Este documento analisa a influência da busca pela beleza no consumo de cosméticos. Ele apresenta uma pesquisa realizada com mulheres das classes A e B sobre seus hábitos de consumo de produtos de beleza. Os resultados indicam que a maioria das entrevistadas usa cosméticos desde a adolescência e carrega produtos na bolsa, porém não se considera muito influenciada pela mídia.
1. UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
GRAZIELE BRUGNAGO
ROSA FIDÊNCIO VIEIRA
A INFLUÊNCIA DO BELO NO CONSUMO DE COSMÉTICOS
Balneário Camboriú
2007
2. GRAZIELE BRUGNAGO
ROSA FIDÊNCIO VIEIRA
A INFLUÊNCIA DO BELO NO CONSUMO DE COSMÉTICOS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito para
avaliação da Banca Examinadora,
do curso de Cosmetologia e
Estética da Universidade do Vale
do Itajaí, Centro de Educação
Balneário Camboriú.
Orientadora: Juliana Cristina
Gallas
Balneário Camboriú
2007
3. A influência do belo no consumo de cosméticos.
Graziele Brugnago1 – Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética, da
Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina ( Univali) .
Rosa Fidêncio Vieira2 – Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética, da
Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina ( Univali) .
Juliana Cristina Gallas3 – Administradora, mestranda, professora do curso de
Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
Contato
1
graziele.brugnago@univali.br
2
rosaduge@hotmail.com
3
jugallas@univali.br
RESUMO
O conceito de consumo está contextualizado no mundo capitalista da
beleza padrão, o interesse da pesquisa por este tema foi despertado pela
constatação do crescimento e rentabilidade do setor da beleza, o consumo de
cosmético através do belo. O belo, uma visão de padrão de beleza impostos
pelo convívio social que determina os objetos que devem ser consumidos,
sendo aceitos pela sociedade, estimula as consumidoras, através da mídia a
procurar o que é belo a partir dos padrões de serviços de beleza, tais como
cosméticos, esteticistas, médicos estéticos, academias, nutricionistas, spa’s e
afins. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar o aumento do
consumo na área da beleza, tanto nos cosméticos quanto no consumo e
procura dos profissionais da área da beleza. O público alvo da pesquisa foi
restrito às usuárias de cosméticos, pertencentes às classes A e B, variando
entre 15 e 60 anos, residentes nas cidades de Balneário Camboriú e Itajaí e
freqüentadoras de dois salões de beleza, que responderam ao questionário
elaborado para esta pesquisa.
Palavras-chave: Beleza. Cosméticos. Consumidor.
4. INTRODUÇÃO
Os valores estéticos atualmente empregados, surgiram na Grécia
Clássica, quando os gregos difundiram o gosto pela harmonia, proporção das
formas e equilíbrio perfeito, criando os padrões de beleza imitados até hoje. O
deus Apolo era modelo de beleza e proporção, tanto que, os pintores e
escultores, usavam as partes do corpo que achavam belos, de vários modelos,
para reproduzir o deus grego. (KURY; HARGREAVES; VALENÇA, 2000)
Estes padrões de beleza acompanharam a humanidade ao longo dos
anos, tendo poucos períodos em que foram alterados, para corresponder a
moda ditada em cada época. Não alterando porém, que os padrões de beleza,
na maioria da vezes, eram inspirados em personagens famosos. Quando o
cliente decidi cortar os cabelos num salão de beleza, a maioria ressalta ao
cabeleireiro que faça um corte igual ao da heroína da novela, ou baseiam-se
nas revistas especializadas, que mostram as modas mais recentes. (KURY;
HARGREAVES; VALENÇA, 2000).
O belo é um tema subjetivo pois depende da concepção, cultura e meio
social de quem esta observando. No Brasil, a mídia apresenta um padrão de
beleza quase que inatingível para a maioria das mulheres, e como está
correlacionada com a idade, o uso de recursos para recuperação da juventude
e beleza estão cada dia mais evoluídos, tanto nos cosméticos quanto nos
procedimentos cirúrgicos. (TEIXEIRA, 2002)
No mundo todo, o aumento da procura pela beleza imposta pela
sociedade e pela mídia, está em constante crescimento. O que leva a discutir
quais os fatores que afetam o público masculino e feminino no consumo
exagerado de produtos e serviços de beleza e estética com o objetivo de
analisar o aumento do consumo de cosméticos através de uma pesquisa
quantitativa exploratória, por meio de um questionário. A evolução do
cosmético e da medicina estética abre uma gama de opções para o
consumidor, levando-o cada vez mais a investir em produtos que os ajudem a
atingir os padrões de beleza hoje impostos.
5. A BELEZA E O COSMÉTICO
A beleza é algo que chama a atenção do homem desde o início dos
tempos. Seja na literatura, na pintura, na arte ou no próprio homem. Os
pintores famosos procuravam modelos que lhes eram belas para pintarem. “ É
nos ateliês que se acumulam, desde o fim do século XV, retratos de mulheres
escolhidas menos por seu prestígio ou seu estatuto social do que por sua
beleza.” (VIGARELLO, 2006). A beleza humana sempre foi cultuada, conforme
as imposições de sua época. No século XVI, o corpo considerado belo era um
corpo “carnudo, cheio de curvas”. “O corpo feminino em particular ganha então
uma espessura e uma carnação que não tinha. A aparência se torna mais
polpuda, o contorno mais consistente.” (VIGARELLO, 2006). É no século XVI
que surgem os manuais de boas maneiras, que tomam conta da corte, e a
inclusão de perucas, maquiagens, jóias, sedas e sapatos altos, tanto para os
homens quanto para as mulheres. ( KURY; HARGREAVES; VALENÇA, 2000).
No século XVII os rostos deixam de ser um branco uniforme, para
colorir-se de vermelho, as mulheres nobres usam espartilhos feitos nos corpos
para apertarem os seios e abdômen e corrigir a postura, deixando-a quase com
corpo de homem. A partir do século XIX o padrão de beleza começa a mudar,
tornando os corpos mais delgados., passando pelos espartilhos do século
XVIII, quando também, a maquiagem começou a adquirir nuanças variadas,
tornando a busca pela individualização possível e, deixando de ser caseira,
tornou-se especialidade de boticários e perfumistas. “O comércio se
multiplicou. Hierarquizou-se. Comissários e subempreiteiros se instituíram,
enquanto o comércio ambulante difundia os produtos mais comuns: pós para
as perucas, pomadas para as mãos.” (VIGARELLO, 2006). Foi no fim do
século XIX que iniciou a alusão aos regimes e exercícios para emagrecer,
criando o mercado do embelezamento, as indústrias produzem artigos de
beleza em larga escala, tornando-os mais baratos. (KURY; HARGREAVES;
VALENÇA, 2000). Nos anos 50, começaram a surgir produtos para controlar o
peso. Na década de 60, as mulheres que sofrem cobranças quanto à beleza,
começam a colorir os fios brancos ou colorem para parecerem as deusas do
cinema e da televisão. (KURY; HARGREAVES; VALENÇA, 2000).
6. Assim, as transformações foram aparecendo como cascatas até os dias
atuais, com novas tecnologias e a comunicação mais acessível, tornando o
mercado da beleza num mercado em ascensão. A Cosmética e a Dermatologia
têm evoluido de modo extraordinário nos últimos anos, somando recursos e
esforços para que os tratamentos de pele tenham resultados cada vez mais
promissores (KEDE; SABATOVICH, 2004)
Em matéria intitulada Beleza sem Fronteira, que apresenta uma
entrevista com Andrea Jung, presidente mundial da Avon, publicada pela
revista Veja (2001b, p. 11-15), encontram-se importantes dados e
considerações sobre cosméticos(...) comprovando que a Avon é uma das
maiores multinacionais da área, encontra-se que ela está presente em 140
países e tem um faturamento anual em torno de 7 bilhões de dólares.
(TEIXEIRA, 2002)
Esta matéria mostra o que a mídia veicula todos os dias sobre o
aumento da indústria dos cosméticos. De acordo com o estudo realizado por
Teixeira (2002) com 30.000 mulheres em 33 países... Dessas, 82% disseram
que produtos de beleza são uma necessidade, e não um luxo. A vaidade é um
valor universal." A compreensão da relação entre indivíduos e objetos de
consumo, suscita o entendimento do homem como um ser dotado de
necessidades sociais que sobrepujam as necessidades naturais.
Esta corrida pela beleza muitas vezes é imposta pela sociedade, já que
é imprescindível, em anúncios de empregos, boa aparência, o que, na maioria
dos casos, está associada à beleza corporal humana, além de que homens e
mulheres buscam atributos de beleza em seus parceiros, assim afirmando o
valor generalizado dispensado à beleza. A obtenção de emprego e a escolha
de parceiro sexual, dão retorno positivo à pessoas belas. Outra recompensa
que a beleza dá às pessoas é a simpatia, confiança, auxílio financeiro e
parceiros sexuais, com maior grau de facilidade do que para as pessoas
consideradas menos belas. (TEIXEIRA, 2002)
A crescente busca humana pela preservação do vigor, da juventude, da
beleza e da aparência saudável e os apelos da mídia, têm sido incentivados
pelos avanços tecnológicos ocorridos na medicina, biotecnologia, cosmética,
etc. O mercado dos cosméticos está em ascensão, aumentando a
competitividade, exigindo um posicionamento estratégico bem estruturado e o
7. fortalecimento e diferenciação de princípios ativos e resultados. O mercado da
beleza emprega direta e indiretamente 2,5 milhões de pessoas e vem criando
atrativos para novos investimentos e negócios. Segundo dados do IBGE
(2006), o mercado dos cosméticos cresce aproximadamente 10% ao ano,
atento aos desejos e necessidades do consumidor, acompanhando a moda e a
alta tecnologia. Os fabricantes de cosméticos devem estar atentos aos desejos,
novas tendências e materializá-las criando produtos ou aperfeiçoando produtos
já existentes no mercado, para a disputa acirrada entre a concorrência.
(MELO; SANTANA; BRITO, 2005). No Brasil, é um mercado ascendente. A
entrada das mulheres no mercado de trabalho, seria um dos motivos deste
aumento do setor. (PACHIONE, 2002).
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo do tipo quantitativo exploratório, sendo
realizado um questionário com perguntas pertinentes ao assunto abordado na
pesquisa, e respondido por consumidoras das classes A e B, que freqüentam
os salões de beleza em Balneário Camboriú e Itajaí, afim de obtenção de
dados sobre o consumo de produtos cosméticos e a importância que elas dão
à beleza imposta pela sociedade atual. Foi realizado também pesquisa em
referenciais teóricos como: livros, revistas, jornais e sites para a elaboração.
Atribuindo também relatos apresentados em materiais da área da beleza e
estética que não estão ligados a materiais didáticos e teóricos.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
O resultado da análise dos questionários, nos mostra que, apesar de
algumas mulheres terem respondido serem pouco vaidosas e terem um gasto
baixo com produtos de beleza, em sua grande maioria, responderam que
carregam algum tipo de cosmético na bolsa e, de fazerem uso deles desde a
adolescência. Outro ponto analisado, foi que a maioria respondeu não serem
influenciadas pelos meios de comunicação para o consumo de cosméticos,
8. mas acham que os padrões de beleza são projetados pela mídia. O
questionário também nos mostra que apesar de que, para algumas mulheres o
consumo de cosméticos não ser uma prioridade, em sua totalidade, é
consumido por algum motivo, seja ele uma necessidade ou não.
RESULTADOS DA PESQUISA
Figura 1 – Quanto a profissão dos entrevistados
Autônoma Outros
25%
Autônoma
Outros
Estudante Estudante
36%
17% Educação
Empresárias Educação Saúde
6% Saúde 11% Empresárias
5%
Fonte – autores
9. Figura 2 – Quanto ao uso de cosméticos
Consumo
M édio
45% Raramente
Pouco
Muito Médio
Pouco 21% Muito
25% Exagerado
Raramente Exagerado
7% 2%
Fonte – autores
Figura 3 – Quanto ao perfil das entrevistadas
10. Perfil
Nada
Extremamente Vaidosa Nada Vaidosa
Vaidosa 4%
7%
Pouco Vaidosa
Pouco
Vaidosa Vaidosa Vaidosa
44% 45%
Extremamente
Vaidosa
Fonte – autores
Figura 4 – Quanto ao cosméticos na bolsa
Cosmético na Bolsa
Não
18%
Sim
Não
Sim
82%
Fonte – autores
Figura 5 – Quanto ao tempo de uso de cosméticos
11. Tempo de Uso
Desde a
adolescência Sempre Usei
Sempre Usei 38% Desde a adolescência
22% Desde os 20
Desde os 20 anos
anos
Desde os 30 anos
22%
Nunca usei Desde os 40 anos
1% Desde os 30 Desde 1 ano atrás
anos Nunca usei
Desde 1 ano
12%
atrás Desde os 40
3% anos
2%
Fonte – autores
Figura 6 – Quanto a influência dos meios de comunicação
Influência da Comunicação
Televisão
Jornais Sim
16%
0% 32% Sim
Não
Revistas
Revistas
16%
Jornais
Televisão
Não
36%
Fonte – autores
12. Figura 7 – Quanto a projeção em ídolos
Projetados em Ídolos
Não
40%
Sim
Não
Sim
60%
Fonte – autores
Figura 8 – Quanto ao uso de cosméticos por necessidade
Uso por Necessidade
Não
42%
Sim
Sim Não
58%
Fonte – autores
13. Figura 9 – Quanto a análise da necessidade ou supérfluo
Análise da Necessidade
Não
29%
Sim
Não
Sim
71%
Fonte – autores
Figura 10 – Quanto ao perfil do consumidor
Perfil Consumidor
Compra pouco
Só compra o
que necessita
Só compra o que
51%
necessita
Exagera às Exagera às vezes
Compra vezes
pouco 24%
Exagera Exagera sempre
15%
Compulsiva sempre
4% 6% Compulsiva
Fonte – autores
14. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo mostra como surgiu a importância do belo em relação à
sociedade e aos padrões de beleza atuais. O que as pessoas buscam nos
cosméticos e nos métodos de obtenção da beleza, como tratamentos estéticos
e cirúrgicos. Apesar dos resultados da pesquisa obterem dados contraditórios,
fica implícito o interesse das pessoas em buscar cada vez mais, recursos para
a recuperação ou manutenção da beleza, como fins sociais ou para seu bem-
estar. Este trabalho se propõe como base para futuros estudos, direcionado
para uma análise da influência da mídia, especificamente novelas, nos hábitos
de consumo de cosméticos.
15. REFERÊNCIAS
PACHIONE, R. Revista Atualidades: SETOR DEMANDA MAIS INSUMOS E
TECNOLOGIA. 2002. Disponível em: http://www.quimica.com.br/revista
TEIXEIRA, S. A. Artigos PRODUÇÃO E CONSUMO SOCIAL DA BELEZA.
UFRS, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo
MELO, A. C. E. S.; SANTANA, C. M. B.; BRITO, M. E. G. Monografia.
IMAGINÁRIO FEMININO NO CONSUMO DE COSMÉTICOS: Um estudo
sobre a significação das marcas de cremes faciais e o uso desses produtos
para o público feminino. UFBA, 2005. Disponível em:
http://www.adm.afba.br/CPA_monografias/novo/Monografia_CremesFaciais.pdf
KEDE, M. P. V., SABATOVICH, O. DERMATOLOGIA ESTÉTICA. São Paulo.
Ed. Atheneu, 2004.
VIGARELLO, Georges. HISTÓRIA DA BELEZA: O corpo e a arte de se
embelezar, do Renascimento aos dias de hoje. Rio de Janeiro. Ediouro,
2006.
KURY, L.; HARGREAVES, L.; VALENÇA, M. T. RITOS DO CORPO. Rio de
Janeiro. Ed. Senac Nacional, 2000.
16. ANEXO I
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
1) Qual a sua profissão ou ocupação?
( ) Estudante ( ) Profissional da saúde ( ) Profissional da Educação
( ) Autônoma ( ) Empresária ( ) Outros
2) Você costuma fazer uso de cosméticos?
( ) Raramente ( ) Pouco ( ) Médio ( ) Muito ( ) Exagerado
3) Qual o seu gasto mensal com cosmético?
( ) Abaixo de R$ 20,00 ( ) R$ 30,00 ( ) R$ 50,00 ( ) R$ 100,00
( ) R$ 200,00 ( ) Acima de R$ 300,00
4) Quanto ao seu perfil de consumidora de cosméticos, você se acha:
( ) Nada vaidosa ( ) Pouco vaidosa ( ) Vaidosa ( ) Extremamente vaidosa
5) Você tem cosméticos e perfumaria na bolsa? ( ) Sim ( ) Não
6) Há quanto tempo você faz uso de cosméticos?
( ) Sempre usei ( ) Desde a adolescência ( ) Desde os 20 anos
( ) Desde os 30 anos ( ) Desde os 40 anos ( ) Desde 1 ano atrás
( ) Nunca usei
7) Você é influenciada pelos meios de comunicação para consumir cosméticos?
( ) Sim ( ) Não
Quais? ( ) Revistas ( ) Jornais ( ) Televisão
8) Na sua opinião, os padrões de beleza são projetados em cima de ídolos?
( ) Sim ( ) Não
9) Você faz uso de cosméticos por alguma necessidade?
( ) Sim ( ) Não
10) Ao comprar um cosmético, você analisa se ele é uma necessidade ou supérfluo?
( ) Sim ( ) Não
11) Você se considera uma consumidora:
( ) Compra pouco
( ) Só compra o que necessita
( ) Exagera às vezes
( ) Exagera sempre
( ) Compulsiva