O documento discute urgência e emergência em traumas, focando no atendimento à vítima de trauma. Descreve a avaliação da cena, a cinemática do trauma e a avaliação da vítima segundo o protocolo XABCDE. Também aborda lesões primárias no trauma cranioencefálico como fraturas de crânio, hemorragias e contusões.
2. Unidade de Ensino: 02
Competência da
Unidade de Ensino:
Proporcionar conhecimento de assistência em situações de urgência,
desenvolvendo raciocínio crítico para intervir em urgências
traumáticas, elaborando a sistematização da assistência p/ pacientes
de trauma, de acordo com o caso.
Resumo:
Urgências e emergências traumática e o atendimento à vítima de
trauma; biomecânica do trauma e avaliação da vítima, trauma de
crânio e tórax, conceitos, tipos, sinais e sintomas, diagnóstico,
tratamento e SAE.
Palavras-chave:
Urgências e emergências
traumáticas; trauma cranioencefálico.
Título da teleaula: Urgência e emergência traumática.
Teleaula nº: 02
3. Por que falar sobre trauma?
O Brasil está entre os dez primeiros com maior número de
mortes causadas por acidentes nas ruas, estradas e rodovias.
Em 2020, 80 pessoas morreram por dia em consequência de
acidente de trânsito no país.
Oito em cada dez pessoas que morreram em acidentes de
trânsito no Brasil são homens e metade, têm entre 25 e 44 anos.
4. Mortes
Minutos Horas Dias Semanas
1º pico: lesões
graves de difícil
tratamento
2º pico: evitável por
atendimento inicial
adequado
3º pico:
complicações
sistêmicas
OS PICOS DE MORTALIDADE NO TRAUMA
6. Fonte: Shutterstock343682648
Situação problema
Paciente HMF, 25 anos, vítima de acidente auto x auto.
Colisão frontal, de alta energia, com marcas de frenagem em um
longo trecho. A vítima não utilizava cinto de segurança e foi
verificado sinal de teia de aranha no para-brisas.
Dados do exame físico: Glasgow 7, anisocoria, lesão em região
frontal, com sangramento ativo. Taquipneico (26 rpm), com
expansibilidade preservada, MV presente, sem RA, SpO2 90%.
Perfusão periférica diminuída, enchimento capilar 4 seg, pulsos
filiformes.
7. Contextualizando
• Os primeiros passos do atendimento ao trauma
• Como avaliar a vítima de trauma?
• Trauma Cranioencefálico e lesões primárias
• Trauma Cranioencefálico e lesões secundárias
9. Fonte: Shutterstock343682648
• Tipo e velocidade de colisão
• Deformidade do veículo
• Cinto de segurança e capacete
• Quantidade de vítimas
• Avaliar a segurança e os riscos potenciais,
usar EPIs
Avaliação da cena
10. Colisão automobilística com impacto frontal
Fonte das imagens:Abib e Perfeito, 2012.
• Crânio
• Coluna cervical
• Tórax
• Abdome
• Joelho e fêmur
11. Sinal de teia de aranha
Fonte da imagem: Freepik 16952791
12. Quando se pensa em cinemática do trauma, uma fratura tipo “teia de aranha”, também chamada
de “olho de boi” no para-brisa é uma sugestão importante de impacto de crânio e troca de
energia no que tange ao crânio e coluna cervical. Esse tipo de sinal indica que pode ter havido
lesões de compressão e cisalhamento na cabeça do paciente. É importante para o socorrista
identificar esse tipo de achado na cena, para que possa se atentar a possibilidade de maior
gravidade do paciente, visto que o crânio pode ter sido fraturado, comprimido, por exemplo e as
partes ósseas decorrentes desses incidentes podem causar lesões cerebrais.
13. Colisão automobilística lateral e posterior
Fonte das imagens:Abib e Perfeito, 2012.
• Clavícula e ombro
• Tórax
• Baço ou fígado
• Pelve
• Fêmur e bacia
• Crânio
• Coluna cervical
14. Atropelamento
A. Impacto contra o para-choque dianteiro: lesões de membros
inferiores.
B. Impacto contra o capô e para-brisas: lesões em tronco e crânio.
C. Impacto contra o solo: lesões em crânio, coluna vertebro-medular e
membros superiores.
Fonte das imagens:Abib e Perfeito, 2012.
15. Capotamento
O ocupante pode chocar-se contra qualquer parte do
interior do veículo.
Ausência de cinto de segurança: grande probabilidade
de lesões graves e alta mortalidade.
Fonte: Pixabay 3146193
16. Colisão com motocicleta
A. O motociclista é lançado contra o tanque de combustível e o
guidão: lesões em pelve.
B. É ejetado e sofre trauma decorrente do impacto com o solo ou
outro veículo.
Fonte: Adaptado de https://bit.ly/33g0Jrv.Acesso em: 11 Fev. 2022.
17. Situação problema
Paciente HMF, 25 anos, vítima de acidente auto x auto.
Colisão frontal, de alta energia, com marcas de frenagem em
um longo trecho. A vítima não utilizava cinto de segurança e foi
verificado sinal de teia de aranha no para-brisas.
Dados do exame físico: Glasgow 7, anisocoria, lesão em região
frontal, com sangramento ativo. Taquipneico (26 rpm), com
expansibilidade preservada, MV presente, sem RA, SpO2 90%.
Perfusão periférica diminuída, enchimento capilar 4 seg, pulsos
filiformes.
18. Cinemática do trauma da vítima HMF
Fonte das imagens:Abib e Perfeito, 2012.
• Crânio
• Coluna cervical
• Tórax
• Abdome
• Joelho e fêmur
22. X A B C D E
Controle de hemorragias exsanguinantes
Primeira escolha
Aplicar pressão direta e após interrupção do
sangramento, fazer curativo compressivo com
faixas apertadas.
Sangramento persistente
Aplicar torniquete acima do local da lesão.
Manter por até 120 a 150 minutos e aplicar
um segundo torniquete se necessário.
23. X A B C D E
Abertura de vias aéreas e controle de cervical
Manobra de
elevação da
mandíbula
Corpo estranho em
cavidade oral
Colocar colar
cervical
Não
Preparar para
entubação
Desobstrução com
controle de cervical
Fonte das imagens: https://bit.ly/2YG7PB8; KTM_2016/iStock.com;Ariyathailand/iStock.com. Acesso em: 6 maio 2020.
Via aérea
obstruída?
Sim Respiração ausente ou muito ruidosa
Aspirar com sonda de
ponta rígida
Cânula orofaríngea
(Guedel)
24.
25. X A B C D E
Respiração
Avaliar a circulação
Sim
Não
Preparar para drenagemde
tórax
Lesão aberta com vazamentode ar:
curativo de três pontos
Bolsa-válvula máscara
(se entubado)
Oxigênio alto fluxo
Realizar procedimentos
Ventilação adequada?
Esforço respiratório, respiração assimétrica
Fonte das imagens: https://bit.ly/3djOutm; https://shutr.bz/38P7spk; iStock 964106402.ttsz/iStock.com
26.
27.
28. X A B C D E
Circulação
Identificar sinais de choque: hipotensão, taquicardia,
taquipneia, palidez, extremidades frias, confusão mental.
• 2 acessos venosos calibrosos
• Infundir até 2L de SF0,9% ou Ringer Lactato
• Manter pressão sistólica > 80 mmHg
Fonte: Flaticon 3419220
29. CIRCULACAO
consciente , pulso periférico* radial
Inconsciente, pulso central carotídeo, femoral, braquial em bebes
P,P,P,P
30. X A B C D E
Disfunção neurológica
Escala de Coma de Glasgow (ECG): pontuação 3 a 15.
Atualização de 2018
Miose ou midríase Anisocoria Normais
Fonte da imagem: NAEMT,2018.
Subtrair 2 pontos do
total da ECG
Subtrair 1 ponto do
total da ECG
Não subtrair pontos
31.
32. X A B C D E
Exposição com controle de temperatura
Inspecionar áreas de contusão com equimoses,
hematomas, escoriações, fraturas e luxações.
Cortar as vestes do paciente sem movimentação excessiva.
Proteger o paciente da hipotermia.
Fonte: Flaticon 3345393;3548027e 5753132
35. Situação problema
Paciente HMF, 25 anos, vítima de acidente auto x auto.
Colisão frontal, de alta energia, com marcas de frenagem em um
longo trecho. A vítima não utilizava cinto de segurança e foi
verificado sinal de teia de aranha no para-brisas.
Dados do exame físico: Glasgow 7, anisocoria, lesão em região
frontal, com sangramento ativo. Taquipneico (26 rpm), com
expansibilidade preservada, MV presente, sem RA, SpO2 90%.
Perfusão periférica diminuída, enchimento capilar 4 seg, pulsos
filiformes.
36. Avaliação primária
A vítima aparentemente não apresenta hemorragias
extensas, partir para a próxima etapa.
Controle de cervical com colar rígido; manobra Jaw
Thrust; avaliar a cavidade oral, e se necessário,
realizar aspiração com sonda de ponta rígida
Vítima sonolenta: considerar tubo endotraqueal
Taquipneia: procurar por lesões abertas e verificar
necessidade de dreno de tórax, fornecer oxigênio
X
A
A
B
37. Avaliação primária
C Realizar punção venosa e considerar reposição
volêmica devido à pele fria e pálida.
Aplicar Escala de Coma de Glasgow. Identificar abuso
de álcool e drogas, ou alterações metabólicas. Avaliar
pupilas.
D
E Examinar todo o corpo em busca de lesões
potencialmente fatais. Aquecer a vítima
40. Lesões primárias
Resultam do impacto direto
Lesões secundárias
Complicações das lesões primárias,
ou que surgem tardiamente.
Trauma Crânioencefálico (TCE)
Fonte da imagem: Shutterstock 1451367503
Qualquer lesão em couro cabeludo, ossos, meninges,
vasos sanguíneos ou no tecido cerebral.
Pode resultar em lesões temporárias ou permanentes.
43. Fratura de base de crânio
Fonte: Shutterstock1741245446
Equimose periorbital
Equimose retroauricular
Otorreia
Rinorreia
Sinal do duplo anel
44.
45.
46.
47.
48. Hemorragias
Hematoma epidural Hematoma subdural
G
e
r
a
l
m
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s
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Hemorragia intracerebral
Duramáter
Hemorragia
subaracnoide
Fonte da imagem: https://bit.ly/3rH8IF5. Acesso em 12 mar 2021.
49. Fonte da imagem: https://bit.ly/3rNOwl6. Acesso em 12 mar 2021.
Contusão
A vítima pode apresentar perda de consciência imediata, seguida
de estupor, confusão mental, e até mesmo déficits neurológicos.
Lesão de
contragolpe
Lesão de
contragolpe
Lesão de golpe
Lesão de
contragolpe
51. Lesão axonal difusa (LAD)
Fonte da imagem: https://goo.gl/images/cVfQZ7. Acesso em 29 jan 2020.
Axônios: substância cinza
Dendritos: substância branca
• Local de recepção e de integração de
informações e respostas.
• Coma imediato e prognóstico reservado.
52. A lesão axonal difusa é uma lesão disseminada nos axônios, uma parte das células nervosas,
no cérebro que pode ocorrer devido a um traumatismo craniano.
As causas comuns de lesão axonal difusa incluem quedas e acidentes com veículos
motorizados. A lesão axonal difusa pode ocorrer na síndrome do bebê sacudido, onde
sacudidelas violentas ou o lançamento do bebê causam uma lesão cerebral. Como resultado
de uma lesão axonal difusa, as células cerebrais podem morrer, causando inchaço cerebral e
aumentando a pressão no crânio (pressão intracraniana). A pressão aumentada pode
agravar a lesão ao diminuir o fornecimento de sangue para o cérebro.
Geralmente, uma lesão axonal difusa causa perda de consciência que dura mais de seis
horas. Por vezes, a pessoa apresenta outros sintomas de dano cerebral. O aumento da
pressão no crânio pode provocar o coma.
53. Como medir a gravidade de um TCE?
TCE leve
Glasgow 13 a
15
TCE moderado
Glasgow 9 a
12
TCE grave
Glasgow ≤ 8
Fratura de base
de crânio
54. Situação problema
Paciente HMF, 25 anos, vítima de acidente auto x auto.
Colisão frontal, de alta energia, com marcas de frenagem em um
longo trecho. A vítima não utilizava cinto de segurança e foi
verificado sinal de teia de aranha no para-brisas.
Dados do exame físico: Glasgow 7, anisocoria, lesão em região
frontal, com sangramento ativo. Taquipneico (26 rpm), com
expansibilidade preservada, MV presente, sem RA, SpO2 90%.
Perfusão periférica diminuída, enchimento capilar 4 seg, pulsos
filiformes.
TCE grave
56. Quais são as lesões
secundárias e por que elas
acontecem?
Edema ou sangramento
Aumento do volume
intracraniano
Crânio rígido
não expande
Pressão
intracraniana
circulação sanguínea,
oxigênio e glicose
Fonte: https://bit.ly/3JIKcvL. Acesso em: 21 Fev. 2022
61. Fonte: https://bit.ly/3JIKcvL. Acesso em: 21 Fev. 2022
Como interromper o ciclo de aumento da PIC?
Objetivo: manter a PIC abaixo de 20 mmHg
• Leito elevado > 30 graus e cabeça alinhada.
• Manter o cérebro em repouso com uso de sedação.
• Administrar Manitol endovenoso.
• Drenagem de hematomas.
• Craniotomia descompressiva.
62. Entendendo a pressão intracraniana
A pressão intracraniana (PIC) é exercida pelo volume combinado de três
componentes intracranianos:
componente liquórico: constituído pelo líquido cefalorraquidiano (LCR) das cavidades
ventriculares e do espaço subaracnóide;
componente vascular:
caracterizado pelo sangue circulante.
A pressão de perfusão cerebral (PPC) é calculada pela simples fórmula: PPC = PAM
(pressão arterial média) – PIC.
PAM.
63.
64. Cuidados de enfermagem
• Avaliar nível de consciência e pupilas
• Monitorizar sinais vitais
• Manter decúbito > 30 graus
• Manter PIC abaixo de 20 mmHg
• Manter PAS > 90mmHg
• Manter oximetria acima de 94%
• Realizar controle de glicemia e de temperatura
• Realizar controle do débito urinário e balanço hídrico
• Prevenir convulsões
Fonte da imagem: Shutterstock 159380285
65. Situação problema
Paciente HMF, 25 anos, vítima de acidente auto x auto.
Dados do exame físico: Glasgow 7, anisocoria, lesão em região
frontal, com sangramento ativo. Taquipneico (26 rpm), com
expansibilidade preservada, MV presente, sem RA, SpO2 90%.
Perfusão periférica diminuída, enchimento capilar 4 seg, pulsos
filiformes.
O que consideramos lesão primária e secundária? Qual os
cuidados de enfermagem para evitarmos a lesão secundária?
66. Classificação do TCE e das lesões
Lesão
primária
TCE grave
Lesão
secundária
Glasgow 7 e anisocoria
Sangramento em espaço subaracnóide,
que ocorreu no ato do trauma.
Lesões potenciais: aumento de pressão
intracraniana, edema cerebral.
67. Evitando a lesão secundária
• Prevenir convulsão com Hidantal (Fenitoína).
• Se hipertensão intracraniana (HIC): manitol,
hiperventilação, sedação profunda, oxigenação
adequada.
• Sedação terapêutica.
• Manter satO2 > 94%.
• Manter decúbito maior de 30 graus e alinhamento
neutro do pescoço.
• Manter PAM (pressão arterial média) em torno de 90
mmHg.
Fonte da imagem: Shutterstock 159380285
69. Recapitulando
• Os primeiros passos do atendimento ao trauma
• Como avaliar a vítima de trauma?
• Trauma Cranioencefálico e lesões primárias
• Trauma Cranioencefálico e lesões secundárias