O documento discute os cuidados de enfermagem para pacientes oncológicos, incluindo a administração de quimioterapia, possíveis efeitos colaterais e sua abordagem, segurança do paciente, e a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento do câncer.
2. Enfermagem em oncologia
O conselho Federal de Enfermagem, através da
Resolução 257/2001, determina ao enfermeiro a
administração de drogas quimioterápicas,
ressaltando que os técnicos de enfermagem poderão
assumir o controle de infusão de quimioterápicos em
apoio operacional ao enfermeiro desde que sejam
rigorosamente observados.
O enfermeiro deve atuar de maneira integral ao
paciente oncológico.
3. Algumas atribuições do Enfermeiro
Administração de enfermagem;
Realização de punções venosas (*VJE);
Realização de curativos;
Suporte básico/avançado;
6. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES
QUIMIOTERÁPICOS
Curativa : erradicação completa das células do câncer. Ex:
tumores testiculares, coriocarcinoma gestacional, Wilms,
doença de Hodgkin
Paliativa: Alívio dos sintomas (dor, perda funcional)
Prevenção de toxicidades graves (distúrbios
hidroeletrolíticos)
Prolongar a sobrevida com boa qualidade de vida Ex: câncer
de pâncreas, glioblastomas
7. Adjuvante
Erradicação de células remanescentes (micro metástases) de
tratamento prévio (cirurgia, radioterapia), mas que agora estão em
quantidades microscópicas. Ex: câncer coloretal, mama.
Neoadjuvante
Objetiva a erradicação de micro metástases, mas é realizada
ANTES da cirurgia/radioterapia. Vantagens: exposição precoce ao
quimioterápico, possibilita aferir-se a sensibilidade do tumor ao
tratamento (monitoramento s/n tratamento alternativo) e a
redução da massa do tu primário facilita a cirurgia.
8. ADMINISTRAÇÃO DOS
ANTINEOPLÁSICOS
• Check-list:
• Verificar o estado físico, cognitivo e emocional do
paciente e dos familiares;
• Pesquisar reações alérgicas;
• Conferir a prescrição médica: nome da droga, dose,
via, velocidade, seqüência de infusão, data do inicio do
tratamento (D1), drogas e soros Pré- QTs;
• Certificar-se da identidade do paciente;
• Verificar o peso do paciente;
• Conhecer a farmacologia da droga: mecanismo de
ação, dosagem usual, via de Administração, efeitos
colaterais;
• Ter sempre drogas e equipamentos prontos para
emergência e um kit de extravasamento;
9. ADMINISTRAÇÃO DOS
ANTINEOPLÁSICOS
• Check-list:
• Checar o acesso venoso (fluxo e refluxo)- evitando
infiltração;
• Aplicar inicialmente as Pré- QTs;
• Instalar as QTs de acordo com a Prescrição médica;
• Não misturar as drogas em tratamento combinados:
“lave” a via venosa com SF OU SG;
• Se você não conseguiu puncionar uma veia periférica
após duas tentativas, chame o colega para lhe
substituir;
• Não tocar com a mão na medicação;
• Descartar os dispositivos de punção de acordo com as
normas de segurança.
13. CUIDADOS DURANTE A ADMINISTRAÇÃO
DA QT
1) Atenção rigorosa a prescrição médica: nome do
fármaco, dose, via e tempo de aplicação;
2) Identificação correta do paciente;
3) Segurança no preparo dos quimioterápicos;
4) Conhecimento da droga nos seus aspectos de diluição,
conservação, estabilidade, incompatibilidade e
fotossensibilidade;
5) Velocidade de infusão- hipotensão severa ou reação
anafilática.
14. ADMINISTRAÇÃO VIA
ORAL
• Simples, econômica, não-invasiva e, freqüentemente,
menos tóxica;
• TGI sem anormalidades;
• Xeloda, CYA, Genuxal, etc.
• Cuidados de enfermagem: Manuseio com luvas; Se
vômitos, orientar vomitar em saco plástico; calendário
do medicamento- avaliação da equipe.
15. ADMINISTRAÇÃO VIA IM OU SC
Analogos LHRH.
• Cuidados de enfermagem: Lavar as mãos; Avisar ao
cliente o que vai fazer; Expor a região a ser usada e fazer
antissepsia do local; Introduzir a agulha no músculo;
Aspira para ter certeza que não atingiu um vaso; Injetar o
líquido; Retirar a agulha; Observar o cliente por alguns
minutos; Lavar as mãos . Realizar rodízio adequado das
áreas de aplicação.
16. ADMINISTRAÇÃO
VIA INTRAVESICAL
Indicação: Carcinoma de bexiga;
BCG (Descamação local e estimulo aos mecanismos
imunológico de reação ao tumor);
Sonda Vesical de alívio – 50mL de SF 0,9%;
Recomendações: restrição hídrica de 6 a 8h; Mudança de
decúbito de 15/15min
Efeitos colaterais: alergia cutânea, febre, hematúria
transitória, urgência urinaria, etc.
17. ADMINISTRAÇÃO VIA
ENDOVENOSA
Trata-se da via mais comum de administração da terapêutica
oncológica;
Bolus ou infusão continua;
• Escolha dependerá da droga;
• Infusão continua: drogas capazes de ocasionar hipotensão arterial,
reações alérgicas e/ou fenômenos dolorosos;
• Taxol- 3h/ 1h; Genzar; VP16- 1h; CDDP 2h;
18. ADMINISTRAÇÃO VIA
ENDOVENOSA
Escolha da veia: a que melhor ofereça proteção as articulações, tendões,
nervos e que cause menor prejuízo anatômico e funcional caso haja
extravasamento. A mais calibrosa priorizando:
- dorso da mão;
- antebraço;
Fixar o dispositivo venoso com tiras de micropore, permitindo melhor
visualização do local com o objetivo de detectar extravasamento ou
irritação da área;
Utilizar equipo com injetor lateral;
Manter o soro como veículo para lavar a veia após e durante aplicação.
20. ADMINISTRAÇÃO VIA
ENDOVENOSA
A veia puncionada deve receber inicialmente o soro livre do
quimioterápico e somente após de se ter a certeza das boas condições
de infusão do vaso deve-se acrescentar a droga;
Conseqüências: fragilidade vascular e
desgaste da rede venosa periférica.
21. Efeitos colaterais
Náuseas e vômitos
Provocam a liberação de 5-HT (5-hidroxitriptamina) no
intestino delgado, iniciando o reflexo de vômito;
Intervenções de Enfermagem:
Avaliar frequência, volume e cor dos episódios de êmese;
Administrar medicações antieméticas, segundo prescrição médica
Avaliar variações de peso, ganho e perda ponderal;
Redução da porção alimentar e aumento da frequência;
22. Efeitos colaterais
Diarréia
Provoca alteração da mucosa do trato intestinal, gerando
alteração da absorção de líquidos e composição da flora
intestinal;
Intervenções de Enfermagem:
Atentar para a frequência, cor e volume das dejeções intestinais;
Orientar a inclusão de alimentos constipantes na dieta;
Orientar e estabelecer a hidratação, com reposição de eletrólitos;
Administrar antidiarréicos segundo a prescrição médica.
23. Efeitos colaterais
Constipação
Alteração da mucosa do trato intestinal, com redução da
motilidade e absorção dos nutrientes. Acompanhada de dor,
inchaço abdominal e perda de apetite.
Intervenções de Enfermagem:
Atentar para a frequência e volume das dejeções intestinais;
Orientar a inclusão de alimentos ricos em fibras e ingesta hídrica;
Administrar medicações laxativas e restauradoras da flora intestinal;
Orientar quanto a importância da deambulação, para estimulação do
peristaltismo intestinal.
24. Efeitos colaterais
Mucosite
Inflamação da mucosa oral em resposta à ação dos agentes
quimioterápicos;
Intervenções de Enfermagem:
Avaliar cuidadosamente o estado das mucosas;
Orientar quanto a higiene oral correta com água bicarbonada;
Orientar quanto a utilização de escova dental com cerdas macias;
Manter a lubrificação dos lábios com manteiga à base da cacau.
25. EXTRAVASAMENTO
Em caso de um extravasamento: parar imediatamente a infusão e manter a agulha
no local; conectar uma seringa e aspirar a medicação residual existente; remover a
agulha e elevar o membro acima do nível do coração; aplicar compressa de gelo*
durante 15 a 20 minutos pelo menos quatro vezes por dia nas primeiras 24 a 48
horas. O frio causa vasoconstricção local, retardando a expansão da droga para os
tecidos vizinhos, diminuindo o metabolismo celular e, consequentemente, a
absorção da droga vesicante; evitar pressão manual direta sob a área afetada;
registrar a ocorrência em prontuário de enfermagem.
Compressa quente
VLB(Vimblastina)
VCR(Vincristina)
Vinorelbina
Compressa fria
Aplicar nos demais casos de extravasamento
27. PORT-A-CATH
O port-a-cath é um dispositivo que fica acoplado
abaixo da pele e consiste em um reservatório com
membrana perfurável e um cateter de silicone.
28. ADMINISTRAÇÃO VIA INTRATECAL
Atravessa a barreira hematoliquórica, expondo o líquor a
uma concentração efetiva de antineoplásicos.
Cuidados de enfermagem: Rigores absolutos de assepsia;
pequenos volumes; repouso após procedimento.
Efeitos colaterais: rigidez de nuca, vômitos, parestesias, dor
lombar, irritabilidade, sonolência.
29. SEGURANÇA DO PACIENTE
Prevenção de erros de medicação e uso de medicação
segura;
Erros mais comuns: dose errada, horário errado,
seqüência errada, tempo de administração errado,
omissão de drogas e hidratação, droga errada sendo
administrada.
30. SEGURANÇA DO PACIENTE
• Medidas para evitar erros:
1. Reconhecimento de que erros acontecem;
2. Cultura de segurança;
3. Prescrição conferida e re- conferida;
4. Educação continuada com a equipe;
5. Uso de identificação do paciente;
6. Foco nas orientações farmacêuticas.
31. Considerações finais
Confirma-se a necessidade por parte do enfermeiro, da aquisição de
conhecimentos fundamentados em estudos específicos. Esse conhecimento
proporciona ao enfermeiro habilidades e tomada de decisões em uma
assistência planejada e eficaz, minimizando os impactos oncológicos, o
sofrimento causado pela dor e consequente mutilação da imagem corporal.
A assistência ao paciente oncológico faz com que a enfermagem se depare
com a necessidade de avaliar a sua prática assistencial a fim de torná-la
holística, empática e eficaz, em que a atuação humanística transpõe-se a
meramente técnico-científica..