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AULAS DE SOCIOLOGIA ENSINO MÉDIO - 1º ANO
• O surgimento da Sociologia
• Conhecimento Científico e Conhecimento do Senso Comum;
• O objeto da sociologia;
• A relação indivíduo-sociedade;
• A sociologia no Brasil
1º BIMESTRE
Por que somos como somos? Por que agimos como agimos? Principais dúvidas
que norteiam o pensamento sociológico, principais premissas. A sociologia é o estudo
da vida social humana, dos grupos e das sociedades, e, seu objeto de estudo é nosso
próprio comportamento como seres sociais.
Para compreendermos de que trata a sociologia temos que nos distanciar de nós
mesmos, temos que nos considerar seres humanos entre os outros. Na verdade a
sociologia trata dos problemas da sociedade e a sociedade é formada por nós e pelos
outros. Aquele que estuda e pensa a sociedade, o sociólogo, é ele próprio um dos seus
membros.
Justamente, a sociologia nos mostra a necessidade de assumir uma visão sobre
por que somos como somos e por que agimos como agimos, ela nos ensina que aquilo
que encaramos como natural, inevitável, bom ou verdadeiro, pode não ser exatamente
assim, afinal nem tudo é o que parece ser, e que os “dados” de nossa vida são
fortemente influenciados por forças históricas e sociais.
Aprender a pensar sociologicamente , significa, antes de tudo, cultivar a
imaginação, um sociólogo é alguém que é capaz de se libertar da imediatidade das
circunstâncias pessoais e apresentar as coisas num contexto mais amplo.
A imaginação sociológica (Mills, 1970), exige de nós que pensemos fora das
rotinas familiares de nossas vidas cotidianas , a fim de que as observemos de modo
renovado.( Giddens, A. Sociologia, Porto Alegre: Artmed, 2005).
Como seriam suas respostas se alguém lhe fizesse as seguintes perguntas:
— Por que o Brasil é visto como um país em desenvolvimento, para não dizer
atrasado, em relação aos países mais ricos, mesmo sendo uma das maiores economias
do mundo?
— Por que o homem moderno cada vez mais se faz prisioneiro do trabalho?
— Apesar de tanta riqueza produzida pelo trabalho no sistema capitalista, por
que se tem, em boa parte dos países, a maioria dos trabalhadores em situação de
pobreza?
Talvez você consiga dar boas respostas às perguntas acima, apontando,
inclusive, as origens dos problemas questionados, porém, outros, não tendo argumentos
para dar boas respostas, diriam:
“eu acho que...”.
com certeza você já ouviu a frase: “Quem acha, pode não saber muita coisa”
Todos podemos ir além do que já sabemos, ou “achamos” saber sobre nossa
sociedade. E o papel da Sociologia como disciplina é justamente nos ajudar nesse
sentido: a percebermos, por exemplo, que fatos considerados naturais na sociedade,
como a miséria de muitos, o enriquecimento de poucos, os crimes, os suicídios, enfim,
a dinâmica e a organização social podem não ser tão naturais assim.
Os questionamentos apresentados acima, poderão ser elucidados pelas teorias,
pelas perspectivas (visões) teóricas sociológicas, que nos ajudarão a ver nossa sociedade
de maneira muito mais crítica e com base científica.( Sociologia / vários autores. –
Curitiba: SEED-PR, 2006. 2ª edição, Governo do Estado do Paraná).
Desenvolvendo uma perspectiva sociológica
Considere o ato de tomar uma xícara de café, o que poderíamos dizer, a partir de
um ponto de vista sociológico sobre esse exemplo de comportamento aparentemente
comum, simples, desinteressante?
Muitas coisas… poderíamos ressaltar que o café não é apenas uma bebida, ele
possuí valor simbólico como parte de nossas atividades sociais diárias, para muitos a
xícara de café matinal ocupa o centro de uma rotina pessoal, ela é um primeiro passo
essencial para começar o dia. Durante o dia muitos tomam café acompanhados de uma
ou mais pessoas como parte de um ritual social, duas pessoas que combinam se
encontrar para tomar um café, estão provavelmente mais interessadas em ficarem juntas,
a manter uma conversa, do que na bebida propriamente.Comer e beber em todas as
sociedades, fornece ocasiões para a interação social e para a encenação de rituais.
Outro ponto: o café é uma droga, por conter cafeína, substância altamente estimulante,
que consumida em doses excessivas pode fazer mal, muitas pessoas bebem café pelo
estímulo extra que esta bebida propicia. O café causa dependência, mas os viciados em
café não são vistos como usuários de drogas; assim como o álcool o café é uma droga
socialmente aceita, inclusive, mas recentemente comprovou-se que pode contribuir para
elevar os níveis de concentração, melhorar a memória e diminuir os níveis de colestorol,
contudo mesmo assim, não devemos aconselhar o consumo excessivo desta bebida.
Mais uma questão: um indivíduo que bebe café é apanhado em uma complicada
trama de relacionamentos sociais e econômicos que se estendem pelo mundo.O café é
uma bebida consumida desde os mais pobres até os mais ricos em diversas partes do
mundo, é consumido em grandes quantidades nos países ricos, contudo cultivado nos
países mais pobres, apesar da oscilação no mercado devido a inúmeros fatores, o café
ainda é, ao lado do petróleo e de outros produtos, uma das mercadorias mais valiosas no
comércio internacional. A produção, o transporte e a distribuição de café requerem
transações contínuas entre pessoas a milhares de quilômetros de distância de seu
consumidor. Estudar essas transações globais é uma importante tarefa da Sociologia.
Outra: O café é um produto que permanece no centro dos debates
contemporâneos sobre globalização, comércio internacional, direitos humanos e
degradação/destruição ambiental, o café tornou-se uma marca e politizou-se: o
consumidor pode escolher qual tipo de café beber e onde adquiri-lo, tornou-se estilo de
vida.Os indivíduos podem escolher entre beber somente café orgânico, café
naturalmente descafeinado, ou café comercializado “honestamente” (através de
esquemas que pagam integralmente o preço de mercado a pequenos produtores de café
em países em desenvolvimento), podem optar por ser clientes de cafeterias
independentes ao invés de “cadeias corporativas” de café como a Starbucks, os
consumidores de café podem boicotar o café vindo de certos países que violam os
direitos humanos e acordos ambientais.Os sociólogos buscam compreender como a
globalização aumenta a consciência das pessoas acerca de fatos que vem ocorrendo em
diversas partes do mundo, estimulando-as, construindo conhecimentos sobre assuntos
até então desconhecidos, e a construir uma perspectiva crítica acerca de assuntos que
influenciam suas vidas direta ou indiretamente.
Quando alguém começar uma resposta com as palavras “eu acho que...”, esta
resposta pode não ser satisfatória, ou corresponder as nossas expectativas acerca do
assunto tratado. O que não significa, porém, que ela deva ser rejeitada, ela precisa ser
apurada, refinada. Por exemplo, se alguém nos perguntasse por que em um mesmo país,
observamos realidades sociais tão distintas, poderíamos responder com base em dados,
na história, na geografia etc., enfim poderíamos oferecer uma resposta certeira, ou
apenas responder “eu acho que...” baseados no chamado senso comum.
Existem muitas outras coisas que acontecem na sociedade e que nos atingem
diretamente. E para todas essas coisas seria muito bom que tivéssemos curiosidade para
saber se aquilo que é mostrado é realmente como é. E a Sociologia?
A sociologia contribui para que possamos entender um pouco mais o lugar
onde vivemos…
O senso comum não deve ser rejeitado, entretanto, você pode ir além desse
conhecimento comum, neste caso, sobre a sociedade. Todos nós somos sociólogos, de
uma forma ou de outra, pois estamos constantemente refletindo acerca de nossas
experiências, analisando os nossos comportamentos e o comportamento dos
outros.Avançar um pouco mais em relação a um conhecimento elaborado e
investigativo vai nos trazer um entendimento mais claro sobre como funciona a
sociedade, dentre outras coisas.
Além do fato de que você terá maior autonomia para CONCORDAR OU
DISCORDAR sobre as questões que você vive na sociedade e não será influenciado
pelo bombardeio de informações parciais oferecidas pela mídia.Essa é a independência
que queremos: A DE REFLEXÃO.
O que é ser alienado?
Veja: se não tivermos nossa independência de pensamento e ação, ou seja, se
não conseguimos refletir sobre aquilo que vemos e ouvimos, ou se concordamos com
tudo o que acontece, com tudo o que nos é transmitido então podemos estar vivendo de
forma alienada, e, conformista.
Segundo a filósofa brasileira Marilena Chauí, a alienação acontece quando o
homem não se vê como sujeito (criador) da história e, nela, capaz de produzir obras.
Para o homem alienado, e segundo esta mesma visão, a história e as obras
produzidas nela são fatos estranhos e externos a ele. E, sendo estranhos, tal homem não
os pode controlar, ficando numa posição de dominado. Já o conhecimento pode nos
fazer transformadores da história, e não apenas espectadores dela.
A Sociologia não é redentora ou solucionadora dos males sociais, ou dos
problemas intelectuais das pessoas. Ela surge como uma ciência que vai fornecer novas
visões sobre a sociedade. Sua contribuição está no fato de nos dar referenciais para
refletirmos sobre as sociedades.
Surgimento da Sociologia: A “Gênesis Sociológica”
Apesar da ciência sociológica ser considerada nova, pois se consolidou por volta
do século XIX, a nesessidade de se entender as sociedades, a busca por explicações
remonta de tempos antigos, tanto que na Grécia Antiga já havia o desejo de se entender
a sociedade.
No século V a.C, havia uma corrente filosófica, chamada sofista[1], que
começava a dar mais atenção para os problemas sociais e políticos da época. Porém, não
foram os gregos os criadores da Sociologia. Mas foram os gregos que iniciaram o
pensamento crítico filosófico. Eles criaram a Filosofia que foi um impulso para o
surgimento daquilo que chamamos, hoje, de ciência, a qual se consolidaria a partir dos
séculos XVI e XVII, sendo uma forma de interpretação dos acontecimentos da
sociedade mais distanciada das explicações míticas.
Foram com os filósofos gregos Platão (427-347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C),
que surgiram os primeiros passos dos trabalhos mais reflexivos sobre a sociedade.
Platão foi defensor de uma concepção idealista e acreditava que o aspecto material do
mundo seria um tipo de fruto imperfeito das idéias universais, as quais existem por si
mesmas.
Aristóteles já mencionava que o homem era um ser que, necessariamente, nasce
para estar vivendo em conjunto, isto é, em sociedade. No seu livro chamado Política, no
qual consta um estudo dos diferentes sistemas de governo existentes, percebe-se o seu
interesse em entender a sociedade.
Idade Média.
Séculos mais tarde, no período chamado de Idade Média (que vai do século
V ao XV, mas exatamente entre os anos 476 a 1453), houve, segundo os
renascentistas, um período de “trevas” quanto à maneira de se ver o mundo, por
isso a Idade Média é conhecida também por “idade das trevas”.
Segundo eles, havia um predomínio da fé, onde os campos mítico e religioso,
tendiam a oferecer as explicações mais viáveis/aceitáveis para os fatos do mundo. Na
Europa Medieval, esse predomínio religioso foi da Igreja Católica. Tal predomínio da
fé, de certo modo, e segundo os humanistas renascentistas, asfixiava as tentativas de
explicações mais especulativas e racionais (científicas) sobre a sociedade. Não cumprir
uma regra ou lei estabelecida pela sociedade, poderia ser entendido como um pecado,
heresia, tamanha era a mistura entre a vida cotidiana e a esfera sobrenatural.
Se olharmos a Idade Média somente pela ótica dos renascentistas podemos
entendê-la como uma época improdutiva, em termos de evolução do conhecimento,
contudo, ela também foi um período muito rico para a história da humanidade,
importante, inclusive, para a formação da nossa casa, o mundo ocidental.
Tudo caminhava para o uso da razão
O predomínio, na organização das relações sociais, dos princípios religiosos
durou até pelos menos o século XV. Mas já no século XIV começava a acontecer uma
renovação cultural. Era o início do período conhecido por Renascimento.
Os renascentistas, com base naquilo que os gregos começaram, isto é, a
questionar o mundo de maneira reflexiva, rejeitavam tudo aquilo que seria parte da
cultura medieval, presa aos moldes da igreja, no caso, a Católica.
O renascimento espalhou-se por muitas partes da Europa e influenciava a arte, a
ciência, a literatura e a filosofia, defendendo, sempre, o espírito crítico.Nesse tempo,
começaram a aparecer homens que, de forma mais realista, começavam a investigar a
sociedade. A exemplo disso temos Nicolau Maquiavel (1469-1527) que, em sua obra
intitulada de O Príncipe, faz uma espécie de manual de guerra para Lorenzo de Médici.
Ali comenta como o governante pode manipular os meios para a finalidade de
conquistar e manter o poder em suas mãos, “ O príncipe” pode ser considerada a
primeira obra de ciência política, por isso Maquiavel é considerado o pai da Ciência
política. Obras como esta davam um novo olhar para sociedade, olhar pelo qual, através
da razão os homens poderiam dominar a sociedade, longe de influências divinas.
Era a doutrina do antropocentrismo ganhando força. O homem passava a ser
visto como o centro de tudo, inclusive do poder de inventar e transformar o mundo
pelas suas ações. Além de Maquiavel, outros autores renascentistas, como Francis
Bacon [2](1561-1626), filósofo e criador do método científico conhecido por
experimental, ajudavam a dar impulso aos tempos de domínio da ciência que se
iniciavam.
Precisamos ter conhecimento da história para podermos perceber que nem
sempre as pessoas puderam contar com a ciência para entender o mundo, sobretudo o
social, que é o queremos compreender.
Dessa maneira, muitas pessoas no passado, ficaram ‘presas’ principalmente,
àquelas explicações a respeito da realidade que eram baseadas na tradição, em mitos
antigos ou em explicações religiosas.
O Iluminismo
Já no século XVIII, houve um momento na Europa, chamado de Iluminismo,
que começou na Inglaterra e na França, mas que posteriormente espalhou-se por todo o
continente, a idéia de valorizar a ciência e a racionalidade no entendimento da vida
social tornou-se ainda mais forte.
Uma característica das idéias do Iluminismo era o combate ao Estado absoluto,
ou absolutismo, que começou a surgir na Europa ainda no final da Idade Média, no
século XV, em que o rei concentrava todo o poder em suas mãos e governava sendo
considerado um representante divino na terra, uma voz de Deus, a qual até a igreja se
sujeitava.
Com a ciência ganhando força, era inviável o fato de voltar a pensar a vida e a
organização social por vias que não levassem em conta as considerações da ciência em
debate com as de fundo religioso. Como por exemplo, imaginar os governantes como
sendo representantes sobrenaturais.
Nesse período, a continuada consolidação da reflexão sistemática sobre a
sociedade foi ajudada por autores como Voltaire (1694-1778), filósofo que defendia a
razão e combatia o fanatismo religioso; Jean- Jacques Rousseau (1712-1778), que
estudou sobre as causas das desigualdades sociais e defendia a democracia;
Montesquieu (1689-1755), que criticava o absolutismo, e defendia a criação de poderes
separados (executivo, legislativo e judiciário), os quais dariam maior equilíbrio ao
Estado, uma vez que não haveria centralidade de poder na mão do governante.
A partir das teorias sobre a sociedade que no período Iluminista surgiram, é que
começa a ser impulsionada, ou preparada, a idéia da existência de uma ciência que
pudesse ajudar a interpretar os movimentos da própria sociedade. Consolidação do
Capitalismo e a Revolução Industrial.
Estamos mudando de assunto, em parte, porém não estamos deixando de falar do
surgimento da Sociologia. Há outros elementos que a motivaram surgir. As
transformações na sociedade européia não estavam ocorrendo somente no campo das
idéias, como era o caso da consolidação da ciência como ferramenta de interpretação do
mundo.
Há também a desagregação da sociedade feudal, a consolidação do sistema
capitalista, culminando com a Revolução Industrial, que ocorreu em meados do século
XVIII, na Inglaterra, gerando grandes alterações no estilo de vida das pessoas,
sobretudo nas das que viviam no campo e do campo ou por meio de atividades
artesanais. Estes temas despertavam o interesse de críticos da época.
Dessa maneira, quando a Sociologia iniciou os seus trabalhos, ela o fez com base
em pensadores que viram os problemas sociais ocasionados a partir da crise gerada
pelos fatos acima mencionados.
Recorrendo à História:
Podemos dizer que o início do sistema capitalista se deu na chamada Baixa
Idade Média, entre os séculos IX e XV, na Europa Ocidental. A partir do século XI,
com as “cruzadas” realizadas pela Igreja Católica, para conquistar Jerusalém que estava
dominada pelos muçulmanos, um canal de circulação de riquezas na Europa foi aberto.
O contato cultural e o comércio do ocidente com o oriente europeu foram
retomados via Mar Mediterrâneo. Com a movimentação de pessoas e riquezas houve, na
Europa Ocidental, o surgimento de núcleos urbanos, conhecidos por burgos. Destes,
surgiram as cidades, pois existiam poucas naquele tempo.
As chamadas corporações de ofício, que eram uma espécie de associação
comercial da época que organizava as atividades artesanais para ter acordo entre os
preços de venda e qualidade do produto, por exemplo, começaram a aparecer a fim de
regular o trabalho dos artesões que vinham para as cidades exercer sua profissão, a idéia
do lucro se fortalecia.
Mais tarde, os europeus começaram a explorar o comércio em termos mundiais,
principalmente depois dos séculos XV e XVI e das chamadas Grandes Navegações. Por
exemplo, com o descobrimento da América, muita riqueza daqui era levada à Europa
para a criação de mercadorias que seriam vendidas nesse mercado mundial que estava
surgindo. A idéia de uma produção em série de mercadorias começava a surgir.
As antigas corporações de ofício foram transformadas pelos comerciantes da
época em manufatura. O trabalho manufatureiro acontecia com vários artesãos, em
locais separados e dirigidos por um comerciante que dava a eles a matéria-prima e as
ferramentas. No final do trabalho encomendado, os artesões recebiam um pagamento
acertado com o comerciante.
Os comerciantes (futuros empresários capitalistas) pensaram que seria melhor
reunir todos esses artesãos num só lugar, pois assim poderiam ver o que eles estavam
produzindo. Além de cuidar da qualidade do produto, o controle sobre a matéria-prima e
o ritmo da produção poderia ser maior.
Foi então que surgiu a idéia da fábrica, um lugar com uma produção mais
organizada, com a acentuação da divisão de funções (hierarquização), onde o artesão ia
deixando de participar do processo inteiro de produção da mercadoria e onde passava a
operar apenas parte da produção. Desse ponto para a implantação das máquinas
movidas a vapor, restava somente o tempo da invenção das mesmas. Quando o inventor
escocês James Watt (1736-1819) conseguiu patentear a máquina a vapor, em abril de
1784, ela veio dar grande impulso à industrialização que se instalava, aumentando a
produção, diminuindo os gastos com mão-de-obra e aumentando o acúmulo de capital.
O sistema feudal da Europa Ocidental, estava sendo superado. Ele não
conseguiria suprir as necessidades dos novos mercados que se abriam. O sistema
capitalista, com base na propriedade privada dos meios de produção e no lucro, isto é,
na acumulação de capital, estava sendo consolidado.
A partir da Revolução Industrial (século XVIII), as cidades da Europa Ocidental
começavam a se transformar em grandes centros urbanos comerciais e, posteriormente,
industriais. Muitas delas “intumescidas” e repletas de desempregados. O estilo de vida
das pessoas estava se transformando – para alguns de forma violenta e radical – como
era o caso de muitos camponeses que eram expulsos pelos senhores das terras onde
trabalhanvam que estavam seguindo a política de “cercamentos” de terra, para criar
ovelhas e fornecer lã às fábricas de tecidos.
Já no caso dos artesãos, esses “perdiam” sua qualificação profissional e o
controle sobre o que produziam, ou seja, de profissionais, passavam a “não ter
profissão”, pois a indústria era quem ditava que tipo de profissional precisava ser. Não
importava se fossem grandes artesãos, só precisariam aprender a operar a máquina da
fábrica, como não tinham capital para ter uma produção autônoma e competir com a
fábrica, submetiam-se ao trabalho assalariado.
Novas e grandes invenções estavam sendo realizadas no campo tecnológico,
como as próprias máquinas a vapor das indústrias. O comércio mundial estava
aumentando cada vez mais. E em meio a isto, duas classes distintas emergiam: a
composta pelos empresários e banqueiros, chamada de classe burguesa, e a classe
assalariada, ou proletária.
A classe burguesa é aquela que ao longo do tempo veio acumulando capital com
o comércio e reteve os meios de produção em suas mãos, isto é, as ferramentas, os
equipamentos fabris, o espaço da fábrica, etc. ou seja, eram os donos dos meios de
produção,e também detinham o poder político. Já a classe proletária, sem capital e
expropriada dos meios de produção por meio de sua expulsão dos feudos e das terras
comuns, tornava-se fornecedora de mão-de obra aos donos das fábricas.
O quadro social na Europa Ocidental do período passava, então, por
transformações profundas, provocadas pela consolidação do sistema capitalista, pela
valorização da ciência contrapondo as explicações míticas a respeito do mundo, pela
abertura de mercados mundiais e pelas divergências ocasionadas pelas péssimas
condições de vida dos operários, confrontadas com o enriquecimento da classe
burguesa. É em meio a todas essas mudanças que a Sociologia começa a ser pensada
como sendo uma ciência para dar respostas mais elaboradas sobre os novos problemas
sociais.
A Sociologia e suas teorias, se constituem como ferramentas de reflexão sobre a
sociedade industrial e científica que surgia. Sociologia / vários autores. – Curitiba:
SEED-PR, 2ª edição, Governo do Estado do Paraná, 2006.)
2º BIMESTRE
AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS NA COMPREENSÃO DO PRESENTE
Auguste Comte (1798-1857), foi quem criou o termo “sociologia” a partir da
organização do seu curso de Filosofia Positiva. O que desejava Comte com esse curso?
-Ele pretendia fazer uma síntese da produção científica, ou seja, verificar aquilo
que havia sido acumulado em termos de conhecimento, bem como os métodos das
ciências já existentes, como os da matemática, da física e da biologia. Ele queria saber
se os métodos utilizados nessas ciências, os quais já haviam alcançado um “status” de
positivo, poderiam ser utilizados na física social, denominada, por ele de Sociologia.
Este pensador era de uma linha positivista, o que quer dizer que acreditava na
superioridade da ciência e no seu poder de explicação dos fenômenos de maneira
desprendida da religiosidade, como era comum se pensar naquela época. Como
positivista ele acreditava que a ciência deveria ser utilizada para organizar a ordem
social.
Na visão do conhecido “Pai” da Sociologia, naquela época, a sociedade estava
em desordem, orientada pelo caos. Devemos considerar que Comte vislumbrava o
mundo moderno que surgia, isto é, previa a consolidação de um mundo cada vez mais
influenciado pela ciência e pelo estabelecimento da indústria, e a crise gerada por uma
certa anarquia moral e política quando da transição do sistema feudal para o sistema
capitalista. Era essa positividade (instaurar a disciplina e a ordem) que ele queria para a
Sociologia.
Assim sendo quando Comte pensava a Sociologia, colocava toda sua crença de
que poderia estudar e entender os problemas sociais que surgiam e reestabelecer a
ordem social e o progresso da civilização moderna. Ele queria que a Sociologia
estudasse de forma aprofundada os movimentos das sociedades no passado para se
entender o presente e, inclusive, para imaginar o futuro da sociedade.
Olhando o passado para compreender o presente, “Saber para prever e prever
para poder”.
Comte via a consolidação do sistema capitalista como sendo algo necessário ao
desenvolvimento das sociedades. Esse novo sistema, bem como o abandono da teologia
para explicação do mundo seriam parte do progresso das civilizações. Já, os problemas
sociais ou desordens que surgiam eram considerados obstáculos que deveriam ser
resolvidos para que o curso do progresso pudesse continuar.
Portanto, a Sociologia se colocaria, na visão deste autor, como uma ciência para
solucionar a crise das sociedades daquela época. Entretanto, Comte não chegou a
viabilizar a sua aplicação. Seu trabalho apenas iniciou uma discussão que deveria ser
continuada, a fim de que a Sociologia viesse a alcançar um estágio de maturidade e
aplicabilidade.
Émile Durkheim
Continuando o trabalho iniciado por Comte, de fazer da Sociologia uma ciência,
numa visão positiva, surge o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917). Coube a
ele dar à Sociologia uma reputação científica, torna-la uma disciplina acadêmica com
rigor científico foi o seu principal trabalho.É a partir desse pensador que a Sociologia
ganha um formato mais “técnico”, sabendo o que e como ela iria buscar na sociedade.
Com métodos próprios, a Sociologia deixou de ser apenas uma idéia e ganhou “status”
de ciência.
Durkheim presenciou algumas das mais importantes criações da sociedade
moderna, como a invenção da eletricidade, do cinema, dos carros de passeio, entre
outros. No seu tempo, havia um certo otimismo causado por essas invenções, mas
Durkheim também percebia empencilhos nessa sociedade moderna: eram os problemas
de ordem social.E uma das primeiras coisas que ele fez foi propor regras de observação
e de procedimentos de investigação que fizessem com que a Sociologia fosse capaz de
estudar os acontecimentos sociais de maneira semelhante ao que faz a Biologia quando
olha para uma célula, por exemplo, vendo a sociedade como um organismo.
Falando em Biologia nota-se que o seu objeto de estudo é a vida em toda a sua
diversidade de manifestações. As pesquisas dos fenômenos da natureza feitas pela
Biologia são resultantes de várias observações e experimentações, manipuláveis ou não.
Para a Sociologia, manipular os acontecimentos sociais, ou repeti- los, é muito
difícil, para não dizer impossível. Por exemplo, como poderíamos reproduzir uma festa
ou um movimento de greve “em laboratório” e sempre de igual modo? Seria impossível.
Os fatos sociais
Mas Durkheim acreditava que os acontecimentos sociais – como os crimes, os
suícidios, a família, a escola, as leis – poderiam ser observados como coisas (objetos),
pois assim, seria mais fácil de estudá-los.
Então ele propôs algumas das regras que identificam que tipo de fenômeno
poderia ser estudado pela Sociologia. A esses fenômenos que poderiam ser estudados
por uma ciência da sociedade ele denominou de fatos sociais.
E as características dos fatos sociais são: Coletivo ou geral ( generalidade) –
significa que o fenômeno é comum a todos os membros de um grupo; Exterior ao
indivíduo (exterioridade) – ele acontece independente da vontade individual;
Coercitivo (coercitividade) – os indivíduos são “obrigados” a seguir o comportamento
estabelecido pelo grupo.
Para entender:
exemplo de um fato social: o casamento
As pessoas pensam, em um dia, se casar. Salvo algumas exceções, pois não
pensamos todos da mesma forma, certo? Mas se fizermos uma pesquisa, veremos que a
grande maioria das pessoas deseja se unir a alguém. Então podemos dizer que o
casamento é um fato coletivo ou geral, pois existe pela vontade da maioria de um grupo
ou de uma sociedade.
Mas ainda que alguém não queira se casar, a grande maioria das pessoas vai
continuar querendo, não é mesmo? - Isso significa que o fato social “casamento” é
exterior ao indivíduo. O que quer dizer que ele se constitui não como resultado das
intenções particulares dos indivíduos, mas como resposta às necessidades ou influências
do grupo, da comunidade ou da sociedade.Não é verdade que os mais velhos ficam nos
“incentivando” a casar? “Não vá ficar pra titia, heim!”, “Onde já se viu! Todo mundo,
um dia, tem que se casar!”. Com certeza você já ouviu alguém dizendo isso.
Pois é. Esses dizeres nos levam a crer que o casamento também é coercitivo,
pois nos vemos “obrigados” a fazer as mesmas coisas que fazem os demais membros do
grupo ou da sociedade a que pertencemos.
Todo fato que reuna essas três características (generalização, exterioridade e
coerção) é denominado social, segundo Durkheim, e pode ser estudado pela Sociologia.
Quanto ao casamento, poderíamos estudar e descobrir, por exemplo, quais fatores
influem na decisão das pessoas em se casarem e se divorciarem para depois se casarem
novamente.
O Suicídio = Fato Social
O que leva uma pessoa a se suicidar? Loucura?
Durkheim utilizou sua teoria para explicar, por exemplo, o suicídio. O que
aparentemente seria um ato individual, para ele, estava ligado com aquilo que ocorria na
sociedade.Esse pensador compreende a sociedade como um corpo organizado, um
organismo. Assim como a Biologia que compreende o corpo humano e todas suas partes
em pleno funcionamento, é de maneira semelhante que Durkheim entende a sociedade:
com suas partes em operação e cumprindo suas funções. E, caso a família, a igreja, o
Estado, a escola, o trabalho, os partidos políticos, etc., que são elementos da sociedade
com funções específicas, venham a falhar no cumprimento delas, surge no corpo da
sociedade aquilo que Durkheim chamou de anomia, ou seja, uma patologia (doença).
Assim, como no corpo humano, se algo não funcionar bem, em “ordem”, significa que
está doente.
Andar em ‘desconformidade’ com o que seria tido como ideal na sociedade pode
ser fator altamente propício ao suicídio no Japão. Não ser aprovado no vestibular ou se
endividar podem ser exemplos de ‘desconformidade’ nessa sociedade.
A propósito desse tema, Durkheim verificou que existem três categorias de
suicídios:
Suicídio Altruísta: ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do
que a ele mesmo, ou seja, os laços que o unem à sociedade são muito fortes. Lembre-se
do ocorrido em 11 de Setembro de 2001. Homens, em atos aparentemente “loucos”,
pilotavam aviões que se chocaram contra o World Trade Center em Nova York. Para
Durkheim, os agentes dessa aparente “loucura” poderiam ser classificados como
suicidas altruístas, pois se identificavam de tal forma com o grupo Al Qaeda, ao qual
pertenciam, que se dispuseram a morrer por ele. Da mesma maneira aconteceu com os
kamikases japoneses durante a 2º Guerra Mundial (1939-1945) e que, de certa forma,
continua acontecendo com os “homens-bomba” de hoje. Se você assistir ao filme “O
Patriota”, com Mel Gibson, poderá ver um exemplo de alguém que se dispôs a morrer
por uma causa que acreditava em relação ao seu país.
Suicídio Egoísta: se alguém se desvinculasse das instituições sociais (família,
igreja, escola, partido político, etc.) por conta própria, para viver de maneira livre, sem
regras, qual seria o limite para essa pessoa, uma vez que ninguém a controlaria? Pois é,
segundo Durkheim, a falta de redes de convívio ou limites para a ação poderia levar a
pessoa a desejar ilimitadas coisas. Mas caso tal pessoa não consiga realizar os seus
desejos, a frustração poderia levá-la a um suicídio.
Suicídio Anômico: este tipo pode acontecer quando as partes do corpo social
deixam de funcionar e as normas ou laços que poderiam “abraçar”(solidarizar) os
indivíduos perdem sua eficácia, deixando-os viver de forma desregrada ou em crise. Um
exemplo disso pode ser pensado quando, na nossa sociedade, uma família abandona o
filho, ou o idoso, ou o doente.
O mundo moderno para Durkheim
A humanidade, para esse autor, está em constante evolução, o que seria
caracterizado pelo aumento dos papéis sociais ou funções. Por exemplo, para Durkheim,
existem sociedades que organizam-se sob a forma de um tipo de solidariedade
denominada mecânica e outras sociedades organizam-se sob a forma de solidariedade
orgânica.
As sociedades organizadas sob a forma de solidariedade mecânica seriam
aquelas nas quais existiriam poucos papéis sociais. Segundo Durkheim, nessas
sociedades, os membros viveriam de maneira semelhante e, geralmente, ligados por
crenças e sentimentos comuns, o que ele chama de consciência coletiva. Neste tipo de
sociedade existiria pouco espaço para individualidades, pois qualquer tentativa de
atitude “individualista” seria percebida e corrigida pelos demais membros.
A organização de algumas aldeias indígenas poderiam servir de exemplo de
como se dá a solidariedade mecânica: grupos de pessoas vivendo e trabalhando
semelhantemente, ligados por suas crenças e valores. Nesses grupos, se alguém
começasse a agir por conta própria, seria fácil perceber quem estaria “tumultuando” o
modo de vida local.
Outro exemplo que pode caracterizar a solidariedade mecânica são os mutirões
para colheita em regiões agrárias ou para reconstruir casas devastadas por vendavais e,
ainda, são exemplos também as campanhas para coletar alimentos.
Diferentemente das sociedades organizadas em solidariedade mecânica, nas
sociedades de solidariedade orgânica – típicas do mundo moderno - existem muitos
papéis sociais. Pense na quantidade de tarefas que pode haver nas áreas urbanas, nas
cidades: são muitas as funções e atividades. Durkheim acreditava que mesmo com uma
grande divisão e variedade de atividades, todas elas deveriam cooperar entre si. Por isso,
deu o nome de orgânica (como se fosse um organismo).
Mas, nessas sociedades, diante da existência de inúmeros papéis sociais, diminui
o grau de controle da sociedade sobre cada pessoa. A individualidade, sob menor
controle, passa a ser uma porta para que a pessoa pretenda aumentar, ainda mais, o seu
raio de ação ou de posições dentro da sociedade.
Uma das maiores expressões da anomia no mundo moderno, segundo Durkheim,
seria: o egoísmo das pessoas. E a causa desta atitude seria a fragilidade das normas e
controles sobre a individualidade, normas e controles que nas sociedades de
solidariedade mecânica funcionam com maior eficácia.
Qual seria, então, a solução para o mundo moderno, segundo Durkheim?
Já que ele compara a sociedade com um corpo, deve haver algo nela que não
está cumprindo sua função e gerando a patologia (a anomia, a doença). O corpo precisa
de diagnóstico e remédio. Segundo ele, a Sociologia teria esse papel, ou seja, o de
encontrar as “partes” da sociedade que estão produzindo fatos sociais patológicos e
apontar para a solução do problema. Durkheim chegou a fazer, para as escolas
francesas, propostas de valores tais como ‘o respeito da razão, da ciência, das idéias e
sentimentos em que se baseia a moral democrática, visando contribuir à restauração da
ordem social naquela sociedade.
3º BIMESTRE
Max Weber
O pensamento deste sociólogo Alemão segue diretrizes diferentes das dos dois
autores que vimos anteriormente. Max Weber (1864-1920), ao contrário de Durkheim e
Comte, acreditou na possibilidade da interpretação da sociedade partindo não dos fatos
sociais já consolidados e suas características externas (leis, instituições, normas, regras,
etc), ele propôs começar pelo indivíduo que nela vive, ou melhor, pela verificação das
“intenções”, “motivações”, “valores” e “expectativas” que orientam as ações do
indivíduo na sociedade. Sua proposta é a de que os indivíduos podem conviver,
relacionar-se e até mesmo constituir juntos algumas instituições (como a família, a
igreja, a justiça), exatamente porque quando agem eles o fazem partilhando,
comungando uma pauta bem parecida de valores, motivações e expectativas quanto aos
objetivos e resultados de suas ações. E mais, seriam as ações recíprocas (repetidas e
“combinadas”) dos indivíduos que permitiriam a constituição daquelas formas duráveis
(Estado, Igreja, casamento, etc.) de organização social.
Weber desenvolve a teoria da Sociologia Compreensiva, ou seja, uma teoria que
vai entender a sociedade a partir da compreensão dos ‘motivos’ visados subjetivamente
pelas ações dos indivíduos.
Uma crítica de Weber aos positivistas, entre os quais se encontrariam Comte e
Durkheim, deve-se ao fato de que eles pretendiam fazer da Sociologia uma ciência
positiva, isto é , baseada nos mesmos métodos de investigação das ciências naturais.
Segundo Weber, as ciências naturais (biologia, física, por exemplo) conseguiriam
explicar aquilo que estudam (a natureza) em termos de descobrir e revelar relações
causais diretas e exclusivas, que permitiriam a formulação de leis de funcionamento de
seus eventos, como as leis químicas e físicas que explicam o fenômeno da chuva. Mas a
ciência social não poderia fazer exatamente o mesmo. Segundo Weber, não haveria
como garantir que uma ação ou fenômeno social ocorreria sempre de determinada
forma, como resposta direta a esta ou aquela causa exclusiva. No caso das Ciências
Humanas, isso ocorre porque o ser humano possui “subjetividade”, que aparece na sua
ação na forma de valores, motivações, intenções, interesses e expectativas.
Embora esses elementos que compõem a subjetividade humana sejam produtos
culturais, quer dizer, produtos comuns acolhidos e assumidos coletivamente pelos
membros da sociedade, ou do grupo, ainda assim se vê que os indivíduos vivenciam
esses valores, motivações e expectativas de modos particulares. Às vezes com aceitação
e reprodução dos valores e normas propostas pela cultura comum do grupo; outras
vezes, com questionamentos e reelaboração dessas indicações e até rejeição das
mesmas.
Decorre dessa característica (de certa autonomia, criatividade e inventividade do
ser humano diante das obrigações e constrangimentos da sociedade) a dificuldade de se
definir leis de funcionamento da ação social que sejam definitivas e precisas.
Por isso, o que a Sociologia poderia fazer, seria desenvolver procedimentos de
investigação que permitissem verificar que conjunto de “motivações”, valores e
expectativas compartilhadas, estaria orientando a ação dos indivíduos envolvidos no
fenômeno que se quer compreender. Tomando como exemplo eleições, seria possível
prever, com algum acerto, como as pessoas votarão numa eleição, pesquisando sua
“subjetividade”, ou seja, levantando qual é, naquela ocasião dada, o conjunto de valores,
motivações, intenções e expectativas compartilhadas pelo grupo de eleitores em foco, e
que servirão para orientar sua escolha eleitoral. Esses pressupostos estão por detrás das
conhecidadas “pesquisas de intenção de voto”, bastante freqüentes em vésperas de
eleições.
Segundo Weber, as pessoas podem atuar, em geral, mesclando quatro tipos
básicos de ação social. São eles:
A ação racional com relação a fins: o indivíduo age para obter um fim
objetivo previamente definido. E para tanto, seleciona e faz uso dos meios necessários e
mais adequados do ponto de vista da avaliação. O que se destaca, aqui, é o esforço em
adequar, racionalmente, os fins e os meios de atingir o objetivo. Na ação de um político,
por exemplo, podemos ver um foco: o de obter o cargo com o poder que deseja com fins
que dependem do político, de seu caráter.
O que Weber pensa sobre a política: ele nos fala no livro Ciência e Política –
Duas vocações (2002), que há dois tipos de políticos que por nós são eleitos:
a) Os políticos que exercem essa profissão por vocação, ou seja, os que têm o
poder como meta para trabalhar arduamente em prol da sociedade que os elegeu. estes
são os que vivem para a política.
b) E os que são políticos sem vocação, ou seja, que olham para a política como
se fosse um “emprego” apenas. São aqueles que, uma vez eleitos, geralmente se
esquecem dos compromissos sociais que assumiram, pouco fazem pelo social,
trabalham apenas para manter-se no poder a fim de continuar ganhando o salário. Weber
diz que estes são os que vivem da política.
A ação racional com relação a valores, ocorreria porque, muitas vezes, os fins
últimos de ação respondem a convicções, ao apego fiel a certos valores (honra, justiça,
honestidade...). Neste tipo, o sentido da ação está inscrito na própria conduta, nos
valores que a motivaram e não na busca de algum resultado previa e racionalmente
proposto. Por esse tipo de ação podemos pensar as religiões. Ninguém vai a uma igreja
ou pertence a determinada religião, de livre vontade, se não acredita nos valores que lá
são pregados. Certo?
Na ação afetiva a pessoa age pelo afeto que possui por alguém ou algo. Uma
serenata pode ser vista como uma ação afetiva para quem ama.
A ação social tradicional é um tipo de ação que nos leva a pensar na existência
de um costume. O ato de tomar chimarrão ou pedir a benção dos pais na hora de dormir
são ações que podem ser pensadas pela ação tradicional.
A idéia de Weber para se entender a sociedade é a seguinte: se quisermos
compreender a instituição igreja, por exemplo, vamos ter que olhar os indivíduos que a
compõem e suas ações. Provavelmente haverá um grupo significativo de pessoas que
agem do mesmo modo, quer dizer, partilhando valores, desejos e expectativas quanto à
religião, o que resultaria no que Weber chama de relação social.
A existência da relação social dos indivíduos, ou seja, uma combinação de
ações que se orientam para objetivos parecidos, é que faz compreender o ‘porquê’ da
existência do todo, como neste próprio exemplo da igreja. É assim que, as normas, as
leis e as instituições são formas de relações sociais duráveis e consolidadas.
Os tipos de ação, para Weber, sempre serão construções do pensamento, isto é,
suposições teóricas baseadas no conhecimento acumulado, que o sociólogo fará para se
aproximar ao máximo daquilo que seria a ação real do indivíduo nas circunstâncias ou
no grupo em que vive. Com esse instrumento, o sociólogo pode avaliar, na análise de
um fenômeno, o que se repete, com que intensidade, e o que é novo ou singular,
comparando-o com outros casos parecidos, já conhecidos e resumidos numa tipologia.
Por exemplo, se há alguém apaixonado que você conheça, qual seria o tipo ideal
de ação desta pessoa? A afetiva! Assim sendo, seria “fácil” prever quais seriam as
possíveis atitudes desta pessoa: mandar flores e presentes, querer que a hora passe logo
para estar com ela(e), sonhar acordado e coisas do tipo. E assim poderíamos entender,
em parte, como se forma a instituição família. Uma coisa liga a outra.
Outro exemplo. Pode ser que alguém perto de você nem pense em querer se
apaixonar para não atrapalhar os estudos. Sua meta é a universidade e uma ótima
profissão. Então, temos uma ação racional! Para esta pessoa nem adiantaria mandar
flores ou “torpedos”, a opção por não manter um relacionamento afetivo poderia ser
considerada uma ação racional com relação a um objetivo.
Quanto ao sistema capitalista e o mundo moderno:
O que pensa Weber?
Uma contribuição relevante de Weber, neste caso, é demonstrar que o
mecanismo do modo de produção capitalista, no ocidente europeu, principalmente,
contou com a existência, em alguns países, de um conjunto de valores de fundo
religioso que ajudou a criar entre certos indivíduos, predisposições morais e motivações
para se envolverem na produção e no comércio de tipo capitalista.
Na crença dos calvinistas, os homens já nasceriam predestinados à salvação ou
ao inferno, embora não pudessem saber, exatamente, seu destino particular. Assim
sendo, e para fugir da acusação de pecadores e desmerecedores do melhor destino,
dedicavam-se a glorificar Deus por meio do trabalho e da busca do sucesso na profissão.
Com o passar dos tempos, essa idéia de que a predestinação e o sucesso
profissional seriam indícios de salvação da alma foi perdendo força. Mas o interessante
é que a ética estimuladora do trabalho disciplinado e da busca do sucesso nos negócios
ganhou certa autonomia e continuou a existir independente da motivação religiosa.
Para Weber, ser capitalista é sinônimo de ser disciplinado no que se faz. Seria da
grande dedicação ao trabalho que resultaria o sucesso e o enriquecimento. Herança da
ética protestante, válida também para os trabalhadores.
Mas por que os católicos e as outras religiões orientais não tiveram parte nesta
construção capitalista analisada por Weber?
Porque a ética católica privilegiava o discurso da pobreza, do desapego,
reprovando a pura busca do lucro e da usura e não viam o sucesso no trabalho como
indícios de salvação e nem como forma de glorificar a Deus, como faziam os
calvinistas. Assim sendo, sem motivos divinos para dedicarem- se tanto ao trabalho, não
fizeram parte da lista weberiana dos primeiros capitalistas.
Quanto às religiões do mundo oriental, a explicação seria de que essas tinham
uma imagem de Deus como sendo parte do mundo secular, ao contrário da ética
protestante ocidental que o concebia como estando fora do mundo e puro. Assim sendo,
os orientais valorizavam o mundo, pois Deus estaria nele. O Budismo e o
Confucionismo são exemplos do que falamos. E daí a idéia e a prática de não se viver
apenas para o trabalho, mas sim de poder aproveitar tudo o que se ganha pelo trabalho
com as coisas desta vida.
Em relação ao mundo moderno (científico), Weber demonstrava um certo
pessimismo e não encontrava saída para os problemas culturais que nele surgiam, assim
como para a “prisão” na qual o homem se encontrava por causa do sistema capitalista.
Antes da sociedade moderna, a religião era o que motivava a vida das pessoas e
dava sentido para suas ações, inclusive ao trabalho. Mas com o pensamento científico
tomando espaço como referencial de mundo, certos apegos culturais – crenças, formas
de agir – vindos da religiosidade foram confrontados. O problema que Weber via era
que a ciência não poderia ocupar por completo o lugar que a religião tinha ao dar
sentido ao mundo. Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2ª edição,
Governo do Estado do Paraná, 2006.)
Karl Marx
A crítica da sociedade capitalista.
O alemão, filósofo e economista Karl Marx (1818–1883), foi o fundador do
materialismo histórico.Foi o primeiro a empregar o termo “classe social. Em suas obras,
Marx sugeria uma ampla mudança na área política, social e econômica. Para ele, o
capitalismo alienou o trabalhador dos meios de produção, pois este conhecia apenas
parte desse processo; e o alienou da política, propondo que ele fosse representado por
outros.Dessa forma um dos conceitos fundamentais na teoria marxista é a alienação.
Marx foi um dos responsáveis, se não o maior deles, em promover uma
discussão crítica da sociedade capitalista que se consolidava, bem como da origem dos
problemas sociais que este tipo de organização social originou.
Para Marx “a história de todas as sociedades tem sido a história da luta de
classes”.
- -Para este pensador o capital é uma relação social
"A história de toda a sociedade até hoje", escreve Marx no Manifesto do Partido
Comunista (excetuando a história da comunidade primitiva, acrescentaria Engels mais
tarde), "é a história de lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão
e servo, burguesia e trabalhadores, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em
constante antagonismo entre si, travaram uma luta ininterrupta, umas vezes oculta,
aberta outras, uma luta que acabou sempre com uma transformação revolucionária de
toda a sociedade ou com o declínio comum das classes em luta.
Mas como assim, lutas de classe? Quais são elas? Nas sociedades de tipo
capitalista a forma principal de conflito ocorre entre suas duas classes sociais
fundamentais: a burguesia versus o proletariado.
Você lembra do que comentamos no início desta apostila, como foi que surgiu a
chamada burguesia e por que ela ficou conhecida assim ?
Pois bem, segundo Marx, a burguesia foi tendo acesso, a partir da atividade
comercial à posse dos meios de produção, enriqueceu e também passou a fazer parte
daqueles que controlavam o aparelho estatal, o que acabou, por fim funcionando,
principalmente como uma espécie de “escritório burguês”. Com esse acesso ao poder do
aparelho estatal, a burguesia foi capaz de usar sua influência sobre ele para ir criando
leis que protegessem a propriedade privada (particular), condição indispensável para sua
sobrevivência, além de usar o Estado para facilitar a difusão de sua ideologia[3] de
classe, isto é, os seus valores de interpretação do mundo.
Enquanto isso, a classe assalariada (os proletários), sem os meios de produção e
em desvantagem na capacidade de influência política na sociedade, transforma-se em
parte fundamental no enriquecimento da burguesia, pois oferecia mão-de-obra para as
fábricas, (as novas unidades de produção do mundo moderno).
Marx se empenhava em produzir escritos que ajudassem a classe proletária a
organizar-se e assim sair de sua condição de alienação. Alienado, para Marx, seria o
homem que não tem controle sobre o seu próprio trabalho, em termos de tempo e em
termos daquilo que é produzido, ou seja, seria o indivíduo expropriado dos meios de
produção, coisa que o capitalismo faz em larga escala, pois o tempo do trabalhador e o
produto (a mercadoria) pertencem à burguesia, bem como a maior parte da riqueza
gerada por meio do trabalho.
O objetivo do sistema capitalista, como modo de produção, é justamente a
ampliação e a acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários dos meios de
produção. Mas de onde sai essa riqueza? Marx diria que é do trabalho do trabalhador.
Exemplo. Quantos sofás por mês um trabalhador pode fazer? Vamos imaginar
que sejam 15 sofás, os quais multiplicados a um preço de venda de R$ 300,00 daria o
total de R$ 4.500,00. E quanto ganha um trabalhador numa fábrica? Imagine que seja
uns R$ 1.000,00, para sermos mais ou menos generosos.
Bem, os R$ 4.500,00 da venda dos sofás, menos o valor do salário do
trabalhador, menos a matéria-prima e impostos (imaginemos R$ 1.000,00) resulta na
acumulação de R$ 2.500,00 para o dono da fábrica.
Esse lucro Marx chama de mais-valia, pois é um excedente que sai da força de
cada trabalhador. Veja, se os meios de produção pertencessem a ele, o seu salário seria
de R$ 3.500,00 e não apenas R$ 1.000,00.
Então podemos dizer que o trabalhador está sendo roubado? Não podemos dizer
isso, pois o que aqui exemplificamos é conseqüência da existência da propriedade
privada dos meios de produção, nas mãos de uma classe, a burguesia.
Devemos partir do entendimento de que as coisas materiais fazem a sociedade
acontecer. De outra maneira, seria dizer que tudo o que acontece na sociedade tem
ligação com a economia e que ela se transforma na mesma medida em que as formas de
produção também se transformam. Por exemplo, com a consolidação do sistema
capitalista, toda a sociedade teve que organizar-se de acordo com os novos moldes
econômicos.
Marx também via o homem como aquele que pode transformar a sociedade
fazendo sua história, mas enfatiza que nem sempre ele o faz como deseja, pois as
heranças da estrutura social influenciam-no. Assim sendo, não é unicamente o homem
quem faz a história da sociedade, pois a história da sociedade também constrói o
homem, numa relação recíproca.
As condições em que se encontram a sociedade vão dizer até que ponto o
homem pode construir a sua história.
Por essa lógica podemos pensar que a classe dominante, a burguesia, tem
maiores oportunidades de fazer sua história como deseja, pois tem o poder econômico e
político nas mãos, ao contrário da classe proletária que, por causa da estrutura social,
está desprovida de meios para tal transformação. Para modificar essa situação somente
por intermédio de uma revolução, pois assim a classe trabalhadora pode assumir o
controle dos meios de produção e tomar o poder político e econômico da burguesia.
Para Marx, a classe trabalhadora deveria organizar-se politicamente, isto é,
conscientizar-se de sua condição de explorada e dominada por meio do trabalho
(consciência de classe) e transformar a sociedade capitalista em socialista [4] por
intermédio da revolução.
Karl Marx foi influenciado pelas idéias de Hegel, denunciou as contradições
sociais e propôs formas de superá-las. Marx escreveu junto com Engels “ O manifesto
do partido comunista”, primeira obra referente ao marxismo ou socialismo científico.
-O socialismo científico era uma teoria política e social que previa a vitória dos
trabalhadores sobre a burguesia. Para Marx, a sociedade e as estruturas que surgiriam
dessa revolução seriam chamadas de comunismo, e o processo de transição do
capitalismo para o comunismo seria chamado de socialismo.
-O comunismo pode ser entendido como um sistema econômico, político e
social que tem por finalidade a criação de uma sociedade sem classes dominantes, ou
seja, tudo seria comum a todos, não haveria propriedade privada.(Sociologia / vários
autores. – Curitiba: SEED-PR, 2ª edição, Governo do Estado do Paraná, 2006.)
4º BIMESTRE
O que é Senso Comum?
“(…) falsas certezas e convicções equivocadas sem a base de um conhecimento
racional ou de uma adequada compreensão, sendo ditas pelas pessoas a todo instante
sobre as mais diversas coisas. A característica principal é a de que o senso comum
baseia-se no que está aparente, na aparência das coisas, como as coisas parecem ser.
(…)” (Giglio, 2000 pag.3)
O senso comum é caracterizado por opiniões subjetivas, individuais,
generalizantes, ou seja, julgam-se coisas, ou fatos específicos como se fossem coisas ou
fatos universais, sendo assim, consiste então em falsas certezas sem fundamentação
científica. Ao contrário do senso comum, a atitude científica sobre as interpretações do
comportamento humano e das relações sociais entre indivíduos é expressa nas ciências
sociais ( Sociologia, Filosofia,Psicologia, História etc.)
E, então, o que seria atitude científica em Sociologia especificamente? A atitude
de, a partir da constatação de um problema social, observar os fatos e a realidade dos
indivíduos e grupos, suas relações, formular uma hipótese de explicação e, ao final,
pronunciar leis ou tendências de que um fato ocorre por um motivo ou por outro.
Vamos citar aqui o exemplo de um problema social que atinge milhares de
pessoas: o desemprego. O desemprego é um problema social porque atinge vários
indivíduos. A partir desta constatação, podemos formular a hipótese de que a política
econômica de um governo promove o desemprego; em seguida passamos a observar a
realidade com dados estatísticos em mãos, pesquisas com desempregados, para ver os
motivos que os levaram ao desemprego, etc. ao término retomamos a hipótese e
podemos verificar que a política macroeconômica tende a provocar o desemprego em
massa em um país.
ATIVIDADE I
O senso comum se caracteriza por ser:
I. um conhecimento valorativo, em que cada coisa ou fato nos afeta de maneira
diferente.
II. um conhecimento generalizador, pois reúne um certo número de fenômenos
sob as mesmas leis.
III. um conhecimento subjetivo que expressa um saber da nossa sociedade ou do
nosso grupo social.
Dos itens acima, pode-se concluir:
A) somente I e III estão corretos.
B) somente II e III estão incorretos
C) somente I está incorreto.
D) todos estão incorretos.
E) todos estão corretos.
Metodologia da pesquisa
No campo das ciências sociais, assim como em todo processo científico a
observação é essencial para futuras elaborações de teorias ou conceitos , a observação é
o caminho natural para o conhecimento dentro do campo da Sociologia.
Para analisar profundamente qualquer problema social, o sociólogo inicia o seu
trabalho com a observação. Ao utilizar a observação, o profissional sociólogo deve
deixar de lado seus preconceitos, prenoções e juízos de valor, pois caso realize a
observação carregado destas informações sua pesquisa será inválida.
A observação é feita com o único objetivo de colher dados e fatos que tenham
relação com o assunto abordado em sua pesquisa. Inicialmente o cientista social reuni
dados “brutos” para sua pesquisa, e, posteriormente codifica esses dados e os organiza,
e após as informações são tabuladas.
A observação pode ser dividida em três tipos:
• Observação em massa – ocorre quando o investigador observa o comportamento de
grande número de pessoas, no que diz respeito à reunião de determinados fatos.
• Observação sistemática – ocorre quando o pesquisador observa por um determinado
tempo, sistematicamente, os fatos de seu interesse em um grupo específico, escolhido
para a realização da pesquisa, podendo ser direta ou indireta. A observação sistemática é
direta quando os fatos são observados pessoalmente, e indireta quando a observação
ocorre através de outras pessoas.
• Observação participante – consiste na incorporação do investigador dentro da
comunidade que está estudando, revelando ou não sua condição de pesquisador.Este
tipo de observação é bastante interessante, pois o pesquisador passa a participar do
modo de vida do grupo observado, integrando-se ao grupo.
Na observação participante, se o cientista vai investigar algum tipo de seita
religiosa, geralmente ele(a) converte-se a mesma, deste modo poderá participar de tudo
o que diz respeito a essa determinada seita, se tem como objeto de pesquisa o trabalho
de operários de indústrias, usinas etc. começa a trabalhar realizando a mesma função.
A observação participante tem sido motivo de discussões entre os cientistas
sociais, pois alguns são favoráveis a este tipo de pesquisa, acreditando que se deve sair
dos laboratórios de pesquisa, das salas de aula, dos gabinetes e ir a campo para se
realizar uma pesquisa realmente boa, enquanto outros acreditam que o fato de ir a
campo pode levar o investigador a se identificar com o objeto de estudo, uma vez que o
pesquisador se integra ao grupo estudado, comprometendo a veracidade da pesquisa.
Entretanto alguns estudiosos defendem a idéia de que na realidade, isso não
ocorre, pois essa identificação do cientista social com o objeto estudado não desacredita
sua investigação, não desacredita a objetividade do que está sendo pesquisado, uma vez
que sua objetividade não depende exclusivamente do método adotado e sim das teorias
utilizadas, bem como do quanto é treinado.
Quando o cientista social se integra à comunidade estudada, ele pretende
observar melhor e mais profundamente a realidade social, pois a observação por si só
torna-se periférica, mostrando apenas parcialmente a realidade do grupo estudado. Por
meio da integração com o grupo, pode-se ter uma melhor visão do que se está
estudando, tornando o conhecimento mais profundo e significativo.
Contudo nem sempre é possivel estar em contato direto com a realidade
pesquisada, mas quando há o empencilho o cientista social poderá se fazer valer de
leituras acerca do seu objeto de pesquisa, filmes, fotos, internet etc.
Terminada a pesquisa, o cientista social precisa elaborar seu relatório, e aí o
sociólogo deverá se desvincular da realidade pesquisada, preocupando-se apenas com a
objetividade e a exatidão. Se o trabalho for objetivo, a conclusão poderá ser
comprovada por outros sociólogos que, através dos mesmos métodos, chegarão ao
mesmo resultado, ou seja, seu trabalho deve ser verificável.
Fontes de pesquisa:
Depois de determinados o campo e o objeto de pesquisa, o sociólogo dá início
ao seu estudo, utilizando-se de várias fontes, como exposto a seguir:
Questionário – o uso do questionário tem o objetivo de obter dados específicos
sobre determinada população, através de perguntas organizadas de forma clara e
conexa. O questionário não deve ser longo nem conter ambiguidades e contradições.As
perguntas podem ser abertas ou fechadas, ou seja, é aberta quando o pesquisado pode
responder do jeito que quiser, sem alternativas a escolher preselecionadas, ou fechada
quando o pesquisado tem que escolher entre determinadas respostas sugeridas no
questionário pelo pesquisador.
Entrevista – O pesquisador escolhe determinadas pessoas para, por meio de
uma conversa, obter informações necessárias à sua pesquisa. A entrevista pode ser de
forma dirigida ou não dirigida. A entrevista é drigida quando existe um roteiro a ser
seguido, e quando o entrevistado pode falar livremente, então trata-se de uma entrevista
não dirigida
Documento – De acordo com a norma 6.023 da ABNT[5], documento é
qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade, sem
modificações, que possa servir para consulta, estudo ou prova em uma pesquisa.As
fontes documentais incluem impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros,
imagens etc.
Análise documental é aquela que é realizada a partir de documentos,
contemporâneos ou antigos, desde que sejam considerados autênticos.Tais documentos
podem ser de fontes primárias ou secundárias.
Fontes documentais primárias são o conjunto de textos e documentos registrados
em museus, arquivos públicos, bibliotecas, órgãos públicos, censos, acervo particular,
entre outros.Exemplos: correspondência, diários, registros públicos, documentos,
anúncios, textos literários, depoimentos escritos, periódicos etc.Para a historiografia,
fonte primária é qualquer documento cuja elaboração se deu na mesma época sobre a
qual se está pesquisando.
As fontes secundárias são fontes interpretativas baseadas ou oriundas das fontes
originais ou primárias, ou seja, são compostas de elementos derivados das obras
originais. Geralmente referem-se a trabalhos que tem o objetivo de analisar e interpretar
as fontes originais.A historiografia, por exemplo, considera fontes secundárias os
documentos não contemporâneos ao período dos fatos que narra.
Formulário – Nesse tipo de fonte, o investigador faz as perguntas e anota as
respostas dadas; posteriormente, pode tornar os dados mais abrangentes, com
comentários complementares.
Cartografia – O investigador utiliza-se de mapas, desenhos, gráficos e outros
documentos para assim tornar expressivas informações complexas.
Amostragem – A amostragem é o processo no qual seleciona-se parte de um
grupo para realizar uma pesquisa demonstrativa daquele grupo social ou de toda a
sociedade. A amostragem pode ser: Amostragem proporcional – quando a mesma
proporção de entrevistados de cada categoria é mantida, de acordo com a sua proporção
na população completa. Neste tipo de amostragem, sabe-se o total da população, e sua
proporcionalidade é mantida por sexo, idade, estado civil etc. Amostragem aleatória –
quando as pessoas que farão parte da investigação são sorteadas ao acaso, podendo
qualquer um ser sorteado.Amostragem por conglomerado – se for feita de acordo com
a região geográfica e conforme a densidade populacional.
Levantamento histórico – No levantamento histórico, o sociólogo utiliza-se de
variados tipos de documentos para compreender as sociedades em seus momentos
históricos, em um determinado acontecimento, e o processo de transformação que levou
a sociedade até ele. Os documentos podem ser, entre outros: vestimentas, arte,
arquitetura, testemunhos,correspodências etc.
História de vida – Esse é um método de pesquisa bastante utilizado pela
sociologia.Nesse caso, os dados são obtidos através da história pessoal do indivíduo, por
meio de documentos pessoais, agendas e diários, além de cartas, e sobretudo, dos relatos
biográficos ou autobiográficos coletados oralmente com a própria família, com
familiares, amigos, parentes, vizinhos, ou por meio de textos escritos de próprio punho,
digitados, transcritos etc.
Análise de dados
A analise de dados pode ser:
Quantitativa – é aquela que se utiliza de dados numéricos para investigar algo
em uma determinada sociedade. Nesse tipo de análise, o investigador pretende chegar a
um determinado grau de precisão; porém, muitas vezes, isso não ocorre, pois nem tudo
que é objeto de estudo em sociologia pode ser analisado dessa forma numérica.
Análise qualitativa – o investigador não se preocupa com estatísticas e
números, seu objetivo, neste caso, é compreender determinados fatos em toda sua
complexidade e amplitude. Na análise qualitativa, o sociólogo procura obter uma grande
quantidade de informações para, assim, analisar mais seguramente os fatos, objetivando
um resultado mais confiável e preciso.
As duas análises são importantes a uma investigação.No entanto, um resultado
melhor e/ou mais seguro dependerá unicamente do bom desempenho do investigador e
das condições que o mesmo dispõe.
Atividade I
(ENADE) Leia o texto:
“Um objeto de pesquisa só pode ser definido e construído em função de uma
problemática teórica que permita submeter a uma interrogação sistemática os aspectos
da realidade colocados em relação entre si pela questão que lhes é formulada. O
Cientista Social que recusa a construção controlada e consciente de seu
distanciamento ao real e de sua ação sobre o real pode não só impor aos sujeitos
determinadas questões que não fazem parte da experiência deles e deixar de formular
as questões suscitadas por tal experiência, mas ainda formular-lhes, com toda a
ingenuidade, as questões que ele próprio se formula a respeito deles, por uma confusão
positivista entre as questões que se colocam objetivamente aos sujeitos e as questões
que eles forumulam de forma consciente. Sem dúvida, pode-se e deve-se coletar os mais
irreais discursos, mas com a condição de ver neles, não a explicação do
comportamento,mas um aspecto do comportamento a ser explicado”. (Pierre Bourdieu;
Jean-Claude Chamboredon; Jean-Claude Passeron.Ofício do Sociólogo: metodologia da
pesquisa na sociologia.Petrópolis: Vozes, 2004.)
Considerando os argumentos apresentados no texto com relação a construção do
objeto de pesquisa nas ciências sociais, assinale a opção incorreta.
A-) Os discursos e problemas sociais já se encontram previamente elaborados para os
sujeitos sociais; cabe ao cientista social, durante a realização de uma pesquisa empírica,
interpretar os dados e informações orientando-se pela problemática teórica pertinente.
B-)Objetos de pesquisa, problemas teóricos, hipóteses e metodologias de investigação
são partes constitutivas dos projetos de pesquisa nas ciências sociais e visam criar uma
situação de distanciamento epistemológico diante da realidade a ser investigada.
C-)Todos estão sujeitos ao exercício de uma observação espontânea da realidade, ao
passo que a observação do cientista social se diferenciará das demais pela sensibilização
de seu olhar pelas teorias sociais disponíveis.
D-)Métodos e técnicas de pesquisa como observação participante, pesquisas de opinião,
questionários e entrevistas, aplicados aleatoriamente e sem orientação de uma
problemática teórica, contribuem pouco para a construção de uma perspectiva
sociológica acerca de um dado objeto de pesquisa.
E-)A metodologia das ciências sociais busca uma reprodução do senso comum na
transformação dos problemas sociais como problemas de pesquisa.
A alternativa correta é a E porque as metodologias utilizadas pela Sociologia não se
interessam pelo senso comum e sim pela pesquisa científica para obtenção de
informações mais seguras.
Referências bibliográficas
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.
_______________. Crises da República. São Paulo: Perspectiva, 2004.
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CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
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CUNHA, Manuela Carneiro da. “Etnicidade” IN: Antropologia do Brasil. SP:
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da UFMG, 2003.
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MORTARI, Claudia. Antropologia cultural e multiculturalismo / Claudia Mortari[et.
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conhecimento humano para jovens do ensino técnico profissionalizante.1ª Ed.
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WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva.
Brasília : Editora da Universidade de Brasília, 1999, Vol II.
___________. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
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WEBER, Max. Os Três Tipos Puros de Dominação Legítima. In COHN, Gabriel (org).
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WEBIBLIOGRAFIA:
Wikipédia enciclopédia livre / Brasil
< http://pt.wikipedia.org/wiki> . Acesso em 5 de janeiro de 2011.
Cola da web - < www.coladaweb.com/>. Acesso em 5 de janeiro de 2011.
Info escola - <www.infoescola.com>. Acesso em 5 de janeiro de 2011.
<http://www.suapesquisa.com>. Acesso em 5 de janeiro de 2011
<http://www.culturabrasil.pro.br>. Acesso em 5 de janeiro de 2011
[1] Os sofistas foram os primeiros filósofos do período socrático. Esses se opunham à filosofia pré-socrática dizendo
que estes ensinavam coisas contraditórias e repletas de erros que não apresentavam utilidade nas polis (cidades).
Dessa forma, substituíram a natureza que antes era o principal objeto de reflexão pela arte da persuasão.
Os sofistas ensinavam técnicas que auxiliavam as pessoas a defenderem o seu pensamento particular e suas próprias
opiniões contrárias sobre o mesmo para que dessa forma conseguisse seu espaço. Por desprezarem algumas
discussões feitas pelos filósofos, eram chamados de céticos até mesmo por Sócrates que se rebelou contra eles
dizendo que desrespeitavam a verdade e o amor pela sabedoria. Outros filósofos ainda acreditavam que os sofistas
criavam no meio filosófico o relativismo e o subjetivismo.
Dentre os sofistas, pode-se destacar: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico, Crítias, Antifonte e Trasímaco,
sendo que destes, Protágoras, Górgias e Isócrates foram os mais importantes. Estes, assim como os outros sofistas,
prezavam pelo desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de expressão. Uma conseqüência importante
que se fez pelos sofistas foi a abertura da filosofia para todas as pessoas das polis que antes era somente uma seita
intelectual fechada formada apenas por nobres.Protágoras difundiu a frase: “O homem é a medida de todas as coisas,
das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”. Por meio dela e de outras, foi acusado
de ateísta tendo seus livros queimados em praça pública, o que o fez fugir de Atenas e refugiar-se em Sicília. Fonte:
http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/sofistas.htm
[2]Atribui-se a ele, também a criação do lema –saber é poder.Segundo Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa
experimental, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o homem.O método indutivo de investigação,
baseado na observação rigorosa dos fenômenos naturais e do cumprimento das seguintes etapas: Observação da
natureza para a coleta de informações; Organização racional dos dados recolhidos empiricamente;
Formulação de explicações gerais [hipóteses] destinadas à compreensão do fenômeno estudado; Comprovação da
hipótese formulada mediante experimentações repetidas em novas circunstancias. A grande contribuição de Francis
Bacon para a historia da ciência moderna foi apresentar conhecimento cientifico como resultado de um método de
investigação capaz de conciliar a observação dos fenômenos , a elaboração racional das hipóteses e a experimentação
controlada para comprovar as conclusões obtidas. Fonte:
http://breviariodasideias.blogspot.com/2008/11/francis-bacon-o-mtodo-
experimental.html
[3] Ideologia: Segundo Marx e Engels, o termo se encaixa na tradução de “falsa consciência”, ou seja, um conjunto
de idéias falsas que justificavam o domínio burguês e camuflava a existência da dominação desta classe sobre a
classe trabalhadora.
[4] Socialismo: Pressupõe uma sociedade na qual os meios de produção pertençam a todos os seus membros. Para
tal, o sistema capitalista deveria ser superado, deixando de existir a propriedade privada e passando a existir a
“propriedade coletiva”.
[5] ABNT é a sigla da Associação Brasileira de normas Técnicas

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Aulas de sociologia ensino médio para 1 anos

  • 1. AULAS DE SOCIOLOGIA ENSINO MÉDIO - 1º ANO • O surgimento da Sociologia • Conhecimento Científico e Conhecimento do Senso Comum; • O objeto da sociologia; • A relação indivíduo-sociedade; • A sociologia no Brasil 1º BIMESTRE Por que somos como somos? Por que agimos como agimos? Principais dúvidas que norteiam o pensamento sociológico, principais premissas. A sociologia é o estudo da vida social humana, dos grupos e das sociedades, e, seu objeto de estudo é nosso próprio comportamento como seres sociais. Para compreendermos de que trata a sociologia temos que nos distanciar de nós mesmos, temos que nos considerar seres humanos entre os outros. Na verdade a sociologia trata dos problemas da sociedade e a sociedade é formada por nós e pelos outros. Aquele que estuda e pensa a sociedade, o sociólogo, é ele próprio um dos seus membros. Justamente, a sociologia nos mostra a necessidade de assumir uma visão sobre por que somos como somos e por que agimos como agimos, ela nos ensina que aquilo que encaramos como natural, inevitável, bom ou verdadeiro, pode não ser exatamente assim, afinal nem tudo é o que parece ser, e que os “dados” de nossa vida são fortemente influenciados por forças históricas e sociais. Aprender a pensar sociologicamente , significa, antes de tudo, cultivar a imaginação, um sociólogo é alguém que é capaz de se libertar da imediatidade das circunstâncias pessoais e apresentar as coisas num contexto mais amplo. A imaginação sociológica (Mills, 1970), exige de nós que pensemos fora das rotinas familiares de nossas vidas cotidianas , a fim de que as observemos de modo renovado.( Giddens, A. Sociologia, Porto Alegre: Artmed, 2005). Como seriam suas respostas se alguém lhe fizesse as seguintes perguntas: — Por que o Brasil é visto como um país em desenvolvimento, para não dizer atrasado, em relação aos países mais ricos, mesmo sendo uma das maiores economias do mundo? — Por que o homem moderno cada vez mais se faz prisioneiro do trabalho? — Apesar de tanta riqueza produzida pelo trabalho no sistema capitalista, por que se tem, em boa parte dos países, a maioria dos trabalhadores em situação de pobreza? Talvez você consiga dar boas respostas às perguntas acima, apontando, inclusive, as origens dos problemas questionados, porém, outros, não tendo argumentos para dar boas respostas, diriam: “eu acho que...”. com certeza você já ouviu a frase: “Quem acha, pode não saber muita coisa” Todos podemos ir além do que já sabemos, ou “achamos” saber sobre nossa sociedade. E o papel da Sociologia como disciplina é justamente nos ajudar nesse
  • 2. sentido: a percebermos, por exemplo, que fatos considerados naturais na sociedade, como a miséria de muitos, o enriquecimento de poucos, os crimes, os suicídios, enfim, a dinâmica e a organização social podem não ser tão naturais assim. Os questionamentos apresentados acima, poderão ser elucidados pelas teorias, pelas perspectivas (visões) teóricas sociológicas, que nos ajudarão a ver nossa sociedade de maneira muito mais crítica e com base científica.( Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. 2ª edição, Governo do Estado do Paraná). Desenvolvendo uma perspectiva sociológica Considere o ato de tomar uma xícara de café, o que poderíamos dizer, a partir de um ponto de vista sociológico sobre esse exemplo de comportamento aparentemente comum, simples, desinteressante? Muitas coisas… poderíamos ressaltar que o café não é apenas uma bebida, ele possuí valor simbólico como parte de nossas atividades sociais diárias, para muitos a xícara de café matinal ocupa o centro de uma rotina pessoal, ela é um primeiro passo essencial para começar o dia. Durante o dia muitos tomam café acompanhados de uma ou mais pessoas como parte de um ritual social, duas pessoas que combinam se encontrar para tomar um café, estão provavelmente mais interessadas em ficarem juntas, a manter uma conversa, do que na bebida propriamente.Comer e beber em todas as sociedades, fornece ocasiões para a interação social e para a encenação de rituais. Outro ponto: o café é uma droga, por conter cafeína, substância altamente estimulante, que consumida em doses excessivas pode fazer mal, muitas pessoas bebem café pelo estímulo extra que esta bebida propicia. O café causa dependência, mas os viciados em café não são vistos como usuários de drogas; assim como o álcool o café é uma droga socialmente aceita, inclusive, mas recentemente comprovou-se que pode contribuir para elevar os níveis de concentração, melhorar a memória e diminuir os níveis de colestorol, contudo mesmo assim, não devemos aconselhar o consumo excessivo desta bebida. Mais uma questão: um indivíduo que bebe café é apanhado em uma complicada trama de relacionamentos sociais e econômicos que se estendem pelo mundo.O café é uma bebida consumida desde os mais pobres até os mais ricos em diversas partes do mundo, é consumido em grandes quantidades nos países ricos, contudo cultivado nos países mais pobres, apesar da oscilação no mercado devido a inúmeros fatores, o café ainda é, ao lado do petróleo e de outros produtos, uma das mercadorias mais valiosas no comércio internacional. A produção, o transporte e a distribuição de café requerem transações contínuas entre pessoas a milhares de quilômetros de distância de seu consumidor. Estudar essas transações globais é uma importante tarefa da Sociologia. Outra: O café é um produto que permanece no centro dos debates contemporâneos sobre globalização, comércio internacional, direitos humanos e degradação/destruição ambiental, o café tornou-se uma marca e politizou-se: o consumidor pode escolher qual tipo de café beber e onde adquiri-lo, tornou-se estilo de vida.Os indivíduos podem escolher entre beber somente café orgânico, café naturalmente descafeinado, ou café comercializado “honestamente” (através de esquemas que pagam integralmente o preço de mercado a pequenos produtores de café em países em desenvolvimento), podem optar por ser clientes de cafeterias independentes ao invés de “cadeias corporativas” de café como a Starbucks, os consumidores de café podem boicotar o café vindo de certos países que violam os direitos humanos e acordos ambientais.Os sociólogos buscam compreender como a globalização aumenta a consciência das pessoas acerca de fatos que vem ocorrendo em
  • 3. diversas partes do mundo, estimulando-as, construindo conhecimentos sobre assuntos até então desconhecidos, e a construir uma perspectiva crítica acerca de assuntos que influenciam suas vidas direta ou indiretamente. Quando alguém começar uma resposta com as palavras “eu acho que...”, esta resposta pode não ser satisfatória, ou corresponder as nossas expectativas acerca do assunto tratado. O que não significa, porém, que ela deva ser rejeitada, ela precisa ser apurada, refinada. Por exemplo, se alguém nos perguntasse por que em um mesmo país, observamos realidades sociais tão distintas, poderíamos responder com base em dados, na história, na geografia etc., enfim poderíamos oferecer uma resposta certeira, ou apenas responder “eu acho que...” baseados no chamado senso comum. Existem muitas outras coisas que acontecem na sociedade e que nos atingem diretamente. E para todas essas coisas seria muito bom que tivéssemos curiosidade para saber se aquilo que é mostrado é realmente como é. E a Sociologia? A sociologia contribui para que possamos entender um pouco mais o lugar onde vivemos… O senso comum não deve ser rejeitado, entretanto, você pode ir além desse conhecimento comum, neste caso, sobre a sociedade. Todos nós somos sociólogos, de uma forma ou de outra, pois estamos constantemente refletindo acerca de nossas experiências, analisando os nossos comportamentos e o comportamento dos outros.Avançar um pouco mais em relação a um conhecimento elaborado e investigativo vai nos trazer um entendimento mais claro sobre como funciona a sociedade, dentre outras coisas. Além do fato de que você terá maior autonomia para CONCORDAR OU DISCORDAR sobre as questões que você vive na sociedade e não será influenciado pelo bombardeio de informações parciais oferecidas pela mídia.Essa é a independência que queremos: A DE REFLEXÃO. O que é ser alienado? Veja: se não tivermos nossa independência de pensamento e ação, ou seja, se não conseguimos refletir sobre aquilo que vemos e ouvimos, ou se concordamos com tudo o que acontece, com tudo o que nos é transmitido então podemos estar vivendo de forma alienada, e, conformista. Segundo a filósofa brasileira Marilena Chauí, a alienação acontece quando o homem não se vê como sujeito (criador) da história e, nela, capaz de produzir obras. Para o homem alienado, e segundo esta mesma visão, a história e as obras produzidas nela são fatos estranhos e externos a ele. E, sendo estranhos, tal homem não os pode controlar, ficando numa posição de dominado. Já o conhecimento pode nos fazer transformadores da história, e não apenas espectadores dela. A Sociologia não é redentora ou solucionadora dos males sociais, ou dos problemas intelectuais das pessoas. Ela surge como uma ciência que vai fornecer novas visões sobre a sociedade. Sua contribuição está no fato de nos dar referenciais para refletirmos sobre as sociedades. Surgimento da Sociologia: A “Gênesis Sociológica” Apesar da ciência sociológica ser considerada nova, pois se consolidou por volta do século XIX, a nesessidade de se entender as sociedades, a busca por explicações
  • 4. remonta de tempos antigos, tanto que na Grécia Antiga já havia o desejo de se entender a sociedade. No século V a.C, havia uma corrente filosófica, chamada sofista[1], que começava a dar mais atenção para os problemas sociais e políticos da época. Porém, não foram os gregos os criadores da Sociologia. Mas foram os gregos que iniciaram o pensamento crítico filosófico. Eles criaram a Filosofia que foi um impulso para o surgimento daquilo que chamamos, hoje, de ciência, a qual se consolidaria a partir dos séculos XVI e XVII, sendo uma forma de interpretação dos acontecimentos da sociedade mais distanciada das explicações míticas. Foram com os filósofos gregos Platão (427-347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C), que surgiram os primeiros passos dos trabalhos mais reflexivos sobre a sociedade. Platão foi defensor de uma concepção idealista e acreditava que o aspecto material do mundo seria um tipo de fruto imperfeito das idéias universais, as quais existem por si mesmas. Aristóteles já mencionava que o homem era um ser que, necessariamente, nasce para estar vivendo em conjunto, isto é, em sociedade. No seu livro chamado Política, no qual consta um estudo dos diferentes sistemas de governo existentes, percebe-se o seu interesse em entender a sociedade. Idade Média. Séculos mais tarde, no período chamado de Idade Média (que vai do século V ao XV, mas exatamente entre os anos 476 a 1453), houve, segundo os renascentistas, um período de “trevas” quanto à maneira de se ver o mundo, por isso a Idade Média é conhecida também por “idade das trevas”. Segundo eles, havia um predomínio da fé, onde os campos mítico e religioso, tendiam a oferecer as explicações mais viáveis/aceitáveis para os fatos do mundo. Na Europa Medieval, esse predomínio religioso foi da Igreja Católica. Tal predomínio da fé, de certo modo, e segundo os humanistas renascentistas, asfixiava as tentativas de explicações mais especulativas e racionais (científicas) sobre a sociedade. Não cumprir uma regra ou lei estabelecida pela sociedade, poderia ser entendido como um pecado, heresia, tamanha era a mistura entre a vida cotidiana e a esfera sobrenatural. Se olharmos a Idade Média somente pela ótica dos renascentistas podemos entendê-la como uma época improdutiva, em termos de evolução do conhecimento, contudo, ela também foi um período muito rico para a história da humanidade, importante, inclusive, para a formação da nossa casa, o mundo ocidental. Tudo caminhava para o uso da razão O predomínio, na organização das relações sociais, dos princípios religiosos durou até pelos menos o século XV. Mas já no século XIV começava a acontecer uma renovação cultural. Era o início do período conhecido por Renascimento. Os renascentistas, com base naquilo que os gregos começaram, isto é, a questionar o mundo de maneira reflexiva, rejeitavam tudo aquilo que seria parte da cultura medieval, presa aos moldes da igreja, no caso, a Católica. O renascimento espalhou-se por muitas partes da Europa e influenciava a arte, a ciência, a literatura e a filosofia, defendendo, sempre, o espírito crítico.Nesse tempo, começaram a aparecer homens que, de forma mais realista, começavam a investigar a sociedade. A exemplo disso temos Nicolau Maquiavel (1469-1527) que, em sua obra intitulada de O Príncipe, faz uma espécie de manual de guerra para Lorenzo de Médici. Ali comenta como o governante pode manipular os meios para a finalidade de conquistar e manter o poder em suas mãos, “ O príncipe” pode ser considerada a primeira obra de ciência política, por isso Maquiavel é considerado o pai da Ciência
  • 5. política. Obras como esta davam um novo olhar para sociedade, olhar pelo qual, através da razão os homens poderiam dominar a sociedade, longe de influências divinas. Era a doutrina do antropocentrismo ganhando força. O homem passava a ser visto como o centro de tudo, inclusive do poder de inventar e transformar o mundo pelas suas ações. Além de Maquiavel, outros autores renascentistas, como Francis Bacon [2](1561-1626), filósofo e criador do método científico conhecido por experimental, ajudavam a dar impulso aos tempos de domínio da ciência que se iniciavam. Precisamos ter conhecimento da história para podermos perceber que nem sempre as pessoas puderam contar com a ciência para entender o mundo, sobretudo o social, que é o queremos compreender. Dessa maneira, muitas pessoas no passado, ficaram ‘presas’ principalmente, àquelas explicações a respeito da realidade que eram baseadas na tradição, em mitos antigos ou em explicações religiosas. O Iluminismo Já no século XVIII, houve um momento na Europa, chamado de Iluminismo, que começou na Inglaterra e na França, mas que posteriormente espalhou-se por todo o continente, a idéia de valorizar a ciência e a racionalidade no entendimento da vida social tornou-se ainda mais forte. Uma característica das idéias do Iluminismo era o combate ao Estado absoluto, ou absolutismo, que começou a surgir na Europa ainda no final da Idade Média, no século XV, em que o rei concentrava todo o poder em suas mãos e governava sendo considerado um representante divino na terra, uma voz de Deus, a qual até a igreja se sujeitava. Com a ciência ganhando força, era inviável o fato de voltar a pensar a vida e a organização social por vias que não levassem em conta as considerações da ciência em debate com as de fundo religioso. Como por exemplo, imaginar os governantes como sendo representantes sobrenaturais. Nesse período, a continuada consolidação da reflexão sistemática sobre a sociedade foi ajudada por autores como Voltaire (1694-1778), filósofo que defendia a razão e combatia o fanatismo religioso; Jean- Jacques Rousseau (1712-1778), que estudou sobre as causas das desigualdades sociais e defendia a democracia; Montesquieu (1689-1755), que criticava o absolutismo, e defendia a criação de poderes separados (executivo, legislativo e judiciário), os quais dariam maior equilíbrio ao Estado, uma vez que não haveria centralidade de poder na mão do governante. A partir das teorias sobre a sociedade que no período Iluminista surgiram, é que começa a ser impulsionada, ou preparada, a idéia da existência de uma ciência que pudesse ajudar a interpretar os movimentos da própria sociedade. Consolidação do Capitalismo e a Revolução Industrial. Estamos mudando de assunto, em parte, porém não estamos deixando de falar do surgimento da Sociologia. Há outros elementos que a motivaram surgir. As transformações na sociedade européia não estavam ocorrendo somente no campo das idéias, como era o caso da consolidação da ciência como ferramenta de interpretação do mundo. Há também a desagregação da sociedade feudal, a consolidação do sistema capitalista, culminando com a Revolução Industrial, que ocorreu em meados do século XVIII, na Inglaterra, gerando grandes alterações no estilo de vida das pessoas, sobretudo nas das que viviam no campo e do campo ou por meio de atividades artesanais. Estes temas despertavam o interesse de críticos da época.
  • 6. Dessa maneira, quando a Sociologia iniciou os seus trabalhos, ela o fez com base em pensadores que viram os problemas sociais ocasionados a partir da crise gerada pelos fatos acima mencionados. Recorrendo à História: Podemos dizer que o início do sistema capitalista se deu na chamada Baixa Idade Média, entre os séculos IX e XV, na Europa Ocidental. A partir do século XI, com as “cruzadas” realizadas pela Igreja Católica, para conquistar Jerusalém que estava dominada pelos muçulmanos, um canal de circulação de riquezas na Europa foi aberto. O contato cultural e o comércio do ocidente com o oriente europeu foram retomados via Mar Mediterrâneo. Com a movimentação de pessoas e riquezas houve, na Europa Ocidental, o surgimento de núcleos urbanos, conhecidos por burgos. Destes, surgiram as cidades, pois existiam poucas naquele tempo. As chamadas corporações de ofício, que eram uma espécie de associação comercial da época que organizava as atividades artesanais para ter acordo entre os preços de venda e qualidade do produto, por exemplo, começaram a aparecer a fim de regular o trabalho dos artesões que vinham para as cidades exercer sua profissão, a idéia do lucro se fortalecia. Mais tarde, os europeus começaram a explorar o comércio em termos mundiais, principalmente depois dos séculos XV e XVI e das chamadas Grandes Navegações. Por exemplo, com o descobrimento da América, muita riqueza daqui era levada à Europa para a criação de mercadorias que seriam vendidas nesse mercado mundial que estava surgindo. A idéia de uma produção em série de mercadorias começava a surgir. As antigas corporações de ofício foram transformadas pelos comerciantes da época em manufatura. O trabalho manufatureiro acontecia com vários artesãos, em locais separados e dirigidos por um comerciante que dava a eles a matéria-prima e as ferramentas. No final do trabalho encomendado, os artesões recebiam um pagamento acertado com o comerciante. Os comerciantes (futuros empresários capitalistas) pensaram que seria melhor reunir todos esses artesãos num só lugar, pois assim poderiam ver o que eles estavam produzindo. Além de cuidar da qualidade do produto, o controle sobre a matéria-prima e o ritmo da produção poderia ser maior. Foi então que surgiu a idéia da fábrica, um lugar com uma produção mais organizada, com a acentuação da divisão de funções (hierarquização), onde o artesão ia deixando de participar do processo inteiro de produção da mercadoria e onde passava a operar apenas parte da produção. Desse ponto para a implantação das máquinas movidas a vapor, restava somente o tempo da invenção das mesmas. Quando o inventor escocês James Watt (1736-1819) conseguiu patentear a máquina a vapor, em abril de 1784, ela veio dar grande impulso à industrialização que se instalava, aumentando a produção, diminuindo os gastos com mão-de-obra e aumentando o acúmulo de capital. O sistema feudal da Europa Ocidental, estava sendo superado. Ele não conseguiria suprir as necessidades dos novos mercados que se abriam. O sistema capitalista, com base na propriedade privada dos meios de produção e no lucro, isto é, na acumulação de capital, estava sendo consolidado. A partir da Revolução Industrial (século XVIII), as cidades da Europa Ocidental começavam a se transformar em grandes centros urbanos comerciais e, posteriormente, industriais. Muitas delas “intumescidas” e repletas de desempregados. O estilo de vida das pessoas estava se transformando – para alguns de forma violenta e radical – como era o caso de muitos camponeses que eram expulsos pelos senhores das terras onde trabalhanvam que estavam seguindo a política de “cercamentos” de terra, para criar ovelhas e fornecer lã às fábricas de tecidos.
  • 7. Já no caso dos artesãos, esses “perdiam” sua qualificação profissional e o controle sobre o que produziam, ou seja, de profissionais, passavam a “não ter profissão”, pois a indústria era quem ditava que tipo de profissional precisava ser. Não importava se fossem grandes artesãos, só precisariam aprender a operar a máquina da fábrica, como não tinham capital para ter uma produção autônoma e competir com a fábrica, submetiam-se ao trabalho assalariado. Novas e grandes invenções estavam sendo realizadas no campo tecnológico, como as próprias máquinas a vapor das indústrias. O comércio mundial estava aumentando cada vez mais. E em meio a isto, duas classes distintas emergiam: a composta pelos empresários e banqueiros, chamada de classe burguesa, e a classe assalariada, ou proletária. A classe burguesa é aquela que ao longo do tempo veio acumulando capital com o comércio e reteve os meios de produção em suas mãos, isto é, as ferramentas, os equipamentos fabris, o espaço da fábrica, etc. ou seja, eram os donos dos meios de produção,e também detinham o poder político. Já a classe proletária, sem capital e expropriada dos meios de produção por meio de sua expulsão dos feudos e das terras comuns, tornava-se fornecedora de mão-de obra aos donos das fábricas. O quadro social na Europa Ocidental do período passava, então, por transformações profundas, provocadas pela consolidação do sistema capitalista, pela valorização da ciência contrapondo as explicações míticas a respeito do mundo, pela abertura de mercados mundiais e pelas divergências ocasionadas pelas péssimas condições de vida dos operários, confrontadas com o enriquecimento da classe burguesa. É em meio a todas essas mudanças que a Sociologia começa a ser pensada como sendo uma ciência para dar respostas mais elaboradas sobre os novos problemas sociais. A Sociologia e suas teorias, se constituem como ferramentas de reflexão sobre a sociedade industrial e científica que surgia. Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2ª edição, Governo do Estado do Paraná, 2006.) 2º BIMESTRE AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS NA COMPREENSÃO DO PRESENTE Auguste Comte (1798-1857), foi quem criou o termo “sociologia” a partir da organização do seu curso de Filosofia Positiva. O que desejava Comte com esse curso? -Ele pretendia fazer uma síntese da produção científica, ou seja, verificar aquilo que havia sido acumulado em termos de conhecimento, bem como os métodos das ciências já existentes, como os da matemática, da física e da biologia. Ele queria saber se os métodos utilizados nessas ciências, os quais já haviam alcançado um “status” de positivo, poderiam ser utilizados na física social, denominada, por ele de Sociologia. Este pensador era de uma linha positivista, o que quer dizer que acreditava na superioridade da ciência e no seu poder de explicação dos fenômenos de maneira desprendida da religiosidade, como era comum se pensar naquela época. Como positivista ele acreditava que a ciência deveria ser utilizada para organizar a ordem social. Na visão do conhecido “Pai” da Sociologia, naquela época, a sociedade estava em desordem, orientada pelo caos. Devemos considerar que Comte vislumbrava o mundo moderno que surgia, isto é, previa a consolidação de um mundo cada vez mais
  • 8. influenciado pela ciência e pelo estabelecimento da indústria, e a crise gerada por uma certa anarquia moral e política quando da transição do sistema feudal para o sistema capitalista. Era essa positividade (instaurar a disciplina e a ordem) que ele queria para a Sociologia. Assim sendo quando Comte pensava a Sociologia, colocava toda sua crença de que poderia estudar e entender os problemas sociais que surgiam e reestabelecer a ordem social e o progresso da civilização moderna. Ele queria que a Sociologia estudasse de forma aprofundada os movimentos das sociedades no passado para se entender o presente e, inclusive, para imaginar o futuro da sociedade. Olhando o passado para compreender o presente, “Saber para prever e prever para poder”. Comte via a consolidação do sistema capitalista como sendo algo necessário ao desenvolvimento das sociedades. Esse novo sistema, bem como o abandono da teologia para explicação do mundo seriam parte do progresso das civilizações. Já, os problemas sociais ou desordens que surgiam eram considerados obstáculos que deveriam ser resolvidos para que o curso do progresso pudesse continuar. Portanto, a Sociologia se colocaria, na visão deste autor, como uma ciência para solucionar a crise das sociedades daquela época. Entretanto, Comte não chegou a viabilizar a sua aplicação. Seu trabalho apenas iniciou uma discussão que deveria ser continuada, a fim de que a Sociologia viesse a alcançar um estágio de maturidade e aplicabilidade. Émile Durkheim Continuando o trabalho iniciado por Comte, de fazer da Sociologia uma ciência, numa visão positiva, surge o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917). Coube a ele dar à Sociologia uma reputação científica, torna-la uma disciplina acadêmica com rigor científico foi o seu principal trabalho.É a partir desse pensador que a Sociologia ganha um formato mais “técnico”, sabendo o que e como ela iria buscar na sociedade. Com métodos próprios, a Sociologia deixou de ser apenas uma idéia e ganhou “status” de ciência. Durkheim presenciou algumas das mais importantes criações da sociedade moderna, como a invenção da eletricidade, do cinema, dos carros de passeio, entre outros. No seu tempo, havia um certo otimismo causado por essas invenções, mas Durkheim também percebia empencilhos nessa sociedade moderna: eram os problemas de ordem social.E uma das primeiras coisas que ele fez foi propor regras de observação e de procedimentos de investigação que fizessem com que a Sociologia fosse capaz de estudar os acontecimentos sociais de maneira semelhante ao que faz a Biologia quando olha para uma célula, por exemplo, vendo a sociedade como um organismo. Falando em Biologia nota-se que o seu objeto de estudo é a vida em toda a sua diversidade de manifestações. As pesquisas dos fenômenos da natureza feitas pela Biologia são resultantes de várias observações e experimentações, manipuláveis ou não. Para a Sociologia, manipular os acontecimentos sociais, ou repeti- los, é muito difícil, para não dizer impossível. Por exemplo, como poderíamos reproduzir uma festa ou um movimento de greve “em laboratório” e sempre de igual modo? Seria impossível. Os fatos sociais Mas Durkheim acreditava que os acontecimentos sociais – como os crimes, os suícidios, a família, a escola, as leis – poderiam ser observados como coisas (objetos), pois assim, seria mais fácil de estudá-los.
  • 9. Então ele propôs algumas das regras que identificam que tipo de fenômeno poderia ser estudado pela Sociologia. A esses fenômenos que poderiam ser estudados por uma ciência da sociedade ele denominou de fatos sociais. E as características dos fatos sociais são: Coletivo ou geral ( generalidade) – significa que o fenômeno é comum a todos os membros de um grupo; Exterior ao indivíduo (exterioridade) – ele acontece independente da vontade individual; Coercitivo (coercitividade) – os indivíduos são “obrigados” a seguir o comportamento estabelecido pelo grupo. Para entender: exemplo de um fato social: o casamento As pessoas pensam, em um dia, se casar. Salvo algumas exceções, pois não pensamos todos da mesma forma, certo? Mas se fizermos uma pesquisa, veremos que a grande maioria das pessoas deseja se unir a alguém. Então podemos dizer que o casamento é um fato coletivo ou geral, pois existe pela vontade da maioria de um grupo ou de uma sociedade. Mas ainda que alguém não queira se casar, a grande maioria das pessoas vai continuar querendo, não é mesmo? - Isso significa que o fato social “casamento” é exterior ao indivíduo. O que quer dizer que ele se constitui não como resultado das intenções particulares dos indivíduos, mas como resposta às necessidades ou influências do grupo, da comunidade ou da sociedade.Não é verdade que os mais velhos ficam nos “incentivando” a casar? “Não vá ficar pra titia, heim!”, “Onde já se viu! Todo mundo, um dia, tem que se casar!”. Com certeza você já ouviu alguém dizendo isso. Pois é. Esses dizeres nos levam a crer que o casamento também é coercitivo, pois nos vemos “obrigados” a fazer as mesmas coisas que fazem os demais membros do grupo ou da sociedade a que pertencemos. Todo fato que reuna essas três características (generalização, exterioridade e coerção) é denominado social, segundo Durkheim, e pode ser estudado pela Sociologia. Quanto ao casamento, poderíamos estudar e descobrir, por exemplo, quais fatores influem na decisão das pessoas em se casarem e se divorciarem para depois se casarem novamente. O Suicídio = Fato Social O que leva uma pessoa a se suicidar? Loucura? Durkheim utilizou sua teoria para explicar, por exemplo, o suicídio. O que aparentemente seria um ato individual, para ele, estava ligado com aquilo que ocorria na sociedade.Esse pensador compreende a sociedade como um corpo organizado, um organismo. Assim como a Biologia que compreende o corpo humano e todas suas partes em pleno funcionamento, é de maneira semelhante que Durkheim entende a sociedade: com suas partes em operação e cumprindo suas funções. E, caso a família, a igreja, o Estado, a escola, o trabalho, os partidos políticos, etc., que são elementos da sociedade com funções específicas, venham a falhar no cumprimento delas, surge no corpo da sociedade aquilo que Durkheim chamou de anomia, ou seja, uma patologia (doença). Assim, como no corpo humano, se algo não funcionar bem, em “ordem”, significa que está doente. Andar em ‘desconformidade’ com o que seria tido como ideal na sociedade pode ser fator altamente propício ao suicídio no Japão. Não ser aprovado no vestibular ou se endividar podem ser exemplos de ‘desconformidade’ nessa sociedade. A propósito desse tema, Durkheim verificou que existem três categorias de suicídios: Suicídio Altruísta: ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do que a ele mesmo, ou seja, os laços que o unem à sociedade são muito fortes. Lembre-se
  • 10. do ocorrido em 11 de Setembro de 2001. Homens, em atos aparentemente “loucos”, pilotavam aviões que se chocaram contra o World Trade Center em Nova York. Para Durkheim, os agentes dessa aparente “loucura” poderiam ser classificados como suicidas altruístas, pois se identificavam de tal forma com o grupo Al Qaeda, ao qual pertenciam, que se dispuseram a morrer por ele. Da mesma maneira aconteceu com os kamikases japoneses durante a 2º Guerra Mundial (1939-1945) e que, de certa forma, continua acontecendo com os “homens-bomba” de hoje. Se você assistir ao filme “O Patriota”, com Mel Gibson, poderá ver um exemplo de alguém que se dispôs a morrer por uma causa que acreditava em relação ao seu país. Suicídio Egoísta: se alguém se desvinculasse das instituições sociais (família, igreja, escola, partido político, etc.) por conta própria, para viver de maneira livre, sem regras, qual seria o limite para essa pessoa, uma vez que ninguém a controlaria? Pois é, segundo Durkheim, a falta de redes de convívio ou limites para a ação poderia levar a pessoa a desejar ilimitadas coisas. Mas caso tal pessoa não consiga realizar os seus desejos, a frustração poderia levá-la a um suicídio. Suicídio Anômico: este tipo pode acontecer quando as partes do corpo social deixam de funcionar e as normas ou laços que poderiam “abraçar”(solidarizar) os indivíduos perdem sua eficácia, deixando-os viver de forma desregrada ou em crise. Um exemplo disso pode ser pensado quando, na nossa sociedade, uma família abandona o filho, ou o idoso, ou o doente. O mundo moderno para Durkheim A humanidade, para esse autor, está em constante evolução, o que seria caracterizado pelo aumento dos papéis sociais ou funções. Por exemplo, para Durkheim, existem sociedades que organizam-se sob a forma de um tipo de solidariedade denominada mecânica e outras sociedades organizam-se sob a forma de solidariedade orgânica. As sociedades organizadas sob a forma de solidariedade mecânica seriam aquelas nas quais existiriam poucos papéis sociais. Segundo Durkheim, nessas sociedades, os membros viveriam de maneira semelhante e, geralmente, ligados por crenças e sentimentos comuns, o que ele chama de consciência coletiva. Neste tipo de sociedade existiria pouco espaço para individualidades, pois qualquer tentativa de atitude “individualista” seria percebida e corrigida pelos demais membros. A organização de algumas aldeias indígenas poderiam servir de exemplo de como se dá a solidariedade mecânica: grupos de pessoas vivendo e trabalhando semelhantemente, ligados por suas crenças e valores. Nesses grupos, se alguém começasse a agir por conta própria, seria fácil perceber quem estaria “tumultuando” o modo de vida local. Outro exemplo que pode caracterizar a solidariedade mecânica são os mutirões para colheita em regiões agrárias ou para reconstruir casas devastadas por vendavais e, ainda, são exemplos também as campanhas para coletar alimentos. Diferentemente das sociedades organizadas em solidariedade mecânica, nas sociedades de solidariedade orgânica – típicas do mundo moderno - existem muitos papéis sociais. Pense na quantidade de tarefas que pode haver nas áreas urbanas, nas cidades: são muitas as funções e atividades. Durkheim acreditava que mesmo com uma grande divisão e variedade de atividades, todas elas deveriam cooperar entre si. Por isso, deu o nome de orgânica (como se fosse um organismo). Mas, nessas sociedades, diante da existência de inúmeros papéis sociais, diminui o grau de controle da sociedade sobre cada pessoa. A individualidade, sob menor
  • 11. controle, passa a ser uma porta para que a pessoa pretenda aumentar, ainda mais, o seu raio de ação ou de posições dentro da sociedade. Uma das maiores expressões da anomia no mundo moderno, segundo Durkheim, seria: o egoísmo das pessoas. E a causa desta atitude seria a fragilidade das normas e controles sobre a individualidade, normas e controles que nas sociedades de solidariedade mecânica funcionam com maior eficácia. Qual seria, então, a solução para o mundo moderno, segundo Durkheim? Já que ele compara a sociedade com um corpo, deve haver algo nela que não está cumprindo sua função e gerando a patologia (a anomia, a doença). O corpo precisa de diagnóstico e remédio. Segundo ele, a Sociologia teria esse papel, ou seja, o de encontrar as “partes” da sociedade que estão produzindo fatos sociais patológicos e apontar para a solução do problema. Durkheim chegou a fazer, para as escolas francesas, propostas de valores tais como ‘o respeito da razão, da ciência, das idéias e sentimentos em que se baseia a moral democrática, visando contribuir à restauração da ordem social naquela sociedade. 3º BIMESTRE Max Weber O pensamento deste sociólogo Alemão segue diretrizes diferentes das dos dois autores que vimos anteriormente. Max Weber (1864-1920), ao contrário de Durkheim e Comte, acreditou na possibilidade da interpretação da sociedade partindo não dos fatos sociais já consolidados e suas características externas (leis, instituições, normas, regras, etc), ele propôs começar pelo indivíduo que nela vive, ou melhor, pela verificação das “intenções”, “motivações”, “valores” e “expectativas” que orientam as ações do indivíduo na sociedade. Sua proposta é a de que os indivíduos podem conviver, relacionar-se e até mesmo constituir juntos algumas instituições (como a família, a igreja, a justiça), exatamente porque quando agem eles o fazem partilhando, comungando uma pauta bem parecida de valores, motivações e expectativas quanto aos objetivos e resultados de suas ações. E mais, seriam as ações recíprocas (repetidas e “combinadas”) dos indivíduos que permitiriam a constituição daquelas formas duráveis (Estado, Igreja, casamento, etc.) de organização social. Weber desenvolve a teoria da Sociologia Compreensiva, ou seja, uma teoria que vai entender a sociedade a partir da compreensão dos ‘motivos’ visados subjetivamente pelas ações dos indivíduos. Uma crítica de Weber aos positivistas, entre os quais se encontrariam Comte e Durkheim, deve-se ao fato de que eles pretendiam fazer da Sociologia uma ciência positiva, isto é , baseada nos mesmos métodos de investigação das ciências naturais. Segundo Weber, as ciências naturais (biologia, física, por exemplo) conseguiriam explicar aquilo que estudam (a natureza) em termos de descobrir e revelar relações causais diretas e exclusivas, que permitiriam a formulação de leis de funcionamento de seus eventos, como as leis químicas e físicas que explicam o fenômeno da chuva. Mas a ciência social não poderia fazer exatamente o mesmo. Segundo Weber, não haveria como garantir que uma ação ou fenômeno social ocorreria sempre de determinada forma, como resposta direta a esta ou aquela causa exclusiva. No caso das Ciências Humanas, isso ocorre porque o ser humano possui “subjetividade”, que aparece na sua ação na forma de valores, motivações, intenções, interesses e expectativas. Embora esses elementos que compõem a subjetividade humana sejam produtos culturais, quer dizer, produtos comuns acolhidos e assumidos coletivamente pelos
  • 12. membros da sociedade, ou do grupo, ainda assim se vê que os indivíduos vivenciam esses valores, motivações e expectativas de modos particulares. Às vezes com aceitação e reprodução dos valores e normas propostas pela cultura comum do grupo; outras vezes, com questionamentos e reelaboração dessas indicações e até rejeição das mesmas. Decorre dessa característica (de certa autonomia, criatividade e inventividade do ser humano diante das obrigações e constrangimentos da sociedade) a dificuldade de se definir leis de funcionamento da ação social que sejam definitivas e precisas. Por isso, o que a Sociologia poderia fazer, seria desenvolver procedimentos de investigação que permitissem verificar que conjunto de “motivações”, valores e expectativas compartilhadas, estaria orientando a ação dos indivíduos envolvidos no fenômeno que se quer compreender. Tomando como exemplo eleições, seria possível prever, com algum acerto, como as pessoas votarão numa eleição, pesquisando sua “subjetividade”, ou seja, levantando qual é, naquela ocasião dada, o conjunto de valores, motivações, intenções e expectativas compartilhadas pelo grupo de eleitores em foco, e que servirão para orientar sua escolha eleitoral. Esses pressupostos estão por detrás das conhecidadas “pesquisas de intenção de voto”, bastante freqüentes em vésperas de eleições. Segundo Weber, as pessoas podem atuar, em geral, mesclando quatro tipos básicos de ação social. São eles: A ação racional com relação a fins: o indivíduo age para obter um fim objetivo previamente definido. E para tanto, seleciona e faz uso dos meios necessários e mais adequados do ponto de vista da avaliação. O que se destaca, aqui, é o esforço em adequar, racionalmente, os fins e os meios de atingir o objetivo. Na ação de um político, por exemplo, podemos ver um foco: o de obter o cargo com o poder que deseja com fins que dependem do político, de seu caráter. O que Weber pensa sobre a política: ele nos fala no livro Ciência e Política – Duas vocações (2002), que há dois tipos de políticos que por nós são eleitos: a) Os políticos que exercem essa profissão por vocação, ou seja, os que têm o poder como meta para trabalhar arduamente em prol da sociedade que os elegeu. estes são os que vivem para a política. b) E os que são políticos sem vocação, ou seja, que olham para a política como se fosse um “emprego” apenas. São aqueles que, uma vez eleitos, geralmente se esquecem dos compromissos sociais que assumiram, pouco fazem pelo social, trabalham apenas para manter-se no poder a fim de continuar ganhando o salário. Weber diz que estes são os que vivem da política. A ação racional com relação a valores, ocorreria porque, muitas vezes, os fins últimos de ação respondem a convicções, ao apego fiel a certos valores (honra, justiça, honestidade...). Neste tipo, o sentido da ação está inscrito na própria conduta, nos valores que a motivaram e não na busca de algum resultado previa e racionalmente proposto. Por esse tipo de ação podemos pensar as religiões. Ninguém vai a uma igreja ou pertence a determinada religião, de livre vontade, se não acredita nos valores que lá são pregados. Certo? Na ação afetiva a pessoa age pelo afeto que possui por alguém ou algo. Uma serenata pode ser vista como uma ação afetiva para quem ama. A ação social tradicional é um tipo de ação que nos leva a pensar na existência de um costume. O ato de tomar chimarrão ou pedir a benção dos pais na hora de dormir são ações que podem ser pensadas pela ação tradicional. A idéia de Weber para se entender a sociedade é a seguinte: se quisermos compreender a instituição igreja, por exemplo, vamos ter que olhar os indivíduos que a
  • 13. compõem e suas ações. Provavelmente haverá um grupo significativo de pessoas que agem do mesmo modo, quer dizer, partilhando valores, desejos e expectativas quanto à religião, o que resultaria no que Weber chama de relação social. A existência da relação social dos indivíduos, ou seja, uma combinação de ações que se orientam para objetivos parecidos, é que faz compreender o ‘porquê’ da existência do todo, como neste próprio exemplo da igreja. É assim que, as normas, as leis e as instituições são formas de relações sociais duráveis e consolidadas. Os tipos de ação, para Weber, sempre serão construções do pensamento, isto é, suposições teóricas baseadas no conhecimento acumulado, que o sociólogo fará para se aproximar ao máximo daquilo que seria a ação real do indivíduo nas circunstâncias ou no grupo em que vive. Com esse instrumento, o sociólogo pode avaliar, na análise de um fenômeno, o que se repete, com que intensidade, e o que é novo ou singular, comparando-o com outros casos parecidos, já conhecidos e resumidos numa tipologia. Por exemplo, se há alguém apaixonado que você conheça, qual seria o tipo ideal de ação desta pessoa? A afetiva! Assim sendo, seria “fácil” prever quais seriam as possíveis atitudes desta pessoa: mandar flores e presentes, querer que a hora passe logo para estar com ela(e), sonhar acordado e coisas do tipo. E assim poderíamos entender, em parte, como se forma a instituição família. Uma coisa liga a outra. Outro exemplo. Pode ser que alguém perto de você nem pense em querer se apaixonar para não atrapalhar os estudos. Sua meta é a universidade e uma ótima profissão. Então, temos uma ação racional! Para esta pessoa nem adiantaria mandar flores ou “torpedos”, a opção por não manter um relacionamento afetivo poderia ser considerada uma ação racional com relação a um objetivo. Quanto ao sistema capitalista e o mundo moderno: O que pensa Weber? Uma contribuição relevante de Weber, neste caso, é demonstrar que o mecanismo do modo de produção capitalista, no ocidente europeu, principalmente, contou com a existência, em alguns países, de um conjunto de valores de fundo religioso que ajudou a criar entre certos indivíduos, predisposições morais e motivações para se envolverem na produção e no comércio de tipo capitalista. Na crença dos calvinistas, os homens já nasceriam predestinados à salvação ou ao inferno, embora não pudessem saber, exatamente, seu destino particular. Assim sendo, e para fugir da acusação de pecadores e desmerecedores do melhor destino, dedicavam-se a glorificar Deus por meio do trabalho e da busca do sucesso na profissão. Com o passar dos tempos, essa idéia de que a predestinação e o sucesso profissional seriam indícios de salvação da alma foi perdendo força. Mas o interessante é que a ética estimuladora do trabalho disciplinado e da busca do sucesso nos negócios ganhou certa autonomia e continuou a existir independente da motivação religiosa. Para Weber, ser capitalista é sinônimo de ser disciplinado no que se faz. Seria da grande dedicação ao trabalho que resultaria o sucesso e o enriquecimento. Herança da ética protestante, válida também para os trabalhadores. Mas por que os católicos e as outras religiões orientais não tiveram parte nesta construção capitalista analisada por Weber? Porque a ética católica privilegiava o discurso da pobreza, do desapego, reprovando a pura busca do lucro e da usura e não viam o sucesso no trabalho como indícios de salvação e nem como forma de glorificar a Deus, como faziam os calvinistas. Assim sendo, sem motivos divinos para dedicarem- se tanto ao trabalho, não fizeram parte da lista weberiana dos primeiros capitalistas. Quanto às religiões do mundo oriental, a explicação seria de que essas tinham uma imagem de Deus como sendo parte do mundo secular, ao contrário da ética
  • 14. protestante ocidental que o concebia como estando fora do mundo e puro. Assim sendo, os orientais valorizavam o mundo, pois Deus estaria nele. O Budismo e o Confucionismo são exemplos do que falamos. E daí a idéia e a prática de não se viver apenas para o trabalho, mas sim de poder aproveitar tudo o que se ganha pelo trabalho com as coisas desta vida. Em relação ao mundo moderno (científico), Weber demonstrava um certo pessimismo e não encontrava saída para os problemas culturais que nele surgiam, assim como para a “prisão” na qual o homem se encontrava por causa do sistema capitalista. Antes da sociedade moderna, a religião era o que motivava a vida das pessoas e dava sentido para suas ações, inclusive ao trabalho. Mas com o pensamento científico tomando espaço como referencial de mundo, certos apegos culturais – crenças, formas de agir – vindos da religiosidade foram confrontados. O problema que Weber via era que a ciência não poderia ocupar por completo o lugar que a religião tinha ao dar sentido ao mundo. Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2ª edição, Governo do Estado do Paraná, 2006.) Karl Marx A crítica da sociedade capitalista. O alemão, filósofo e economista Karl Marx (1818–1883), foi o fundador do materialismo histórico.Foi o primeiro a empregar o termo “classe social. Em suas obras, Marx sugeria uma ampla mudança na área política, social e econômica. Para ele, o capitalismo alienou o trabalhador dos meios de produção, pois este conhecia apenas parte desse processo; e o alienou da política, propondo que ele fosse representado por outros.Dessa forma um dos conceitos fundamentais na teoria marxista é a alienação. Marx foi um dos responsáveis, se não o maior deles, em promover uma discussão crítica da sociedade capitalista que se consolidava, bem como da origem dos problemas sociais que este tipo de organização social originou. Para Marx “a história de todas as sociedades tem sido a história da luta de classes”. - -Para este pensador o capital é uma relação social "A história de toda a sociedade até hoje", escreve Marx no Manifesto do Partido Comunista (excetuando a história da comunidade primitiva, acrescentaria Engels mais tarde), "é a história de lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burguesia e trabalhadores, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante antagonismo entre si, travaram uma luta ininterrupta, umas vezes oculta, aberta outras, uma luta que acabou sempre com uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou com o declínio comum das classes em luta. Mas como assim, lutas de classe? Quais são elas? Nas sociedades de tipo capitalista a forma principal de conflito ocorre entre suas duas classes sociais fundamentais: a burguesia versus o proletariado. Você lembra do que comentamos no início desta apostila, como foi que surgiu a chamada burguesia e por que ela ficou conhecida assim ? Pois bem, segundo Marx, a burguesia foi tendo acesso, a partir da atividade comercial à posse dos meios de produção, enriqueceu e também passou a fazer parte daqueles que controlavam o aparelho estatal, o que acabou, por fim funcionando, principalmente como uma espécie de “escritório burguês”. Com esse acesso ao poder do aparelho estatal, a burguesia foi capaz de usar sua influência sobre ele para ir criando leis que protegessem a propriedade privada (particular), condição indispensável para sua sobrevivência, além de usar o Estado para facilitar a difusão de sua ideologia[3] de classe, isto é, os seus valores de interpretação do mundo.
  • 15. Enquanto isso, a classe assalariada (os proletários), sem os meios de produção e em desvantagem na capacidade de influência política na sociedade, transforma-se em parte fundamental no enriquecimento da burguesia, pois oferecia mão-de-obra para as fábricas, (as novas unidades de produção do mundo moderno). Marx se empenhava em produzir escritos que ajudassem a classe proletária a organizar-se e assim sair de sua condição de alienação. Alienado, para Marx, seria o homem que não tem controle sobre o seu próprio trabalho, em termos de tempo e em termos daquilo que é produzido, ou seja, seria o indivíduo expropriado dos meios de produção, coisa que o capitalismo faz em larga escala, pois o tempo do trabalhador e o produto (a mercadoria) pertencem à burguesia, bem como a maior parte da riqueza gerada por meio do trabalho. O objetivo do sistema capitalista, como modo de produção, é justamente a ampliação e a acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários dos meios de produção. Mas de onde sai essa riqueza? Marx diria que é do trabalho do trabalhador. Exemplo. Quantos sofás por mês um trabalhador pode fazer? Vamos imaginar que sejam 15 sofás, os quais multiplicados a um preço de venda de R$ 300,00 daria o total de R$ 4.500,00. E quanto ganha um trabalhador numa fábrica? Imagine que seja uns R$ 1.000,00, para sermos mais ou menos generosos. Bem, os R$ 4.500,00 da venda dos sofás, menos o valor do salário do trabalhador, menos a matéria-prima e impostos (imaginemos R$ 1.000,00) resulta na acumulação de R$ 2.500,00 para o dono da fábrica. Esse lucro Marx chama de mais-valia, pois é um excedente que sai da força de cada trabalhador. Veja, se os meios de produção pertencessem a ele, o seu salário seria de R$ 3.500,00 e não apenas R$ 1.000,00. Então podemos dizer que o trabalhador está sendo roubado? Não podemos dizer isso, pois o que aqui exemplificamos é conseqüência da existência da propriedade privada dos meios de produção, nas mãos de uma classe, a burguesia. Devemos partir do entendimento de que as coisas materiais fazem a sociedade acontecer. De outra maneira, seria dizer que tudo o que acontece na sociedade tem ligação com a economia e que ela se transforma na mesma medida em que as formas de produção também se transformam. Por exemplo, com a consolidação do sistema capitalista, toda a sociedade teve que organizar-se de acordo com os novos moldes econômicos. Marx também via o homem como aquele que pode transformar a sociedade fazendo sua história, mas enfatiza que nem sempre ele o faz como deseja, pois as heranças da estrutura social influenciam-no. Assim sendo, não é unicamente o homem quem faz a história da sociedade, pois a história da sociedade também constrói o homem, numa relação recíproca. As condições em que se encontram a sociedade vão dizer até que ponto o homem pode construir a sua história. Por essa lógica podemos pensar que a classe dominante, a burguesia, tem maiores oportunidades de fazer sua história como deseja, pois tem o poder econômico e político nas mãos, ao contrário da classe proletária que, por causa da estrutura social, está desprovida de meios para tal transformação. Para modificar essa situação somente por intermédio de uma revolução, pois assim a classe trabalhadora pode assumir o controle dos meios de produção e tomar o poder político e econômico da burguesia. Para Marx, a classe trabalhadora deveria organizar-se politicamente, isto é, conscientizar-se de sua condição de explorada e dominada por meio do trabalho (consciência de classe) e transformar a sociedade capitalista em socialista [4] por intermédio da revolução.
  • 16. Karl Marx foi influenciado pelas idéias de Hegel, denunciou as contradições sociais e propôs formas de superá-las. Marx escreveu junto com Engels “ O manifesto do partido comunista”, primeira obra referente ao marxismo ou socialismo científico. -O socialismo científico era uma teoria política e social que previa a vitória dos trabalhadores sobre a burguesia. Para Marx, a sociedade e as estruturas que surgiriam dessa revolução seriam chamadas de comunismo, e o processo de transição do capitalismo para o comunismo seria chamado de socialismo. -O comunismo pode ser entendido como um sistema econômico, político e social que tem por finalidade a criação de uma sociedade sem classes dominantes, ou seja, tudo seria comum a todos, não haveria propriedade privada.(Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2ª edição, Governo do Estado do Paraná, 2006.) 4º BIMESTRE O que é Senso Comum? “(…) falsas certezas e convicções equivocadas sem a base de um conhecimento racional ou de uma adequada compreensão, sendo ditas pelas pessoas a todo instante sobre as mais diversas coisas. A característica principal é a de que o senso comum baseia-se no que está aparente, na aparência das coisas, como as coisas parecem ser. (…)” (Giglio, 2000 pag.3) O senso comum é caracterizado por opiniões subjetivas, individuais, generalizantes, ou seja, julgam-se coisas, ou fatos específicos como se fossem coisas ou fatos universais, sendo assim, consiste então em falsas certezas sem fundamentação científica. Ao contrário do senso comum, a atitude científica sobre as interpretações do comportamento humano e das relações sociais entre indivíduos é expressa nas ciências sociais ( Sociologia, Filosofia,Psicologia, História etc.) E, então, o que seria atitude científica em Sociologia especificamente? A atitude de, a partir da constatação de um problema social, observar os fatos e a realidade dos indivíduos e grupos, suas relações, formular uma hipótese de explicação e, ao final, pronunciar leis ou tendências de que um fato ocorre por um motivo ou por outro. Vamos citar aqui o exemplo de um problema social que atinge milhares de pessoas: o desemprego. O desemprego é um problema social porque atinge vários indivíduos. A partir desta constatação, podemos formular a hipótese de que a política econômica de um governo promove o desemprego; em seguida passamos a observar a realidade com dados estatísticos em mãos, pesquisas com desempregados, para ver os motivos que os levaram ao desemprego, etc. ao término retomamos a hipótese e podemos verificar que a política macroeconômica tende a provocar o desemprego em massa em um país. ATIVIDADE I O senso comum se caracteriza por ser: I. um conhecimento valorativo, em que cada coisa ou fato nos afeta de maneira diferente. II. um conhecimento generalizador, pois reúne um certo número de fenômenos sob as mesmas leis. III. um conhecimento subjetivo que expressa um saber da nossa sociedade ou do nosso grupo social. Dos itens acima, pode-se concluir: A) somente I e III estão corretos. B) somente II e III estão incorretos
  • 17. C) somente I está incorreto. D) todos estão incorretos. E) todos estão corretos. Metodologia da pesquisa No campo das ciências sociais, assim como em todo processo científico a observação é essencial para futuras elaborações de teorias ou conceitos , a observação é o caminho natural para o conhecimento dentro do campo da Sociologia. Para analisar profundamente qualquer problema social, o sociólogo inicia o seu trabalho com a observação. Ao utilizar a observação, o profissional sociólogo deve deixar de lado seus preconceitos, prenoções e juízos de valor, pois caso realize a observação carregado destas informações sua pesquisa será inválida. A observação é feita com o único objetivo de colher dados e fatos que tenham relação com o assunto abordado em sua pesquisa. Inicialmente o cientista social reuni dados “brutos” para sua pesquisa, e, posteriormente codifica esses dados e os organiza, e após as informações são tabuladas. A observação pode ser dividida em três tipos: • Observação em massa – ocorre quando o investigador observa o comportamento de grande número de pessoas, no que diz respeito à reunião de determinados fatos. • Observação sistemática – ocorre quando o pesquisador observa por um determinado tempo, sistematicamente, os fatos de seu interesse em um grupo específico, escolhido para a realização da pesquisa, podendo ser direta ou indireta. A observação sistemática é direta quando os fatos são observados pessoalmente, e indireta quando a observação ocorre através de outras pessoas. • Observação participante – consiste na incorporação do investigador dentro da comunidade que está estudando, revelando ou não sua condição de pesquisador.Este tipo de observação é bastante interessante, pois o pesquisador passa a participar do modo de vida do grupo observado, integrando-se ao grupo. Na observação participante, se o cientista vai investigar algum tipo de seita religiosa, geralmente ele(a) converte-se a mesma, deste modo poderá participar de tudo o que diz respeito a essa determinada seita, se tem como objeto de pesquisa o trabalho de operários de indústrias, usinas etc. começa a trabalhar realizando a mesma função. A observação participante tem sido motivo de discussões entre os cientistas sociais, pois alguns são favoráveis a este tipo de pesquisa, acreditando que se deve sair dos laboratórios de pesquisa, das salas de aula, dos gabinetes e ir a campo para se realizar uma pesquisa realmente boa, enquanto outros acreditam que o fato de ir a campo pode levar o investigador a se identificar com o objeto de estudo, uma vez que o pesquisador se integra ao grupo estudado, comprometendo a veracidade da pesquisa. Entretanto alguns estudiosos defendem a idéia de que na realidade, isso não ocorre, pois essa identificação do cientista social com o objeto estudado não desacredita sua investigação, não desacredita a objetividade do que está sendo pesquisado, uma vez que sua objetividade não depende exclusivamente do método adotado e sim das teorias utilizadas, bem como do quanto é treinado. Quando o cientista social se integra à comunidade estudada, ele pretende observar melhor e mais profundamente a realidade social, pois a observação por si só torna-se periférica, mostrando apenas parcialmente a realidade do grupo estudado. Por meio da integração com o grupo, pode-se ter uma melhor visão do que se está estudando, tornando o conhecimento mais profundo e significativo.
  • 18. Contudo nem sempre é possivel estar em contato direto com a realidade pesquisada, mas quando há o empencilho o cientista social poderá se fazer valer de leituras acerca do seu objeto de pesquisa, filmes, fotos, internet etc. Terminada a pesquisa, o cientista social precisa elaborar seu relatório, e aí o sociólogo deverá se desvincular da realidade pesquisada, preocupando-se apenas com a objetividade e a exatidão. Se o trabalho for objetivo, a conclusão poderá ser comprovada por outros sociólogos que, através dos mesmos métodos, chegarão ao mesmo resultado, ou seja, seu trabalho deve ser verificável. Fontes de pesquisa: Depois de determinados o campo e o objeto de pesquisa, o sociólogo dá início ao seu estudo, utilizando-se de várias fontes, como exposto a seguir: Questionário – o uso do questionário tem o objetivo de obter dados específicos sobre determinada população, através de perguntas organizadas de forma clara e conexa. O questionário não deve ser longo nem conter ambiguidades e contradições.As perguntas podem ser abertas ou fechadas, ou seja, é aberta quando o pesquisado pode responder do jeito que quiser, sem alternativas a escolher preselecionadas, ou fechada quando o pesquisado tem que escolher entre determinadas respostas sugeridas no questionário pelo pesquisador. Entrevista – O pesquisador escolhe determinadas pessoas para, por meio de uma conversa, obter informações necessárias à sua pesquisa. A entrevista pode ser de forma dirigida ou não dirigida. A entrevista é drigida quando existe um roteiro a ser seguido, e quando o entrevistado pode falar livremente, então trata-se de uma entrevista não dirigida Documento – De acordo com a norma 6.023 da ABNT[5], documento é qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade, sem modificações, que possa servir para consulta, estudo ou prova em uma pesquisa.As fontes documentais incluem impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, imagens etc. Análise documental é aquela que é realizada a partir de documentos, contemporâneos ou antigos, desde que sejam considerados autênticos.Tais documentos podem ser de fontes primárias ou secundárias. Fontes documentais primárias são o conjunto de textos e documentos registrados em museus, arquivos públicos, bibliotecas, órgãos públicos, censos, acervo particular, entre outros.Exemplos: correspondência, diários, registros públicos, documentos, anúncios, textos literários, depoimentos escritos, periódicos etc.Para a historiografia, fonte primária é qualquer documento cuja elaboração se deu na mesma época sobre a qual se está pesquisando. As fontes secundárias são fontes interpretativas baseadas ou oriundas das fontes originais ou primárias, ou seja, são compostas de elementos derivados das obras originais. Geralmente referem-se a trabalhos que tem o objetivo de analisar e interpretar as fontes originais.A historiografia, por exemplo, considera fontes secundárias os documentos não contemporâneos ao período dos fatos que narra. Formulário – Nesse tipo de fonte, o investigador faz as perguntas e anota as respostas dadas; posteriormente, pode tornar os dados mais abrangentes, com comentários complementares. Cartografia – O investigador utiliza-se de mapas, desenhos, gráficos e outros documentos para assim tornar expressivas informações complexas. Amostragem – A amostragem é o processo no qual seleciona-se parte de um grupo para realizar uma pesquisa demonstrativa daquele grupo social ou de toda a sociedade. A amostragem pode ser: Amostragem proporcional – quando a mesma
  • 19. proporção de entrevistados de cada categoria é mantida, de acordo com a sua proporção na população completa. Neste tipo de amostragem, sabe-se o total da população, e sua proporcionalidade é mantida por sexo, idade, estado civil etc. Amostragem aleatória – quando as pessoas que farão parte da investigação são sorteadas ao acaso, podendo qualquer um ser sorteado.Amostragem por conglomerado – se for feita de acordo com a região geográfica e conforme a densidade populacional. Levantamento histórico – No levantamento histórico, o sociólogo utiliza-se de variados tipos de documentos para compreender as sociedades em seus momentos históricos, em um determinado acontecimento, e o processo de transformação que levou a sociedade até ele. Os documentos podem ser, entre outros: vestimentas, arte, arquitetura, testemunhos,correspodências etc. História de vida – Esse é um método de pesquisa bastante utilizado pela sociologia.Nesse caso, os dados são obtidos através da história pessoal do indivíduo, por meio de documentos pessoais, agendas e diários, além de cartas, e sobretudo, dos relatos biográficos ou autobiográficos coletados oralmente com a própria família, com familiares, amigos, parentes, vizinhos, ou por meio de textos escritos de próprio punho, digitados, transcritos etc. Análise de dados A analise de dados pode ser: Quantitativa – é aquela que se utiliza de dados numéricos para investigar algo em uma determinada sociedade. Nesse tipo de análise, o investigador pretende chegar a um determinado grau de precisão; porém, muitas vezes, isso não ocorre, pois nem tudo que é objeto de estudo em sociologia pode ser analisado dessa forma numérica. Análise qualitativa – o investigador não se preocupa com estatísticas e números, seu objetivo, neste caso, é compreender determinados fatos em toda sua complexidade e amplitude. Na análise qualitativa, o sociólogo procura obter uma grande quantidade de informações para, assim, analisar mais seguramente os fatos, objetivando um resultado mais confiável e preciso. As duas análises são importantes a uma investigação.No entanto, um resultado melhor e/ou mais seguro dependerá unicamente do bom desempenho do investigador e das condições que o mesmo dispõe. Atividade I (ENADE) Leia o texto: “Um objeto de pesquisa só pode ser definido e construído em função de uma problemática teórica que permita submeter a uma interrogação sistemática os aspectos da realidade colocados em relação entre si pela questão que lhes é formulada. O Cientista Social que recusa a construção controlada e consciente de seu distanciamento ao real e de sua ação sobre o real pode não só impor aos sujeitos determinadas questões que não fazem parte da experiência deles e deixar de formular as questões suscitadas por tal experiência, mas ainda formular-lhes, com toda a ingenuidade, as questões que ele próprio se formula a respeito deles, por uma confusão positivista entre as questões que se colocam objetivamente aos sujeitos e as questões que eles forumulam de forma consciente. Sem dúvida, pode-se e deve-se coletar os mais irreais discursos, mas com a condição de ver neles, não a explicação do comportamento,mas um aspecto do comportamento a ser explicado”. (Pierre Bourdieu; Jean-Claude Chamboredon; Jean-Claude Passeron.Ofício do Sociólogo: metodologia da pesquisa na sociologia.Petrópolis: Vozes, 2004.) Considerando os argumentos apresentados no texto com relação a construção do objeto de pesquisa nas ciências sociais, assinale a opção incorreta.
  • 20. A-) Os discursos e problemas sociais já se encontram previamente elaborados para os sujeitos sociais; cabe ao cientista social, durante a realização de uma pesquisa empírica, interpretar os dados e informações orientando-se pela problemática teórica pertinente. B-)Objetos de pesquisa, problemas teóricos, hipóteses e metodologias de investigação são partes constitutivas dos projetos de pesquisa nas ciências sociais e visam criar uma situação de distanciamento epistemológico diante da realidade a ser investigada. C-)Todos estão sujeitos ao exercício de uma observação espontânea da realidade, ao passo que a observação do cientista social se diferenciará das demais pela sensibilização de seu olhar pelas teorias sociais disponíveis. D-)Métodos e técnicas de pesquisa como observação participante, pesquisas de opinião, questionários e entrevistas, aplicados aleatoriamente e sem orientação de uma problemática teórica, contribuem pouco para a construção de uma perspectiva sociológica acerca de um dado objeto de pesquisa. E-)A metodologia das ciências sociais busca uma reprodução do senso comum na transformação dos problemas sociais como problemas de pesquisa. A alternativa correta é a E porque as metodologias utilizadas pela Sociologia não se interessam pelo senso comum e sim pela pesquisa científica para obtenção de informações mais seguras. Referências bibliográficas ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. _______________. Crises da República. São Paulo: Perspectiva, 2004. BOURDIEU, Pierre.O poder simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil S.A., 1989. CARRARA,Sérgio…[et al]. Curso de especialização em gênero e sexualidade/Organizadores: Carrara,Sérgio…[et al]. – Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília, DF : Secretaria especial de políticas públicas para as mulheres, 2010. CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução a ciência da sociedade.São Paulo: Moderna, 2005. CUNHA, Manuela Carneiro da. “Etnicidade” IN: Antropologia do Brasil. SP: Brasiliense, 1987. ELIAS, Nobert. Introdução a sociologia - título original: What is sociology? – Tradução Maria Luiza Ribeiro Ferreira – Edições 70: Portugal, 1980. GIDDENS, A. Sociologia, Porto Alegre: Artmed, 2005. HALL, Stuart. Da diáspora – identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2003. MARX, Karl. O manifesto do partido comunista. Petrópolis: Editora: VOZES, 2000.
  • 21. ___________. O capital.São Paulo: Nova Cultural, Círculo do livro, 1996. MORTARI, Claudia. Antropologia cultural e multiculturalismo / Claudia Mortari[et. al.]. - 2ed. - Florianópolis (SC) : UDESC: FAED : CEAD, 2002 OLIVEIRA, de Luiz Fernandes; Costa, da Ricardo Cesar Rocha.Sociologia: o conhecimento humano para jovens do ensino técnico profissionalizante.1ª Ed. Petrópolis,RJ: Catedral das letras, 2005. Sociologia / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. 2ª edição, Governo do Estado do Paraná. VASCONCELOS, Ana.Coleção base do Saber: Sociologia.1ª Ed. – São Paulo: Rideel, 2009. WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília : Editora da Universidade de Brasília, 1998, Vol I. WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília : Editora da Universidade de Brasília, 1999, Vol II. ___________. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1982. ___________. Sobre a universidade: o poder do Estado e a dignidade acadêmica. São Paulo : Cortez, 1989. WEBER, Max. Os Três Tipos Puros de Dominação Legítima. In COHN, Gabriel (org). Max Weber – Sociologia. São Paulo: Ática, 1982. WEBIBLIOGRAFIA: Wikipédia enciclopédia livre / Brasil < http://pt.wikipedia.org/wiki> . Acesso em 5 de janeiro de 2011. Cola da web - < www.coladaweb.com/>. Acesso em 5 de janeiro de 2011. Info escola - <www.infoescola.com>. Acesso em 5 de janeiro de 2011. <http://www.suapesquisa.com>. Acesso em 5 de janeiro de 2011 <http://www.culturabrasil.pro.br>. Acesso em 5 de janeiro de 2011 [1] Os sofistas foram os primeiros filósofos do período socrático. Esses se opunham à filosofia pré-socrática dizendo que estes ensinavam coisas contraditórias e repletas de erros que não apresentavam utilidade nas polis (cidades). Dessa forma, substituíram a natureza que antes era o principal objeto de reflexão pela arte da persuasão. Os sofistas ensinavam técnicas que auxiliavam as pessoas a defenderem o seu pensamento particular e suas próprias opiniões contrárias sobre o mesmo para que dessa forma conseguisse seu espaço. Por desprezarem algumas discussões feitas pelos filósofos, eram chamados de céticos até mesmo por Sócrates que se rebelou contra eles dizendo que desrespeitavam a verdade e o amor pela sabedoria. Outros filósofos ainda acreditavam que os sofistas criavam no meio filosófico o relativismo e o subjetivismo.
  • 22. Dentre os sofistas, pode-se destacar: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico, Crítias, Antifonte e Trasímaco, sendo que destes, Protágoras, Górgias e Isócrates foram os mais importantes. Estes, assim como os outros sofistas, prezavam pelo desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de expressão. Uma conseqüência importante que se fez pelos sofistas foi a abertura da filosofia para todas as pessoas das polis que antes era somente uma seita intelectual fechada formada apenas por nobres.Protágoras difundiu a frase: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”. Por meio dela e de outras, foi acusado de ateísta tendo seus livros queimados em praça pública, o que o fez fugir de Atenas e refugiar-se em Sicília. Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/sofistas.htm [2]Atribui-se a ele, também a criação do lema –saber é poder.Segundo Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o homem.O método indutivo de investigação, baseado na observação rigorosa dos fenômenos naturais e do cumprimento das seguintes etapas: Observação da natureza para a coleta de informações; Organização racional dos dados recolhidos empiricamente; Formulação de explicações gerais [hipóteses] destinadas à compreensão do fenômeno estudado; Comprovação da hipótese formulada mediante experimentações repetidas em novas circunstancias. A grande contribuição de Francis Bacon para a historia da ciência moderna foi apresentar conhecimento cientifico como resultado de um método de investigação capaz de conciliar a observação dos fenômenos , a elaboração racional das hipóteses e a experimentação controlada para comprovar as conclusões obtidas. Fonte: http://breviariodasideias.blogspot.com/2008/11/francis-bacon-o-mtodo- experimental.html [3] Ideologia: Segundo Marx e Engels, o termo se encaixa na tradução de “falsa consciência”, ou seja, um conjunto de idéias falsas que justificavam o domínio burguês e camuflava a existência da dominação desta classe sobre a classe trabalhadora. [4] Socialismo: Pressupõe uma sociedade na qual os meios de produção pertençam a todos os seus membros. Para tal, o sistema capitalista deveria ser superado, deixando de existir a propriedade privada e passando a existir a “propriedade coletiva”. [5] ABNT é a sigla da Associação Brasileira de normas Técnicas