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PLANO DE ESTUDOS
MÓDULO I
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA
POA: KÁTIA MÔNICA DA SILVA MAGALHÃES SÁ
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
CONTINUADA
CESEC - “HUMBERTO JOSÉ ELIAS”
FELIXLÂNDIA – MG
Rua: José Magno Araújo,nº355-Bairro:Centro- Felixlândia/MG-CEP:39237-000
Fone: (38) 3753-1399 – E-mail: escola.218685@educacao.mg.gov.br
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ATENÇÃO ALUNO!
SEJA BEM-VINDO A DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA!
Você estudará 5 módulos com resolução de atividades, pesquisas e projetos proposto pela escola
e ao final de cada módulo você irá realizar um teste de unidade.
Cada módulo você receberá um plano de estudo, ou seja, orientações de conteúdos que deverão
ser estudados e as atividades que deverão ser feitas, onde o professor irá corrigi-las, sanando as
dúvidas a sobre os conteúdos e somente depois da resolução das ações propostas no Plano de
Estudos você irá fazer o Teste de Unidade (T.U).- Valor de cada Módulo: 20 pontos das realizações
dos exercícios do Plano de Estudo, 20 pontos da realização do projeto Semestral do CESEC, e 60
pontos de T.U. O aluno deverá alcançar no mínimo 50% do teste de unidade.
►O professor que irá marcar o dia e horário do aluno irá realizar o teste, sendo que ocorrerá depois
da realização de todas as atividades propostas.
►TODAS AS ATIVIDADES DA APOSTILA DEVERÃO SER FEITAS NO CADERNO.
(FAVOR NÃO ESCREVER NA APOSTILA, POIS A MESMA SERÁ REUTILIZADA POR OUTROS
ALUNOS)
● Os plantões da disciplina ocorrem nos seguintes dias e horários:
TERÇA E QUINTA-FEIRA DE 7h0 às 10h25min.
SEGUNDA, QUARTA-FERIA E SEXTA-FEIRA DE 18h0 às 21h30min.
Apostila elaborada pela professora Kátia Mônica S. Magalhães Sá, de acordo o caderno
pedagógico EJA Novos Rumos, área do conhecimento Ciências Humanas Sociais
Aplicadas.
CONTEÚDOS E ATIVIDADES FORAM RETIRADOS DAS SEGUINTES FONTES:
1- Sociologia em movimento.2. ed. São Paulo : Moderna, 2016. Vários autores. Obra em volume único.
“Componente curricular: Sociologia”.Bibliografia/ Sociologia (Ensino médio).
2- https://estudeemcasa.educacao.mg.gov.br/pets/ensino-medio;
3- Sociologia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná;
4- Paulo Silvino Ribeiro Colaborador Brasil Escola- Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP –
Universidade Estadual de Campinas Mestre em Sociologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” Doutorando em Sociologia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-um-grupo-mas-umfenomen
5-://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/estado-laico-estado-religioso.htm
6- TELLES, Norma. A imagem do índio no livro didático: equivocada, enganadora. Em Aracy Lopes da Silva
(organizadora), A questão indígena na sala de aula, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 75-6;
7- Cartilha: Principio de empoderamento das Mulheres - adaptado Disponível em
http://www.onumulheres.org.br/wpcontent/uploads/2016/04/cartilha_WEPs_2016.pdf – acesso 15/06/2020
8- https://www.clicksociologico.com/2020/04/infografico-socializacao-grupos-sociais.html
9- Políticas Públicas: conceitos e práticas. SEBRAE, 2008.
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA
CESEC - “HUMBERTO JOSÉ ELIAS”
FELIXLÂNDIA – MG
Rua: José Magno Araújo,nº355-Bairro:Centro- Felixlândia/MG-CEP:39237-000
Fone: (38) 3753-1399 – E-mail: escola.218685@educacao.mg.gov.br
PLANO DE ESTUDOS- DISCIPLINA SOCIOLOGIA – ENSINO MÉDIO
POA – KÁTIA MÔNICA MAGALHÃES SÁ
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APOSTILA/ CONTEÚDOS PARA ESTUDOS MÓDULO I SOCIOLOGIA
Elaborada por Kátia Mônica da Silva Magalhães Sá.
Afinal de contas, sociologia para que?
Bem-vindo às aulas de sociologia!!! Em nossos encontros você irá obter subsídios para responder algumas
questões de ciências humanas e suas tecnologias e desenvolver um tema de redação de forma mais
elaborada e que busque se distanciar do que chamamos de SENSO COMUMA sociologia é uma ciência
que estuda a sociedade e as relações humanas. Para isso, utilizamos dos mais variados elementos, como
a observação, pesquisas, experiências, dados estatísticos sempre se utilizando de métodos científicos
claros e objetivos. No entanto, as relações humanas possuem uma riqueza de combinações e variações
que torna impossível a instituição de leis fixas que expliquem o seu funcionamento com total previsibilidade.
Diferentemente das ciências exatas, as relações sociais carregam um ingrediente que torna tudo muito mais
complicado: as imprevisibilidades do cotidiano que permeiam as ações humanas. Em outras palavras: nós
não somos robôs. Estamos sempre mudando as coisas, reagindo de novas formas, modificando,
interagindo. O ser humano tem algo de imponderável na sua vida.
Segundo Pierre Bourdieu (1930 – 2002), a sociologia tem função crítica, ou seja, investigar o que acontece
e os mecanismos que atuam na vida social. Não só: após investigar, é preciso revelar esses mecanismos,
torná-los aparentes para que todos tomem ciência e seja possível encontrar soluções frente às relações
desiguais de poder existentes, sejam elas econômicas, políticas, culturais, educacionais e várias outras.
Para isso todos os temas tratados nas próximas aulas pretendem provocar em você uma Imaginação
Sociológica do mundo que permite desnaturalizar visões da sociedade que, mesmo absurdas, são
cotidianamente repetidas de forma automática, seguindo padrões culturais, midiáticos e sociais, sem nunca
serem problematizadas. Como exemplo podemos citar algumas infelizes colocações;
“Os homens são de natureza racional e as mulheres são de natureza sensível e sentimental. “
“Se somos todos iguais, para que cotas nas Universidades? ”
Talvez você concorde com uma ou várias das frases acima, mas você já se perguntou o porquê? Já tentou
entender profundamente a raiz dessas questões? Será por que especialistas que dedicam sua vida aos
estudos destes problemas tem opiniões tão contrárias à da população de forma geral? São estas perguntas
que pretendemos sanar com esse curso. Portanto trataremos em nossas próximas aulas de temas como
raça, gênero, violência, desigualdade social, criminalidade, cultura, política, direitos humanos, drogas e
demais assuntos que fazem parte da nossa realidade cotidiana, buscando ir além de um olhar superficial
destes fenômenos sociais. Para isso nos apoiaremos em dados e pesquisas que foram formulados por
estudiosos que dedicaram suas vidas na investigação destes temas e que tem muito a nos dizer sobre esses
fenômenos sociais.
Mapa mental o que é Sociologia.
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Sociologia Como leitura crítica da realidade social
O que você acha de obedecer a regras, de cumprir ordens, de seguir caminhos que já foram
preestabelecidos para você? É provável que você e muitos de seus colegas digam que não gostam de
obedecer a regras, e alguns chegam mesmo a afirmar com uma pontinha de orgulho que só fazem aquilo
que gostam ou que têm vontade… Pois saiba que não é bem assim que as coisas acontecem. Mesmo que
você se considere um rebelde, você está muito mais dentro da ordem que imagina, principalmente se você
é um aluno devidamente matriculado no Ensino Médio, e está lendo este texto na escola ou em sua casa.
Por que estamos falando disso? Para dizer que vivemos numa sociedade totalmente institucionalizada, ou
seja, vivemos “imersos” em instituições sociais, portanto somos continuamente levados a realizar coisas
que não escolhemos, e na maioria das vezes as realizamos “naturalmente”, sem questionar de onde e de
quem partiu aquela ideia ou aquela ordem. Todo o nosso pensamento e nossa ação foram apreendidos e
continuam constantemente sendo construídos no decorrer de nossa vida.
Muito do que fazemos foi pensado e estabelecido por pessoas que nem existem mais. Desde o momento
de nosso nascimento até a nossa morte estamos sempre atendendo às várias expectativas dos vários
grupos que participamos. Por isso, nosso objetivo com este estudo é colocá-lo em contato com algumas
instituições sociais muito presentes e atuantes em nossa sociedade, mais especificamente três: a escola, a
religião e a família.
Colocar em contato quer dizer conhecer um pouco das origens históricas das instituições, ou como foram
construídas pelas diversas sociedades ao longo do tempo; perceber as transformações que foram sofrendo
e como se configuram hoje, conhecer as diversas possibilidades de leitura oferecidas pela Sociologia, e,
principalmente, nos enxergarmos como parte integrante dessas instituições. Não como uma peça num
tabuleiro de um jogo, mas como sujeitos atuantes e com capacidade de mudar as regras do jogo quando
considerarmos necessário. Nossa intenção ao propor este tema de estudo vai muito além da simples
informação de conteúdos da sociologia, avalizados pelos grandes nomes desta ciência.
Pretendemos que você, com auxílio dos instrumentais teóricos da Sociologia, possa compreender a
dinâmica da sociedade contemporânea, aprenda a questionar as “verdades” que lhe são colocadas, e possa
inserir-se de forma crítica e criativa nas diversas instituições sociais que compõem o sistema social.
Nascemos todos em algum lugar da sociedade: num bairro de periferia, num edifício no centro da cidade,
numa favela, num condomínio fechado, e pertencemos quase sempre a algum tipo de família. É dentro da
família que aprendemos os primeiros valores do grupo e da sociedade a que pertencemos. Os pais (ou
aqueles que cumprem este papel), criam e provêm os filhos de condições para a subsistência e esperam
desses respeito e obediência. A sociedade espera que os pais trabalhem e tenham uma vida honesta, às
mães cabe o amor incondicional, capaz de fazê-las abrir mão da própria vida para ver a felicidade de seus
filhos. Isso pode parecer um pouco exagerado, mas, às vezes, a caricatura de uma situação nos permite
enxergá-la melhor.
Bem, crescemos ouvindo que a família é um lugar “sagrado”, que devemos respeitar nossos pais, que tanto
sacrifícios fizeram por nós. Crescemos ouvindo que é o bem mais importante de um homem, e quando
finalmente crescemos, “desejamos” formar outra família, porque é isto que pai trabalhador, na “mãe santa”,
no filho respeitoso? Se escolhermos outro caminho e outros valores? Aí sofreremos o que a Sociologia
chama de coerção social – significa que seremos coagidos e pressionados pelo grupo familiar e pelas
pessoas próximas desse a retomar os valores preestabelecidos.
É o grupo familiar que também vai nos indicar os caminhos escolares e profissionais. Para algumas famílias,
percorrer toda a carreira escolar sem interrupção é algo indiscutível, e desviar-se deste caminho previsto
pode ser traumático. Novamente não escolhemos, mas as escolhas já estão feitas. Quase sempre fazemos
o que é esperado. Passemos agora para a escola. Essa instituição ensina-nos novos padrões de
comportamento, ou reforça aqueles que já trazemos de nossa classe social e tenta nos fazer acreditar que
somos todos iguais, porque podemos nos sentar igualmente nas carteiras escolares.
Mas tão logo os alunos percebem que para haver igualdade é necessário mais do que um lugar na escola,
começam as reações contrárias à ordem. São as chamadas questões disciplinares. A escola valoriza a
ordem, a disciplina, o bom rendimento. Os adolescentes veem neste momento de suas vidas a oportunidade
de rebelar-se contra os padrões de comportamento estabelecidos, de agredir tudo que representa
autoridade, de desprezar o que não atende a seus interesses imediatos...há uma outra instituição social
com a qual você provavelmente também convive. Caso tenha sido batizado ou iniciado em alguma religião
em sua infância e tenha crescido seguindo os ensinamentos de sua igreja, você desenvolveu o que se
chama de pensamento sagrado. Depois iremos analisar detalhadamente cada uma dessas instituições.
Fonte: Sociologia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná.
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Família
Considerando-se que a vida social é algo fundamental à existência e sobrevivência dos seres humanos
enquanto indivíduos, é na família que se dá início ao processo de socialização, educação e formação para
o mundo. Os grupos familiares caracterizam-se por vínculos biológicos, mas sua constituição ao longo da
história em todos os agrupamentos humanos não se limitou apenas ao aspecto da procriação e preservação
da espécie, mas tornou-se um fenômeno social.
As famílias são consideradas grupos primários, nos quais as relações entre os indivíduos são pautadas na
subjetividade dos sentimentos entre as pessoas, fato que justifica, muitas vezes, o amor existente entre pais
e filhos adotivos, logo sem relação consanguínea. Assim, os laços que unem os indivíduos em família não
se sustentam pela lógica da troca, da conveniência do relacionamento a partir de um cálculo racional como
que em um contrato no mundo dos negócios em que cada parte vê vantagem na relação existente,
constituindo um grupo formal.
Ao contrário, a família é um grupo informal, no qual as pessoas estão ligadas por afeto e afinidade, e que
por conta deste sentimento criam vínculos que garantem a convivência (em um mesmo local de residência,
por exemplo), além da cooperação econômica. Mas o que dizer dos inúmeros problemas familiares que
tanto se ouve falar ou mesmo que se pode enfrentar no dia a dia? As respostas para esta pergunta são
várias, assim como o grau de complexidade de cada uma pode variar. Porém, de maneira muito simplista,
até certo ponto, é possível afirmar que a gênese dos conflitos familiares está no momento em que as bases
da união (que justifica o tipo de relacionamento e de ligação) deste grupo começam a ser minadas pelo
despontar das personalidades, das opiniões diferentes, da individualidade de cada membro, o qual não abre
mão daquilo que lhe é particular (enquanto indivíduo) em nome da família. Para ilustrar, basta pensar nos
conflitos existentes em famílias com jovens adolescentes os quais, neste momento em que deixam a infância
para entrarem na vida adulta, tornam-se muito mais críticos aos valores dos adultos que o cercam, muitas
vezes cogitando até mesmo, de forma impulsiva, abandonar o lar. Logo, nada mais natural do que os
choques de geração e conflitos entre pais e filhos neste sentido, o que não significa uma desestabilização
definitiva da família. Assim, a despeito disso, os vínculos construídos para além do biológico permanecem.
Transformações na Família
As mudanças ocorridas durante o final do Século XIX e ao longo da primeira metade do Século
XX, tiveram implicações diretas nas famílias brasileiras da segunda metade do Século XX, principalmente
na saída da mulher para o mercado de trabalho, na educação dos filhos, na
Impessoalidade nas relações sociais, no controle da natalidade e no enfraquecimento dos laços de
parentesco. Historicamente, a preservação parcial da economia latifundiária explicaria, segundo Teruya
(2000, p. 10), a manutenção das enormes desigualdades sociais no país, juntamente com as relações semi-
patriarcais, principalmente nos estados do Norte. Por outro lado, o desenvolvimento da economia industrial
no Sudeste é que passou a transformar a família, fazendo com que ela se nucleasse, para atender melhor
às demandas da sociedade moderna, e com que perdesse a sua função reprodutiva.
Para a autora, a condição urbano/rural foi a baliza para determinar o tipo familiar. E, também, que a união
do processo de urbanização e da industrialização da sociedade no século XX, juntamente com o fenômeno
da migração, fizeram com que o controle da produção passasse gradualmente da família para os
empresários capitalistas e para o Estado. Em decorrência desta união ocorreram o enfraquecimento das
relações de parentesco, a redução do tamanho da família e a redução do poder do pai e do marido.
(TERUYA, 2000, p. 10).
Atualmente as famílias são formadas por diversas estruturas: por exemplo, há mães solteiras com seus
filhos; pais com filhos adotivos; famílias formadas por casais que já tiveram outros casamentos com filhos e
decidiram ter outros filhos dessa união; temos ainda famílias formadas por um casal e um “animal de
estimação”… e, também, se questiona se podemos considerar família o solteiro adulto que vive sozinho.
De modo, dois fatores recentes precipitaram toda essa transformação na organização familiar. O primeiro
fator foi a legalização do divórcio, que, no Brasil, virou lei em 1977. O segundo foi o surgimento da pílula
anticoncepcional, que garantiu aos homens e às mulheres a alternativa de uma vida sexual desvinculada
da paternidade/maternidade.
O flagrante da revolução contemporânea, pela qual passa a população e a família brasileira, se completa
com núcleos familiares formados por minorias como os homossexuais (com casamento e adoção de
crianças) e por conta das novas técnicas de reprodução (inseminação artificial, doador de esperma, barriga
de aluguel, etc.). A respeito destas famílias alternativas, Danda Prado, em 1981, já apontava quatro formas
de famílias cujas principais características as diferenciavam das formas tradicionais:
a) A família criada em torno a um casamento dito “de participação” – trata-se aí de ultrapassar os papéis
sexuais.
b) O casamento dito “experimental” – que consiste na coabitação durante algum tempo, só legalizando essa
situação após o nascimento do primeiro filho.
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c) Outra forma de família seria aquela baseada na “união livre”.
d) A família homossexual, quando duas pessoas de mesmo sexo vivem juntas, com crianças adotivas ou
resultantes de uniões anteriores, ou, no caso de duas mulheres, com filhos por inseminação artificial. (PRADO,
1981, p. 19-22).
Assim, há uma questão que se coloca na contemporaneidade: Diante de tantos divórcios, casamentos
tardios e pessoas mais velhas morando ainda com os pais, ou mesmo vários casamentos ao longo da vida
unindo-se filhos de relacionamentos anteriores, a família quanto instituição estaria desaparecendo? Na
tentativa de esboçar uma resposta, talvez possamos afirmar que, obviamente, aquele sentido mais
tradicional da palavra estaria sim em extinção. Porém, tomando a família enquanto grupo e fenômeno social,
é possível dizer que ela passa por uma forte reestruturação.
“Em 2012 pela primeira vez, lares com formação tradicional deixam de ser maioria no país. ” O que está em
declínio é a ideia de uma família na qual a mulher se restringe à esfera privada dedicando-se exclusivamente
aos afazeres domésticos, e ao homem cabe a esfera pública, da rua, do mundo do trabalho. Neste padrão
tradicional de família, a união entre os cônjuges era marcada, predominantemente, pela cerimônia religiosa
do casamento, independentemente da religião, fato que contrasta com as uniões muito frequentes e pouco
duradouras de agora, consequência direta do temor em relação ao compromisso mais sério, principalmente
pelos jovens. Também como sinal dessa reformulação dos padrões e arranjos familiares estão as famílias
que se iniciam com casais homossexuais, o que acaba por gerar polêmica não apenas pelo fato da união
em si (dados o preconceito e a intolerância existentes), mas também quando se cogita a adoção de crianças
por eles, uma vez que no imaginário de boa parte das pessoas prevalece a ideia de uma família na qual os
pais têm sexos diferentes. Nestes novos padrões familiares, além da conquista de uma maior independência
pelas mulheres (em vários aspectos), elas casam-se e tornam-se mães agora com mais idade, além de
terem um número de filhos extremamente reduzido quando comparado aos níveis de décadas passadas.
Dessa maneira, é importante considerar que, se a família é a base ou início do processo de socialização
dos indivíduos, o que se torna fundamental é que ela seja estruturada de tal forma que o relacionamento
entre seus integrantes seja pautado na harmonia e respeito entre seus pares, dada a importância e influência
que tal grupo exerce na vida de cada um. Logo, ao pensar na família enquanto grupo não se trata aqui de
fazer uma apologia ao modelo do passado ou ao do presente, mas de propor a reflexão quanto aos
desdobramentos de sua conformação e de suas transformações, uma vez que suas características refletem
a sociedade de seu tempo, o que faz dela (da família) um fenômeno social.
Fonte: Paulo Silvino Ribeiro Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” Doutorando em Sociologia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
fonte: http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-um-grupo-mas-umfenomen
SOCIOLOGIA E RELIGIÃO
NO QUE CONSISTE A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO?
A Sociologia da Religião é um ramo da Sociologia e ela se fundamenta na compreensão humana entre o
“profano” e o “sagrado”. Independente da crença, o que é mais significativo da religião para a Sociologia é
o papel fundamental que ela exerce na vida social.
Como é a pesquisa em Sociologia da Religião? Quais são os principais Sociólogos?
A pesquisa em Sociologia da Religião se dá de forma empírica, através de autores clássicos como Émile
Durkheim, Max Weber, Georg Simmel e outros autores que colaboram para essa análise como Sigmund
Freud e William James. Falaremos um pouco sobre os Clássicos.
Lembrando que, a orientação pessoal de cada sociólogo emerge de modo claro por meio das próprias
definições de religião.
Émile Durkheim e as Formas Religiosas – Durkheim considera a religião como parte essencial da vida
social, em sua própria obra “As formas elementares da vida religiosa” ele diz: “Nosso objetivo, neste livro, é
estudar a religião mais primitiva e simples atualmente conhecida, fazer a análise dela, tentar sua explicação.
” Para o sociólogo, a ciência não substitui a religião. Há algo eterno na Religião. Em toda obra ele visa à
busca da origem da vida social, e tem como pesquisa o Totemismo de povos primitivos na Austrália. Em
busca do universo ideológico do fenômeno religioso ele consegue articular as representações de tempo,
espaço, morte através da instituição nas quais ele acreditava ter uma consciência coletiva. Ele conclui a
obra entendendo que a religião é algo eminentemente social, as representações religiosas são
representações coletivas (Ritos) nesse sentido a religião é um produto do coletivo.
Max Weber e a Religião – Um dos principais motivos de sua pesquisa foi captar as relações entre economia
e religião. Ele reconhece o capitalismo como uma força na realidade social moderna, mas evita atribuir a
uma só matriz a origem das dinâmicas sociais (divergindo de Marx). Nesse sentido ele trabalha com o
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econômico e o religioso em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Nessa obra ele
analisa a origem de uma consciência econômica condicionada a um conteúdo da fé religiosa. Tem como
recorte o caráter predominante protestante calvinista, que em sua análise pregava a acumulação de capital
em um objetivo existencial, e que o sucesso na profissão é um sinal de predileção divina.
Georg Simmel, Religiosidade e Religião – Simmel dá início diferenciando os dois conceitos –
Religiosidade e Religião, que em sua opinião se difere pelo fato de que a Religião é criada pela Religiosidade
e não o contrário. A Religiosidade seria uma “ disposição de ânimo interior”, e a religião uma fase mais
avançada, uma objetivação da fé. Um processo similar que o autor faz com natureza e cultura. Um exemplo:
A crença na versão simmeliana seria um exemplo de religiosidade, enquanto os ritos se encontrariam a
meio caminho entre a religiosidade e religião.
Religião segundo Karl Marx – “A religião é o Ópio do Povo ”
Karl Marx define a religião pura e simplesmente como uma projeção de nossa realidade terrena para um
plano superior metafísico. A religião consiste para ele em um mundo fantástico, criado pela mente humana
que tenta dar a certos fenômenos naturais um ar sobrenatural, isto significa que religião com o seu Deus
não passa de uma mera ilusão, algo a que não se deve dar crédito.
Para aqueles que estudam, estudaram ou têm pelo menos uma noção de história da filosofia, veremos que
vários autores em sua antropologia não hesitaram em afirmar que o homem é um ser dotado de carência.
Marx é um destes:
Ele define a natureza humana por suas carências ou necessidades e pela dialética da satisfação dessas
necessidades, desdobrando-se seja na relação do homem com a natureza exterior pelo trabalho, seja em
sua relação com os outros homens pela natureza (LIMA VAZ, 2000, p. 129).
A religião, portanto, para Karl Marx, passa a uma ilusão, alienação, ou num dizer mais marxista “um ópio”
para amenizar o sofrimento. Uma teoria marxista sustenta que a religião surgiu através do espanto, medo.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
A intolerância religiosa é um dos problemas mais delicados do mundo. O fanatismo religioso conduz
algumas pessoas a realizarem guerras ou conflitos contra as outras, em nome de sua religião. A questão é
preocupante porque envolve o ser humano em sua mais pura essência quando sua crença religiosa é
colocada em jogo.
Intolerância religiosa é um termo que descreve um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e
práticas religiosas. Que somadas a falta de habilidade ou a vontade em reconhecer e respeitar diferentes
crenças de terceiros, é considerado um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana.
Neste contexto, a perseguição pode tomar vários rumos, desde incitamento ao ódio até a torturas e
espancamentos.
Mas a perseguição não é um problema atual. Ela ocorre desde os primórdios da antiguidade, quando os
primeiros cristãos foram perseguidos por judeus e pagãos. Na Idade Média, no final do Império Romano, os
judeus foram perseguidos e as conversões forçadas se tornaram comuns, como na Península Ibérica, em
meados do Século XIV.
Durante o século XX, a perseguição religiosa atingiu proporções nunca vistas na história. A perseguição em
massa dos povos judeus pelos nazistas, fase mais conhecida como o Holocausto, vitimou milhares de
pessoas, não apenas pela raça, mas especificamente contra os seus ideais religiosos.
Outro exemplo na Idade Contemporânea de perseguição não estatal foi por parte da antiga União Soviética
que perseguiu vários grupos religiosos de um estado de jurisdição ateísta. O resultado foi o deslocamento
forçado de 80 mil pessoas e a extinção de 2 cidades cristãs.
É inegável que o problema existe. Mas o Brasil não tem um histórico de conflitos armados motivados pela
religião, como ocorrem no Oriente Médio ou na Índia, por exemplo. Diante disso, quais dimensões assume
a intolerância religiosa no Brasil?
Em 2014, o Disque 100 registrou 149 denúncias de discriminação religiosa no país. Mais de um quarto
(26,17%) ocorreu no estado do Rio de Janeiro e 19,46%, em São Paulo. O número total é menor em relação
a 2013, quando foram registradas 228 denúncias. Mesmo assim, mostra que a questão no país ainda não
foi superada. Para que a legislação não seja interferida por correntes religiosas, sociais, políticas e culturais,
o Estado é laico. Assim, a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º, inciso VI, assegura
a liberdade de crença religiosa, além da proteção e respeito às manifestações religiosas e locais de culto.
Como as principais vítimas no Brasil são das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda,
em 2010 foi criada a Lei de nº 12.288 (Estatuto da Igualdade Racial), que busca proteger esses cultos de
matriz africana. Mas é importante lembrar que crítica é diferente de intolerância. O direito de criticar dogmas
é assegurado como liberdade de expressão. Mas, atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a
alguém por causa de sua crença ou de não possuir uma religião, são considerados crimes sem fiança.
Diante deste conceito amplo, podemos resumir como liberdade religiosa:
– O direito de ter uma religião e crer num ser divino;
– O direito de não ter uma religião e não crer em um ser divino;
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– O direito à neutralidade religiosa em espaços de uso comum (públicos).
Estado Laico: é aquele que prevê a neutralidade em matéria confessional, não adotando nenhuma religião
como oficial e mantendo equidistância entre os cultos. É conhecido também como Estado Secular. Em
alguns Estados laicos, há incentivo à religiosidade e à tolerância entre os credos, enquanto outros chegam
a criar leis e mecanismos para dificultar a manifestação religiosa em público.
Estado Religioso: É aquele em que a religião interfere em alguma medida na administração, legislação ou
gestão pública e é também chamado de Estado confessional. Na atualidade, está presente em especial no
mundo islâmico, mas pode ser identificado também na África e na Ásia.
Aperfeiçoar a tolerância às diferenças é indispensável no regime democrático, pois quando se consegue
fazer valer a laicidade do Estado, os direitos fundamentais são preservados.
A laicidade do Estado está ligada a diversos direitos humanos, como: liberdade de expressão, liberdade de
crença e de não crença, igualdade de gênero e os direitos da população LGBT. Reconhecendo que a prática
de intolerância religiosa constitui violação no Estado Democrático de Direito, contribui não apenas para
preservar os direitos fundamentais das pessoas, mas também para a laicidade do Estado, que tem por
finalidade construir uma sociedade livre, justa e solidária.
ESTADO LAICO E ESTADO RELIGIOSO
É importante conhecer a diferença entre Estado laico e Estado religioso para entender a relação entre o
Estado e as religiões. No Estado laico, o princípio constitucional da igualdade visa a condenar a existência
de tratamento diferenciado do Estado às religiões.
O conceito de Estado diz respeito ao conjunto de instituições políticas e administrativas responsáveis por
ordenar e regular o espaço de um povo ou nação. A existência de um Estado pressupõe que ele possua
seu próprio território, que tenha ação soberana, seja dirigido por um governo próprio e seja pessoa jurídica
de direito público internacionalmente reconhecida. No que diz respeito à relação de um Estado com as
religiões nele existentes, ele pode ser categorizado em duas classificações distintas: Estado laico e Estado
religioso.
Estado Laico x Estado Ateu: É importante ressaltar que o conceito de Estado laico não deve ser
confundido com Estado ateu, tendo em vista que o ateísmo e demais manifestações de “não crença”
também se incluem no direito à liberdade religiosa. No conceito de liberdade religiosa, inclui-se a liberdade
de ter uma crença e a de não ter uma crença. Assim sendo, confundir Estado laico com Estado ateu é
privilegiar essa crença (ou não crença) em detrimento das demais.
O Estado pode ser classificado como laico ou religioso. Esse último manifesta-se de forma orgânica ou
subjetiva. O Estado confessional pode manifestar-se de forma orgânica, ou seja, as instituições religiosas
participam formalmente do governo, como se fosse um quarto poder e com autoridade para aprovar ou
rejeitar leis que desrespeitem o credo. Um exemplo recente foi o governo talibã do Afeganistão, em que
havia leis civis que regulamentavam hábitos e costumes da população de acordo com princípios religiosos,
cuja desobediência era punida pelo Estado.
O Estado também pode apresentar a manifestação religiosa por meio de interferência subjetiva, em que um
grupo ou instituição religiosa tem voz nas decisões de Estado e busca salvaguardar seus interesses.
O BRASIL E O ESTADO LAICO
No Brasil, a legislação prevê a inviolabilidade da liberdade de crença e assegura o livre exercício dos cultos
religiosos. A atual Constituição não institui qualquer outra religião como sendo a oficial do Estado.
Estabelece em seu artigo 19, I o seguinte:
“É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou
seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
colaboração de interesse público.”
Em razão desse e de outros dispositivos constitucionais, diz-se que o Brasil é um Estado laico onde há
liberdade religiosa. A legislação ainda prevê que o direito à liberdade religiosa é inviolável e que o Estado
deve assegurar o livre exercício dos cultos religiosos e garantir a proteção aos locais de culto e às suas
liturgias. Fonte:http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/estado-laico-estado-religioso.htm
Apesar de manter da tendência de queda na concentração, a religião católica ainda é seguida pela
grande maioria dos brasileiros: 64,6%
Entre 2000 e 2010, o Brasil manteve a tendência de pluralização religiosa da população constatada durante
as últimas pesquisas censitárias realizada no País, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os católicos passaram de 73,6% em 2000 para 64,6%
em 2010. Embora o perfil religioso da população brasileira mantenha, em 2010, a histórica maioria católica,
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esta religião vem perdendo adeptos desde o primeiro Censo, realizado em 1872. Segundo o IBGE, desde
o primeiro recenseamento nacional até a década de 1970, o perfil recenseamento nacional até a década de
1970, o perfil religioso da população brasileira manteve como aspecto principal a hegemonia da religião
católica apostólica romana, característica herdada do processo histórico de colonização do País. As demais
religiões praticadas no Brasil tinham contingentes significativamente menores. Em aproximadamente um
século, a proporção de católicos na população variou 7,9 pontos percentuais, reduzindo de 99,7%, em 1872,
para 91,8% em 1970.
OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
Os primeiros pensadores que testemunharam as transformações sociais que ocorriam desde o século XVIII
e que se preocuparam em compreender e explicá-las, não eram homens de ciência ou sociólogos que viviam
desta profissão. Eram antes de tudo homens voltados para a ação, que desejavam introduzir determinadas
modificações na sociedade. Participavam ativamente dos debates ideológicos em que se envolviam as
correntes liberais, conservadoras e socialistas. Eles não desejaram introduzir um mero conhecimento sobre
as novas condições de vida geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair dele orientações para
a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu tempo. Entre
esses pensadores podemos destacar: Comte, Marx, Durkheim e Weber. Estes são considerados clássicos
da sociologia, pois seus pensamentos ainda têm poder explicativo, sua vitalidade teórica e explicativa ainda
alcança a era contemporânea, embora apresente limitações.
1- Isidore Augusto Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em
Montpelier a 19 de janeiro de 1798. Foi fundador do positivismo foi ele também que batizou com o nome de
sociologia uma nova ciência que antes ele chamava de “física social”. Augusto Comte foi importante para a
sociologia, pois, através de sua perspectiva positivista que deu os primeiros passos para a cientificidade da
sociologia, mas ainda confundida com uma filosofia social e religiosidade de tipo ideologicamente
conservadora. Suas principais obras são: Curso de Filosofia Positiva e Sistema de Política Positiva.
2. Karl Marx
A FUNÇÃO DA IDEOLOGIA
A função da ideologia é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional
para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade
em classes, a partir das divisões na esfera da produção. Busca camuflar as diferenças de classes sociais
antagônicas e de fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos
referenciais identificadores de todos e para todos, como, por exemplo: a Humanidade, a Liberdade, a
Igualdade, a Nação, o Estado, a Pátria, o Progresso, a Família e etc.
Marx foi crítico da sociedade capitalista ao dizer que os detentores do capital, os donos dos meios de
produção e chamados capitalistas, formavam uma classe dominante que utiliza de sua ideologia para
manipular os dominados, o proletariado, e que possuíam apenas sua força de trabalho.
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https://www.clicksociologico.com/2020/04/infografico-socializacao-grupos-sociais.html
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3. Émile Durkheim
Para Durkheim, na relação indivíduo e sociedade, ele destaca que a sociedade prevalece sobre o indivíduo.
A sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem
apenas na consciência dos indivíduos, mas que são construídos exteriormente. Isto é, fora das consciências
individuais. Em outras palavras, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não
foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser
seguidas por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria e é por isso que os indivíduos devem
obedecê-las. Os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. O modo de vestir,
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a língua, o sistema monetário, a religião e uma infinidade de outros fenômenos são consideradas fatos
sociais.
As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem leis que organizam a
vida em conjunto. O indivíduo isolado não cria leis nem pode modificá-las. São as gerações de homens que
vão criando e reformulando coletivamente as leis. Essas leis são transmitidas para as gerações seguintes
na forma de códigos, decretos, constituições, etc. como indivíduos isolados, temos de aceita-las; sob pena
de sofrer castigos por viola-las.
Seguindo essas ideias, Durkheim afirmara que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da sociologia, é
justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos
sociais são diferentes dos fatos estudados por outras ciências por terem origem na sociedade, e não na
natureza (como nas ciências naturais) ou no indivíduo (na psicologia).
Esses fatos sociais têm três características básicas que permitirão sua identificação na realidade, elas são:
gerais, exteriores e coercitivos.
1ª. Generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo;
2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade. Isto é,
consistem em ideias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas
foram criadas pela coletividade e já existem fora de nós quando nascemos.
3ª. Coercitividade – os indivíduos veem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido porque essas
ideias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade; se isso não acontece, se alguém
desobedece a elas, é punido, de alguma maneira pelo resto do grupo.
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4. Max Weber
AÇÃO SOCIAL
Para Weber a sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da ação social para a
partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos.
Para Max Weber, a análise sociológica estará centrada nos atores e em suas ações. O agente individual é
a unidade da análise sociológica, a única entidade capaz de conferir significado às suas ações. A sociedade
não é algo exterior e superior aos indivíduos; a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das
ações individuais reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social,
que é qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Toda vez que se estabelecer
uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, terá então relações sociais.
Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação a partir de suas
ações com os demais. Nem toda ação, desse ponto de vista, será social, mas apenas aquelas que
impliquem alguma orientação significativa visando outros indivíduos.
AÇÃO: toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivo dado por quem
executa e que orienta essa ação.
AÇÃO SOCIAL: quando a orientação tem em vista a ação de um outro ou de outros agentes. Só existe
ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com
os demais.
Para compreender uma ação social é necessário observar o contexto em que ela ocorre, e que só tem
significado quando envolve outro indivíduo. A explicação sociológica busca compreender e interpretar o
sentido, o desenvolvimento e os efeitos da conduta de um ou mais indivíduos referida a outro ou outros, não
se propondo a julgar a validez de tais atos nem a compreender o agente enquanto pessoa.
Os 4 tipos de Ações Sociais foram separadas na ordem da mais espontânea para a mais
racionalizada. Veja o que segue:
1) Ação Afetiva: determinada por afetos ou estados sentimentais. Ela é motivada e gerada pelos
sentimentos de seu agente em relação aos outros.
Exemplo: brigas entres torcidas, motivadas pelo sentimento de rivalidade; brigas motivadas por ofensas
entre dois agentes; consolar um amigo que sofreu alguma perda; uma declaração de amor.
2) Ação Tradicional: determinada por um costume ou um hábito arraigado.
Exemplos: pedir benção aos mais velhos; usar pronomes de tratamento; cumprimentos como bom dia, boa
tarde, boa noite; a noiva que joga o buquê. Essas ações são motivadas pelo costume, pelo "ontem eterno".
3) Ação Racional com Relação a Valores: determinada pela crença consciente num valor considerado
importante, independentemente do êxito desse valor na realidade. O sentido não se encontra na
consequência, mas na própria conduta.
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Exemplo: Kamikazes e homens bombas, motivados pelo valor de honra e dever para com sua nação ou
deus. Nessa situação de suicídio, o agente assume a responsabilidade sobre o ato de tirar sua vida (ato
racional), levando em conta seus valores e suas crenças.
4) Ação Racional com Relação a Fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza meios
necessários para alcançar tais finalidades. Exemplo: Estudar motivado a ter um diploma, conseguir um
emprego ou passar no vestibular; o cálculo prévio antes de investir em algum negócio; os estudos e cálculos
de um engenheiro antes de construir uma ponte.
ATIVIDADES
01) (Unimontes 2012) A perspectiva weberiana de estudos sociológicos fundamenta-se na possibilidade de
o cientista compreender a ação social do indivíduo, ou seja, em atores sociais capazes de conduzir suas
próprias ações, que têm motivações e sentidos. Para ele, a ação social e suas diferentes motivações levam
a quatro categorias ou tipologias. Assinale as colunas correspondentes às características de cada uma.
1- Ação social racional em relação a fins
2- Ação social racional com relação a valores
3- Ação social tradicional
4- Ação social afetiva
( ) O agente tem motivações e inspirações imediatas como, por exemplo, de medo, de ódio ou entusiasmo.
( ) São modos de condutas que obedecem a estímulos habituais, de modo que ocorrem e são praticadas
por vários agentes como um costume.
( ) O agente possui um comportamento fiel às suas convicções como, por exemplo, na política ou no
exercício da liberdade religiosa.
( ) O agente disporá de todos os meios necessários para atingir um fim preestabelecido como, por exemplo,
quando ele está praticando uma ação no mercado.
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02) Para Weber, “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado
mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.” (COHN, 1991. p. 128).
Nesse sentido, as ações de Mahatma Gandhi, líder no movimento de independência da Índia, representam
qual tipo de dominação na análise weberiana?
a) Dominação Legal b) Dominação Anômica
c) Dominação Carismática d) Dominação Altruísta
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03) (Unicentro 2012) Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja
tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele
figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber realmente o faz. No
entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais importante para a
análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela aponta, para o objetivo
visado nela; para o seu fim, em suma. COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática,
1979.
A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em:
a) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais.
b) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens.
c) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados.
d) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares.
e) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros.
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04) (Ufu 2011) Na concepção de Weber, a política é uma atividade geral do ser humano. A atividade política
se desenvolve no interior de um território delimitado e a autoridade política reivindica o direito de domínio,
ou seja, o direito de poder usar a força para se fazer obedecer. Se há obediência às ordens, ocorre uma
situação de dominação.
Sobre os tipos de dominação, assinale a alternativa correta.
a) A dominação legal racional é a mais impessoal, pois se baseia na aplicação de regras gerais aos casos
particulares.
b) O patrimonialismo é o tipo mais característico de dominação legal racional.
c) A forma mais típica de dominação tradicional é a burocracia.
d) A dominação carismática constitui um tipo bastante comum de poderio, na medida em que se baseia na
crença em qualidades pessoais corriqueiras.
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05) Karl Marx, mediante análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, criou uma série de
conceitos econômicos, políticos e sociais que foram a base da ideologia socialista. Acerca do Marxismo,
todas as alternativas estão corretas, exceto a:
a) O Socialismo Científico de Marx defendia uma proposta revolucionária para o proletariado.
b) O Marxismo defende que os meios de produção sejam controlados pela iniciativa privada, deixando ao
Estado a administração das empresas públicas.
c)Para a Revolução Socialista, o comunismo representaria o fim das desigualdades econômicas e sociais.
d) Para Marx, a exploração do operariado ficava evidente no conceito de mais-valia.
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06) Explique as duas grandes classes que existem na sociedade capitalista definidas por Marx?
07) Na concepção de Durkheim, O que é fato social?
08) Qual o objeto de estudo da sociologia, segundo Durkheim?
09) O que é o tipo ideal e o que ele corresponde?
10) O que é ação?
11) Qual o objeto de estudo da sociologia segundo Weber?
TEORIA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES, ESTAMENTOS E
PARTIDOS
No estudo das relações sociais, Weber percebeu que nas sociedades a existência de diferenças sociais
pode ter vários princípios explicativos, sendo que o critério de classificação mais relevante é dado pela
dominância, em cada unidade histórica, de uma forma de organização ou pelo peso particular que cada uma
das diversas esferas da vida coletiva possa ter, essas esferas são: econômica, religiosa, política, jurídica,
social, cultural – cada uma com sua lógica particular de funcionamento. Assim Weber, destacou as três
esferas (dimensões) da sociedade, sendo que cada esfera possui sua ordem de estratificação própria:
▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse econômico é fator que cria uma classe, podendo-se
até considerar que as classes estão estratificadas segundo suas relações com a produção e a aquisição de
bens; a estratificação econômica é, portanto, representada pelos rendimentos, bens e serviços que o
indivíduo possui ou de que dispõe.
▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social, onde os grupos de status estratificam-se em função do
princípio de consumo de bens, representados por estilos de vida específicos, a estratificação social é,
portanto, evidenciada pelo prestigio e honra desfrutados.
▪ Partidos – refere-se a ordem política, que manifesta-se através do poder; a estratificação política é assim
observada através da distribuição do poder entre grupos e partidos políticos, entre indivíduos no interior dos
grupos e partidos, assim como entre os indivíduos na esfera da ação política.
O QUE É CULTURA?
Você certamente já deve ter percebido que certas palavras são utilizadas com mais de um sentido.
É precisamente esse o caso do termo “cultura”. É comum, por exemplo, ouvirmos dizer que determinada
pessoa tem cultura porque fala vários idiomas ou porque conhece muitas obras de literatura. Saindo do
plano individual, também é frequente lermos que certa civilização produziu uma cultura muito complexa do
ponto de vista religioso. Além desses dois usos, eventualmente nos deparamos com pessoas que costumam
comparar a época atual com a do passado, dizendo, por exemplo, que as pessoas da década de 1970 não
apreciavam a cultura pop internacional tanto quanto as de hoje o fazem. Em todos esses casos, estamos
diante da mesma palavra, “cultura”. Mas os sentidos com que ela aparece em cada um dos contextos são
bastante diferentes, conforme notou o pensador Félix Guattari. Uma das contribuições de Guattari é a
distinção dos três sentidos usuais de “cultura”: cultura-valor, cultura-alma coletiva e Cultura
mercadoria.
Cultura como valor (Capital cultural): Ela expressa a ideia de que é possível ter ou não ter determinada
cultura. É o caso, por exemplo, dos brasileiros que dominam a língua francesa, latina ou alemã, sendo, por
isso, considerados cultos. O uso do termo “cultura” para denotar um valor permite, portanto, determinar a
distinção entre quem tem e quem não tem uma suposta cultura (por exemplo, artística, musical, científica,
filosófica e matemática, dentre outras). A noção de cultura como valor permite, ainda, classificar certo
indivíduo como pertencente ao meio culto ou inculto, dentre muitos outros. Pessoas que não dominam as
normas da língua culta para a escrita, por exemplo, tendem a ser classificadas como incultas.
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Cultura-alma coletiva: É o uso cotidiano da palavra “cultura”, o chamado “cultura-alma coletiva”, é sinônimo
de “civilização”. Nesse caso, estamos diante da noção de que todas as pessoas, grupos e povos têm cultura
e identidade cultural. A população do interior do estado de São Paulo, por exemplo, tem como parte
integrante de sua identidade cultural um sotaque bastante peculiar na pronúncia do “r” em palavras como
“porta”, “jantar” e “dormir”, dentre tantas outras. É nesse sentido, portanto, que falamos de cultura negra,
chinesa ou ocidental, sempre fazendo referência aos traços culturais que possibilitam a identificação e a
caracterização dos indivíduos que constituem esses povos.
Cultura-mercadoria: O uso do termo “cultura” como cultura-mercadoria corresponde, segundo
Guattari, à chamada “cultura de massa”. Nesse caso, não se trata de avaliar a qualidade da cultura que
determinada pessoa tem ou não, nem tampouco de delimitar os traços culturais de um povo (como os
habitantes do interior de São Paulo). A noção de cultura-mercadoria está ligada a bens, equipamentos e
conteúdos teóricos e ideológicos de produtos que estão à disposição das pessoas que querem e podem
comprá-los. São os casos, por exemplo, de serviço, filmes, livros, músicas, novelas, séries e programas de
reality shows consumidos por milhões de pessoas dentro e fora do Brasil. Ou seja, gente com repertórios
culturais muito distintos (primeiro sentido) e oriundos de culturais extremamente diversificadas (segundo
sentido) pode muito bem partilhar a mesma cultura-mercadoria quando assiste ao Big Brother ou escuta
Katy Perry. Disponível em : https://doutorgori.wordpress.com/2012/08/15/a-charge-da-semana/ - acesso 15/06/2020
RELATIVISMO CULTURAL e ETNOCENTRISMO
O relativismo cultural é um movimento que considera as culturas de modo geral, diferente uma das outras
em relação aos postulados básicos, embora tenham características comuns.
Todos os povos formulam juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus. Por isso, o relativismo
cultural não concorda com a ideia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as
avaliações devem ser sempre relativas à própria cultura onde surgem.
Os padrões ou valores de certo ou errado, dos usos e costumes das sociedades em geral, estão
relacionados com a cultura da qual fazem parte. Dessa maneira, um costume pode ser válido em relação a
um ambiente cultural e não a outro.
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em
considerar o seu modo de vida como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é
responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. Estas tendências
contém o germe do racismo, da intolerância, e frequentemente, são utilizados para justificar a violência
contra outros. Entretanto o etnocentrismo apresenta um aspecto positivo, ao ser agente de valorização do
próprio grupo.
Cada povo tem uma cultura própria, cada sociedade elabora sua própria cultura e recebe influência de
outras culturas; dessa forma, todas as sociedades, desde as simples até as mais complexas, possuem
cultura. Não há sociedade sem cultura, assim como não existe ser humano destituído de cultura.
DIVERSIDADE CULTURAL E ETNOCENTRISMO
O etnocentrismo denota a maneira pela qual um grupo, identificado por sua particularidade cultural, constrói
uma imagem do universo que favorece a si mesmo. Compõe-se de uma valorização positiva do próprio
grupo, e um referência aos grupos exteriores marcada pela aplicação de normas do seu próprio grupo,
ignorando, portanto, a possibilidade de o outro ser diferente. Sendo baseado numa preferência que não
encontra uma validade racional, o etnocentrismo é encontrado, em diferentes graus, em todas as culturas
humanas. Mas não é só o fato de preferir a própria cultura que constitui o que se convencionou chamar de
etnocentrismo, e sim o preconceito acrítico em favor do próprio grupo e uma visão distorcida e
preconceituosa em relação aos demais. O etnocentrismo é um fenômeno sutil, que se manifesta através de
omissões, seleção de acontecimentos importantes, enunciado de um sistema de valores particular, etc.
Em sua expansão, a partir do século XV, as sociedades europeias se defrontaram com outras sociedades
e perceberam que estas não eram feitas à sua imagem. A reação imediata do Ocidente foi o etnocentrismo.
Em seu avanço, a cultura europeia não só é etnocêntrica, como também etnocidária. O etnocídio é a
destruição de modos de vida e de pensamentos diferentes dos compartilhados por aqueles que conduzem
à prática da destruição, que reconhecem a diferença como um mal que deve ser sanado mediante a
transformação do Outro em algo idêntico ao modelo imposto. Resulta disso, segundo Jaulin, que o conjunto
submetido a essa cultura é homogêneo, pois provém da extensão de si mesmo e da negação do Outro. O
outro é sempre negado pelas culturas europeias, pois o universo no qual está integrado passa a depender
dessas culturas.
TELLES, Norma. A imagem do índio no livro didático: equivocada, enganadora. Em Aracy Lopes da Silva (organizadora), A questão
indígena na sala de aula, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 75-6.
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CULTURA POPULAR E CULTURA ERUDITA
Muito provavelmente você sabe o que é cultura, mas é preciso ressaltar que cultura, muitas vezes é
confundida com aquisição de conhecimentos, com educação, com erudição. A cultura é informação, é a
reunião de conhecimentos aprendidos no decorrer de nossas vidas, é herança social.
Por ser uma herança social, o ser humano “recebe” a cultura dos seus antepassados, mas cada pessoa,
cada indivíduo é capaz de modificar a cultura herdada, pois a cultura é modificável, flexível, o ser humano
“recebe” a cultura e a remodela, portanto, a cultura não é fixa.
E, falando em erudição, a chamada cultura erudita está associada às elites, os seus produtores fazem parte
de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento é proveniente do pensamento
científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução
vasta e variada adquirida, sobretudo pela leitura). A arte erudita e de vanguarda é produzida visando
museus, críticos de arte, propostas revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação. A Cultura
Erudita é a produção acadêmica centrada no sistema educacional, sobretudo na universidade, produzida
por uma minoria de intelectuais.
Cultura é tudo aquilo que aprendemos e compartilhamos com nossos semelhantes. Ela é relativa, não existe
uma cultura boa, ou uma cultura ruim, superior ou inferior, como acreditavam os alemães, inclusive criadores
da compreensão que muitos de nós ainda temos de “Cultura” com
C maiúsculo, indicando superioridade, e neste sentido quem compreende a cultura desta forma arcaica e
equivocada tende a fazer afirmações do tipo: “ fulano é culto” “Fulano não tem cultura” ora, todos e todas
temos cultura!
Cultura pode por um lado referir-se à alta cultura, à cultura dominante, ou seja, a cultura erudita, e por outro,
a qualquer cultura. No primeiro caso, cultura surge em oposição à selvageria, à barbárie; cultura é então a
própria marca da civilização, como queriam os alemães ao idealizarem a ideia da “Kultur” alemã indicando
a superioridade da cultura alemã em detrimento das outras culturas, como modelo de civilidade, de
progresso. Ou ainda, a alta cultura surge como marca das camadas dominantes da população de uma
sociedade; se opõe à falta de domínio da língua escrita, ou à falta de acesso à ciência, à arte e à religião
daquelas camadas dominantes. No segundo caso, pode-se falar de cultura a respeito de todos os povos,
nações, grupos ou sociedades humanas.
Cultura está muito associada a estudo, educação, formação escolar, o que não é correto; por vezes se fala
de cultura para se referir unicamente às manifestações artísticas, como o teatro, a música, a pintura, a
escultura, cinema, logo ouvimos falar também de acesso à cultura. Outras vezes, ao se falar na cultura da
nossa época ela é quase que identificada com os meios de comunicação de massa, tais como o rádio, a
televisão. Ou então cultura diz respeito às festas e cerimônias tradicionais, às lendas e crenças de um povo,
ou a seu modo de se vestir, à sua comida, a seu idioma. A lista ainda pode aumentar mais.
Contudo, devemos entender como cultura todas as maneiras de existência humana. Essa tensão entre
referir-se a uma cultura dominante ou a qualquer cultura, permanece, e explica-se em parte a multiplicidade
de significados do que seja cultura. Notem que é no segundo sentido que as ciências sociais costumam
falar de cultura, no sentido amplo, como fenômeno unicamente humano, que se refere a capacidade que o
ser humano tem de dar significados às suas ações e ao mundo que os rodeia.
Cabe aqui iniciarmos uma conversa sobre cultura popular, que aparece associada ao povo, às classes
excluídas socialmente, às classes dominadas. Ao contrário da cultura erudita, a cultura popular não está
ligada ao conhecimento científico, pelo contrário, ela diz respeito ao conhecimento vulgar ou espontâneo,
ao senso comum. Geralmente a cultura popular é identificada com folclore, conjunto das lendas, contos e
concepções transmitidas oralmente pela tradição. É produzida pelo homem do campo, das cidades do
interior ou pela população suburbana das grandes cidades.
A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que é ligada à tradição
(costumes, crenças, rituais) mas incorpora novos elementos culturais. Muitas vezes a incorporação de
elementos modernos pela cultura popular (como materiais como plástico, por exemplo) a transformação de
algumas festas tradicionais em espetáculos para turistas (como o carnaval) ou a comercialização de
produtos da arte popular são, na verdade, modos de preservar a cultura popular a qualquer custo e de seus
produtores terem um alcance maior do que o pequeno grupo de que fazem parte.
Todos os indivíduos, todos os seres humanos tem cultura, no entanto, cada cultura é diferente da outra,
mesmo povos ditos incivilizados tem cultura, pois a cultura não baseia-se somente na linguagem escrita, e,
como é herança social é transmitida de geração em geração. Cultura compreende uma série de elementos,
como costumes, crenças religiosas, vestimenta, língua, objetos, rituais etc.
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PADRÃO CULTURAL e ACULTURAÇÃO
Dentro de todas as sociedades existe um padrão cultural, que é uma norma estabelecida pela sociedade,
os indivíduos normalmente agem de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade em que vivem.
No Brasil, por exemplo, o casamento monogâmico é um padrão de nossa cultura. Se existem sociedades
diferentes, é porque existem culturas diferentes, e na maioria das vezes contatos entre essas culturas.
Exemplo disso é a formação sociocultural brasileira.
Durante a colonização no Brasil, ocorreram intensos contatos entre cultura do colonizador português e as
culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos. Como consequências desse contato
ocorreram modificações que deram origem a cultura brasileira; esse contato e mudanças culturais são
conhecidos como aculturação.
SOCIALIZAÇÃO E IDENTIDADE DE GÊNERO
“Não se nasce mulher, torna-se mulher” — Simone de Beauvoir
“Um caminho dentro da Sociologia para se analisar “as origens das diferenças de gênero é estudar a
socialização do gênero, a aprendizagem de papéis do gênero com o auxílio de organismos sociais, como a
família e a mídia. Essa abordagem faz distinção entre sexo biológico e gênero social — uma criança nasce
com o primeiro e desenvolve o segundo. Pelo contato com vários organismos sociais, tanto primários como
secundários, as crianças internalizam gradualmente as normas e as expectativas sociais que são
percebidas como correspondentes ao seu sexo. As diferenças de gênero não são biologicamente
determinadas, são culturalmente produzidas. De acordo com essa visão, as desigualdades de gênero
surgem porque homens e mulheres são socializados em papéis diferentes. ” Na socialização do gênero
“meninos e meninas são guiados por “sanções” positivas e negativas, forças socialmente aplicadas que
recompensam ou restringem o comportamento. Por exemplo, um menino poderia ser sancionado
positivamente em seu comportamento (“Que menino valente você é! ”), ou ser alvo de sanções negativas
(“Meninos não brincam com bonecas”). Essas afirmações positivas e negativas ajudam meninos e meninas
a aprender os papéis sociais esperados e a adequar-se a eles. ” “As influências sociais na identidade de
gênero fluem por meio de diversos canais; ” … “Estudos sobre as interações entre pais e filhos, por exemplo,
mostram diferenças distintas no tratamento de meninos e meninas, mesmo quando os pais acreditam que
suas reações para ambos sejam iguais. Os brinquedos, os livros ilustrados e os programas de televisão
experiências por crianças tendem a enfatizar diferenças entre os atributos masculinos e femininos. Embora
a situação, de alguma forma, esteja mudando, os personagens masculinos em geral superam em número
os femininos na maior parte dos livros infantis, contos de fadas, programas de televisão e filmes. Os
personagens masculinos tendem a representar papéis mais ativos e aventurosos, enquanto os femininos
são retratados passivos, esperançosos e voltados à vida doméstica. Pesquisadoras feministas
demonstraram como produtos culturais e de mídia, comercializados para audiências jovens, encarnam
atitudes tradicionais para com o gênero e os tipos de objetivos e ambições esperados em meninos e
meninas. ” Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br
Desigualdades de gênero — Conceitos básicos
O sexo biológico se refere a diferenças físicas e biológicas entre os membros do sexo masculino e do
feminino. Gênero, por outro lado, é um conceito social. É um termo que se refere aos aspectos culturais e
sociais associados ao fato de se pertencer ao sexo masculino ou feminino.
A manifestação social da identidade de gênero de acordo com as expectativas culturais e sociais constitui
o papel social de gênero, que se refere a forma como a sociedade espera que uma pessoa se comporte
pelo fato de pertencer ao sexo masculino ou feminino, determina por exemplo, como
Homens e mulheres devem se vestir, pensar, falar e interagir e refletem os valores da sociedade e são
transmitidos de geração em geração.
As posturas para o comportamento sexual não são uniformes entre as sociedades do mundo.
No século XIX, os pressupostos religiosos sobre a sexualidade foram substituídos em parte por visões
médicas. Observa-se uma transição nas sociedades ocidentais para um posicionamento mais liberal sobre
a sexualidade, com a liberação da sexualidade especialmente a partir da década de 1960.
Falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura.
A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem ou ser
mulher. O gênero é uma forma significativa de estratificação social. As desigualdades de gênero ocorrem
porque os homens e as mulheres são socializados para papéis diferentes; são orientados nesse processo
por sanções positivas e negativas, forças socialmente aplicadas que recompensam ou limitam o
comportamento.
19
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
A socialização designa o processo que introduz uma pessoa à sua cultura e na qual aprende a viver em
sociedade e a decodificar as formas de fazer, de agir, de pensar e de sentir do seu ambiente social e cultural.
(Rocher, 1968) Deste modo através do processo de socialização a pessoa constrói a sua identidade social
e interioriza as normas, os valores e os saberes que lhe permitem entrar em relação com os outros e de
funcionar no seio de um grupo, na sociedade.
Mudanças sociais na vida das mulheres: Evidentemente, a presença de uma fala feminina em locais que
lhes eram até então proibidos, ou pouco familiares, é uma inovação do século XIX que muda o mundo
moderno. Contudo ainda existem muitas esferas em que a desigualdade é grande.
As Diversas formas de ser/conhecer produzidas pelos diferentes povos
Quem são os Povos e Comunidades Tradicionais
Caiçaras, faxinalenses, povos de terreiros, quilombolas, indígenas, ciganos: o que estes e outros grupos
têm em comum? São todos considerados povos e comunidades tradicionais, reconhecidos como “grupos
culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização
social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural,
social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
transmitidos pela tradição” (PNPCT, 2007). Os povos e comunidades tradicionais do Brasil estão presentes
em praticamente todos os estados.
De sua totalidade, 28 segmentos diferentes, que se
agrupam de acordo com características sociais,
culturais, econômicas e pelo critério da auto definição,
estão representados atualmente na Comissão
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos
e Comunidades Tradicionais (CNPCT). Muitos destes
povos e comunidades extraem da biodiversidade
brasileira os recursos para sua manutenção e
reprodução social e lutam para preservar sua
identidade e territórios. A valorização de aspectos
culturais como festas, religiosidade, os modos de vida
e produção caminha lado a lado com o processo de
organização social desses grupos, visando tratar de
questões essenciais a esses segmentos como: o
acesso ao território, à terra; o enfrentamento de
processos discriminatórios e de ameaças à sua cultura
e modo de viver.
POVOS TRADICIONAIS E SUSTENTABILIDADE
São populações tradicionais da Amazônia: indígenas, seringueiros, castanheiros, extrativistas, ribeirinhos,
pescadores artesanais, quebradeiras de coco, pequenos agricultores, quilombolas, povos da floresta. Essas
comunidades vivem preservando a cultura da floresta, vivem da agricultura de subsistência, da pesca e da
caça e coletam produtos naturais para constituir renda.
Esses povos são culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas
gerados e transmitidos pela tradição.
A Amazônia é palco de comunidades tradicionais que utilizam os recursos provenientes da cobertura
florestal e usam os recursos no presente sem comprometer o futuro. Essa intrínseca relação de dependência
entre os comunitários e a floresta torna as populações tradicionais mais vulneráveis às mudanças climáticas
(fenômenos naturais), transformando-as nas principais vítimas da destruição do meio ambiente, ocasionada
pela cultura exploratória que impera na Amazônia.
Neste contexto tronou-se necessário fomentar o desenvolvimento de projetos sustentáveis, cujo objetivo, é
promover a geração de emprego e renda, a preservação do meio ambiente e o fortalecimento da cultura da
floresta. Desenvolvimento sustentável ou Sustentabilidade significa: “satisfazer as necessidades das atuais
gerações sem comprometer a habilidade de futuras gerações em atender às suas próprias necessidades”.
Muitos desses projetos são direcionados para a capacitação das comunidades para que possam gerir e dar
continuidade aos trabalhos. São exemplos de projetos sustentáveis: cursos de novas técnicas de plantio,
cultivo e criação de animais e capacitação para a fabricação de objetos artesanais, biojóias e ecoturismo.
20
A importância desses povos está no fato de: se as populações tradicionais são beneficiadas com os produtos
provenientes da floresta, as riquezas biológicas encontradas na Amazônia são preservadas por essas
comunidades que atuam como guardiãs da natureza, reduzindo gradativamente a exploração dos recursos
naturais pelos grileiros, sojeiros, pecuaristas e demais criminosos ambientais interessados em destruir a
biossociodiversidade da maior floresta tropical do Planeta. A preservação dos valores e da cultura das
populações tradicionais contribuirá para o avanço de um modelo de desenvolvimento sustentável na
Amazônia, garantindo o fortalecimento da cidadania dos povos da floresta.
Ciganos: No Brasil, existem vários grupos que compõem os povos ciganos, por exemplo: os Rom, os
Sinti, os Calon. Cada um desses grupos étnicos possui dialetos, tradições e costumes próprios. Muitos deles
ainda estão voltados às atividades itinerantes tradicionais da cultura cigana, porém nem toda pessoa de
etnia cigana é nômade. Muitos têm residência fixa, variando desde casas sofisticadas à tendas,
acampamentos e casas de pau a pique. (fonte: cigano MDS).
Observa-se o crescente número de núcleos familiares sedentarizados em bairros na procura por melhores
condições de vida, saúde e educação, sem perder a essência de suas tradições e costumes. Dada a origem
distinta das etnias, não existe uma única língua cigana. Com isso, a língua falada por um Rom não é
entendida por um Calon, e vice-versa, o que evidência que, apesar de ambas etnias receberem a
denominação de “ciganos”, existem importantes diferenças. Nesse ponto, destaca-se a importância do
convívio em comunidade por parte dos ciganos para que sua cultura seja transmitida e preservada ao longo
do tempo. (informativo cigano MDS)
Há ainda enorme desafio em estimar a quantidade de ciganos residentes no Brasil. Estão distribuídos em
todos os estados da Federação e no Distrito Federal. Somente no Cadastro Único, foram contabilizados 22
mil ciganos em 2018.
Povos e comunidades de matriz africana e povos e comunidades de terreiro
Povos de terreiro são o conjunto de populações, em sua maioria de origem afro-brasileira, que está ligado
às comunidades religiosas de matrizes africanas por vínculos de parentescos ou iniciáticos.
Assim se definem em razão do pertencimento, uma vez que se estruturam em torno de organizações sociais
religiosas de intensa forma de sociabilidade coletiva. Religiões de africanas são os conjuntos de práticas
religiosas que se originaram através das populações negras africanas escravizadas no Brasil (PORTAL YPADE
disponível em: http://portalypade.mma.gov.br/).
Os terreiros são locais sagrados de culto e estão presentes em todo o Brasil. Esses territórios tradicionais
mantêm intensa relação com a comunidade de seu entorno, são espaços que tem um enorme potencial na
promoção da saúde, educação, cultura, e segurança alimentar (Plano Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, 2013)
A oralidade é um princípio civilizatório destes povos. É através da oralidade que estes povos transmitem
sua tradição e ancestralidade. (Povos e comunidades tradicionais de matriz - caderno de debates).
Quilombola
As comunidades quilombolas, de acordo com o Decreto n° 4887, de 20 de novembro de 2003, são “grupos
étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações
territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão
histórica sofrida”. O movimento de luta pela garantia dos direitos quilombolas é histórico e político. Traz em
seu íntimo uma dimensão secular de resistência, na qual homens e mulheres negros buscavam o quilombo
como possibilidade de se manterem física, social e culturalmente, em contraponto à lógica colonial e pós-
colonial (CONAQ disponível em: http://conaq.org.br/).
São, de modo geral, comunidades oriundas daquelas que resistiram à brutalidade do regime escravocrata
e se rebelaram frente a quem acreditava serem eles sua propriedade.
As comunidades remanescentes de quilombo se adaptaram a viver em regiões por vezes hostis. Porém,
mantendo suas tradições culturais, aprenderam a tirar seu sustento dos recursos naturais disponíveis ao
mesmo tempo em que se tornaram diretamente responsáveis por sua preservação, interagindo com outros
povos e comunidades tradicionais tanto quanto com a sociedade envolvente. Seus membros são
agricultores, seringueiros, pescadores, extrativistas e, dentre outras, desenvolvem atividades de turismo de
base comunitária em seus territórios, pelos quais continuam a lutar. (FUNDAÇÃO PALMARES disponível em:
http://www.palmares.gov.br).
Embora a maioria esmagadora encontre-se na zona rural, também existem quilombos em áreas urbanas e
peri-urbanas. O Território Remanescente de Comunidade Quilombola é uma concretização das conquistas
da comunidade afro descendente no Brasil, fruto das várias e heroicas resistências ao modelo escravagista
e opressor instaurado no Brasil colônia e do reconhecimento dessa injustiça histórica (CONAQ disponível em:
http://conaq.org.br/).
São consideradas terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos, segundo o Artigo
2º do Decreto 4.887/2003, as utilizadas para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e
cultural.
21
Outras comunidades tradicionais:
Caiçara: Os Caiçaras são integrantes de comunidade de pescadores artesanais das regiões de São
Paulo, Paraná e sul do Rio de Janeiro. Catadoras de Mangaba: Vivem da extração da Mangaba. Atividade
predominante feminina. A coleta também requer um conjunto de práticas e saberes tradicionais.
Cipozeiros: é aquele que vive da extração do cipó imbé e o utiliza para fabricar artesanato de cestos e
demais utensílios domésticos.
Geraizeiros: são as populações que habitam os campos gerais do estado de Minas Gerais. Seu modo
de vida é completamente alinhado às características do Cerrado, de onde tiram tudo o que é necessário
para sobreviver. Atuam de forma diversificada na produção dos meios de vida, por meio da criação de
animais, plantações e extrativismo.
Pantaneiros: caracterizam-se por serem moradores do Pantanal há várias gerações, possuindo
costumes e cultura próprios, influenciados diretamente pelas relações estabelecidas com o meio ambiente
e com os ciclos de cheia e seca das águas, utilizando-a como meio de transporte e de subsistência.
Vazanteiros: São residentes das margens e ilhas do Rio São Francisco que cotidianamente interagem
com as condições e mudanças desse e dos rios do entorno. O nome vazanteiro provém do costume de usar
os terrenos de vazante nas margens do rio São Francisco para praticar a agricultura de subsistência.
ATIVIDADES
01) A cultura material nada mais e que a importância que determinados objetos possuem para determinado
povo e sua cultura. E também através da cultura material que se ajuda a criar uma identidade comum. Já a
cultura imaterial e uma manifestação de elementos representativos, de hábitos, de práticas e costumes. A
transmissão dessa cultura se dá muitas vezes pela tradição.
São exemplos de cultura Imaterial:
a) ( ) A religião, o sotaque e a roupa de um povo.
b) ( ) Comidas típicas, a roupa, arquitetura e a música.
c) ( ) Utensílios, a arquitetura, folclore e comidas típicas.
d) ( ) Festas, a religião, o folclore e o sotaque.
e) ( ) Sotaque, a roupa, arquitetura e a música.
____________________________________________________________________________________
02) E uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo e tomado como centro de tudo e todos os outros
são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a
existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano
afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc. A definição corresponde a quais conceitos?
a) ( ) Relativismo cultural. b) ( ) Etnocentrismo.
c) ( ) Heliocentrismo. d) ( ) Diversidade cultural.
_____________________________________________________________________________________
03) Não corresponde a uma atitude ou visão etnocêntrica
a) ( ) os índios brasileiros não tiveram a sua mão de obra aproveitada pelos portugueses por que eram
preguiçosos e não gostavam de trabalhar.
b) ( ) As favelas são lugares carentes de cultura.
c) ( ) Toda sociedade possui seu valor e devem ser respeitadas em suas diversidades.
d) ( ) O Funk devido ao erotismo e ao estimulo ao consumo presentes nas letras de suas músicas não pode
ser considerado uma manifestação Cultural.
_____________________________________________________________________________________
04) O conceito “São diferenças culturais que existem entre os seres humanos. Ha vários tipos, tais como: a
linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização da Sociedade” diz respeito a:
a) Ações etnocêntricas. b) Diversidade Cultural.
c) Relatividade Moral. d) Descritivíssimo Antropológico
22
05) “As práticas religiosas indígenas, contudo, não desapareceram, convivendo com o pensamento cristão.
O mesmo ocorreu com os negros vindos da África, que trouxeram para cá sua cultura religiosa [...] Uma
prova da mistura e da presença das várias tradições culturais e religiosas no Brasil era a chamada ‘bolsa
de mandinga’, pequeno recipiente no qual se guardavam vários amuletos com o objetivo de oferecer
proteção e sorte a quem a carregava. Dentro da bolsa encontravam-se objetos das culturas europeias,
africana e indígena, podendo conter enxofre, pólvora, pedras, osso de defunto, papéis com dizeres religiosos
ou símbolos, folhas, alho e outros elementos que variavam conforme o uso a que ela se destinava”.
(MONTELLATO, Andrea. História temática: diversidade cultural e conflitos. São Paulo: Scipione, 2000. P.
145.)
É correto afirmar que o texto refere-se a:
a) Um processo chamado de aculturação em que os grupos abandonam suas tradições.
b) Uma forma de organizar as diferenças que os homens percebem na natureza e no mundo social.
c) Um processo de ressignificação de elementos culturais tendo como resultado uma nova configuração.
d) Um movimento de eliminação de determinadas culturas quando transpostas para fora da sua área de
origem.
_____________________________________________________________________________________
06) O que são comunidades Tradicionais?
07) Como que vivem as comunidades tradicionais da floresta Amazônica?
08) Podemos afirmar que todos os grupos de ciganos existentes no Brasil, possuem os mesmos traços
culturais e falam a mesma língua? Explique.
09) Explique quem são as seguintes comunidades tradicionais:
A) Quilombolas
B) Geraizeiros
C) Comunidades de terreiros:
FORMAS DE ESTRATIFICAÇÕES SOCIAIS
João e José nasceram no mesmo dia e na mesma cidade. João é filho de trabalhadores informais. A mãe
trabalha como diarista em diversas casas na zona nobre da cidade. O pai era operário fabril, mas, com a
crise, perdeu o emprego e passou a executar pequenos serviços de reparos na vizinhança. A família mora
numa comunidade localizada em um bairro da periferia. José é filho de uma médica e de um empresário. A
família reside num bairro de classe média alta numa área muito valorizada da cidade.
João estudou em escolas públicas e saiu poucas vezes da cidade. Como mora distante do centro, frequenta
muito pouco os pontos turísticos e os museus. José, por sua vez, viajou bastante e conhece, inclusive,
museus de outros países. Será que João e José têm expectativas iguais para o futuro? Caso elas sejam
iguais, as possibilidades de elas se concretizarem são semelhantes? As situações narradas acima são
fictícias, porém, dialogam diretamente com a realidade com que nos deparamos todos os dias no Brasil e
no mundo. Como explicar diferenças tão grandes entre jovens nascidos na mesma cidade e no mesmo dia?
Para compreender esse fenômeno, vamos estudar neste capítulo as diferentes formas de estratificação e
de desigualdades sociais presentes nas sociedades modernas e contemporâneas.
23
Os noticiários da televisão e os discursos dos principais governantes democráticos e das instituições
internacionais em defesa dos direitos humanos frequentemente citam a desigualdade social como algo a
ser superado. O conceito refere-se, em linhas gerais, à privação de direitos ou de acesso a recursos para
uma pessoa ou um grupo, o que cria distinções entre os indivíduos. Há várias formas de desigualdade:
econômica, de gênero, racial, digital etc. Por isso, nas Ciências Sociais, falamos em desigualdades sociais,
no plural. Essas diferentes possibilidades de privação de direitos geralmente não se apresentam isoladas.
Ao contrário, em muitos casos estão relacionadas entre si e se reforçam mutuamente. Portanto, combater
um tipo de desigualdade é preciso combater também os outros. Para estudar as desigualdades sociais, é
importante estar atento a três elementos centrais: a estrutura, a estratificação e a mobilidade social. A
estrutura social é determinada pelo modo como se organizam os aspectos econômico, cultural, social,
político e histórico de uma sociedade. É por meio da análise dessa estrutura que as Ciências Sociais buscam
explicação para os fenômenos que dizem respeito às sociedades. A sociedade brasileira, por exemplo,
fundou-se sobre as bases do trabalho escravo, do patrimonialismo e do patriarcalismo. Esses três elementos
estruturais influenciam o cenário da sociedade brasileira contemporânea e comprometem as possibilidades
de negros, indígenas e mulheres terem acesso a bens e a direitos, dificultando a ascensão social dessas e
de outras parcelas da população, e ajudam a compreender os motivos que levaram ao uso do Estado para
fins privados.
O termo estratificação diz respeito ao modo como cada sociedade está dividida. No caso, trata-se das
camadas sociais que se sobrepõem umas às outras. Essa divisão costuma ocorrer de acordo com diferentes
critérios sociais e históricos, que estabelecem uma espécie de hierarquia. Conforme a posição que um
indivíduo ocupa nessa hierarquia, ele terá mais ou menos acesso a direitos e recursos. Além disso, a
posição na qual se encontram os indivíduos determinará a quantidade de poder que poderão ter. Sendo
assim, a desigualdade social também é fruto das relações de poder, o que implica dominação e exploração
de alguns grupos por outros. Dessa maneira, chegamos ao terceiro conceito fundamental que nos permitirá
a compreensão da desigualdade: a mobilidade social, determinada pela possibilidade de um indivíduo
mudar de posição na hierarquia social. No passado, houve, em algumas sociedades, uma estrutura de
estratificação excessivamente rígida, que não permitia aos indivíduos deixar de pertencer a um estrato social
ou passar a pertencer a ele. Nos tempos atuais, em quase todas as sociedades, existe sempre a
possibilidade formal ou jurídica de haver mobilidade, mas a ascensão social não costuma ser fácil, pois as
camadas inferiores em boa parte das vezes enfrentam várias restrições de acesso aos recursos, justamente
o que acaba por distingui-las das demais classes.
Estratificação
A estratificação social e as desigualdades que ela produz não são naturais. Ao contrário, são geradas
histórica e socialmente, emergem de uma diversidade de situações e influenciam de maneira direta ações
e relações estabelecidas na vida em sociedade. Há inúmeros modelos de estratificação no mundo, mas
analisaremos três: as castas, os estamentos e as classes. Essa tríade apresenta nuances, subdivisões e,
por vezes, “camadas” constitutivas que representam elementos políticos, econômicos e culturais
determinantes para o curso da vida cotidiana da coletividade.
Castas: um sistema de estratificação muito antigo
Oficialmente reconhecido até há poucas décadas, o sistema de castas regulou a vida de centenas de
milhões de pessoas na Índia. Apesar de ter existido também em outros locais do mundo (como no Japão),
em lugar nenhum esse sistema consolidou-se tão fortemente como naquele país.
24
Em geral, as castas constituem comunidades fechadas e de compartilhamento
de características sociais hereditárias, como a ocupação profissional ou o
poder político e econômico. Apesar de não estarem restritos a uma área
definida, os grupos podem se organizar obedecendo às limitações sociais e
econômicas derivadas de sua posição social. A hereditariedade é a base para
a divisão da sociedade, sem nenhuma possibilidade de ascensão social:
aqueles que pertencem a castas inferiores não podem manter contatos
sociais com os grupos superiores.
O sistema de castas da Índia, apesar de abolido juridicamente na década de
1950, continua a ser um referencial cultural e político para a sociedade indiana,
o que amplia as situações de desigualdade social no país. Na imagem,
mulheres de castas mais baixas protestam por melhores condições de vida próximo ao Parlamento em Nova
Délhi, em 2013.
A hereditariedade é a base para a divisão da sociedade, sem nenhuma possibilidade de ascensão social:
aqueles que pertencem a castas inferiores não podem manter contatos sociais com os grupos superiores.
Normalmente, a estratificação é reconhecida pelo sobrenome, mas, em algumas regiões, pode-se perceber
a casta de um indivíduo por meio do dialeto falado, pelos alimentos que consome ou pelas vestimentas e
acessórios que usa. Todo modelo de estratificação social apresenta características próprias de controle
social. No sistema de castas indiano, o hinduísmo, esse controle se pauta pelo comportamento do indivíduo
em uma vida anterior: se sua conduta foi considerada boa, será recompensado nascendo em uma casta
mais elevada na próxima vida; se não, será punido nascendo em uma casta mais baixa.
O SISTEMA DE CASTAS NA ÍNDIA
O sistema de castas (e de subcastas) indiano existiu oficialmente durante milhares de anos e se baseia
numa hierarquização estabelecida de acordo com religião, etnia, cor, hereditariedade e ocupação. Em um
primeiro momento, existiam somente quatro tipos de casta: a dos brâmanes (sacerdotes), a dos xátrias
(militares), a dos vaixás (fazendeiros e comerciantes) e, a mais baixa, a dos sudras (pessoas que deveriam
servir às castas superiores). Os indivíduos que não faziam parte de nenhuma dessas castas eram
denominados dalit ou párias (intocáveis) e formavam um grupo de excluídos, cuja incumbência era realizar
trabalhos considerados deploráveis. Ao longo do tempo, o sistema se tornou mais complexo, o que fez
crescer muito o número de castas.
ESTAMENTOS: ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL DE UM MUNDO EM TRANSIÇÃO
Durante cerca de dez séculos, aproximadamente do século V ao século XV, a Europa ocidental viveu o
período conhecido como Idade Média. Organizada em torno da vida rural, essa época caracterizou-se pela
intensa influência da cultura cristã, representada pela Igreja católica romana, que ditava as normas de
conduta e de convivência para as populações europeias. A divisão da sociedade apoiava-se em dois
parâmetros: a posse de terras e a “ordem de importância” perante Deus. Sendo assim, a sociedade se
compunha de quatro partes: clero, nobreza, comerciantes e camponeses. Cada uma dessas partes era
chamada estamento e cada um deles era caracterizado por um conjunto de direitos e deveres considerados
naturais, determinados por Deus e sustentados legalmente. Dizemos que são partes interconectadas, pois,
para entender as “determinações divinas”, é indispensável compreender o modo pelo qual conceitos como
tradição, linhagem, vassalagem e honra predominavam no pensamento e na ação das pessoas e na sua
relação direta com a propriedade de terras. Os membros do clero detinham mais benefícios, pois se
consideravam responsáveis pela proteção espiritual de toda a sociedade. Por isso, eram isentos de impostos
e arrecadavam o dízimo. A nobreza era dona das terras e arrecadava impostos dos comerciantes, artesãos
e camponeses, dividindo-os com o clero. A quarta camada social, formada pelos servos (camponeses)
e pequenos artesãos, devia taxas e tributos aos senhores e não gozava de nenhum privilégio. Numa
comparação com o sistema de castas, o sistema estamental é “mais aberto”: impõe rígidos obstáculos, mas
não impossibilita a mobilidade social. Como analisa Max Weber, os estamentos representaram um momento
de transição na Europa: o sistema social mudava de uma sociedade fechada, estável e organizada por
castas para uma sociedade de classes.
No entanto, traços de um sistema costumam permanecer em outro sistema hegemônico. Para o jurista e
sociólogo gaúcho Raymundo Faoro, a sociedade brasileira foi moldada de acordo com critérios estamentais,
o que é exemplificado pela prática do patrimonialismo, tipo tradicional de dominação no qual os governantes
agem em benefício privado.
25
Classes e desigualdades sociais
As classes sociais podem ser entendidas como agrupamentos de pessoas que surgem em razão das
desigualdades sociais, mas que têm como base a igualdade formal entre os indivíduos. Ou seja, a partir das
desigualdades criadas socialmente, em que todos são formalmente iguais perante a lei, surgem as classes.
Do ponto de vista histórico, só se pode falar de classes sociais depois das revoluções burguesas do século
XIX.
Uma característica do sistema de classes é a possibilidade de mobilidade social, que pode ser de dois tipos:
vertical e horizontal. No primeiro caso, altera-se a classe social, o que pode acontecer de modo ascendente
(de uma classe baixa para outra superior) ou de modo descendente (de uma classe alta para outra inferior).
No outro, a mobilidade opera-se dentro da mesma “camada”, como a provocada por fatores geracionais ou
profissionais. A Sociologia costuma privilegiar as abordagens concebidas por Karl Marx e Max Weber sobre
as classes sociais.
Classe para Marx
Os trabalhos de Karl Marx representam a primeira grande teoria sociológica da estratificação social.
Valendo-se do conceito de classe social, o autor crítica de modo contundente a ideia de igualdade política
e jurídica proclamada pelos liberais, entendidos como aqueles que, orientados pelos interesses da
burguesia, defendem a democracia representativa e o livre mercado. Para Marx, os direitos inalienáveis de
liberdade e justiça – propostos pelos liberais – não resistem às evidências das desigualdades sociais
promovidas pelas relações de produção capitalistas, que dividem os homens em proprietários e não
proprietários dos meios de produção. Dessa divisão se originam duas classes sociais centrais: o proletariado
– aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de salário – e a burguesia – dona dos meios de
produção sob a forma legal da propriedade privada, que se apropria do produto do trabalho dos operários e
lhes paga um valor inferior ao que foi gerado pelo uso da mão de obra. Essas duas classes possuem
interesses em constante conflito. Por exemplo, durante uma greve, os trabalhadores lutam por melhores
condições de trabalho e de remuneração, enquanto os patrões têm interesse em atingir o maior lucro
possível, o que só pode ser obtido se eles explorarem ainda mais os trabalhadores. E o atendimento das
reivindicações destes leva à diminuição do lucro dos patrões. Isso demonstra a oposição entre os interesses
de classe. A polarização entre essas duas classes não significa para Marx que não existam outras, como
as dos pequenos proprietários rurais, comerciários e diferentes tipos de profissionais liberais. Estas, no
entanto, exercem um papel intermediário no conflito entre o proletariado e a burguesia, aproximando-se ora
de uma, ora de outra, dependendo do momento. Assim, para Marx, a classe social de um indivíduo é
determinada pela posição que ele ocupa no processo produtivo, como proprietário ou como trabalhador.
Classe para Weber
Max Weber afirmou que a estratificação social não se resume às determinações econômicas das classes
sociais, mas decorre das diferentes maneiras de distribuição de poder em uma sociedade. Para ele, a
estratificação decorrente dessa diferença de poder acontece de acordo com pelo menos três dimensões:
econômica, política e social. Portanto, diferentemente da base teórica marxista, a estratificação da ordem
social não se organiza apenas com base no poder econômico, mas também em termos de distribuição de
poder político e de prestígio. Por isso, além da classe, a divisão da sociedade pode ser observada em outros
fenômenos de distribuição de poder, como o partido e o status.
Weber definiu as classes sociais como o conjunto de probabilidades típicas de propriedade de bens, de
posição externa (status) e de destino pessoal. Uma classe se forma por interesses e oportunidades.
Contudo, esse autor não pensava que um critério único (posição no processo produtivo) determinasse a
26
posição de classe: esta seria definida pela “situação de mercado” da pessoa, o que incluía não somente a
posse de bens, mas também outros fatores, como o nível de escolaridade e o grau de habilidade técnica.
Expandindo sua teoria da estratificação, Weber tipifica, além da classe, outros dois grupos: círculos de status
e partidos. Conceitua o grupo status como coletividade que se diferencia pelo prestígio ou pela honra social
de que goza e por seu estilo de vida. Desse modo, não se pode explicar adequadamente a aquisição de
status examinando somente características individuais, como anos de estudo e ocupação dos pais. Deve-
se, também, verificar as características dos grupos. Por exemplo, os “novos ricos”, mesmo tendo
conquistado riqueza igual ou até superior à de outros grupos privilegiados, são vistos com certo desprezo
pelos ricos, cujas fortunas são anteriores a eles mesmos, provenientes de famílias consideradas
“tradicionais”. Já os partidos, na terminologia de Weber, não são apenas grupos que disputam eleições, e
sim, mais propriamente, organizações que procuram impor sua vontade aos outros. O controle de partidos,
em especial de grandes organizações burocráticas, não depende apenas de riqueza ou de outro critério de
classe: alguém pode dirigir uma burocracia militar, científica ou de outro tipo e não ser rico, da mesma
maneira que é possível ser rico e ter pouco prestígio. A teoria weberiana de estratificação é importante para
mostrar que outras dimensões além da classe (econômica) influenciam a vida das pessoas. O autor chamou
a atenção para a interação complexa entre grupos de status e partidos, e para o fato de que eles operam
separadamente, ampliando os fatores envolvidos nas análises de estratificação social.
EXERCÍCIOS
1) A sociologia é uma ciência criada no século XIX, em um contexto de grandes mudanças sociais e
econômicas, com a explosão da revolução industrial e amplo progresso das ciências. Qual é o objeto de
estudo da sociologia?
a) Analisar os fenômenos sociais. b) Estudar o passado do homem.
c) Estudar as plantas e os animais. d) Analisar as sociedades primitivas.
_____________________________________________________________________________________
2) O que é fugir do senso comum?
a) Pensar igual a todos, buscando não se diferenciar da opinião da maioria.
b) Buscar formas mais elaboradas de pensar, tentando ver os diversos lados da questão analisada.
c) Tentar criar explicações que justifique uma posição preconceituosa.
d)pensar por conta própria, sem levar em conta opiniões externas.
_____________________________________________________________________________________
3) Quais são os principais autores clássicos da sociologia?
a) Marx, Freud e Durkhein. b) Marx, Weber e Durkhein.
c) Freud,Newton e Dalton. d) Freud, Newton e Marx.
4) Quais dos temas estudados pela sociologia esta charge abaixo faz referência?
a) Desigualdade social e violência contra
a mulher.
b) Violência contra mulher e
desigualdade racial.
c) Diversidade cultural e violência contra
mulher.
d) Desigualdade social e violência
urbana.
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  • 1. 1 PLANO DE ESTUDOS MÓDULO I DISCIPLINA: SOCIOLOGIA POA: KÁTIA MÔNICA DA SILVA MAGALHÃES SÁ CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA CESEC - “HUMBERTO JOSÉ ELIAS” FELIXLÂNDIA – MG Rua: José Magno Araújo,nº355-Bairro:Centro- Felixlândia/MG-CEP:39237-000 Fone: (38) 3753-1399 – E-mail: escola.218685@educacao.mg.gov.br
  • 2. 2 ATENÇÃO ALUNO! SEJA BEM-VINDO A DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA! Você estudará 5 módulos com resolução de atividades, pesquisas e projetos proposto pela escola e ao final de cada módulo você irá realizar um teste de unidade. Cada módulo você receberá um plano de estudo, ou seja, orientações de conteúdos que deverão ser estudados e as atividades que deverão ser feitas, onde o professor irá corrigi-las, sanando as dúvidas a sobre os conteúdos e somente depois da resolução das ações propostas no Plano de Estudos você irá fazer o Teste de Unidade (T.U).- Valor de cada Módulo: 20 pontos das realizações dos exercícios do Plano de Estudo, 20 pontos da realização do projeto Semestral do CESEC, e 60 pontos de T.U. O aluno deverá alcançar no mínimo 50% do teste de unidade. ►O professor que irá marcar o dia e horário do aluno irá realizar o teste, sendo que ocorrerá depois da realização de todas as atividades propostas. ►TODAS AS ATIVIDADES DA APOSTILA DEVERÃO SER FEITAS NO CADERNO. (FAVOR NÃO ESCREVER NA APOSTILA, POIS A MESMA SERÁ REUTILIZADA POR OUTROS ALUNOS) ● Os plantões da disciplina ocorrem nos seguintes dias e horários: TERÇA E QUINTA-FEIRA DE 7h0 às 10h25min. SEGUNDA, QUARTA-FERIA E SEXTA-FEIRA DE 18h0 às 21h30min. Apostila elaborada pela professora Kátia Mônica S. Magalhães Sá, de acordo o caderno pedagógico EJA Novos Rumos, área do conhecimento Ciências Humanas Sociais Aplicadas. CONTEÚDOS E ATIVIDADES FORAM RETIRADOS DAS SEGUINTES FONTES: 1- Sociologia em movimento.2. ed. São Paulo : Moderna, 2016. Vários autores. Obra em volume único. “Componente curricular: Sociologia”.Bibliografia/ Sociologia (Ensino médio). 2- https://estudeemcasa.educacao.mg.gov.br/pets/ensino-medio; 3- Sociologia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná; 4- Paulo Silvino Ribeiro Colaborador Brasil Escola- Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Mestre em Sociologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Doutorando em Sociologia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-um-grupo-mas-umfenomen 5-://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/estado-laico-estado-religioso.htm 6- TELLES, Norma. A imagem do índio no livro didático: equivocada, enganadora. Em Aracy Lopes da Silva (organizadora), A questão indígena na sala de aula, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 75-6; 7- Cartilha: Principio de empoderamento das Mulheres - adaptado Disponível em http://www.onumulheres.org.br/wpcontent/uploads/2016/04/cartilha_WEPs_2016.pdf – acesso 15/06/2020 8- https://www.clicksociologico.com/2020/04/infografico-socializacao-grupos-sociais.html 9- Políticas Públicas: conceitos e práticas. SEBRAE, 2008. CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO CONTINUADA CESEC - “HUMBERTO JOSÉ ELIAS” FELIXLÂNDIA – MG Rua: José Magno Araújo,nº355-Bairro:Centro- Felixlândia/MG-CEP:39237-000 Fone: (38) 3753-1399 – E-mail: escola.218685@educacao.mg.gov.br PLANO DE ESTUDOS- DISCIPLINA SOCIOLOGIA – ENSINO MÉDIO POA – KÁTIA MÔNICA MAGALHÃES SÁ
  • 3. 3 APOSTILA/ CONTEÚDOS PARA ESTUDOS MÓDULO I SOCIOLOGIA Elaborada por Kátia Mônica da Silva Magalhães Sá. Afinal de contas, sociologia para que? Bem-vindo às aulas de sociologia!!! Em nossos encontros você irá obter subsídios para responder algumas questões de ciências humanas e suas tecnologias e desenvolver um tema de redação de forma mais elaborada e que busque se distanciar do que chamamos de SENSO COMUMA sociologia é uma ciência que estuda a sociedade e as relações humanas. Para isso, utilizamos dos mais variados elementos, como a observação, pesquisas, experiências, dados estatísticos sempre se utilizando de métodos científicos claros e objetivos. No entanto, as relações humanas possuem uma riqueza de combinações e variações que torna impossível a instituição de leis fixas que expliquem o seu funcionamento com total previsibilidade. Diferentemente das ciências exatas, as relações sociais carregam um ingrediente que torna tudo muito mais complicado: as imprevisibilidades do cotidiano que permeiam as ações humanas. Em outras palavras: nós não somos robôs. Estamos sempre mudando as coisas, reagindo de novas formas, modificando, interagindo. O ser humano tem algo de imponderável na sua vida. Segundo Pierre Bourdieu (1930 – 2002), a sociologia tem função crítica, ou seja, investigar o que acontece e os mecanismos que atuam na vida social. Não só: após investigar, é preciso revelar esses mecanismos, torná-los aparentes para que todos tomem ciência e seja possível encontrar soluções frente às relações desiguais de poder existentes, sejam elas econômicas, políticas, culturais, educacionais e várias outras. Para isso todos os temas tratados nas próximas aulas pretendem provocar em você uma Imaginação Sociológica do mundo que permite desnaturalizar visões da sociedade que, mesmo absurdas, são cotidianamente repetidas de forma automática, seguindo padrões culturais, midiáticos e sociais, sem nunca serem problematizadas. Como exemplo podemos citar algumas infelizes colocações; “Os homens são de natureza racional e as mulheres são de natureza sensível e sentimental. “ “Se somos todos iguais, para que cotas nas Universidades? ” Talvez você concorde com uma ou várias das frases acima, mas você já se perguntou o porquê? Já tentou entender profundamente a raiz dessas questões? Será por que especialistas que dedicam sua vida aos estudos destes problemas tem opiniões tão contrárias à da população de forma geral? São estas perguntas que pretendemos sanar com esse curso. Portanto trataremos em nossas próximas aulas de temas como raça, gênero, violência, desigualdade social, criminalidade, cultura, política, direitos humanos, drogas e demais assuntos que fazem parte da nossa realidade cotidiana, buscando ir além de um olhar superficial destes fenômenos sociais. Para isso nos apoiaremos em dados e pesquisas que foram formulados por estudiosos que dedicaram suas vidas na investigação destes temas e que tem muito a nos dizer sobre esses fenômenos sociais. Mapa mental o que é Sociologia.
  • 4. 4 Sociologia Como leitura crítica da realidade social O que você acha de obedecer a regras, de cumprir ordens, de seguir caminhos que já foram preestabelecidos para você? É provável que você e muitos de seus colegas digam que não gostam de obedecer a regras, e alguns chegam mesmo a afirmar com uma pontinha de orgulho que só fazem aquilo que gostam ou que têm vontade… Pois saiba que não é bem assim que as coisas acontecem. Mesmo que você se considere um rebelde, você está muito mais dentro da ordem que imagina, principalmente se você é um aluno devidamente matriculado no Ensino Médio, e está lendo este texto na escola ou em sua casa. Por que estamos falando disso? Para dizer que vivemos numa sociedade totalmente institucionalizada, ou seja, vivemos “imersos” em instituições sociais, portanto somos continuamente levados a realizar coisas que não escolhemos, e na maioria das vezes as realizamos “naturalmente”, sem questionar de onde e de quem partiu aquela ideia ou aquela ordem. Todo o nosso pensamento e nossa ação foram apreendidos e continuam constantemente sendo construídos no decorrer de nossa vida. Muito do que fazemos foi pensado e estabelecido por pessoas que nem existem mais. Desde o momento de nosso nascimento até a nossa morte estamos sempre atendendo às várias expectativas dos vários grupos que participamos. Por isso, nosso objetivo com este estudo é colocá-lo em contato com algumas instituições sociais muito presentes e atuantes em nossa sociedade, mais especificamente três: a escola, a religião e a família. Colocar em contato quer dizer conhecer um pouco das origens históricas das instituições, ou como foram construídas pelas diversas sociedades ao longo do tempo; perceber as transformações que foram sofrendo e como se configuram hoje, conhecer as diversas possibilidades de leitura oferecidas pela Sociologia, e, principalmente, nos enxergarmos como parte integrante dessas instituições. Não como uma peça num tabuleiro de um jogo, mas como sujeitos atuantes e com capacidade de mudar as regras do jogo quando considerarmos necessário. Nossa intenção ao propor este tema de estudo vai muito além da simples informação de conteúdos da sociologia, avalizados pelos grandes nomes desta ciência. Pretendemos que você, com auxílio dos instrumentais teóricos da Sociologia, possa compreender a dinâmica da sociedade contemporânea, aprenda a questionar as “verdades” que lhe são colocadas, e possa inserir-se de forma crítica e criativa nas diversas instituições sociais que compõem o sistema social. Nascemos todos em algum lugar da sociedade: num bairro de periferia, num edifício no centro da cidade, numa favela, num condomínio fechado, e pertencemos quase sempre a algum tipo de família. É dentro da família que aprendemos os primeiros valores do grupo e da sociedade a que pertencemos. Os pais (ou aqueles que cumprem este papel), criam e provêm os filhos de condições para a subsistência e esperam desses respeito e obediência. A sociedade espera que os pais trabalhem e tenham uma vida honesta, às mães cabe o amor incondicional, capaz de fazê-las abrir mão da própria vida para ver a felicidade de seus filhos. Isso pode parecer um pouco exagerado, mas, às vezes, a caricatura de uma situação nos permite enxergá-la melhor. Bem, crescemos ouvindo que a família é um lugar “sagrado”, que devemos respeitar nossos pais, que tanto sacrifícios fizeram por nós. Crescemos ouvindo que é o bem mais importante de um homem, e quando finalmente crescemos, “desejamos” formar outra família, porque é isto que pai trabalhador, na “mãe santa”, no filho respeitoso? Se escolhermos outro caminho e outros valores? Aí sofreremos o que a Sociologia chama de coerção social – significa que seremos coagidos e pressionados pelo grupo familiar e pelas pessoas próximas desse a retomar os valores preestabelecidos. É o grupo familiar que também vai nos indicar os caminhos escolares e profissionais. Para algumas famílias, percorrer toda a carreira escolar sem interrupção é algo indiscutível, e desviar-se deste caminho previsto pode ser traumático. Novamente não escolhemos, mas as escolhas já estão feitas. Quase sempre fazemos o que é esperado. Passemos agora para a escola. Essa instituição ensina-nos novos padrões de comportamento, ou reforça aqueles que já trazemos de nossa classe social e tenta nos fazer acreditar que somos todos iguais, porque podemos nos sentar igualmente nas carteiras escolares. Mas tão logo os alunos percebem que para haver igualdade é necessário mais do que um lugar na escola, começam as reações contrárias à ordem. São as chamadas questões disciplinares. A escola valoriza a ordem, a disciplina, o bom rendimento. Os adolescentes veem neste momento de suas vidas a oportunidade de rebelar-se contra os padrões de comportamento estabelecidos, de agredir tudo que representa autoridade, de desprezar o que não atende a seus interesses imediatos...há uma outra instituição social com a qual você provavelmente também convive. Caso tenha sido batizado ou iniciado em alguma religião em sua infância e tenha crescido seguindo os ensinamentos de sua igreja, você desenvolveu o que se chama de pensamento sagrado. Depois iremos analisar detalhadamente cada uma dessas instituições. Fonte: Sociologia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná.
  • 5. 5 Família Considerando-se que a vida social é algo fundamental à existência e sobrevivência dos seres humanos enquanto indivíduos, é na família que se dá início ao processo de socialização, educação e formação para o mundo. Os grupos familiares caracterizam-se por vínculos biológicos, mas sua constituição ao longo da história em todos os agrupamentos humanos não se limitou apenas ao aspecto da procriação e preservação da espécie, mas tornou-se um fenômeno social. As famílias são consideradas grupos primários, nos quais as relações entre os indivíduos são pautadas na subjetividade dos sentimentos entre as pessoas, fato que justifica, muitas vezes, o amor existente entre pais e filhos adotivos, logo sem relação consanguínea. Assim, os laços que unem os indivíduos em família não se sustentam pela lógica da troca, da conveniência do relacionamento a partir de um cálculo racional como que em um contrato no mundo dos negócios em que cada parte vê vantagem na relação existente, constituindo um grupo formal. Ao contrário, a família é um grupo informal, no qual as pessoas estão ligadas por afeto e afinidade, e que por conta deste sentimento criam vínculos que garantem a convivência (em um mesmo local de residência, por exemplo), além da cooperação econômica. Mas o que dizer dos inúmeros problemas familiares que tanto se ouve falar ou mesmo que se pode enfrentar no dia a dia? As respostas para esta pergunta são várias, assim como o grau de complexidade de cada uma pode variar. Porém, de maneira muito simplista, até certo ponto, é possível afirmar que a gênese dos conflitos familiares está no momento em que as bases da união (que justifica o tipo de relacionamento e de ligação) deste grupo começam a ser minadas pelo despontar das personalidades, das opiniões diferentes, da individualidade de cada membro, o qual não abre mão daquilo que lhe é particular (enquanto indivíduo) em nome da família. Para ilustrar, basta pensar nos conflitos existentes em famílias com jovens adolescentes os quais, neste momento em que deixam a infância para entrarem na vida adulta, tornam-se muito mais críticos aos valores dos adultos que o cercam, muitas vezes cogitando até mesmo, de forma impulsiva, abandonar o lar. Logo, nada mais natural do que os choques de geração e conflitos entre pais e filhos neste sentido, o que não significa uma desestabilização definitiva da família. Assim, a despeito disso, os vínculos construídos para além do biológico permanecem. Transformações na Família As mudanças ocorridas durante o final do Século XIX e ao longo da primeira metade do Século XX, tiveram implicações diretas nas famílias brasileiras da segunda metade do Século XX, principalmente na saída da mulher para o mercado de trabalho, na educação dos filhos, na Impessoalidade nas relações sociais, no controle da natalidade e no enfraquecimento dos laços de parentesco. Historicamente, a preservação parcial da economia latifundiária explicaria, segundo Teruya (2000, p. 10), a manutenção das enormes desigualdades sociais no país, juntamente com as relações semi- patriarcais, principalmente nos estados do Norte. Por outro lado, o desenvolvimento da economia industrial no Sudeste é que passou a transformar a família, fazendo com que ela se nucleasse, para atender melhor às demandas da sociedade moderna, e com que perdesse a sua função reprodutiva. Para a autora, a condição urbano/rural foi a baliza para determinar o tipo familiar. E, também, que a união do processo de urbanização e da industrialização da sociedade no século XX, juntamente com o fenômeno da migração, fizeram com que o controle da produção passasse gradualmente da família para os empresários capitalistas e para o Estado. Em decorrência desta união ocorreram o enfraquecimento das relações de parentesco, a redução do tamanho da família e a redução do poder do pai e do marido. (TERUYA, 2000, p. 10). Atualmente as famílias são formadas por diversas estruturas: por exemplo, há mães solteiras com seus filhos; pais com filhos adotivos; famílias formadas por casais que já tiveram outros casamentos com filhos e decidiram ter outros filhos dessa união; temos ainda famílias formadas por um casal e um “animal de estimação”… e, também, se questiona se podemos considerar família o solteiro adulto que vive sozinho. De modo, dois fatores recentes precipitaram toda essa transformação na organização familiar. O primeiro fator foi a legalização do divórcio, que, no Brasil, virou lei em 1977. O segundo foi o surgimento da pílula anticoncepcional, que garantiu aos homens e às mulheres a alternativa de uma vida sexual desvinculada da paternidade/maternidade. O flagrante da revolução contemporânea, pela qual passa a população e a família brasileira, se completa com núcleos familiares formados por minorias como os homossexuais (com casamento e adoção de crianças) e por conta das novas técnicas de reprodução (inseminação artificial, doador de esperma, barriga de aluguel, etc.). A respeito destas famílias alternativas, Danda Prado, em 1981, já apontava quatro formas de famílias cujas principais características as diferenciavam das formas tradicionais: a) A família criada em torno a um casamento dito “de participação” – trata-se aí de ultrapassar os papéis sexuais. b) O casamento dito “experimental” – que consiste na coabitação durante algum tempo, só legalizando essa situação após o nascimento do primeiro filho.
  • 6. 6 c) Outra forma de família seria aquela baseada na “união livre”. d) A família homossexual, quando duas pessoas de mesmo sexo vivem juntas, com crianças adotivas ou resultantes de uniões anteriores, ou, no caso de duas mulheres, com filhos por inseminação artificial. (PRADO, 1981, p. 19-22). Assim, há uma questão que se coloca na contemporaneidade: Diante de tantos divórcios, casamentos tardios e pessoas mais velhas morando ainda com os pais, ou mesmo vários casamentos ao longo da vida unindo-se filhos de relacionamentos anteriores, a família quanto instituição estaria desaparecendo? Na tentativa de esboçar uma resposta, talvez possamos afirmar que, obviamente, aquele sentido mais tradicional da palavra estaria sim em extinção. Porém, tomando a família enquanto grupo e fenômeno social, é possível dizer que ela passa por uma forte reestruturação. “Em 2012 pela primeira vez, lares com formação tradicional deixam de ser maioria no país. ” O que está em declínio é a ideia de uma família na qual a mulher se restringe à esfera privada dedicando-se exclusivamente aos afazeres domésticos, e ao homem cabe a esfera pública, da rua, do mundo do trabalho. Neste padrão tradicional de família, a união entre os cônjuges era marcada, predominantemente, pela cerimônia religiosa do casamento, independentemente da religião, fato que contrasta com as uniões muito frequentes e pouco duradouras de agora, consequência direta do temor em relação ao compromisso mais sério, principalmente pelos jovens. Também como sinal dessa reformulação dos padrões e arranjos familiares estão as famílias que se iniciam com casais homossexuais, o que acaba por gerar polêmica não apenas pelo fato da união em si (dados o preconceito e a intolerância existentes), mas também quando se cogita a adoção de crianças por eles, uma vez que no imaginário de boa parte das pessoas prevalece a ideia de uma família na qual os pais têm sexos diferentes. Nestes novos padrões familiares, além da conquista de uma maior independência pelas mulheres (em vários aspectos), elas casam-se e tornam-se mães agora com mais idade, além de terem um número de filhos extremamente reduzido quando comparado aos níveis de décadas passadas. Dessa maneira, é importante considerar que, se a família é a base ou início do processo de socialização dos indivíduos, o que se torna fundamental é que ela seja estruturada de tal forma que o relacionamento entre seus integrantes seja pautado na harmonia e respeito entre seus pares, dada a importância e influência que tal grupo exerce na vida de cada um. Logo, ao pensar na família enquanto grupo não se trata aqui de fazer uma apologia ao modelo do passado ou ao do presente, mas de propor a reflexão quanto aos desdobramentos de sua conformação e de suas transformações, uma vez que suas características refletem a sociedade de seu tempo, o que faz dela (da família) um fenômeno social. Fonte: Paulo Silvino Ribeiro Colaborador Brasil Escola Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Mestre em Sociologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Doutorando em Sociologia pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas fonte: http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/familia-nao-apenas-um-grupo-mas-umfenomen SOCIOLOGIA E RELIGIÃO NO QUE CONSISTE A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO? A Sociologia da Religião é um ramo da Sociologia e ela se fundamenta na compreensão humana entre o “profano” e o “sagrado”. Independente da crença, o que é mais significativo da religião para a Sociologia é o papel fundamental que ela exerce na vida social. Como é a pesquisa em Sociologia da Religião? Quais são os principais Sociólogos? A pesquisa em Sociologia da Religião se dá de forma empírica, através de autores clássicos como Émile Durkheim, Max Weber, Georg Simmel e outros autores que colaboram para essa análise como Sigmund Freud e William James. Falaremos um pouco sobre os Clássicos. Lembrando que, a orientação pessoal de cada sociólogo emerge de modo claro por meio das próprias definições de religião. Émile Durkheim e as Formas Religiosas – Durkheim considera a religião como parte essencial da vida social, em sua própria obra “As formas elementares da vida religiosa” ele diz: “Nosso objetivo, neste livro, é estudar a religião mais primitiva e simples atualmente conhecida, fazer a análise dela, tentar sua explicação. ” Para o sociólogo, a ciência não substitui a religião. Há algo eterno na Religião. Em toda obra ele visa à busca da origem da vida social, e tem como pesquisa o Totemismo de povos primitivos na Austrália. Em busca do universo ideológico do fenômeno religioso ele consegue articular as representações de tempo, espaço, morte através da instituição nas quais ele acreditava ter uma consciência coletiva. Ele conclui a obra entendendo que a religião é algo eminentemente social, as representações religiosas são representações coletivas (Ritos) nesse sentido a religião é um produto do coletivo. Max Weber e a Religião – Um dos principais motivos de sua pesquisa foi captar as relações entre economia e religião. Ele reconhece o capitalismo como uma força na realidade social moderna, mas evita atribuir a uma só matriz a origem das dinâmicas sociais (divergindo de Marx). Nesse sentido ele trabalha com o
  • 7. 7 econômico e o religioso em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Nessa obra ele analisa a origem de uma consciência econômica condicionada a um conteúdo da fé religiosa. Tem como recorte o caráter predominante protestante calvinista, que em sua análise pregava a acumulação de capital em um objetivo existencial, e que o sucesso na profissão é um sinal de predileção divina. Georg Simmel, Religiosidade e Religião – Simmel dá início diferenciando os dois conceitos – Religiosidade e Religião, que em sua opinião se difere pelo fato de que a Religião é criada pela Religiosidade e não o contrário. A Religiosidade seria uma “ disposição de ânimo interior”, e a religião uma fase mais avançada, uma objetivação da fé. Um processo similar que o autor faz com natureza e cultura. Um exemplo: A crença na versão simmeliana seria um exemplo de religiosidade, enquanto os ritos se encontrariam a meio caminho entre a religiosidade e religião. Religião segundo Karl Marx – “A religião é o Ópio do Povo ” Karl Marx define a religião pura e simplesmente como uma projeção de nossa realidade terrena para um plano superior metafísico. A religião consiste para ele em um mundo fantástico, criado pela mente humana que tenta dar a certos fenômenos naturais um ar sobrenatural, isto significa que religião com o seu Deus não passa de uma mera ilusão, algo a que não se deve dar crédito. Para aqueles que estudam, estudaram ou têm pelo menos uma noção de história da filosofia, veremos que vários autores em sua antropologia não hesitaram em afirmar que o homem é um ser dotado de carência. Marx é um destes: Ele define a natureza humana por suas carências ou necessidades e pela dialética da satisfação dessas necessidades, desdobrando-se seja na relação do homem com a natureza exterior pelo trabalho, seja em sua relação com os outros homens pela natureza (LIMA VAZ, 2000, p. 129). A religião, portanto, para Karl Marx, passa a uma ilusão, alienação, ou num dizer mais marxista “um ópio” para amenizar o sofrimento. Uma teoria marxista sustenta que a religião surgiu através do espanto, medo. INTOLERÂNCIA RELIGIOSA A intolerância religiosa é um dos problemas mais delicados do mundo. O fanatismo religioso conduz algumas pessoas a realizarem guerras ou conflitos contra as outras, em nome de sua religião. A questão é preocupante porque envolve o ser humano em sua mais pura essência quando sua crença religiosa é colocada em jogo. Intolerância religiosa é um termo que descreve um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas. Que somadas a falta de habilidade ou a vontade em reconhecer e respeitar diferentes crenças de terceiros, é considerado um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana. Neste contexto, a perseguição pode tomar vários rumos, desde incitamento ao ódio até a torturas e espancamentos. Mas a perseguição não é um problema atual. Ela ocorre desde os primórdios da antiguidade, quando os primeiros cristãos foram perseguidos por judeus e pagãos. Na Idade Média, no final do Império Romano, os judeus foram perseguidos e as conversões forçadas se tornaram comuns, como na Península Ibérica, em meados do Século XIV. Durante o século XX, a perseguição religiosa atingiu proporções nunca vistas na história. A perseguição em massa dos povos judeus pelos nazistas, fase mais conhecida como o Holocausto, vitimou milhares de pessoas, não apenas pela raça, mas especificamente contra os seus ideais religiosos. Outro exemplo na Idade Contemporânea de perseguição não estatal foi por parte da antiga União Soviética que perseguiu vários grupos religiosos de um estado de jurisdição ateísta. O resultado foi o deslocamento forçado de 80 mil pessoas e a extinção de 2 cidades cristãs. É inegável que o problema existe. Mas o Brasil não tem um histórico de conflitos armados motivados pela religião, como ocorrem no Oriente Médio ou na Índia, por exemplo. Diante disso, quais dimensões assume a intolerância religiosa no Brasil? Em 2014, o Disque 100 registrou 149 denúncias de discriminação religiosa no país. Mais de um quarto (26,17%) ocorreu no estado do Rio de Janeiro e 19,46%, em São Paulo. O número total é menor em relação a 2013, quando foram registradas 228 denúncias. Mesmo assim, mostra que a questão no país ainda não foi superada. Para que a legislação não seja interferida por correntes religiosas, sociais, políticas e culturais, o Estado é laico. Assim, a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º, inciso VI, assegura a liberdade de crença religiosa, além da proteção e respeito às manifestações religiosas e locais de culto. Como as principais vítimas no Brasil são das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, em 2010 foi criada a Lei de nº 12.288 (Estatuto da Igualdade Racial), que busca proteger esses cultos de matriz africana. Mas é importante lembrar que crítica é diferente de intolerância. O direito de criticar dogmas é assegurado como liberdade de expressão. Mas, atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a alguém por causa de sua crença ou de não possuir uma religião, são considerados crimes sem fiança. Diante deste conceito amplo, podemos resumir como liberdade religiosa: – O direito de ter uma religião e crer num ser divino; – O direito de não ter uma religião e não crer em um ser divino;
  • 8. 8 – O direito à neutralidade religiosa em espaços de uso comum (públicos). Estado Laico: é aquele que prevê a neutralidade em matéria confessional, não adotando nenhuma religião como oficial e mantendo equidistância entre os cultos. É conhecido também como Estado Secular. Em alguns Estados laicos, há incentivo à religiosidade e à tolerância entre os credos, enquanto outros chegam a criar leis e mecanismos para dificultar a manifestação religiosa em público. Estado Religioso: É aquele em que a religião interfere em alguma medida na administração, legislação ou gestão pública e é também chamado de Estado confessional. Na atualidade, está presente em especial no mundo islâmico, mas pode ser identificado também na África e na Ásia. Aperfeiçoar a tolerância às diferenças é indispensável no regime democrático, pois quando se consegue fazer valer a laicidade do Estado, os direitos fundamentais são preservados. A laicidade do Estado está ligada a diversos direitos humanos, como: liberdade de expressão, liberdade de crença e de não crença, igualdade de gênero e os direitos da população LGBT. Reconhecendo que a prática de intolerância religiosa constitui violação no Estado Democrático de Direito, contribui não apenas para preservar os direitos fundamentais das pessoas, mas também para a laicidade do Estado, que tem por finalidade construir uma sociedade livre, justa e solidária. ESTADO LAICO E ESTADO RELIGIOSO É importante conhecer a diferença entre Estado laico e Estado religioso para entender a relação entre o Estado e as religiões. No Estado laico, o princípio constitucional da igualdade visa a condenar a existência de tratamento diferenciado do Estado às religiões. O conceito de Estado diz respeito ao conjunto de instituições políticas e administrativas responsáveis por ordenar e regular o espaço de um povo ou nação. A existência de um Estado pressupõe que ele possua seu próprio território, que tenha ação soberana, seja dirigido por um governo próprio e seja pessoa jurídica de direito público internacionalmente reconhecida. No que diz respeito à relação de um Estado com as religiões nele existentes, ele pode ser categorizado em duas classificações distintas: Estado laico e Estado religioso. Estado Laico x Estado Ateu: É importante ressaltar que o conceito de Estado laico não deve ser confundido com Estado ateu, tendo em vista que o ateísmo e demais manifestações de “não crença” também se incluem no direito à liberdade religiosa. No conceito de liberdade religiosa, inclui-se a liberdade de ter uma crença e a de não ter uma crença. Assim sendo, confundir Estado laico com Estado ateu é privilegiar essa crença (ou não crença) em detrimento das demais. O Estado pode ser classificado como laico ou religioso. Esse último manifesta-se de forma orgânica ou subjetiva. O Estado confessional pode manifestar-se de forma orgânica, ou seja, as instituições religiosas participam formalmente do governo, como se fosse um quarto poder e com autoridade para aprovar ou rejeitar leis que desrespeitem o credo. Um exemplo recente foi o governo talibã do Afeganistão, em que havia leis civis que regulamentavam hábitos e costumes da população de acordo com princípios religiosos, cuja desobediência era punida pelo Estado. O Estado também pode apresentar a manifestação religiosa por meio de interferência subjetiva, em que um grupo ou instituição religiosa tem voz nas decisões de Estado e busca salvaguardar seus interesses. O BRASIL E O ESTADO LAICO No Brasil, a legislação prevê a inviolabilidade da liberdade de crença e assegura o livre exercício dos cultos religiosos. A atual Constituição não institui qualquer outra religião como sendo a oficial do Estado. Estabelece em seu artigo 19, I o seguinte: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.” Em razão desse e de outros dispositivos constitucionais, diz-se que o Brasil é um Estado laico onde há liberdade religiosa. A legislação ainda prevê que o direito à liberdade religiosa é inviolável e que o Estado deve assegurar o livre exercício dos cultos religiosos e garantir a proteção aos locais de culto e às suas liturgias. Fonte:http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/estado-laico-estado-religioso.htm Apesar de manter da tendência de queda na concentração, a religião católica ainda é seguida pela grande maioria dos brasileiros: 64,6% Entre 2000 e 2010, o Brasil manteve a tendência de pluralização religiosa da população constatada durante as últimas pesquisas censitárias realizada no País, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os católicos passaram de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010. Embora o perfil religioso da população brasileira mantenha, em 2010, a histórica maioria católica,
  • 9. 9 esta religião vem perdendo adeptos desde o primeiro Censo, realizado em 1872. Segundo o IBGE, desde o primeiro recenseamento nacional até a década de 1970, o perfil recenseamento nacional até a década de 1970, o perfil religioso da população brasileira manteve como aspecto principal a hegemonia da religião católica apostólica romana, característica herdada do processo histórico de colonização do País. As demais religiões praticadas no Brasil tinham contingentes significativamente menores. Em aproximadamente um século, a proporção de católicos na população variou 7,9 pontos percentuais, reduzindo de 99,7%, em 1872, para 91,8% em 1970. OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA Os primeiros pensadores que testemunharam as transformações sociais que ocorriam desde o século XVIII e que se preocuparam em compreender e explicá-las, não eram homens de ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram antes de tudo homens voltados para a ação, que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade. Participavam ativamente dos debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas. Eles não desejaram introduzir um mero conhecimento sobre as novas condições de vida geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair dele orientações para a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu tempo. Entre esses pensadores podemos destacar: Comte, Marx, Durkheim e Weber. Estes são considerados clássicos da sociologia, pois seus pensamentos ainda têm poder explicativo, sua vitalidade teórica e explicativa ainda alcança a era contemporânea, embora apresente limitações. 1- Isidore Augusto Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em Montpelier a 19 de janeiro de 1798. Foi fundador do positivismo foi ele também que batizou com o nome de sociologia uma nova ciência que antes ele chamava de “física social”. Augusto Comte foi importante para a sociologia, pois, através de sua perspectiva positivista que deu os primeiros passos para a cientificidade da sociologia, mas ainda confundida com uma filosofia social e religiosidade de tipo ideologicamente conservadora. Suas principais obras são: Curso de Filosofia Positiva e Sistema de Política Positiva. 2. Karl Marx A FUNÇÃO DA IDEOLOGIA A função da ideologia é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da produção. Busca camuflar as diferenças de classes sociais antagônicas e de fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, como, por exemplo: a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, o Estado, a Pátria, o Progresso, a Família e etc. Marx foi crítico da sociedade capitalista ao dizer que os detentores do capital, os donos dos meios de produção e chamados capitalistas, formavam uma classe dominante que utiliza de sua ideologia para manipular os dominados, o proletariado, e que possuíam apenas sua força de trabalho.
  • 11. 11 3. Émile Durkheim Para Durkheim, na relação indivíduo e sociedade, ele destaca que a sociedade prevalece sobre o indivíduo. A sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas na consciência dos indivíduos, mas que são construídos exteriormente. Isto é, fora das consciências individuais. Em outras palavras, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria e é por isso que os indivíduos devem obedecê-las. Os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. O modo de vestir,
  • 12. 12 a língua, o sistema monetário, a religião e uma infinidade de outros fenômenos são consideradas fatos sociais. As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem leis que organizam a vida em conjunto. O indivíduo isolado não cria leis nem pode modificá-las. São as gerações de homens que vão criando e reformulando coletivamente as leis. Essas leis são transmitidas para as gerações seguintes na forma de códigos, decretos, constituições, etc. como indivíduos isolados, temos de aceita-las; sob pena de sofrer castigos por viola-las. Seguindo essas ideias, Durkheim afirmara que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da sociologia, é justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são diferentes dos fatos estudados por outras ciências por terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas ciências naturais) ou no indivíduo (na psicologia). Esses fatos sociais têm três características básicas que permitirão sua identificação na realidade, elas são: gerais, exteriores e coercitivos. 1ª. Generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo; 2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade. Isto é, consistem em ideias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora de nós quando nascemos. 3ª. Coercitividade – os indivíduos veem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido porque essas ideias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade; se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira pelo resto do grupo.
  • 13. 13 4. Max Weber AÇÃO SOCIAL Para Weber a sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da ação social para a partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos. Para Max Weber, a análise sociológica estará centrada nos atores e em suas ações. O agente individual é a unidade da análise sociológica, a única entidade capaz de conferir significado às suas ações. A sociedade não é algo exterior e superior aos indivíduos; a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social, que é qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, terá então relações sociais. Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação a partir de suas ações com os demais. Nem toda ação, desse ponto de vista, será social, mas apenas aquelas que impliquem alguma orientação significativa visando outros indivíduos. AÇÃO: toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivo dado por quem executa e que orienta essa ação. AÇÃO SOCIAL: quando a orientação tem em vista a ação de um outro ou de outros agentes. Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com os demais. Para compreender uma ação social é necessário observar o contexto em que ela ocorre, e que só tem significado quando envolve outro indivíduo. A explicação sociológica busca compreender e interpretar o sentido, o desenvolvimento e os efeitos da conduta de um ou mais indivíduos referida a outro ou outros, não se propondo a julgar a validez de tais atos nem a compreender o agente enquanto pessoa. Os 4 tipos de Ações Sociais foram separadas na ordem da mais espontânea para a mais racionalizada. Veja o que segue: 1) Ação Afetiva: determinada por afetos ou estados sentimentais. Ela é motivada e gerada pelos sentimentos de seu agente em relação aos outros. Exemplo: brigas entres torcidas, motivadas pelo sentimento de rivalidade; brigas motivadas por ofensas entre dois agentes; consolar um amigo que sofreu alguma perda; uma declaração de amor. 2) Ação Tradicional: determinada por um costume ou um hábito arraigado. Exemplos: pedir benção aos mais velhos; usar pronomes de tratamento; cumprimentos como bom dia, boa tarde, boa noite; a noiva que joga o buquê. Essas ações são motivadas pelo costume, pelo "ontem eterno". 3) Ação Racional com Relação a Valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade. O sentido não se encontra na consequência, mas na própria conduta.
  • 14. 14 Exemplo: Kamikazes e homens bombas, motivados pelo valor de honra e dever para com sua nação ou deus. Nessa situação de suicídio, o agente assume a responsabilidade sobre o ato de tirar sua vida (ato racional), levando em conta seus valores e suas crenças. 4) Ação Racional com Relação a Fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza meios necessários para alcançar tais finalidades. Exemplo: Estudar motivado a ter um diploma, conseguir um emprego ou passar no vestibular; o cálculo prévio antes de investir em algum negócio; os estudos e cálculos de um engenheiro antes de construir uma ponte. ATIVIDADES 01) (Unimontes 2012) A perspectiva weberiana de estudos sociológicos fundamenta-se na possibilidade de o cientista compreender a ação social do indivíduo, ou seja, em atores sociais capazes de conduzir suas próprias ações, que têm motivações e sentidos. Para ele, a ação social e suas diferentes motivações levam a quatro categorias ou tipologias. Assinale as colunas correspondentes às características de cada uma. 1- Ação social racional em relação a fins 2- Ação social racional com relação a valores 3- Ação social tradicional 4- Ação social afetiva ( ) O agente tem motivações e inspirações imediatas como, por exemplo, de medo, de ódio ou entusiasmo. ( ) São modos de condutas que obedecem a estímulos habituais, de modo que ocorrem e são praticadas por vários agentes como um costume. ( ) O agente possui um comportamento fiel às suas convicções como, por exemplo, na política ou no exercício da liberdade religiosa. ( ) O agente disporá de todos os meios necessários para atingir um fim preestabelecido como, por exemplo, quando ele está praticando uma ação no mercado. _____________________________________________________________________________________ 02) Para Weber, “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.” (COHN, 1991. p. 128). Nesse sentido, as ações de Mahatma Gandhi, líder no movimento de independência da Índia, representam qual tipo de dominação na análise weberiana? a) Dominação Legal b) Dominação Anômica c) Dominação Carismática d) Dominação Altruísta _____________________________________________________________________________________ 03) (Unicentro 2012) Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber realmente o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela aponta, para o objetivo visado nela; para o seu fim, em suma. COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979. A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em: a) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais. b) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens. c) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados. d) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares. e) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros. _____________________________________________________________________________________ 04) (Ufu 2011) Na concepção de Weber, a política é uma atividade geral do ser humano. A atividade política se desenvolve no interior de um território delimitado e a autoridade política reivindica o direito de domínio, ou seja, o direito de poder usar a força para se fazer obedecer. Se há obediência às ordens, ocorre uma situação de dominação. Sobre os tipos de dominação, assinale a alternativa correta. a) A dominação legal racional é a mais impessoal, pois se baseia na aplicação de regras gerais aos casos particulares. b) O patrimonialismo é o tipo mais característico de dominação legal racional. c) A forma mais típica de dominação tradicional é a burocracia. d) A dominação carismática constitui um tipo bastante comum de poderio, na medida em que se baseia na crença em qualidades pessoais corriqueiras.
  • 15. 15 05) Karl Marx, mediante análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, criou uma série de conceitos econômicos, políticos e sociais que foram a base da ideologia socialista. Acerca do Marxismo, todas as alternativas estão corretas, exceto a: a) O Socialismo Científico de Marx defendia uma proposta revolucionária para o proletariado. b) O Marxismo defende que os meios de produção sejam controlados pela iniciativa privada, deixando ao Estado a administração das empresas públicas. c)Para a Revolução Socialista, o comunismo representaria o fim das desigualdades econômicas e sociais. d) Para Marx, a exploração do operariado ficava evidente no conceito de mais-valia. ___________________________________________________________________ 06) Explique as duas grandes classes que existem na sociedade capitalista definidas por Marx? 07) Na concepção de Durkheim, O que é fato social? 08) Qual o objeto de estudo da sociologia, segundo Durkheim? 09) O que é o tipo ideal e o que ele corresponde? 10) O que é ação? 11) Qual o objeto de estudo da sociologia segundo Weber? TEORIA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES, ESTAMENTOS E PARTIDOS No estudo das relações sociais, Weber percebeu que nas sociedades a existência de diferenças sociais pode ter vários princípios explicativos, sendo que o critério de classificação mais relevante é dado pela dominância, em cada unidade histórica, de uma forma de organização ou pelo peso particular que cada uma das diversas esferas da vida coletiva possa ter, essas esferas são: econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural – cada uma com sua lógica particular de funcionamento. Assim Weber, destacou as três esferas (dimensões) da sociedade, sendo que cada esfera possui sua ordem de estratificação própria: ▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse econômico é fator que cria uma classe, podendo-se até considerar que as classes estão estratificadas segundo suas relações com a produção e a aquisição de bens; a estratificação econômica é, portanto, representada pelos rendimentos, bens e serviços que o indivíduo possui ou de que dispõe. ▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social, onde os grupos de status estratificam-se em função do princípio de consumo de bens, representados por estilos de vida específicos, a estratificação social é, portanto, evidenciada pelo prestigio e honra desfrutados. ▪ Partidos – refere-se a ordem política, que manifesta-se através do poder; a estratificação política é assim observada através da distribuição do poder entre grupos e partidos políticos, entre indivíduos no interior dos grupos e partidos, assim como entre os indivíduos na esfera da ação política. O QUE É CULTURA? Você certamente já deve ter percebido que certas palavras são utilizadas com mais de um sentido. É precisamente esse o caso do termo “cultura”. É comum, por exemplo, ouvirmos dizer que determinada pessoa tem cultura porque fala vários idiomas ou porque conhece muitas obras de literatura. Saindo do plano individual, também é frequente lermos que certa civilização produziu uma cultura muito complexa do ponto de vista religioso. Além desses dois usos, eventualmente nos deparamos com pessoas que costumam comparar a época atual com a do passado, dizendo, por exemplo, que as pessoas da década de 1970 não apreciavam a cultura pop internacional tanto quanto as de hoje o fazem. Em todos esses casos, estamos diante da mesma palavra, “cultura”. Mas os sentidos com que ela aparece em cada um dos contextos são bastante diferentes, conforme notou o pensador Félix Guattari. Uma das contribuições de Guattari é a distinção dos três sentidos usuais de “cultura”: cultura-valor, cultura-alma coletiva e Cultura mercadoria. Cultura como valor (Capital cultural): Ela expressa a ideia de que é possível ter ou não ter determinada cultura. É o caso, por exemplo, dos brasileiros que dominam a língua francesa, latina ou alemã, sendo, por isso, considerados cultos. O uso do termo “cultura” para denotar um valor permite, portanto, determinar a distinção entre quem tem e quem não tem uma suposta cultura (por exemplo, artística, musical, científica, filosófica e matemática, dentre outras). A noção de cultura como valor permite, ainda, classificar certo indivíduo como pertencente ao meio culto ou inculto, dentre muitos outros. Pessoas que não dominam as normas da língua culta para a escrita, por exemplo, tendem a ser classificadas como incultas.
  • 16. 16 Cultura-alma coletiva: É o uso cotidiano da palavra “cultura”, o chamado “cultura-alma coletiva”, é sinônimo de “civilização”. Nesse caso, estamos diante da noção de que todas as pessoas, grupos e povos têm cultura e identidade cultural. A população do interior do estado de São Paulo, por exemplo, tem como parte integrante de sua identidade cultural um sotaque bastante peculiar na pronúncia do “r” em palavras como “porta”, “jantar” e “dormir”, dentre tantas outras. É nesse sentido, portanto, que falamos de cultura negra, chinesa ou ocidental, sempre fazendo referência aos traços culturais que possibilitam a identificação e a caracterização dos indivíduos que constituem esses povos. Cultura-mercadoria: O uso do termo “cultura” como cultura-mercadoria corresponde, segundo Guattari, à chamada “cultura de massa”. Nesse caso, não se trata de avaliar a qualidade da cultura que determinada pessoa tem ou não, nem tampouco de delimitar os traços culturais de um povo (como os habitantes do interior de São Paulo). A noção de cultura-mercadoria está ligada a bens, equipamentos e conteúdos teóricos e ideológicos de produtos que estão à disposição das pessoas que querem e podem comprá-los. São os casos, por exemplo, de serviço, filmes, livros, músicas, novelas, séries e programas de reality shows consumidos por milhões de pessoas dentro e fora do Brasil. Ou seja, gente com repertórios culturais muito distintos (primeiro sentido) e oriundos de culturais extremamente diversificadas (segundo sentido) pode muito bem partilhar a mesma cultura-mercadoria quando assiste ao Big Brother ou escuta Katy Perry. Disponível em : https://doutorgori.wordpress.com/2012/08/15/a-charge-da-semana/ - acesso 15/06/2020 RELATIVISMO CULTURAL e ETNOCENTRISMO O relativismo cultural é um movimento que considera as culturas de modo geral, diferente uma das outras em relação aos postulados básicos, embora tenham características comuns. Todos os povos formulam juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus. Por isso, o relativismo cultural não concorda com a ideia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as avaliações devem ser sempre relativas à própria cultura onde surgem. Os padrões ou valores de certo ou errado, dos usos e costumes das sociedades em geral, estão relacionados com a cultura da qual fazem parte. Dessa maneira, um costume pode ser válido em relação a um ambiente cultural e não a outro. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. Estas tendências contém o germe do racismo, da intolerância, e frequentemente, são utilizados para justificar a violência contra outros. Entretanto o etnocentrismo apresenta um aspecto positivo, ao ser agente de valorização do próprio grupo. Cada povo tem uma cultura própria, cada sociedade elabora sua própria cultura e recebe influência de outras culturas; dessa forma, todas as sociedades, desde as simples até as mais complexas, possuem cultura. Não há sociedade sem cultura, assim como não existe ser humano destituído de cultura. DIVERSIDADE CULTURAL E ETNOCENTRISMO O etnocentrismo denota a maneira pela qual um grupo, identificado por sua particularidade cultural, constrói uma imagem do universo que favorece a si mesmo. Compõe-se de uma valorização positiva do próprio grupo, e um referência aos grupos exteriores marcada pela aplicação de normas do seu próprio grupo, ignorando, portanto, a possibilidade de o outro ser diferente. Sendo baseado numa preferência que não encontra uma validade racional, o etnocentrismo é encontrado, em diferentes graus, em todas as culturas humanas. Mas não é só o fato de preferir a própria cultura que constitui o que se convencionou chamar de etnocentrismo, e sim o preconceito acrítico em favor do próprio grupo e uma visão distorcida e preconceituosa em relação aos demais. O etnocentrismo é um fenômeno sutil, que se manifesta através de omissões, seleção de acontecimentos importantes, enunciado de um sistema de valores particular, etc. Em sua expansão, a partir do século XV, as sociedades europeias se defrontaram com outras sociedades e perceberam que estas não eram feitas à sua imagem. A reação imediata do Ocidente foi o etnocentrismo. Em seu avanço, a cultura europeia não só é etnocêntrica, como também etnocidária. O etnocídio é a destruição de modos de vida e de pensamentos diferentes dos compartilhados por aqueles que conduzem à prática da destruição, que reconhecem a diferença como um mal que deve ser sanado mediante a transformação do Outro em algo idêntico ao modelo imposto. Resulta disso, segundo Jaulin, que o conjunto submetido a essa cultura é homogêneo, pois provém da extensão de si mesmo e da negação do Outro. O outro é sempre negado pelas culturas europeias, pois o universo no qual está integrado passa a depender dessas culturas. TELLES, Norma. A imagem do índio no livro didático: equivocada, enganadora. Em Aracy Lopes da Silva (organizadora), A questão indígena na sala de aula, São Paulo, Brasiliense, 1987, p. 75-6.
  • 17. 17 CULTURA POPULAR E CULTURA ERUDITA Muito provavelmente você sabe o que é cultura, mas é preciso ressaltar que cultura, muitas vezes é confundida com aquisição de conhecimentos, com educação, com erudição. A cultura é informação, é a reunião de conhecimentos aprendidos no decorrer de nossas vidas, é herança social. Por ser uma herança social, o ser humano “recebe” a cultura dos seus antepassados, mas cada pessoa, cada indivíduo é capaz de modificar a cultura herdada, pois a cultura é modificável, flexível, o ser humano “recebe” a cultura e a remodela, portanto, a cultura não é fixa. E, falando em erudição, a chamada cultura erudita está associada às elites, os seus produtores fazem parte de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento é proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida, sobretudo pela leitura). A arte erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte, propostas revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação. A Cultura Erudita é a produção acadêmica centrada no sistema educacional, sobretudo na universidade, produzida por uma minoria de intelectuais. Cultura é tudo aquilo que aprendemos e compartilhamos com nossos semelhantes. Ela é relativa, não existe uma cultura boa, ou uma cultura ruim, superior ou inferior, como acreditavam os alemães, inclusive criadores da compreensão que muitos de nós ainda temos de “Cultura” com C maiúsculo, indicando superioridade, e neste sentido quem compreende a cultura desta forma arcaica e equivocada tende a fazer afirmações do tipo: “ fulano é culto” “Fulano não tem cultura” ora, todos e todas temos cultura! Cultura pode por um lado referir-se à alta cultura, à cultura dominante, ou seja, a cultura erudita, e por outro, a qualquer cultura. No primeiro caso, cultura surge em oposição à selvageria, à barbárie; cultura é então a própria marca da civilização, como queriam os alemães ao idealizarem a ideia da “Kultur” alemã indicando a superioridade da cultura alemã em detrimento das outras culturas, como modelo de civilidade, de progresso. Ou ainda, a alta cultura surge como marca das camadas dominantes da população de uma sociedade; se opõe à falta de domínio da língua escrita, ou à falta de acesso à ciência, à arte e à religião daquelas camadas dominantes. No segundo caso, pode-se falar de cultura a respeito de todos os povos, nações, grupos ou sociedades humanas. Cultura está muito associada a estudo, educação, formação escolar, o que não é correto; por vezes se fala de cultura para se referir unicamente às manifestações artísticas, como o teatro, a música, a pintura, a escultura, cinema, logo ouvimos falar também de acesso à cultura. Outras vezes, ao se falar na cultura da nossa época ela é quase que identificada com os meios de comunicação de massa, tais como o rádio, a televisão. Ou então cultura diz respeito às festas e cerimônias tradicionais, às lendas e crenças de um povo, ou a seu modo de se vestir, à sua comida, a seu idioma. A lista ainda pode aumentar mais. Contudo, devemos entender como cultura todas as maneiras de existência humana. Essa tensão entre referir-se a uma cultura dominante ou a qualquer cultura, permanece, e explica-se em parte a multiplicidade de significados do que seja cultura. Notem que é no segundo sentido que as ciências sociais costumam falar de cultura, no sentido amplo, como fenômeno unicamente humano, que se refere a capacidade que o ser humano tem de dar significados às suas ações e ao mundo que os rodeia. Cabe aqui iniciarmos uma conversa sobre cultura popular, que aparece associada ao povo, às classes excluídas socialmente, às classes dominadas. Ao contrário da cultura erudita, a cultura popular não está ligada ao conhecimento científico, pelo contrário, ela diz respeito ao conhecimento vulgar ou espontâneo, ao senso comum. Geralmente a cultura popular é identificada com folclore, conjunto das lendas, contos e concepções transmitidas oralmente pela tradição. É produzida pelo homem do campo, das cidades do interior ou pela população suburbana das grandes cidades. A cultura popular é conservadora e inovadora ao mesmo tempo no sentido em que é ligada à tradição (costumes, crenças, rituais) mas incorpora novos elementos culturais. Muitas vezes a incorporação de elementos modernos pela cultura popular (como materiais como plástico, por exemplo) a transformação de algumas festas tradicionais em espetáculos para turistas (como o carnaval) ou a comercialização de produtos da arte popular são, na verdade, modos de preservar a cultura popular a qualquer custo e de seus produtores terem um alcance maior do que o pequeno grupo de que fazem parte. Todos os indivíduos, todos os seres humanos tem cultura, no entanto, cada cultura é diferente da outra, mesmo povos ditos incivilizados tem cultura, pois a cultura não baseia-se somente na linguagem escrita, e, como é herança social é transmitida de geração em geração. Cultura compreende uma série de elementos, como costumes, crenças religiosas, vestimenta, língua, objetos, rituais etc.
  • 18. 18 PADRÃO CULTURAL e ACULTURAÇÃO Dentro de todas as sociedades existe um padrão cultural, que é uma norma estabelecida pela sociedade, os indivíduos normalmente agem de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade em que vivem. No Brasil, por exemplo, o casamento monogâmico é um padrão de nossa cultura. Se existem sociedades diferentes, é porque existem culturas diferentes, e na maioria das vezes contatos entre essas culturas. Exemplo disso é a formação sociocultural brasileira. Durante a colonização no Brasil, ocorreram intensos contatos entre cultura do colonizador português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos. Como consequências desse contato ocorreram modificações que deram origem a cultura brasileira; esse contato e mudanças culturais são conhecidos como aculturação. SOCIALIZAÇÃO E IDENTIDADE DE GÊNERO “Não se nasce mulher, torna-se mulher” — Simone de Beauvoir “Um caminho dentro da Sociologia para se analisar “as origens das diferenças de gênero é estudar a socialização do gênero, a aprendizagem de papéis do gênero com o auxílio de organismos sociais, como a família e a mídia. Essa abordagem faz distinção entre sexo biológico e gênero social — uma criança nasce com o primeiro e desenvolve o segundo. Pelo contato com vários organismos sociais, tanto primários como secundários, as crianças internalizam gradualmente as normas e as expectativas sociais que são percebidas como correspondentes ao seu sexo. As diferenças de gênero não são biologicamente determinadas, são culturalmente produzidas. De acordo com essa visão, as desigualdades de gênero surgem porque homens e mulheres são socializados em papéis diferentes. ” Na socialização do gênero “meninos e meninas são guiados por “sanções” positivas e negativas, forças socialmente aplicadas que recompensam ou restringem o comportamento. Por exemplo, um menino poderia ser sancionado positivamente em seu comportamento (“Que menino valente você é! ”), ou ser alvo de sanções negativas (“Meninos não brincam com bonecas”). Essas afirmações positivas e negativas ajudam meninos e meninas a aprender os papéis sociais esperados e a adequar-se a eles. ” “As influências sociais na identidade de gênero fluem por meio de diversos canais; ” … “Estudos sobre as interações entre pais e filhos, por exemplo, mostram diferenças distintas no tratamento de meninos e meninas, mesmo quando os pais acreditam que suas reações para ambos sejam iguais. Os brinquedos, os livros ilustrados e os programas de televisão experiências por crianças tendem a enfatizar diferenças entre os atributos masculinos e femininos. Embora a situação, de alguma forma, esteja mudando, os personagens masculinos em geral superam em número os femininos na maior parte dos livros infantis, contos de fadas, programas de televisão e filmes. Os personagens masculinos tendem a representar papéis mais ativos e aventurosos, enquanto os femininos são retratados passivos, esperançosos e voltados à vida doméstica. Pesquisadoras feministas demonstraram como produtos culturais e de mídia, comercializados para audiências jovens, encarnam atitudes tradicionais para com o gênero e os tipos de objetivos e ambições esperados em meninos e meninas. ” Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br Desigualdades de gênero — Conceitos básicos O sexo biológico se refere a diferenças físicas e biológicas entre os membros do sexo masculino e do feminino. Gênero, por outro lado, é um conceito social. É um termo que se refere aos aspectos culturais e sociais associados ao fato de se pertencer ao sexo masculino ou feminino. A manifestação social da identidade de gênero de acordo com as expectativas culturais e sociais constitui o papel social de gênero, que se refere a forma como a sociedade espera que uma pessoa se comporte pelo fato de pertencer ao sexo masculino ou feminino, determina por exemplo, como Homens e mulheres devem se vestir, pensar, falar e interagir e refletem os valores da sociedade e são transmitidos de geração em geração. As posturas para o comportamento sexual não são uniformes entre as sociedades do mundo. No século XIX, os pressupostos religiosos sobre a sexualidade foram substituídos em parte por visões médicas. Observa-se uma transição nas sociedades ocidentais para um posicionamento mais liberal sobre a sexualidade, com a liberação da sexualidade especialmente a partir da década de 1960. Falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem ou ser mulher. O gênero é uma forma significativa de estratificação social. As desigualdades de gênero ocorrem porque os homens e as mulheres são socializados para papéis diferentes; são orientados nesse processo por sanções positivas e negativas, forças socialmente aplicadas que recompensam ou limitam o comportamento.
  • 19. 19 PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO A socialização designa o processo que introduz uma pessoa à sua cultura e na qual aprende a viver em sociedade e a decodificar as formas de fazer, de agir, de pensar e de sentir do seu ambiente social e cultural. (Rocher, 1968) Deste modo através do processo de socialização a pessoa constrói a sua identidade social e interioriza as normas, os valores e os saberes que lhe permitem entrar em relação com os outros e de funcionar no seio de um grupo, na sociedade. Mudanças sociais na vida das mulheres: Evidentemente, a presença de uma fala feminina em locais que lhes eram até então proibidos, ou pouco familiares, é uma inovação do século XIX que muda o mundo moderno. Contudo ainda existem muitas esferas em que a desigualdade é grande. As Diversas formas de ser/conhecer produzidas pelos diferentes povos Quem são os Povos e Comunidades Tradicionais Caiçaras, faxinalenses, povos de terreiros, quilombolas, indígenas, ciganos: o que estes e outros grupos têm em comum? São todos considerados povos e comunidades tradicionais, reconhecidos como “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição” (PNPCT, 2007). Os povos e comunidades tradicionais do Brasil estão presentes em praticamente todos os estados. De sua totalidade, 28 segmentos diferentes, que se agrupam de acordo com características sociais, culturais, econômicas e pelo critério da auto definição, estão representados atualmente na Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT). Muitos destes povos e comunidades extraem da biodiversidade brasileira os recursos para sua manutenção e reprodução social e lutam para preservar sua identidade e territórios. A valorização de aspectos culturais como festas, religiosidade, os modos de vida e produção caminha lado a lado com o processo de organização social desses grupos, visando tratar de questões essenciais a esses segmentos como: o acesso ao território, à terra; o enfrentamento de processos discriminatórios e de ameaças à sua cultura e modo de viver. POVOS TRADICIONAIS E SUSTENTABILIDADE São populações tradicionais da Amazônia: indígenas, seringueiros, castanheiros, extrativistas, ribeirinhos, pescadores artesanais, quebradeiras de coco, pequenos agricultores, quilombolas, povos da floresta. Essas comunidades vivem preservando a cultura da floresta, vivem da agricultura de subsistência, da pesca e da caça e coletam produtos naturais para constituir renda. Esses povos são culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. A Amazônia é palco de comunidades tradicionais que utilizam os recursos provenientes da cobertura florestal e usam os recursos no presente sem comprometer o futuro. Essa intrínseca relação de dependência entre os comunitários e a floresta torna as populações tradicionais mais vulneráveis às mudanças climáticas (fenômenos naturais), transformando-as nas principais vítimas da destruição do meio ambiente, ocasionada pela cultura exploratória que impera na Amazônia. Neste contexto tronou-se necessário fomentar o desenvolvimento de projetos sustentáveis, cujo objetivo, é promover a geração de emprego e renda, a preservação do meio ambiente e o fortalecimento da cultura da floresta. Desenvolvimento sustentável ou Sustentabilidade significa: “satisfazer as necessidades das atuais gerações sem comprometer a habilidade de futuras gerações em atender às suas próprias necessidades”. Muitos desses projetos são direcionados para a capacitação das comunidades para que possam gerir e dar continuidade aos trabalhos. São exemplos de projetos sustentáveis: cursos de novas técnicas de plantio, cultivo e criação de animais e capacitação para a fabricação de objetos artesanais, biojóias e ecoturismo.
  • 20. 20 A importância desses povos está no fato de: se as populações tradicionais são beneficiadas com os produtos provenientes da floresta, as riquezas biológicas encontradas na Amazônia são preservadas por essas comunidades que atuam como guardiãs da natureza, reduzindo gradativamente a exploração dos recursos naturais pelos grileiros, sojeiros, pecuaristas e demais criminosos ambientais interessados em destruir a biossociodiversidade da maior floresta tropical do Planeta. A preservação dos valores e da cultura das populações tradicionais contribuirá para o avanço de um modelo de desenvolvimento sustentável na Amazônia, garantindo o fortalecimento da cidadania dos povos da floresta. Ciganos: No Brasil, existem vários grupos que compõem os povos ciganos, por exemplo: os Rom, os Sinti, os Calon. Cada um desses grupos étnicos possui dialetos, tradições e costumes próprios. Muitos deles ainda estão voltados às atividades itinerantes tradicionais da cultura cigana, porém nem toda pessoa de etnia cigana é nômade. Muitos têm residência fixa, variando desde casas sofisticadas à tendas, acampamentos e casas de pau a pique. (fonte: cigano MDS). Observa-se o crescente número de núcleos familiares sedentarizados em bairros na procura por melhores condições de vida, saúde e educação, sem perder a essência de suas tradições e costumes. Dada a origem distinta das etnias, não existe uma única língua cigana. Com isso, a língua falada por um Rom não é entendida por um Calon, e vice-versa, o que evidência que, apesar de ambas etnias receberem a denominação de “ciganos”, existem importantes diferenças. Nesse ponto, destaca-se a importância do convívio em comunidade por parte dos ciganos para que sua cultura seja transmitida e preservada ao longo do tempo. (informativo cigano MDS) Há ainda enorme desafio em estimar a quantidade de ciganos residentes no Brasil. Estão distribuídos em todos os estados da Federação e no Distrito Federal. Somente no Cadastro Único, foram contabilizados 22 mil ciganos em 2018. Povos e comunidades de matriz africana e povos e comunidades de terreiro Povos de terreiro são o conjunto de populações, em sua maioria de origem afro-brasileira, que está ligado às comunidades religiosas de matrizes africanas por vínculos de parentescos ou iniciáticos. Assim se definem em razão do pertencimento, uma vez que se estruturam em torno de organizações sociais religiosas de intensa forma de sociabilidade coletiva. Religiões de africanas são os conjuntos de práticas religiosas que se originaram através das populações negras africanas escravizadas no Brasil (PORTAL YPADE disponível em: http://portalypade.mma.gov.br/). Os terreiros são locais sagrados de culto e estão presentes em todo o Brasil. Esses territórios tradicionais mantêm intensa relação com a comunidade de seu entorno, são espaços que tem um enorme potencial na promoção da saúde, educação, cultura, e segurança alimentar (Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, 2013) A oralidade é um princípio civilizatório destes povos. É através da oralidade que estes povos transmitem sua tradição e ancestralidade. (Povos e comunidades tradicionais de matriz - caderno de debates). Quilombola As comunidades quilombolas, de acordo com o Decreto n° 4887, de 20 de novembro de 2003, são “grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”. O movimento de luta pela garantia dos direitos quilombolas é histórico e político. Traz em seu íntimo uma dimensão secular de resistência, na qual homens e mulheres negros buscavam o quilombo como possibilidade de se manterem física, social e culturalmente, em contraponto à lógica colonial e pós- colonial (CONAQ disponível em: http://conaq.org.br/). São, de modo geral, comunidades oriundas daquelas que resistiram à brutalidade do regime escravocrata e se rebelaram frente a quem acreditava serem eles sua propriedade. As comunidades remanescentes de quilombo se adaptaram a viver em regiões por vezes hostis. Porém, mantendo suas tradições culturais, aprenderam a tirar seu sustento dos recursos naturais disponíveis ao mesmo tempo em que se tornaram diretamente responsáveis por sua preservação, interagindo com outros povos e comunidades tradicionais tanto quanto com a sociedade envolvente. Seus membros são agricultores, seringueiros, pescadores, extrativistas e, dentre outras, desenvolvem atividades de turismo de base comunitária em seus territórios, pelos quais continuam a lutar. (FUNDAÇÃO PALMARES disponível em: http://www.palmares.gov.br). Embora a maioria esmagadora encontre-se na zona rural, também existem quilombos em áreas urbanas e peri-urbanas. O Território Remanescente de Comunidade Quilombola é uma concretização das conquistas da comunidade afro descendente no Brasil, fruto das várias e heroicas resistências ao modelo escravagista e opressor instaurado no Brasil colônia e do reconhecimento dessa injustiça histórica (CONAQ disponível em: http://conaq.org.br/). São consideradas terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos, segundo o Artigo 2º do Decreto 4.887/2003, as utilizadas para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural.
  • 21. 21 Outras comunidades tradicionais: Caiçara: Os Caiçaras são integrantes de comunidade de pescadores artesanais das regiões de São Paulo, Paraná e sul do Rio de Janeiro. Catadoras de Mangaba: Vivem da extração da Mangaba. Atividade predominante feminina. A coleta também requer um conjunto de práticas e saberes tradicionais. Cipozeiros: é aquele que vive da extração do cipó imbé e o utiliza para fabricar artesanato de cestos e demais utensílios domésticos. Geraizeiros: são as populações que habitam os campos gerais do estado de Minas Gerais. Seu modo de vida é completamente alinhado às características do Cerrado, de onde tiram tudo o que é necessário para sobreviver. Atuam de forma diversificada na produção dos meios de vida, por meio da criação de animais, plantações e extrativismo. Pantaneiros: caracterizam-se por serem moradores do Pantanal há várias gerações, possuindo costumes e cultura próprios, influenciados diretamente pelas relações estabelecidas com o meio ambiente e com os ciclos de cheia e seca das águas, utilizando-a como meio de transporte e de subsistência. Vazanteiros: São residentes das margens e ilhas do Rio São Francisco que cotidianamente interagem com as condições e mudanças desse e dos rios do entorno. O nome vazanteiro provém do costume de usar os terrenos de vazante nas margens do rio São Francisco para praticar a agricultura de subsistência. ATIVIDADES 01) A cultura material nada mais e que a importância que determinados objetos possuem para determinado povo e sua cultura. E também através da cultura material que se ajuda a criar uma identidade comum. Já a cultura imaterial e uma manifestação de elementos representativos, de hábitos, de práticas e costumes. A transmissão dessa cultura se dá muitas vezes pela tradição. São exemplos de cultura Imaterial: a) ( ) A religião, o sotaque e a roupa de um povo. b) ( ) Comidas típicas, a roupa, arquitetura e a música. c) ( ) Utensílios, a arquitetura, folclore e comidas típicas. d) ( ) Festas, a religião, o folclore e o sotaque. e) ( ) Sotaque, a roupa, arquitetura e a música. ____________________________________________________________________________________ 02) E uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo e tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc. A definição corresponde a quais conceitos? a) ( ) Relativismo cultural. b) ( ) Etnocentrismo. c) ( ) Heliocentrismo. d) ( ) Diversidade cultural. _____________________________________________________________________________________ 03) Não corresponde a uma atitude ou visão etnocêntrica a) ( ) os índios brasileiros não tiveram a sua mão de obra aproveitada pelos portugueses por que eram preguiçosos e não gostavam de trabalhar. b) ( ) As favelas são lugares carentes de cultura. c) ( ) Toda sociedade possui seu valor e devem ser respeitadas em suas diversidades. d) ( ) O Funk devido ao erotismo e ao estimulo ao consumo presentes nas letras de suas músicas não pode ser considerado uma manifestação Cultural. _____________________________________________________________________________________ 04) O conceito “São diferenças culturais que existem entre os seres humanos. Ha vários tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização da Sociedade” diz respeito a: a) Ações etnocêntricas. b) Diversidade Cultural. c) Relatividade Moral. d) Descritivíssimo Antropológico
  • 22. 22 05) “As práticas religiosas indígenas, contudo, não desapareceram, convivendo com o pensamento cristão. O mesmo ocorreu com os negros vindos da África, que trouxeram para cá sua cultura religiosa [...] Uma prova da mistura e da presença das várias tradições culturais e religiosas no Brasil era a chamada ‘bolsa de mandinga’, pequeno recipiente no qual se guardavam vários amuletos com o objetivo de oferecer proteção e sorte a quem a carregava. Dentro da bolsa encontravam-se objetos das culturas europeias, africana e indígena, podendo conter enxofre, pólvora, pedras, osso de defunto, papéis com dizeres religiosos ou símbolos, folhas, alho e outros elementos que variavam conforme o uso a que ela se destinava”. (MONTELLATO, Andrea. História temática: diversidade cultural e conflitos. São Paulo: Scipione, 2000. P. 145.) É correto afirmar que o texto refere-se a: a) Um processo chamado de aculturação em que os grupos abandonam suas tradições. b) Uma forma de organizar as diferenças que os homens percebem na natureza e no mundo social. c) Um processo de ressignificação de elementos culturais tendo como resultado uma nova configuração. d) Um movimento de eliminação de determinadas culturas quando transpostas para fora da sua área de origem. _____________________________________________________________________________________ 06) O que são comunidades Tradicionais? 07) Como que vivem as comunidades tradicionais da floresta Amazônica? 08) Podemos afirmar que todos os grupos de ciganos existentes no Brasil, possuem os mesmos traços culturais e falam a mesma língua? Explique. 09) Explique quem são as seguintes comunidades tradicionais: A) Quilombolas B) Geraizeiros C) Comunidades de terreiros: FORMAS DE ESTRATIFICAÇÕES SOCIAIS João e José nasceram no mesmo dia e na mesma cidade. João é filho de trabalhadores informais. A mãe trabalha como diarista em diversas casas na zona nobre da cidade. O pai era operário fabril, mas, com a crise, perdeu o emprego e passou a executar pequenos serviços de reparos na vizinhança. A família mora numa comunidade localizada em um bairro da periferia. José é filho de uma médica e de um empresário. A família reside num bairro de classe média alta numa área muito valorizada da cidade. João estudou em escolas públicas e saiu poucas vezes da cidade. Como mora distante do centro, frequenta muito pouco os pontos turísticos e os museus. José, por sua vez, viajou bastante e conhece, inclusive, museus de outros países. Será que João e José têm expectativas iguais para o futuro? Caso elas sejam iguais, as possibilidades de elas se concretizarem são semelhantes? As situações narradas acima são fictícias, porém, dialogam diretamente com a realidade com que nos deparamos todos os dias no Brasil e no mundo. Como explicar diferenças tão grandes entre jovens nascidos na mesma cidade e no mesmo dia? Para compreender esse fenômeno, vamos estudar neste capítulo as diferentes formas de estratificação e de desigualdades sociais presentes nas sociedades modernas e contemporâneas.
  • 23. 23 Os noticiários da televisão e os discursos dos principais governantes democráticos e das instituições internacionais em defesa dos direitos humanos frequentemente citam a desigualdade social como algo a ser superado. O conceito refere-se, em linhas gerais, à privação de direitos ou de acesso a recursos para uma pessoa ou um grupo, o que cria distinções entre os indivíduos. Há várias formas de desigualdade: econômica, de gênero, racial, digital etc. Por isso, nas Ciências Sociais, falamos em desigualdades sociais, no plural. Essas diferentes possibilidades de privação de direitos geralmente não se apresentam isoladas. Ao contrário, em muitos casos estão relacionadas entre si e se reforçam mutuamente. Portanto, combater um tipo de desigualdade é preciso combater também os outros. Para estudar as desigualdades sociais, é importante estar atento a três elementos centrais: a estrutura, a estratificação e a mobilidade social. A estrutura social é determinada pelo modo como se organizam os aspectos econômico, cultural, social, político e histórico de uma sociedade. É por meio da análise dessa estrutura que as Ciências Sociais buscam explicação para os fenômenos que dizem respeito às sociedades. A sociedade brasileira, por exemplo, fundou-se sobre as bases do trabalho escravo, do patrimonialismo e do patriarcalismo. Esses três elementos estruturais influenciam o cenário da sociedade brasileira contemporânea e comprometem as possibilidades de negros, indígenas e mulheres terem acesso a bens e a direitos, dificultando a ascensão social dessas e de outras parcelas da população, e ajudam a compreender os motivos que levaram ao uso do Estado para fins privados. O termo estratificação diz respeito ao modo como cada sociedade está dividida. No caso, trata-se das camadas sociais que se sobrepõem umas às outras. Essa divisão costuma ocorrer de acordo com diferentes critérios sociais e históricos, que estabelecem uma espécie de hierarquia. Conforme a posição que um indivíduo ocupa nessa hierarquia, ele terá mais ou menos acesso a direitos e recursos. Além disso, a posição na qual se encontram os indivíduos determinará a quantidade de poder que poderão ter. Sendo assim, a desigualdade social também é fruto das relações de poder, o que implica dominação e exploração de alguns grupos por outros. Dessa maneira, chegamos ao terceiro conceito fundamental que nos permitirá a compreensão da desigualdade: a mobilidade social, determinada pela possibilidade de um indivíduo mudar de posição na hierarquia social. No passado, houve, em algumas sociedades, uma estrutura de estratificação excessivamente rígida, que não permitia aos indivíduos deixar de pertencer a um estrato social ou passar a pertencer a ele. Nos tempos atuais, em quase todas as sociedades, existe sempre a possibilidade formal ou jurídica de haver mobilidade, mas a ascensão social não costuma ser fácil, pois as camadas inferiores em boa parte das vezes enfrentam várias restrições de acesso aos recursos, justamente o que acaba por distingui-las das demais classes. Estratificação A estratificação social e as desigualdades que ela produz não são naturais. Ao contrário, são geradas histórica e socialmente, emergem de uma diversidade de situações e influenciam de maneira direta ações e relações estabelecidas na vida em sociedade. Há inúmeros modelos de estratificação no mundo, mas analisaremos três: as castas, os estamentos e as classes. Essa tríade apresenta nuances, subdivisões e, por vezes, “camadas” constitutivas que representam elementos políticos, econômicos e culturais determinantes para o curso da vida cotidiana da coletividade. Castas: um sistema de estratificação muito antigo Oficialmente reconhecido até há poucas décadas, o sistema de castas regulou a vida de centenas de milhões de pessoas na Índia. Apesar de ter existido também em outros locais do mundo (como no Japão), em lugar nenhum esse sistema consolidou-se tão fortemente como naquele país.
  • 24. 24 Em geral, as castas constituem comunidades fechadas e de compartilhamento de características sociais hereditárias, como a ocupação profissional ou o poder político e econômico. Apesar de não estarem restritos a uma área definida, os grupos podem se organizar obedecendo às limitações sociais e econômicas derivadas de sua posição social. A hereditariedade é a base para a divisão da sociedade, sem nenhuma possibilidade de ascensão social: aqueles que pertencem a castas inferiores não podem manter contatos sociais com os grupos superiores. O sistema de castas da Índia, apesar de abolido juridicamente na década de 1950, continua a ser um referencial cultural e político para a sociedade indiana, o que amplia as situações de desigualdade social no país. Na imagem, mulheres de castas mais baixas protestam por melhores condições de vida próximo ao Parlamento em Nova Délhi, em 2013. A hereditariedade é a base para a divisão da sociedade, sem nenhuma possibilidade de ascensão social: aqueles que pertencem a castas inferiores não podem manter contatos sociais com os grupos superiores. Normalmente, a estratificação é reconhecida pelo sobrenome, mas, em algumas regiões, pode-se perceber a casta de um indivíduo por meio do dialeto falado, pelos alimentos que consome ou pelas vestimentas e acessórios que usa. Todo modelo de estratificação social apresenta características próprias de controle social. No sistema de castas indiano, o hinduísmo, esse controle se pauta pelo comportamento do indivíduo em uma vida anterior: se sua conduta foi considerada boa, será recompensado nascendo em uma casta mais elevada na próxima vida; se não, será punido nascendo em uma casta mais baixa. O SISTEMA DE CASTAS NA ÍNDIA O sistema de castas (e de subcastas) indiano existiu oficialmente durante milhares de anos e se baseia numa hierarquização estabelecida de acordo com religião, etnia, cor, hereditariedade e ocupação. Em um primeiro momento, existiam somente quatro tipos de casta: a dos brâmanes (sacerdotes), a dos xátrias (militares), a dos vaixás (fazendeiros e comerciantes) e, a mais baixa, a dos sudras (pessoas que deveriam servir às castas superiores). Os indivíduos que não faziam parte de nenhuma dessas castas eram denominados dalit ou párias (intocáveis) e formavam um grupo de excluídos, cuja incumbência era realizar trabalhos considerados deploráveis. Ao longo do tempo, o sistema se tornou mais complexo, o que fez crescer muito o número de castas. ESTAMENTOS: ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL DE UM MUNDO EM TRANSIÇÃO Durante cerca de dez séculos, aproximadamente do século V ao século XV, a Europa ocidental viveu o período conhecido como Idade Média. Organizada em torno da vida rural, essa época caracterizou-se pela intensa influência da cultura cristã, representada pela Igreja católica romana, que ditava as normas de conduta e de convivência para as populações europeias. A divisão da sociedade apoiava-se em dois parâmetros: a posse de terras e a “ordem de importância” perante Deus. Sendo assim, a sociedade se compunha de quatro partes: clero, nobreza, comerciantes e camponeses. Cada uma dessas partes era chamada estamento e cada um deles era caracterizado por um conjunto de direitos e deveres considerados naturais, determinados por Deus e sustentados legalmente. Dizemos que são partes interconectadas, pois, para entender as “determinações divinas”, é indispensável compreender o modo pelo qual conceitos como tradição, linhagem, vassalagem e honra predominavam no pensamento e na ação das pessoas e na sua relação direta com a propriedade de terras. Os membros do clero detinham mais benefícios, pois se consideravam responsáveis pela proteção espiritual de toda a sociedade. Por isso, eram isentos de impostos e arrecadavam o dízimo. A nobreza era dona das terras e arrecadava impostos dos comerciantes, artesãos e camponeses, dividindo-os com o clero. A quarta camada social, formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos, devia taxas e tributos aos senhores e não gozava de nenhum privilégio. Numa comparação com o sistema de castas, o sistema estamental é “mais aberto”: impõe rígidos obstáculos, mas não impossibilita a mobilidade social. Como analisa Max Weber, os estamentos representaram um momento de transição na Europa: o sistema social mudava de uma sociedade fechada, estável e organizada por castas para uma sociedade de classes. No entanto, traços de um sistema costumam permanecer em outro sistema hegemônico. Para o jurista e sociólogo gaúcho Raymundo Faoro, a sociedade brasileira foi moldada de acordo com critérios estamentais, o que é exemplificado pela prática do patrimonialismo, tipo tradicional de dominação no qual os governantes agem em benefício privado.
  • 25. 25 Classes e desigualdades sociais As classes sociais podem ser entendidas como agrupamentos de pessoas que surgem em razão das desigualdades sociais, mas que têm como base a igualdade formal entre os indivíduos. Ou seja, a partir das desigualdades criadas socialmente, em que todos são formalmente iguais perante a lei, surgem as classes. Do ponto de vista histórico, só se pode falar de classes sociais depois das revoluções burguesas do século XIX. Uma característica do sistema de classes é a possibilidade de mobilidade social, que pode ser de dois tipos: vertical e horizontal. No primeiro caso, altera-se a classe social, o que pode acontecer de modo ascendente (de uma classe baixa para outra superior) ou de modo descendente (de uma classe alta para outra inferior). No outro, a mobilidade opera-se dentro da mesma “camada”, como a provocada por fatores geracionais ou profissionais. A Sociologia costuma privilegiar as abordagens concebidas por Karl Marx e Max Weber sobre as classes sociais. Classe para Marx Os trabalhos de Karl Marx representam a primeira grande teoria sociológica da estratificação social. Valendo-se do conceito de classe social, o autor crítica de modo contundente a ideia de igualdade política e jurídica proclamada pelos liberais, entendidos como aqueles que, orientados pelos interesses da burguesia, defendem a democracia representativa e o livre mercado. Para Marx, os direitos inalienáveis de liberdade e justiça – propostos pelos liberais – não resistem às evidências das desigualdades sociais promovidas pelas relações de produção capitalistas, que dividem os homens em proprietários e não proprietários dos meios de produção. Dessa divisão se originam duas classes sociais centrais: o proletariado – aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de salário – e a burguesia – dona dos meios de produção sob a forma legal da propriedade privada, que se apropria do produto do trabalho dos operários e lhes paga um valor inferior ao que foi gerado pelo uso da mão de obra. Essas duas classes possuem interesses em constante conflito. Por exemplo, durante uma greve, os trabalhadores lutam por melhores condições de trabalho e de remuneração, enquanto os patrões têm interesse em atingir o maior lucro possível, o que só pode ser obtido se eles explorarem ainda mais os trabalhadores. E o atendimento das reivindicações destes leva à diminuição do lucro dos patrões. Isso demonstra a oposição entre os interesses de classe. A polarização entre essas duas classes não significa para Marx que não existam outras, como as dos pequenos proprietários rurais, comerciários e diferentes tipos de profissionais liberais. Estas, no entanto, exercem um papel intermediário no conflito entre o proletariado e a burguesia, aproximando-se ora de uma, ora de outra, dependendo do momento. Assim, para Marx, a classe social de um indivíduo é determinada pela posição que ele ocupa no processo produtivo, como proprietário ou como trabalhador. Classe para Weber Max Weber afirmou que a estratificação social não se resume às determinações econômicas das classes sociais, mas decorre das diferentes maneiras de distribuição de poder em uma sociedade. Para ele, a estratificação decorrente dessa diferença de poder acontece de acordo com pelo menos três dimensões: econômica, política e social. Portanto, diferentemente da base teórica marxista, a estratificação da ordem social não se organiza apenas com base no poder econômico, mas também em termos de distribuição de poder político e de prestígio. Por isso, além da classe, a divisão da sociedade pode ser observada em outros fenômenos de distribuição de poder, como o partido e o status. Weber definiu as classes sociais como o conjunto de probabilidades típicas de propriedade de bens, de posição externa (status) e de destino pessoal. Uma classe se forma por interesses e oportunidades. Contudo, esse autor não pensava que um critério único (posição no processo produtivo) determinasse a
  • 26. 26 posição de classe: esta seria definida pela “situação de mercado” da pessoa, o que incluía não somente a posse de bens, mas também outros fatores, como o nível de escolaridade e o grau de habilidade técnica. Expandindo sua teoria da estratificação, Weber tipifica, além da classe, outros dois grupos: círculos de status e partidos. Conceitua o grupo status como coletividade que se diferencia pelo prestígio ou pela honra social de que goza e por seu estilo de vida. Desse modo, não se pode explicar adequadamente a aquisição de status examinando somente características individuais, como anos de estudo e ocupação dos pais. Deve- se, também, verificar as características dos grupos. Por exemplo, os “novos ricos”, mesmo tendo conquistado riqueza igual ou até superior à de outros grupos privilegiados, são vistos com certo desprezo pelos ricos, cujas fortunas são anteriores a eles mesmos, provenientes de famílias consideradas “tradicionais”. Já os partidos, na terminologia de Weber, não são apenas grupos que disputam eleições, e sim, mais propriamente, organizações que procuram impor sua vontade aos outros. O controle de partidos, em especial de grandes organizações burocráticas, não depende apenas de riqueza ou de outro critério de classe: alguém pode dirigir uma burocracia militar, científica ou de outro tipo e não ser rico, da mesma maneira que é possível ser rico e ter pouco prestígio. A teoria weberiana de estratificação é importante para mostrar que outras dimensões além da classe (econômica) influenciam a vida das pessoas. O autor chamou a atenção para a interação complexa entre grupos de status e partidos, e para o fato de que eles operam separadamente, ampliando os fatores envolvidos nas análises de estratificação social. EXERCÍCIOS 1) A sociologia é uma ciência criada no século XIX, em um contexto de grandes mudanças sociais e econômicas, com a explosão da revolução industrial e amplo progresso das ciências. Qual é o objeto de estudo da sociologia? a) Analisar os fenômenos sociais. b) Estudar o passado do homem. c) Estudar as plantas e os animais. d) Analisar as sociedades primitivas. _____________________________________________________________________________________ 2) O que é fugir do senso comum? a) Pensar igual a todos, buscando não se diferenciar da opinião da maioria. b) Buscar formas mais elaboradas de pensar, tentando ver os diversos lados da questão analisada. c) Tentar criar explicações que justifique uma posição preconceituosa. d)pensar por conta própria, sem levar em conta opiniões externas. _____________________________________________________________________________________ 3) Quais são os principais autores clássicos da sociologia? a) Marx, Freud e Durkhein. b) Marx, Weber e Durkhein. c) Freud,Newton e Dalton. d) Freud, Newton e Marx. 4) Quais dos temas estudados pela sociologia esta charge abaixo faz referência? a) Desigualdade social e violência contra a mulher. b) Violência contra mulher e desigualdade racial. c) Diversidade cultural e violência contra mulher. d) Desigualdade social e violência urbana.