O documento discute como as empresas devem conduzir processos de demissão de forma responsável e menos traumática, incluindo planejamento detalhado, tratamento digno dos demitidos e oferecimento de assistência na busca por novo emprego, por exemplo por meio de programas de outplacement. O especialista José Augusto Minarelli defende que demissões mal conduzidas prejudicam a imagem da empresa e dificultam futuros recrutamentos.
1. [ Relações Trabalhistas ]
A demissão e suas conseqüências
Patrícia Bispo
Jornalista responsável pelo conteúdo da comunidade virtual RH.com.br.
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Dependendo da forma como é conduzido, um processo de demissão pode causar sérios prejuízos não apenas
ao trabalhador que perde o emprego, mas também à organização. Por essa razão, a demissão deve ser vista
com responsabilidade e para isso, é necessário que o todo processo seja planejado. "Uma empresa com má
fama, pelo jeito com que trata a demissão de seus colaboradores, pode ter dificuldade de recrutar bons
profissionais quando necessitar de reforço", afirma José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli
Associados Ltda - empresa que introduziu no Brasil a atividade de outplacement. Autor dos livros
"Empregabilidade - como ter trabalho e remuneração sempre", "Trabalhar por conta própria - uma opção que
pode dar certo", "Venda seu Peixe - como vender seus serviços profissionais"e "Networking - com utilizar a
rede de relacionamentos em sua vida e carreira", todos da Editora Gente, Minarelli concedeu entrevista ao
RH.com.br para falar como um processo de demissão deve ser conduzido. Confira!
RH.COM.BR - Cada vez mais, a crise econômica tem levado as empresas a optarem por equipes enxutas e
conseqüentemente demitirem mais trabalhadores. Diante dessa realidade, é possível conservar uma boa
imagem juntos aos colaboradores?
José Augusto Minarelli - É possível, desde que as demissões sejam realmente necessárias e que os
demitidos sejam tratados com dignidade e ajudados na busca de uma nova atividade para repor o emprego
perdido. Quem trata bem é bem tratado. O jeito da empresa tratar quem é desligado determina a reação de
quem sai e, também, de quem permanece. Uma demissão mal comunicada causa grandes impactos,
constrangimentos, gera riscos e, às vezes, enormes prejuízos.
RH - Ninguém aprecia demissões. Nem quem é demitido e nem quem demite. Como um processo de demissão
responsável deve ser conduzido?
Minarelli - Como qualquer atividade de gerência, a demissão deve ser planejada nos mínimos detalhes para
que nada seja esquecido. Quem demitir, porque, quando, o que dizer para a pessoa, para os colegas e para
o mercado, o que oferecer como compensação, que tipo de ajuda a empresa dará na busca de um novo
trabalho, tudo deve ser planejado. Nessa tarefa, cabe ao setor de Recursos Humanos dar o suporte para o
chefe que vai demitir, para que ele faça bem-feito o que tem de ser feito.
RH - As empresas brasileiras estão sabendo demitir com responsabilidade?
Minarelli - As empresas brasileiras progrediram muito neste aspecto, especialmente as grandes. Mas, ainda
há muito o que fazer. Em nenhum lugar se aprende a demitir. Nenhum currículo escolar inclui esta atividade
inerente ao papel de qualquer chefe. Movimentos em favor da ética e da responsabilidade social ajudam esse
assunto a ficar em evidência. Além disso, os próprios demitidos já reivindicam melhor tratamento de saída. E
tem o mercado de trabalho que é o lugar para onde os demitidos voltam. Uma empresa com má fama, pelo
jeito com que trata a demissão de seus colaboradores, pode ter dificuldade de recrutar bons profissionais
quando necessitar de reforço. A má notícia corre mais rápido que a boa.
RH - Uma política de comunicação interna aberta pode amenizar os efeitos de um processo de demissão em
massa?
Minarelli - O jeito de comunicar é decisivo para que demissões sejam compreendidas e aceitas. Antecipar-se
aos boatos é melhor do que desmenti-los. Sempre que possível, a empresa deve tomar a iniciativa de
informar a todos os funcionários, os que saem e os que permanecem. E comunicar tudo o que fará para
reduzir os impactos pessoais e sociais e, em particular, o que oferecerá de compensação financeira, de
assistencia médica, de seguros e de ajuda na procura do novo trabalho.
RH - Existem empresas que estão recorrendo ao outplacement como sendo o caminho menos traumático
para se conduzir um processo de demissão. Essa é realmente a melhor opção?
Minarelli - O outplacement existe para ajudar as empresas e os empregados em momentos de separação. É
uma atividade especializada que nasceu para tornar as demissões menos traumáticas. Conhecedores
profundos do fenômeno da demissão e de suas conseqüências, consultores de outplacement colaboram para
que tudo seja previsto e feito com correção jurídica, administrativa e principalmente humana.
RH - Como o outplacement deve ser estruturado para gerar resultados satisfatórios?
Minarelli - O outplacement deve ser utilizado antes, no dia e depois da demissão. Antes, para assessorar os
chefes que vão demitir e os profissionais de RH envolvidos. No dia, dando o primeiro atendimento ao