Este documento discute conceitos-chave da pesquisa-formação docente. Em menos de 3 frases, resume: 1) A pesquisa-formação é um processo de produção de conhecimento sobre problemas vividos pelo professor em sua prática; 2) O professor-pesquisador aprende ensinando e ensina aprendendo, questionando constantemente; 3) A pesquisa-formação requer participação coletiva e envolvimento pessoal do professor para a mudança de práticas e formação contínua.
Análise de Dados Qualitativos na Pesquisa-Formação Docente
1. Edméa Santos
Professora do PROPED-UERJ
Líder do GPDOC – Grupo de Pesquisa
Docência e Cibercultura
www.docenciaonline.pro.br
Edméa Oliveira dos Santos 1
2. PESQUISA-FORMAÇÃO
Que é pesquisa?
SANTOS, Edméa Oliveira. Educação Online -
Cibercultura e Pesquisa-formação na prática
docente. Tese de doutorado. Salvador: FACED-
UFBA. Orientador prof. Dr. Roberto Sidney Macedo.
<defesa 4 de abril de 2005>.
Online:
http://docenciaonline.pro.br/moodle/mod/resource/view.php
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3. “Conhecer é negociar, trabalhar, discutir, debater-
se com o desconhecido que se reconstitui
incessantemente, porque toda solução produz
nova questão”.
Edgar Morin
CONHECIMENTO
PROBLEMA SOLUÇÃO
DI
SP
OS
I TI
VO
S
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4. PESQUISAR COMO SUJEITO
O pesquisador não é apenas quem constata o que
ocorre, mas também intervém como sujeito de
ocorrências. Ser sujeito de ocorrências no contexto de
pesquisa e prática pedagógica implica conceber a
pesquisa-formação como processo de produção de
conhecimentos sobre problemas vividos pelo sujeito
em sua ação docente. A pesquisa-formação
contempla a possibilidade da mudança das práticas,
bem como dos sujeitos em formação. Assim, “a
pessoa é, simultaneamente, objeto e sujeito da
formação”. (NÓVOA, 2004, 15).
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5. PROFESSOR-PESQUISADOR
O professor pesquisador é, sobretudo aquele que aprende
enquanto ensina e que ensina enquanto aprende. Ser
epistemologicamente curioso implica na capacidade de aprender,
“de que decorre a de ensinar, sugere ou, mais do que isso
implica a nossa habilidade de aprender a substantividade do
objeto apreendido”. Aprender é “construir, reconstruir,
constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao
risco e à aventura do espírito”.(FREIRE, 1996, p.77).
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6. PESQUISA ACADÊMICA E PEDAGOGIA
“Ensinar exige pesquisa: não há ensino sem pesquisa
e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se
encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino
continuo buscando, reprocurando. Ensino porque
busco, porque indaguei, porque indago e me indago.
(...). Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.
Paulo Freire
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7. SUJEITOS DA PESQUISA-FORMAÇÃO
A participação coletiva é condição fundante da pesquisa-
formação. Não há pesquisa-formação sem
participação coletiva. É necessário o envolvimento
pessoal multidimensional, que integre as dimensões do
emocional, sensorial, imaginativo, criativo e também
racional e implicado pela experiência. “Implicar-me
consiste sempre em reconhecer simultaneamente
que eu implico o outro e sou implicado pelo outro
na sua situação interativa” (BARBIER, 2002, p.101)
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8. O MÉTODO APRENDE
“O método não precede a experiência,
o método emerge durante a
experiência e se apresenta ao final,
talvez para uma nova viagem”.
Edgar Morin
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9. MÉTODO
PROGRAMA ESTRATÉGIA
Organização predeterminada da Encontra recursos, faz
ação; contornos, realiza
investimentos e desvios;
Necessita de condições estáveis Necessita da instabilidade –
– repetição do mesmo no aberta, evolutiva,
mesmo, dose fraca e enfrenta o improviso, o
superficial de risco e de novo, situações
obstáculos; aleatórias, utiliza o risco,
o obstáculo, a
diversidade;
Tolera dose fraca e superficial Tira proveito e necessita de
de erros; seus erros, para a
concorrência, iniciativa,
decisão e reflexão;
Ignora o contexto Depende do contexto. Não
existe um método fora
das condições em que se
encontra o sujeito;
Ciência clássica Arte e Ciência
Busca acabamento eficaz e Tensão entre o inacabamento e
eficiente dos processos. a síntese da última
interpretação possível.
Fonte: criado pela autora a partir de Morin, Ciurana e Motta (2003).
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10. COMPLEXIDADE DO MÉTODO
O método é uma estratégia do sujeito que também se apóia
sem segmentos programados que são revistos em função da
dialógica entre essas estratégias e o próprio caminhar. O
método é simultaneamente programa e estratégia e, por
retração de seus resultados, pode modificar o programa;
portanto o método aprende. (MORIN, 2003, p.28).
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11. DADOS QUALITATIVOS
“Os dados qualitativos consistem em
descrições detalhadas de situações,
acontecimentos, sujeitos, interações e
condutas observadas; citações diretas de
pessoas acerca das suas experiências,
atitudes, crenças e pensamentos; e
fragmentos ou passagens completas de
documentos, correspondência, registros e
histórias de casos”. (PATTON abud ZABALZA,
1994, p. 18).
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12. DISPOSITIVOS
“dispositivo de
observação e pesquisa,
“o dispositivo é uma que é quando o
organização de meios etnógrafo procura os
materiais e/ou meios para estar onde
intelectuais, fazendo tem necessidade de
parte de uma estratégia estar, ver e ouvir o que
de conhecimento de um pode e desenvolver a
objeto”. (ARDOINO, confiança entre os
2003, p. 80). sujeitos a estudar e
fazer mais perguntas”.
(COULON, 1995, p.
90-91).
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13. DISPOSITIVOS
Entrevistas abertas ou semi-estruturadas;
Questionários abertos;
Formulários abertos;
Diário de campo, aula, bordo, pesquisador;
Grupos de foco;
Análise de documentos;
Análises de gêneros textuais diversos (chats, fóruns,
blogs)
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14. A EMERGÊNCIA DOS NOÇÕES SUBSUNÇORAS
Nesse complexo jogo surgem, estabelecem e se atualizam as noções
subsunçoras. As noções subsunçoras são as categorias analíticas
frutos da análise e interpretação dialógica entre empiria e teoria num
processo de aprendizagem significativa. Para Ausubel (apud
MOREIRA, 1982) a aprendizagem significativa é um processo
dinâmico onde uma nova informação ancora-se em conceitos
relevantes preexistentes na estrutura cognitiva – estrutura
hierárquica de conceitos que são abstrações da experiência dos
indivíduos – do sujeito aprendente que se atualiza sempre que um
novo conceito é significado.
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15. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
À medida que a leitura interpretativa dos “dados” se
dá – às vezes por várias oportunidades – aparecem
significados e acontecimentos, recorrências, índices
representativos de fatos observados, contradições
profundas, relações estruturadas, ambigüidades
marcantes.(MACEDO, 2000, p.204)
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16. COMO ANALISAR OS DADOS?
O estabelecimento consciente e criativo das noções subsunçoras exige do
pesquisador a mobilização de competências teórico-analíticas e
hermenêuticas, implicando operações cognitivas como:
•distinção do fenômeno em elementos significativos;
•exame minucioso destes elementos;
•codificação dos elementos examinados;
•reagrupamento dos elementos por noções subsunçoras;
•sistematização textual do conjunto;
•produção de uma meta-análise ou uma nova interpretação do fenômeno
estudado;
•estabelecimento de relações e/ou conexões entre as noções subsunçoras
e seus elementos; (MACEDO, 2000, p.204).
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17. FONTES
Hoje, a Internet tornou-se um imenso laboratório de
experimentações de todos os formatos. Assim, antes de
entrar propriamente na análise dos gêneros virtuais,
seria útil analisar os ambientes ou entornos virtuais em
que esses gêneros se situam. (...) Não são domínios
dos discursivos, mas domínios de produção e
processamento textual em que surgem os gêneros.
(MARCUSCHI, 2004, p. 26).
Vídeos
Campo de pesquisa
Periódicos
Livros Falas dos sujeitos Fotos
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22. AUTORIA NA PESQUISA-FORMAÇÃO
A autoria do pesquisador se constitui no diálogo sistematizado
no formato dissertativo, produto de final aberto, entre a
teoria e a prática da empiria. A realidade da pesquisa bem
como seu processo e resultado é um retrato da subjetividade
do pesquisador e a interpretação objetiva do diálogo do mesmo
com a teoria e a empiria.
Produto de final aberto: monografias,
dissertações, teses, artigos, relatos de experiência,
relatórios, audiovisual.
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23. RESULTADOS
“Nem tudo o que escrevo resulta
numa realização, resulta mais
uma tentativa. O que também é
um prazer. Pois nem tudo eu
quero pegar. Às vezes quero
apenas tocar. Depois, o que toco
às vezes floresce e os outros
podem pegar com as duas
mãos”.
Clarice Lispector
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Notas do Editor
Está equipe será responsável em selecionar e preparar todo o conteúdo curricular articulado a procedimentos e atividades pedagógicas; A equipe tem um papel fundamental para o processo ensino-aprendizagem nos cursos à distância;
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