SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Aula: 06
Temática: As Interfaces da Didática com a Sociologia
da Educação: as teorias não críticas
Nas aulas anteriores apontamos as interfaces da Didática
com a Filosofia, que oferece o modelo de sujeito que se pretende educar, e com a Psicologia da Educação, que indica
como o sujeito pode aprender. Nesta aula vamos estudar as relações da
Didática com a Sociologia da Educação, pois os conteúdos a serem aprendidos nas situações didáticas são dados pela Sociedade, pela Cultura.
No campo da Sociologia da Educação, alguns autores, como SAVIANI
(1994), identificam uma polarização dos modelos explicativos sobre a organização escolar e o trabalho que nela se realiza, entre as teorias não
críticas e as teorias críticas. As teorias não críticas identificam a organização escolar e o seu trabalho como a agência que difunde a instrução,
transmite os conhecimentos acumulados pela humanidade sistematizados
logicamente e assegura a manutenção dos valores universais. As teorias
não críticas não focalizam o conflito existente na sociedade e, conseqüentemente, na escola.
FULLAT (1994) adverte que a educação em geral, especialmente a institucionalizada na forma de escola, sempre foi conflitiva, pois pretende transmitir noções muito discutíveis como “verdade”, “bondade” ou “beleza”.
A escola propõe esses valores em função das lutas existentes entre os
diversos grupos sociais, logo ela é estrutural e dinamicamente conflitiva,
pois o projeto de sociedade não é único e vários projetos são propostos
simultaneamente, mesmo que um possa se sobrepor aos demais.
A partir dos diversos projetos de sociedade, são propostos diferentes tipos
de “escola”, como a única, a pluralista e a plural. FULLAT (1994) define a
“escola única” como a que não admite uma concepção de existência que
seja diferente da proposta pelo poder hegemônico. A “escola pluralista”
permite diferentes códigos morais no seu interior, enquanto a “escola plural” entende que cada centro escolar possa se organizar independentemente no que concerne à transmissão de saberes e valores.
As teorias não críticas concebem a escola como única, sem conflitos, tal
como se houvesse um único projeto de sociedade, isto é, o projeto social
do poder hegemônico. Essa concepção identifica-se com a própria constituição dos sistemas nacionais de ensino europeus que datam do início do
século XIX. Nessa época, a consolidação da sociedade industrial exigiu a
UNIMES VIRTUAL
24

DIDÁTICA E PRÁTICA
qualificação da mão de obra e a manutenção dos interesses da burguesia,
classe que ascendia ao poder com a reestruturação política gerada pela
nova ordem econômica. A organização dos sistemas nacionais de ensino
na Europa inspirou-se no princípio de que
A educação é direito de todos e dever do Estado. O
direito de todos à Educação decorria do tipo de sociedade correspondente aos interesses da nova classe
que se consolidara no poder: a burguesia. Tratava-se
de construir uma sociedade democrática, de consolidar a democracia burguesa, neste quadro, a causa
da marginalidade é identificada com a ignorância. A
escola surge como um antídoto a ignorância, logo um
instrumento para equacionar o problema da marginalidade. Seu papel é difundir a instrução, transmitir os
conhecimentos acumulados pela humanidade e sistematizados logicamente. A escola se organiza como
uma agencia centrada no professor, o qual transmite
segundo uma gradação lógica, o acervo cultural dos
alunos, A estes cabe assimilar os conhecimentos que
lhe são transmitidos (SAVIANI: 1994:17).

A organização escolar do século XIX respondeu às necessidades do sistema capitalista de produção. Fazemos referência ao sistema capitalista como um sistema econômico
baseado na propriedade privada dos meios de produção e na propriedade
intelectual, na obtenção do lucro como decorrência do investimento de capital e do risco assumido pela iniciativa privada e na regulamentação dos
mercados pelas leis da oferta e da procura.. Essa concepção de capitalismo se apóia nas teses do liberalismo econômico, configuradas no século
XVIII e consolidadas no século XIX. Nos finais do século XX, essas teses
foram atualizadas sob a denominação de Neoliberalismo.

UNIMES VIRTUAL
DIDÁTICA E PRÁTICA

25

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Concepções Pedagógicas resumo
Concepções Pedagógicas resumoConcepções Pedagógicas resumo
Concepções Pedagógicas resumoDébora Silveira
 
Quadro das concepcoess_pedagogicas
Quadro das concepcoess_pedagogicasQuadro das concepcoess_pedagogicas
Quadro das concepcoess_pedagogicasLiliane Barros
 
Resenha documentos de identidade
Resenha documentos de identidadeResenha documentos de identidade
Resenha documentos de identidadeNertan Dias
 
Escola e Democracia - Dermeval Saviani
Escola e Democracia - Dermeval SavianiEscola e Democracia - Dermeval Saviani
Escola e Democracia - Dermeval SavianiCamilla Follador
 
Tendências e correntes na educação brasileira
Tendências e correntes na educação brasileiraTendências e correntes na educação brasileira
Tendências e correntes na educação brasileirarichard_romancini
 
As teorias crítico-reprodutivas da educação
As teorias crítico-reprodutivas da educaçãoAs teorias crítico-reprodutivas da educação
As teorias crítico-reprodutivas da educaçãoPaula Viegas
 
Tendências pedagógicas texto
Tendências pedagógicas   textoTendências pedagógicas   texto
Tendências pedagógicas textodiegocn
 
Teorias da educação
Teorias da educaçãoTeorias da educação
Teorias da educaçãorenanmedonho
 
As teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneo
As teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneoAs teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneo
As teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneoSheila V. mussi
 
Abordagem critico superadora
Abordagem critico superadora Abordagem critico superadora
Abordagem critico superadora pauloaltizani
 

Mais procurados (19)

Concepções Pedagógicas resumo
Concepções Pedagógicas resumoConcepções Pedagógicas resumo
Concepções Pedagógicas resumo
 
Quadro das concepcoess_pedagogicas
Quadro das concepcoess_pedagogicasQuadro das concepcoess_pedagogicas
Quadro das concepcoess_pedagogicas
 
Resenha documentos de identidade
Resenha documentos de identidadeResenha documentos de identidade
Resenha documentos de identidade
 
Críticas à escola
Críticas à escolaCríticas à escola
Críticas à escola
 
Resumo de tendências pedagógicas
Resumo de tendências pedagógicasResumo de tendências pedagógicas
Resumo de tendências pedagógicas
 
Escola e Democracia - Dermeval Saviani
Escola e Democracia - Dermeval SavianiEscola e Democracia - Dermeval Saviani
Escola e Democracia - Dermeval Saviani
 
Tendência liberal tradicional
Tendência liberal tradicionalTendência liberal tradicional
Tendência liberal tradicional
 
Tendências e correntes na educação brasileira
Tendências e correntes na educação brasileiraTendências e correntes na educação brasileira
Tendências e correntes na educação brasileira
 
Aula Sociologia da educação
Aula Sociologia da educaçãoAula Sociologia da educação
Aula Sociologia da educação
 
Pedagogia liberal
Pedagogia liberalPedagogia liberal
Pedagogia liberal
 
As teorias crítico-reprodutivas da educação
As teorias crítico-reprodutivas da educaçãoAs teorias crítico-reprodutivas da educação
As teorias crítico-reprodutivas da educação
 
Tendências pedagógicas texto
Tendências pedagógicas   textoTendências pedagógicas   texto
Tendências pedagógicas texto
 
Dermeval Saviani
Dermeval Saviani Dermeval Saviani
Dermeval Saviani
 
Escola e democracia
Escola e democraciaEscola e democracia
Escola e democracia
 
Conceitos de pedagogia
Conceitos de pedagogiaConceitos de pedagogia
Conceitos de pedagogia
 
Teorias da educação
Teorias da educaçãoTeorias da educação
Teorias da educação
 
As teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneo
As teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneoAs teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneo
As teorias pedagógicas modernas resiginificadas pelo debate contemporâneo
 
TENDENCIAS PEDAGÓGICAS didática
TENDENCIAS PEDAGÓGICAS didáticaTENDENCIAS PEDAGÓGICAS didática
TENDENCIAS PEDAGÓGICAS didática
 
Abordagem critico superadora
Abordagem critico superadora Abordagem critico superadora
Abordagem critico superadora
 

Destaque (16)

G ped didp_3_1_04
G ped didp_3_1_04G ped didp_3_1_04
G ped didp_3_1_04
 
1768 2405-1-pb
1768 2405-1-pb1768 2405-1-pb
1768 2405-1-pb
 
G ped peja_3_1_01
G ped peja_3_1_01G ped peja_3_1_01
G ped peja_3_1_01
 
G ped didp_3_1_01
G ped didp_3_1_01G ped didp_3_1_01
G ped didp_3_1_01
 
G ped didp_3_1_05
G ped didp_3_1_05G ped didp_3_1_05
G ped didp_3_1_05
 
G ped aeip_4_02_11
G ped aeip_4_02_11G ped aeip_4_02_11
G ped aeip_4_02_11
 
G ped didp_3_1_06
G ped didp_3_1_06G ped didp_3_1_06
G ped didp_3_1_06
 
G ped didp_3_1_01
G ped didp_3_1_01G ped didp_3_1_01
G ped didp_3_1_01
 
G ped didp_3_1_02
G ped didp_3_1_02G ped didp_3_1_02
G ped didp_3_1_02
 
G ped didp_3_1_03
G ped didp_3_1_03G ped didp_3_1_03
G ped didp_3_1_03
 
G ped didp_3_1_03
G ped didp_3_1_03G ped didp_3_1_03
G ped didp_3_1_03
 
G ped didp_3_1_01
G ped didp_3_1_01G ped didp_3_1_01
G ped didp_3_1_01
 
Educ especial
Educ especialEduc especial
Educ especial
 
Didatica
DidaticaDidatica
Didatica
 
Legislacao federal 2014 sinpeem
Legislacao federal 2014 sinpeemLegislacao federal 2014 sinpeem
Legislacao federal 2014 sinpeem
 
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol 3
 

Semelhante a G ped didp_3_1_06

FILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptx
FILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptxFILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptx
FILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptxMarinesdeOliveira
 
Teorias criticas do curriculo
Teorias criticas do curriculoTeorias criticas do curriculo
Teorias criticas do curriculoMárcio Castro
 
Apresentação de trabalho graminsci
Apresentação de trabalho graminsciApresentação de trabalho graminsci
Apresentação de trabalho graminsciMariclei2011
 
A organização do sistema educacional brasileiro
A organização do sistema educacional brasileiroA organização do sistema educacional brasileiro
A organização do sistema educacional brasileiroFernanda Angel Silva
 
Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...
Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...
Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...Emerson Mathias
 
282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdf
282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdf282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdf
282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdfAdrianiSaleteMokfaPa
 
29039 tendências pedagógicas
29039 tendências pedagógicas29039 tendências pedagógicas
29039 tendências pedagógicasMimos Artesanais
 
Teorias de currículo: das tradicionais às críticas
Teorias de currículo: das tradicionais às críticasTeorias de currículo: das tradicionais às críticas
Teorias de currículo: das tradicionais às críticasLucila Pesce
 
Educação na sociedade informática
Educação na sociedade informáticaEducação na sociedade informática
Educação na sociedade informáticaMara Salvucci
 
EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970
EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970
EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970Janaina Silveira
 
História marxista
História marxistaHistória marxista
História marxistaThaís Muniz
 
ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...
ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...
ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...Wallace Melo Gonçalves Barbosa
 
Texto 2 rockwell ezpeleta
Texto 2 rockwell ezpeletaTexto 2 rockwell ezpeleta
Texto 2 rockwell ezpeletaAbner Borges
 
3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)
3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)
3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)Josueyahoo
 

Semelhante a G ped didp_3_1_06 (20)

FILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptx
FILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptxFILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptx
FILOSOFIA DA EDUCACAO - AULA 1 2016.pptx
 
Pedagogia1 1218246591045787-9
Pedagogia1 1218246591045787-9Pedagogia1 1218246591045787-9
Pedagogia1 1218246591045787-9
 
Teorias criticas do curriculo
Teorias criticas do curriculoTeorias criticas do curriculo
Teorias criticas do curriculo
 
Apresentação de trabalho graminsci
Apresentação de trabalho graminsciApresentação de trabalho graminsci
Apresentação de trabalho graminsci
 
Faces currículo
Faces currículoFaces currículo
Faces currículo
 
A organização do sistema educacional brasileiro
A organização do sistema educacional brasileiroA organização do sistema educacional brasileiro
A organização do sistema educacional brasileiro
 
N107a08
N107a08N107a08
N107a08
 
Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...
Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...
Linha do tempo: “Sociologia da Educação: Uma análise de suas Origens e Desenv...
 
282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdf
282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdf282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdf
282429582-Resumo-Teoria-Critica-e-Resistencia-Em-Educaca-o-Henry-Giroux.pdf
 
29039 tendências pedagógicas
29039 tendências pedagógicas29039 tendências pedagógicas
29039 tendências pedagógicas
 
Teorias de currículo: das tradicionais às críticas
Teorias de currículo: das tradicionais às críticasTeorias de currículo: das tradicionais às críticas
Teorias de currículo: das tradicionais às críticas
 
Educação na sociedade informática
Educação na sociedade informáticaEducação na sociedade informática
Educação na sociedade informática
 
Apostila completa concurso professor (1) 1
Apostila completa concurso professor (1) 1Apostila completa concurso professor (1) 1
Apostila completa concurso professor (1) 1
 
EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970
EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970
EDUCAÇÃO POPULAR: ANÁLISE DA PRÁTICA BRASILEIRA DURANTE A DÉCADA DE 1970
 
1 o-marxismo-e-a-sociologia-da-educac3a7c3a3o
1   o-marxismo-e-a-sociologia-da-educac3a7c3a3o1   o-marxismo-e-a-sociologia-da-educac3a7c3a3o
1 o-marxismo-e-a-sociologia-da-educac3a7c3a3o
 
História marxista
História marxistaHistória marxista
História marxista
 
Marx engels e a educação
Marx engels e a educaçãoMarx engels e a educação
Marx engels e a educação
 
ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...
ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...
ESCOLA, EXCLUSÃO, DESIGUALDADES E DIFERENÇAS: COMO O AMBIENTE PEDAGÓGICO PODE...
 
Texto 2 rockwell ezpeleta
Texto 2 rockwell ezpeletaTexto 2 rockwell ezpeleta
Texto 2 rockwell ezpeleta
 
3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)
3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)
3. gestao organizacao trabalho-pedagogico (1)
 

Último

Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxssuserf54fa01
 
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Vitor Mineiro
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 

Último (20)

Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
 
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
Descreve o conceito de função, objetos, imagens, domínio e contradomínio.
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 

G ped didp_3_1_06

  • 1. Aula: 06 Temática: As Interfaces da Didática com a Sociologia da Educação: as teorias não críticas Nas aulas anteriores apontamos as interfaces da Didática com a Filosofia, que oferece o modelo de sujeito que se pretende educar, e com a Psicologia da Educação, que indica como o sujeito pode aprender. Nesta aula vamos estudar as relações da Didática com a Sociologia da Educação, pois os conteúdos a serem aprendidos nas situações didáticas são dados pela Sociedade, pela Cultura. No campo da Sociologia da Educação, alguns autores, como SAVIANI (1994), identificam uma polarização dos modelos explicativos sobre a organização escolar e o trabalho que nela se realiza, entre as teorias não críticas e as teorias críticas. As teorias não críticas identificam a organização escolar e o seu trabalho como a agência que difunde a instrução, transmite os conhecimentos acumulados pela humanidade sistematizados logicamente e assegura a manutenção dos valores universais. As teorias não críticas não focalizam o conflito existente na sociedade e, conseqüentemente, na escola. FULLAT (1994) adverte que a educação em geral, especialmente a institucionalizada na forma de escola, sempre foi conflitiva, pois pretende transmitir noções muito discutíveis como “verdade”, “bondade” ou “beleza”. A escola propõe esses valores em função das lutas existentes entre os diversos grupos sociais, logo ela é estrutural e dinamicamente conflitiva, pois o projeto de sociedade não é único e vários projetos são propostos simultaneamente, mesmo que um possa se sobrepor aos demais. A partir dos diversos projetos de sociedade, são propostos diferentes tipos de “escola”, como a única, a pluralista e a plural. FULLAT (1994) define a “escola única” como a que não admite uma concepção de existência que seja diferente da proposta pelo poder hegemônico. A “escola pluralista” permite diferentes códigos morais no seu interior, enquanto a “escola plural” entende que cada centro escolar possa se organizar independentemente no que concerne à transmissão de saberes e valores. As teorias não críticas concebem a escola como única, sem conflitos, tal como se houvesse um único projeto de sociedade, isto é, o projeto social do poder hegemônico. Essa concepção identifica-se com a própria constituição dos sistemas nacionais de ensino europeus que datam do início do século XIX. Nessa época, a consolidação da sociedade industrial exigiu a UNIMES VIRTUAL 24 DIDÁTICA E PRÁTICA
  • 2. qualificação da mão de obra e a manutenção dos interesses da burguesia, classe que ascendia ao poder com a reestruturação política gerada pela nova ordem econômica. A organização dos sistemas nacionais de ensino na Europa inspirou-se no princípio de que A educação é direito de todos e dever do Estado. O direito de todos à Educação decorria do tipo de sociedade correspondente aos interesses da nova classe que se consolidara no poder: a burguesia. Tratava-se de construir uma sociedade democrática, de consolidar a democracia burguesa, neste quadro, a causa da marginalidade é identificada com a ignorância. A escola surge como um antídoto a ignorância, logo um instrumento para equacionar o problema da marginalidade. Seu papel é difundir a instrução, transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade e sistematizados logicamente. A escola se organiza como uma agencia centrada no professor, o qual transmite segundo uma gradação lógica, o acervo cultural dos alunos, A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhe são transmitidos (SAVIANI: 1994:17). A organização escolar do século XIX respondeu às necessidades do sistema capitalista de produção. Fazemos referência ao sistema capitalista como um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção e na propriedade intelectual, na obtenção do lucro como decorrência do investimento de capital e do risco assumido pela iniciativa privada e na regulamentação dos mercados pelas leis da oferta e da procura.. Essa concepção de capitalismo se apóia nas teses do liberalismo econômico, configuradas no século XVIII e consolidadas no século XIX. Nos finais do século XX, essas teses foram atualizadas sob a denominação de Neoliberalismo. UNIMES VIRTUAL DIDÁTICA E PRÁTICA 25