O documento descreve a história do teatro de revista em Portugal desde suas origens no século XV até os dias atuais. Apresenta como o gênero surgiu em Paris no século XVIII e chegou a Portugal no século XIX, ganhando popularidade no século XX, especialmente no Parque Mayer em Lisboa. Detalha os principais teatros que apresentaram revistas e figuras importantes que promoveram o gênero.
2. O Aparecimento do
Teatro de Revista
◦ Foi em 1715 que a primeira representação deste estilo de
teatro de revista no mundo aconteceu, com a peça "A
Cintura de Vénus", em Paris.
◦ Este género de expressão teatral em Portugal, pode
considerar-se remontar a Gil Vicente (1465 - 1536), em
que a crítica e a sátira social estavam presentes em muitas
das suas obras teatrais, nomeadamente nos Autos.
3. A REVISTA EM
PORTUGAL
◦ O Teatro de revista chega a Portugal no século XIX
mas foi no sec. XX que teve mais sucesso devido ao
Estado Novo.
◦ A primeira revista à portuguesa subiu ao palco do
extinto Teatro Gymnasio, a 11 de janeiro de 1851, sob
o título de "Lisboa em 1850"
◦ Foi nos meados do século XIX que se fez tradição do
teatro de revista em Portugal.
◦ O teatro era dos poucos locais onde era possível
existir alguma liberdade de expressão apesar de
muitas ações de censura. Após a revolução de abril
esta liberdade foi finalmente conseguida e não mais
censurável e este aspeto ditou em parte a
decadência do teatro de revista..
4. A designação deste género teatral, aponta desde logo a
expressão de conteúdos a nível de texto, pois trata-se de uma
evocação, memorização ou descrição dos eventos sociais e
políticos relevantes passados em determinada época. Daí, a
designação tradicional, aplicada ainda em meados do século
passado, de "Revista do ano".
Em 1908 Sousa Bastos, ele próprio autor de Revistas, propõe
uma definição deste género teatral, segundo este, era a
classificação que se dá a certo género de peças em que o autor
critica costumes dum país ou duma localidade, ou então faz
passar à vista do espectador todos os principais acontecimentos
do ano findo, tais como revolução, grandes inventos, modas.
O Que é a Revista
Portuguesa
5. Teatros
◦ Muitos teatros de Lisboa, alguns já desaparecidos, foram palco deste tipo
de representação desde o final do século XIX até meados do século XX.
◦ O Theatro da Rua dos Condes estreia a Revista "Zás Trás" em finais dos
século XIX e em 1898 "Agulhas e Alfinetes".
◦ O Theatro Avenida estreia a Revista "Prá Frente" em 1906 e em 1912 o
grande êxito a Revista "CóCóRóCóCó".
◦ O Theatro Phantastico estreia uma das suas primeiras Revistas "Já te Pintei"
em 1908.
◦ No Theatro Apollo estreou-se a "Agulha em Palheiro“.
◦ Em 1911 estreia "Arre Que é Burro", no Theatro Moderno e mais tarde em
1913 "Os Gorostescos“.
◦ O Teatro Paraíso de Lisboa, na Rua da Palma, estreou a Revista "Cale-se"
em 1912.
◦ O Teatro da Trindade foi palco de "As Cartolinhas e os Adelaides "estreado
em outubro de 1915 e "Feira da Luz" estreado em 1930.
◦ No Eden Teatro também se representaram "O Novo Mundo" em 1919
e mais tarde, no mesmo ano a Revista "Cabaz de Morangos".
6.
7. O Parque Mayer “nasceu” de uma partilha familiar do
palacete Mayer e dos seus jardins.
Artur Brandão, primeiro promotor do Parque Mayer,
adquiriu-o em 1920.
Luís Galhardo, jornalista, escritor e empresário,
juntamente com outros 10 sócios comprou o Parque
Mayer em 1921
Parque Mayer, inaugurado a 15 de junho de 1922,
tornou-se num local mítico.
Dos primeiros espaços com luz elétrica, dentro do recinto
do Parque Mayer, foram construídas casas de
espetáculos que acabaram por se especializar no teatro
de revista, tendo sido contruídos também outras atrações
de caracter lúdico, como restaurantes teatros de
fantoches (ou robertos), barracas de “tirinhos”, fotógrafos
e carroceis, o que fazia com que se juntasse muito
publico. Em 1930, depois de algumas obras de
melhoramento, foi instalado o pórtico de entrada,
ficando marcado desde então o nome Parque Mayer. o
Parque Mayer foi-se tornando, aos poucos, um sítio
carismático de diversão e boémia na cidade de Lisboa.
Nos anos 30, começou por funcionar com diversões
várias, tornando-se rapidamente num recinto de convívio
e de feira ao ar livre.
8. Em 1932, por sugestão de Leitão
de Barros, realizou-se aí o
primeiro desfile de grupos
representantes dos bairros
lisboetas que, posteriormente,
dará origem às Marchas
Populares.
Dentro do recinto foram
construídos mais 4 teatros, o
Teatro Maria Vitoria (1922), o
Teatro Variedades (1926), o
Teatro do Capitólio (1931) e o
Teatro ABC (1956).
No dia 1 de julho de 1922 subia
o pano no Teatro Maria Vitória
com a Revista "Lua Nova".
A 8 de julho de 1926, foi a vez
do Teatro Variedades, estrear-se
com a revista “Pó de Arroz”.
O cineteatro Capitólio, estreia-
se com a revista “Pega-me ao
Colo” em 1938.
9. A 13 de janeiro de 1956 o Teatro ABC abre as portas com a revista “Haja
Saúde!”
Desde a década de 20 e nas décadas seguintes até aos anos 60, os
sucessos de peças da Revista à portuguesa sucederam-se em catadupa
nos teatros do Parque Mayer, havendo muitas peças em exibição ao
mesmo tempo sem que existisse concorrência entre eles.
Muitos dos grandes temas da música ligeira portuguesa e do fado,
nasceram em alguns destes grandes êxitos da Revista à portuguesa. Este
fenómeno irá acontecer até ao final dos anos 60. De tão populares que se
tornaram alguns destes temas, muitos eram cantados pelo povo, nos
teatros e circos ambulantes por todo o país, tornando-as nas chamadas
Melodias de Sempre.
Após o 25 de abril o uso do palavrão passou a ser recorrente em muitos
dos textos levados à cena, em muitos casos com alguns excessos
despropositados, redundando mesmo em pura obscenidade.
O Parque Mayer viveu o seu apogeu entre as décadas de 30 e de 70 do
século XX.
Com a decadência do parque alguns trabalhadores do Teatro ABC
decidiram sair do Parque Mayer para formar, em 1974, o Teatro ÁDÓQUE.
Este novo conceito de teatro, propunham-se fazer um teatro de Revista de
tendências progressistas. Estrearam-se a 23 de setembro de 1974, estreia a
Revista à portuguesa "Pides na Grelha".
Durante mais de um século, o teatro de revista ou a Revista à portuguesa,
constitui uma janela de crítica política e social em que, curiosamente, ao
longo dos tempos e das sucessivas situações e regimes, houve maior
liberdade de espetáculo e de texto do que no teatro declamado.
10. TALVEZ PORQUESEPENSASSE
QUEA REVISTAÀ PORTUGUESA,E
DESIGNADAMENTEO PARQUE
MAYER,NÃOPROVOCAVACRISES
POLÍTICAS.NOINÍCIODO SÉCULO
XXIAPENASO TEATRO MARIA
VITÓRIA APRESENTAVAALGUMA
(ESPORÁDICA)ATIVIDADECOM
ESPETÁCULOSDETEATRO DE
REVISTA.
NOMEIODETODAS ESTASCRISES
E ALTOS E BAIXOS DOESPAÇO
DO PARQUEMAYER,RESISTIUE
RESISTEO MAIS ANTIGOTEATRO
DESTEESPAÇO,O TEATRO MARIA
VITÓRIA,TAMBÉMCHAMADODE
"CATEDRAL"DA REVISTAÀ
PORTUGUESA.
11. Gil Vicente (1465 – 1536)
Teatro de feira em França
Sec. XVIII
Capa do texto da primeira revista à
portuguesa “Lisboa em 1850”
13. Programa da Revista "Já Te Pintei!"
representada no Theatro Phantastico em 1908
Theatro Phantastico na Rua Jardim do
Regedor séc. XX
Theatro Phantastico na Rua Jardim do
Regedor no início do séc. XX
14. Theatro Apollo no início do séc. XX
Anúncio da Revista "Agulha em Palheiro"
representada no Theatro Apollo em 1911
15. Theatro Avenida em 1912
Quadro de bailado da Revista "CóCóRóCóCó", no Theatro
Avenida em 1912
16. Teatro Paraíso séc. XX
Quadro da Revista à portuguesa "Cale-se" no
Teatro Paraíso de Lisboa em 1912
18. Capa do Programa do Eden Teatro
da Revista
"Cabaz de Morangos" de 1919
Palacete Lima Mayer, onde nos seus
jardins se virá a instalar o Parque Mayer
em 1922
Luiz Galhardo 1874 -1929
um dos primeiros promotores
do Parque Mayer
19. Esplanada no Parque Mayer com luz elétrica em
meados dos anos 20
Um dos muitos restaurantes no Parque Mayer em
meados dos anos 20
20. Barraca de "tirinhos" no Parque Mayer em meados dos anos 20 Barraca de petiscos e divertimentos no Parque Mayer no início
dos anos 30
21. Entrada lateral do Teatro Maria Vitória, o primeiro do Parque Mayer
nos anos 30
Fachada e lateral do Teatro Variedades nos
anos 30
Anúncio da
primeira Revista
à portuguesa
"O Pó d'Arroz",
que inaugurou
Teatro
Variedades no
Parque Mayer
em 8 de julho
de 1926
22. Quadro de Revista à
portuguesa no Teatro
Maria Vitória com
Beatriz costa em
meados dos anos 30
Teatro ABC no Parque Mayer, em
meados dos anos 60
Cineteatro Capitólio onde alguns
êxitos da Revista à portuguesa
se viriam a representar, em
meados dos anos 30
23. Fachada do renovado Teatro
Capitólio no Parque Mayer
Quadro da Revista "O Bombo da
Festa" com Herman José, Henrique
Santana e Eugénio Salvador,
em 1976 no Teatro Maria Vitória
Teatro ÁDÓQUE em 1976 onde se
tentou representar um teatro de
Revista de tendências progressistas
24. Hélder
Freire
Costa, o
empresári
o e
produtor
do Teatro
Maria
Vitória
Palco do Teatro Maria
Vitória, o mais antigo teatro
do Parque Mayer
Teatro Maria Vitória a
"Catedral" da Revista à
portuguesa no Parque Mayer
na atualidade
Teatro
Varied
ades
no
Parqu
e
Mayer