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DIDÁTICA E PRÁTICA 21
UNIMES VIRTUAL
Aula: 05
Temática: As Interfaces da Didática
com a Psicologia
Na aula anterior apresentamos as interfaces da Didática
com a Filosofia da Educação. Se a Educação se refere ao
processo de humanização, ela implica a manutenção da cul-
tura do grupo social e, ao mesmo tempo, a transformação da cultura pelo
grupo social. Algumas tendências pedagógicas carregam as tintas na ma-
nutenção da cultura e na instrução do sujeito; outras na transformação ou
na crítica do sujeito para que este desenvolva as características humanas
para a vida em uma sociedade em constante mudança.
A manutenção e a transformação da cultura do grupo social são aspec-
tos indissociáveis da ação educativa, e cada educador terá de encontrar
um equilíbrio possível nesse processo: manter, transmitir o conhecimento,
normas, atitudes e valores aceitos como os necessários para a sociedade
a que pertence e, ao mesmo tempo, desenvolver a capacidade de ampliar
os limites, transgredir, ou não, o que é admitido como necessário para a
sociedade, pois é nesse processo que a sociedade pode, quiçá, transfor-
mar-se.
Alguns filósofos da Educação têm apontado essa prática como sendo uma
arte. FULLAT (1994) observa que o entendimento de Educação como arte
não se dá no sentido estético de belo, mas inspira-se na etimologia gre-
ga artuêin que significa arrumar, dispor. Nessa acepção, arte passa a ser
sinônimo de atividade, logo a Educação como arte é uma prática que dá
forma aos homens e mulheres, e os educadores são os agentes que pos-
suem a habilidade para tal realização.
Em suas interfaces com a Psicologia, a Didática considera a relação que os
sujeitos estabelecem com os objetos do conhecimento. A Psicologia apre-
senta três grandes modelos de relação do sujeito com o conhecimento:
S O = o sujeito que age sobre o objeto. Nesta proposição o sujeito já
possui a capacidade de conhecimento do objeto a ser conhecido. Para que
este conhecimento se efetive é preciso que o sujeito aja sobre o objeto,
internalizando-o. Este modelo explicativo apóia as correntes do inatismo e
do racionalismo.
DIDÁTICA E PRÁTICA22
UNIMES VIRTUAL
S O = o objeto age sobre o sujeito. Esta noção fundamenta o empi-
rismo e o comportamentalismo. O comportamentalismo está inserido na
tradição das investigações empiristas em Psicologia e pressupõe que a
aprendizagem é a mudança de comportamento resultante do treino ou da
experiência, já que é o meio, ou o objeto, que determina o sujeito.
S O = sujeito e objeto interagem. Há uma inter-relação entre ambos,
um processo interacionista. O conhecimento é construído, em sua forma
e conteúdo, por um processo de interação entre sujeito e objeto/meio,
processo que se realiza pela atividade do sujeito estimulado pelo meio. Na
epistemologia interacionista, isto é, no modelo de conhecer interacionista,
o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde
o nascimento (inatismo), nem como resultado do simples registro de per-
cepções e informações do meio (empirismo). A abordagem interacionista
compreende o conhecimento como resultado das ações e interações do
sujeito com e no ambiente em que vive. Todo o conhecimento é uma cons-
trução que vai sendo elaborada desde o nascimento do sujeito, por meio
das interações do mesmo com os objetos que procura conhecer, sejam
eles do mundo físico ou cultural. A epistemologia interacionista fundamen-
ta as tendências pedagógicas que utilizam a metáfora do construtivismo.
A concepção pedagógica derivada da metáfora do “construtivismo” se
alimenta dos princípios do desenvolvimento cognitivo endógeno de Jean
Piaget (1896-1980), o conhecimento se constrói à medida que as estrutu-
ras cognitivas se fazem mais coordenadas e se reorganizam, e o enfoque
histórico-cultural de Lev Semionovitch Vygotsky (1896-1934), o conheci-
mento se constrói pelas interações sociais, de forma intersubjetiva (entre
pessoas) sendo processado pela experiência própria, de forma intra-sub-
jetiva (sujeito consigo).
Do ponto de vista pedagógico, os pontos centrais da abordagem didática
fundamentada na metáfora do construtivismo são:
• a comunidade na qual o sujeito está inserido tem papel central na cons-
trução do seu entendimento;
• a natureza dos materiais pedagógicos com os quais interage interfere no
modo e no ritmo da aprendizagem.
JONASSEN, PECK E WILSON (1999) afirmam que uma situação didática
fundamentada na metáfora do construtivismo propõe problemas que os
educandos buscarão solucionar. Esse autor sugere que os docentes não
se inspirem nos típicos problemas dos manuais e ou livros de texto, mas
sim no que fazem os profissionais da área. A partir da observação de casos
reais vividos por profissionais, o docente pode “colecionar problemas”.
DIDÁTICA E PRÁTICA 23
UNIMES VIRTUAL
Ao formular um problema, o docente deve incluir o contexto do mesmo, a
simulação bem como o tempo e o espaço necessários para sua solução,
sem deixar de indagar sobre os conhecimentos prévios dos educandos,
os quais, eventualmente, podem contribuir para uma possível solução do
problema apresentado. O objetivo de propor problemas realistas é o de
aprender a pensar como um membro a mais da comunidade profissional.
Nas situações didáticas da abordagem construtivista, os
educandos assumem a responsabilidade sobre o geren-
ciamento de suas atividades e o papel do docente passa
a ser o de orientador, mediador. Nessa abordagem, a ênfase do trabalho
docente visa à autonomia do educando que interage com o ambiente e
este, por sua vez, fomenta o processo de construção do conhecimento. As
situações e materiais didáticos desenvolvidos nessa abordagem definem
objetivos macros, os contextos para incentivar a construção do conhe-
cimento e a participação dos estudantes; propõem problemas realistas,
interessantes e relevantes permitindo testar diversas soluções; estimulam
a colaboração, o diálogo e a negociação no trabalho em equipe.

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  • 1. DIDÁTICA E PRÁTICA 21 UNIMES VIRTUAL Aula: 05 Temática: As Interfaces da Didática com a Psicologia Na aula anterior apresentamos as interfaces da Didática com a Filosofia da Educação. Se a Educação se refere ao processo de humanização, ela implica a manutenção da cul- tura do grupo social e, ao mesmo tempo, a transformação da cultura pelo grupo social. Algumas tendências pedagógicas carregam as tintas na ma- nutenção da cultura e na instrução do sujeito; outras na transformação ou na crítica do sujeito para que este desenvolva as características humanas para a vida em uma sociedade em constante mudança. A manutenção e a transformação da cultura do grupo social são aspec- tos indissociáveis da ação educativa, e cada educador terá de encontrar um equilíbrio possível nesse processo: manter, transmitir o conhecimento, normas, atitudes e valores aceitos como os necessários para a sociedade a que pertence e, ao mesmo tempo, desenvolver a capacidade de ampliar os limites, transgredir, ou não, o que é admitido como necessário para a sociedade, pois é nesse processo que a sociedade pode, quiçá, transfor- mar-se. Alguns filósofos da Educação têm apontado essa prática como sendo uma arte. FULLAT (1994) observa que o entendimento de Educação como arte não se dá no sentido estético de belo, mas inspira-se na etimologia gre- ga artuêin que significa arrumar, dispor. Nessa acepção, arte passa a ser sinônimo de atividade, logo a Educação como arte é uma prática que dá forma aos homens e mulheres, e os educadores são os agentes que pos- suem a habilidade para tal realização. Em suas interfaces com a Psicologia, a Didática considera a relação que os sujeitos estabelecem com os objetos do conhecimento. A Psicologia apre- senta três grandes modelos de relação do sujeito com o conhecimento: S O = o sujeito que age sobre o objeto. Nesta proposição o sujeito já possui a capacidade de conhecimento do objeto a ser conhecido. Para que este conhecimento se efetive é preciso que o sujeito aja sobre o objeto, internalizando-o. Este modelo explicativo apóia as correntes do inatismo e do racionalismo.
  • 2. DIDÁTICA E PRÁTICA22 UNIMES VIRTUAL S O = o objeto age sobre o sujeito. Esta noção fundamenta o empi- rismo e o comportamentalismo. O comportamentalismo está inserido na tradição das investigações empiristas em Psicologia e pressupõe que a aprendizagem é a mudança de comportamento resultante do treino ou da experiência, já que é o meio, ou o objeto, que determina o sujeito. S O = sujeito e objeto interagem. Há uma inter-relação entre ambos, um processo interacionista. O conhecimento é construído, em sua forma e conteúdo, por um processo de interação entre sujeito e objeto/meio, processo que se realiza pela atividade do sujeito estimulado pelo meio. Na epistemologia interacionista, isto é, no modelo de conhecer interacionista, o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde o nascimento (inatismo), nem como resultado do simples registro de per- cepções e informações do meio (empirismo). A abordagem interacionista compreende o conhecimento como resultado das ações e interações do sujeito com e no ambiente em que vive. Todo o conhecimento é uma cons- trução que vai sendo elaborada desde o nascimento do sujeito, por meio das interações do mesmo com os objetos que procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou cultural. A epistemologia interacionista fundamen- ta as tendências pedagógicas que utilizam a metáfora do construtivismo. A concepção pedagógica derivada da metáfora do “construtivismo” se alimenta dos princípios do desenvolvimento cognitivo endógeno de Jean Piaget (1896-1980), o conhecimento se constrói à medida que as estrutu- ras cognitivas se fazem mais coordenadas e se reorganizam, e o enfoque histórico-cultural de Lev Semionovitch Vygotsky (1896-1934), o conheci- mento se constrói pelas interações sociais, de forma intersubjetiva (entre pessoas) sendo processado pela experiência própria, de forma intra-sub- jetiva (sujeito consigo). Do ponto de vista pedagógico, os pontos centrais da abordagem didática fundamentada na metáfora do construtivismo são: • a comunidade na qual o sujeito está inserido tem papel central na cons- trução do seu entendimento; • a natureza dos materiais pedagógicos com os quais interage interfere no modo e no ritmo da aprendizagem. JONASSEN, PECK E WILSON (1999) afirmam que uma situação didática fundamentada na metáfora do construtivismo propõe problemas que os educandos buscarão solucionar. Esse autor sugere que os docentes não se inspirem nos típicos problemas dos manuais e ou livros de texto, mas sim no que fazem os profissionais da área. A partir da observação de casos reais vividos por profissionais, o docente pode “colecionar problemas”.
  • 3. DIDÁTICA E PRÁTICA 23 UNIMES VIRTUAL Ao formular um problema, o docente deve incluir o contexto do mesmo, a simulação bem como o tempo e o espaço necessários para sua solução, sem deixar de indagar sobre os conhecimentos prévios dos educandos, os quais, eventualmente, podem contribuir para uma possível solução do problema apresentado. O objetivo de propor problemas realistas é o de aprender a pensar como um membro a mais da comunidade profissional. Nas situações didáticas da abordagem construtivista, os educandos assumem a responsabilidade sobre o geren- ciamento de suas atividades e o papel do docente passa a ser o de orientador, mediador. Nessa abordagem, a ênfase do trabalho docente visa à autonomia do educando que interage com o ambiente e este, por sua vez, fomenta o processo de construção do conhecimento. As situações e materiais didáticos desenvolvidos nessa abordagem definem objetivos macros, os contextos para incentivar a construção do conhe- cimento e a participação dos estudantes; propõem problemas realistas, interessantes e relevantes permitindo testar diversas soluções; estimulam a colaboração, o diálogo e a negociação no trabalho em equipe.