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REMIT
Dr. Fernando de Oliveira Dutra
Definição
A resposta orgânica ao trauma ou estresse é uma
resposta fisiológica a um insulto, que pode se tornar
patológica dependendo da intensidade e duração da
agressão, mas que tem como objetivo final restaurar
a homeostasia.
Resposta Endócrina e Inmunológica ao trauma
• O corpo busca energia concentrando o fluxo sanguineo, energia e
oxigênio.
Classificação
Eixo autonômico-adrenal
•Fluxo sanguineo
•O2
Eixo hipotálamo-hipofisário
•Glicose
Desencadeadores da
Resposta Inflamatória
•Traumas
•Infecções
•Cirurgias
Glicose
Infecção e Trauma
•SNC
•Área lesada (Ferida
operatória)
De onde vem a Glicose
Mobiliza glicose do fígado e
músculos
• Fígado
• Glicogenólise (Glicogênio hepático)
• Gliconeogênese hepática (inicia quando
a glicose esta acabando)
• Lactato, TGD e aminoácidos.
Fases de Recuperação Cirúrgica
Fase Adrenérgica-Corticoide
Fase Anabólica Precoce
Fase Anabólica Tardia
Fase Adrenérgica-Corticoide
Todos os hormônios liberados são contra-insulínicos e a
insulina esta inibida
Dura 2-8 dias (Pico 3ro dia)
BN negativado
Paciente tende a emagrecer e reter liquidos
Fase Adrenérgica-Corticoide
Suprarrenal:
Adrenalina/Noradrenalina
• Aumento da FC e da PA.
• Aumento da ventilação e broncodilatação.
• Relaxamento da musculatura lisa e contração
esfincteriana.
• Aumento da atividade plaquetária e redução da
fibrinólise.
Fase Adrenérgica-Corticoide
Hipófise: ACTH e Cortisol
•Perdura por 5-7 dias.
•Catabolismo proteico e Lipólise.
•Glicogênese hepática.
•Aumento da resistência a insulina.
Fase Adrenérgica-Corticoide
Hipófise: ACTH e SRAA
•Perdura por 7 dias.
•Promove reabsorção nos
túbulos distais de Na e Água,
ás custas de H e K.
Fase Adrenérgica-Corticoide
Hipófise: ADH
•Pico: 3-5 dias.
•Propicia gliconeogênese e
glicogenólise.
•Redução da filtração glomerular.
Fase Adrenérgica-Corticoide
Hipófise: GH
•Pico: durante a cirurgia -
normaliza em 1 semana.
•Atua na Lipólise e na
Hiperglicemia.
Fase Anabólica Precoce
BN começa a se igualar ao catabolismo
A glicose começa a estabilizar e regular a homeostase
Queda na produção corticosteroides
Retorno apetite
Diminui a neoglicogênse
Fase Anabólica Tardia
Volta a ganhar peso
Recuperação
Como o organismo faz isso???
Hormônios
• FO (fibras aferentes)
• Hipotálamo
• Hipófise
• GH
• ACTH
• Supra-renal (Cortisol)
• Catecolaminas
• Mineralocorticoides (Aldosterona)
• Prolactina
• TSH
• ADH
Inmunológica – Proteínas da fase aguda
• Interleucinas
• IL - 1
• IL – 2
• TNF-alfa
Cortisol
Tira glicose da Músculo
Tira glicose da Gordura
Cortisol
Músculo
Proteólise
Glutamina
e Alanina
• São utilizados na
gliconeogênese
Cortisol
Gordura
Lipólise
Glicerol e
Ácidos graxos
• São utilizados na
gliconeogênese
Balanço nitrogenado NEGATIVO
Gliconeogênese
Aminoácidos
• Glicose
• Amônia
Resposta no Jejum
12-24h –
degrada
glicogênio
(glicogenólise)
Após 48h -
Gliconeogênese
– Proteína e
gordura
• Prejudicial
• Após 2 dias
Utiliza mais
ácidos graxos
(beta oxidação)
• Forma uma nova
molécula de
energia (corpos
cetônicos)
Como Prevenir a CETOSE
Cirurgia Minimamente invasiva (Menor incisão)
• Menor fluxo de células e substâncias inflamatórias.
Anestesia Epidural
• Reduz a ascensão de impulsos da ferida - Bloqueio aferente.
• Analgesia pós-operatória.
Anestesia Geral
Diminuição da ansiedade
• Pré anestésico - diminui os estímulos das catecolamina.
Redução do jejum pré-operatório
• Diminuir o tempo de jejum.
• Preparados proteicos.
• Soroterapia.
Como Prevenir a CETOSE
SG 500ml = 25g de glicose
2000ml SG 5% = 100g de glicose
• Hipotônico
Diluir Sódio e Potássio para transformar em soro
isotônico
• NaCl 20% 5ml
• KCl 19,1% 10ml
Como Prevenir a CETOSE
Avaliação Nutricional
•Peso corporal não reflete a realidade.
•Desnutrição:
•Leve: Alb 3.0-3.5/Transf 150-180
•Mod: Alb 2.1-3.0/Transf 100-150
•Grave: Alb <2.0/Transf <100
Conclusão
• Quando limitada: BOA
• Disponibiliza glicose (tecidos nobres)
• Mantém fluxo sanguíneo (tecidos nobres)
• Disponibiliza aminoácidos e glicose
(cicatrização)
• Retém líquido / sem alterar osmolaridade
• Inflamação local (defesa)
Conclusão
• Ao extremo: PÉSSIMA
• Hipercatabolismo protéico
• Intolerância periférica à glicose
• Isquemia renal e intestinal
• SIRS e falência orgânica multissistêmica
• Imunossupressão e apoptose
• “ciclo vicioso”
Conclusões
Resposta catabólica mais intensa – maior consumo de
proteínas
Proteólise descontrolada – consome proteínas
diafragma – prejuízo da dinâmica respiratória
Lipólise persistente – formação de microêmbolos
gordurosos – piora a perfusão tecidual
Estímulo adrenérgico aumentado – vasoconstricção
microcirculação mantida – má perfusão tecidual
FIM

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Resposta orgânica ao trauma e estresse: fases de recuperação cirúrgica

Notas do Editor

  1. Base para todo procedimento cirúrgico Desde um entorse de tornozelo até a incisão pele (que é nosso caso) O organismo entra em um estado de defesa para se recuperar e sobreviver literalmente Ninguém dá importância para REMIT – principalmente o cirurgião antigo Como podemos Modular essa Resposta
  2. Embora a resposta biológica ao trauma tenha como princípio básico preservar o organismo, agressões intensas e graves desencadeiam uma resposta maléfica, que pode levar a morte. Isso ocorre quando há uma persistência da agressão Objetivo Final é Manter a Homeostasia ou restaurar o tecido lesado
  3. Corta a pele = Concentra fluxo SG na área lesada – SG, O2 e o principal a Glicose Resposta normal, benéfica Quando exacerbada ai teremos problemas É deflagrada por:
  4. Organismo Procura produzir energia – aa, ac. Graxos, glicose para se defender desta agressão
  5. Porção aferente: Sítio de Trauma ou infecção – Conduz a informação ao Hipotálamo (Estímulo) Porção eferente: estímulo a hormônios contrarreguladores (Resposta) Quando temos stress corpo = Mobiliza a glicose para 2 regiões
  6. Não vem da alimentação pois o paciente esta em jejum Existe 2 formas de mobilização da glicose Apenas o cérebro requer cerca de 120g de glicose a cada dia – isso representa mais do que metade de toda a glicose armazenada como glicogênio em músculos e fígado
  7. Em uma situação de trauma ou agressão – o organismo precisa se defender Então se iniciam estas 3 fases
  8. CATABOLICA
  9. EFEITOS: Taquicardia e hipertensão Taquipneia Atonia intestinal e Oligúria Hipercoagubilidade
  10. EFEITOS: Redução da massa magra Hiperglicemia Formação de corpos cetônicos BNN Proteínas de fase aguda (TNF, Interleucinas)
  11. EFEITOS: Retenção hídrica Hipernatremia Hipocalemia Alcalose
  12. EFEITOS: Hiperglicemia Retenção de líquidos e concentração da urina
  13. EFEITOS: Hiperglicemia Formação de corpos cetônicos
  14. BN começa a zerar, corpo começa e se encontrar e igualar Começa e reter as proteínas e a melhorar
  15. Pode durar até 1 ano
  16. Ocorre um trauma cirúrgico – fibras aferentes da ferida operatória mandam estimulo para o hipotálamo que por ação do fator liberador de corticotropina (CRH), estimula a hipófise a liberar o hormônio ACTH que estimula a supra-renal a produzir Cortisol (córtex da adrenal) Chegamos no grande astro – cortisol Sinergia no processo – para gerar glicose = energia = vida = sobrevivência
  17. Proteólise do musculo gera 2 aminoácidos a G e A que serão utilizados na gliconeogênese Glutamina – estimula os enterócitos AA 4kcal/g
  18. Ac. Graxo – já serve de fonte de energia para o musculo cardíaco, musculo esquelético, etc. Glicerol tem que ser transformado ainda em glicose na gliconeogênese Ac. graxos 9kcal/g
  19. Aminoácidos saem do musculo e são transformados em glicose e uma parte eliminada na urina como Grupamento AMINO Um pedaço do aminoácido vira glicose e outro vira lixo – amônia O corpo esta eliminando mais proteínas que absorvendo e por isso o balanço nitrogenado negativo O que fazer com o jejum de 8h que o Dr. Fernando pede em todas suas cirurgias
  20. Corpo é inteligente – após 2 dias de jejum o organismo concentra as energias e começa a queimar gordura e para de gastar proteínas Ac. Graxo passa no fígado e sofre beta-oxidação AA 4kcal/g Ac. graxos 9kcal/g Cetose é prejudicial Sabendo de tudo isso, como podemos prevenir a Cetose
  21. Jejum prolongado Atrofia intestinal Atrofia de tecido linfoide Aumento da permeabilidade
  22. Corpo precisa de 400kcal por dia sob a forma de glicose para sobreviver sem cetose Fornecendo 400kcal por dia sob forma de SG – 100g glicose suspendemos a formação de corpos cetônicos, diminuimos a lipólise e proteólise
  23. Jejum prolongado Atrofia intestinal Atrofia de tecido linfoide Aumento da permeabilidade Conclusões:
  24. Miólise, atrofia muscular, piora da ventilação pulmonar por fraqueza diafragmática Atrofia de vilosidades intestinais (translocação bacteriana) Comprometimento da cicatrização Comprometimento imune
  25. REMIT Nada mais é que: Sangramento – Hipercoagubilidade e retenção hídrica