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Educar uma sociedade é fazê-la progredir,
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Muitos dos republicanos tiveram consciência de
que a principal tarefa era implantar a República
na mente e, principalmente, no coração dos
portugueses. A escola passou a ser vista como o
lugar privilegiado para a formação dos cidadãos
Esta lógica de revolução cultural implicava o
combate à entidade que surgia como o inimigo a
abater no terreno cultural - a Igreja Católica.
Daí a importância assumida pelo projecto de
laicização da sociedade. O laicismo apresentava-
se, na verdade, como a alternativa ao
catolicismo no que se refere à função de
integração social.
A escola, em particular a escola primária,
passou a ser vista como o lugar privilegiado
para a formação do cidadão; daí a importância
que a educação moral e cívica desempenhava
no currículo escolar, tanto no que se refere à
sua dimensão formal como no que diz respeito
a todo um vasto conjunto de símbolos e rituais.
No centro dessa verdadeira religiosidade cívica
estava o culto da pátria, da sua história e dos
seus heróis. Para além de consciente dos
direitos e deveres correspondentes, o cidadão a
formar devia ser, ainda, exemplar do ponto de
vista da sua moralidade.
Principais medidas
educativas
Foram criadas escolas primárias com
intenção de combater a elevada taxa de
analfabetismo.
A escolaridade passou a ser obrigatória e
gratuita para crianças entre os 7 e os 10
anos.
Concederam maior número de "bolsas de
estudo" a alunos necessitados e passaram a
existir escolas "móveis" para o ensino de
adultos.
Para um ensino mais especializado
foram fundadas escolas agrícolas,
industriais e técnicas e escolas
normais, destinadas à formação de
professores do ensino primário.
O ensino superior aumentou a sua
capacidade de formação devido à
fundação das Universidades de
Lisboa e do Porto, que se juntavam à
de Coimbra.
Além do ensino oficial, os republicanos
apoiaram as associações recreativas e
culturais. Em muitas delas existiam
bibliotecas, salas de leitura infantil e
organizavam-se conferências, debates e
exposições.
!
A liberdade de expressão permitia que todos
os temas e assuntos fossem abordados. Por
isso o número de revistas, almanaques e
jornais diários e semanários aumentou. Em
1917, por exemplo, existiam em Portugal 414
publicações deste tipo.
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Primário Elementar
Leitura, escrita e noções básicas da
língua portuguesa, operações
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do sistema métrico décimal
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composição, noções gerais da língua
portuguesa, desenho e modelação,
fotografia, canto coral e recitação,
noções elementares de aritmética,
geometria e conhecimentos básicos
de ciências físico-químicas...
Primário Superior
Língua portuguesa,
estenografia, ofícinas, campos
experimentais, matemáticas
elementares, geometria, álgebra
e agrimensura
Apesar de todo este
desenvolvimento, a pobreza do
país e a falta de recursos
financeiros contribuíram para
que a taxa de analfabetismo se
mantivesse acima dos 60%!
Embora tivesse descido.
O discurso então difundido, em particular pelos
republicanos, dramatizou ao limite esse problema,
pressupondo um olhar acentuadamente
desvalorizador sobre a figura do analfabeto,
colocado na antecâmara da "civilização" e a quem
era atribuída uma espécie de menoridade cívica. O
analfabeto, pela sua incapacidade de aceder à
cultura escrita, não estaria em condições de ser o
cidadão-eleitor, consciente e participativo,
almejado pela República. Em artigo da Educação
Nacional constata-se que o homem sem instrução
"pouco difere dos irracionais" e noutro artigo,
desta vez n"A Federação Escolar, compara-se o
homem sem instrução a "um selvagem que o
professor precisa civilizar".
"A mais imperiosa das necessidades, no momento
presente, é criar escolas, desenvolver a instrução,
combater o analfabetismo... Não tenhamos, pois,
dúvidas e preparemo-nos todos para a famosa
cruzada em prol do povo português, reclamando
com toda a nossa energia que se criem escolas,
muitas escolas por essas ignoradas aldeias, onde
mal vislumbrou ainda a luz do progresso .
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O ABC - o segredo da cultura de um povo! O ABC
abre as portas do futuro. Esse futuro é de luz,
amor e felicidade!... O ABC é iluminado e
vivificado pela grandeza dum ideal... O ABC é o
símbolo da Humanidade." (Eça de Queirós, 1922,
Educação Portuguesa)
O activismo político republicano, o labor cultural de
pendor iluminista da maçonaria e a difusão de uma
mentalidade positivista foram alguns dos factores que
favoreceram a afirmação de um discurso que colocava o
povo e a sua educação no centro do debate político e
social. Subjacente a este debate estava, em primeiro lugar,
a questão do analfabetismo. As estatísticas publicadas na
segunda metade do século XIX conduziram à sua
traumática descoberta pela minoria culta do país, ao
mostrarem que a esmagadora maioria do povo português
nunca havia frequentado a escola, não sabendo ler nem
escrever. Tendo por base os censos populacionais
realizados na transição do século XIX para o século XX, tal
como foram analisados por António Candeias (2001, 2005),
podemos ver a evolução da taxa de analfabetismo da
população com idades iguais ou superiores a sete anos: de
78 por cento em 1878, baixou para 62 por cento em 1930
Taxas de alfabetização da
população portuguesa maior de
7 anos de idade (1878-1950).
O corpo docente dos centros escolares republicanos
seria constituído por professores efectivos,
auxiliares e eventuais. O provimento dos professores
era da alçada da direcção de cada centro e seria
feito por meio de concurso. Para concorrer aos
lugares de professor efectivo era necessário “ter as
competentes habilitações literárias e científicas”,
possuir “condições físicas e morais atestadas por
médico e por qualquer outra instituição de ensino”
Não podiam ser professores dos centros os
indivíduos que não tivessem demonstrado, “em
todos os seus actos públicos e políticos, a sua
crença na república e nos princípios de liberdade e
de emancipação humana”
Para os cargos de professores auxiliares
podiam ser admitidos, entre outros, sem
dependência de concurso, os alunos do
próprio centro que mostrassem “boa aplicação
e tendências para o ensino”
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sócios que se prestassem a ensinar qualquer
disciplina. Os ordenados dos professores
efectivos eram estipulados pela direcção,
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eventuais não usufruíam de vencimento,
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gratificação anual ou por período escolar.
http://www.publico.pt/temas/jornal/
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Educação na primeira república portuguesa

  • 2. Os repúblicanos acreditam na importância da educação como forma de promover o desenvolvimento do ser humano e do país.
  • 3. Educar uma sociedade é fazê-la progredir, torná-la um conjunto harmónico e conjugado das forças individuais, por seu turno desenvolvidas em toda a sua plenitude. E só se pode fazer progredir e desenvolver uma sociedade fazendo com que a acção contínua, incessante e persistente de educação atinja o ser humano sob o tríplice aspecto: físico, intelectual e moral. Portugal precisa de fazer cidadãos, essa matéria-prima de todas as pátrias. (Preâmbulo do Decreto de 29 de Março de 1911).
  • 4. Muitos dos republicanos tiveram consciência de que a principal tarefa era implantar a República na mente e, principalmente, no coração dos portugueses. A escola passou a ser vista como o lugar privilegiado para a formação dos cidadãos Esta lógica de revolução cultural implicava o combate à entidade que surgia como o inimigo a abater no terreno cultural - a Igreja Católica. Daí a importância assumida pelo projecto de laicização da sociedade. O laicismo apresentava- se, na verdade, como a alternativa ao catolicismo no que se refere à função de integração social.
  • 5. A escola, em particular a escola primária, passou a ser vista como o lugar privilegiado para a formação do cidadão; daí a importância que a educação moral e cívica desempenhava no currículo escolar, tanto no que se refere à sua dimensão formal como no que diz respeito a todo um vasto conjunto de símbolos e rituais. No centro dessa verdadeira religiosidade cívica estava o culto da pátria, da sua história e dos seus heróis. Para além de consciente dos direitos e deveres correspondentes, o cidadão a formar devia ser, ainda, exemplar do ponto de vista da sua moralidade.
  • 6. Principais medidas educativas Foram criadas escolas primárias com intenção de combater a elevada taxa de analfabetismo. A escolaridade passou a ser obrigatória e gratuita para crianças entre os 7 e os 10 anos. Concederam maior número de "bolsas de estudo" a alunos necessitados e passaram a existir escolas "móveis" para o ensino de adultos.
  • 7. Para um ensino mais especializado foram fundadas escolas agrícolas, industriais e técnicas e escolas normais, destinadas à formação de professores do ensino primário. O ensino superior aumentou a sua capacidade de formação devido à fundação das Universidades de Lisboa e do Porto, que se juntavam à de Coimbra.
  • 8. Além do ensino oficial, os republicanos apoiaram as associações recreativas e culturais. Em muitas delas existiam bibliotecas, salas de leitura infantil e organizavam-se conferências, debates e exposições. ! A liberdade de expressão permitia que todos os temas e assuntos fossem abordados. Por isso o número de revistas, almanaques e jornais diários e semanários aumentou. Em 1917, por exemplo, existiam em Portugal 414 publicações deste tipo.
  • 9. Graus do ensino primário O que se aprendia Primário Elementar Leitura, escrita e noções básicas da língua portuguesa, operações fundamentais da aritmética, noções do sistema métrico décimal Primário Complementar Leitura e conversação, escrita e composição, noções gerais da língua portuguesa, desenho e modelação, fotografia, canto coral e recitação, noções elementares de aritmética, geometria e conhecimentos básicos de ciências físico-químicas... Primário Superior Língua portuguesa, estenografia, ofícinas, campos experimentais, matemáticas elementares, geometria, álgebra e agrimensura
  • 10. Apesar de todo este desenvolvimento, a pobreza do país e a falta de recursos financeiros contribuíram para que a taxa de analfabetismo se mantivesse acima dos 60%! Embora tivesse descido.
  • 11. O discurso então difundido, em particular pelos republicanos, dramatizou ao limite esse problema, pressupondo um olhar acentuadamente desvalorizador sobre a figura do analfabeto, colocado na antecâmara da "civilização" e a quem era atribuída uma espécie de menoridade cívica. O analfabeto, pela sua incapacidade de aceder à cultura escrita, não estaria em condições de ser o cidadão-eleitor, consciente e participativo, almejado pela República. Em artigo da Educação Nacional constata-se que o homem sem instrução "pouco difere dos irracionais" e noutro artigo, desta vez n"A Federação Escolar, compara-se o homem sem instrução a "um selvagem que o professor precisa civilizar".
  • 12. "A mais imperiosa das necessidades, no momento presente, é criar escolas, desenvolver a instrução, combater o analfabetismo... Não tenhamos, pois, dúvidas e preparemo-nos todos para a famosa cruzada em prol do povo português, reclamando com toda a nossa energia que se criem escolas, muitas escolas por essas ignoradas aldeias, onde mal vislumbrou ainda a luz do progresso . ! O ABC - o segredo da cultura de um povo! O ABC abre as portas do futuro. Esse futuro é de luz, amor e felicidade!... O ABC é iluminado e vivificado pela grandeza dum ideal... O ABC é o símbolo da Humanidade." (Eça de Queirós, 1922, Educação Portuguesa)
  • 13. O activismo político republicano, o labor cultural de pendor iluminista da maçonaria e a difusão de uma mentalidade positivista foram alguns dos factores que favoreceram a afirmação de um discurso que colocava o povo e a sua educação no centro do debate político e social. Subjacente a este debate estava, em primeiro lugar, a questão do analfabetismo. As estatísticas publicadas na segunda metade do século XIX conduziram à sua traumática descoberta pela minoria culta do país, ao mostrarem que a esmagadora maioria do povo português nunca havia frequentado a escola, não sabendo ler nem escrever. Tendo por base os censos populacionais realizados na transição do século XIX para o século XX, tal como foram analisados por António Candeias (2001, 2005), podemos ver a evolução da taxa de analfabetismo da população com idades iguais ou superiores a sete anos: de 78 por cento em 1878, baixou para 62 por cento em 1930
  • 14. Taxas de alfabetização da população portuguesa maior de 7 anos de idade (1878-1950).
  • 15. O corpo docente dos centros escolares republicanos seria constituído por professores efectivos, auxiliares e eventuais. O provimento dos professores era da alçada da direcção de cada centro e seria feito por meio de concurso. Para concorrer aos lugares de professor efectivo era necessário “ter as competentes habilitações literárias e científicas”, possuir “condições físicas e morais atestadas por médico e por qualquer outra instituição de ensino” Não podiam ser professores dos centros os indivíduos que não tivessem demonstrado, “em todos os seus actos públicos e políticos, a sua crença na república e nos princípios de liberdade e de emancipação humana”
  • 16. Para os cargos de professores auxiliares podiam ser admitidos, entre outros, sem dependência de concurso, os alunos do próprio centro que mostrassem “boa aplicação e tendências para o ensino” Eram considerados professores eventuais os sócios que se prestassem a ensinar qualquer disciplina. Os ordenados dos professores efectivos eram estipulados pela direcção, enquanto que os professores auxiliares e os eventuais não usufruíam de vencimento, embora a direcção pudesse estipular-lhes uma gratificação anual ou por período escolar.