SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 61
Baixar para ler offline
0
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
SENHOR DO BONFIM – BA.
PEDAGOGIA 2005.1
LAURA DE OLIVEIRA SILVA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE) PENSANDO UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS
SENHOR DO BONFIM - BA
1
2009
LAURA DE OLIVEIRA SILVA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE)PENSANDO UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS
Monografia apresentada ao departamento de
Educação da Universidade do Estado da Bahia-
UNEB/CAMPUS VII, como parte dos requisitos
para conclusão do curso de pedagogia:
Docência e Gestão de Processos Educativos.
Orientador: Profº. : Pascoal Eron Santos de
Souza
2
SENHOR DO BONFIM-BA
2009
3
LAURA DE OLIVEIRA SILVA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE) PENSANDO UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS
Aprovada em de de 2009
Prof. Examinador Prof. Examinador
Prof. Examinador e Orientador
4
Dedico este trabalho aos meus pais Antonio José da Silva e
Edelzuita Alves de Oliveira Silva, principais responsáveis pela
minha existência.
Ao meu filho Fernando de Oliveira Silva e meus irmãos e
sobrinhos, que juntos estiveram sempre ao meu lado dando força
para que eu pudesse galgar mais um degrau na escalada do saber
e do ser.
A meus amigos, sem exceção, todos que torceram pelo meu
sucesso, que vibraram diante de todas as adversidades pelas quais
passei durante todo o curso.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus
Que é acima de tudo, fonte de vida, de luz e dos saberes, por mim orientar
guiando-me num caminho com tantos espinhos, conduziu-me a colher flores tão belas.
Ao mestre
Ao meu orientador Pascoal Eron Santos de Souza. Graças à sua parceria, pude
vivenciar minha própria etapa de leitura e escrita, durante o processo de pesquisa
acadêmica. Obrigada pelas sugestões, além da paciência e do incentivo na confecção
deste trabalho.
Aos amigos
A nossa amizade àqueles que nos quiseram bem e nos apoiaram nos bons e
maus momentos. Principalmente Lúcia Costa, Elícia Rosana e Ione Santos, Nice Flora,
Giuzélia Lima, meus sinceros agradecimentos.
A todos os meus colegas, de classe, e em especial aos meus amigos José
Benedito, Lídia Maria, Maria Eli e Vívia Andrade, que prazerosamente se tornaram
minha equipe de trabalho e nos tornamos verdadeiros amigos para sempre, meus
sinceros agradecimentos e que suas estrelas brilhem para sempre.
6
“Desconsiderar a diferença, sacrificá-la no altar
da igualdade, é negar a natureza dela mesma”.
Antônio Flávio Pierucci
7
RESUMO
O presente estudo traz os resultados de uma pesquisa na escola Lidírio Ferreira Lima,
Espanta Gado Queimadas-Ba, sobre a Educação Especial e teve como objetivo
identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de crianças com
deficiência no sistema regular de ensino. Adotou-se como metodologia uma abordagem
qualitativa buscando na literatura pertinente documentos que ajudem a compreender a
questão levantada na problemática do tema em estudo. Foi aplicado um questionário
fechado e uma entrevista semi-estruturada. Compreendemos como urgente o desafio
na construção de uma escola para todos, considerando os educadores profissionais por
excelência, logo, sua formação é primordial para a incessante busca da democracia e o
acesso à diversidade. Nesse sentido, exigem-se profissionais conscientes de sua
responsabilidade, que construam uma educação que atenda a todos. Trabalhar com a
educação inclusiva delega ao professor a tarefa de ajudar aos alunos a enfrentar os
seus maiores desafios que é a falta de conhecimento de suas capacidades,
potencialidades e o preconceito bastante visível no meio social e, sobretudo
educacional. Podê-se concluir que a implantação da inclusão requer o preparo das
escolas e dos profissionais da educação para esta nova realidade.
Palavras-chave: Criança com deficiência, Educação Inclusiva e Professor.
8
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Percentual em relação ao tempo de atuação no município. 36
FIGURA 2. Percentual em relação à formação profissional. 36
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 10
CAPÍTULO I
1. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO DE
TODOS................................................................................................................ 12
CAPÍTULO II
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 15
2.1 Considerações sobre a deficiência................................................................ 15
2.2 Aspectos Históricos....................................................................................... 16
2.3 Criança com deficiência: sujeito com possibilidades e necessidades!......... 21
2.4 Educação Especial X Educação Inclusiva..................................................... 22
2.5 Perspectivas da Educação Inclusiva............................................................. 24
2.5 O Papel do professor na Educação Inclusiva................................................ 26
CAPÍTULO III
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: OS CAMINHOS TRILHADOS
PARA O DESCORTINAR DO PROBLEMA....................................................... 30
3.1 Tipo de pesquisa........................................................................................... 30
3.2 Lócus............................................................................................................. 31
3.3 Sujeitos.......................................................................................................... 31
3.4 Instrumentos de coleta de dados................................................................... 32
3.4.1 Questionário fechado.................................................................................. 32
3.4.2 Entrevista semi-estruturada........................................................................ 33
3.5 Da aplicação dos instrumentos...................................................................... 33
CAPÍTULO IV
4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS.................................................................................................... 35
4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa: a contribuição do questionário
fechado................................................................................................................ 35
4.1.1 Tempo de serviço....................................................................................... 35
10
4.1.2 Escolaridade dos sujeitos ........................................................................ 36
4.2 Entrevista semi-estruturada: professor é hora de falar!.............................. 37
4.2.1 Alunos com necessidades especiais: analisando as compreensões dos
professores.......................................................................................................... 38
4.2.1.2 Concepções dos professores enfatizando o potencial dos
sujeitos................................................................................................................. 38
4.2.1.1 Concepções dos professores pesquisados no enfoque da
deficiência............................................................................................................ 40
4.2.2 Aprendizagem e inclusão X formação docente.......................................... 41
4.2.3 o processo de inclusão de alunos especiais em salas regulares: pontos
e contrapontos.....................................................................................................
4.2.3.1 Concepções dos professores que defendem a inclusão da forma que é
feita....................................................................................................................
43
44
4.2.3.2 Concepções dos professores que defende a inclusão, mas
apresentam críticas sobre o processo................................................................. 45
4.2.3.3 Concepções dos professores que são contra a inclusão – paradigma
segregacionista.................................................................................................... 46
4.2.4 Diversidade nas escolas: um desafio a ser enfrentado.............................. 47
4.2.5 A realidade da inclusão na escola.............................................................. 48
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 50
REFERÊNCIAS................................................................................................... 52
APÊNDICES
11
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa teve como objetivo identificar as concepções que os
professores têm sobre a inclusão de criança com deficiência no sistema regular de
ensino na escola Lidírio Ferreira Lima.
O trabalho está dividido em 04 capítulos. No Capítulo I apresentamos o problema
da pesquisa: Educação: Direito de todos. Este tema nos faz refletir sobre a educação
presente no âmbito escolar por perceber que a estrutura de ensino está preparada para
receber um aluno ideal, com supostos padrões de desenvolvimento emocional e
cognitivo. Preconceitos, antigos valores, atitudes e paradigmas conservadores da
educação ainda ocultam o verdadeiro sentido da inclusão de todos na escola.
No Capítulo II apresentamos os conceitos-chaves e os principais teóricos que
deram sustentação a nossa compreensão dos sentidos e significados das palavras que
nortearam a pesquisa: Carvalho (1999), Cardoso (2006), Claus e Juan (2006), Ferreira
e Guimarães (2003), Fonseca (1995), Gentili (2005), Mantoan (2001, 2006, 2006),
Mazzotta (2001), Mittler ( 2003), Rodrigues (1993), Sacristán (1998), Silva (2008) .
No Capítulo III apresentamos a metodologia que norteou o desenvolvimento da
pesquisa. Esclarecemos o seu cunho qualitativo e as estratégias utilizadas para a sua
execução. Assim, através da pesquisa qualitativa utilizamos o questionário fechado com
o intuito de traçar o perfil dos sujeitos pesquisados e a entrevista semi-estruturada que
buscou identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de alunos
com deficiência no sistema regular de ensino.
No Capítulo IV foi feita a apresentação, análise e interpretação dos resultados.
Ressaltamos as concepções que os professores têm sobre a inclusão de alunos com
deficiência no sistema regular de ensino na escola e aprofundamos a reflexão a partir
da fundamentação teórica apresentada no trabalho.
12
Finalmente, é essencial ressaltar o fato de que as concepções sobre inclusão,
seus princípios e pressupostos, bem como a sua concretização, manifestam-se não
como um dado ou um acontecimento, mas como um movimento, um fazer-se e
desfazer-se cotidiano, um significado em construção. É importante destacar, também,
que é no âmbito da prática que ela começa a se construir.
13
CAPÍTULO I
1. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO DE TODOS
Se olharmos para o atual panorama educacional brasileiro, verificaremos que
tivemos avanços no campo da educação inclusiva em relação há algumas décadas
atrás. Hoje vivemos um momento que prima por princípios de integração/inclusão,
mesmo que esteja apenas assegurado na legislação.
As leis trouxeram grandes avanços no processo histórico da inclusão, como a
promulgação da Constituição (1988) e a (LDB) Lei de Diretrizes e Base para a
Educação levaram em considerações os princípios da Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
Os direitos são declarados “universais”, significando que todos tenham direitos
iguais, mas a realidade é muito diferente, pois os direitos são usufruídos por uma
parcela pequena da sociedade, a elite. Portanto não é aceitável deixar de pensar na
participação de todos, ou seja, na verdadeira e corajosa inclusão daqueles que estão
excluídos do contexto educacional e sócio-político.
Em meio a tanto envolvimento da educação como proposta voltada para a lógica
do neoliberalismo, nos deparamos, com um novo paradigma da inclusão. Para atender
as transformações, é preciso ultrapassar os ranços que ainda se perpetuam em pleno
século XXI, de ver a educação de forma simplista e não compreendê-la na sua
amplitude. É preciso desenvolver o aprender a aprender.
Concordamos com Santos (2008), quando afirma que:
Apesar de a educação sofrer as influências do capital, não justifica que
tenhamos de nos circunscrever dentro de seus parâmetros, que já estão
estruturados e que são hegemônicos, numa dinâmica que limita o homem no
seu processo de criação e reflexão, limite este que gera a reprodução de um
modelo determinado e que desconsidera a diversidade social. (p.20-21)
14
Como diz Mader (1997, p.47): “Um novo paradigma está nascendo, um
paradigma que considera a diferença como algo inerente na relação entre os seres
humanos. Cada vez mais a diversidade está sendo vista como algo natural”.
Na proposição desses novos paradigmas, a educação torna-se o eixo que levará
ao desabrochamento da sensibilidade humana. Uma sociedade igualitária, como bem
ressalva Ferreira e Guimarães (2003, p.141) “uma sociedade onde caibam TODOS só
será possível num mundo no qual caibam muitos mundos”.
Em meio a tantas conferências mundiais realizadas, no sentido de assegurar a
todos o direito à educação, a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao
seu redor. Como salienta Goffredo (1991, p. 32): “A escola que desejamos para nossa
sociedade deve conter, em seu projeto educativo, a idéia da unidade na diversidade.
Não é possível a coexistência de democracia e segregação”.
Portanto, estando inserido em uma sociedade globalizada, surgem cidadãos,
sabedores e conscientes de seus valores e de seus direitos e deveres, são mais fáceis
de organizarem em associações para lutar por políticas e práticas de ensino que tenha
sua essência voltada para a inclusão de todos. Como bem saliente Mazzotta (2001):
A defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas portadoras de
deficiência é atitude muito recente em nossa sociedade. Manifestando-se
através de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos, a conquista e o
reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiência podem ser
identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de
meados deste século. (p.15)
Assim, no Brasil temos textos legais pertinentes à obtenção de uma sociedade
mais justa, solidária, sem descriminação, torna-se emergente o cumprimento da
legislação vigente, pois um número reduzido de criança com deficiência tem acesso e
permanência na escola.
15
A lógica da exclusão tem se enraizado na diversidade de gênero, raça, religião,
cultural, social-econômico. Diante desse quadro será preciso reconfigurar as escolas
para colocar em prática uma política de direitos humanos que garanta oportunidades
educacionais e realização pessoal para todos.
A maneira como a sociedade tem percebido a deficiência tem se transformado ao
passar do tempo, mas é certo que ainda há muito a se refletir e se fazer, pois a
exclusão é um fenômeno cada vez mais freqüente e não se restringe apenas a
pessoas com deficiência. Cabe a todos os profissionais da educação repensar com
criticidade suas formação inicial, sua prática cotidiana, como ressalta Freire (1996,
p.35) “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de
discriminação”.
A nossa vivência com uma criança especial proporcionou-nos um aprendizado
profundo, sobre questões teóricas e práticas. O convívio com pessoas com deficiência
amplia o respeito às diferenças, como bem elucida Mantoan (2001, p.172) “Toda
pessoa é única e diferente. Daí a importância de ressaltar as diferenças e valores de
cada um, afirmar a pluralidade no convívio, recuperar a dignidade de cada pessoa,
resgatar o valor das minorias, exercitar o respeito para com cada ser”.
Assim, as inquietações da pesquisa surgiram, quando nos deparamos com
angustias dos docentes, mediante a matrícula de alunos com necessidades especiais
na Escola Lidírio Ferreira Lima, no Distrito de Espanta Gado município de Queimadas-
Bahia. Diante disso, surge um questionamento: Quais as concepções que os
professores têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de
ensino?
Portanto, o objetivo a ser atingido é Identificar as concepções que os professores
têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino.
16
CAPÍTULO II
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Partindo do objetivo, que é identificar as concepções que os professores têm
sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino; Podemos
afirmar que as palavras que norteiam essa discussão têm forte relação entre essa
compreensão e o processo educativo. A educação inclusiva, não se encaixa no
paradigma tradicional. Assim, vem ganhando um novo design em termos de discussão,
em vários encontros com educadores preocupados com as mudanças eficazes para
atender a todos os alunos.
As palavras-chave que nortearam o estudo foram: Crianças com deficiência,
Educação Inclusiva e Professor:
2.1 Considerações sobre a deficiência
Analisando estudos ligados à deficiência humana, nota-se que a mitologia, a
religiosidade e a supersticiosidade influenciam e direcionam o eixo das discussões
sobre a deficiência, tomando caminhos que conduzem a equívocos, discriminações,
preconceitos e estigmas.
Segundo Ferreira e Guimarães (2003, p.25) o Programa de Ação Mundial para
pessoas com Deficiência, publicado em 1997, pela Coordenadoria Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) propõe os seguintes conceitos, a seguir enumerados:
• Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
17
psicológica, fisiológica ou anatômica.
• Incapacidade é toda restrição ou falta (devido a uma deficiência) da
capacidade de realizar atividades, na forma ou na medida que se considera
normal para o ser humano.
• Impedimento é situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em
conseqüência de uma deficiência ou de uma incapacidade que lhe limite ou
impeça o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função de
idade, sexo, fatores sociais e culturais).
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, 14% da população de
países em desenvolvimento possui algum tipo de deficiência.
Carmo (1991) chama atenção para o sentido e o significado da “deficiência”:
(...) depende do ponto de vista ou da concepção da pessoa que atribui e de
quem recebe o atributo. Constituído no movimento histórico das relações entre
os homens, o conceito “deficiência” só pode ser entendido se analisado de
forma bipolar, ou seja, o que é deficiente para uns não é para outros, tudo vai
depender de a que homem, sociedade e mundo estamos nos referindo. (p. 24)
Outra definição, elaborada por Amaral (1998) considera a deficiência como:
É uma perda ou anormalidades de estrutura ou função. Deficiências são
relativas a toda alterações do corpo ou da aparência física, de um órgão ou de
sua função, qualquer que seja a sua causa; em princípio deficiências significam
perturbações no nível de órgão. (p.24)
Dessa forma, é necessário entender que deficiência é uma condição que
acompanha o indivíduo decorrente de fatores inatos ou adquiridos, portanto é diferente
de doenças.
2.2 Aspectos Históricos
Conforme nos relata Mazzotta (2001), a história assinala, desde a Idade Antiga,
que pessoas que nasciam com alguma deficiência eram afastadas do convívio social,
pois suas diferenças eram associadas à marca do diabo, atos de feitiçaria, maldição e
18
de todo tipo de crendice. Os registros históricos comprovam que vem de longo tempo à
exclusão social das pessoas com deficiência.
Na Idade Média, a crença nos fatores sobrenaturais foi intensificada, de modo
que o homem passou a ser encarado como um ser submetido a poderes invisíveis,
tanto para o bem como para o mal. Isso acarretou diferentes reações, de acordo com o
tipo de excepcionalidade apresentada. Os indivíduos epiléticos, e psicóticos, por
exemplo, eram considerados portadores de possessões demoníacas. Já os cegos eram
muitas vezes tidos como profetas ou videntes. (FERREIRA e GUIMARÃES, 2003).
No Renascimento, com o surgimento das ciências, as concepções raciais
começavam a buscar explicações para as causas das deficiências, que foram
consideradas do ponto de vista médico como doenças de caráter hereditário, males
físicos ou mentais. (MAZZOTA, 2001).
Historicamente, a educação de pessoas com deficiência nasceu de forma
solitária, segregada e excludente. Ela surgiu com caráter assistencialista e terapêutico
pela preocupação de religiosos e filantropos na Europa. Mais tarde, nos Estados Unidos
e Canadá, surgiram os primeiros programas para prover atenção e cuidados básicos de
saúde, alimentação, moradia e educação dessa parcela da população, até então
marginalizada e abandonada pela sociedade. (BIANCHETTI, 1992).
Mazzotta (2001) declara que diversidade e o multiculturalismo como essências
humanas começou a tomar forma e ganhar força na Europa em decorrência das
mudanças geopolíticas ocorridas nos últimos 40 anos do século XX, quando o
neoliberalismo prega a erradicação do analfabetismo, e a universalização do ensino.
Cria-se um movimento de inclusão mundial.
Mazzotta (2001) afirma que as primeiras iniciativas para a educação de pessoas
com deficiência surgiram na França em 1620, com a tentativa de Jean Paul Bonet de
ensinar mudos a falar. Foram fundadas em Paris as primeiras instituições
19
especializadas na educação de pessoas com deficiências: a educação de surdos com o
abade Charles M. Eppé, que criou o “Método dos Sinais” para a comunicação com
surdos. O Instituto Real dos Jovens Cegos, em Paris, fundada por Valetin Hauy, em
1784, destinava-se a leitura tátil pelo sistema de letras em relevo. Mais tarde. Em 1834,
Louis Braille criou o sistema de leitura e escrita por caracteres em relevo, denominado
sistema braile, abrindo perspectivas de comunicação, educação e independência para
as pessoas cegas.
As primeiras iniciativas para educação de pessoas com deficiência mental foram
do médico Francês Jean Marc Itard, no século XIX, que sistematizou um método de
ensino inspirado na experiência do menino selvagem de Ayeron (sul da França), que
consistia na repetição de experiências positivas. A primeira instituição pública para
educação de crianças com deficiência mental foi residencial, fundada pelo médico
francês Edward Seguin, que criou um método educacional originado da neurofisiologia
que consistia na utilização de recursos com cores e música para despertar a motivação
e o interesse dessas crianças (MAZZOTA, 2001).
Para Mazzotta (2001) a educação especial surgiu sob o enfoque médico e
clínico, com o método de ensinar para criança com deficiência mental, criado pela
médica italiana Maria Montessori, no início do século XX. O método Montessori,
inspirado na rotina diária e na ação funcional, fundamenta-se na estimulação sensório-
perceptiva e auto-aprendizagem.
Na década de 50 e 60 do século XX, surgiu o movimento dos pais, aos quais
haviam sido negados os direitos de seus filhos poderem ingressar em escolas comuns,
criando então, as escolas especiais e, mais tarde, as classes especiais dentro de
escolas comuns.
Entretanto, durante a década de 70, constituiu a fase de integração, em que só
era possível à junção dos alunos com deficiência, se estes tivessem capacidade de se
adaptar ao regime escolar. A idéia de adaptar o sistema escolar às necessidades do
20
aluno só surgiu no final dos anos 80.
A inclusão foi implantada verticalmente nas escolas, pois o poder público tinha
sua preocupação voltada apenas em implantá-la, porém não tendo compromisso de
promover mudanças fundamentais de políticas necessárias, capacitando os
profissionais para atender as crianças com necessidades especiais.
A formulação e a implantação de políticas públicas voltadas para a inclusão de
pessoas com deficiência têm sido inspiradas por uma série de documentos contendo
determinados direitos sobre a inclusão, portanto mais do que nunca há de se cuidar
para que os direitos reconhecidos e proclamados sejam de fatos consumados. Além da
Declaração Universal dos Direitos do Homem outros documentos internacionais
merecem destaque como: Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência,
Declaração Mundial sobre Educação para Todos, Declaração de Salamanca, Carta
para o Terceiro Milênio, Convenção da Guatemala.
No Brasil, a primeira escola especial foi criada em 1854, o Imperial Instituto de
Meninos Cegos, no Rio de Janeiro e, em 1857, o Instituto Imperial de Educação de
Surdos, também no Rio de Janeiro. Portanto o Brasil teve um desenvolvimento tardio
com relação à educação. A herança colonial, o legado jesuítico, o descaso para com a
escolarização das massas, entre outros motivos, responderam por uma trajetória de
escassez neste campo. Nos primeiros séculos da nossa história, a educação era restrita
a poucos, privilégio de minorias econômicas, como resultado das políticas neoliberais
em nosso país. Como afirma Páro (1991):
Foi o que aconteceu, por exemplo, com relação ao movimento da escola nova
que, ao deslocar o problema da democracia do âmbito da sociedade global
(igualdade de oportunidade, correção das injustiças sociais) para o âmbito da
unidade escolar e da sala de aula (preocupação com o modelo, respeito às
diferenças individuais) acabou por contribuir para a elevação da qualidade do
ensino das elites e o empobrecimento do conteúdo da educação destinada às
massas populares (p.109).
21
É somente a partir do século XX que a escola vivencia um período de expansão,
mas especificamente por volta dos anos 20 e 30, quando muitas mudanças,
econômicas, políticas, culturais e sociais ocorrem. Ao longo do processo de expansão
da escolaridade no Brasil, muitos problemas foram surgindo e, então o Poder Público
busca alternativas de reforma do sistema escolar, aprovando uma nova legislação
educacional, a (LDB) Lei de Diretrizes e Bases nº. 9394/96; FUNDEB (Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) nº. 9424/99; o PNE (Plano
Nacional de Educação).
Como podemos ver muitas lutas por uma escola de qualidade e para todos têm
sido travadas no decorrer dos anos. Contudo a busca pela socialização e um ensino de
qualidade não pára e, em 1988, a Constituição Federal, prevê avanços significativos
para a educação escolar de pessoas com necessidades especiais no ensino regular,
independente da origem, raça, sexo, cor idade e/ou qualquer outra formas de
discriminação.
Em seu art.205 a Constituição mostra que:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho (p.124)
Já no art. 206 – observa-se que o ensino será ministrado com base em alguns
princípios, dos quais se destaca o inciso I que reza a igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola. Neste inciso, além de garantir as condições para o
ingresso à escola, assegura-se a permanência deste educando.
A partir de então a educação abre-se como um leque para a implantação de
inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares,
que se estabelece com a nova (LDB) Lei de Diretrizes e Bases nº. 9394/96 que vem a
complementar a Constituição Federal, quando ela traz o Capítulo V destinado
especificamente para tratar da questão da Educação Especial, que deixa claro a
22
concepção de Educação Especial (educação escolar oferecida para educandos com
necessidades especiais), que deve ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino
e como deverá ser oferecida.
2.4 Criança com deficiência: sujeito com possibilidades e necessidades!
Ao longo da história, a sociedade tem mudado a maneira de ver o deficiente, mas
ainda há muita coisa para fazer, pois a exclusão é um fenômeno gritante. A sociedade,
por sua vez, precisa aprender a conviver com as diferenças individuais de cada um.
As crianças com qualquer deficiência, são membros da sociedade com todos os
direitos, independente de suas condições física, emocional, cognitiva ou sensorial, são
crianças que possuem as mesmas necessidades básicas de carinho, proteção,
cuidado, e os mesmos desejos e sentimentos das outras crianças. Elas têm as
possibilidades de interação, convívio, de serem felizes, embora, de forma diferente.
Como bem assegura Fonseca (1995) que:
O deficiente é uma pessoa com direitos. Existe, sente, pensa e cria. Tem uma
limitação corporal ou mental que pode afetar aspectos de comportamento,
aspectos estes muitas vezes atípicos, uns fortes e adaptativos, outros
funcionais, que lhe dão um perfil intra-individual peculiar. Possui igualmente
discrepâncias no desenvolvimento biopsicossocial, ao mesmo tempo que aspira
a uma relação de verdade e de autenticidade e não a uma relação de
coexistência conformista e irresponsável. (p.9)
Portanto, esse modo diferente de ser e agir é que torna a criança com deficiência
um ser único, singular. Devemos aceitar a pessoa com deficiência como ela é, e
considerando as suas limitações, e reconhecendo os mesmos direitos que os outros
possuem. O contato com crianças com deficiência reforça atitudes positivas ajuda-nos
a ser sensíveis, a compreender, a respeitar, convivendo com as diferença e
semelhança onde à diversidade indica riqueza de situações e possibilidades de
intercâmbio de vivência e de aprendizagem.
Mais importante do que a caracterização da deficiência, das limitações e
23
dificuldades que a criança tem, é necessário compreender a história de vida, a
singularidade, as necessidades que possuem. É fundamental entender suas forma de
interação e como se relacionam com as pessoas e o meio que as cercam. Ainda sobre
essa questão Fonseca (1995) enfatiza que:
A noção de deficiência não é objetiva, mas revela antes um complexo de
superioridade que se multiplica em sociedades em outros planos, estando aqui
a importância da informação no campo da deficiência. O comportamento
desviante pode ser melhor compreendido quando se reconhecem as suas
causas. Existem atitudes de medo, receio, rejeição, negação, etc., por
carências de informação e de contato com os deficientes. Só um crescimento
cultural global da sociedade, alicerçado numa informação e num esclarecimento
contínuos, pode perspectivar uma visão mais ampla de prevenção da
deficiência. (p.24)
A criança com deficiência é uma cidadã com todo o respeito, fazendo parte da
raça humana com sua variedade existente, sem distinção por apresentar algum baixo
funcionamento relacionado às suas limitações. Assim Fogli, Filho e Oliveira (2008)
elucidam que:
A deficiência é apenas um dos elementos que compõe a totalidade do ser
humano. Desta forma, a deficiência não deve ser privilegiada nem desprezada,
apenas considerada. O importante é discutir um modelo de aprendizagem sem
rótulos, classificações, levando-se em conta o potencial do aluno. (p.116)
As crianças com deficiência devem ser vistas não como defeituosas, mas como
pessoas que têm possibilidades diferentes, com algumas dificuldades que, muitas
vezes são desafiadoras, assim, proporcionam um aprendizado e crescimento novo.
Atualmente esta situação dramática de não considerar os deficientes está
lentamente sendo mudada graças a algumas leis criadas e muitas batalhas travadas
por pessoas que tem o compromisso com o ser humano e a sua educação, e com
isso, está-se modificando o quadro em que a diversidade se encontra.
2.4 Educação Especial X Educação Inclusiva
24
A Educação especial deve ser oferecida preferencialmente, na rede regular de
ensino. Esta afirmação parece óbvia, mas isso não era o que acontecia no passado. Foi
a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que se estabeleceu que o
atendimento educacional especializado para pessoas com alguma deficiência deveria
ser preferencialmente oferecido na rede regular de ensino. (Constituição Brasileira, art.
8.º, III).
Para Cardoso (2006) o papel da Educação Especial assume, a cada ano,
importância maior, dentro da perspectiva de atender às crescentes exigências de uma
sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só
será alcançada quando todas as pessoas, sem discriminação, tiverem acesso à
informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena
cidadania.
Foi a partir da promulgação da Lei 9394/96, que esse panorama da educação
especial ganha um novo horizonte, pois a Educação Especial é declarada uma nova
modalidade de educação escolar que acontece na escola. Então, a educação inclusiva
é anunciada como a forma mais recomendável de atendimento educacional para os
alunos que apresentam deficiência.
Cardoso (2006) declara que o processo de inclusão significa uma verdadeira
revolução educacional e envolve o descortinar de uma escola eficiente, aberta,
comunitária, solidária e democrática onde a multiplicidade leva-nos a ultrapassar o
limite da integração e alcançar a inclusão.
A Educação Inclusiva se caracteriza como uma política de justiça social que
alcança alunos com necessidades educacionais especiais, tomando-se aqui o conceito
mais amplo que é o da Declaração de Salamanca (1994):
O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem
acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas,
intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Devem acolher crianças
com deficiência e crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que
25
trabalham, crianças de população distantes ou nômades, crianças de minorias
lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas
desfavorecidas ou marginalizadas (p.17-18).
A educação inclusiva é um paradigma novo que exige um ato político de
mudança. Concordamos com Carvalho (2004) quando salienta que:
Muito mais do que desmontar a educação especial e distribuir seu alunado pelo
ensino regular, aleatoriamente, a proposta da educação inclusiva deve ser
entendida como um processo que não se reduz à inserção deste ou daquele
aluno numa classe regular (muitas vezes à revelia do professor!) inclusão é
processo, não ocorre por decreto ou por modismo. (p.160)
Sobre essa mesma questão ainda Carvalho (1998, p.32) assegura que “a
educação inclusiva, entretanto não se esgota na observância da lei que a reconhece e
garante, mas requer do sistema educacional, uma postura de modificação que abranja
atitudes, perspectiva e organização”. A educação é um processo amplo e contínuo que
envolve a sociedade em geral.
2.5 Perspectivas da Educação Inclusiva
A Educação Inclusiva é uma prática inovadora que está enfatizando a qualidade
do ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que os
professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. Como enfatiza Mantoan (2006):
A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e
reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas –
especialmente as de nível básico-, ao assumirem que as dificuldades de alguns
alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o
ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada. (p.40)
O movimento de Educação Inclusiva no panorama educacional brasileiro teve
avanços significativos, quando observamos a matrícula de alunos com deficiência
preferencialmente em escola pública regular. Dessa forma, estamos oferecendo
igualdade de oportunidade, em meio à diversidade, vislumbrando o exercício da
26
cidadania de todos os indivíduos. Como bem afirma Carvalho (1997):
A educação inclusiva tem sido conceituada, como um processo de educar
conjuntamente e de maneira incondicional, nas classes de ensino comum,
alunos ditos normais com alunos-portadores ou não de deficiência - que
apresentem necessidades educacionais especiais. A inclusão beneficia a todos,
uma vez que sadios sentimentos de respeito à diferença, de cooperação e de
solidariedade podem se desenvolver. (p.38)
A escola inclusiva, isto é, a escola para todos, ficará sendo utópica, se não
conseguirmos atingir os ideais, que pressupõem um mundo diferente desse com que
temos convivido em que o capitalismo é gritante em nossa sociedade e torna a
competitividade avassaladora.
A inclusão, portanto, é urgente não apenas em atitudes, mas sim em forma de
interação aluno/escola. Assim, o aluno torna-se o promotor de seu conhecimento.
Entendemos como “educação inclusiva”, aquela que traz uma reflexão de quem somos
totalmente, da nossa proposta de conviver plenamente com nossos semelhantes.
Para Mantoan (2001):
A educação inclusiva não se refere apenas a inserção de alunos com
deficiência no ensino regular. È um conceito mais amplo que inclui o respeito às
diferenças individuais, culturais, raciais, religiosas, políticas, sociais, vendo o
indivíduo como um ser pleno e com talentos a serem desenvolvidos. (p.84)
A educação inclusiva é um novo paradigma que desafia o cotidiano escolar
brasileiro. Provocando certo desconforto às pessoas, principalmente os profissionais da
educação, pois, verificamos que a inclusão só acontecerá verdadeiramente quando a
escola implementar modificações. Essas modificações não serão apenas nas
instalações físicas, mas em todo o seu contexto pedagógico, filosófico, metodológico e
administrativo. E, sobretudo, nas atitudes. Concordamos com Mantoan (1997, p.52) que
afirma que é a escola que deve se adaptar às crianças, de modo a atender a todos os
alunos e não ao contrário.
27
Sobre essa mesma questão, ainda Mantoan (2006) ressalta:
A inclusão é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da
Educação Escolar e para o benefício de todos os alunos, com e sem
deficiência. Depende, contudo, de uma disponibilidade interna para enfrentar as
inovações e essa condição é comum aos sistemas educacionais e aos
professores em geral. (p.27)
Neste mesmo contexto Mittler (2003, p. 45) afirma que: “a inclusão implica uma
reforma radical nas escolas em termos de currículos, avaliação, pedagogia e formas de
agrupamento de alunos nas atividades de sala de aula”.
A Educação Inclusiva é uma nova página na educação, que ainda provoca certo
desafio, no campo educacional brasileiro. Pressupõe que uma das barreiras a ser
superada por todos: profissionais da educação, comunidade, pais e alunos são
aprender mais sobre a diversidade humana, a fim de compreender os modos
diferenciados de cada ser humano ser, sentir, agir e pensar. Como bem elucidam
Ferreira e Guimarães (2003) que:
A inclusão impõe uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita
àqueles que apresentam deficiência, mas se estende a qualquer aluno que
manifeste dificuldades na escola, ainda que contribuindo para o crescimento e
desenvolvimento de todos – professores, alunos, e pessoal administrativo. (
p.116)
Com isso, é urgente que as escolas sejam inclusivas, voltadas para a cidadania
global, plena, livre de preconceitos, fazendo-se necessário compreender que a
educação está baseada na aceitação das diferenças e na valorização do individuo
independentemente dos fatores físicos e psíquicos. Lembrando os princípios que Paulo
Freire (1996, p.59) defendia, entendemos que “o respeito à autonomia e à dignidade de
cada um é um imperativo ético e não um favor”.
2.5 O Papel do professor na Educação Inclusiva
28
Dentre as dificuldades apresentadas pelas escolas que impedem que a inclusão
tenha êxito é importante ressaltar a formação inadequada do professor que irá atender
os alunos com necessidades especiais. É sabido que a participação do professor nesse
processo é fator decisivo para a construção da escola inclusiva.
De acordo com a Declaração de Salamanca (1994), os programas de formação
inicial deverão: incutir em todos os professores, tanto da escola primária quanto da
secundária, uma orientação positiva sobre a deficiência que permita entender o que se
pode conseguir nas escolas com serviços locais de apoio. E ainda, uma boa pedagogia
apontada pelo mesmo documento, é a que:
(...) desenvolvem a capacidade de avaliar as necessidades especiais, de avaliar
o conteúdo do programa de estudos, de recorrer à ajuda da tecnologia, de
individualizar os procedimentos pedagógicos para atender ao maior número de
aptidões. (p.152)
A formação adequada de todos envolvidos no processo educativo é essencial e
os professores deveriam ter conhecimentos básicos sobre a forma de organizar o
currículo e o ensino para responder as necessidades de todos os alunos. É preciso,
antes de qualquer ponto, que os professores se adaptem a este novo processo,
entendendo que há necessidade de um novo olhar para as pessoas com alguma
deficiência educacional especial.
No entanto, é importante salientar, que a formação de profissionais da educação
deverá estar de acordo com os fundamentos previstos no capítulo VI da (LDB) Lei
Nacional de Diretrizes e Base da Educação (Lei nº. 9.394/96), de modo a atender aos
objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada
fase de desenvolvimento do educando.
Esta mesma lei prevê, no capítulo V (Da Educação Especial), que os alunos com
necessidades especiais devem ser atendidos por professores com especialização
29
adequada, de nível médio ou superior, para o atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular capacitados para a inclusão desses educandos nas
classes comuns.
Por conseguinte, este novo momento da educação inclusiva passa a exigir dos
professores outros conhecimentos além daqueles que receberam na formação do
magistério. Todos os profissionais da educação especial devem ter uma formação
voltada para a criação de uma consciência crítica sobre a realidade que eles vão
trabalhar em sala de aula. Assim, é preciso que eles tenham uma formação
universitária, e o oferecimento de aporte teórico que lhes possibilitem uma ação
pedagógica eficaz. Segundo Rodrigues (1993):
Durante a formação inicial de professores, deveriam ser definidas metas
precisas, relativas aos diversos componentes da competência “organização e
gestão de classes”. Após tomar consciência de seus contornos e de sua
importância, os formados deveriam ser ajudados a definir a experimentar na
aula as estratégias e habilidades específicas de organização e gestão, a avaliar
os resultados e a introduzir correções, quando necessário. Essas tentativas
refletidas e apoiadas tornar-se-iam, certamente, “esquemas de ação”,
simultaneamente, os formados interiorizariam estratégias de detecção, análise
e rotina, que certamente seriam preciosas no seu futuro profissional. (p.20)
É indispensável uma reforma nos cursos de formação dos professores que
precisam aprender a identificar e atender às necessidades especiais de aprendizagem
de todas as crianças, jovens e adultos com ou sem deficiência.
Compreendemos professor como um mediador de conhecimento, capaz de usar
o espaço educacional sem ser ingênuo, e que tenha uma consciência crítica aguçada
agindo contra os problemas sociais, possibilitando a construção de cidadão crítico.
Como enfatiza Sacristán (1998):
O professor/a é considerado como um intelectual transformador, com o claro
compromisso político de provocar a formação da consciência dos cidadãos na
análise crítica da ordem social da comunidade em que vivem. O professor/a é
ao mesmo tempo um educador e um ativista político, no sentido de intervir
abertamente na análise e no debate dos assuntos públicos, assim como por sua
30
pretensão de provocar nos alunos/as o interesse e compromisso crítico com os
problemas coletivos. (p.374)
Sobre essa mesma questão Silva (2008) relata:
Ser professor é dar condições e oportunidades ao outro de construir seus
próprios sentidos e criar suas próprias condições para viver em sociedade,
refletir sobre esta última e refletir-se, sem jamais retornar aquilo que era antes,
num eterno devir. O professor é, pois, um agente de encantamento nestes
tempos de desencanto. O professor é, pois, aquele que apresenta os limites e,
sobretudo, faz florescer as possibilidades criativas e inclusivas. (p.53)
No ponto crucial do imaginário social sobre os professores, eles se tornaram
artífices, ou seja, operários, criadores da esperança no futuro. Os profissionais da
educação são os pivôs principais da transformação educativa nesta era da
globalização. Como definen Gentili e Alencar (2005):
O professor vive tempos de definição: sua desgraça- a propagação massiva da
ideologia do consumo- pode ser também a sua glória. Sim, pois no mundo
atual, movido a símbolos e calcado na reprodução no imaginário, estes valores
têm uma centralidade jamais vista. Os trabalhadores da educação – categoria
que, ao contrário de bancários, metalúrgicos e braçais de vários tipos, se
expandem em todo mundo – precisam se assumir como combatentes, talvez
similares à classe operária fabril dos séculos anteriores: combatentes da
contestação, guardiões da dúvida no tempo do pensamento único. Arautos da
solidariedade na época da competição, reinventores da utopia e dos sonhos
nos dias do pragmatismo absoluto e da aversão às mudanças. Politizadores –
não proselitistas! – no mundo da alienação e da demissão. Negadores da idéia
de que “preparar para as novas realidades” seja tão somente, como se
apregoa, formar trabalhadores para as novas engrenagens, “softs”, do sistema
neoliberal. (p.107).
Para considerar uma proposta de escola inclusiva, é preciso pensar como os
professores devem ser efetivamente capacitados para transformar sua prática
educativa, porque temos uma legislação que impõe uma mudança de hábitos e valores
sem um preparo real, prévio, da comunidade docente para esta verdadeira mudança.
31
CAPÍTULO III
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: OS CAMINHOS TRILHADOS PARA O
DESCORTINAR DO PROBLEMA
Entendemos por metodologia o conjunto de pressupostos e ações que orientam
e dão sustentação ao desenvolvimento da pesquisa. Por isso optaremos pela
investigação de cunho descritivo, pois visa pôr em detalhes a realidade dos sujeitos,
dentro do contexto em que estão inseridos, possibilitando melhor análise de quais as
concepções que os professores têm sobre crianças com deficiência e a inclusão escolar
e social dessas crianças.
3.1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa tem como base a abordagem qualitativa, por ser a que mais se
aproxima com as ciências humanas buscando o contato, a troca de informações, e a
integração entre pesquisador e pesquisado, na busca do conhecimento. Segundo
Bogdan e Biklen (Apud LUDKE e ANDRÉ, 1982, p.11): “a pesquisa qualitativa supõe o
contato prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigado, via de
regra através do trabalho intensivo de campo”.
Ainda segundo os autores: ”A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados
descritivos, obtidos no contexto direto do pesquisado com a situação estudada e
enfatiza mais o processo do que o produto, e se preocupa em relatar a perspectiva dos
participantes” (p.13).
Com a utilização desta abordagem temos a possibilidade de realizar
investigações no seu próprio ambiente natural e colher dados diretamente da fonte,
para que tenhamos maiores aproximações com as questões pesquisadas.
32
3.2 Lócus
Este estudo foi desenvolvido no município de Queimadas-Bahia mais
especificamente no Distrito de Espanta Gado, na escola Lidírio Ferreira Lima, uma
instituição pública localizada na Praça da Igreja, nº. 07, no centro do Distrito de
Espanta Gado. A escolha se deu por ser uma escola central e acomodar um grande
número de professores e alunos com realidades diversificadas. É importante destacar
que nesta instituição existe um número significativo de alunos com necessidades
educacionais especiais, como também uma aparente dificuldade dos professores em
lidar com tais sujeitos. Foi justamente mediante tais contextos que optamos por este
lócus.
A estrutura física da escola é precária para atender a demanda de alunos e
professores. Mediante contatos iniciais, pudemos perceber que a unidade escolar
dispõe de uma secretaria, diretoria, 06 salas de aula, 2 banheiros para alunos, cantina,
e área de lazer pequena. As aulas acontecem no período matutino, vespertino e
noturno com o ensino fundamental. A escola atende a um grupo de 598 alunos.
3.3 Sujeitos
Os sujeitos deste estudo foram 15 professores, da rede municipal de ensino da
escola Lidírio Ferreira Lima, Educação Infantil ás séries iniciais do Ensino
Fundamental, tendo como objetivo identificar as concepções que os professores têm
sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino.
Em relação ao gênero identificamos que 8 pertencem ao sexo feminino e 7 ao
sexo masculino.
Consideramos pertinente ter como sujeitos os professores e professoras, por
acreditar que são responsáveis pelo processo de inclusão dos alunos com
33
necessidades especiais, bem como, podem desenvolver uma prática pedagógica que
possibilite melhores condições no processo de ensino aprendizagem a fim de efetivar
uma educação de qualidade, que favoreça um novo modelo de sociedade sem
práticas excludentes.
3.4 Instrumentos de coleta de dados
Os instrumentos de coleta de dados são meios eficazes que contribuem
consideravelmente com a veracidade da pesquisa, uma vez que, possibilitam que o
pesquisador tenha maiores contatos com as informações adquiridas. Por isso,
realizamos nossas coletas por meio do questionário fechado e a entrevista semi-
estruturada.
3.4.1 Questionário fechado
Escolhemos aplicar o questionário fechado por ser um instrumento de coleta de
dados com questões a serem respondidas por escrito e ser aplicado a um grande
número de pessoas ao mesmo tempo, visto que tem o propósito de enriquecer a
pesquisa nos dando possibilidades de traçar um perfil dos sujeitos. O questionário
favorece uma análise minuciosa, uma vez que, segue uma ordem de questões que
serão respondidas pelos sujeitos sem a presença do pesquisador. Segundo Marconi e
Lakatos (1996):
Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao
informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o pesquisado,
devolve-o do mesmo modo. (p.88)
Triviños (1992) afirma que: “sem dúvida o questionário fechado, de emprego
usual no trabalho positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa”
(p.137). Este instrumento visa também adquirir informações que estejam relacionadas à
idade, gênero, estado civil, religião, renda mensal e etc.
34
3.4.2 Entrevista semi-estruturada
Optamos pela utilização da entrevista semi-estruturada por acreditar, que esta
pode ser o meio eficaz dentro da abordagem qualitativa, pois pressupõe um contato
corpo a corpo com os professores e professoras, possibilitando interações contínuas
entre ambas as partes. Segundo Triviños (1992, p.146) “devemos lembrar que a
entrevista é um dos recursos que emprega o pesquisador qualitativo no estudo de um
fenômeno social”.
A entrevista permitiu maior acesso às informações de relevância à pesquisa, pois
de acordo com Lüdke (1986, p.34) é um instrumento: “que permite a captação imediata
e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e
sobre os mais variados tópicos”. Assim, entrevistamos professores de classes regulares
da Escola Lidírio Ferreira Lima – Espanta Gado Queimadas (BA), pois acreditamos que
suas falas são expressões do pensamento e o modo de compreender suas vidas.
Triviños (1987) salienta:
Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte
de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipótese, que
interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de
interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se
recebem as respostas do informante (p.146).
A entrevista semi-estruturada nos deu respaldo e possibilitou a obtenção de
respostas que permitiram avançarmos em nossas investigações.
3.5 Da aplicação dos instrumentos
O primeiro contato com os sujeitos aconteceu com autorização da direção da
escola em um dia de planejamento, para que tivéssemos a primeira conversa com os
nossos sujeitos.
35
O questionário foi aplicado com 15 professores da Educação Infantil ás séries
iniciais do Ensino Fundamental. Compreendemos que o público escolhido para o
estudo, nos evidenciou a visão dos mesmos em relação aos educandos com crianças
com necessidades especiais. Primeiramente, expomos o motivo da pesquisa aos
sujeitos e não havendo objeção entregamos o questionário, e estipulamos um prazo
para que fôssemos recolhê-los com as respectivas respostas.
Por meio de limitações de informações, evidenciadas no questionário e
aproveitando o encontro de professores, agindo com descontração, convidamos os
entrevistados para uma conversar informal, onde agiram com naturalidade. Durante a
entrevista as questões pontuadas inicialmente foram tomando uma nova roupagem,
fazendo com que algumas temáticas fossem escolhidas, e outras não.
36
CAPÍTULO IV
4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
O presente capítulo tem uma importância crucial neste trabalho porque lança um
olhar crítico sobre os dados coletados, buscando atribuir-lhes sentido, considerando o
contexto da pesquisa. As falas dos professores nos permitiram entender suas
concepções sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino.
Pontuamos que as análises apresentadas são apenas uma leitura que fazemos da
realidade. Assim, ressalta Gomes (1994): “Em se tratando de ciência, as afirmações
podem superar conclusões prévias a elas e podem ser superadas por outras afirmações
futuras”. (p.79). Acrescentamos que é na prática que as concepções de inclusão se
constroem.
4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa: a contribuição do questionário fechado
4.1.1 Tempo de serviço
Conforme análise do gráfico, (ver figura 01) identificamos que 60% dos
professores atuam há mais de 10 anos como profissionais de educação. Portanto, é
possível inferir que esses professores têm bastante experiência na carreira docente,
este é um fator interessante a ser considerado, pois a prática compreende e aprimora a
práxis.
37
20%
20%60%
1 a 5 anos
5 a 10 anos
Mais de 10 anos
FIGURA 1TEMPO DE SERVIÇO DOS PROFESSORES.
4.2.2 Escolaridade dos sujeitos
A formação é um processo imprescindível para todos os profissionais, em
especial para os professores, pois, é através dela que teremos possibilidades de
ampliarmos nossos horizontes e construirmos novos conhecimentos, tentando inovar e
por em prática as novas teorias emergentes das atuais discussões que tem como cerne
o processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, destacamos que 10% dos
professores possuem apenas a formação inicial, o magistério; 40% estão se graduando,
e 50% tem formação superior em pedagogia.
10%
40%
50%
magistério
Ensino superior
incompleto
pedagogia
FIGURA 2 ESCOLARIDADE DOS PROFESSORES.
38
Estes dados nos mostram que a maioria dos educadores busca ampliar seus
conhecimentos. Este é um elemento primordial a ser considerado, pois a formação dos
professores em ensino superior é um fator importante e facilitador para a sua atuação
com crianças que têm necessidades educacionais especiais. Como ressalta Silva
(2008):
A formação acadêmica, sozinha, não dá conta de formar professores para a
criatividade e para a inclusão em educação, mas, certamente, é fundamental
para desenvolver nos profissionais e futuros profissionais as potencialidades
que permitirão a criação de culturas, políticas e práticas de inclusão.(p. 55)
É através do processo de formação do professor que será possível desenvolver
práticas de educação inclusivas.
4.3 Entrevista semi-estruturada: professor é hora de falar!
A análise das entrevistas realizadas com os professores leva-nos a compreender
o processo de inclusão e revela-nos os problemas mais frequentemente enfrentados
pela escola, relativos ao processo de inclusão de pessoas com necessidades
educacionais especiais.
A fim de manter sigilo, usaremos a palavra professor seguida de uma numeração
específica para a identificação dos sujeitos que responderam ao questionário e a
entrevista semi-estruturada.
Apresentam-se a seguir, os resultados alcançados a partir da interpretação dos
dados coletados. Agrupamos as concepções dos professores sobre a educação
inclusiva em cinco tópicos que são: Alunos com necessidades especiais: analisando
as compreensões dos professores; Aprendizagem e inclusão X formação docente; O
processo de inclusão de alunos especiais em salas regulares: pontos e contrapontos;
Diversidade na escola: um desafio a ser enfrentado; A realidade da inclusão na
escola.
39
4.2.1 Alunos com necessidades especiais: analisando as compreensões dos
professores
A inclusão de criança com necessidades especiais na escola regular requer
certas modificações ou adaptações no programa educacional, a fim de que possam
atingir seu potencial máximo. Elas possuem os mesmos anseios desejos e
sentimentos das outras pessoas e interagem de forma dinâmica por meio da
convivência com os que estão inseridos no contexto educativo.
Classificamos as concepções dos professores sobre as necessidades especiais
em duas categorias, na primeira serão agrupadas aquelas que enfatizam o potencial
dos alunos; na segunda, aquelas que enfocam as deficiências dos sujeitos.
4.2.1.2 Concepções dos professores enfatizando o potencial dos sujeitos
O movimento de inclusão defende que todas as crianças com alguma deficiência
ou retardo no seu desenvolvimento passam a ter direitos aos serviços educacionais
disponíveis nas salas regulares de ensino. Portanto é importante no processo de
inclusão que o professor compreenda as fases de desenvolvimento do sujeito.
Conforme afirma Bianchetti (1992):
É importante compreender todas as habilidades das crianças com deficiências,
os níveis de funcionamento socioafetivo e cognitivo, e a qualidade das
experiências e vivências que possuem. É fundamental conhecer suas
dificuldades visando proporcionar melhores formas de interação e
comunicação, desenvolver estratégias de ação, de potencialização do
pensamento e resolução de problemas, verificar os desafios, as necessidades,
quais os conteúdos e atividades que podem modificar as possibilidades de
funcionamento e produzir respostas qualitativamente melhores e mecanismo de
adaptação ao meio. (p.21)
Os professores percebem e expressam em suas falas que essas crianças têm
potencialidades. Verifiquemos algumas falas:
40
(...) “Alguém capaz de se superar e de superar todas as expectativas à ele
direcionadas, bastando apenas de apoio e atenção de pessoas preparadas
para tal”. (PROFESSORA, 12)
(...) “Uma criança como outra qualquer somente faltando desenvolver uma
habilidade qualquer seja ela física, mental ou intelectual”. (PROFESSORA, 3)
(...) “Como alguém que possui limitações e que aprende de forma diferente das
pessoas ditas normais, porém com sentimentos e desejos como qualquer outra
pessoa”. (PROFESSORA, 5)
(...) “Como uma pessoa que quer que as pessoas que se dizem se normal
respeitem suas diferenças, pois os alunos com necessidades educacionais
especiais têm muita força de vontade de aprender”. (PROFESSOR, 8)
(...) “Um ser humano com direitos e deveres como qualquer outra, capaz de
transpor limites do seu jeito, no seu ritmo que precisa ser respeitados. Um ser
especial como o próprio nome diz. Alguém que é um exemplo de luta, de
perseverança de força de vontade”. (PROFESSORA, 13).
Os teóricos da educação enfatizam que os educadores estão pautados em uma
concepção pertinente. Entretanto, sabemos que os discursos e práticas de alguns
professores estão norteados por uma concepção simplista e preconceituosa em
relação ao aluno com necessidades especiais. Segundo Ferreira e Guimarães (2003):
Os efeitos causados pela visão equivocadas sobre pessoas com deficiência
levam ao desconhecimento de suas potencialidades, o que acabam por
continuar reforçando a crença sobre a sua suposta incapacidade. Esse quadro
só poderá ser superado a partir do momento em que a condição de “deficiência”
modificar-se tomando em consideração também as potencialidades e
possibilidades, e não apenas os defeitos e as limitações das pessoas (p.27).
As compreensões dos professores irão na maioria das vezes conduzir a sua
prática pedagógica, afinal agimos pautados com base nas representações que temos
das pessoas e das coisas. Portanto, acreditamos que o professor é “peça”
fundamentam no processo de inclusão. Silva (2008) afirma:
Ser professor é dar condições e oportunidades ao outro de construir seus
próprios sentidos e criar suas próprias condições para viver em sociedade,
refletir sobre esta última e refletir-se, sem jamais retornar aquilo que era antes,
num eterno devir. O professor é, pois, um agente de encantamento nestes
41
tempos de desencanto. O professor é, pois, aquele que apresenta os limites e,
sobretudo, faz florescer as possibilidades criativas e inclusivas. (p.53)
Sendo assim, compreendemos que sem a contribuição, e respectivas ações dos
professores, ficará inviável construirmos uma escola verdadeiramente inclusiva.
4.2.1.1 Concepções dos professores pesquisados no enfoque da deficiência.
O efeito causado pela visão equivocada sobre pessoas com deficiência leva ao
desconhecimento de suas potencialidades e possibilidades, assim continuam
reforçando o ranço equivocado de crendice sobre sua incapacidade.
Os professores afirmaram que aluno com necessidades especiais, é:
(...) “é aquele aluno que tem alguma deficiência mental, que não fala direito e
nem ouve bem e que por em alguns casos tem os membros superiores ou
inferiores amortecidos”. (PROFESSORA, 1)
(...) “existem inúmeras deficiência de aprendizagem, desde um aluno que não
consegue se concentrar, devido algum problema psicológico até necessidades
visuais, auditivas e físicas.” (PROFESSORA, 2)
(...) “Um aluno que precisa de trabalho diferenciado por parte do educador, uma
vez que ele pode apresentar dificuldades na aprendizagem, hiperatividade”.
(PROFESSORA, 4)
(...) “Pessoa com limitações além do dito “normal” e que, portanto devem ser
tratadas com atenção e cuidado que a necessidade requer”. (PROFESSOR, 8)
(...) “Para mim crianças especiais não é aquela que é surda cega deficiente, e
sim também aquela aluno que não consegue ter um bom desempenho”.
(PROFESSORA, 15)
Ao contrário do que discutimos anteriormente percebemos que alguns
professores ainda apresentam uma compreensão limitada de aluno especial, de forma
altamente ultrapassada, pois focaliza apenas as questões físicas esquecendo-se de
outros fatores que compõem o ser humano.
42
Percebemos que há um paradoxo na compreensão de deficiência entre os
professores, portanto, alguns precisam ampliar suas concepções e atualizar-se com as
atuais reflexões que estão sendo discutidas nos diversas áreas do saber em especial
no campo educacional. Assim, segundo Fogli, Filho e Oliveira (2008 p.116) “cada aluno
possui características históricas, sociais e orgânicas diferenciadas. A deficiência é
apenas um dos elementos que compõe a totalidade do ser humano”.
Nesse sentido, acreditamos que um pedagogo consciente de seu papel na
construção de uma sociedade mais justa, ao trabalhar com crianças especiais teria uma
formação voltada para o paradigma da inclusão e não da exclusão.
4.2.2 Aprendizagem e inclusão X formação docente
A inclusão foi implantada verticalmente nas escolas; o poder público não teve a
preocupação em capacitar os profissionais de educação para terem suporte ao
atendimento de crianças especiais. Assim, se observarmos o panorama Nacional
Brasileiro veremos que seu compromisso maior foi apenas na elaboração das leis.
Para 70% dos sujeitos entrevistados, a aprendizagem de crianças especiais está
ligada à formação docente; o que pôde ser observado quando questionadas sobre a
possibilidade de aprendizagem de crianças com deficiência. Eis alguns depoimentos:
(...) “Creio que sim basta ter alguém que esteja preparado e saiba trabalhar.”
(PROFESSORA, 1).
(...) “Sim, uma vez que, tenham profissionais bem preparados e materiais
adequados para atender às essas crianças.” (PROFESSORA, 4)
(...) “Sim, desde que o professor e a escola promovam oportunidades
curriculares que sejam apropriadas a essa criança, haja vista que o êxito da
inclusão social desses sujeitos depende do êxito de sua inclusão escolar”.
(PROFESSORA, 5).
(...) “Sim. Mas com os tipos de educadores materiais específicos para sua
deficiência”. (PROFESSORA, 8)
43
(...) “Às vezes, em alguns casos sim. Desde que essa criança receba uma
atenção especial por parte dos educadores”. (PROFESSORA, 15).
Nestes depoimentos, predomina a compreensão que os professores têm sobre a
aprendizagem de crianças especiais, ficando evidente que tal processo está ligado a
uma formação específica dos professores para que possam atuar com tais sujeitos.
Percebemos nas falas a importância da formação dos professores, para que
esse novo paradigma de inclusão possa acontecer. Percebe–se claramente que apesar
do aluno com deficiência apresentar limitações, é possível ter um desenvolvimento
satisfatório. Uma das razões pelas quais as pessoas com deficiência estão expostas à
discriminação.
Este princípio baseia-se na aceitação da pessoa com deficiência tal como ela é
o que não significa pretender, em algum momento, converter em “normal” uma
pessoa com deficiência. Trata-se de, considerando suas limitações, reconhecer-
lhe os mesmos direitos que os outros e oferecer-lhe os serviços e as condições
necessárias para que possa desenvolver, ao máximo, as suas possibilidades,
vivendo da forma natural que lhe for possível. (FERREIRA e GUIMARÃES,
p.113).
A aprendizagem ocorre quando pensarmos em todos os alunos como seres em
processo de crescimento e desenvolvimento. Portanto, pressupõe conhecer as
características do processo de aprender bem como as características do aprendiz.
Apesar de garantida na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, em
1996, a filosofia da inclusão não se consolidou na forma desejada. É preciso antes de
qualquer coisa que os professores se adaptem a este novo paradigma, entendendo que
há necessidade de um novo olhar para as crianças com necessidades educacionais
especiais. Sobre essa questão Ferreira e Guimarães (2003) ressalta que:
É necessário repensar o significado da prática pedagógica, a fim de tentar evitar
os erros do passado, quando os alunos com deficiência eram deixados à
margem. Deve garantir a esses indivíduos apoio e incentivo para que sejam
participantes e colaboradores, porque o valor social da igualdade é consistente
e pertinente com a prática de qualidade para todos. (p.44)
44
A respeito disso, Salgado (2008) salienta:
Ressaltamos a necessidade de se valorizar a formar professores ativos,
criativos e verdadeiramente comprometidos com o processo de inclusão
em educação, que encarem o trabalho docente como um desafio
permanente e como lugar de construção de sentidos, valores,
subjetividades e, sobretudo, que trabalhem com otimismo e persistência.
(apud. SANTOS e PAULINO 2008 p.67)
Dentro desse mesmo contexto Nóvoa (1992) elucida:
Assim como o equilibrista, o professor tece o seu fio em plena interação.
E é nos desequilíbrios que ele vai se construindo e constituindo. Desta
forma, pensar a formação e a inclusão em educação significa dizer que
este processo é permanente e que só difundindo essas concepções
poderemos reiterar princípios mais humanos, democráticos e
comprometidos com uma sociedade mais justa e menos desigual.
(apud. SANTOS e PAULINO 2008 p.66 )
Professores que atuam na Educação Especial, certificados e altamente
qualificados são imprescindíveis para que de fato haja inclusão para alunos com
deficiência.
4.2.3 O processo de inclusão de alunos especiais em salas regulares: pontos e
contrapontos
O discurso dos professores sobre o processo de inclusão permitiu agrupar em
três categorias que são: Professores que defendem a inclusão da forma que é feita;
Professor que defende a inclusão, mas apresentam críticas sobre o processo;
Professores que são contra a inclusão – paradigma segregacionista.
Vivemos um momento de inclusão, este novo paradigma que aflora no campo da
educação assegura novas práticas pedagógicas, onde devemos respeitar as diferenças
e limitações de cada pessoa. Portanto, a sua essência esta voltada para melhores
condições de vida de pessoas com deficiência.
45
4.2.3.1 Concepções dos professores que defendem a inclusão da forma que é
feita.
40% dos professores e professoras pesquisados afirmam acreditarem na
inclusão de crianças com necessidades especiais nas salas regulares. Vejamos
algumas falas:
(...) “Justo. Pois os mesmos têm os mesmos direitos à educação em salas
regulares que os demais”. (PROFESSOR, 10 )
(...) “Acredito que, a escola regular deve acolher todas as crianças,
independente de suas condições físicas, intelectuais e sociais. Até porque as
histórias desses alunos sempre foram de exclusão e preconceito”.
(PROFESSOR, 11)
(...) “Uma atitude de valorização, pois o vínculo afetivo e a relação de amizade
com as outras crianças proporcionarão um maior rendimento e ajudaria a
superar-se diante das possíveis dificuldades”. (PROFESSOR, 12)
(...) “Sim, pois todos os cidadãos brasileiros têm o direito e acesso livre aos
serviços básicos, esperamos que os nossos governantes olhem com carinho
para essas crianças”. (PROFESSOR, 14)
(...) “É uma maneira das outras crianças respeitarem o modo de ser de cada
um”. (PROFESSORA, 15)
A solidariedade e a aceitação da diversidade são valores importantes na relação
dos seres humanos. É importante que a escola incentive esse sentimento solidário,
pois, é através dessas contribuições que a sociedade se torna melhor, com igualdade e
justiça para todos. A inclusão pode beneficiar não só o incluído, mas todos que com ele
estabelecerem interações. É evidenciada nas falas dos sujeitos pesquisados a visão
ampla de inclusão de criança com deficiência, pois não considera a deficiência como
um fator que atrapalha a aprendizagem. Assim, conforme destaca Santos (2003):
O conceito de inclusão passou a ser entendido num contexto mais amplo, que
engloba todas as pessoas que experimentam barreiras à aprendizagem e à
participação, e não somente às pessoas portadoras de deficiência. O conceito de
inclusão passou de uma idéia a “uma luta, um movimento que tem por essência
estar presente em todas as áreas da vida humana, inclusive a educacional”.
(p.78-79)
46
4.2.3.2 Concepções dos professores que defendem a inclusão, mas apresentam
críticas sobre o processo.
40% dos professores participantes desta pesquisa argumentaram que a inclusão
de crianças com necessidades especiais só é possível se os educadores estiverem
preparados. Concordamos com Carvalho, (2004) à afirmação de que o discurso do
despreparo técnico e prático apenas cristaliza e imobiliza as ações inclusivas. Eis ai
algumas falas:
(...) “Acho que deve ser feita. Porém a escola precisa se preparar. Para essa
inclusão ser feita de forma que atende esse aluno em suas necessidade e não
só o incluir na sociedade”. ( PROFESSOR,2)
(...) “Seria bom, se como já foi os profissionais em educação fossem
devidamente preparados para devido fim, se houvesse escolas aptas a receber
estas crianças e se todas as escolas tivessem uma pessoa preparada para um
acompanhamento especial para o aluno e também para o professor”.
(PROFESSOR, 3)
(...) ”É importante para o desenvolvimento dessas crianças, desde que seja
respeitada nesse ambiente, tenha uma acompanhamento especial.”
(PROFESSOR, 4)
(...) “Seria muito bom, desde que a escola como um todo estivesse preparada
para esta realidade. No entanto, o que se observa é apenas a integração do
sujeito portador de necessidades especiais ao convívio social”. (PROFESSOR
5)
(...) “Ainda é uma utopia. A inserção só ocorre na teoria, está muito distante da
realidade e das necessidades das partes envolvidas”. (PROFESSOR, 11)
De forma mais precisa podemos afirmar que é importante à formação do
professor que irá atender os alunos com necessidades especiais.
4.2.3.3 Concepções dos professores que são contra a inclusão – paradigma
segregacionista.
20% de profissionais não acreditam na inclusão de crianças com deficiência no
sistema regular de ensino, por motivos diversos, até porque acreditam que o
47
atendimento, separado, é o melhor caminho. Assim conservando a visão de ensino
segregado. Ficando explícito nas falas seguintes:
(...) “É um processo difícil para o educador, porque ele tem que atender os
alunos de necessidade educacional especial e os alunos normais. O certo
mesmo é ter uma escola só para atender estes alunos com necessidade
educacionais especiais”. (PROFESSOR, 6)
(...) “É um crime se traduz num desrespeito aos direitos educacionais que a lei
lhe confere o ser humano é um ser excepcional, se for trabalhada de um jeito
certo ela se supera”. (PROFESSOR, 5)
Sabendo que é a compreensão dos professores que irá conduzir sua prática
pedagógica é preocupante nos depararmos com esta concepção em pleno século XXI.
Observamos o quanto à educação de qualidade para todos se torna difícil de acontecer.
Para que tenha uma educação voltada para o exercício da cidadania falta
oportunidade para as pessoas com deficiência exercerem sua cidadania. Concordamos
com Santos & Paulino, (2008):
Quando educamos todos os alunos juntos, as pessoas com deficiência têm
oportunidade de preparar-se para a vida na comunidade, os professores
melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão
consciente de funcionar de acordo com o valor social de igualdade para todas
as pessoas, com os conseqüentes resultados de melhoria da paz social. (p.37).
Como podemos ver as concepções de inclusão escolar de alunos especiais é um
novo paradigma que desafia o cotidiano escolar, onde suas barreiras têm de ser
superadas por todos.
4.2.4 Diversidade nas escolas: um desafio a ser enfrentado
Um novo paradigma está nascendo onde a diversidade apresenta-se como um
direito de ser, sendo diferente. Nesse contexto, a educação tem um papel importante e
imprescindível a desempenhar.
48
E para incrementar a discussão, podemos levar em conta a afirmação de
Ferreira e Guimarães (2003):
A sociedade está tornando mais complexa a cada dia: a diversidade aumenta
de forma acelerada. Com isso, imperceptivelmente, muda também a forma de
compreender o mundo e os próprios semelhantes. É este o novo paradigma
que está nascendo: “viver a igualdade na diferença”, “integrar na diversidade” –
eis o apelo dos líderes dos movimentos em conflito. O diferente fica cada vez
mais comum. (p.41)
Há, entre os professores entrevistados, aqueles que expressaram sentimento de
frustração, impotência, incapacidade quanto à experiência com crianças especiais.
Analisemos algumas falas:
(...) “Muito difícil, pois, mesmo tendo muito tempo em sala de aula, não fui
preparada para trabalhar com eles.” (PROFESSOR, 1)
(...) ”É difícil na verdade me sinto impotente e incapaz de educá-los me falta
especialização”. (PROFESSOR, 7)
(...) “É um novo desafio no cotidiano escolar, já que cada um deles tem uma
demanda particular em termos de metodologias de ensino e de aprendizagem
que exige de nós professores uma atenção especial”. (PROFESSOR, 11)
(...) “A vivência como professor atuante é bastante complicado, pois não estamos
preparados para esses casos especiais, mas fui privilegiado ao deparar com
crianças especiais. Tratei principalmente em entender o mundo dessa criança
para a partir desse momento manter atividades para que incluir essa criança no
convívio social”. (PROFESSOR, 14)
Dentro deste contexto, tomando como referência Carvalho (2004) concordamos
com ele quando, enfatiza:
A diversidade, hoje, constitui-se em tema central, pois muito se tem debatido
sobre a diversidade social, cultural, de gênero, de capacidades, inclusive as
comunicativas. Valorizar a diversidade entre as pessoas, principalmente no
âmbito da educação, é uma das formas da ultrapassagem sonhada pro Betinho,
permitindo a todos “ser gente, mudar de futuro, mudar de mundo, não
estabelecer limites”. É fugir da homogeneidade, dos estigmas e dos
preconceitos. (p.88)
49
A diversidade na sala de aula assusta muitos profissionais da educação, que
seguem a visão tradicional de homogeneização e não conseguem lidar com a
heterogeneidade. Ao contrário, a inclusão escolar deve organizar-se em função das
diferenças individuais.
4.2.5 A realidade da inclusão na escola
Todos os professores entrevistados, afirmaram que a escola na qual trabalham
não está preparada para receber alunos com necessidades especiais. Diante dessa
afirmação podemos perceber que a escola Lidírio Ferreira Lima do município de
Queimadas-Bahia, mais especificamente no distrito de Espanta Gado está aquém de
ser considerada escola com princípio inclusivo.
Segundo Mantoan (2006, p.40), “a inclusão causa uma mudança de perspectiva
educacional, por não se limitar a ajudar somente os alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem na escola, mas apoiar a todos”.
Para a escola se tornar inclusiva é necessário que haja uma política de
transformação em todos os seus aspectos: físico, pedagógico e cultural. Segundo a
Declaração de Salamanca (1994):
As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüística ou outras. Devem
acolher crianças com deficiências e crianças bem dotadas, crianças que vivem
nas ruas e que trabalham. Crianças de população distantes ou nômades,
crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros
grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas. (p.17-18).
Portanto a escola diante de sua função social deve buscar uma educação de
qualidade para todos os alunos.
50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensando na relevância da inclusão social no processo da construção de uma
sociedade para todos, fomos levados a refletir sobre a implantação da inclusão de
crianças com deficiências no sistema regular e chegamos a conclusões preocupantes e
desafiadoras para a efetivação de uma educação de qualidade.
As concepções dos professores problematizam a dificuldade da inclusão escolar
das crianças especiais no que se refere às dificuldades desses alunos acompanharem
os conteúdos ministrados na sala de ensino regular.
De acordo com os dados deste estudo, o olhar inclusivo sobre as escolas
regulares, deve ser um olhar de mudanças e inquietações, que vem assinalar a
necessidade de transformações no sistema educacional, no sentido de considerar as
pessoas, suas histórias, concepções, percepções, crenças, experiências e trajetórias
pessoais. Os professores apresentam em seus discursos severo descrédito no
desenvolvimento e na aprendizagem das crianças com necessidades especiais.
Com base na pesquisa e análise deste trabalho, observamos que a implantação
da inclusão não ocorre de fato, devido aos fragmentos apresentados que é a falta de
capacitação dos profissionais da educação para o trabalho com crianças com
necessidades educacionais especiais. Portanto os professores têm que assumir uma
postura política e reivindicar os seus direitos, pois a educação está munida de armas
legais, que possibilitam lutar pelos ideais, cobrar das autoridades uma resposta que
preencha os requisitos das Leis.
Neste sentido, a formação profissional passa a ser uma questão central para a
implantação da escola inclusiva. Acima de tudo, porque o educador precisa perceber a
criança especial como ser cognocente e se perceber como peça importante no
desenvolvimento do aluno, de forma a co-responsabilizar-se pelas mudanças que
51
urgem serem realizadas no processo educacional.
Portanto, garantir um espaço de informação/formação/redefinição poderia
colaborar no sentido de promover debates sobre os fatores referentes às baixas
expectativas dos professores em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem de
crianças com necessidades educacionais especiais, articulando-os para cobrarem de
todo o sistema educacional postura e práticas de qualidades.
Desta forma, a inclusão remete à urgência da transformação de toda a realidade
social e escolar. A escola precisa de mudanças relacionadas ao acolhimento do sujeito
como ser em constante construção e desenvolvimento. O desenvolvimento deve ser
percebido não como algo determinado e acabado, mas como o produto da co-
construção gerada pela interação entre o individuo, o meio físico e as relações
humanas.
Percebemos que já foram conquistados alguns espaços em nossa comunidade
escolar, embora estejamos bem longe ainda de alcançar o objetivo maior que é garantir
a todas as crianças, incondicionalmente, uma escola acolhedora, de qualidade.
Esperamos que os resultados da pesquisa possam contribuir com a reflexão sobre as
dificuldades e possibilidades da inclusão de todas as crianças com necessidades
educacionais especiais nas classes de ensino regular. A diversidade está entre as
prioridades na pauta educacional mundial. E o sistema educacional precisa adquirir
uma postura de modificação democrática que abranja atitudes, perspectivas e
organização para garantir uma educação inclusiva e não, limitar-se apenas, a
observância da lei.
52
REFERÊNCIAS
AMARAL, L. A. Conhecendo a deficiência. Em Companhia de Hercules. São Paulo:
Robe. 1998.
BIANCHETTI, Lucídio – IIda Maria Freire (org) – Um Olhar Sobre a
Diferença.Integração, Trabalho e Cidadania. Editora Papirus, 1992.
LUDKE, M. E ANDRÉ, M. E. D. A pesquisa em Educação: Abordagem qualitativas,
São Paulo, EPU, 1982.
BRASIL. Lei nº. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, que dispõe sobre as Diretrizes
e Bases da Educação Nacional.
_______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
_______. Ministério da Educação. Secretaria de educação especial. Leis
Internacionais. CEC/SEE. Disponível em: www.mec.gov.br.
CARMO, Apolônio Abadio do. Deficiência física: a sociedade brasileira cria,
“recupera” e discrimina. Brasília: Secretaria dos Desportos, 1991.
CARDOSO, M. S. Aspectos Históricos da Educação Especial: Da Exclusão à Inclusão –
Uma Longa Caminhada. Educação Especial: em direção à educação inclusiva – 3.
ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006
CARVALHO, Rosita Edler. Integração e Inclusão: do que estamos falando? In Salto
para o Futuro: Educação Especial: tendências atuais / Secretaria de Educação a
Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 1999.
Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: ed. Mediação,
2004.
O direito de ter direito. In. Salto para o futuro: Educação Especial tendências
atuais. Série estudos. Ministério da educação. Secretaria de Educação à distância
1998.
CLAUS, D. STOBAUS e JUAN J. M. MOSQUERA. Educação Especial: em direção à
educação inclusiva – 3. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS,2006.
FERREIRA, M. E. C. e GUIMARÃES, Marly. Educação Inclusiva – Rio de Janeiro:
DP&A, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa
- São Paulo: Paz e Terra, 1996.
53
FOGLI, B. F. C. dos S. FILHO, L. F. da S. OLIVEIRA, M. M. N. dos S. Inclusão na
educação: uma reflexão crítica da prática. In: SANTOS, M. P. e PAULINO, M. M. (orgs)
Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas. – 2. ed.- São Paulo: Cortez,
2008.
FONSECA, Vitor da Educação especial: programa de estimulação precoce – uma
introdução às idéias de Feuerstein/Vitor da Fonseca – 2. ed. Ver. Aumentada –
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995.
GENTILI Pablo e ALENCAR Chico. Educar na esperança em tempos de desencanto.
5ª ed. Petrópolis. Vozes, 2005.
GOFFREDO Vera L. F. S. Educação: Direito de todos os brasileiros. In. Salto para o
futuro: Educação Especial tendências atuais. Série estudos. Ministério da educação.
Secretaria de Educação à distância 1998.
GOMES, Romeu. A análise de Dados em Pesquisa Qualitativa. In: Minayo M. C. Souza
(organizadora) Pesquisa social: teoria, método e criatividade / Petrópolis, RJ: Vozes,
1994.
LUDKE e ANDRÉ, M. E. A pesquisa em Educação. Abordagem qualitativa. São
Paulo, EPU, 1986.
MADER, Gabrielle. “Integração da pessoa portadora de deficiência: a vivência de um
novo paradigma”. In: MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A integração da pessoa
portadora de deficiência. São Paulo, Memnon, 1997.
MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Caminhos pedagógicos da inclusão. São Paulo:
Memnon, 2001.
__________, Maria Tereza Eglér. INCLUSÃO ESCOLAR: O que é? Por quê? Como
fazer? 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2006.
__________, Maria Tereza Eglér. Uma escola de todos, para todos e com todos: O
mote da inclusão. In STOBAUS, e MOSQUERA. Educação especial em direção à
educação inclusiva. Porto Alegre EDIPUCRS, 2006.
MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento de
pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e
interpretação de dados 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Educação Especial no Brasil: História e Políticas
– 3ª edição – São Paulo: Cortez, 2001.
54
MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Porto Alegre, Artmed,
2003.
MIZUKAMI, Maria de Graça Nicoletti. Ensino: As abordagens do processo. São
Paulo: EPU, 1986.
PÁRO, Victor Henrique, Administração Escolar: Introdução Crítica, Cortez, São
Paulo, 1991.
RODRIGUES, A. O Trabalho Realizado Com Professores do Ensino Primário. In:
ESTRELA, A. (org) Formação de Professores por Competências – Projeto FOCO.
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1993.
SACRISTÁN, J. GIMENO. Compreender e transformar o ensino. Trad. Ernani F. Da
Fonseca Rosa – 4ª ed. Artmed, 1998.
SALGADO, S. da Silva. Inclusão e Processos de Formação. In: Inclusão em
educação: culturas, políticas e práticas. – 2. ed.- São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, Júlio Maria Ferreira. Dimensões e diálogos de exclusão: um caminho para
inclusão. In: SANTOS, M. P. e PAULINO, M. M. (orgs) Inclusão em educação:
culturas, políticas e práticas – 2. ed.- São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, M. Pereira e PAULINO M. Moreira. Inclusão em Educação: culturas,
políticas e práticas – 2. ed. – São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, Mônica P. dos. O papel do ensino superior na proposta de uma educação
inclusiva. Revista da Faculdade de Educação da UFF, n. 7, maio 2003.
SILVA, K. R. X. Expressão da Criatividade na Prática Pedagógica e a Luta pela
Inclusão em Educação: tecendo relações. In: SANTOS, M. P. e PAULINO, M. M. (orgs).
Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas – 2. ed.- São Paulo: Cortez,
2008.
TRIVIÑOS, A N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo; Atlas, 1992.
55
UNESCO. Declaração de Salamanca e Linhas de Ação sobre Necessidades
Educativas Especiais. Brasília, 1994.
56
57
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
SENHOR DO BONFIM – BAHIA
Caro (a) professor (a),
Sou aluna desta universidade, do curso de Pedagogia e estou desenvolvendo
uma pesquisa, como trabalho de conclusão do curso de pedagogia, sobre as
concepções que os professores da escola Lidírio Ferreira Lema têm sobre a inclusão de
crianças com deficiência no sistema regular de ensino. Contamos com sua colaboração
para responder às questões abaixo. Observe que sua identidade se mantém em sigilo.
Desde já agradecemos sua participação.
Laura de Oliveira Silva
Questionário Sócio-Econômico
1.Sexo:
Masculino ( ) Feminino ( )
2.Idade
( ) 18 a 20 anos
( ) 20 a 30 anos
( ) mais de 30 anos
58
3. Estado Civil
( ) solteiro (a)
( ) casado (a)
( ) separado (a)
( ) viúvo (a)
4.Você tem emprego fixo?
( ) sim
( ) não
5.Formação Profissional:
( ) Magistério
( ) Superior Completo. Curso - habilitação
( ) Superior Incompleto
( ) Pós-Graduação
6.Tempo de atuação
a. ( ) 1 a 5 anos
b. ( ) 5 a 10 anos
c. ( ) mais de 10 anos.
59
Aspectos de desempenho da entrevista semi-estruturada
1. Você já deparou com crianças especiais, na sua sala de aula?
( ) sim ( ) não
2. No caso de sim, como é para você nesta atuação especial, lidar com educando com
necessidades especiais?
3. No caso de não, como você reagiria?
4. O que você acha dos alunos que possuem necessidades educacionais especiais
serem inseridos nas salas regulares?
5. A escola na qual trabalha está preparada para receber alunos com necessidades
especiais?
60
6. Como você define um aluno com necessidades educacionais especiais?
7. As crianças com deficiência mais profundas têm possibilidade de aprendizagem?
Justifique:
___________

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

PPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADE
PPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADEPPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADE
PPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADEQUEDMA SILVA
 
SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...
SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...
SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...unieubra
 
Apresentação fundeb
Apresentação fundebApresentação fundeb
Apresentação fundebNéia Melo
 
METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...
METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...
METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...rosemaralopes
 
EXPERIÊNCIAS EXITOSAS
EXPERIÊNCIAS EXITOSASEXPERIÊNCIAS EXITOSAS
EXPERIÊNCIAS EXITOSASNadir Colaço
 
Minicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramentoMinicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramentoEunice Mendes de Oliveira
 
Autoavaliacao professor
Autoavaliacao professorAutoavaliacao professor
Autoavaliacao professorDaniel Arena
 
Material flexibilização curricular
Material flexibilização curricular Material flexibilização curricular
Material flexibilização curricular Isa ...
 
Slide educação especial
Slide educação especialSlide educação especial
Slide educação especialAndreia Gomes
 
Estágio nos anos iniciais
Estágio nos anos iniciaisEstágio nos anos iniciais
Estágio nos anos iniciaisRosinara Azeredo
 
Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva
Política nacional  de educação especial  na perspectiva da educação inclusivaPolítica nacional  de educação especial  na perspectiva da educação inclusiva
Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusivaceciliaconserva
 
Mapa de competências ensino integral (1) (1)
Mapa de competências ensino integral (1) (1)Mapa de competências ensino integral (1) (1)
Mapa de competências ensino integral (1) (1)Roseli Basellotto
 
Ação supervisora: tendências e práticas
Ação supervisora: tendências e práticasAção supervisora: tendências e práticas
Ação supervisora: tendências e práticasUlisses Vakirtzis
 

Mais procurados (20)

PPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADE
PPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADEPPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADE
PPP - SLIDES DE APRESENTAÇÃO PARA A COMUNIDADE
 
SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...
SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...
SEMINARIO 2 - A EVOLUÇÃO NOS PROCESSOS EDUCACIONAIS PARA O DIRETOR GESTOR, NA...
 
Libras
LibrasLibras
Libras
 
Projeto de intervenção modelo
Projeto de intervenção modeloProjeto de intervenção modelo
Projeto de intervenção modelo
 
Apresentação fundeb
Apresentação fundebApresentação fundeb
Apresentação fundeb
 
Projeto de pesquisa Inclusão social na educação.
Projeto de pesquisa Inclusão social na educação.Projeto de pesquisa Inclusão social na educação.
Projeto de pesquisa Inclusão social na educação.
 
modelo-de-projeto-politico-pedagogico
modelo-de-projeto-politico-pedagogicomodelo-de-projeto-politico-pedagogico
modelo-de-projeto-politico-pedagogico
 
METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...
METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...
METODOLOGIAS ATIVAS, TECNOLOGIAS DA WEB 2.0 E FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSIT...
 
Ldb Resumo
Ldb ResumoLdb Resumo
Ldb Resumo
 
EXPERIÊNCIAS EXITOSAS
EXPERIÊNCIAS EXITOSASEXPERIÊNCIAS EXITOSAS
EXPERIÊNCIAS EXITOSAS
 
Plano gestão 2015 2018
Plano gestão 2015  2018Plano gestão 2015  2018
Plano gestão 2015 2018
 
Minicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramentoMinicurso falando de alfabetizacao e letramento
Minicurso falando de alfabetizacao e letramento
 
Autoavaliacao professor
Autoavaliacao professorAutoavaliacao professor
Autoavaliacao professor
 
Material flexibilização curricular
Material flexibilização curricular Material flexibilização curricular
Material flexibilização curricular
 
Slide educação especial
Slide educação especialSlide educação especial
Slide educação especial
 
Estágio nos anos iniciais
Estágio nos anos iniciaisEstágio nos anos iniciais
Estágio nos anos iniciais
 
Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva
Política nacional  de educação especial  na perspectiva da educação inclusivaPolítica nacional  de educação especial  na perspectiva da educação inclusiva
Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva
 
Mapa de competências ensino integral (1) (1)
Mapa de competências ensino integral (1) (1)Mapa de competências ensino integral (1) (1)
Mapa de competências ensino integral (1) (1)
 
Portfólio pronto
Portfólio prontoPortfólio pronto
Portfólio pronto
 
Ação supervisora: tendências e práticas
Ação supervisora: tendências e práticasAção supervisora: tendências e práticas
Ação supervisora: tendências e práticas
 

Destaque

Izabel maria de matos tcc sobre educação inclusiva
Izabel maria de matos tcc sobre educação inclusivaIzabel maria de matos tcc sobre educação inclusiva
Izabel maria de matos tcc sobre educação inclusivaIzabel Maria de Matos
 
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.Instituto Consciência GO
 
TCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em Sorocaba
TCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em SorocabaTCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em Sorocaba
TCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em Sorocabamariliamartin
 
Entrevista semi estruturada
Entrevista semi estruturadaEntrevista semi estruturada
Entrevista semi estruturadalurdesmartins
 
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Projeto de pesquisa sobre Inclusão
Projeto de pesquisa sobre InclusãoProjeto de pesquisa sobre Inclusão
Projeto de pesquisa sobre InclusãoGladis Maia
 
Guião de entrevista semi estruturada - 5 em rede
Guião de entrevista semi estruturada - 5 em redeGuião de entrevista semi estruturada - 5 em rede
Guião de entrevista semi estruturada - 5 em redetmcem
 
Projeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof edna
Projeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof ednaProjeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof edna
Projeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof ednaHideane Santana
 
Projeto de pesquisa para o programa de mestrado da Unicamp
Projeto de pesquisa para o programa de mestrado da UnicampProjeto de pesquisa para o programa de mestrado da Unicamp
Projeto de pesquisa para o programa de mestrado da Unicampremo222
 
Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio.
Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio. Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio.
Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio. Fran Maciel
 
Tipos de entrevista
Tipos de entrevistaTipos de entrevista
Tipos de entrevistaFran Maciel
 
Modelo de questionário
Modelo de questionárioModelo de questionário
Modelo de questionárioramonfarma
 
Projeto de pesquisa exemplo
Projeto de pesquisa   exemploProjeto de pesquisa   exemplo
Projeto de pesquisa exemploFelipe Pereira
 
Meu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara naraMeu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara narajoiramara
 
Projeto airsoftware emca 2010 - centro paula souza - taubaté,sp
Projeto airsoftware   emca 2010 - centro paula souza - taubaté,spProjeto airsoftware   emca 2010 - centro paula souza - taubaté,sp
Projeto airsoftware emca 2010 - centro paula souza - taubaté,spCaique Guilherme Faria Dias
 

Destaque (20)

Izabel maria de matos tcc sobre educação inclusiva
Izabel maria de matos tcc sobre educação inclusivaIzabel maria de matos tcc sobre educação inclusiva
Izabel maria de matos tcc sobre educação inclusiva
 
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.
 
TCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em Sorocaba
TCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em SorocabaTCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em Sorocaba
TCC - Treinamento e Desenvolvimento Profissional em Hotéis de Rede em Sorocaba
 
Entrevista semi estruturada
Entrevista semi estruturadaEntrevista semi estruturada
Entrevista semi estruturada
 
Monografia Rosimeire Pedagogia 2009
Monografia Rosimeire Pedagogia 2009Monografia Rosimeire Pedagogia 2009
Monografia Rosimeire Pedagogia 2009
 
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ademilson Pedagogia Itiúba 2012
 
Projeto de pesquisa sobre Inclusão
Projeto de pesquisa sobre InclusãoProjeto de pesquisa sobre Inclusão
Projeto de pesquisa sobre Inclusão
 
Guião de entrevista semi estruturada - 5 em rede
Guião de entrevista semi estruturada - 5 em redeGuião de entrevista semi estruturada - 5 em rede
Guião de entrevista semi estruturada - 5 em rede
 
Projeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof edna
Projeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof ednaProjeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof edna
Projeto de pesquisa. mestrado. corrigido prof edna
 
Projeto de pesquisa para o programa de mestrado da Unicamp
Projeto de pesquisa para o programa de mestrado da UnicampProjeto de pesquisa para o programa de mestrado da Unicamp
Projeto de pesquisa para o programa de mestrado da Unicamp
 
Roteiro para entrevista - modelo
Roteiro para entrevista - modeloRoteiro para entrevista - modelo
Roteiro para entrevista - modelo
 
Pré-projeto de Mestrado
Pré-projeto de MestradoPré-projeto de Mestrado
Pré-projeto de Mestrado
 
Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio.
Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio. Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio.
Observação, Questionário e Entrevista. Autor: Profa Anna Buy - PUC Rio.
 
Tipos de entrevista
Tipos de entrevistaTipos de entrevista
Tipos de entrevista
 
Modelo de questionário
Modelo de questionárioModelo de questionário
Modelo de questionário
 
A INCLUSÃO ESCOLAR
A  INCLUSÃO ESCOLAR A  INCLUSÃO ESCOLAR
A INCLUSÃO ESCOLAR
 
Projeto de pesquisa exemplo
Projeto de pesquisa   exemploProjeto de pesquisa   exemplo
Projeto de pesquisa exemplo
 
Meu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara naraMeu pré projeto joiara nara
Meu pré projeto joiara nara
 
Inclusao social
Inclusao socialInclusao social
Inclusao social
 
Projeto airsoftware emca 2010 - centro paula souza - taubaté,sp
Projeto airsoftware   emca 2010 - centro paula souza - taubaté,spProjeto airsoftware   emca 2010 - centro paula souza - taubaté,sp
Projeto airsoftware emca 2010 - centro paula souza - taubaté,sp
 

Semelhante a Monografia Laura Pedagogia 2009

Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010Biblioteca Campus VII
 
Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01
Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01
Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01Filipe Prata
 
Guia para professor de NEE
Guia para professor de NEEGuia para professor de NEE
Guia para professor de NEEMaria « Andrade
 
A importancia do professor na construcao de uma escola inclusiva
A importancia do professor na construcao de uma escola inclusivaA importancia do professor na construcao de uma escola inclusiva
A importancia do professor na construcao de uma escola inclusivaSalete Sala De Recurso
 
A importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusiva
A importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusivaA importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusiva
A importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusivaMaria Salete Leme Antunes
 

Semelhante a Monografia Laura Pedagogia 2009 (20)

Monografia Edilene pedagogia 2010
Monografia Edilene pedagogia 2010Monografia Edilene pedagogia 2010
Monografia Edilene pedagogia 2010
 
Monografia Eli
Monografia EliMonografia Eli
Monografia Eli
 
Monografia Adriana Pedagogia 2009
Monografia Adriana Pedagogia 2009Monografia Adriana Pedagogia 2009
Monografia Adriana Pedagogia 2009
 
Monografia Edivania Pedagogia 2010
Monografia Edivania Pedagogia 2010Monografia Edivania Pedagogia 2010
Monografia Edivania Pedagogia 2010
 
Monografia eliane para entrega
Monografia eliane para entregaMonografia eliane para entrega
Monografia eliane para entrega
 
Monografia Eliane Pedagogia 2010
Monografia Eliane Pedagogia 2010Monografia Eliane Pedagogia 2010
Monografia Eliane Pedagogia 2010
 
Monografia Reanata Pedagogia 2012
Monografia Reanata Pedagogia 2012Monografia Reanata Pedagogia 2012
Monografia Reanata Pedagogia 2012
 
Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010Monografia Elizangela Pedagogia 2010
Monografia Elizangela Pedagogia 2010
 
Monografia Márcia Pedagogia 2008
Monografia Márcia Pedagogia 2008Monografia Márcia Pedagogia 2008
Monografia Márcia Pedagogia 2008
 
Monografia Rita Pedagogia 2012
Monografia Rita Pedagogia 2012Monografia Rita Pedagogia 2012
Monografia Rita Pedagogia 2012
 
Monografia Jeane Pedagogia 2010
Monografia Jeane Pedagogia 2010Monografia Jeane Pedagogia 2010
Monografia Jeane Pedagogia 2010
 
Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01
Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01
Cartilha20educacao20inclusiva 100111105010-phpapp01
 
Guia para professor de NEE
Guia para professor de NEEGuia para professor de NEE
Guia para professor de NEE
 
Cartilha educacao inclusiva
Cartilha educacao inclusivaCartilha educacao inclusiva
Cartilha educacao inclusiva
 
Monografia Sione Pedagogia 2010
Monografia Sione Pedagogia 2010Monografia Sione Pedagogia 2010
Monografia Sione Pedagogia 2010
 
Monografia Gilvanete Pedagogia 2012
Monografia Gilvanete Pedagogia 2012Monografia Gilvanete Pedagogia 2012
Monografia Gilvanete Pedagogia 2012
 
Monografia Eurides pedagogia 2010
Monografia Eurides pedagogia 2010Monografia Eurides pedagogia 2010
Monografia Eurides pedagogia 2010
 
Monografia Eloa Pedagogia 2010
Monografia Eloa Pedagogia 2010Monografia Eloa Pedagogia 2010
Monografia Eloa Pedagogia 2010
 
A importancia do professor na construcao de uma escola inclusiva
A importancia do professor na construcao de uma escola inclusivaA importancia do professor na construcao de uma escola inclusiva
A importancia do professor na construcao de uma escola inclusiva
 
A importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusiva
A importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusivaA importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusiva
A importancia do_professor_na_construcao_de_uma_escola_inclusiva
 

Mais de Biblioteca Campus VII

Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 

Mais de Biblioteca Campus VII (20)

Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Alaíde Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Eleneide Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Áurea Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Jucelino Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Adriana Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Marilda Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ivonice Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edivânia Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Edineide Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Ana Paula Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Josenilce Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Cristiana Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Aelson Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Donivaldo Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudinete Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012
 
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
Monografia Ubiratan Enfermagem 2012
 
Monografia Samuel Enfermagem 2012
Monografia Samuel Enfermagem 2012Monografia Samuel Enfermagem 2012
Monografia Samuel Enfermagem 2012
 
Monografia Rizia Enfermagem 2012
Monografia Rizia Enfermagem 2012Monografia Rizia Enfermagem 2012
Monografia Rizia Enfermagem 2012
 

Monografia Laura Pedagogia 2009

  • 1. 0 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM – BA. PEDAGOGIA 2005.1 LAURA DE OLIVEIRA SILVA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE) PENSANDO UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS SENHOR DO BONFIM - BA
  • 2. 1 2009 LAURA DE OLIVEIRA SILVA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE)PENSANDO UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS Monografia apresentada ao departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia- UNEB/CAMPUS VII, como parte dos requisitos para conclusão do curso de pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos. Orientador: Profº. : Pascoal Eron Santos de Souza
  • 4. 3 LAURA DE OLIVEIRA SILVA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE) PENSANDO UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS Aprovada em de de 2009 Prof. Examinador Prof. Examinador Prof. Examinador e Orientador
  • 5. 4 Dedico este trabalho aos meus pais Antonio José da Silva e Edelzuita Alves de Oliveira Silva, principais responsáveis pela minha existência. Ao meu filho Fernando de Oliveira Silva e meus irmãos e sobrinhos, que juntos estiveram sempre ao meu lado dando força para que eu pudesse galgar mais um degrau na escalada do saber e do ser. A meus amigos, sem exceção, todos que torceram pelo meu sucesso, que vibraram diante de todas as adversidades pelas quais passei durante todo o curso.
  • 6. 5 AGRADECIMENTOS A Deus Que é acima de tudo, fonte de vida, de luz e dos saberes, por mim orientar guiando-me num caminho com tantos espinhos, conduziu-me a colher flores tão belas. Ao mestre Ao meu orientador Pascoal Eron Santos de Souza. Graças à sua parceria, pude vivenciar minha própria etapa de leitura e escrita, durante o processo de pesquisa acadêmica. Obrigada pelas sugestões, além da paciência e do incentivo na confecção deste trabalho. Aos amigos A nossa amizade àqueles que nos quiseram bem e nos apoiaram nos bons e maus momentos. Principalmente Lúcia Costa, Elícia Rosana e Ione Santos, Nice Flora, Giuzélia Lima, meus sinceros agradecimentos. A todos os meus colegas, de classe, e em especial aos meus amigos José Benedito, Lídia Maria, Maria Eli e Vívia Andrade, que prazerosamente se tornaram minha equipe de trabalho e nos tornamos verdadeiros amigos para sempre, meus sinceros agradecimentos e que suas estrelas brilhem para sempre.
  • 7. 6 “Desconsiderar a diferença, sacrificá-la no altar da igualdade, é negar a natureza dela mesma”. Antônio Flávio Pierucci
  • 8. 7 RESUMO O presente estudo traz os resultados de uma pesquisa na escola Lidírio Ferreira Lima, Espanta Gado Queimadas-Ba, sobre a Educação Especial e teve como objetivo identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino. Adotou-se como metodologia uma abordagem qualitativa buscando na literatura pertinente documentos que ajudem a compreender a questão levantada na problemática do tema em estudo. Foi aplicado um questionário fechado e uma entrevista semi-estruturada. Compreendemos como urgente o desafio na construção de uma escola para todos, considerando os educadores profissionais por excelência, logo, sua formação é primordial para a incessante busca da democracia e o acesso à diversidade. Nesse sentido, exigem-se profissionais conscientes de sua responsabilidade, que construam uma educação que atenda a todos. Trabalhar com a educação inclusiva delega ao professor a tarefa de ajudar aos alunos a enfrentar os seus maiores desafios que é a falta de conhecimento de suas capacidades, potencialidades e o preconceito bastante visível no meio social e, sobretudo educacional. Podê-se concluir que a implantação da inclusão requer o preparo das escolas e dos profissionais da educação para esta nova realidade. Palavras-chave: Criança com deficiência, Educação Inclusiva e Professor.
  • 9. 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Percentual em relação ao tempo de atuação no município. 36 FIGURA 2. Percentual em relação à formação profissional. 36
  • 10. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................... 10 CAPÍTULO I 1. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO DE TODOS................................................................................................................ 12 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................... 15 2.1 Considerações sobre a deficiência................................................................ 15 2.2 Aspectos Históricos....................................................................................... 16 2.3 Criança com deficiência: sujeito com possibilidades e necessidades!......... 21 2.4 Educação Especial X Educação Inclusiva..................................................... 22 2.5 Perspectivas da Educação Inclusiva............................................................. 24 2.5 O Papel do professor na Educação Inclusiva................................................ 26 CAPÍTULO III 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: OS CAMINHOS TRILHADOS PARA O DESCORTINAR DO PROBLEMA....................................................... 30 3.1 Tipo de pesquisa........................................................................................... 30 3.2 Lócus............................................................................................................. 31 3.3 Sujeitos.......................................................................................................... 31 3.4 Instrumentos de coleta de dados................................................................... 32 3.4.1 Questionário fechado.................................................................................. 32 3.4.2 Entrevista semi-estruturada........................................................................ 33 3.5 Da aplicação dos instrumentos...................................................................... 33 CAPÍTULO IV 4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................................................................... 35 4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa: a contribuição do questionário fechado................................................................................................................ 35 4.1.1 Tempo de serviço....................................................................................... 35
  • 11. 10 4.1.2 Escolaridade dos sujeitos ........................................................................ 36 4.2 Entrevista semi-estruturada: professor é hora de falar!.............................. 37 4.2.1 Alunos com necessidades especiais: analisando as compreensões dos professores.......................................................................................................... 38 4.2.1.2 Concepções dos professores enfatizando o potencial dos sujeitos................................................................................................................. 38 4.2.1.1 Concepções dos professores pesquisados no enfoque da deficiência............................................................................................................ 40 4.2.2 Aprendizagem e inclusão X formação docente.......................................... 41 4.2.3 o processo de inclusão de alunos especiais em salas regulares: pontos e contrapontos..................................................................................................... 4.2.3.1 Concepções dos professores que defendem a inclusão da forma que é feita.................................................................................................................... 43 44 4.2.3.2 Concepções dos professores que defende a inclusão, mas apresentam críticas sobre o processo................................................................. 45 4.2.3.3 Concepções dos professores que são contra a inclusão – paradigma segregacionista.................................................................................................... 46 4.2.4 Diversidade nas escolas: um desafio a ser enfrentado.............................. 47 4.2.5 A realidade da inclusão na escola.............................................................. 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 50 REFERÊNCIAS................................................................................................... 52 APÊNDICES
  • 12. 11 INTRODUÇÃO A presente pesquisa teve como objetivo identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de criança com deficiência no sistema regular de ensino na escola Lidírio Ferreira Lima. O trabalho está dividido em 04 capítulos. No Capítulo I apresentamos o problema da pesquisa: Educação: Direito de todos. Este tema nos faz refletir sobre a educação presente no âmbito escolar por perceber que a estrutura de ensino está preparada para receber um aluno ideal, com supostos padrões de desenvolvimento emocional e cognitivo. Preconceitos, antigos valores, atitudes e paradigmas conservadores da educação ainda ocultam o verdadeiro sentido da inclusão de todos na escola. No Capítulo II apresentamos os conceitos-chaves e os principais teóricos que deram sustentação a nossa compreensão dos sentidos e significados das palavras que nortearam a pesquisa: Carvalho (1999), Cardoso (2006), Claus e Juan (2006), Ferreira e Guimarães (2003), Fonseca (1995), Gentili (2005), Mantoan (2001, 2006, 2006), Mazzotta (2001), Mittler ( 2003), Rodrigues (1993), Sacristán (1998), Silva (2008) . No Capítulo III apresentamos a metodologia que norteou o desenvolvimento da pesquisa. Esclarecemos o seu cunho qualitativo e as estratégias utilizadas para a sua execução. Assim, através da pesquisa qualitativa utilizamos o questionário fechado com o intuito de traçar o perfil dos sujeitos pesquisados e a entrevista semi-estruturada que buscou identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino. No Capítulo IV foi feita a apresentação, análise e interpretação dos resultados. Ressaltamos as concepções que os professores têm sobre a inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino na escola e aprofundamos a reflexão a partir da fundamentação teórica apresentada no trabalho.
  • 13. 12 Finalmente, é essencial ressaltar o fato de que as concepções sobre inclusão, seus princípios e pressupostos, bem como a sua concretização, manifestam-se não como um dado ou um acontecimento, mas como um movimento, um fazer-se e desfazer-se cotidiano, um significado em construção. É importante destacar, também, que é no âmbito da prática que ela começa a se construir.
  • 14. 13 CAPÍTULO I 1. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIREITO DE TODOS Se olharmos para o atual panorama educacional brasileiro, verificaremos que tivemos avanços no campo da educação inclusiva em relação há algumas décadas atrás. Hoje vivemos um momento que prima por princípios de integração/inclusão, mesmo que esteja apenas assegurado na legislação. As leis trouxeram grandes avanços no processo histórico da inclusão, como a promulgação da Constituição (1988) e a (LDB) Lei de Diretrizes e Base para a Educação levaram em considerações os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os direitos são declarados “universais”, significando que todos tenham direitos iguais, mas a realidade é muito diferente, pois os direitos são usufruídos por uma parcela pequena da sociedade, a elite. Portanto não é aceitável deixar de pensar na participação de todos, ou seja, na verdadeira e corajosa inclusão daqueles que estão excluídos do contexto educacional e sócio-político. Em meio a tanto envolvimento da educação como proposta voltada para a lógica do neoliberalismo, nos deparamos, com um novo paradigma da inclusão. Para atender as transformações, é preciso ultrapassar os ranços que ainda se perpetuam em pleno século XXI, de ver a educação de forma simplista e não compreendê-la na sua amplitude. É preciso desenvolver o aprender a aprender. Concordamos com Santos (2008), quando afirma que: Apesar de a educação sofrer as influências do capital, não justifica que tenhamos de nos circunscrever dentro de seus parâmetros, que já estão estruturados e que são hegemônicos, numa dinâmica que limita o homem no seu processo de criação e reflexão, limite este que gera a reprodução de um modelo determinado e que desconsidera a diversidade social. (p.20-21)
  • 15. 14 Como diz Mader (1997, p.47): “Um novo paradigma está nascendo, um paradigma que considera a diferença como algo inerente na relação entre os seres humanos. Cada vez mais a diversidade está sendo vista como algo natural”. Na proposição desses novos paradigmas, a educação torna-se o eixo que levará ao desabrochamento da sensibilidade humana. Uma sociedade igualitária, como bem ressalva Ferreira e Guimarães (2003, p.141) “uma sociedade onde caibam TODOS só será possível num mundo no qual caibam muitos mundos”. Em meio a tantas conferências mundiais realizadas, no sentido de assegurar a todos o direito à educação, a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor. Como salienta Goffredo (1991, p. 32): “A escola que desejamos para nossa sociedade deve conter, em seu projeto educativo, a idéia da unidade na diversidade. Não é possível a coexistência de democracia e segregação”. Portanto, estando inserido em uma sociedade globalizada, surgem cidadãos, sabedores e conscientes de seus valores e de seus direitos e deveres, são mais fáceis de organizarem em associações para lutar por políticas e práticas de ensino que tenha sua essência voltada para a inclusão de todos. Como bem saliente Mazzotta (2001): A defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas portadoras de deficiência é atitude muito recente em nossa sociedade. Manifestando-se através de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos, a conquista e o reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiência podem ser identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados deste século. (p.15) Assim, no Brasil temos textos legais pertinentes à obtenção de uma sociedade mais justa, solidária, sem descriminação, torna-se emergente o cumprimento da legislação vigente, pois um número reduzido de criança com deficiência tem acesso e permanência na escola.
  • 16. 15 A lógica da exclusão tem se enraizado na diversidade de gênero, raça, religião, cultural, social-econômico. Diante desse quadro será preciso reconfigurar as escolas para colocar em prática uma política de direitos humanos que garanta oportunidades educacionais e realização pessoal para todos. A maneira como a sociedade tem percebido a deficiência tem se transformado ao passar do tempo, mas é certo que ainda há muito a se refletir e se fazer, pois a exclusão é um fenômeno cada vez mais freqüente e não se restringe apenas a pessoas com deficiência. Cabe a todos os profissionais da educação repensar com criticidade suas formação inicial, sua prática cotidiana, como ressalta Freire (1996, p.35) “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação”. A nossa vivência com uma criança especial proporcionou-nos um aprendizado profundo, sobre questões teóricas e práticas. O convívio com pessoas com deficiência amplia o respeito às diferenças, como bem elucida Mantoan (2001, p.172) “Toda pessoa é única e diferente. Daí a importância de ressaltar as diferenças e valores de cada um, afirmar a pluralidade no convívio, recuperar a dignidade de cada pessoa, resgatar o valor das minorias, exercitar o respeito para com cada ser”. Assim, as inquietações da pesquisa surgiram, quando nos deparamos com angustias dos docentes, mediante a matrícula de alunos com necessidades especiais na Escola Lidírio Ferreira Lima, no Distrito de Espanta Gado município de Queimadas- Bahia. Diante disso, surge um questionamento: Quais as concepções que os professores têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino? Portanto, o objetivo a ser atingido é Identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino.
  • 17. 16 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Partindo do objetivo, que é identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino; Podemos afirmar que as palavras que norteiam essa discussão têm forte relação entre essa compreensão e o processo educativo. A educação inclusiva, não se encaixa no paradigma tradicional. Assim, vem ganhando um novo design em termos de discussão, em vários encontros com educadores preocupados com as mudanças eficazes para atender a todos os alunos. As palavras-chave que nortearam o estudo foram: Crianças com deficiência, Educação Inclusiva e Professor: 2.1 Considerações sobre a deficiência Analisando estudos ligados à deficiência humana, nota-se que a mitologia, a religiosidade e a supersticiosidade influenciam e direcionam o eixo das discussões sobre a deficiência, tomando caminhos que conduzem a equívocos, discriminações, preconceitos e estigmas. Segundo Ferreira e Guimarães (2003, p.25) o Programa de Ação Mundial para pessoas com Deficiência, publicado em 1997, pela Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe os seguintes conceitos, a seguir enumerados: • Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
  • 18. 17 psicológica, fisiológica ou anatômica. • Incapacidade é toda restrição ou falta (devido a uma deficiência) da capacidade de realizar atividades, na forma ou na medida que se considera normal para o ser humano. • Impedimento é situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em conseqüência de uma deficiência ou de uma incapacidade que lhe limite ou impeça o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função de idade, sexo, fatores sociais e culturais). Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, 14% da população de países em desenvolvimento possui algum tipo de deficiência. Carmo (1991) chama atenção para o sentido e o significado da “deficiência”: (...) depende do ponto de vista ou da concepção da pessoa que atribui e de quem recebe o atributo. Constituído no movimento histórico das relações entre os homens, o conceito “deficiência” só pode ser entendido se analisado de forma bipolar, ou seja, o que é deficiente para uns não é para outros, tudo vai depender de a que homem, sociedade e mundo estamos nos referindo. (p. 24) Outra definição, elaborada por Amaral (1998) considera a deficiência como: É uma perda ou anormalidades de estrutura ou função. Deficiências são relativas a toda alterações do corpo ou da aparência física, de um órgão ou de sua função, qualquer que seja a sua causa; em princípio deficiências significam perturbações no nível de órgão. (p.24) Dessa forma, é necessário entender que deficiência é uma condição que acompanha o indivíduo decorrente de fatores inatos ou adquiridos, portanto é diferente de doenças. 2.2 Aspectos Históricos Conforme nos relata Mazzotta (2001), a história assinala, desde a Idade Antiga, que pessoas que nasciam com alguma deficiência eram afastadas do convívio social, pois suas diferenças eram associadas à marca do diabo, atos de feitiçaria, maldição e
  • 19. 18 de todo tipo de crendice. Os registros históricos comprovam que vem de longo tempo à exclusão social das pessoas com deficiência. Na Idade Média, a crença nos fatores sobrenaturais foi intensificada, de modo que o homem passou a ser encarado como um ser submetido a poderes invisíveis, tanto para o bem como para o mal. Isso acarretou diferentes reações, de acordo com o tipo de excepcionalidade apresentada. Os indivíduos epiléticos, e psicóticos, por exemplo, eram considerados portadores de possessões demoníacas. Já os cegos eram muitas vezes tidos como profetas ou videntes. (FERREIRA e GUIMARÃES, 2003). No Renascimento, com o surgimento das ciências, as concepções raciais começavam a buscar explicações para as causas das deficiências, que foram consideradas do ponto de vista médico como doenças de caráter hereditário, males físicos ou mentais. (MAZZOTA, 2001). Historicamente, a educação de pessoas com deficiência nasceu de forma solitária, segregada e excludente. Ela surgiu com caráter assistencialista e terapêutico pela preocupação de religiosos e filantropos na Europa. Mais tarde, nos Estados Unidos e Canadá, surgiram os primeiros programas para prover atenção e cuidados básicos de saúde, alimentação, moradia e educação dessa parcela da população, até então marginalizada e abandonada pela sociedade. (BIANCHETTI, 1992). Mazzotta (2001) declara que diversidade e o multiculturalismo como essências humanas começou a tomar forma e ganhar força na Europa em decorrência das mudanças geopolíticas ocorridas nos últimos 40 anos do século XX, quando o neoliberalismo prega a erradicação do analfabetismo, e a universalização do ensino. Cria-se um movimento de inclusão mundial. Mazzotta (2001) afirma que as primeiras iniciativas para a educação de pessoas com deficiência surgiram na França em 1620, com a tentativa de Jean Paul Bonet de ensinar mudos a falar. Foram fundadas em Paris as primeiras instituições
  • 20. 19 especializadas na educação de pessoas com deficiências: a educação de surdos com o abade Charles M. Eppé, que criou o “Método dos Sinais” para a comunicação com surdos. O Instituto Real dos Jovens Cegos, em Paris, fundada por Valetin Hauy, em 1784, destinava-se a leitura tátil pelo sistema de letras em relevo. Mais tarde. Em 1834, Louis Braille criou o sistema de leitura e escrita por caracteres em relevo, denominado sistema braile, abrindo perspectivas de comunicação, educação e independência para as pessoas cegas. As primeiras iniciativas para educação de pessoas com deficiência mental foram do médico Francês Jean Marc Itard, no século XIX, que sistematizou um método de ensino inspirado na experiência do menino selvagem de Ayeron (sul da França), que consistia na repetição de experiências positivas. A primeira instituição pública para educação de crianças com deficiência mental foi residencial, fundada pelo médico francês Edward Seguin, que criou um método educacional originado da neurofisiologia que consistia na utilização de recursos com cores e música para despertar a motivação e o interesse dessas crianças (MAZZOTA, 2001). Para Mazzotta (2001) a educação especial surgiu sob o enfoque médico e clínico, com o método de ensinar para criança com deficiência mental, criado pela médica italiana Maria Montessori, no início do século XX. O método Montessori, inspirado na rotina diária e na ação funcional, fundamenta-se na estimulação sensório- perceptiva e auto-aprendizagem. Na década de 50 e 60 do século XX, surgiu o movimento dos pais, aos quais haviam sido negados os direitos de seus filhos poderem ingressar em escolas comuns, criando então, as escolas especiais e, mais tarde, as classes especiais dentro de escolas comuns. Entretanto, durante a década de 70, constituiu a fase de integração, em que só era possível à junção dos alunos com deficiência, se estes tivessem capacidade de se adaptar ao regime escolar. A idéia de adaptar o sistema escolar às necessidades do
  • 21. 20 aluno só surgiu no final dos anos 80. A inclusão foi implantada verticalmente nas escolas, pois o poder público tinha sua preocupação voltada apenas em implantá-la, porém não tendo compromisso de promover mudanças fundamentais de políticas necessárias, capacitando os profissionais para atender as crianças com necessidades especiais. A formulação e a implantação de políticas públicas voltadas para a inclusão de pessoas com deficiência têm sido inspiradas por uma série de documentos contendo determinados direitos sobre a inclusão, portanto mais do que nunca há de se cuidar para que os direitos reconhecidos e proclamados sejam de fatos consumados. Além da Declaração Universal dos Direitos do Homem outros documentos internacionais merecem destaque como: Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência, Declaração Mundial sobre Educação para Todos, Declaração de Salamanca, Carta para o Terceiro Milênio, Convenção da Guatemala. No Brasil, a primeira escola especial foi criada em 1854, o Imperial Instituto de Meninos Cegos, no Rio de Janeiro e, em 1857, o Instituto Imperial de Educação de Surdos, também no Rio de Janeiro. Portanto o Brasil teve um desenvolvimento tardio com relação à educação. A herança colonial, o legado jesuítico, o descaso para com a escolarização das massas, entre outros motivos, responderam por uma trajetória de escassez neste campo. Nos primeiros séculos da nossa história, a educação era restrita a poucos, privilégio de minorias econômicas, como resultado das políticas neoliberais em nosso país. Como afirma Páro (1991): Foi o que aconteceu, por exemplo, com relação ao movimento da escola nova que, ao deslocar o problema da democracia do âmbito da sociedade global (igualdade de oportunidade, correção das injustiças sociais) para o âmbito da unidade escolar e da sala de aula (preocupação com o modelo, respeito às diferenças individuais) acabou por contribuir para a elevação da qualidade do ensino das elites e o empobrecimento do conteúdo da educação destinada às massas populares (p.109).
  • 22. 21 É somente a partir do século XX que a escola vivencia um período de expansão, mas especificamente por volta dos anos 20 e 30, quando muitas mudanças, econômicas, políticas, culturais e sociais ocorrem. Ao longo do processo de expansão da escolaridade no Brasil, muitos problemas foram surgindo e, então o Poder Público busca alternativas de reforma do sistema escolar, aprovando uma nova legislação educacional, a (LDB) Lei de Diretrizes e Bases nº. 9394/96; FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) nº. 9424/99; o PNE (Plano Nacional de Educação). Como podemos ver muitas lutas por uma escola de qualidade e para todos têm sido travadas no decorrer dos anos. Contudo a busca pela socialização e um ensino de qualidade não pára e, em 1988, a Constituição Federal, prevê avanços significativos para a educação escolar de pessoas com necessidades especiais no ensino regular, independente da origem, raça, sexo, cor idade e/ou qualquer outra formas de discriminação. Em seu art.205 a Constituição mostra que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (p.124) Já no art. 206 – observa-se que o ensino será ministrado com base em alguns princípios, dos quais se destaca o inciso I que reza a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Neste inciso, além de garantir as condições para o ingresso à escola, assegura-se a permanência deste educando. A partir de então a educação abre-se como um leque para a implantação de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares, que se estabelece com a nova (LDB) Lei de Diretrizes e Bases nº. 9394/96 que vem a complementar a Constituição Federal, quando ela traz o Capítulo V destinado especificamente para tratar da questão da Educação Especial, que deixa claro a
  • 23. 22 concepção de Educação Especial (educação escolar oferecida para educandos com necessidades especiais), que deve ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino e como deverá ser oferecida. 2.4 Criança com deficiência: sujeito com possibilidades e necessidades! Ao longo da história, a sociedade tem mudado a maneira de ver o deficiente, mas ainda há muita coisa para fazer, pois a exclusão é um fenômeno gritante. A sociedade, por sua vez, precisa aprender a conviver com as diferenças individuais de cada um. As crianças com qualquer deficiência, são membros da sociedade com todos os direitos, independente de suas condições física, emocional, cognitiva ou sensorial, são crianças que possuem as mesmas necessidades básicas de carinho, proteção, cuidado, e os mesmos desejos e sentimentos das outras crianças. Elas têm as possibilidades de interação, convívio, de serem felizes, embora, de forma diferente. Como bem assegura Fonseca (1995) que: O deficiente é uma pessoa com direitos. Existe, sente, pensa e cria. Tem uma limitação corporal ou mental que pode afetar aspectos de comportamento, aspectos estes muitas vezes atípicos, uns fortes e adaptativos, outros funcionais, que lhe dão um perfil intra-individual peculiar. Possui igualmente discrepâncias no desenvolvimento biopsicossocial, ao mesmo tempo que aspira a uma relação de verdade e de autenticidade e não a uma relação de coexistência conformista e irresponsável. (p.9) Portanto, esse modo diferente de ser e agir é que torna a criança com deficiência um ser único, singular. Devemos aceitar a pessoa com deficiência como ela é, e considerando as suas limitações, e reconhecendo os mesmos direitos que os outros possuem. O contato com crianças com deficiência reforça atitudes positivas ajuda-nos a ser sensíveis, a compreender, a respeitar, convivendo com as diferença e semelhança onde à diversidade indica riqueza de situações e possibilidades de intercâmbio de vivência e de aprendizagem. Mais importante do que a caracterização da deficiência, das limitações e
  • 24. 23 dificuldades que a criança tem, é necessário compreender a história de vida, a singularidade, as necessidades que possuem. É fundamental entender suas forma de interação e como se relacionam com as pessoas e o meio que as cercam. Ainda sobre essa questão Fonseca (1995) enfatiza que: A noção de deficiência não é objetiva, mas revela antes um complexo de superioridade que se multiplica em sociedades em outros planos, estando aqui a importância da informação no campo da deficiência. O comportamento desviante pode ser melhor compreendido quando se reconhecem as suas causas. Existem atitudes de medo, receio, rejeição, negação, etc., por carências de informação e de contato com os deficientes. Só um crescimento cultural global da sociedade, alicerçado numa informação e num esclarecimento contínuos, pode perspectivar uma visão mais ampla de prevenção da deficiência. (p.24) A criança com deficiência é uma cidadã com todo o respeito, fazendo parte da raça humana com sua variedade existente, sem distinção por apresentar algum baixo funcionamento relacionado às suas limitações. Assim Fogli, Filho e Oliveira (2008) elucidam que: A deficiência é apenas um dos elementos que compõe a totalidade do ser humano. Desta forma, a deficiência não deve ser privilegiada nem desprezada, apenas considerada. O importante é discutir um modelo de aprendizagem sem rótulos, classificações, levando-se em conta o potencial do aluno. (p.116) As crianças com deficiência devem ser vistas não como defeituosas, mas como pessoas que têm possibilidades diferentes, com algumas dificuldades que, muitas vezes são desafiadoras, assim, proporcionam um aprendizado e crescimento novo. Atualmente esta situação dramática de não considerar os deficientes está lentamente sendo mudada graças a algumas leis criadas e muitas batalhas travadas por pessoas que tem o compromisso com o ser humano e a sua educação, e com isso, está-se modificando o quadro em que a diversidade se encontra. 2.4 Educação Especial X Educação Inclusiva
  • 25. 24 A Educação especial deve ser oferecida preferencialmente, na rede regular de ensino. Esta afirmação parece óbvia, mas isso não era o que acontecia no passado. Foi a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que se estabeleceu que o atendimento educacional especializado para pessoas com alguma deficiência deveria ser preferencialmente oferecido na rede regular de ensino. (Constituição Brasileira, art. 8.º, III). Para Cardoso (2006) o papel da Educação Especial assume, a cada ano, importância maior, dentro da perspectiva de atender às crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só será alcançada quando todas as pessoas, sem discriminação, tiverem acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena cidadania. Foi a partir da promulgação da Lei 9394/96, que esse panorama da educação especial ganha um novo horizonte, pois a Educação Especial é declarada uma nova modalidade de educação escolar que acontece na escola. Então, a educação inclusiva é anunciada como a forma mais recomendável de atendimento educacional para os alunos que apresentam deficiência. Cardoso (2006) declara que o processo de inclusão significa uma verdadeira revolução educacional e envolve o descortinar de uma escola eficiente, aberta, comunitária, solidária e democrática onde a multiplicidade leva-nos a ultrapassar o limite da integração e alcançar a inclusão. A Educação Inclusiva se caracteriza como uma política de justiça social que alcança alunos com necessidades educacionais especiais, tomando-se aqui o conceito mais amplo que é o da Declaração de Salamanca (1994): O princípio fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que
  • 26. 25 trabalham, crianças de população distantes ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas (p.17-18). A educação inclusiva é um paradigma novo que exige um ato político de mudança. Concordamos com Carvalho (2004) quando salienta que: Muito mais do que desmontar a educação especial e distribuir seu alunado pelo ensino regular, aleatoriamente, a proposta da educação inclusiva deve ser entendida como um processo que não se reduz à inserção deste ou daquele aluno numa classe regular (muitas vezes à revelia do professor!) inclusão é processo, não ocorre por decreto ou por modismo. (p.160) Sobre essa mesma questão ainda Carvalho (1998, p.32) assegura que “a educação inclusiva, entretanto não se esgota na observância da lei que a reconhece e garante, mas requer do sistema educacional, uma postura de modificação que abranja atitudes, perspectiva e organização”. A educação é um processo amplo e contínuo que envolve a sociedade em geral. 2.5 Perspectivas da Educação Inclusiva A Educação Inclusiva é uma prática inovadora que está enfatizando a qualidade do ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que os professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. Como enfatiza Mantoan (2006): A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas – especialmente as de nível básico-, ao assumirem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada. (p.40) O movimento de Educação Inclusiva no panorama educacional brasileiro teve avanços significativos, quando observamos a matrícula de alunos com deficiência preferencialmente em escola pública regular. Dessa forma, estamos oferecendo igualdade de oportunidade, em meio à diversidade, vislumbrando o exercício da
  • 27. 26 cidadania de todos os indivíduos. Como bem afirma Carvalho (1997): A educação inclusiva tem sido conceituada, como um processo de educar conjuntamente e de maneira incondicional, nas classes de ensino comum, alunos ditos normais com alunos-portadores ou não de deficiência - que apresentem necessidades educacionais especiais. A inclusão beneficia a todos, uma vez que sadios sentimentos de respeito à diferença, de cooperação e de solidariedade podem se desenvolver. (p.38) A escola inclusiva, isto é, a escola para todos, ficará sendo utópica, se não conseguirmos atingir os ideais, que pressupõem um mundo diferente desse com que temos convivido em que o capitalismo é gritante em nossa sociedade e torna a competitividade avassaladora. A inclusão, portanto, é urgente não apenas em atitudes, mas sim em forma de interação aluno/escola. Assim, o aluno torna-se o promotor de seu conhecimento. Entendemos como “educação inclusiva”, aquela que traz uma reflexão de quem somos totalmente, da nossa proposta de conviver plenamente com nossos semelhantes. Para Mantoan (2001): A educação inclusiva não se refere apenas a inserção de alunos com deficiência no ensino regular. È um conceito mais amplo que inclui o respeito às diferenças individuais, culturais, raciais, religiosas, políticas, sociais, vendo o indivíduo como um ser pleno e com talentos a serem desenvolvidos. (p.84) A educação inclusiva é um novo paradigma que desafia o cotidiano escolar brasileiro. Provocando certo desconforto às pessoas, principalmente os profissionais da educação, pois, verificamos que a inclusão só acontecerá verdadeiramente quando a escola implementar modificações. Essas modificações não serão apenas nas instalações físicas, mas em todo o seu contexto pedagógico, filosófico, metodológico e administrativo. E, sobretudo, nas atitudes. Concordamos com Mantoan (1997, p.52) que afirma que é a escola que deve se adaptar às crianças, de modo a atender a todos os alunos e não ao contrário.
  • 28. 27 Sobre essa mesma questão, ainda Mantoan (2006) ressalta: A inclusão é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da Educação Escolar e para o benefício de todos os alunos, com e sem deficiência. Depende, contudo, de uma disponibilidade interna para enfrentar as inovações e essa condição é comum aos sistemas educacionais e aos professores em geral. (p.27) Neste mesmo contexto Mittler (2003, p. 45) afirma que: “a inclusão implica uma reforma radical nas escolas em termos de currículos, avaliação, pedagogia e formas de agrupamento de alunos nas atividades de sala de aula”. A Educação Inclusiva é uma nova página na educação, que ainda provoca certo desafio, no campo educacional brasileiro. Pressupõe que uma das barreiras a ser superada por todos: profissionais da educação, comunidade, pais e alunos são aprender mais sobre a diversidade humana, a fim de compreender os modos diferenciados de cada ser humano ser, sentir, agir e pensar. Como bem elucidam Ferreira e Guimarães (2003) que: A inclusão impõe uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita àqueles que apresentam deficiência, mas se estende a qualquer aluno que manifeste dificuldades na escola, ainda que contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de todos – professores, alunos, e pessoal administrativo. ( p.116) Com isso, é urgente que as escolas sejam inclusivas, voltadas para a cidadania global, plena, livre de preconceitos, fazendo-se necessário compreender que a educação está baseada na aceitação das diferenças e na valorização do individuo independentemente dos fatores físicos e psíquicos. Lembrando os princípios que Paulo Freire (1996, p.59) defendia, entendemos que “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor”. 2.5 O Papel do professor na Educação Inclusiva
  • 29. 28 Dentre as dificuldades apresentadas pelas escolas que impedem que a inclusão tenha êxito é importante ressaltar a formação inadequada do professor que irá atender os alunos com necessidades especiais. É sabido que a participação do professor nesse processo é fator decisivo para a construção da escola inclusiva. De acordo com a Declaração de Salamanca (1994), os programas de formação inicial deverão: incutir em todos os professores, tanto da escola primária quanto da secundária, uma orientação positiva sobre a deficiência que permita entender o que se pode conseguir nas escolas com serviços locais de apoio. E ainda, uma boa pedagogia apontada pelo mesmo documento, é a que: (...) desenvolvem a capacidade de avaliar as necessidades especiais, de avaliar o conteúdo do programa de estudos, de recorrer à ajuda da tecnologia, de individualizar os procedimentos pedagógicos para atender ao maior número de aptidões. (p.152) A formação adequada de todos envolvidos no processo educativo é essencial e os professores deveriam ter conhecimentos básicos sobre a forma de organizar o currículo e o ensino para responder as necessidades de todos os alunos. É preciso, antes de qualquer ponto, que os professores se adaptem a este novo processo, entendendo que há necessidade de um novo olhar para as pessoas com alguma deficiência educacional especial. No entanto, é importante salientar, que a formação de profissionais da educação deverá estar de acordo com os fundamentos previstos no capítulo VI da (LDB) Lei Nacional de Diretrizes e Base da Educação (Lei nº. 9.394/96), de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase de desenvolvimento do educando. Esta mesma lei prevê, no capítulo V (Da Educação Especial), que os alunos com necessidades especiais devem ser atendidos por professores com especialização
  • 30. 29 adequada, de nível médio ou superior, para o atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a inclusão desses educandos nas classes comuns. Por conseguinte, este novo momento da educação inclusiva passa a exigir dos professores outros conhecimentos além daqueles que receberam na formação do magistério. Todos os profissionais da educação especial devem ter uma formação voltada para a criação de uma consciência crítica sobre a realidade que eles vão trabalhar em sala de aula. Assim, é preciso que eles tenham uma formação universitária, e o oferecimento de aporte teórico que lhes possibilitem uma ação pedagógica eficaz. Segundo Rodrigues (1993): Durante a formação inicial de professores, deveriam ser definidas metas precisas, relativas aos diversos componentes da competência “organização e gestão de classes”. Após tomar consciência de seus contornos e de sua importância, os formados deveriam ser ajudados a definir a experimentar na aula as estratégias e habilidades específicas de organização e gestão, a avaliar os resultados e a introduzir correções, quando necessário. Essas tentativas refletidas e apoiadas tornar-se-iam, certamente, “esquemas de ação”, simultaneamente, os formados interiorizariam estratégias de detecção, análise e rotina, que certamente seriam preciosas no seu futuro profissional. (p.20) É indispensável uma reforma nos cursos de formação dos professores que precisam aprender a identificar e atender às necessidades especiais de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos com ou sem deficiência. Compreendemos professor como um mediador de conhecimento, capaz de usar o espaço educacional sem ser ingênuo, e que tenha uma consciência crítica aguçada agindo contra os problemas sociais, possibilitando a construção de cidadão crítico. Como enfatiza Sacristán (1998): O professor/a é considerado como um intelectual transformador, com o claro compromisso político de provocar a formação da consciência dos cidadãos na análise crítica da ordem social da comunidade em que vivem. O professor/a é ao mesmo tempo um educador e um ativista político, no sentido de intervir abertamente na análise e no debate dos assuntos públicos, assim como por sua
  • 31. 30 pretensão de provocar nos alunos/as o interesse e compromisso crítico com os problemas coletivos. (p.374) Sobre essa mesma questão Silva (2008) relata: Ser professor é dar condições e oportunidades ao outro de construir seus próprios sentidos e criar suas próprias condições para viver em sociedade, refletir sobre esta última e refletir-se, sem jamais retornar aquilo que era antes, num eterno devir. O professor é, pois, um agente de encantamento nestes tempos de desencanto. O professor é, pois, aquele que apresenta os limites e, sobretudo, faz florescer as possibilidades criativas e inclusivas. (p.53) No ponto crucial do imaginário social sobre os professores, eles se tornaram artífices, ou seja, operários, criadores da esperança no futuro. Os profissionais da educação são os pivôs principais da transformação educativa nesta era da globalização. Como definen Gentili e Alencar (2005): O professor vive tempos de definição: sua desgraça- a propagação massiva da ideologia do consumo- pode ser também a sua glória. Sim, pois no mundo atual, movido a símbolos e calcado na reprodução no imaginário, estes valores têm uma centralidade jamais vista. Os trabalhadores da educação – categoria que, ao contrário de bancários, metalúrgicos e braçais de vários tipos, se expandem em todo mundo – precisam se assumir como combatentes, talvez similares à classe operária fabril dos séculos anteriores: combatentes da contestação, guardiões da dúvida no tempo do pensamento único. Arautos da solidariedade na época da competição, reinventores da utopia e dos sonhos nos dias do pragmatismo absoluto e da aversão às mudanças. Politizadores – não proselitistas! – no mundo da alienação e da demissão. Negadores da idéia de que “preparar para as novas realidades” seja tão somente, como se apregoa, formar trabalhadores para as novas engrenagens, “softs”, do sistema neoliberal. (p.107). Para considerar uma proposta de escola inclusiva, é preciso pensar como os professores devem ser efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa, porque temos uma legislação que impõe uma mudança de hábitos e valores sem um preparo real, prévio, da comunidade docente para esta verdadeira mudança.
  • 32. 31 CAPÍTULO III 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: OS CAMINHOS TRILHADOS PARA O DESCORTINAR DO PROBLEMA Entendemos por metodologia o conjunto de pressupostos e ações que orientam e dão sustentação ao desenvolvimento da pesquisa. Por isso optaremos pela investigação de cunho descritivo, pois visa pôr em detalhes a realidade dos sujeitos, dentro do contexto em que estão inseridos, possibilitando melhor análise de quais as concepções que os professores têm sobre crianças com deficiência e a inclusão escolar e social dessas crianças. 3.1 Tipo de pesquisa Esta pesquisa tem como base a abordagem qualitativa, por ser a que mais se aproxima com as ciências humanas buscando o contato, a troca de informações, e a integração entre pesquisador e pesquisado, na busca do conhecimento. Segundo Bogdan e Biklen (Apud LUDKE e ANDRÉ, 1982, p.11): “a pesquisa qualitativa supõe o contato prolongado com o ambiente e a situação que está sendo investigado, via de regra através do trabalho intensivo de campo”. Ainda segundo os autores: ”A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contexto direto do pesquisado com a situação estudada e enfatiza mais o processo do que o produto, e se preocupa em relatar a perspectiva dos participantes” (p.13). Com a utilização desta abordagem temos a possibilidade de realizar investigações no seu próprio ambiente natural e colher dados diretamente da fonte, para que tenhamos maiores aproximações com as questões pesquisadas.
  • 33. 32 3.2 Lócus Este estudo foi desenvolvido no município de Queimadas-Bahia mais especificamente no Distrito de Espanta Gado, na escola Lidírio Ferreira Lima, uma instituição pública localizada na Praça da Igreja, nº. 07, no centro do Distrito de Espanta Gado. A escolha se deu por ser uma escola central e acomodar um grande número de professores e alunos com realidades diversificadas. É importante destacar que nesta instituição existe um número significativo de alunos com necessidades educacionais especiais, como também uma aparente dificuldade dos professores em lidar com tais sujeitos. Foi justamente mediante tais contextos que optamos por este lócus. A estrutura física da escola é precária para atender a demanda de alunos e professores. Mediante contatos iniciais, pudemos perceber que a unidade escolar dispõe de uma secretaria, diretoria, 06 salas de aula, 2 banheiros para alunos, cantina, e área de lazer pequena. As aulas acontecem no período matutino, vespertino e noturno com o ensino fundamental. A escola atende a um grupo de 598 alunos. 3.3 Sujeitos Os sujeitos deste estudo foram 15 professores, da rede municipal de ensino da escola Lidírio Ferreira Lima, Educação Infantil ás séries iniciais do Ensino Fundamental, tendo como objetivo identificar as concepções que os professores têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino. Em relação ao gênero identificamos que 8 pertencem ao sexo feminino e 7 ao sexo masculino. Consideramos pertinente ter como sujeitos os professores e professoras, por acreditar que são responsáveis pelo processo de inclusão dos alunos com
  • 34. 33 necessidades especiais, bem como, podem desenvolver uma prática pedagógica que possibilite melhores condições no processo de ensino aprendizagem a fim de efetivar uma educação de qualidade, que favoreça um novo modelo de sociedade sem práticas excludentes. 3.4 Instrumentos de coleta de dados Os instrumentos de coleta de dados são meios eficazes que contribuem consideravelmente com a veracidade da pesquisa, uma vez que, possibilitam que o pesquisador tenha maiores contatos com as informações adquiridas. Por isso, realizamos nossas coletas por meio do questionário fechado e a entrevista semi- estruturada. 3.4.1 Questionário fechado Escolhemos aplicar o questionário fechado por ser um instrumento de coleta de dados com questões a serem respondidas por escrito e ser aplicado a um grande número de pessoas ao mesmo tempo, visto que tem o propósito de enriquecer a pesquisa nos dando possibilidades de traçar um perfil dos sujeitos. O questionário favorece uma análise minuciosa, uma vez que, segue uma ordem de questões que serão respondidas pelos sujeitos sem a presença do pesquisador. Segundo Marconi e Lakatos (1996): Questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador, depois de preenchido, o pesquisado, devolve-o do mesmo modo. (p.88) Triviños (1992) afirma que: “sem dúvida o questionário fechado, de emprego usual no trabalho positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa” (p.137). Este instrumento visa também adquirir informações que estejam relacionadas à idade, gênero, estado civil, religião, renda mensal e etc.
  • 35. 34 3.4.2 Entrevista semi-estruturada Optamos pela utilização da entrevista semi-estruturada por acreditar, que esta pode ser o meio eficaz dentro da abordagem qualitativa, pois pressupõe um contato corpo a corpo com os professores e professoras, possibilitando interações contínuas entre ambas as partes. Segundo Triviños (1992, p.146) “devemos lembrar que a entrevista é um dos recursos que emprega o pesquisador qualitativo no estudo de um fenômeno social”. A entrevista permitiu maior acesso às informações de relevância à pesquisa, pois de acordo com Lüdke (1986, p.34) é um instrumento: “que permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos”. Assim, entrevistamos professores de classes regulares da Escola Lidírio Ferreira Lima – Espanta Gado Queimadas (BA), pois acreditamos que suas falas são expressões do pensamento e o modo de compreender suas vidas. Triviños (1987) salienta: Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipótese, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (p.146). A entrevista semi-estruturada nos deu respaldo e possibilitou a obtenção de respostas que permitiram avançarmos em nossas investigações. 3.5 Da aplicação dos instrumentos O primeiro contato com os sujeitos aconteceu com autorização da direção da escola em um dia de planejamento, para que tivéssemos a primeira conversa com os nossos sujeitos.
  • 36. 35 O questionário foi aplicado com 15 professores da Educação Infantil ás séries iniciais do Ensino Fundamental. Compreendemos que o público escolhido para o estudo, nos evidenciou a visão dos mesmos em relação aos educandos com crianças com necessidades especiais. Primeiramente, expomos o motivo da pesquisa aos sujeitos e não havendo objeção entregamos o questionário, e estipulamos um prazo para que fôssemos recolhê-los com as respectivas respostas. Por meio de limitações de informações, evidenciadas no questionário e aproveitando o encontro de professores, agindo com descontração, convidamos os entrevistados para uma conversar informal, onde agiram com naturalidade. Durante a entrevista as questões pontuadas inicialmente foram tomando uma nova roupagem, fazendo com que algumas temáticas fossem escolhidas, e outras não.
  • 37. 36 CAPÍTULO IV 4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS O presente capítulo tem uma importância crucial neste trabalho porque lança um olhar crítico sobre os dados coletados, buscando atribuir-lhes sentido, considerando o contexto da pesquisa. As falas dos professores nos permitiram entender suas concepções sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino. Pontuamos que as análises apresentadas são apenas uma leitura que fazemos da realidade. Assim, ressalta Gomes (1994): “Em se tratando de ciência, as afirmações podem superar conclusões prévias a elas e podem ser superadas por outras afirmações futuras”. (p.79). Acrescentamos que é na prática que as concepções de inclusão se constroem. 4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa: a contribuição do questionário fechado 4.1.1 Tempo de serviço Conforme análise do gráfico, (ver figura 01) identificamos que 60% dos professores atuam há mais de 10 anos como profissionais de educação. Portanto, é possível inferir que esses professores têm bastante experiência na carreira docente, este é um fator interessante a ser considerado, pois a prática compreende e aprimora a práxis.
  • 38. 37 20% 20%60% 1 a 5 anos 5 a 10 anos Mais de 10 anos FIGURA 1TEMPO DE SERVIÇO DOS PROFESSORES. 4.2.2 Escolaridade dos sujeitos A formação é um processo imprescindível para todos os profissionais, em especial para os professores, pois, é através dela que teremos possibilidades de ampliarmos nossos horizontes e construirmos novos conhecimentos, tentando inovar e por em prática as novas teorias emergentes das atuais discussões que tem como cerne o processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, destacamos que 10% dos professores possuem apenas a formação inicial, o magistério; 40% estão se graduando, e 50% tem formação superior em pedagogia. 10% 40% 50% magistério Ensino superior incompleto pedagogia FIGURA 2 ESCOLARIDADE DOS PROFESSORES.
  • 39. 38 Estes dados nos mostram que a maioria dos educadores busca ampliar seus conhecimentos. Este é um elemento primordial a ser considerado, pois a formação dos professores em ensino superior é um fator importante e facilitador para a sua atuação com crianças que têm necessidades educacionais especiais. Como ressalta Silva (2008): A formação acadêmica, sozinha, não dá conta de formar professores para a criatividade e para a inclusão em educação, mas, certamente, é fundamental para desenvolver nos profissionais e futuros profissionais as potencialidades que permitirão a criação de culturas, políticas e práticas de inclusão.(p. 55) É através do processo de formação do professor que será possível desenvolver práticas de educação inclusivas. 4.3 Entrevista semi-estruturada: professor é hora de falar! A análise das entrevistas realizadas com os professores leva-nos a compreender o processo de inclusão e revela-nos os problemas mais frequentemente enfrentados pela escola, relativos ao processo de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais. A fim de manter sigilo, usaremos a palavra professor seguida de uma numeração específica para a identificação dos sujeitos que responderam ao questionário e a entrevista semi-estruturada. Apresentam-se a seguir, os resultados alcançados a partir da interpretação dos dados coletados. Agrupamos as concepções dos professores sobre a educação inclusiva em cinco tópicos que são: Alunos com necessidades especiais: analisando as compreensões dos professores; Aprendizagem e inclusão X formação docente; O processo de inclusão de alunos especiais em salas regulares: pontos e contrapontos; Diversidade na escola: um desafio a ser enfrentado; A realidade da inclusão na escola.
  • 40. 39 4.2.1 Alunos com necessidades especiais: analisando as compreensões dos professores A inclusão de criança com necessidades especiais na escola regular requer certas modificações ou adaptações no programa educacional, a fim de que possam atingir seu potencial máximo. Elas possuem os mesmos anseios desejos e sentimentos das outras pessoas e interagem de forma dinâmica por meio da convivência com os que estão inseridos no contexto educativo. Classificamos as concepções dos professores sobre as necessidades especiais em duas categorias, na primeira serão agrupadas aquelas que enfatizam o potencial dos alunos; na segunda, aquelas que enfocam as deficiências dos sujeitos. 4.2.1.2 Concepções dos professores enfatizando o potencial dos sujeitos O movimento de inclusão defende que todas as crianças com alguma deficiência ou retardo no seu desenvolvimento passam a ter direitos aos serviços educacionais disponíveis nas salas regulares de ensino. Portanto é importante no processo de inclusão que o professor compreenda as fases de desenvolvimento do sujeito. Conforme afirma Bianchetti (1992): É importante compreender todas as habilidades das crianças com deficiências, os níveis de funcionamento socioafetivo e cognitivo, e a qualidade das experiências e vivências que possuem. É fundamental conhecer suas dificuldades visando proporcionar melhores formas de interação e comunicação, desenvolver estratégias de ação, de potencialização do pensamento e resolução de problemas, verificar os desafios, as necessidades, quais os conteúdos e atividades que podem modificar as possibilidades de funcionamento e produzir respostas qualitativamente melhores e mecanismo de adaptação ao meio. (p.21) Os professores percebem e expressam em suas falas que essas crianças têm potencialidades. Verifiquemos algumas falas:
  • 41. 40 (...) “Alguém capaz de se superar e de superar todas as expectativas à ele direcionadas, bastando apenas de apoio e atenção de pessoas preparadas para tal”. (PROFESSORA, 12) (...) “Uma criança como outra qualquer somente faltando desenvolver uma habilidade qualquer seja ela física, mental ou intelectual”. (PROFESSORA, 3) (...) “Como alguém que possui limitações e que aprende de forma diferente das pessoas ditas normais, porém com sentimentos e desejos como qualquer outra pessoa”. (PROFESSORA, 5) (...) “Como uma pessoa que quer que as pessoas que se dizem se normal respeitem suas diferenças, pois os alunos com necessidades educacionais especiais têm muita força de vontade de aprender”. (PROFESSOR, 8) (...) “Um ser humano com direitos e deveres como qualquer outra, capaz de transpor limites do seu jeito, no seu ritmo que precisa ser respeitados. Um ser especial como o próprio nome diz. Alguém que é um exemplo de luta, de perseverança de força de vontade”. (PROFESSORA, 13). Os teóricos da educação enfatizam que os educadores estão pautados em uma concepção pertinente. Entretanto, sabemos que os discursos e práticas de alguns professores estão norteados por uma concepção simplista e preconceituosa em relação ao aluno com necessidades especiais. Segundo Ferreira e Guimarães (2003): Os efeitos causados pela visão equivocadas sobre pessoas com deficiência levam ao desconhecimento de suas potencialidades, o que acabam por continuar reforçando a crença sobre a sua suposta incapacidade. Esse quadro só poderá ser superado a partir do momento em que a condição de “deficiência” modificar-se tomando em consideração também as potencialidades e possibilidades, e não apenas os defeitos e as limitações das pessoas (p.27). As compreensões dos professores irão na maioria das vezes conduzir a sua prática pedagógica, afinal agimos pautados com base nas representações que temos das pessoas e das coisas. Portanto, acreditamos que o professor é “peça” fundamentam no processo de inclusão. Silva (2008) afirma: Ser professor é dar condições e oportunidades ao outro de construir seus próprios sentidos e criar suas próprias condições para viver em sociedade, refletir sobre esta última e refletir-se, sem jamais retornar aquilo que era antes, num eterno devir. O professor é, pois, um agente de encantamento nestes
  • 42. 41 tempos de desencanto. O professor é, pois, aquele que apresenta os limites e, sobretudo, faz florescer as possibilidades criativas e inclusivas. (p.53) Sendo assim, compreendemos que sem a contribuição, e respectivas ações dos professores, ficará inviável construirmos uma escola verdadeiramente inclusiva. 4.2.1.1 Concepções dos professores pesquisados no enfoque da deficiência. O efeito causado pela visão equivocada sobre pessoas com deficiência leva ao desconhecimento de suas potencialidades e possibilidades, assim continuam reforçando o ranço equivocado de crendice sobre sua incapacidade. Os professores afirmaram que aluno com necessidades especiais, é: (...) “é aquele aluno que tem alguma deficiência mental, que não fala direito e nem ouve bem e que por em alguns casos tem os membros superiores ou inferiores amortecidos”. (PROFESSORA, 1) (...) “existem inúmeras deficiência de aprendizagem, desde um aluno que não consegue se concentrar, devido algum problema psicológico até necessidades visuais, auditivas e físicas.” (PROFESSORA, 2) (...) “Um aluno que precisa de trabalho diferenciado por parte do educador, uma vez que ele pode apresentar dificuldades na aprendizagem, hiperatividade”. (PROFESSORA, 4) (...) “Pessoa com limitações além do dito “normal” e que, portanto devem ser tratadas com atenção e cuidado que a necessidade requer”. (PROFESSOR, 8) (...) “Para mim crianças especiais não é aquela que é surda cega deficiente, e sim também aquela aluno que não consegue ter um bom desempenho”. (PROFESSORA, 15) Ao contrário do que discutimos anteriormente percebemos que alguns professores ainda apresentam uma compreensão limitada de aluno especial, de forma altamente ultrapassada, pois focaliza apenas as questões físicas esquecendo-se de outros fatores que compõem o ser humano.
  • 43. 42 Percebemos que há um paradoxo na compreensão de deficiência entre os professores, portanto, alguns precisam ampliar suas concepções e atualizar-se com as atuais reflexões que estão sendo discutidas nos diversas áreas do saber em especial no campo educacional. Assim, segundo Fogli, Filho e Oliveira (2008 p.116) “cada aluno possui características históricas, sociais e orgânicas diferenciadas. A deficiência é apenas um dos elementos que compõe a totalidade do ser humano”. Nesse sentido, acreditamos que um pedagogo consciente de seu papel na construção de uma sociedade mais justa, ao trabalhar com crianças especiais teria uma formação voltada para o paradigma da inclusão e não da exclusão. 4.2.2 Aprendizagem e inclusão X formação docente A inclusão foi implantada verticalmente nas escolas; o poder público não teve a preocupação em capacitar os profissionais de educação para terem suporte ao atendimento de crianças especiais. Assim, se observarmos o panorama Nacional Brasileiro veremos que seu compromisso maior foi apenas na elaboração das leis. Para 70% dos sujeitos entrevistados, a aprendizagem de crianças especiais está ligada à formação docente; o que pôde ser observado quando questionadas sobre a possibilidade de aprendizagem de crianças com deficiência. Eis alguns depoimentos: (...) “Creio que sim basta ter alguém que esteja preparado e saiba trabalhar.” (PROFESSORA, 1). (...) “Sim, uma vez que, tenham profissionais bem preparados e materiais adequados para atender às essas crianças.” (PROFESSORA, 4) (...) “Sim, desde que o professor e a escola promovam oportunidades curriculares que sejam apropriadas a essa criança, haja vista que o êxito da inclusão social desses sujeitos depende do êxito de sua inclusão escolar”. (PROFESSORA, 5). (...) “Sim. Mas com os tipos de educadores materiais específicos para sua deficiência”. (PROFESSORA, 8)
  • 44. 43 (...) “Às vezes, em alguns casos sim. Desde que essa criança receba uma atenção especial por parte dos educadores”. (PROFESSORA, 15). Nestes depoimentos, predomina a compreensão que os professores têm sobre a aprendizagem de crianças especiais, ficando evidente que tal processo está ligado a uma formação específica dos professores para que possam atuar com tais sujeitos. Percebemos nas falas a importância da formação dos professores, para que esse novo paradigma de inclusão possa acontecer. Percebe–se claramente que apesar do aluno com deficiência apresentar limitações, é possível ter um desenvolvimento satisfatório. Uma das razões pelas quais as pessoas com deficiência estão expostas à discriminação. Este princípio baseia-se na aceitação da pessoa com deficiência tal como ela é o que não significa pretender, em algum momento, converter em “normal” uma pessoa com deficiência. Trata-se de, considerando suas limitações, reconhecer- lhe os mesmos direitos que os outros e oferecer-lhe os serviços e as condições necessárias para que possa desenvolver, ao máximo, as suas possibilidades, vivendo da forma natural que lhe for possível. (FERREIRA e GUIMARÃES, p.113). A aprendizagem ocorre quando pensarmos em todos os alunos como seres em processo de crescimento e desenvolvimento. Portanto, pressupõe conhecer as características do processo de aprender bem como as características do aprendiz. Apesar de garantida na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, em 1996, a filosofia da inclusão não se consolidou na forma desejada. É preciso antes de qualquer coisa que os professores se adaptem a este novo paradigma, entendendo que há necessidade de um novo olhar para as crianças com necessidades educacionais especiais. Sobre essa questão Ferreira e Guimarães (2003) ressalta que: É necessário repensar o significado da prática pedagógica, a fim de tentar evitar os erros do passado, quando os alunos com deficiência eram deixados à margem. Deve garantir a esses indivíduos apoio e incentivo para que sejam participantes e colaboradores, porque o valor social da igualdade é consistente e pertinente com a prática de qualidade para todos. (p.44)
  • 45. 44 A respeito disso, Salgado (2008) salienta: Ressaltamos a necessidade de se valorizar a formar professores ativos, criativos e verdadeiramente comprometidos com o processo de inclusão em educação, que encarem o trabalho docente como um desafio permanente e como lugar de construção de sentidos, valores, subjetividades e, sobretudo, que trabalhem com otimismo e persistência. (apud. SANTOS e PAULINO 2008 p.67) Dentro desse mesmo contexto Nóvoa (1992) elucida: Assim como o equilibrista, o professor tece o seu fio em plena interação. E é nos desequilíbrios que ele vai se construindo e constituindo. Desta forma, pensar a formação e a inclusão em educação significa dizer que este processo é permanente e que só difundindo essas concepções poderemos reiterar princípios mais humanos, democráticos e comprometidos com uma sociedade mais justa e menos desigual. (apud. SANTOS e PAULINO 2008 p.66 ) Professores que atuam na Educação Especial, certificados e altamente qualificados são imprescindíveis para que de fato haja inclusão para alunos com deficiência. 4.2.3 O processo de inclusão de alunos especiais em salas regulares: pontos e contrapontos O discurso dos professores sobre o processo de inclusão permitiu agrupar em três categorias que são: Professores que defendem a inclusão da forma que é feita; Professor que defende a inclusão, mas apresentam críticas sobre o processo; Professores que são contra a inclusão – paradigma segregacionista. Vivemos um momento de inclusão, este novo paradigma que aflora no campo da educação assegura novas práticas pedagógicas, onde devemos respeitar as diferenças e limitações de cada pessoa. Portanto, a sua essência esta voltada para melhores condições de vida de pessoas com deficiência.
  • 46. 45 4.2.3.1 Concepções dos professores que defendem a inclusão da forma que é feita. 40% dos professores e professoras pesquisados afirmam acreditarem na inclusão de crianças com necessidades especiais nas salas regulares. Vejamos algumas falas: (...) “Justo. Pois os mesmos têm os mesmos direitos à educação em salas regulares que os demais”. (PROFESSOR, 10 ) (...) “Acredito que, a escola regular deve acolher todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais e sociais. Até porque as histórias desses alunos sempre foram de exclusão e preconceito”. (PROFESSOR, 11) (...) “Uma atitude de valorização, pois o vínculo afetivo e a relação de amizade com as outras crianças proporcionarão um maior rendimento e ajudaria a superar-se diante das possíveis dificuldades”. (PROFESSOR, 12) (...) “Sim, pois todos os cidadãos brasileiros têm o direito e acesso livre aos serviços básicos, esperamos que os nossos governantes olhem com carinho para essas crianças”. (PROFESSOR, 14) (...) “É uma maneira das outras crianças respeitarem o modo de ser de cada um”. (PROFESSORA, 15) A solidariedade e a aceitação da diversidade são valores importantes na relação dos seres humanos. É importante que a escola incentive esse sentimento solidário, pois, é através dessas contribuições que a sociedade se torna melhor, com igualdade e justiça para todos. A inclusão pode beneficiar não só o incluído, mas todos que com ele estabelecerem interações. É evidenciada nas falas dos sujeitos pesquisados a visão ampla de inclusão de criança com deficiência, pois não considera a deficiência como um fator que atrapalha a aprendizagem. Assim, conforme destaca Santos (2003): O conceito de inclusão passou a ser entendido num contexto mais amplo, que engloba todas as pessoas que experimentam barreiras à aprendizagem e à participação, e não somente às pessoas portadoras de deficiência. O conceito de inclusão passou de uma idéia a “uma luta, um movimento que tem por essência estar presente em todas as áreas da vida humana, inclusive a educacional”. (p.78-79)
  • 47. 46 4.2.3.2 Concepções dos professores que defendem a inclusão, mas apresentam críticas sobre o processo. 40% dos professores participantes desta pesquisa argumentaram que a inclusão de crianças com necessidades especiais só é possível se os educadores estiverem preparados. Concordamos com Carvalho, (2004) à afirmação de que o discurso do despreparo técnico e prático apenas cristaliza e imobiliza as ações inclusivas. Eis ai algumas falas: (...) “Acho que deve ser feita. Porém a escola precisa se preparar. Para essa inclusão ser feita de forma que atende esse aluno em suas necessidade e não só o incluir na sociedade”. ( PROFESSOR,2) (...) “Seria bom, se como já foi os profissionais em educação fossem devidamente preparados para devido fim, se houvesse escolas aptas a receber estas crianças e se todas as escolas tivessem uma pessoa preparada para um acompanhamento especial para o aluno e também para o professor”. (PROFESSOR, 3) (...) ”É importante para o desenvolvimento dessas crianças, desde que seja respeitada nesse ambiente, tenha uma acompanhamento especial.” (PROFESSOR, 4) (...) “Seria muito bom, desde que a escola como um todo estivesse preparada para esta realidade. No entanto, o que se observa é apenas a integração do sujeito portador de necessidades especiais ao convívio social”. (PROFESSOR 5) (...) “Ainda é uma utopia. A inserção só ocorre na teoria, está muito distante da realidade e das necessidades das partes envolvidas”. (PROFESSOR, 11) De forma mais precisa podemos afirmar que é importante à formação do professor que irá atender os alunos com necessidades especiais. 4.2.3.3 Concepções dos professores que são contra a inclusão – paradigma segregacionista. 20% de profissionais não acreditam na inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino, por motivos diversos, até porque acreditam que o
  • 48. 47 atendimento, separado, é o melhor caminho. Assim conservando a visão de ensino segregado. Ficando explícito nas falas seguintes: (...) “É um processo difícil para o educador, porque ele tem que atender os alunos de necessidade educacional especial e os alunos normais. O certo mesmo é ter uma escola só para atender estes alunos com necessidade educacionais especiais”. (PROFESSOR, 6) (...) “É um crime se traduz num desrespeito aos direitos educacionais que a lei lhe confere o ser humano é um ser excepcional, se for trabalhada de um jeito certo ela se supera”. (PROFESSOR, 5) Sabendo que é a compreensão dos professores que irá conduzir sua prática pedagógica é preocupante nos depararmos com esta concepção em pleno século XXI. Observamos o quanto à educação de qualidade para todos se torna difícil de acontecer. Para que tenha uma educação voltada para o exercício da cidadania falta oportunidade para as pessoas com deficiência exercerem sua cidadania. Concordamos com Santos & Paulino, (2008): Quando educamos todos os alunos juntos, as pessoas com deficiência têm oportunidade de preparar-se para a vida na comunidade, os professores melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão consciente de funcionar de acordo com o valor social de igualdade para todas as pessoas, com os conseqüentes resultados de melhoria da paz social. (p.37). Como podemos ver as concepções de inclusão escolar de alunos especiais é um novo paradigma que desafia o cotidiano escolar, onde suas barreiras têm de ser superadas por todos. 4.2.4 Diversidade nas escolas: um desafio a ser enfrentado Um novo paradigma está nascendo onde a diversidade apresenta-se como um direito de ser, sendo diferente. Nesse contexto, a educação tem um papel importante e imprescindível a desempenhar.
  • 49. 48 E para incrementar a discussão, podemos levar em conta a afirmação de Ferreira e Guimarães (2003): A sociedade está tornando mais complexa a cada dia: a diversidade aumenta de forma acelerada. Com isso, imperceptivelmente, muda também a forma de compreender o mundo e os próprios semelhantes. É este o novo paradigma que está nascendo: “viver a igualdade na diferença”, “integrar na diversidade” – eis o apelo dos líderes dos movimentos em conflito. O diferente fica cada vez mais comum. (p.41) Há, entre os professores entrevistados, aqueles que expressaram sentimento de frustração, impotência, incapacidade quanto à experiência com crianças especiais. Analisemos algumas falas: (...) “Muito difícil, pois, mesmo tendo muito tempo em sala de aula, não fui preparada para trabalhar com eles.” (PROFESSOR, 1) (...) ”É difícil na verdade me sinto impotente e incapaz de educá-los me falta especialização”. (PROFESSOR, 7) (...) “É um novo desafio no cotidiano escolar, já que cada um deles tem uma demanda particular em termos de metodologias de ensino e de aprendizagem que exige de nós professores uma atenção especial”. (PROFESSOR, 11) (...) “A vivência como professor atuante é bastante complicado, pois não estamos preparados para esses casos especiais, mas fui privilegiado ao deparar com crianças especiais. Tratei principalmente em entender o mundo dessa criança para a partir desse momento manter atividades para que incluir essa criança no convívio social”. (PROFESSOR, 14) Dentro deste contexto, tomando como referência Carvalho (2004) concordamos com ele quando, enfatiza: A diversidade, hoje, constitui-se em tema central, pois muito se tem debatido sobre a diversidade social, cultural, de gênero, de capacidades, inclusive as comunicativas. Valorizar a diversidade entre as pessoas, principalmente no âmbito da educação, é uma das formas da ultrapassagem sonhada pro Betinho, permitindo a todos “ser gente, mudar de futuro, mudar de mundo, não estabelecer limites”. É fugir da homogeneidade, dos estigmas e dos preconceitos. (p.88)
  • 50. 49 A diversidade na sala de aula assusta muitos profissionais da educação, que seguem a visão tradicional de homogeneização e não conseguem lidar com a heterogeneidade. Ao contrário, a inclusão escolar deve organizar-se em função das diferenças individuais. 4.2.5 A realidade da inclusão na escola Todos os professores entrevistados, afirmaram que a escola na qual trabalham não está preparada para receber alunos com necessidades especiais. Diante dessa afirmação podemos perceber que a escola Lidírio Ferreira Lima do município de Queimadas-Bahia, mais especificamente no distrito de Espanta Gado está aquém de ser considerada escola com princípio inclusivo. Segundo Mantoan (2006, p.40), “a inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, por não se limitar a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem na escola, mas apoiar a todos”. Para a escola se tornar inclusiva é necessário que haja uma política de transformação em todos os seus aspectos: físico, pedagógico e cultural. Segundo a Declaração de Salamanca (1994): As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüística ou outras. Devem acolher crianças com deficiências e crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham. Crianças de população distantes ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas. (p.17-18). Portanto a escola diante de sua função social deve buscar uma educação de qualidade para todos os alunos.
  • 51. 50 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pensando na relevância da inclusão social no processo da construção de uma sociedade para todos, fomos levados a refletir sobre a implantação da inclusão de crianças com deficiências no sistema regular e chegamos a conclusões preocupantes e desafiadoras para a efetivação de uma educação de qualidade. As concepções dos professores problematizam a dificuldade da inclusão escolar das crianças especiais no que se refere às dificuldades desses alunos acompanharem os conteúdos ministrados na sala de ensino regular. De acordo com os dados deste estudo, o olhar inclusivo sobre as escolas regulares, deve ser um olhar de mudanças e inquietações, que vem assinalar a necessidade de transformações no sistema educacional, no sentido de considerar as pessoas, suas histórias, concepções, percepções, crenças, experiências e trajetórias pessoais. Os professores apresentam em seus discursos severo descrédito no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças com necessidades especiais. Com base na pesquisa e análise deste trabalho, observamos que a implantação da inclusão não ocorre de fato, devido aos fragmentos apresentados que é a falta de capacitação dos profissionais da educação para o trabalho com crianças com necessidades educacionais especiais. Portanto os professores têm que assumir uma postura política e reivindicar os seus direitos, pois a educação está munida de armas legais, que possibilitam lutar pelos ideais, cobrar das autoridades uma resposta que preencha os requisitos das Leis. Neste sentido, a formação profissional passa a ser uma questão central para a implantação da escola inclusiva. Acima de tudo, porque o educador precisa perceber a criança especial como ser cognocente e se perceber como peça importante no desenvolvimento do aluno, de forma a co-responsabilizar-se pelas mudanças que
  • 52. 51 urgem serem realizadas no processo educacional. Portanto, garantir um espaço de informação/formação/redefinição poderia colaborar no sentido de promover debates sobre os fatores referentes às baixas expectativas dos professores em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem de crianças com necessidades educacionais especiais, articulando-os para cobrarem de todo o sistema educacional postura e práticas de qualidades. Desta forma, a inclusão remete à urgência da transformação de toda a realidade social e escolar. A escola precisa de mudanças relacionadas ao acolhimento do sujeito como ser em constante construção e desenvolvimento. O desenvolvimento deve ser percebido não como algo determinado e acabado, mas como o produto da co- construção gerada pela interação entre o individuo, o meio físico e as relações humanas. Percebemos que já foram conquistados alguns espaços em nossa comunidade escolar, embora estejamos bem longe ainda de alcançar o objetivo maior que é garantir a todas as crianças, incondicionalmente, uma escola acolhedora, de qualidade. Esperamos que os resultados da pesquisa possam contribuir com a reflexão sobre as dificuldades e possibilidades da inclusão de todas as crianças com necessidades educacionais especiais nas classes de ensino regular. A diversidade está entre as prioridades na pauta educacional mundial. E o sistema educacional precisa adquirir uma postura de modificação democrática que abranja atitudes, perspectivas e organização para garantir uma educação inclusiva e não, limitar-se apenas, a observância da lei.
  • 53. 52 REFERÊNCIAS AMARAL, L. A. Conhecendo a deficiência. Em Companhia de Hercules. São Paulo: Robe. 1998. BIANCHETTI, Lucídio – IIda Maria Freire (org) – Um Olhar Sobre a Diferença.Integração, Trabalho e Cidadania. Editora Papirus, 1992. LUDKE, M. E ANDRÉ, M. E. D. A pesquisa em Educação: Abordagem qualitativas, São Paulo, EPU, 1982. BRASIL. Lei nº. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, que dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. _______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. _______. Ministério da Educação. Secretaria de educação especial. Leis Internacionais. CEC/SEE. Disponível em: www.mec.gov.br. CARMO, Apolônio Abadio do. Deficiência física: a sociedade brasileira cria, “recupera” e discrimina. Brasília: Secretaria dos Desportos, 1991. CARDOSO, M. S. Aspectos Históricos da Educação Especial: Da Exclusão à Inclusão – Uma Longa Caminhada. Educação Especial: em direção à educação inclusiva – 3. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006 CARVALHO, Rosita Edler. Integração e Inclusão: do que estamos falando? In Salto para o Futuro: Educação Especial: tendências atuais / Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 1999. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: ed. Mediação, 2004. O direito de ter direito. In. Salto para o futuro: Educação Especial tendências atuais. Série estudos. Ministério da educação. Secretaria de Educação à distância 1998. CLAUS, D. STOBAUS e JUAN J. M. MOSQUERA. Educação Especial: em direção à educação inclusiva – 3. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS,2006. FERREIRA, M. E. C. e GUIMARÃES, Marly. Educação Inclusiva – Rio de Janeiro: DP&A, 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa - São Paulo: Paz e Terra, 1996.
  • 54. 53 FOGLI, B. F. C. dos S. FILHO, L. F. da S. OLIVEIRA, M. M. N. dos S. Inclusão na educação: uma reflexão crítica da prática. In: SANTOS, M. P. e PAULINO, M. M. (orgs) Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas. – 2. ed.- São Paulo: Cortez, 2008. FONSECA, Vitor da Educação especial: programa de estimulação precoce – uma introdução às idéias de Feuerstein/Vitor da Fonseca – 2. ed. Ver. Aumentada – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995. GENTILI Pablo e ALENCAR Chico. Educar na esperança em tempos de desencanto. 5ª ed. Petrópolis. Vozes, 2005. GOFFREDO Vera L. F. S. Educação: Direito de todos os brasileiros. In. Salto para o futuro: Educação Especial tendências atuais. Série estudos. Ministério da educação. Secretaria de Educação à distância 1998. GOMES, Romeu. A análise de Dados em Pesquisa Qualitativa. In: Minayo M. C. Souza (organizadora) Pesquisa social: teoria, método e criatividade / Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. LUDKE e ANDRÉ, M. E. A pesquisa em Educação. Abordagem qualitativa. São Paulo, EPU, 1986. MADER, Gabrielle. “Integração da pessoa portadora de deficiência: a vivência de um novo paradigma”. In: MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A integração da pessoa portadora de deficiência. São Paulo, Memnon, 1997. MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Caminhos pedagógicos da inclusão. São Paulo: Memnon, 2001. __________, Maria Tereza Eglér. INCLUSÃO ESCOLAR: O que é? Por quê? Como fazer? 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2006. __________, Maria Tereza Eglér. Uma escola de todos, para todos e com todos: O mote da inclusão. In STOBAUS, e MOSQUERA. Educação especial em direção à educação inclusiva. Porto Alegre EDIPUCRS, 2006. MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1996. MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Educação Especial no Brasil: História e Políticas – 3ª edição – São Paulo: Cortez, 2001.
  • 55. 54 MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Porto Alegre, Artmed, 2003. MIZUKAMI, Maria de Graça Nicoletti. Ensino: As abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PÁRO, Victor Henrique, Administração Escolar: Introdução Crítica, Cortez, São Paulo, 1991. RODRIGUES, A. O Trabalho Realizado Com Professores do Ensino Primário. In: ESTRELA, A. (org) Formação de Professores por Competências – Projeto FOCO. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. SACRISTÁN, J. GIMENO. Compreender e transformar o ensino. Trad. Ernani F. Da Fonseca Rosa – 4ª ed. Artmed, 1998. SALGADO, S. da Silva. Inclusão e Processos de Formação. In: Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas. – 2. ed.- São Paulo: Cortez, 2008. SANTOS, Júlio Maria Ferreira. Dimensões e diálogos de exclusão: um caminho para inclusão. In: SANTOS, M. P. e PAULINO, M. M. (orgs) Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas – 2. ed.- São Paulo: Cortez, 2008. SANTOS, M. Pereira e PAULINO M. Moreira. Inclusão em Educação: culturas, políticas e práticas – 2. ed. – São Paulo: Cortez, 2008. SANTOS, Mônica P. dos. O papel do ensino superior na proposta de uma educação inclusiva. Revista da Faculdade de Educação da UFF, n. 7, maio 2003. SILVA, K. R. X. Expressão da Criatividade na Prática Pedagógica e a Luta pela Inclusão em Educação: tecendo relações. In: SANTOS, M. P. e PAULINO, M. M. (orgs). Inclusão em educação: culturas, políticas e práticas – 2. ed.- São Paulo: Cortez, 2008. TRIVIÑOS, A N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo; Atlas, 1992.
  • 56. 55 UNESCO. Declaração de Salamanca e Linhas de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília, 1994.
  • 57. 56
  • 58. 57 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM – BAHIA Caro (a) professor (a), Sou aluna desta universidade, do curso de Pedagogia e estou desenvolvendo uma pesquisa, como trabalho de conclusão do curso de pedagogia, sobre as concepções que os professores da escola Lidírio Ferreira Lema têm sobre a inclusão de crianças com deficiência no sistema regular de ensino. Contamos com sua colaboração para responder às questões abaixo. Observe que sua identidade se mantém em sigilo. Desde já agradecemos sua participação. Laura de Oliveira Silva Questionário Sócio-Econômico 1.Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) 2.Idade ( ) 18 a 20 anos ( ) 20 a 30 anos ( ) mais de 30 anos
  • 59. 58 3. Estado Civil ( ) solteiro (a) ( ) casado (a) ( ) separado (a) ( ) viúvo (a) 4.Você tem emprego fixo? ( ) sim ( ) não 5.Formação Profissional: ( ) Magistério ( ) Superior Completo. Curso - habilitação ( ) Superior Incompleto ( ) Pós-Graduação 6.Tempo de atuação a. ( ) 1 a 5 anos b. ( ) 5 a 10 anos c. ( ) mais de 10 anos.
  • 60. 59 Aspectos de desempenho da entrevista semi-estruturada 1. Você já deparou com crianças especiais, na sua sala de aula? ( ) sim ( ) não 2. No caso de sim, como é para você nesta atuação especial, lidar com educando com necessidades especiais? 3. No caso de não, como você reagiria? 4. O que você acha dos alunos que possuem necessidades educacionais especiais serem inseridos nas salas regulares? 5. A escola na qual trabalha está preparada para receber alunos com necessidades especiais?
  • 61. 60 6. Como você define um aluno com necessidades educacionais especiais? 7. As crianças com deficiência mais profundas têm possibilidade de aprendizagem? Justifique: ___________