SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 25
1ª  A  - 2009
Os Lusíadas Camões Canto V O Gigante Adamastor
Resumo da Obra
Análise da Obra: A estrutura narrativa: ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Tão temerosa vinha e carregada, Que pôs nos corações um grande medo. Bramindo o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo. Ó Potestade, disse, sublimada Que ameaço divino ou que segredo  Este clima e este mar nos apresenta Que mor cousa parece que tormenta
2. Presença do Gigante Adamastor  (estrofes 39-59): A) Descrição do gigante (estrofe 39) Não acabava, quando uma figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura, O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados e a postura Medonha e má e a cor terrena e pálida, Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos.
B) Falas do gigante (dois sentidos) 1. (estrofe 44) Aqui espero tomar, se não me engano, De quem me descobriu suma vingança; E não se acabara só nisto o dano De vossa pertinace confiança: Antes em vossas naus vereis cada ano, Se é verdade o que meu juízo alcança, Naufrágios, perdições de toda a sorte, Que o menor mal de todos seja a morte.
2. (estrofe 52) Amores da alta esposa de Peleu Me fizeram tomar tamanha empresa Todas as Deusas desprezei do Céu Só por amar das águas a princesa; Um dia a vi, coas filhas de Nereu, Sair nua na praia e logo presa A vontade senti de tal maneira, Que ainda não sinto cousa que mais queira.
C) A interferencia de Vasco da Gama entre a fala do gigante (estrofe 49) Mas ia por diante o monstro horrendo Dizendo nossos fados, quando, alçado, Lhe disse eu : - Quem és tu? Que esse estupendo Corpo certo me tem maravilhado! A boca e os olhos negros retorcendo E dando um espantoso e grande brado, Me respondeu, com voz pesada e amara, Como quem da pergunta lhe passara:
3. Desfecho: desaparecimento do  gigante e surgimento do promontório (estrofes 60-61) Assim contava; e, cum medondo choro Súbito d’ante os olhos se apartou Desfez-se a nuvem negra e cum sonoro Bramido muito longe o mar soou Eu, levantando a mão ao santo coro Dos Anjos, que tão longe nos guiou, A Deus pedi que removesse os duros Casos que Adamastor contou futuros
Já Flegon e Piróis vinham tirando, Cos outros dois, o carro radiante, Quando a terra alta se nos foi mostrando Em que foi convertido o grão Gigante. Ao longo desta costa, começando Já de cortar as ondas do Levante, Por ela abaixo um pouco navegamos, Onde segunda vez terra tomamos
A essência narrativa do Gigante Adamastor (estrofe 37) A Baía de Santa Helena Porém já cinco  sóis eram passados Que dali nos partiríamos, cortando Os mares nunca de outrem navegados, Prosperamente os ventos assoprando, Quando uma noite, estando descuidados Na cortadora proa vigiando, Uma nuvem, que os ares escurece, Sobre nossas cabeças aparece
A tempestade no Cabo da Boa Esperança (estrofe 38) Tão temerosa vinha carregada, Que pôs nos corações um grande medo. Bramindo o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo. -Ó Potestade, disse, sublimada, Que ameaço divino ou que segredo Este clima e este mar nos apresenta, Que mor cousa parece que tormenta?
Colosso de Rodes (estrofe 40) Tão grande era de membros, que bem posso Certificar-te que este era o segundo De Rodes estranhíssimo Colosso, Que um dos sete milagres foi do mundo. Cum tom de voz nos fala horrendo e grosso, Que pareceu sair do mar profundo. Arrepiam-se as carnes e o cabelo A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.
1. Bartolomeu Dias (estrofe 44) Aqui espero tomar, senão me engano, De quem me descobriu suma vingança; E não se acabará só nisto o dano De vossa pertinace confiança: Antes em vossas naus vereis cada ano, Se é verdade o que meu juízo alcança, Naufrágios, perdições de toda a sorte, Que o menor mal de todos seja a morte. As previsões do gigante acontecem
2. D. Francisco de Almeida (estrofe 45) E do primeiro ilustre, que a ventura Com fama alta fizer tocar os céus, Serei eterna e nova sepultura, Por juízos incógnitos de Deus; Aqui porá da turca armada dura Os soberbos e prósperos troféus; Comigo de seus danos o ameaça A destruída Quíloa Mombaça
3. Manuel de Sousa de Sepúlveda (estrofes 46 – 47) Outro também virá, de honrada fama, Liberal, cavaleiro, enamorado, E consigo trará a fermosa dama Que Amor por grão mercê lhe terá dado; Triste ventura e negro fado os chama Neste terreno meu, que duro e irado, Os deixará dum cru naufrágio vivos, Pera verem trabalhos excessivos.
Verão morrer com fome os filhos caros, Em tanto amor gerados e nascidos; Verão os Cafres, ásperos e avaros, Tirar è linda dama seus vestidos; Os cristalinos membros e preclaros À calma, ao frio, ao ar verão despidos, Depois de ter pisada longamente Cos delicados pés a areia ardente;
O sentido alegórico do gigante Os perigos do mar Períodos heróicos da expansão européia Significação erótica
Consagração de coragem do povo  português Incomodar o gigante  Camões e o amor do gigante O simbolismo amoroso
A fusão dos Gêneros Celebração heróica e decepções amorosa Curiosidades Porque o nome era Cabo das Tormentas?
Até hoje os navios naufragam no Cabo da  Boa Esperança? Porque hoje o nome mudou para cabo da Boa Esperança?
Resumo Escrito
Cinco dias depois de terem deixado a ilha de Santa Helena os lusos viajavam por mares virgens, com o vento de feição, mas certa noite, uma nuvem escura surgiu sobre a armada e eles encheram-se de medo. De repente, uma figura medonha apareceu: era um ser disforme, um gigante, tinha um ar carrancudo, a barba suja e maltrata, os cabelos ásperos/crespos e cheios de terra, a boca escura e os dentes amarelos. Camões ( através do narrador que é agora Vasco da Gama) compara-o a uma das sete maravilhas do mundo: o Colosso de Rodes (ver Sete maravilhas do Mundo). O Gigante dirige-se aos marinheiros num tom de voz “grave e horrendo”, provocando-lhes grande temor: “Ó povo audacioso que não descansa, como ousas navegar estes mares, que nunca foram cortados por qualquer outro navio? Viestes descobrir os segredos marítimos? Pois desde já vos digo que os que tentaram antes de vós pagaram com a vida. E vós, pela ousadia, também sereis castigados. Naufragarão, os vossos barcos e enfrentareis males de toda a espécie, o sofrimento será tal, que será preferível a morte. O primeiro ilustre que passar aqui ficará sepultado. Outros hão-de ver os filhos morrer de fome e eles próprios morrerão também.”
Então, Vasco da Gama, corajosamente, interpela o Gigante perguntando-lhe: Quem és tu? E ele começa a relatar a sua história: “Eu sou o que vós chamais Cabo das Tormentas. Ptolomeu, Plínio, Pompónio, e Estrabo não me conheceram, mas jamais ousariam desafiar-me. Fui outrora um dos gigantes que guerrearam contra Júpiter, chamava-me Adamastor. Apaixonei-me pela “Princesa das Águas” - Tétis; um amor impossível, devido ao meu aspecto assustador. Amedrontei Dóris, mãe dela, que me deu esperanças e combinou um encontro. Cego de amor abandonei a guerra e uma noite, Tétis, vem, toda nua, ao meu encontro. Corri, abracei-a e cobri-a de beijos, mas era apenas uma ilusão, um engano, e de repente dei por mim abraçado a um monte, e eu próprio transformado em monte e rocha, e, sendo eu tão grande, formou-se este Cabo. E também os deuses me castigaram, pois estou rodeado de água, o que significa que Tétis anda sempre à minha volta.” Terminado o discurso Adamastor afastou-se, chorando . Vasco da Gama agradece a Deus por terem chegado até ali e roga-lhe que não permita que se concretizem as profecias do gigante.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAnabela Fernandes
 
Sermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesSermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesDaniel Sousa
 
Fenómenos fonéticos português 9º
Fenómenos fonéticos português 9ºFenómenos fonéticos português 9º
Fenómenos fonéticos português 9ºFelisbela da Silva
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasclaudiarmarques
 
Resumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa OrtónimoResumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa OrtónimoRaffaella Ergün
 
Sermão de santo antónio aos peixes - Capítulo V
Sermão de santo antónio aos peixes - Capítulo VSermão de santo antónio aos peixes - Capítulo V
Sermão de santo antónio aos peixes - Capítulo VEuniceCarmo
 
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto CaeiroPrincipais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto CaeiroDina Baptista
 
Ilha dos Amores- Os Lusíadas: simbologia
Ilha dos Amores- Os Lusíadas: simbologiaIlha dos Amores- Os Lusíadas: simbologia
Ilha dos Amores- Os Lusíadas: simbologiasin3stesia
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaMargarida Rodrigues
 
Análise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última NauAnálise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última NauMaria Freitas
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particularHelena Coutinho
 
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimocaracterísticas temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimoDina Baptista
 
Análise comparativa - Mostrengo e Adamastor
Análise comparativa - Mostrengo e AdamastorAnálise comparativa - Mostrengo e Adamastor
Análise comparativa - Mostrengo e AdamastorMarisa Ferreira
 
Resumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verdeResumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verdeRaffaella Ergün
 
Analise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosaAnalise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosacnlx
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralHelena Coutinho
 
Recursosexpressivos
RecursosexpressivosRecursosexpressivos
Recursosexpressivosaly pereira
 

Mais procurados (20)

Analise os lusiadas 1
Analise os lusiadas 1Analise os lusiadas 1
Analise os lusiadas 1
 
Canto v 92_100
Canto v 92_100Canto v 92_100
Canto v 92_100
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
 
Sermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesSermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos Peixes
 
Invocação e Dedicarória
Invocação e DedicaróriaInvocação e Dedicarória
Invocação e Dedicarória
 
Fenómenos fonéticos português 9º
Fenómenos fonéticos português 9ºFenómenos fonéticos português 9º
Fenómenos fonéticos português 9º
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
 
Resumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa OrtónimoResumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
 
Sermão de santo antónio aos peixes - Capítulo V
Sermão de santo antónio aos peixes - Capítulo VSermão de santo antónio aos peixes - Capítulo V
Sermão de santo antónio aos peixes - Capítulo V
 
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto CaeiroPrincipais Temáticas de Alberto Caeiro
Principais Temáticas de Alberto Caeiro
 
Ilha dos Amores- Os Lusíadas: simbologia
Ilha dos Amores- Os Lusíadas: simbologiaIlha dos Amores- Os Lusíadas: simbologia
Ilha dos Amores- Os Lusíadas: simbologia
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando Pessoa
 
Análise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última NauAnálise do Poema - A Última Nau
Análise do Poema - A Última Nau
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particular
 
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimocaracterísticas temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
características temáticas de Fernando Pessoa - ortónimo
 
Análise comparativa - Mostrengo e Adamastor
Análise comparativa - Mostrengo e AdamastorAnálise comparativa - Mostrengo e Adamastor
Análise comparativa - Mostrengo e Adamastor
 
Resumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verdeResumos de Português: Cesário verde
Resumos de Português: Cesário verde
 
Analise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosaAnalise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosa
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geral
 
Recursosexpressivos
RecursosexpressivosRecursosexpressivos
Recursosexpressivos
 

Destaque

Comparação_Adamastor e Mostrengo
Comparação_Adamastor e MostrengoComparação_Adamastor e Mostrengo
Comparação_Adamastor e MostrengoSusana Sobrenome
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 15
Apresentação para décimo segundo ano, aula 15Apresentação para décimo segundo ano, aula 15
Apresentação para décimo segundo ano, aula 15luisprista
 
Poesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palacianaPoesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palacianaPaulo Rodrigues
 
Lusíadas - Episódio do Adamastor
Lusíadas - Episódio do AdamastorLusíadas - Episódio do Adamastor
Lusíadas - Episódio do Adamastorcristianavieitas
 
Entrevista ao gigante adamastor
Entrevista ao gigante adamastorEntrevista ao gigante adamastor
Entrevista ao gigante adamastordsa97
 
Intertextualidade de uma musica com a historia do Adamastor
Intertextualidade de uma musica com a historia do AdamastorIntertextualidade de uma musica com a historia do Adamastor
Intertextualidade de uma musica com a historia do AdamastorRafaellinho40
 
Análise do "Adamastor"
Análise do "Adamastor"Análise do "Adamastor"
Análise do "Adamastor"Maria Costa
 
Gigante Adamastor, d'Os Lusíadas
Gigante Adamastor, d'Os LusíadasGigante Adamastor, d'Os Lusíadas
Gigante Adamastor, d'Os LusíadasDina Baptista
 
O Mostrengo mensagem Fernando Pessoa
O Mostrengo mensagem Fernando PessoaO Mostrengo mensagem Fernando Pessoa
O Mostrengo mensagem Fernando PessoaBruno Freitas
 
D dinis
D dinisD dinis
D dinis20014
 
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34luisprista
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemPaulo Vitorino
 

Destaque (20)

Apresentação d.dinis
Apresentação d.dinisApresentação d.dinis
Apresentação d.dinis
 
Comparação_Adamastor e Mostrengo
Comparação_Adamastor e MostrengoComparação_Adamastor e Mostrengo
Comparação_Adamastor e Mostrengo
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 15
Apresentação para décimo segundo ano, aula 15Apresentação para décimo segundo ano, aula 15
Apresentação para décimo segundo ano, aula 15
 
O Mostrengo ( Fernando Pessoa)
O  Mostrengo ( Fernando  Pessoa)O  Mostrengo ( Fernando  Pessoa)
O Mostrengo ( Fernando Pessoa)
 
A Vida Na Corte Do Rei D. Dinis
A Vida Na Corte Do Rei D. DinisA Vida Na Corte Do Rei D. Dinis
A Vida Na Corte Do Rei D. Dinis
 
o-gigante-adamastor
 o-gigante-adamastor o-gigante-adamastor
o-gigante-adamastor
 
D. Dinis
D. DinisD. Dinis
D. Dinis
 
Poesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palacianaPoesia trovadoresca e palaciana
Poesia trovadoresca e palaciana
 
Lusíadas - Episódio do Adamastor
Lusíadas - Episódio do AdamastorLusíadas - Episódio do Adamastor
Lusíadas - Episódio do Adamastor
 
Entrevista ao gigante adamastor
Entrevista ao gigante adamastorEntrevista ao gigante adamastor
Entrevista ao gigante adamastor
 
Powerpoint mensagem
Powerpoint mensagemPowerpoint mensagem
Powerpoint mensagem
 
Intertextualidade de uma musica com a historia do Adamastor
Intertextualidade de uma musica com a historia do AdamastorIntertextualidade de uma musica com a historia do Adamastor
Intertextualidade de uma musica com a historia do Adamastor
 
Análise do "Adamastor"
Análise do "Adamastor"Análise do "Adamastor"
Análise do "Adamastor"
 
D. Dinis
D. DinisD. Dinis
D. Dinis
 
Gigante Adamastor, d'Os Lusíadas
Gigante Adamastor, d'Os LusíadasGigante Adamastor, d'Os Lusíadas
Gigante Adamastor, d'Os Lusíadas
 
O Mostrengo mensagem Fernando Pessoa
O Mostrengo mensagem Fernando PessoaO Mostrengo mensagem Fernando Pessoa
O Mostrengo mensagem Fernando Pessoa
 
D dinis
D dinisD dinis
D dinis
 
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 33-34
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
 
Mensagem & Os Lusíadas
Mensagem & Os LusíadasMensagem & Os Lusíadas
Mensagem & Os Lusíadas
 

Semelhante a O Gigante Adamastor e os perigos do Cabo da Boa Esperança

Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os LusíadasEpisódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os LusíadasAnaGomes40
 
Episódio Adamastor - Os Lusíadas
Episódio Adamastor - Os LusíadasEpisódio Adamastor - Os Lusíadas
Episódio Adamastor - Os LusíadasBecre Forte da Casa
 
Versão joao de barros
Versão joao de barrosVersão joao de barros
Versão joao de barrosmarianelsa
 
Castro alves navio negreiro
Castro alves   navio negreiroCastro alves   navio negreiro
Castro alves navio negreiroTalita Travassos
 
E-book de Alexandre Herculano, A tempestade
E-book de Alexandre Herculano, A tempestadeE-book de Alexandre Herculano, A tempestade
E-book de Alexandre Herculano, A tempestadeCarla Crespo
 
Alexandre herculano a tempestade
Alexandre herculano   a tempestadeAlexandre herculano   a tempestade
Alexandre herculano a tempestadeTulipa Zoá
 
ADAMASTOR - CANTO V.docx
ADAMASTOR - CANTO V.docxADAMASTOR - CANTO V.docx
ADAMASTOR - CANTO V.docxRitaMag2
 
Intertextualidade - Adamastor
Intertextualidade - AdamastorIntertextualidade - Adamastor
Intertextualidade - AdamastorRita Costa
 
O velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - LusíadasO velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - LusíadasJoão Baptista
 
O navio negreiro e outros poema castro alves
O navio negreiro e outros poema   castro alvesO navio negreiro e outros poema   castro alves
O navio negreiro e outros poema castro alvesWagner Costa
 

Semelhante a O Gigante Adamastor e os perigos do Cabo da Boa Esperança (20)

Gigante adamastor
Gigante adamastorGigante adamastor
Gigante adamastor
 
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os LusíadasEpisódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
Episódio "O Gigante Adamastor" d' Os Lusíadas
 
Episódio Adamastor - Os Lusíadas
Episódio Adamastor - Os LusíadasEpisódio Adamastor - Os Lusíadas
Episódio Adamastor - Os Lusíadas
 
O Gigante Adamastor
O Gigante AdamastorO Gigante Adamastor
O Gigante Adamastor
 
Mós - Aldeia Medieval
Mós - Aldeia MedievalMós - Aldeia Medieval
Mós - Aldeia Medieval
 
Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580Luís vaz de camões (1524 – 1580
Luís vaz de camões (1524 – 1580
 
velho do restelo
velho do restelovelho do restelo
velho do restelo
 
Adamastor
AdamastorAdamastor
Adamastor
 
Versão joao de barros
Versão joao de barrosVersão joao de barros
Versão joao de barros
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Castro alves navio negreiro
Castro alves   navio negreiroCastro alves   navio negreiro
Castro alves navio negreiro
 
E-book de Alexandre Herculano, A tempestade
E-book de Alexandre Herculano, A tempestadeE-book de Alexandre Herculano, A tempestade
E-book de Alexandre Herculano, A tempestade
 
Alexandre herculano a tempestade
Alexandre herculano   a tempestadeAlexandre herculano   a tempestade
Alexandre herculano a tempestade
 
ADAMASTOR - CANTO V.docx
ADAMASTOR - CANTO V.docxADAMASTOR - CANTO V.docx
ADAMASTOR - CANTO V.docx
 
O mar na literatura portuguesa
O mar na literatura portuguesaO mar na literatura portuguesa
O mar na literatura portuguesa
 
Intertextualidade - Adamastor
Intertextualidade - AdamastorIntertextualidade - Adamastor
Intertextualidade - Adamastor
 
O velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - LusíadasO velho do restelo - Lusíadas
O velho do restelo - Lusíadas
 
O navio negreiro e outros poema castro alves
O navio negreiro e outros poema   castro alvesO navio negreiro e outros poema   castro alves
O navio negreiro e outros poema castro alves
 
Os Lusíadas O Velho do Restelo - IV Canto
Os Lusíadas   O Velho do Restelo -  IV CantoOs Lusíadas   O Velho do Restelo -  IV Canto
Os Lusíadas O Velho do Restelo - IV Canto
 

Mais de Maria Inês de Souza Vitorino Justino

Mais de Maria Inês de Souza Vitorino Justino (20)

Triste fim de policarpo quaresma 3ª a 2015
Triste fim de policarpo quaresma 3ª a   2015Triste fim de policarpo quaresma 3ª a   2015
Triste fim de policarpo quaresma 3ª a 2015
 
Triste fim de policarpo quaresma 3ª a 2015
Triste fim de policarpo quaresma 3ª a   2015Triste fim de policarpo quaresma 3ª a   2015
Triste fim de policarpo quaresma 3ª a 2015
 
Clara dos anjos 3ª a - 2015
Clara dos anjos   3ª a - 2015Clara dos anjos   3ª a - 2015
Clara dos anjos 3ª a - 2015
 
Clara dos anjos 3ª a - 2015
Clara dos anjos   3ª a - 2015Clara dos anjos   3ª a - 2015
Clara dos anjos 3ª a - 2015
 
Triste fim de Policarpo Quaresma 3º A - 2015
Triste fim de Policarpo Quaresma 3º A -  2015Triste fim de Policarpo Quaresma 3º A -  2015
Triste fim de Policarpo Quaresma 3º A - 2015
 
Clara dos Anjos 3º A - 2015
Clara dos Anjos   3º A - 2015Clara dos Anjos   3º A - 2015
Clara dos Anjos 3º A - 2015
 
Slides revolução industrial
Slides revolução industrialSlides revolução industrial
Slides revolução industrial
 
Sociologia sobre a cidade e as serras
Sociologia   sobre a cidade e as serrasSociologia   sobre a cidade e as serras
Sociologia sobre a cidade e as serras
 
Breve histórico
Breve históricoBreve histórico
Breve histórico
 
Apontamentos sobre livros da fuvest
Apontamentos sobre livros da fuvestApontamentos sobre livros da fuvest
Apontamentos sobre livros da fuvest
 
A Cidade e as Serras 3ª B - 2013
A Cidade e as Serras   3ª B - 2013A Cidade e as Serras   3ª B - 2013
A Cidade e as Serras 3ª B - 2013
 
O cortiço 3ª b - 2013
O cortiço   3ª b - 2013O cortiço   3ª b - 2013
O cortiço 3ª b - 2013
 
Memórias de um Sargento de Milícias - 3ª A - 2013
Memórias de um Sargento de Milícias - 3ª A - 2013Memórias de um Sargento de Milícias - 3ª A - 2013
Memórias de um Sargento de Milícias - 3ª A - 2013
 
Viagens na minha Terra - 3ª A - 2013
Viagens na minha Terra - 3ª A -  2013Viagens na minha Terra - 3ª A -  2013
Viagens na minha Terra - 3ª A - 2013
 
Til 3ª C - 2013
Til 3ª C -  2013Til 3ª C -  2013
Til 3ª C - 2013
 
Capitães da Areia 3ª C - 2013
Capitães da Areia   3ª C - 2013Capitães da Areia   3ª C - 2013
Capitães da Areia 3ª C - 2013
 
Vidas secas graciliano ramos (1)
Vidas secas   graciliano ramos (1)Vidas secas   graciliano ramos (1)
Vidas secas graciliano ramos (1)
 
Til 3ª C 2013
Til 3ª C 2013Til 3ª C 2013
Til 3ª C 2013
 
Til 3ª A - 2013
Til   3ª A - 2013Til   3ª A - 2013
Til 3ª A - 2013
 
Til 3ª B - 2013
Til  3ª B -  2013Til  3ª B -  2013
Til 3ª B - 2013
 

O Gigante Adamastor e os perigos do Cabo da Boa Esperança

  • 1. 1ª A - 2009
  • 2. Os Lusíadas Camões Canto V O Gigante Adamastor
  • 4.
  • 5. Tão temerosa vinha e carregada, Que pôs nos corações um grande medo. Bramindo o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo. Ó Potestade, disse, sublimada Que ameaço divino ou que segredo Este clima e este mar nos apresenta Que mor cousa parece que tormenta
  • 6. 2. Presença do Gigante Adamastor (estrofes 39-59): A) Descrição do gigante (estrofe 39) Não acabava, quando uma figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura, O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados e a postura Medonha e má e a cor terrena e pálida, Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos.
  • 7. B) Falas do gigante (dois sentidos) 1. (estrofe 44) Aqui espero tomar, se não me engano, De quem me descobriu suma vingança; E não se acabara só nisto o dano De vossa pertinace confiança: Antes em vossas naus vereis cada ano, Se é verdade o que meu juízo alcança, Naufrágios, perdições de toda a sorte, Que o menor mal de todos seja a morte.
  • 8. 2. (estrofe 52) Amores da alta esposa de Peleu Me fizeram tomar tamanha empresa Todas as Deusas desprezei do Céu Só por amar das águas a princesa; Um dia a vi, coas filhas de Nereu, Sair nua na praia e logo presa A vontade senti de tal maneira, Que ainda não sinto cousa que mais queira.
  • 9. C) A interferencia de Vasco da Gama entre a fala do gigante (estrofe 49) Mas ia por diante o monstro horrendo Dizendo nossos fados, quando, alçado, Lhe disse eu : - Quem és tu? Que esse estupendo Corpo certo me tem maravilhado! A boca e os olhos negros retorcendo E dando um espantoso e grande brado, Me respondeu, com voz pesada e amara, Como quem da pergunta lhe passara:
  • 10. 3. Desfecho: desaparecimento do gigante e surgimento do promontório (estrofes 60-61) Assim contava; e, cum medondo choro Súbito d’ante os olhos se apartou Desfez-se a nuvem negra e cum sonoro Bramido muito longe o mar soou Eu, levantando a mão ao santo coro Dos Anjos, que tão longe nos guiou, A Deus pedi que removesse os duros Casos que Adamastor contou futuros
  • 11. Já Flegon e Piróis vinham tirando, Cos outros dois, o carro radiante, Quando a terra alta se nos foi mostrando Em que foi convertido o grão Gigante. Ao longo desta costa, começando Já de cortar as ondas do Levante, Por ela abaixo um pouco navegamos, Onde segunda vez terra tomamos
  • 12. A essência narrativa do Gigante Adamastor (estrofe 37) A Baía de Santa Helena Porém já cinco sóis eram passados Que dali nos partiríamos, cortando Os mares nunca de outrem navegados, Prosperamente os ventos assoprando, Quando uma noite, estando descuidados Na cortadora proa vigiando, Uma nuvem, que os ares escurece, Sobre nossas cabeças aparece
  • 13. A tempestade no Cabo da Boa Esperança (estrofe 38) Tão temerosa vinha carregada, Que pôs nos corações um grande medo. Bramindo o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo. -Ó Potestade, disse, sublimada, Que ameaço divino ou que segredo Este clima e este mar nos apresenta, Que mor cousa parece que tormenta?
  • 14. Colosso de Rodes (estrofe 40) Tão grande era de membros, que bem posso Certificar-te que este era o segundo De Rodes estranhíssimo Colosso, Que um dos sete milagres foi do mundo. Cum tom de voz nos fala horrendo e grosso, Que pareceu sair do mar profundo. Arrepiam-se as carnes e o cabelo A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.
  • 15. 1. Bartolomeu Dias (estrofe 44) Aqui espero tomar, senão me engano, De quem me descobriu suma vingança; E não se acabará só nisto o dano De vossa pertinace confiança: Antes em vossas naus vereis cada ano, Se é verdade o que meu juízo alcança, Naufrágios, perdições de toda a sorte, Que o menor mal de todos seja a morte. As previsões do gigante acontecem
  • 16. 2. D. Francisco de Almeida (estrofe 45) E do primeiro ilustre, que a ventura Com fama alta fizer tocar os céus, Serei eterna e nova sepultura, Por juízos incógnitos de Deus; Aqui porá da turca armada dura Os soberbos e prósperos troféus; Comigo de seus danos o ameaça A destruída Quíloa Mombaça
  • 17. 3. Manuel de Sousa de Sepúlveda (estrofes 46 – 47) Outro também virá, de honrada fama, Liberal, cavaleiro, enamorado, E consigo trará a fermosa dama Que Amor por grão mercê lhe terá dado; Triste ventura e negro fado os chama Neste terreno meu, que duro e irado, Os deixará dum cru naufrágio vivos, Pera verem trabalhos excessivos.
  • 18. Verão morrer com fome os filhos caros, Em tanto amor gerados e nascidos; Verão os Cafres, ásperos e avaros, Tirar è linda dama seus vestidos; Os cristalinos membros e preclaros À calma, ao frio, ao ar verão despidos, Depois de ter pisada longamente Cos delicados pés a areia ardente;
  • 19. O sentido alegórico do gigante Os perigos do mar Períodos heróicos da expansão européia Significação erótica
  • 20. Consagração de coragem do povo português Incomodar o gigante Camões e o amor do gigante O simbolismo amoroso
  • 21. A fusão dos Gêneros Celebração heróica e decepções amorosa Curiosidades Porque o nome era Cabo das Tormentas?
  • 22. Até hoje os navios naufragam no Cabo da Boa Esperança? Porque hoje o nome mudou para cabo da Boa Esperança?
  • 24. Cinco dias depois de terem deixado a ilha de Santa Helena os lusos viajavam por mares virgens, com o vento de feição, mas certa noite, uma nuvem escura surgiu sobre a armada e eles encheram-se de medo. De repente, uma figura medonha apareceu: era um ser disforme, um gigante, tinha um ar carrancudo, a barba suja e maltrata, os cabelos ásperos/crespos e cheios de terra, a boca escura e os dentes amarelos. Camões ( através do narrador que é agora Vasco da Gama) compara-o a uma das sete maravilhas do mundo: o Colosso de Rodes (ver Sete maravilhas do Mundo). O Gigante dirige-se aos marinheiros num tom de voz “grave e horrendo”, provocando-lhes grande temor: “Ó povo audacioso que não descansa, como ousas navegar estes mares, que nunca foram cortados por qualquer outro navio? Viestes descobrir os segredos marítimos? Pois desde já vos digo que os que tentaram antes de vós pagaram com a vida. E vós, pela ousadia, também sereis castigados. Naufragarão, os vossos barcos e enfrentareis males de toda a espécie, o sofrimento será tal, que será preferível a morte. O primeiro ilustre que passar aqui ficará sepultado. Outros hão-de ver os filhos morrer de fome e eles próprios morrerão também.”
  • 25. Então, Vasco da Gama, corajosamente, interpela o Gigante perguntando-lhe: Quem és tu? E ele começa a relatar a sua história: “Eu sou o que vós chamais Cabo das Tormentas. Ptolomeu, Plínio, Pompónio, e Estrabo não me conheceram, mas jamais ousariam desafiar-me. Fui outrora um dos gigantes que guerrearam contra Júpiter, chamava-me Adamastor. Apaixonei-me pela “Princesa das Águas” - Tétis; um amor impossível, devido ao meu aspecto assustador. Amedrontei Dóris, mãe dela, que me deu esperanças e combinou um encontro. Cego de amor abandonei a guerra e uma noite, Tétis, vem, toda nua, ao meu encontro. Corri, abracei-a e cobri-a de beijos, mas era apenas uma ilusão, um engano, e de repente dei por mim abraçado a um monte, e eu próprio transformado em monte e rocha, e, sendo eu tão grande, formou-se este Cabo. E também os deuses me castigaram, pois estou rodeado de água, o que significa que Tétis anda sempre à minha volta.” Terminado o discurso Adamastor afastou-se, chorando . Vasco da Gama agradece a Deus por terem chegado até ali e roga-lhe que não permita que se concretizem as profecias do gigante.