1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
CAMPUS II - ALAGOINHAS-BA
COLEGIADO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DOCENTE: CLÁUDIA REGINA TEIXEIRA DE SOUZA
Portfólio
Milena de Brito Improta
21/2/2011
2. Introdução
Este portfólio é um relato das
experiências vivenciadas durante o período
de Estágio Supervisionado II do curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas da
Universidade do Estado da Bahia, e tem
como objetivo sociabilizar as experiências em
sala de aula, a fim de produzir uma reflexão
crítica e vislumbrar as futuras ações
pedagógicas, e assim construir “um novo
olhar sobre o ensino, a aprendizagem e a
função do educador”.
“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na
palavra, no trabalho, na ação-reflexão.”
Paulo Freire
3. O Estágio
O estágio possibilita que sejam
trabalhados aspectos indispensáveis à
construção da identidade, dos saberes e das
posturas específicas ao exercício profissional
docente (PIMENTA, 2009), por meio dele o
estudante pode perceber as diferenças do
mundo organizacional e exercitar sua
adaptação ao meio docente (FACULDADE
BATISTA BRASILEIRA, sd).
O estágio funciona como uma
“janela do futuro” através do qual o
aluno antevê seu próximo modo de
viver. Deve ser uma passagem
natural do “saber sobre” para o
“saber como”; um momento de
validação do aprendizado teórico e
4. prático em confronto com a realidade
(FACULDADE BATISTA
BRASILEIRA, sd).
Neste momento de aprendizagem eu
pude perceber quais são os meus potenciais e
minhas falhas no meio docente, este processo
me possibilitou amadurecer as ideias que
antes era apenas especulações do que
poderia fazer na sala de aula para ser um
bom profissional e transmitir o conteúdo
com clareza, para que o estudante
conseguisse desenvolver o seu conhecimento.
Apesar de já ter vivido a experiência da
docência no Ensino Fundamental, no Ensino
Médio foi algo totalmente novo, acabei
percebendo que a didática teria que ser
diferente, e que o controle da turma era mais
5. difícil, pois o pessoal era mais velho e não se
impunham a minha autoridade.
Entre os meus grandes desafios estava o
domínio de classe, e ele me mostrou que é
uma das principais ferramentas para se
tornar um bom professor, porém na minha
convicção eu não consegui desenvolvê-lo da
melhor forma possível.
Durante esse período pude apender que
para ser um bom professor é necessário
manter uma boa relação com os estudantes,
ser flexível, mais ao mesmo tempo exigente e
manter sempre a palavra, é preciso motivar
continuamente os alunos para que eles
tenham vontade de apreender, os exercícios
fazem parte da construção do conhecimento
e por isso devem ser bem trabalhos, pois eles
também são ferramentas que o professor
6. pode utilizar para verificar se houve
aprendizado.
O estágio possibilitou que eu vivesse um
pouco da minha futura realidade e assim
começasse a construir a minha identidade
profissional.
Desenvolvendo a docência
O estágio foi realizado no Colégio
Estadual Luis Eduardo Magalhães, no
município de Alagoinhas, durante o período
de 09 de setembro a 08 de dezembro. Foi
desenvolvido em duas etapas o período de
observação e adaptação da turma e o período
de regência. O período de observação e
adaptação consistiu em assistir as aulas da
professora regente para que se pudesse
7. conhecer a turma e a forma de ensinar da
professora.
Neste momento eu me senti deslocada,
todos os alunos me observando, comentando
sobre mim, tive um pouco de inveja da
professora, pois esta mantinha um bom
relacionamento com a turma e conseguia ter
domínio de classe apesar dos alunos serem
bem agitados. E ai me vinha à pergunta será
que eu iria conseguir fazer um bom
trabalho? Apesar da insegurança o período
de observação me ajudou a refletir sobre
como eu iria desenvolver o período de
regência.
A observação é uma parte
importantíssima do estágio, pois é neste
momento que você tem a oportunidade de
8. fazer uma diagnose do espaço que você está
preste a assumir (COSTA, 2010).
Para a realização do período de regência
foi utilizada a técnica de ensino de aula
expositiva e métodos de avaliação como
estudo dirigido, quadro comparativo, aulas
práticas e testes de verificação. A proposta
de estágio foi desenvolvida a partir da
elaboração de planos de aula contendo
sequências didáticas que buscaram
potencializar as relações interativas na sala
de aula e acompanhadas de proposta de
avaliação que fosse viável a realidade dos
estudantes.
Durante a regência senti muita
dificuldade, pois a turma era muito agitada.
Era muito triste ver o que eu tinha planejado
não dar certo, devido à falta de disciplina e
9. interesse dos alunos, esse foi um período
onde eu pude aprender que é preciso pensar
em tudo que poderá acontecer antes de
planejar.
O planejamento serve como uma
ferramenta importantíssima para organizar
e subsidiar o trabalho do professor, desta
forma ele deve ser uma organização das
ideias e informações (CASTRO;
TUCUNDUVA; ARNS, 2008).
A Escola
O colégio Luis Eduardo Magalhães é um
colégio modelo presente nas principais
cidades do estado da Bahia, a sua estrutura é
bem ampla e as salas são bem arejadas, todas
possuem um bom sistema de ventilação com
10. janelas e ventiladores, quadro branco e tv
pendrive, porém a acústica acaba
atrapalhando o andamento das aulas. O
colégio possui uma biblioteca, um auditório,
quadra esportiva, uma cantina, duas salas de
professores, uma secretaria, coordenação,
direção e bastante espaço para que os
estudantes possam circular.
O ambiente é instrumento do
desenvolvimento humano, em que o ser
humano busca recursos para suas ações,
desta forma a organização do espaço escolar
pode favorecer ou não a aprendizagem dos
alunos (FREITAS, sd).
Desta forma eu me senti tranquila ao
saber que o colégio apresentava uma
estrutura que dava para desenvolver um
trabalho de qualidade com os discentes.
11. A professora
A professora regente é formada pela
Universidade do Estado da Bahia e tem um
bom período de experiência de sala de aula, o
seu relacionamento com os alunos é de
respeito e cordialidade, ela é vista como uma
professora exigente por grande parte dos
alunos.
Ela me passou segurança com relação a
atuação do professor, porém no seu discurso
comigo era perceptível a falta de satisfação
com a profissão, pois ela me aconselhou a
não seguir essa carreira já como era
cansativa e árdua.
O problema da satisfação do professor se
situa no preenchimento de necessidades de
alta ordem em uma profissão onde os
padrões de carreira podem ser limitados
(TELEFER; SWAN, 1986 apud MOREIRA,
sd).
12. A turma
A turma 91 m3, era composta por 47
alunos, porem nem todos freqüentavam, pois
alguns eram alunos de dependência. Era
uma turma muito agitada, os alunos
gostavam de conversar, poucos tinham
interesse e motivação para com as aulas,
para ter um bom rendimento era necessário
o professo ter criatividade e sempre trazer
novidades.
A minha falta de experiência foi um dos
grandes desafios para com a turma que era
muito indisciplinada, eu me senti incapaz
algumas vezes, já como o pessoal era mais
velho e nem todos estavam dispostos a
realizar as atividades propostas.
A indisciplina é um “fenómeno
relacional e interactivo que se
concretiza no incumprimento das
regras que presidem, orientam e
13. estabelecem as condições das tarefas
na aula e, ainda, no desrespeito de
normas e valores que fundamentam o
são convívio entre pares e a relação
com o professor, enquanto pessoa e
autoridade” (JOÃO AMADO, 1998
apud DEBATE).
A indisciplina está muito relacionada
com a relação que se estabelece no interior
da aula e esta relação depende sobretudo da
motivação dos alunos para os conteúdos da
aprendizagem e do clima relacional
(DEBATE, sd).
Observando
O período de observação ocorreu em
uma semana e foram observadas duas aulas,
pode-se perceber que a professora conseguia
ter um domínio de classe apesar da agitação
dos alunos, transmitia segurança e domínio
de conteúdo, porém pela sua didática dava
14. para perceber a falta de motivação para o
ensino.
A didática da professora foi a aula
expositiva isso me fez ter a ideia de inovar
quando eu iniciasse a regência, porém
quando eu fui viver a realidade de ser
professor percebi quanto é difícil não se
acomodar com as técnicas de ensino
tradicional.
A didática é o conjunto de técnicas e
saberes metodológicos indispensáveis à arte
de ensinar algo a alguém e cabe a ela
converter objetivos sociopolíticos e
pedagógicos em objetivos de ensino,
consequentemente, em objetivos
educacionais, acrescentando-lhe a tarefa de
dar sentido ao processo ensino-
aprendizagem (SANTOS, 2003).
15. Regência
Primeira semana
Estava ansiosa para que começasse... me
programei para dar continuidade ao assunto
sobre os integrantes do reino Plantae.
Planejei fazer uma breve revisão para que os
discentes pudessem compreender como se
deu a evolução no reino plantae, trabalhar a
diferença entre angiospermas e
gimnospermas e a estrutura da flor através
da dissecação de uma flor de hibisco.
Na prática eu fiquei um pouco nervosa
ao fazer o primeiro contado. O tempo foi o
meu grande inimigo, pois eu não conseguir
16. concluir tudo o que havia planejado.
Conseguir motivar os alunos quando falei da
aula prática sobre as partes da flor, todos
ficaram empolgados.
O tempo destinado a cada parte da aula é
uma decisão importante que os professores
têm que tomar durante o planejamento e a
execução da mesma (COSTA, sd).
O planejamento do tempo
durante as atividades propostas é
particularmente mais difícil para
professores em início de carreira, os
quais, geralmente, não estão muito
acostumados a preverem o tempo a
ser despendido (WAJNRYB, 1996
apud COSTA, sd).
17. Segunda semana
Nessa semana planejei trabalhar com os
discentes a estrutura da semente, as
diferenças entre monocotiledôneas e
dicotiledôneas e a absorção de água e sais
minerais pelos vegetais.
Essa semana foi marcada pela
indisciplina dos alunos, estes estavam muito
agitados e eu acabei perdendo o controle da
situação, a professora regente teve que
intervir para que eles se acalmassem. Esse
acontecimento me fez sentir muito mal, e
incapaz em relação à docência.
A indisciplina integra todos os
comportamentos que os alunos apresentam
na sala de aula que perturbam o trabalho
18. que o professor pretende realizar (JESUS,
2008).
É o principal fator de mal-estar docente
para muitos professores, de acordo com os
resultados obtidos em diversas investigações
(JESUS, 1996 apud JESUS, 2008).
Terceira semana
Para não confundir os discentes essa
semana resolvi dar continuidade ao conteúdo
referente ao reino Plantae, diferente da
sequencia abordada no livro didático.
Planejei trabalhar a fisiologia vegetal.
Devido ao feriado no dia anterior a uma das
aulas o que programei teve que ser
remanejado para a outra semana.
19. Consegui adequar o tempo ao que foi
planejado, conteúdo foi transmitido com
clareza e os alunos mostraram compreensão.
Ter conseguido cumprir com tudo que eu
havia planejado me fez muito feliz, eu
também acabei percebendo que já estava
tendo um pouco mais de experiência com
relação a docência.
O tempo durante as aulas em que
os alunos estão ativamente engajados
nas atividades propostas representa
uma significante contribuição para o
aprendizado, ao contrário do tempo
despendido nos intervalos,
distribuição de livros e dever de casa
e discussão sobre eventos que
acontecerão nas aulas seguintes
(RICHARDS; NUNAN, 1995 apud
COSTA, sd).
20. Quarta semana
Essa foi a semana de observação da
professora orientadora, havia planejado
trabalha com o conteúdo sobre fotossíntese,
hormônio vegetal e adaptações dos vegetais.
Foi uma semana tranquila, consegui
cumprir o planejamento, ela também me
mostrou que eu tinha capacidade de fazer
um bom trabalho, pois havia faltado energia
e eu consegui manter desenvolver o conteúdo
bem e prender a atenção dos alunos.
A satisfação do professor está intrínseca
a chance de se relacionar com os alunos, a
aprendizagem dos alunos e o crescimento
pessoal e profissional através do ensino
(MOREIRA, sd).
21. Quinta semana
Esta semana planejei trabalha o reino
Animalia, doenças causadas por verminose e
um estudo sobre os principais vertebrados
através de quadro comparativo que os
discentes deveriam confeccionar e entregar
no ultimo dia de aula.
Como eu tenho uma grande paixão pelo
os animais dar aula sobre eles me deixou
bastante animada, os discentes participaram
da aula e ocorreu tudo bem.
Sexta semana
Planejei trabalhar com os filos Cnidária,
Platelmintos, Nematelmintos e Molusca,
para isso levei alguns animais representantes
desses filos e de outros.
Ao ver os animais os discentes se
interessaram pelo conteúdo, a aula foi
22. bastante proveitosa. Ver o interesse dos
discentes me deixou muito feliz, pois a partir
desse momento eu já estava começando a
conquistar a confiança e atenção deles.
A identificação do aluno com o professor
passa muito pela satisfação obtida na relação
estabelecida (JESUS,2008).
Para potencializar a criação de
“laços” com os alunos e a motivação
destes, os professores devem evitar o
distanciamento, a “neutralidade
afectiva” e o autoritarismo, devendo,
ao contrário, fomentar uma “relação
de agrado” (RIBEIRO, 1991 apud
JESUS,2008), caracterizada pelo
diálogo, pela negociação e pelo
respeito mútuo (JESUS,2008).
Entre os fatores que pode auxiliar a
formação de laços entre os professores e
alunos está a linguagem utilizada na relação
pedagógica, quer verbal, quer não verbal
(JESUS,2008).
23. Sétima semana
Planejei trabalhar com os filos
Artrópode, Anelídea, Equinodermata,
Vertebrata e fazer uma revisão para a prova.
Os discentes ficaram preocupados
quando eu falei sobre os assuntos que ia cair
na prova, eles acharam muito, mais ai eu
explique que tudo que iria cair na prova foi
trabalho em sala e que não era para eles se
preocuparem, a partir desse momento já
dava para perceber um relacionamento de
respeito, cordialidade e amizade entre mim e
os estudantes, eles já estavam se
acostumando a mim, senti muito pela relação
não ter sido feita antes e pelo tempo de
experiência ser tão curto.
A interação professor-aluno
ultrapassa os limites profissionais,
escolares, do ano letivo e de
semestres. É, na verdade, uma
relação que deixa marcas, e que deve
24. sempre buscar a afetividade e o
diálogo como forma de construção do
espaço escolar (SILVA; SANTOS,
2002).
Em seu relacionamento com os alunos, o
professore deve dialogar e manter com ele
uma afetividade, auxiliando o educando a ir
reconhecendo que sua vida é diferenciada,
tanto em coisas intransformáveis quanto em
coisas que podem e devem ser modificadas
(SILVA; SANTOS, 2002).
Oitava semana
Essa semana eu não fiz plano de aula,
mais me planejei para aplicar a prova da
unidade.
Consegui ter um domínio de classe e
impor a minha autoridade como professora,
foi um momento muito bom, pois eu já tinha
conquistado a confiança dos alunos.
25. A autoridade advém do papel
social do professor e também do
domínio que este possui do conteúdo
com o qual está trabalhando, esta
pressupõe uma relação hierárquica,
onde o primeiro tem como função dar
ordens que se referem ao “bom”
anda-mento do processo de ensino-
aprendizagem, e o segundo as segue,
desde que elas sejam justas e se
mostrem efica-zes (De La Taille, 1999
apud NOVAIS, 2004)
A autoridade do professor é fundamental
na aprendizagem, pois garante a ordem, a
continuidade e o respeito à vida social
(DAVIS E LUNA, 1991; SETTON, 1999
apud NOVAIS, 2004)
26. Referencias
COSTA, Flaviane Arcênio Tinoco.
Planejamento do Tempo em Sala de aula.
Disponível em: <
http://www.letras.ufmg.br/arado/relatorio4.htm
> Acessado 18/02/11
JESUS, Saul Neves. Estratégias para motivar
os alunos. Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 1,
p. 21-29, jan./abr. 2008
MOREIRA, Herivelton. A investigação da
motivação do professor: a dimensão
esquecida. Disponível em: <
http://escoladeser.wordpress.com/2008/09/25/a-
investigacao-da-motivacao-do-professor-a-
dimensao-esquecida/ > Acessado em 18/02/11
SILVA, Andréa Catarina; SANTOS, Roseane
Moreira. RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO
Uma reflexão dos problemas educacionais.
Belém, Universidade da Amazônia, 2002.
27. SANTOS, Vivaldo Paulo. O QUEFAZER NA
SALA DE AULA: didática, metodologia ou
nada disso?. Disponível em: <
http://portal.uninove.br/marketing/cope/pdfs_re
vistas/dialogia/dialogia_v2/dialogv2_vivaldosa
ntos.pdf > Acessado em 18/02/11
FREITAS, João Batista. A organização do
espaço da escola de forma a favorecer o
aprendizado. II Simpósio De Gestão
Educacional Para Escolas Públicas.
CASTRO, Patrícia Aparecida Pereira Penkal;
TUCUNDUVA, Cristiane Costa; ARNS, Elaine
Mandelli. A Importância Do Planejamento
Das Aulas Para Organização Do Trabalho
Do Professor Em Sua Prática Docente.
ATHENA Revista Científica de Educação, v.
10, n. 10, jan./jun. 2008
COSTA, Valnise Christo. Portfólio. Disponível
em: <
http://www.slideshare.net/020621388/portflio-
de-valnise-christo-da-costa > Acessado em:
18/02/11
28. PIMENTA, Selma Garrido & LIMA, Maria
Socorro Lucena. Docência em Formação
Saberes Pedagógicos: Estágio e Docência. 4.
ed. São Paulo: Cortez Editora, 2009
FACULDADE BATISTA BRASILEIRA.
Estágio Supervisionado. Disponível em: <
http://www.fbb.br/downloads/estagio.pdf >
acessado em: 18/02/11
NOVAIS, Elaine Lopes. É possível ter
autoridade em sala de aula sem ser
autoritário?. Linguagem & Ensino, Vol. 7, No.
1, 2004 (15-51)