O documento descreve o protocolo XABCDE para atendimento a pacientes politraumatizados. O protocolo padroniza os procedimentos iniciais de avaliação e estabilização do paciente, priorizando o controle de hemorragias graves, manutenção das vias aéreas, ventilação, circulação e prevenção de hipotermia. A abordagem foi desenvolvida em 1976 e desde então tem auxiliado a reduzir a mortalidade no atendimento inicial a vítimas de trauma.
3. #interna
VOCÊ CONHECE
A HISTÓRIA DO
XABCDE DO
TRAUMA?
Em 1976, ao sofrer um acidente com sua família, o
cirurgião ortopédico Jim Styner pôde perceber as
fragilidades dos cuidados em primeiros socorros de
vítimas de traumas. Depois dessa experiência, o
médico desenvolveu o protocolo ABCDE do trauma, que
passou a ser empregado em diversas regiões do mundo
a partir de 1978, sendo ministrado neste ano o primeiro
curso sobre o tema.
A importância do método desenvolvido por Jim Styner
não demorou a ser reconhecida pelas autoridades
médicas, uma vez que só com esses cuidados é
possível realmente estabilizar o paciente, deixando-o
mais seguro para o transporte e para quaisquer outras
intervenções que se façam necessárias.
Mudança (a entrada do X):
O famoso mnemônico do trauma “abcde” ganhou na 9ª
edição do PHTLS 2018, no capítulo 6 , mais uma letra.
O “x’ de hemorragia exsanguinante ou seja hemorragia
externa grave. Ainda não publicado oficialmente e não
traduzido, mas já nos atualizamos.
O APH sofreu uma substancial alteração, dando mais
ênfase às grandes hemorragias externas, antes mesmo
do controle cervical ou da abertura das vias aéreas!
4. #interna
ATENDIMENTO
A VÍTIMA DE
TRAUMA
X – Controle de hemorragia externa grave
(exsanguinante);
A – Gerenciamento das vias aéreas (Airwaye),
estabilização da coluna cervical;
B – Respiração (breathing) e ventilação
C - Circulação (circulation)
D - Disfunção Neurológica (Disability)
E - Exposição (Exposure) e Ambiente
5. #interna
(X) – Exsanguinação
Contenção de hemorragia externa
grave, a abordagem a esta, deve ser
antes mesmo do manejo das vias
aérea uma vez que,
epidemiologicamente, apesar da
obstrução de vias aéreas ser
responsável pelos óbitos em um curto
período de tempo, o que mais mata no
trauma são as hemorragias graves.
6. #interna
(A) – Vias aéreas e proteção da coluna
vertebral
No A, deve-se realizar a avaliação das vias aéreas. No atendimento pré-
hospitalar, 66-85% das mortes evitáveis ocorrem por obstrução de vias aéreas.
Para manutenção das vias aéreas utiliza-se das técnicas: “chin lift”: elevação
do queixo, uso de aspirador de ponta rígida.
Já o “jaw thrust”: anteriorização da mandíbula, cânula orofaríngea (Guedel).
8. #interna
(B) – Boa Ventilação e
Respiração
No B, o socorrista deve analisar se a
respiração está adequada. A frequência
respiratória, inspeção dos movimentos
torácicos, cianose, desvio de traqueia e
observação da musculatura acessória são
parâmetros analisados nessa fase.
Para tal, é necessário expor o tórax do
paciente, realizar inspeção, palpação,
ausculta e percussão. Verificar se a
respiração é eficaz e se o paciente está bem
oxigenado.
9. #interna
(C) – Circulação com Controle de Hemorragias
No C, a circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de análise. A
maioria das hemorragias é estancada pela compressão direta do foco. A Hemorragia é a
principal causa de morte no trauma.
A diferença entre o “X” e o “C” é que o X se refere a hemorragias externas, grandes hemorragias.
Já o “C”
refere-se a hemorragias internas, onde deve-se investigar perdas de
volume sanguíneo não visível, analisando os principais pontos
de hemorragia interna no trauma (pelve, abdomem e
membros inferiores), avaliando sinais clínicos de hemorragia
como tempo de enchimento capilar lentificado, pele fria e
pegajosa e comprometimento do nível e qualidade de consciência.
QUAIS SOLUÇÕES EMPREGAR NA REPOSIÇÃO VOLÊMICA?
O Soro Ringer com Lactato é a solução isotônica de escolha, contudo, soluções cristaloides não
repõem hemácias, portanto, não recupera a capacidade de carrear O2 ou as plaquetas necessárias
no processo de coagulação e controle de hemorragias.
10. #interna
(D) –
Disfunção
Neurológica
No D, a análise do nível de consciência,
tamanho e reatividade das pupilas, presença
de hérnia cerebral, sinais de lateralização e o
nível de lesão medular são medidas
realizadas. Nessa fase, o objetivo principal é
minimizar as chances de lesão secundária
pela manutenção da perfusão adequada do
tecido cerebral. Importante aplicar a escala de
goma de Glasgow atualizada. Por fim.
11. #interna
(E) – Exposição Total do
Paciente
No E, a análise da extensão das lesões e o controle do ambiente com prevenção da hipotermia são as
principais medidas realizadas. O socorrista deve analisar sinais de trauma, sangramento, manchas na pele
etc.
A parte do corpo que não está exposta pode esconder a lesão mais grave que acomete o paciente.
Durante o exame primário, remova completamente as roupas do paciente para facilitar uma avaliação
minuciosa.
Após a avaliação, cubra o paciente com cobertores quentes ou utilize um aquecedor externo para evitar
que ele desenvolva hipotermia.
Aqueça os fluidos intravenosos antes de infundi-los e mantenha o ambiente aquecido. A hipotermia pode
estar presente quando o paciente chega ou pode se desenvolver rapidamente no atendimento, caso ele
esteja descoberto e seja submetido à administração rápida de fluidos em temperatura ambiente ou
sangue refrigerado.
Como a hipotermia é uma complicação potencialmente letal em pacientes de trauma, implemente
medidas agressivas para evitar a perda de calor corporal.
A temperatura corporal do paciente é uma prioridade mais alta do que o conforto dos profissionais de
saúde, e a temperatura da área de ressuscitação deve ser aumentada para minimizar a perda de calor.
O uso de um aquecedor de fluidos de alto fluxo para elevar a temperatura dos cristalóides a 39°C é
recomendado.
Se não estiver disponível, um microondas pode ser usado (para cristalóides, mas nunca para
hemoderivados).
12. #interna
Quais as vantagens da implementação do protocolo XABCDE do trauma?
Sistematização do atendimento em todos os locais;
Esforços coordenados e treinados;
Rapidez e eficácia;
Hierarquização de prioridades;
Redução drástica da mortalidade no atendimento ao
politraumatizado.
13. #interna
Conclusão
Desde o início de sua implementação até os dias atuais, diversos estudos
comprovam a eficiência do ATLS – e, portanto, do protocolo ABCDE do trauma –
na diminuição drástica da mortalidade no atendimento inicial ao paciente
politraumatizado.
Trata-se, então, de um protocolo que o técnico de enfermagem não deve ter em
mente apenas para suas provas, mas também para a prática no dia a dia,
trabalhando ou não com situações de urgência e emergência.