tenho de volta esse modo de conhecer”, analisa Claudia Giudici. Dentro da rotina escolar, também é valorizado o trabalho em pequenos grupos, que acontece muitas vezes – independentemente dos anos. Ao fim do dia, os resultados são divididos pelos grupos numa assembleia, onde a participação de todos é encorajada. “Acho que formamos indivíduos críticos, que veem o mundo de várias formas, construindo as suas ideias com a comunidade e com suas próprias subjetividades”, afirma Madalena Tedeschi, coordenadora de uma das unidades.
  • 50. As cem linguagens da criança A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos cem pensamentos cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem, sempre cem modos de escutar de maravilhar e de amar. Cem alegrias para cantar e compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar. Dizem-lhe: de descobrir um mundo que já existe e de cem roubaram-lhe noventa e nove. Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho a realidade e a fantasia a ciência e a imaginação o céu e a terra a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. Dizem-lhe enfim: que as cem não existem. A criança diz: Ao contrário, as cem existem. As cem linguagens da criança A criança tem cem linguagens (e depois cem, cem, cem) mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça de escutar e de não falar de compreender sem alegrias de amar e de maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.
  • 51. A pedagogia criativa em jardins de infância públicos de Reggio Emilia, foi inaugurada em 1981 no Museu moderno em Estocolmo, Suécia. Como resultado, o Grupo Nacional de Trabalho e Estudo sobre Centros de Crianças Pequenas foi formado. Em 1991, a Newsweek relatou que as escolas de Reggio Emilia estavam entre os melhores sistemas escolares do mundo. A 24 de maio de 1994, a organização sem fins lucrativos Friends of Reggio Children International Association foi fundada para promover o trabalho de Loris Malaguzzi e para organizar o desenvolvimento profissional e eventos culturais em torno dessa abordagem. Em novembro de 2002, durante a conferência anual da Associação Nacional para a Educação de Crianças Pequenas em Chicago, a North American Reggio Emilia Alliance foi formalmente estabelecida. Em 2003, o município de Reggio Emilia optou por administrar o sistema e a rede de serviços escolares e centros infantis, formando o Istituzione Scuole e Nidi d'Infanzia. Isso permitiu que escolas e pré-escolas municipais tivessem programas e atividades independentes inspirados em Reggio, com o apoio do governo italiano. Em fevereiro de 2006, o Centro Internacional Loris Malaguzzi foi estabelecido em Reggio Emilia, como um ponto de encontro para o desenvolvimento profissional e um centro de pesquisa para a filosofia Reggio. Em 29 de setembro de 2011, a Fundação Reggio Children- Loris Malaguzzi Center, sem fins lucrativos, foi criada no Centro Internacional Loris Malaguzzi para promover “educação e pesquisa para melhorar a vida de pessoas e comunidades, em Reggio Emilia e no mundo”.
  • 52.
  • 53. A filosofia Reggio Emilia é baseada no seguinte conjunto de princípios:  As crianças devem ter algum controle sobre a direção da sua aprendizagem;  As crianças devem ser capazes de aprender por meio de experiências de tocar, mover, ouvir e observar;  As crianças têm um relacionamento com outras crianças e com itens materiais do mundo que devem ser autorizados a explorar;  As crianças devem ter infinitas maneiras e oportunidades de se expressar.
  • 54. A abordagem de Reggio Emilia para ensinar crianças pequenas coloca o desenvolvimento natural das crianças, bem como as relações íntimas que compartilham com o seu ambiente, no centro da sua filosofia. A base da abordagem de Reggio Emilia reside na sua visão única da criança: promover a educação dos alunos mais jovens para promover a melhor integração possível entre as "100 línguas" das crianças. Nessa abordagem, acredita-se que as crianças têm direitos e devem ter oportunidades de desenvolver o seu potencial. As crianças são consideradas “portadoras de conhecimento”, por isso são incentivadas a compartilhar os seus pensamentos e ideias sobre tudo o que poderiam encontrar ou fazer durante o dia. “Influenciada por essa crença, a criança é vista como bela, poderosa, competente, criativa, curiosa e cheia de desejos potenciais e ambiciosos.” A criança é vista como um construtor ativo de conhecimento. Em vez de ser vista como alvo da instrução, as crianças são vistas como tendo o papel ativo de um aprendiz.
  • 55. Esse papel também se estende ao de pesquisador. Grande parte da instrução nas escolas Reggio Emilia ocorre na forma de projetos onde eles têm oportunidades de explorar, observar, formular hipóteses, questionar e discutir para esclarecer seu entendimento. As crianças também são vistas como seres sociais e o foco é feito na criança em relação às outras crianças, a família, os professores e a comunidade, em vez de cada criança isoladamente. Eles são ensinados que o respeito por todos os outros é importante porque todos são uma “agência subjetiva” enquanto existem como parte de um grupo. Muito do que ocorre na aula reflete um construtivista abordagem à educação infantil. A abordagem de Reggio Emilia desafia algumas conceções de competência do professor e prática adequada ao desenvolvimento. Por exemplo, os professores em Reggio Emilia afirmam a importância de ser confundido como um contribuidor para a aprendizagem; assim, uma estratégia importante de ensino é permitir que erros aconteçam propositalmente ou iniciar um projeto sem uma noção clara de onde ele pode terminar. Outra característica contrária às crenças de muitos educadores ocidentais é a importância da habilidade da criança de negociar no grupo de pares. Um dos aspetos mais desafiadores da abordagem de Reggio Emilia é a solicitação de vários pontos de vista sobre as necessidades, interesses e habilidades das crianças e a fé simultânea nos pais, professores e crianças para contribuir de maneiras significativas para a determinação das experiências escolares . Os professores confiam em si mesmos para responder apropriadamente às ideias e interesses das crianças, confiam que as crianças se interessem por coisas que valem a pena conhecer e confiam nos pais para serem membros informados e produtivos de uma equipe educacional cooperativa. O resultado é uma atmosfera de comunidade e colaboração apropriada ao desenvolvimento tanto para adultos quanto para crianças.
  • 57. Lembramos que, embora haja um grande número de atividades sensoriais que podem ser feitas na caixa ou na mesa de luz, esse não é um material Montessori. Na realidade, é uma das atividades estrela da pedagogia Reggio Emilia. Em contato com a luz, a criança explora os materiais, as suas texturas, formas e cores. Dedicamos um texto para explicar o que é a caixa ou mesa de luz, os seus benefícios para o desenvolvimento da criança e os materiais. Na pedagogia Reggio Emilia, a criança como protagonista da aprendizagem. Ela é um sujeito dotado de capacidades para experimentar o mundo por si mesmo.
  • 58. Bolsas sensoriais para caixa de luz As bolsas sensoriais são atividades para bébés e para crianças de inspiração Montessori. A partir do uso de bolsas de congelação, a criança pode ter contacto com um sem fim de objetos do cotidiano. São ideais para favorecer o contacto sensorial com peças pequenas que não poderia tocar diretamente pelo perigo de levá-las à boca. Como dissemos, as bolsas sensoriais podem conter um sem fim de coisas. Entre elas estão os líquidos.
  • 59. O que é a escala Cuisenaire? A Escala Cuisenaire foi criada pelo professor Georges Cuisenaire nos anos 50. É o recurso educativo mais utilizado por professores e famílias que apostam pelo uso de material manipulativo para trabalhar conceitos matemáticos com crianças e adolescentes. O que é, para que serve, para que idade é recomendada e várias ideias de atividades para trabalhar com as crianças. O objetivo central da Escala Cuisenaire é trabalhar as quantidades e mostrar como calcular com ajuda de barrinhas de várias cores e tamanhos que vão do 1 ao 10. A barrinha que representa o 1 mede 1 cm x 1 cm, a que representa o 2 mede 2 cm x 2 cm… e assim até o 10. Através desse material sensorial feito de madeira, as crianças aprendem múltiplos conceitos, tais como a decompor os números e a realizar cálculos de uma maneira muito simples. Por se tratar de um material manipulativo, a aprendizagem dá-se através da estimulação da memória visual, tátil e auditiva que proporciona a manipulação das barrinhas.
  • 60. Para que serve a escala Cuisenaire? As barras Cuisenaire podem ser utilizadas para ensinar uma variedade de conceitos matemáticos e ajudam a desenvolver várias capacidades do pensamento lógico-matemático. As barrinhas podem ser utilizadas para aprender:  a quantidade  a equivalência  as quatro operações matemáticas básicas  as frações  a área  a raiz quadrada  o teorema de Pitágoras  a potência  a resolução de equações simples  os sistemas de equações  …
  • 61. Esse recurso de manipulação matemática pode ser trabalhado com crianças a partir dos 3 anos, sobretudo para evitar que levem as peças menores à boca. Mas, se feito sob supervisão de um adulto, não há problemas para começar antes. Ainda assim, é a partir dos 5 a 6 anos e até aos 12 quando mais proveito a criança pode tirar do material. Contudo, o fato de já estar familiarizado com as barrinhas Cuisenaire e as suas representações podem ajudá-lo a entender mais facilmente os conceitos ensinados. Também pode ser utilizado por adultos para que compreendam melhor os números e facilite a transição para o cálculo mental. A partir de que idade podemos utilizar as barrinhas de Cuisenaire e até quando?
  • 62. Atividades com a escala Cuisenaire  Jogo livre (serve para as crianças terem o primeiro contato com a escala)  Trabalhar a memória (serve para as crianças aprenderem de memória a correlação entre cores e números)  Jogos de reconhecimento das dimensões (serve para as crianças reconhecerem as peças através do tato)  Jogos de memória (serve para as crianças memorizarem o valor de cada barra)  Jogos numéricos (serve para as crianças aprenderem que cada cor corresponde a um valor, a partir da observação em escada das peças, visualizando a sequencia numérica de 1 a 10)  Jogo do banqueiro (as crianças tiram uma das peças ao calhas, e depois têm de trocar por outras peças que perfaçam esse mesmo valor)  Decomposição de números “jogo do comboio” (usar varias peças para perfazer o comprimento de uma, unindo as peças pelas suas extremidades fazendo um comboio)  Adição  Subtração  Multiplicação  Divisão  Construir figuras  Arrumar as peças na caixa (assim as crianças podem arrumar as peças da maneira que entenderem, por cor ou tamanho)
  • 64. O objetivo é construir e organizar ambientes que deem oportunidade às crianças de:  Expressar o seu potencial, suas aptidões e sua curiosidade;  Explorar e pesquisar sozinhas e com os outros, tanto colegas quanto adultos;  Perceber a si mesmas como construtoras de projetos e do projeto educativo geral levado a cabo pela escola;  Reforçar as suas identidades, autonomia e segurança;  Trabalhar e se comunicar com os outros;  Saber que suas identidades e sua privacidade serão respeitadas.
  • 66. A organização diária do tempo não é regulada exaustivamente. Várias possibilidades tendo em atenção o Respeito pelo tempo de Interação e ritmo da criança:  Acolhimento;  Planificação em grupo;  Atividades e projetos;  Intercâmbio em grupo (de aprendizagens feitas)  Almoço;  Atividades e projetos;  Reunião de grupo (avaliação) Planificação em grupo Almoço Reunião de grupo Acolhimento
  • 68. Escolas de Inspiração Reggio Emilia em Portugal Esta é de facto uma Pedagogia que vai ganhando terreno a nível mundial. Após ter sido reconhecido, nos Estados Unidos, como o sistema educacional infantil mais admirável do mundo em 1991, o seu reconhecimento tem sido ascendente. No entanto, em Portugal ainda são muito poucas as escolas que se podem dizer que verdadeiramente procuram aplicar os ensinamentos desta abordagem: - Colégio “Vem Brincar” - Colégio “Cubo Mágico” O Colégio Infantil Cubo Mágico, constituído por creche e jardim de infância, é um projeto de família criado para as famílias Nasce do desejo e do sonho de criar um espaço educativo diferente, onde as crianças são escutadas, respeitadas e desafiadas, para que possam construir as suas aprendizagens e, crescer rodeadas de valores e estímulos que as ajudem a desenvolver todo o seu potencial.
  • 70. As escolas que implementam a filosofia de Reggio Emilia estão focadas em projetos, na metodologia de trabalho de projeto. Algo que começa agora a ser implementado em escolas primárias e secundárias vem desta metodologia. As salas de aula e as rotinas desenvolvem-se em função do que interessamotiva as crianças. Quando uma criança pergunta algo, o educador, ao invés de dar a resposta correta, motiva as crianças a investigar e encontrar a resposta iniciando-se assim um projeto com uma ou mais crianças. Os educadores, além de documentar a evolução de cada criança em papel, também gravam vídeos e tiram fotografias que demonstrem as aprendizagens de cada criança. Esta documentação pedagógica que retrata evidências de aprendizagens da criança podem ser organizadas intencionalmente num portfólio. Reggio Emilia promove o desenvolvimento de competências sociais, cooperativas e colaborativas, e habitua as crianças desde cedo a trabalhar em grupo. É muitas vezes em grupo que a criança encontra soluções, resolve conflitos e desenvolve capacidades de análise e síntese. A escola é considerada um organismo vivo, um lugar que tanto as crianças como os educadores aprendem uns com os outros, colaboram nas tomadas de decisão e onde o conhecimento se adquire pela experimentação.
  • 71. O espaço da sala de aula e da própria instituição ocupa também um lugar primordial nesta filosofia, pois atua como um terceiro educador, já que se entende que o simples uso do espaço promove relações, comunicações e encontros. Por isso, nos colégios Reggio Emilia cuida-se muito dos espaço, que estão sempre repletos de exemplares de trabalhos feitos pelas crianças, fotografias, etc. Outro aspeto muito importante sobre a filosofia Reggio Emilia é a de que a criança possui múltiplas linguagens e deve usar todas no seu processo de aprendizagem. No bem conhecido livro “As Cem Linguagens da Criança”, Malaguzzi explica muito bem este conceito bem como de que forma a arte é utilizada como principal veículo de formação do conhecimento. Em suma, todos os modelos pedagógicos apresentados referem a criança como centro da educação e como ser ativo na construção da sua própria aprendizagem. Ao educador cabe a responsabilidade de observar os interesses e necessidades de cada criança e preparar espaços, rotinas e apoiar projetos que respondam em conformidade com essas mesmas observações.
  • 73. A avaliação nos conceitos Reggio Emilia é com foco de aprendizagem e no aluno, não em modelos prontos e sistematizados. Portanto, o professor observa a jornada da criança, de uma forma mais individualizada. A valorização da expressão artística faz com que as escolas de Reggio Emilia tenham um “artista" com o propósito de instigar os estudantes nas diferentes formas de expressões. Portanto uma escola com a abordagem Reggiana estabelece um diálogo com as visitas através das paredes (desenhos, fotos, decorações, etc...). O Educador faz sempre questionamentos para os estudantes. sendo fundamental muita sensibilidade e apropriação do que está a ser feito. Assim há a valorização do estudante como protagonista do processo de ensino de aprendizagem.
  • 75. Camp in Reggio Emilia Nasce a 14 de Setembro de 2015 o CIRE, em Alcochete, um lugar onde as Crianças podem viver a sua verdadeira Infância.
  • 76. As ementas são adaptadas conforme a faixa etária e possíveis restrições alimentares de cada criança (como dieta vegetariana e acompanhamento em casos de alergias e intolerâncias) FRANGO PANADO SAUDÁVEL Ingredientes: ● 4 filetes de frango ● 1 ovo ● ½ chávena de flocos de aveia finos ● ½ chávena de farinha de trigo integral ● Orégãos ● Sal e pimenta (a gosto) Modo de Preparação: Num prato fundo misture a aveia e a farinha de trigo integral e os orégãos. Num outro prato fundo coloque o ovo e bata levemente. Tempere os filetes com sal e pimenta a gosto, passe no ovo e depois na farinha. Coloque os filetes numa assadeira antiaderente untada e asse no forno pré-aquecido a 200 graus por 20 a 25 minutos, dependendo da espessura do filete.