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As Faces do Currículo Escolar: em busca de uma pedagogia para todos
por Daniela Vieira Costa Menezes
O confronto entre a cultura elitista e a cultura popular abriu espaço para
um currículo como construção cultural. Segundo Silva (2001), são as relações de
poder nas quais o currículo está submerso que organizam as significações que
resultam em identidades. Dessa forma, o mundo sociocultural se torna
naturalizado, como resultado do diálogo entre o social e o individual, pois as
representações são construídas a partir das nossas relações com os significados
que nos rodeiam.
Porém, “o conhecimento não é uma revelação ou um reflexo da natureza
ou da realidade, mas o resultado de um processo de criação e interpretação
social” (Silva, 2001, p. 135). Nesse sentido, fundir o conhecimento escolar
(científico) com o conhecimento popular (social) é fundamental para o surgimento
de um currículo inclusivo.
O currículo é uma construção coletiva de um estabelecimento de ensino,
onde – sob influências externas da sociedade, do governo, das teorias – é feita
uma escolha política resultante dos múltiplos conflitos lá existentes. Tal escolha
envolve a regulamentação e prescrição das decisões políticas que fazem parte da
legislação vigente; os modelos metodológicos e didáticos planejados na
organização expressa no projeto político pedagógico de cada escola; o currículo
em ação presente no planejamento docente; e os meios de controle internos e
externos presentes nas avaliações.
A escola, como uma instituição inserida em um contexto sociocultural, vai
ser influenciada pela sociedade ao mesmo tempo em que vai influenciá-la. Dessa
forma, o currículo enquanto projeto de educação e de sociedade defendido por
uma escola, vai expressar as relações de poder existentes nas políticas públicas
vigentes em relação aos sistemas de ensino e gestão escolar, que se
materializam nas dinâmicas de sala de aula. Esse jogo de influências não é linear,
ele vai se constituindo e sendo modificado ao sabor do movimento dos envolvidos
no processo.
Entretanto, na história da educação, temos como identificar 3 tipos de
currículo (SILVA, 2001) que marcaram as dinâmicas escolares e as produções
acadêmicas em períodos definidos. Para pensarmos na escola que precisamos e
que queremos hoje, precisamos refletir sobre a escola que foi construída ao longo
da história da humanidade.
O Currículo Tradicional surgiu com a organização da escola como
instituição social. Naquele momento histórico, marcado por profundas
modificações na sociedade ocidental, a escola chegava com a responsabilidade
de legitimar a divisão de classes sociais a partir do trabalho. Por isso, percebe-se
um currículo alinhado às necessidades das classes dominantes, onde a
preocupação estava em controlar os conteúdos e ajustar uma didática padrão. O
professor deveria ser o técnico responsável por seguir aquele manual,
homogeneizando corpos e mentes dos estudantes e excluindo aqueles que não
se enquadrassem neste cenário.
O Currículo Crítico surgiu para contestar a escola tradicional. Naquele
momento histórico, o poder público endurecido em políticas fechadas, fortalecia o
surgimento de um movimento social de contestação, onde a escola seria
identificada como o espaço social de reprodução da ideologia dominante (em um
primeiro momento) para se tornar a responsável pela mudança de paradigma da
sociedade. Dessa forma, buscava-se a supremacia do currículo oculto das
escolas, onde a maioria dominada encontraria sua voz diante da minoria
dominante. O professor deixaria, portanto de ser um alienado para ser um
intelectual, responsável por uma resistência consciente, que ofereceria aos seus
alunos as ferramentas necessárias para a transformação social.
O Currículo Pós-Crítico surgiu para dissolver a dicotomia existente até
então, contemplando as diferenças existentes nas culturas silenciadas da
sociedade. Estamos vivendo um momento histórico em que as questões de
gênero, credo e etnia configuram uma sociedade multicultural, imersa em conflitos
e confrontos, assim a escola universal se configura como o palco para a
diversidade. Desta forma, busca-se um currículo pautado na tolerância, no
respeito e na equidade, valorizando as culturas locais sem esquecer do global. O
professor, neste contexto, precisa ser igualmente plural, reconhecendo as
diferenças e os contextos socioculturais de seus alunos, abrindo espaços em sua
sala de aula para o convívio pacífico diante das diferenças.
Excursionando pelos diferentes currículos diante da escola pública
brasileira da atualidade, identificamos o hibridismo apresentado por Silva (2001),
como um único currículo multifacetado. Por mais que a legislação educacional
vigente defenda a autonomia pedagógica, valorizando a diversidade, temos uma
carência na formação dos professores brasileiros que coloca a realidade em sala
de aula distante dos ideais escritos nas leis. Cada vez mais, chegam nas escolas,
políticas públicas marcadas pela padronização de métodos, em nome da
transformação social e da voz das minorias. Como ainda não somos os
professores pesquisadores que deveríamos ser, vamos aceitando sem muitas
resistências um modelo de currículo em muitas faces, que tenta abranger a
diversidade da realidade, mas que, tal qual a sociedade, está vivendo uma crise
de identidade.
Uma vez que pedagogia e cultura se integram, os artefatos culturais
inseridos na rotina educacional (formal ou não) devem ser observados para que
sejam descortinados os sistemas de significação envolvidos na produção de
identidades e nos discursos subjetivadores que impõem à escola, a lógica das
relações de poder da sociedade. O discurso pedagógico, centrado no currículo
culturalmente constituído auxilia na desestabilização de narrativas socialmente
deterministas que contribuem para a exclusão das minorias durante o processo
educacional.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias
do currículo. 2ª ed. Belo horizonte: Autêntica, 2001.

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Faces currículo

  • 1. As Faces do Currículo Escolar: em busca de uma pedagogia para todos por Daniela Vieira Costa Menezes O confronto entre a cultura elitista e a cultura popular abriu espaço para um currículo como construção cultural. Segundo Silva (2001), são as relações de poder nas quais o currículo está submerso que organizam as significações que resultam em identidades. Dessa forma, o mundo sociocultural se torna naturalizado, como resultado do diálogo entre o social e o individual, pois as representações são construídas a partir das nossas relações com os significados que nos rodeiam. Porém, “o conhecimento não é uma revelação ou um reflexo da natureza ou da realidade, mas o resultado de um processo de criação e interpretação social” (Silva, 2001, p. 135). Nesse sentido, fundir o conhecimento escolar (científico) com o conhecimento popular (social) é fundamental para o surgimento de um currículo inclusivo. O currículo é uma construção coletiva de um estabelecimento de ensino, onde – sob influências externas da sociedade, do governo, das teorias – é feita uma escolha política resultante dos múltiplos conflitos lá existentes. Tal escolha envolve a regulamentação e prescrição das decisões políticas que fazem parte da legislação vigente; os modelos metodológicos e didáticos planejados na organização expressa no projeto político pedagógico de cada escola; o currículo em ação presente no planejamento docente; e os meios de controle internos e externos presentes nas avaliações. A escola, como uma instituição inserida em um contexto sociocultural, vai ser influenciada pela sociedade ao mesmo tempo em que vai influenciá-la. Dessa forma, o currículo enquanto projeto de educação e de sociedade defendido por uma escola, vai expressar as relações de poder existentes nas políticas públicas vigentes em relação aos sistemas de ensino e gestão escolar, que se materializam nas dinâmicas de sala de aula. Esse jogo de influências não é linear, ele vai se constituindo e sendo modificado ao sabor do movimento dos envolvidos no processo. Entretanto, na história da educação, temos como identificar 3 tipos de currículo (SILVA, 2001) que marcaram as dinâmicas escolares e as produções acadêmicas em períodos definidos. Para pensarmos na escola que precisamos e que queremos hoje, precisamos refletir sobre a escola que foi construída ao longo da história da humanidade. O Currículo Tradicional surgiu com a organização da escola como instituição social. Naquele momento histórico, marcado por profundas modificações na sociedade ocidental, a escola chegava com a responsabilidade de legitimar a divisão de classes sociais a partir do trabalho. Por isso, percebe-se um currículo alinhado às necessidades das classes dominantes, onde a preocupação estava em controlar os conteúdos e ajustar uma didática padrão. O professor deveria ser o técnico responsável por seguir aquele manual, homogeneizando corpos e mentes dos estudantes e excluindo aqueles que não se enquadrassem neste cenário. O Currículo Crítico surgiu para contestar a escola tradicional. Naquele momento histórico, o poder público endurecido em políticas fechadas, fortalecia o surgimento de um movimento social de contestação, onde a escola seria identificada como o espaço social de reprodução da ideologia dominante (em um primeiro momento) para se tornar a responsável pela mudança de paradigma da sociedade. Dessa forma, buscava-se a supremacia do currículo oculto das escolas, onde a maioria dominada encontraria sua voz diante da minoria dominante. O professor deixaria, portanto de ser um alienado para ser um intelectual, responsável por uma resistência consciente, que ofereceria aos seus alunos as ferramentas necessárias para a transformação social. O Currículo Pós-Crítico surgiu para dissolver a dicotomia existente até então, contemplando as diferenças existentes nas culturas silenciadas da sociedade. Estamos vivendo um momento histórico em que as questões de gênero, credo e etnia configuram uma sociedade multicultural, imersa em conflitos e confrontos, assim a escola universal se configura como o palco para a diversidade. Desta forma, busca-se um currículo pautado na tolerância, no respeito e na equidade, valorizando as culturas locais sem esquecer do global. O professor, neste contexto, precisa ser igualmente plural, reconhecendo as diferenças e os contextos socioculturais de seus alunos, abrindo espaços em sua sala de aula para o convívio pacífico diante das diferenças. Excursionando pelos diferentes currículos diante da escola pública brasileira da atualidade, identificamos o hibridismo apresentado por Silva (2001), como um único currículo multifacetado. Por mais que a legislação educacional vigente defenda a autonomia pedagógica, valorizando a diversidade, temos uma carência na formação dos professores brasileiros que coloca a realidade em sala de aula distante dos ideais escritos nas leis. Cada vez mais, chegam nas escolas, políticas públicas marcadas pela padronização de métodos, em nome da transformação social e da voz das minorias. Como ainda não somos os professores pesquisadores que deveríamos ser, vamos aceitando sem muitas resistências um modelo de currículo em muitas faces, que tenta abranger a diversidade da realidade, mas que, tal qual a sociedade, está vivendo uma crise de identidade. Uma vez que pedagogia e cultura se integram, os artefatos culturais inseridos na rotina educacional (formal ou não) devem ser observados para que sejam descortinados os sistemas de significação envolvidos na produção de identidades e nos discursos subjetivadores que impõem à escola, a lógica das relações de poder da sociedade. O discurso pedagógico, centrado no currículo culturalmente constituído auxilia na desestabilização de narrativas socialmente deterministas que contribuem para a exclusão das minorias durante o processo educacional. SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Belo horizonte: Autêntica, 2001.