2. Novo fenômeno: O fim dos regimes comunistas do leste europeu, as medidas
econômicas neo-liberais, a transnacionalização das economias e culturas, a criação
de uma arte mais preocupada em registrar o cotidiano que em idealizar o belo.
Mudanças em vários campos e artes: literatura, arquitetura, pintura, cinema,
filosofia.
Novo conceito: O vocábulo pós-modernismo servia então àqueles novos tempos que
os indivíduos pareciam desencantados com as lutas políticas e, por isso, centravam
suas energias na busca de um enriquecimento e uma satisfação cada vez menos
associada ao coletivo, no qual a arte já não mais queria representar ou interpretar o
real, mas apenas apresentá-lo em sua forma mais banal e cotidiana e que, até
mesmo mais que o real, importavam os seus simulacros.
Vocábulo vago e impreciso. Mais que definir, ele sugeria, mais que afirmar, ele
negava.
Negação do modernismo. A arte e os movimentos culturais deveriam traduzir o caos
do ambiente do capitalismo tardio, sem propostas claras, sem pontos de chegada.
3. Relação de continuidade ou de ruptura com o modernismo.
Sentimento de desamparo e questionamento do status quo após a I e II
Guerras Mundiais.
Modernismo
Período de mudança, de progresso;
Maior racionalidade científica ou um certo tipo de atitude diante vida;
Nas artes, como um movimento dos fins do século XIX e início do XX
concebido numa Europa marcada por avanços tecnológicos e novas
configurações políticas.
4. Termo ressurge no final dos anos 50 na arquitetura, com uma
conotação negativa, indicando aquilo que era menos moderno.
Pós-moderno passou a ser sinônimo da busca do antigo e não de um
hiper-modernismo, significando o reaproveitamento das formas
clássicas.
Nos anos 60, termo invadiu as artes plásticas, definindo a postura de
oposição dos artistas ao subjetivismo e hermetismo que tinha tomado
conta das artes modernas. Em 1962, o Pasadena Museum of Califórnia
Art, nos Estados Unidos, abria as suas portas para a exposição The new
paiting of common objects, inaugurando o que se convencionou
chamar por art. A pop art dava valor artístico à banalidade cotidiana.
Contracultura
5. Pop Art: com sua valorização da estética dos produtos industriais mais banais de
consumo de massa.
Estética hippie: reviveu as formas orgânicas e os processos semi-artesanais de
impressão para exaltar os valores tribais antigos sob o lema “paz & amor,” opondo-se
aos que eram a favor da intervenção americana no Vietnã.
Andy Warhol (1930-1987): trabalho pictórico encadeado e relacionado à produção
industrial, seja de objetos de consumo, seja da indústria cinematográfica. Precursor
da visualidade pós-moderna.
6. Globalização
Transformações culturais de grandes proporções;
Processo de conexão mundial;
Conexões culturais – enfraquecimento dos laços culturais
nacionais;
Hibridismo cultural
7. Arte como produto social
Ecletismo ou pluralismo: não apresenta propostas estéticas definidas, nem
coerências, tampouco um estilo; mistura de gêneros, não há diferenciação
entre a arte popular e erudita.
Arte conceitual: interesse pela idéia, criação mental do artista, sumiço do
objeto da arte, fim da beleza como valor supremo.
Volta ao passado: entrelaçamento entre a tradição e a arte contemporânea.
Presença intensa das imagens (Perry Anderson): produção audiovisual, vídeoarte.
8. Pastiche: imitação vulgar de um estilo particular.
Desterritorialização da cultura: referências múltiplas de culturas híbridas em
função das novas identidades estabelecidas pelo processo de globalização.
Citação: constante referência a obras e estilos do passado reinterpretados e
recriados com técnicas e propostas novas.
Interação: participação do público para a configuração de uma obra de arte.
Modo particular de experimentar, interpretar e ser no mundo
Questionamento do Iluminismo e humanismo;
9. Retorno aos ideais e pensamentos banidos pela modernidade (Gianni
Vattimo);
Rejeição à idéia de progresso;
Fim da metanarrativa ou grande narrativa (cristianismo, marxismo,
freudismo, etc.) (François Lyotard);
Atenção às vozes antes silenciadas (mulheres, gays, negros, povos
colonizados, etc.);
Fim dos absolutos, objetividade e conceitos universais; Pluralismo cultural;
Fragmentação ou caos da realidade;
10. Transitoriedade;
Decadência cultural (pensamento de esquerda);
Atitude desinteressada, despolitizada, avessa a rótulos;
Tolerância e respeito às diferenças;
Neutralidade;
Hedonismo;
Individualismo e busca de visibilidade.
11. Na pós-modernidade, a mídia desempenha um papel importante
na divulgação, influência e atuação neste processo.
Para o filósofo Fredric Jameson, “pós-modernismo e capitalismo de
mídia são sinônimos”. Os grandes meios de comunicação de massa
(jornais, revistas, rádio, TV, internet e cinema) têm uma grande
responsabilidade pelo tipo de pessoas pós-modernas.
Pessoas que acreditam encontrar na espetacularização do mundo e
de si mesmas a satisfação almejada (Big Brother).
Como disse Adam Phillips, psicanalista inglês, “no século XV se as
pessoas fossem perguntadas sobre o que queriam da vida, diriam
que buscavam a salvação divina. Hoje a resposta é: ser rico e
famoso”.
12. No cinema, o pós-modernismo se expressa na mistura de estilos
(gêneros): Loucas Aventuras de James West, Blade Runner, Indiana
Jones, Matrix;
Imitação barata (pastiche), versões: Psicose, filmes em preto e
branco;
Obra de citações: Sonhos de um Sedutor -Casablanca;
Fim dos limites entre a arte culta e a arte de massa;
Crise de criação (Freddy x Jason);
Vulgarização (filmes de terror) e mediocridade.
13. VENÂNCIO, Giselle Martins. Pós-modernismo e a arte de definir
a contemporaneidade. ArtCultura, Uberlândia, v. 10, n. 16, p.
215-225, jan.-jun. 2008.