O documento descreve os papéis e responsabilidades da equipe cirúrgica, incluindo o cirurgião, assistente, anestesista e instrumentador. Ele também discute a organização da mesa de instrumentos cirúrgicos e as técnicas e sinais usados durante a cirurgia.
2. TÓPICOS ABORDADOS
INTRODUÇÃO;
O CIRUGIÃO;
EQUIPE CIRÚRGICA;
MESA DO INSTUMENTAL;
MOVIMENTO EM CIRURGIA;
SINALIZAÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA;
3. INTRODUÇÃO
A intervenção cirúrgica é um dos pontos culminantes da medicina
curativa, para o qual convergem métodos propedêuticos clínicos e
laboratoriais de diagnóstico e orientação terapêutica. O ato cirúrgico
tem dimensão ilimitada, não sendo unicamente sequência de
movimentos para a retirada da lesão patogênica e reconstituição dos
tecidos, na sua forma normal ou próxima da normalidade, mas é
também uma arte que em cada gesto exige a perfeição do artista.
Ela é sobretudo um trabalho ordenado e em grupo onde cada qual tem
suas incumbências definidas, sem exorbitâncias nem omissões.
4. O CIRURGIÃO
É o principal executor e o responsável pela intervenção cirúrgica.
Necessita de características de personalidades imprescindíveis:
rapidez de raciocínio, decisões prontas, destreza manual, atitude
de comando e equilíbrio manual.
Desejo da PERFEIÇÃO.
“Não se cria o cirurgião sem a vocação básica para seu trabalho”.
Conhecimento profundo da Anatomia, da Fisiologia, da
Fisiopatologia e da Anatomomopatologia é indispensável para sua
formação.
A experiência e a segurança, o cirurgião só adquire após muitos
anos de estudos, de dissecações anatômicas constantes, de
adestramento manual em animais de experimentação, de auxílio
aos cirurgiões mais amadurecidos e da correção de muitos erros.
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6. EQUIPE CIRÚRGICA
Na cirurgia atual o trabalho é dividido entre o cirurgião e seus
colaboradores.
Cada elemento tem atribuições específicos com o objetivo de dar
ao ato operatório maior perfeição e rendimento com menor
desgaste de energia;
Conjunto cirúrgico: anestesista, cirurgião, assistente e
instrumentador.
Anestesista: cabe a escolha do pré-anestésico e da anestesia
adequada, autorizando o início da cirurgia e solicitando sua
suspensão ou interrupção na vigência de risco de vida. É de sua
responsabilidade a vigilância constante do enfermo, aferindo e
corrigindo as variações da homeostase decorrentes da intervenção.
Ao término da cirurgia cumpre-lhe fiscalizar e orientara
recuperação anestésica até que o operado tenha condições de
manter seus reflexos vitais.
7. EQUIPE CIRÚRGICA
Cirurgião: é responsável pela intervenção, realizando as manobras
básicas da cirurgia. Cabe-lhe coordenar o trabalho de toda equipe.
Cabe ao cirurgião a tarefa de escolher colaboradores com os quais
tenha afinidade, estimulando e elogiando constantemente seu
desempenho.
O assistente (1º auxiliar): encarregado de colocar o enfermo em
posição adequada na mesa operatória e de preparar o campo
cirúrgico. No decorrer da intervenção coloca-se em frente ao
cirurgião, auxiliando-o. Em condições especiais, principalmente nas
intervenções mais complexas, participa da equipe cirúrgica o 2º
assistente.
O instrumentador: é o elemento de maior mobilidade no campo
cirúrgico, pois mantém contato com as enfermeiras da sala,
solicitando antecipadamente todo material necessário para cirurgia;
cuida da mesa do instrumental. Deve ter a mesa do instrumental
preparada com antecedência no início da intervenção, é indispensável
o conhecimento da posição dos instrumentos.
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10. MESA DO INSTRUMENTAL
Duas áreas: área habitual e área eventual de pegada.
Área habitual: abrangida pelo círculo limitado pelo antebraço e
mão dispostos como raio. Nessa área são colocados os
instrumentos mais usados durante o ato cirúrgico, correspondendo
à diérese, hemostasia e síntese.
Área eventual de pegada: compreendida pelo círculo que tem
como raio todo o membro superior, são colocados os instrumentos
específicos da intervenção, utilizados somente em momentos
determinados.
Mesa do instrumental cirúrgico: formato retangular, dividida em
duas metades por uma linha paralela ao seu maior lado. Na
metade próxima ao instrumentador são colocados inicialmente os
instrumentos de diérese representados pelo bisturi e tesouras. Ao
lados destes, colocam-se as pinças para hemostasia. Os
instrumentos são colocados com a ponta voltada para o
instrumentador para serem apreendidos por essa extremidade.
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13. MESA DO INSTRUMENTAL
As pinças hemostáticas são dispostas de acordo com seu tipo,
iniciando-se o arranjo pelas pinças curvas, continuando pelas
pinças retas do mesmo modelo.
Na segunda metade da mesa colocam-se inicialmente as pinças
com dente de rato e as pinças anatômicas, instrumentos auxiliares
das operações fundamentais. A seguir é disposto o material de
síntese representado pelo porta agulhas, agulhas e fios.
A partir deste ponto colocam-se os instrumentos específicos da
cirurgia a ser realizada, na zona da mesa que corresponde á área
eventual de pegada.
O arranjo da mesa do instrumental vai depender do local da
intervenção cirúrgica. O instrumentador coloca-se em frente ao
cirurgião e ao lado do assistente, ajustando a mesa do
instrumental em posição perpendicular à mesa cirúrgica.
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16. MOVIMENTO EM CIRURGIA As intervenções cirúrgicas constituem o somatório dos
movimentos simples e repetidos, característicos das operações
fundamentais.
O movimento durante a cirurgia deve ser medido e exato para as
funções às quais se destina. A preocupação individual de cada
elemento da equipe em executar o gesto perfeito é a única
maneira de aprimorar o trabalho em conjunto.
Cabe ao cirurgião a escolha da via de acesso mais adequada para
seu trabalho. O campo deve ser completamente isolado da área
limitada ao anestesista por meio de campos esterilizados para
facilitar a mobilidade e evitar a contaminação de ferida cirúrgica.
O cirurgião deve trabalhar em postura ereta, ajustando o campo
operatório à altura dos seus cotovelos e próximos a si.
Os movimentos dos dedos são utilizados nas manobras delicadas e
sensíveis. Os movimentos do punho tem mais força. Os
movimentos do antebraço e braço possuem maior potência sendo,
porém, mais lentos e imprecisos.
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18. SINALIZAÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA
A sinalização cirúrgica elimina a troca de palavras durante o ato
operatório, evitando a contaminação, e garante maior presteza na
tarefa do instrumentador.
Em casos de desconhecimentos dos sinais pelo instrumentador, é
preferível pedir o instrumento pelo seu nome próprio em voz alta e
firme para perfeita compreensão. As palavras de cortesia ou
agradecimento são dispensáveis.
O pedido de bisturi é feito com a mão direita com a face palmar
voltada para baixo, com os três últimos dedos fletidos, estando o
indicador apoiado ao polegar, imitando a maneira de segurar o
bisturi. A flexão executada no punho dá a dinâmica ao gesto
simulando o modo de utilização do instrumento. Findo o gesto, o
cirurgião realiza rotação da mão colocando-a em posição cômoda
para receber o instrumento. O instrumentador toma o bisturi pela
ponta, apresentando o cabo ao cirurgião.
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20. SINALIZAÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA
O bisturi é segurado pelo cirurgião de duas maneiras:
1. Como um lápis, quando usado para pequenas incisões ou para
dissecação.
2. Como um arco de violino, para incisões longas retilíneas.
21. SINALIZAÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA
A solicitação da tesoura é feita com a mão direita estendida em
pronação tendo os dois últimos dedos fletidos. O indicador e o
médio estendidos executam movimento de aproximação e
afastamento imitando o corte das lâminas da tesoura.
Ao apresentar o instrumento, tratando-se de tesoura curva, que é
habitualmente usada pelo cirurgião, o instrumentador a entrega
com a curvatura voltada para a mão do cirurgião . Este utiliza a
tesoura colocando os dedos polegar e anular nos seus anéis,
apoiando-a com o dedo indicador e médio.
23. SINALIZAÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA
O pedido da pinça hemostática é feito com a mão direita tendo a
face palmar voltada para cima e os dedos estendidos. O
instrumentador, tomando as pinças pela ponta, entrega-as
sucessivamente ao cirurgião, oferecendo primeiro as curvas e
depois as retas, a menos que haja solicitação especial. As pinças
curvas devem ter sua curvatura voltada para a mão do cirurgião.
As hemostáticas utilizadas com fins específicos devem ser
solicitadas pelo nome.
O pedido da pinça anatômica ou da pinça com dente de rato é feito
com a mão direita ou esquerda, executando o movimento de pinça,
pela aproximação e separação do polegar e do indicador. Quando
se trata de da pinça anatômica os dedos conservam-se estendidos,
e para a pinça de dente mantêm fletidos. O instrumentador toma a
pinça pela ponta deixando extensão suficiente para ser entregue
em posição de uso. Deve ser apresentado fechado.
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25. SINALIZAÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA
Na solicitação destas pinças junto com outro instrumento, o
cirurgião fará o gesto duplo, requisitando a pinça com a mão
esquerda. Nesta eventualidade o instrumentador faz a entrega
simultânea do instrumental pedido, cruzando suas mãos.
26. SINALIZAÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA
O fio de ligadura é solicitado com a mão tendo a face palmar
voltada para cima e os quatros últimos dedos em meia flexão. O
instrumentador segura as extremidades do fio com as duas mãos e
coloca-o estendido na concavidade formada pelos dedos do
cirurgião.
O pedido de fio de sutura com o porta agulhas é feito com o punho
tendo os dedos fletidos, executando sucessivos movimentos de
pronação e supinação, simulando a maneira de utilizar o
instrumento. O instrumentador ao entregar o porta-agulhas
segura-o pela ponta e afasta o fio para que o mesmo não seja
empalmado junto com o instrumento.
27. SINALIZAÇÃO E
INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA
Constitui aspecto dos mais desagradáveis ver ao final da cirurgia
grande parte dos instrumentos transferidos para cima do doente,
atestando a desorganização da equipe.
O ato cirúrgico só poderá atingir a perfeição quando chegar ao
término da maneira como se iniciou, com a limpeza, ordem e
disciplina mantidas pelos elementos da equipe, empenhados
conjuntamente em executar esta complexa e nobre tarefa.
28. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOFFI, Fabio Schmidt. Técnica cirúrgica: Bases anatômicas,
fisiopatológicas e técnica da cirurgia. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 2001 (páginas 75- 80)
Notas do Editor
Diérese, em cirurgia, é o nome dado ao processo de divisão dos tecidos que possibilita o acesso a região a ser operada.
Hemostasia: Processo pelo qual se previne, detém ou impede o sangramento.
Síntese: aproximar ou coaptar bordas de uma lesão, com a finalidade de estabelecer a contigüidade do processo de cicatrização, é a união dos tecidos.