O documento discute a fisiopatologia, causas e tratamento do vômito e diarreia. Resume que o vômito é causado pela contração do estômago e intestino expulsando o conteúdo gástrico, enquanto a diarreia é definida como evacuações frequentes ou líquidas e pode ser aguda, crônica ou causada por infecções, medicamentos ou distúrbios metabólicos. O tratamento envolve reidratação e antieméticos ou antidiarreicos dependendo da causa.
Vômito e diarréia: fisiopatologia, causas e tratamento
1.
2. Dr. Fernando de Oliveira Dutra
Cirurgião do Aparelho Digestivo - CBCD
3.
É o meio pelo qual o tubo gastrintestinal livra-se de seu conteúdo quando
o mesmo sofre irritação, distensão ou até mesmo excitação excessiva.
O excesso de distensão ou de irritação do duodeno constitui um dos mais
forte estímulo para o vômito.
É o efeito colateral mais frequente das medicações.
20 a 40% dos pacientes apresentam vômitos no pós operatório.
VÔMITO
4.
Náusea – sensação desagradável de um desejo iminente de
vomitar.
Vômito – expulsão violenta do conteúdo gástrico pela boca.
Regurgitação – é a volta de alimentos ou secreções do
esôfago, estômago ou duodeno á cavidade oral.
Ruminação – é a volta á boca de alimentos deglutidos,
remastigação e nova deglutição.
Definições
5.
Centro do Vômito – porção dorsal da
formação reticular lateral
Zona quimiorreceptora de gatilho –
postrema do assoalho do 4 ventriculo
FISIOPATOLOGIA
6.
Contração retrograda do duodeno.
Contração espasmódica do piloro e dos músculos abdominais suspendendo a
respiração e forçando o conteúdo gástrico contra o diafragma.
Relaxamento do EEI do esôfago.
Fechamento da glote, elevação do palato mole, fechamento da cavidade nasal e
eliminação do conteúdo pela boca.
FISIOPATOLOGIA
7.
A fase de pré-ejeção ou fase prodrômica é caracterizada por
sensação de náusea, juntamente com sinais autonômicos,
como salivação, deglutição, palidez e taquicardia.
A fase de ejeção é representada pelo vômito.
A fase de pós-ejeção consiste de respostas autonômicas e
viscerais que promovem o retorno do organismo a uma fase
de repouso com ou sem náuseas residuais.
FISIOPATOLOGIA
9.
Infecções
• Infecções do trato gastrointestinal e fora dele por meio de toxinas.
Disturbios gastrointestinais
• Obstrução pilórica.
• Obstrução esofágica, acalasia e divertículos de Zenker
• Obstrução intestinal baixa.
Doenças do SNC
• Aumento da pressão intracraneana.
• Labirintopatias.
• Enxaqueca.
• Doenças psiquiátricas.
CAUSAS
10.
Distúrbios endócrinos e metabólicos
•Gravidez (70% primeiro trimestre)
•Uremia.
•Diabetes.
•Hiper ou hipoparatiroidismo.
•Doença de Addison.
Pós operátorios
•Anestesia geral com incidência de 30%.
•Mulheres 3x mais que nos homens.
•Jovens 2x mais que em idosos.
CAUSAS
11.
Identificar a causa base.
Sinais de desidratação, perda de peso e desnutrição.
Exame neurológico.
Inspeção cavidade oral.
Abdome.
Exame Físico
12.
Orientados pela história clinica.
Exames laboratoriais, EPF e urina.
Radiografias
USG
Tomografias e RNM
Exames
Complementares
13.
Requer um tratamento imediato
Não esquecer que as vezes basta suspender um
medicamento, tratar uma descompensação
metabólica ou aliviar uma obstrução, para que
seja resolvido o problema.
TRATAMENTO
14.
Antieméticos
• Antagonistas dos receptores 5-HT3 (ondasetron): vômitos
induzidos por QxT
• Fenotiazidas (clorpromazina): age antagonizando os
receptores dopaminérgicos D2 na área postrema e bloqueando
os efeitos muscarínicos M1 e histamínicos H1.
• Butirofenonas (haloperidol): Utilizados mais em doentes
terminais com náuseas induzidas por medicamentos.
• Benzamidas (metoclopramida, domperidona): antagonistas
dos receptores dopaminergicos com ação predominantemente
na ZQ de gatilho e com ação procinética no tubo digestivo.
TRATAMENTO
15.
Antieméticos
•Corticosteróides (dexametasona): associado a metroclopramida ou
ondasetron, reduzindo a formação de prostaglandinas.
•Benzodiazepínicos (lorazepan, alprazolan): reduzem a ansiedade,
geralmente associados a metroclopramina ou ondasetron.
•Anti-histamínicos (dimedrinato): indicado nos casos de náuseas de
movimento ou pós-operatória.
•Procinéticos (metoclopramida, domperidona, macrolídeos,
cisaprida): casos de DRGE, Gastroparesia, Íleo pós-operatório,
pseudo-obstrução intestinal.
TRATAMENTO
17.
Gastroenterite aguda:
• Doença diarréica de início abrupto, acompanhada ou não de outros
sintomas como náuseas, vômitos, dor abdominal e febre.
Diarréia:
• Aumento da frequência ou diminuição da consistência das fezes (>3
evacuações aguosas em 24horas).
Desinteria:
• Diarréia associada com tenesmo ou dor, com presença de muco ou
leucócitos nas fezes
IMPORTANCIA
DIARRÉIA
18.
M.C.P., 10 anos, deu entrada no PS as 8:38h
QP – Vômitos 5x, Diarréia 5x
Afebril, abdome doloroso e pouco distendido
Medicada com SF 280ml + Ranitidina + buscopan + Plasil
Alta após melhora...
Retorna as 13:00 nos braços do Pai referindo piora do quadro.
Constatado óbito as 13:10h.
Caso clínico
19.
Fonte: OMS
NEWS.MED.BR, 2013. OMS divulga as dez principais causas de morte no mundo de 2000 a
2011. Disponível em: <http://www.news.med.br/p/saude/367834/oms-divulga-as-dez-
principais-causas-de-morte-no-mundo-de-2000-a-2011.htm
20.
Quanto ao tempo de evolução:
• Aguda: até 2 semanas
• Persistente: entre 2-4 semanas
• Crônica: superior a 4 semanas
Quanto á “origem” no TGI:
• Alta: proveniente do intestino delgado; episódios diarréicos
mais volumosos, com perda de peso e anemia.
• Baixa: proveniente do cólon; evacuações em pouca
quantidade, mas associadas à tenesmo e urgência fecal.
CLASSIFICAÇÃO
21. Quanto ao mecanismo fisiopatológico:
• Osmótica: ingestão de clister, sais de magnésio, sorbitol,
manitol, deficiência de lactase, excesso de carboidratos,
antibióticos.
• Secretória não invasiva: secundária a algum fator, toxina,
droga ou substancia neuro-hormonal.
• Invasiva ou inflamatória: decorre da liberação de citoquinas
e mediadores inflamatórios na mucosa intestinal, os quais
possuem efeito secretório e estimulante da motilidade.
• Diarreia + Esteatorréia: típica da síndrome disabssortiva.
Doença de Whipple, doença celíaca, e doença de Crohn, são
exemplos.
• Diarreia funcional: causada pela hipermotilidade intestinal.
(síndrome do intestino irritável).
CLASSIFICAÇÃO
22.
Viagens recentes (ex: países endémicos da amebíase);
O consumo de produtos lácteos não pasteurizados ou de carne e peixe mal cozinhados
(ex: gastroenterites por Salmonella ou Campylobacter);
Contactos com pessoas doentes;
Antibioterapia recente (ex: infecção por Clostridium difficile);
Comorbilidades (ex: imunodepressão por infecção HIV);
História sexual (homossexuais com infecção frequente por Giardia Lamblia).
História Clinica
23.
Ajuda no diagnostico diferencial com outras
patologias que cursam com diarréia (diverticulite,
colecistopatias, pneumonias, apendicite, etc.).
Caracterizar as condições clinicas do paciente.
Exame Fisico
26.
Testes funcionais
• D-xilose – caracterizar a diminuição da superfície de absorção intestinal
• Teste Supercrescimento bacteriano
• Teste de função pancreática
• Teste de intolerância a lactose
• Leucócitos fecais
Exames endoscópicos
• Colonoscopia, Retossigmoidoscopia e Biópsia (suspeita de colite
pseudomembranosa, colite isquêmica e DII)
• EDA e biópsia (Doença Celíaca)
EXAMES
COMPLEMENTARES
29.
Conceito
•Dura menos de 2 semanas, mas
quase sempre menos que 72horas.
•Principal causa – infecciosa em 90%
casos.
•Geralmente autolimitada.
Diarréia aguda
30.
Infecciosa:
• os agentes mais comuns Rotavirus, E. coli enterotoxigênica
e enterohemorrágica (causa SHU), salmonella, shigella e
clostridium difficile (diarréia nosocomial).
Não infecciosa:
• a causa mais comum é o álcool e medicamentos como
digoxina, AINE, magnésio, antibióticos, laxativos, sorbitol,
dieta enteral, colite isquêmica, RCU, alergia alimentar,
diarréia osmótica, etc.
CAUSAS
31. A grande maioria é autolimitada.
Identificar a causa.
Sinais de alarme: diarréia abundante com desidratação, fezes francamente
sanguinolentas, febre alta, idosos, imunocomprometidos, uso recente de antibióticos.
Sinais de gravidade: hipotensão, insuficiência respiratória, confusão mental, choque e
hemorragia
Reposição hidroeletrolítica Solução para reidratação oral ou endovenosa.
Alimentação de acordo com a aceitação.
MEDIDAS
TERAPÊUTICAS
32.
Antidiarréicos: Loperamida 2mg após cada evacuação durante 2
dias.
• Contraindicado nos casos invasivos, febre e diarréia com sangue.
Probióticos
ATB: indicado nos casos invasivos, com febre, fezes com sangue,
mais de 8 evacuações diárias, desidratação, diarréia por mais de 7
dias, imunocomprometidos.
MEDIDAS
TERAPÊUTICAS