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        UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
        DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                 SENHOR DO BONFIM-BA
                   PEDAGOGIA 2004.1




          ELOÁ SALGADO DE CARVALHO




 RELAÇÃO AMBIENTE-PESSOA, EU FAÇO PARTE?
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE




            SENHOR DO BONFIM – BA
                    2010
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          ELOÁ SALGADO DE CARVALHO




 RELAÇÃO AMBIENTE-PESSOA, EU FAÇO PARTE?
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE




                      Monografia apresentada como pré-
                      requisito para conclusão do Curso de
                      Pedagogia: Docência e Gestão de
                      Processos Educativos, Departamento de
                      Educação Campus VII da Universidade do
                      Estado da Bahia.




            SENHOR DO BONFIM – BA
                    2010
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            ELOÁ SALGADO DE CARVALHO




 RELAÇÃO AMBIENTE-PESSOA, EU FAÇO PARTE?
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE


         Aprovada em _______ de ___________de 2010




                   BANCA EXAMINADORA




    _________________________________________________
                       Prof. Avaliador




    _________________________________________________
                      Prof . Avaliadora




    _________________________________________________
      Profª. Zózina Maria Rocha de Almeida (Orientadora)
3




Dedico este trabalho a Deus por ter me dado força e
sabedoria para realizá-lo. Aos meus pais amados
que encorajou-me na tentativa de incentivar e dizer
que não estou só. Dedico mais essa vitória a cada
um, pois se hoje sou vencedora é porque tive a
compreensão, o apoio e o amor de vocês –
presenças constantes em minha vida.
4



                              AGRADECIMENTOS


Aos familiares:


Que compartilharam meus ideais e me alimentaram, incentivando-me a prosseguir a
jornada. A vocês mesmo que distantes, mantiveram-se sempre ao meu lado,
agradeço por todo carinho dedicado.


Aos mestres:


Aqueles que transmitiram seus conhecimentos e experiências, profissionais e de
vida com dedicação e carinho, aqueles que guiaram para além das teorias, das
filosofias e das técnicas, expresso o meu respeito diante do que foi oferecido.


A minha orientadora, professora Zózina:


Meu carinho e gratidão a você que soube, além do conhecimento, transmitir sua
alegria, experiência e apoiar em minhas dificuldades. E ao profº Adson Bastos que
iniciou esse trabalho comigo, mas que por vontade do destino não permitiu que
concluíssemos juntos. Obrigada por acreditarem e mim!


As amigas


Saibam meninas que vocês foram um apoio na conclusão dessa monografia.
Agradeço pela palavra amiga, pelo silêncio que me confortou, pelo ombro que me
consolou e me fez perceber cada desafio de uma forma diferente. E de modo
especial a minha amiga-irmã Fabrise, que na reta final foi essencial, as tardes de
domingos em frete ao computador, as noites mal dormidas, obrigada por tudo!


Aos amigos de trabalho
5



Obrigada a todos que várias vezes viram meu sofrimento na construção desse
trabalho, em especial ao meu gerente Rigoberto Gomes pela compreensão e pelas
liberações sempre que necessária. Vocês são a minha segunda família!
6




“... A natureza é o corpo humano, isto é, a natureza,
na medida que ela própria não é corpo humano. ‘O
homem vive na natureza, significa que a natureza é
o seu corpo’, com o qual ele vive deve permanecer
em contínuo intercurso se não quiser morrer. Que a
vida física e espiritual do homem está vinculada à
natureza significa, simplesmente, que a natureza
está vinculada a si mesma, pois o homem é parte da
natureza”.
                                               Capra
7



                                    RESUMO



A educação ambiental é de fundamental importância, principalmente para as
crianças, pois é na infância que a criança começa a elaborar “seu mundo”, ela
começa a construir seus valores e costumes. A escola é uma forte aliada para
demonstrar e incentivar as crianças não somente nas aulas práticas, como também
nas questões ambientais. O contato direto com o meio ambiente ajuda na formação
das crianças, pois coloca-as diante da situação. O presente trabalho foi realizado na
Escola Montessoriano, localizada na cidade de Senhor do Bonfim – Ba e teve como
objetivo, identificar as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série da
escola Montessoriano têm sobre meio ambiente. O trabalho foi desenvolvido com
crianças cuja faixa etária era de 8 a 10 anos. Para nortear nosso trabalho tivemos
como referência alguns autores como: Reigota (1995), Machado (2007), Freire
(1981), Gadotti (1999), Libâneo (2004), entre outros. Adotamos uma metodologia
qualitativa e nossos instrumentos de coletas de dados foram as observações
participantes e os mapas mentais. Por meio desses instrumentos e com os teóricos
utilizados em nossa fundamentação, pudemos fazer as análises e interpretação dos
dados. Os resultados do estudo apontam que do universo pesquisado 75% das
crianças têm uma visão holística do Meio Ambiente, isso significa dizer que a
Educação Ambiental na escola pesquisada é trabalhada de uma forma
interdisciplinar, na qual a visão de meio ambiente reducionista não se faz tão
presente. Nossa pretensão é que estudos dessa natureza despertem em todos que
são ligados a educação, uma reflexão voltada para a importância da Educação
Ambiental em nossas escolas. Que deve ser trabalhada em sua totalidade de forma
interdisciplinar, e por meio de suas práticas pedagógicas promovam mudanças de
comportamento em nossos alunos que apresentam potencial para intensificar
mudanças em nossa sociedade ampliando a consciência de preservação com os
valores futuros.

Palavras - chave: Representação Social, Meio Ambiente e Criança.
8



                                                     SUMÁRIO


INTRODUÇÃO ....................................................................................................       10
CAPÍTULO I ........................................................................................................   11
 1 - Meio Ambiente e Educação Ambiental: atores e práticas educativas ........                                        11
CAPÍTULO II .......................................................................................................   17
 2 - Fundamentação Teórica ..............................................................................             17
   2.1 – Representação Social: o que é? ............................................................                  17
   2.1.1 – Representação Social: um meio de expressão ..................................                              18
   2.2 – Meio Ambiente: o que é? .......................................................................              20
   2.2.1 – Legislação, Educação e Meio Ambiente .............................................                         21
   2.2.2 – As crianças e o meio Ambiente ...........................................................                  22
   2.3      –    Alunos        e    Professores:           uma       relação       necessária          para       o
desenvolvimento .................................................................................................     23
CAPÍTULO III ......................................................................................................   26
 3 – Metodologia ................................................................................................     26
   3.1 – Definição da Linha Metodológica ..........................................................                   26
   3.2 – Lócus e Sujeitos da pesquisa ................................................................                27
   3.3 – Instrumentos de Coletas de Dados .......................................................                     27
   3.3.1 – Mapas Mentais ...................................................................................          28
CAPÍTULO IV .....................................................................................................     30
 4 – Análise e interpretação dos dados .............................................................                  30
   4.1 – Análise e interpretação dos dados por meio das Representações
Sociais de Meio Ambiente .................................................................................            30
   4.1.1 – O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística ................................                              30
   4.1.2 – O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista ...................                                    34
 5 – Considerações Finais .................................................................................           37
REFERÊNCIAS ..................................................................................................        39
9



                               LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 1 ........................... 31
FIGURA 02: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 2 ........................... 31
FIGURA 03: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 3 ........................... 32
FIGURA 04 O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 4 ............................ 32
FIGURA 05: O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista 1 ............. 35
FIGURA 06: O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista 2 ............. 35
10



                                    INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso é resultado de uma pesquisa realizada na
escola Montessoriano, situada na cidade de Senhor do Bonfim – Ba, sendo nosso
objetivo identificar as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série da
escola Montessoriano têm sobre meio ambiente.


Por meio das análises de dados fizemos reflexões embasadas nos teóricos
utilizados na fundamentação sobre as representações de Meio Ambiente que as
crianças da escola em estudo têm sobre a questão.


O trabalho foi dividido em quatro capítulos, são eles:


No Capítulo I fizemos uma abordagem problematizando a questão ambiental.
Ressaltando que a Educação Ambiental tem por objetivo formar sujeitos capazes de
compreender o mundo e agir nele de uma forma crítica e consciente, formando
assim, sujeitos ecológicos.


No Capítulo II encontra-se a fundamentação teórica, ou seja, o aprofundamento das
nossas    palavras-chaves     que    orientou   nosso    trabalho:   Meio   Ambiente,
Representação Social e Criança.


No Capítulo III apresentamos nossa linha metodológica que norteou nossa pesquisa.
A pesquisa tem uma abordagem qualitativa e os instrumentos de dados foram as
observações participantes e os mapas mentais.


No Capítulo IV temos nossas reflexões sobre os dados coletados por meio dos
instrumentos citados acima. Trabalhamos nesse capítulo com duas categorias, uma
foi a apresentação da tempestade de idéias e a outra a análise dos desenhos.


Tendo como ponto de partida nosso objetivo de pesquisa, fundamentadas pelos
autores escolhidos e norteadas pelas reflexões que o capítulo IV nos permitiu fazer,
elaboramos algumas considerações sobre a dicotomia entre o homem e a natureza.
11



                                     CAPITULO I


1. MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ATORES E PRÁTICAS
EDUCATIVAS


A Educação é um processo social que acompanha as transformações da atualidade,
ela acontece em vários espaços de diversas formas, pode ser institucionalizada ou
não. O antropólogo Brandão (1995, p.7) destaca em seus estudos o seguinte
conceito sobre o ato de educar: “ Ninguém escapa à educação. Em casa, na rua, na
igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da
vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar”.


Sendo assim, a Educação em seu sentido mais geral acontece fora dos muros da
escola, é um fenômeno inerente à condição humana. Muitas pessoas quando falam
em educação pensam logo na educação escolar. Entretanto, nesse mundo
contemporâneo a educação é um processo bem mais amplo, ela acontece em todas
as dimensões e prática social. É entendida também como um fenômeno
plurifacetado e instrumento de formação/transmissão da cultura humana.


Nessa perspectiva Brandão (1995, p.9) mostra quando nos diz que:


                     Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a
                     escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o
                     melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor
                     profissional não é o seu único praticante.


Diante do exposto, percebe-se que a Educação se desenvolve em diversos
contextos e isso se configura como processo complexo e multifacetado, no qual
modifica a vida das pessoas e interfere nas relações e processos sociais. A exemplo
tem-se: educação ambiental, educação rural, educação para o trânsito, educação
escolar, educação para o trabalho, entre outros.


Franco (2002, p.9) vem nos dizer que a educação deve ser:


                     ... o instrumento por excelência da humanização dos homens em sua
                     convivência social, uma vez que os sujeitos, imersos em sua prática e
12


                     impregnados das diversas influências educacionais, estão
                     constantemente participando, interagindo, intervindo no seu próprio
                     contexto cultural, requalificando a civilização, para condições que
                     deveriam ser cada vez mais emancipatórias e humanizantes.


Libâneo (2004, p.30) ressalta que Educação é:


                     (...) o conjunto de ações, processos, influências, estruturas, que
                     intervém no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua
                     relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto
                     de relações entre grupos e classes sociais. É uma prática que atua na
                     configuração da existência humana individual e grupal, para realizar
                     nos sujeitos humanos as características de ‘ser humano’.



Por sua vez, a Educação Ambiental mais do que um modismo revela-se uma
necessidade imperiosa, não apenas para garantir a existência humana e da vida em
seu conjunto, mas para construir uma sociedade mais harmônica e respeitosa com
as demais espécies com o meio que o sustenta. Surge como respostas à
preocupação da sociedade com o futuro da vida.
Segundo Carvalho (2004, p.45)


                     A Educação Ambiental fomenta sensibilidades afetivas e capacidades
                     cognitivas para uma leitura do mundo do ponto de vista ambiental. Dessa
                     forma, estabelece-se como mediação para múltiplas compreensões da
                     experiência do indivíduo e dos coletivos sociais em suas relações com o
                     ambiente. Esse processo de aprendizagem, por via dessa perspectiva de
                     leitura, dá-se particularmente pela ação do educador como intérprete dos
                     nexos entre sociedade e ambiente e da Educação Ambiental como
                     mediadora na construção social de novas sensibilidades e posturas éticas
                     diante do mundo .


Considerando o que nos disse Carvalho (2004), a Educação Ambiental tem como
proposta principal superar a oposição entre natureza e sociedade por meio de uma
formação de atitudes ecológicas nas pessoas. Tem uma visão socioambiental, ou
seja, o ambiente é um espaço de relações culturais, sociais e naturais. Dentro do
processo educativo a Educação Ambiental tem por objetivo formar sujeitos capazes
de compreender o mundo e agir nele de uma forma crítica e consciente, formando
assim, sujeitos ecológicos.


Como condição para o processo de aprendizagem, Freire (1981, p.70), também se
preocupa com a compreensão natureza e cultura quando afirma:
13


                     (...) a primeira dimensão desse novo conteúdo com que ajudaríamos o
                     analfabeto, antes ainda de iniciar sua alfabetização (...) seria o conceito
                     antropológico de cultura, isto é, a distinção entre estes dois mundos: o da
                     natureza e o da cultura; o papel ativo do homem na sua realidade e com a
                     sua realidade; o sentido de mediação que tem a natureza para as relações
                     e a comunicação do homem; a cultura como o acréscimo que o homem faz
                     ao mundo que não criou; a cultura como resultado de seu trabalho, de seu
                     esforço criador e recriador.


A formação/educação aqui expressa por Freire, pode por sua vez ser pensada como
parte da ação humana de transformar a natureza em cultura, dando-lhe sentido e
compreendendo o “estar no mundo” e o “participar da vida”. Nesse processo o
educador tem um papel fundamental, pois, ele é o mediador, envolvendo com
atividades reflexivas, ou seja, provoca novas compreensões, outras leituras de vida
e nos faz pensar também sobre nossa ação no mundo. Essa leitura como processo
de aprendizagem do mundo e de si mesmo, é uma produção de sentidos que tem
como base a interação entre o sujeito e o mundo.


As preocupações com o meio ambiente, conforme Capra (2006) adquiriram grande
importância. Desde o final do século passado defrontamo-nos com toda uma série
de problemas globais que estão danificando a biosfera e a vida humana de uma
maneira alarmante e que pode logo se tornar irreversível. Essas preocupações
voltam-se para a gravidade da questão ambiental estendendo-se pelos âmbitos
sócio-político e econômico.


Observa-se que a sociedade capitalista apropriou-se dos recursos naturais de forma
insustentável, com uma visão imediatista e fragmentada percebendo somente as
vantagens que podem ser usufruídas momentaneamente e esquecendo-se que
somos parte da natureza. Sobre isso ressalta Capra (2006, p.24):


                     O reconhecimento de que é necessária uma profunda mudança de
                     percepção e de pensamento para garantir a nossa sobrevivência ainda não
                     atingiu a maioria dos líderes das nossas corporações, nem os
                     administradores e dos professores das nossas grandes universidades.
                     Nossos líderes não só deixam de reconhecer como diferentes problemas
                     estão interelacionados, eles também se recusam a reconhecer como as
                     suas assim chamadas soluções afetam as gerações futuras.


Entende-se que é a partir desse ponto de vista sistêmico que surgem as “soluções
sustentáveis” juntamente com o conceito de sustentabilidade, que segundo Lester
14



Brown apud Capra (ano 2006 p.24) define que: “uma sociedade sustentável é aquela
que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas das gerações futuras”.
Diante disso, é que a Educação Ambiental, como tantas outras áreas de
conhecimento pode-se tornar um processo intelectual a serviço da solução dos
problemas da comunidade, pois a forma como o ser humano se relaciona com o
meio   ambiente    está   diretamente     ligada    à   sua    percepção,      ideologias     e
conhecimentos prévios.


Para Gonçalves (1990, p.14) a Educação Ambiental pode ser conceituada como:


                     ... um processo de aprendizagem, longo e contínuo, que procura esclarecer
                     conceitos e fomentar valores éticos de forma a desenvolver atitudes
                     racionais, responsáveis e solidárias entre os homens. Tem por objetivo
                     instrumentalizar os indivíduos, dotando-se de competência para agir
                     consciente e responsavelmente sobre o meio ambiente, por meio da
                     interpretação correta da complexidade que encerra a temática ambiental e
                     da relação existente entre essa temática e os fatores políticos, econômicos
                     e sociais.


Nesse sentido a Educação Ambiental pode sensibilizar o indivíduo quanto a sua
cidadania, seus direitos e deveres para com a natureza, pois trata-se de um
aprendizado social, no qual o diálogo, a criação de informação, conceito significativo,
podem surgir da sala de aula ou de experiência pessoal.


Observa-se o quanto o ser humano tem se ausentado dos atuais problemas
ambientais, como se não fosse do seu interesse o que acontece com o mundo ao
seu redor. É cabível, que os educadores, possam preparar os educandos desde
cedo, dando-lhes toda formação necessária para que assim ele exerça seu papel de
agente transformador na sociedade (GONÇALVES, 1990).


Para melhor refletir e compreender a relação do homem com a natureza, no que se
refere a um processo de reconstrução interna dos indivíduos, faz-se urgente a busca
do conhecimento em área específica. E foi com esse intuito de nortear a Educação
Ambiental que o Ministério do Meio Ambiente criou a Diretoria de Educação
Ambiental em 1999. A regulamentação da lei 9.795/99 define que a Coordenação da
Política Nacional de Educação, ficará a cargo de um Órgão gestor, dirigido pelos
Ministros de Estado do Meio Ambiente e da Educação.
15



Como preceitua o artigo 225 da Constituição Federal:


                     Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
                     uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
                     poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
                     presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse
                     direito, incumbe ao poder público: (...) VI - promover a educação ambiental
                     em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
                     preservação do meio ambiente.


Salienta-se que, cabe ao Poder Público proteger o meio ambiente e oferecer meios
para se implantar a Educação Ambiental em todo o Brasil independente de qual for o
nível de ensino, não esquecendo da responsabilidade que a sociedade também tem
para com a natureza, preservando-a e protegendo-a. Atrelado a isso, surge a
necessidade das escolas trabalharem em seus currículos a Educação Ambiental.


Diante desse contexto, salientamos que durante a graduação, através da
experiência dos estágios, tivemos contatos com diversas escolas municipais e
particulares e percebemos que a formação dos alunos, no que diz respeito a
educação ambiental, ainda é trabalhada de forma tradiconal, onde priporiza em sua
maioria os aspectos naturais sem levar em conta que a própia escola, as residências
dos alunos, as pessoas e a cidade como um todo constituem o Meio Ambiente.


Essas compreensões estereotipadas interferem muitas vezes, na relação ambiente
pessoa dos alunos e também de seus formadores. Por isso, acreditamos que é
pertinente e salutar estarmos propondo um redimensionamento de nossas
representações sobre meio ambiente. Percebe-se então o quanto se faz necessário
e urgente a compreensão dos alunos e a mudança de paradigmas da educação no
que diz respeito à relação pessoa ambiente, principalmente nas escolas do
Município de Senhor do Bonfim – BA.


Sendo assim, surgiu a motivação para o desenvolvimento deste trabalho que tem
como tema Educação Ambiental e sua relação ambiente-pessoa, principalmente
com as crianças da 3ª e 4ª série.


Fundamentada em toda a problemática exposta, e no contexto das escolas locais,
nos inquietamos na tentativa de responder a seguinte questão de pesquisa: Quais
16



as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série da escola Montessoriano
têm sobre meio ambiente?


Estimulados a buscar respostas para esta questão surge o objetivo dessa pesquisa
que é: identificar e analisar as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série
da escola Montessoriano têm sobre meio ambiente.
17



                                     CAPÍTULOII


2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Buscando entender melhor a questão de pesquisa que é identificar quais as
representações que os alunos da 3ª e 4ª série da Escola Motessoriana têm sobre
Meio Ambiente, foi necessário fundamentar-nos em alguns teóricos para que assim,
pudéssemos ter embasamento a respeito da questão a ser estudada.


2.1 Representação Social: o que é?


Durkheim foi o primeiro a trabalhar com o conceito de representação social usado no
mesmo sentido de representações coletivas. É através destas representações que a
sociedade elabora e expressa por meio de pensamentos a realidade na qual esta
inserida. Na concepção de Durkheim (1978, p.79):


                     As Representações coletivas traduzem a maneira como o grupo se pensa
                     nas suas relações com os objetos que o afetam. Para compreender como a
                     sociedade se representa a si própria e ao mundo que a rodeia, precisamos
                     considerar a natureza da sociedade e não a dos indivíduos. Os símbolos
                     com que ela se pensa mudam de acordo com sua natureza.



Do ponto de vista do autor as representações respondem de diferentes formas a
condições dadas da existência humana, dessa forma, “não existe representações
falsas, são símbolos através dos quais é preciso saber atingir a realidade que eles
figuram e que lhes dá sua verdadeira significação” (idem, p.88).


Em contra partida para Minayo (2008, p. 89) Representação Social é definida como:


                     ...um termo filosófico que significa a reprodução de uma concepção retida
                     na lembrança ou do conteúdo do pensamento. Nas Ciências Socais são
                     definidas com categorias de pensamentos que expressam a realidade,
                     explicam-na, justificando-a ou questionando-a. Enquanto material de
                     estudo, essas percepções são consideradas consensualmente importantes,
                     atravessando a história e as mais diferentes correntes de pensamento sobre
                     o social.
18



A Representação Social é vista como uma nova maneira de interpretar as relações
com a realidade e com as práticas do dia-a-dia; e explicar os pensamentos de
determinados grupos de pessoas sobre um determinado assunto. Jodelet (2001, p.
17) ressalta:


                     Frente a esse mundo de objetos, pessoas, acontecimentos ou idéias, não
                     somos (apenas) automatismos, nem estamos isolados num vazio social:
                     partilhamos esse mundo com os outros, que nos servem de apoio, às vezes
                     de forma convergente, outras pelo conflito, para compreendê-lo, administrá-
                     lo ou enfrentá-lo. Eis por que as representações são sociais e tão
                     importantes na vida cotidiana. Elas nos guiam no modo de nomear e definir
                     conjuntamente os diferentes aspectos da realidade diária, no modo de
                     interpretar esses aspectos, tomar decisões e, eventualmente, posicionar-se
                     frente a eles de forma defensiva.



É através dos discursos, falas, saberes e opiniões dos alunos que as
Representações Sociais de Meio Ambiente será expressa.


2.1.1 Representações Sociais: um meio de expressão


Para compreender como as escolas vêem trabalhando o Meio Ambiente e suas
definições no tocante a construção da cidadania e como as crianças pensam e agem
sobre esta temática que vem se firmando cada dia mais em nossa sociedade,
utilizamos as Representações Sociais, pois segundo Forgas (1981, p.2):


                   ... nosso conhecimento é socialmente estruturado e transmitido desde o
                   primeiro dia de nossas vidas, é colorido por valores, motivações e normas de
                   nosso ambiente social na fase adulta e as idéias, conhecimentos e
                   representações são criadas e recriadas tanto ao nível social quanto individual.


Dessa forma o autor nos faz compreender que a dimensão social considera o
conhecimento como algo inevitavelmente e profundamente social. Assim, não é todo
e qualquer tipo de conhecimento que pode ser considerando como representação
social, é considerado somente aquele que faz parte do cotidiano das pessoas, como
por exemplo, o senso comum que é uma elaboração social, é uma forma de
interpretação, uma forma de pensar e agir sobre determinada realidade.


A vida cotidiana é um mundo intersubjetivo, pois o mundo de cada indivíduo
participa junto com a dos outros indivíduos, essa participação se dá na medida que o
19



mundo compartilha atitudes naturais em relação ao mundo. Sobre isso Berger (1985,
p.23) afirma:
                     ...o mundo cultural não é só produzido pelo coletivamente, como também
                     permanece real em virtude do conhecimento coletivo. Estar na cultura
                     significa compartilhar com os outros de um mundo particular de
                     objetividades.



É por meio da sociedade, da interação e das realizações pessoais que o indivíduo
expressa sua subjetividade. Ao compartilhar sua intersubjetividade ele passa a ter
certeza da realidade vivida, e diferencia essa realidade vivida com outros tipos de
realidades na qual ele tem consciência.


A partir disso é que as representações sociais vêm surgindo, elas são construídas
por processos sócio-cognitivos, pois está diretamente ligada com a vida cotidiana
influenciando os comportamentos e a comunicação. Por isso ela é considerada
como um sistema de interpretações da realidade, na qual organiza as relações dos
indivíduos com o mundo e orienta as condutas e o comportamento no meio social.
Assim vem nos dizer Moscovici (2003, p. 251) que a “representação social é
compreendida como a elaboração de um objeto social pela comunidade com o
propósito de conduzir-se e comunicar-se”.


As representações sociais são elementos simbólicos, sendo expressa pelos homens
através de palavras e de gestos. No caso da primeira é utilizado a linguagem oral ou
escrita, os indivíduos explicitam suas idéias, o que pensam, suas opiniões, suas
expectativas. É importante analisar o contexto no qual o indivíduo está inserido, pois
as representações sociais são construídas historicamente e tem uma ligação com os
diferentes grupos socioeconômicos, culturais e étnicos que são refletidas nas
práticas sociais. Completando Mazzotti (2002, p.7) afirma:


                     Sujeito e objeto não são funcionalmente distintos, eles formam um conjunto
                     indissociável. Isso quer dizer que um objeto não existe por si mesmo, mas
                     apenas em relação a um sujeito (indivíduo ou grupo); é a relação sujeito-
                     objeto que determina o próprio objeto. Ao formar sua representação de um
                     objeto, o sujeito, de certa forma, o constitui, o reconstrói em seu sistema
                     cognitivo, de modo a adequá-lo a seus sistemas de valores, o qual por sua
                     vez, depende de sua história e do contexto social e ideológico no qual está
                     inserido.
20



É por meio das Representações Sociais das crianças em estudo, compreendermos
como vem acontecendo a formação desses sujeitos em relação a educação
ambiental. Assim, podemos parafrasear Leontiev (1978) ao afirmar que as
representações sociais nada mais são do que comportamentos em miniatura,
indicando os reflexos das práticas cotidianas.


2.2 Meio Ambiente: o que é?


Meio Ambiente é o conjunto de condições naturais que atuam sobre seres vivos.
Conjunto de elementos naturais e sociais que se inter-relacionam em lugar e tempo
determinados. Considerando-se que a Biosfera possui apenas duas organizações
fundamentais (os ecossistemas da natureza e os sistemas culturais das sociedades
humanas) que se comportam de modo diferente, o Ambiente é o resultado das
relações entre essas duas organizações.


Vivemos nos últimos anos os problemas ligados a relação sociedade e Meio
Ambiente. Para Lima (1999, p. 1):


                      A questão ambiental, neste sentido, define, justamente, o conjunto de
                      contradições resultantes das interações internas ao sistema social e deste
                      com o meio envolvente. São situações marcadas pelo conflito, esgotamento
                      e destrutividade que se expressam: nos limites materiais ao crescimento
                      econômico exponencial; na expansão urbana e demográfica;[...];no
                      crescimento acentuado das desigualdades sócio-econômicas intra e
                      internacionais, que alimentam e tornam crônicos os processos de exclusão
                      social; no avanço do desemprego estrutural; na perda da biodiversidade e
                      na contaminação crescente dos ecossistemas terrestres, entre outros.


Percebemos que o Ambiente compõe-se na diversidade e nas relações que se
produzem em diversos espaços, ele se faz e se refaz a cada instante. É necessário
um debate sobre a relação do meio ambiente e educação, sendo norteada pelas
analises críticas das propostas educacionais relacionadas ao Meio Ambiente. Pois,
todos nós somos responsáveis pela produção da vida no planeta.


Estabelecer uma Educação Ambiental que seja crítica e inovadora não é fácil, pois
ela deve ser um ato político diretamente ligado as transformações sociais. Reigota
(2002, p. 62) ressalta:
21


                     A Educação Ambiental como educação política está empenhada na
                     formação de cidadão nacional, continental e planetário, baseando-se no
                     diálogo de cultura e de conhecimento entre povos, geração e gênero.



Sorrentino (1995, p.87) acredita que:


                     O objetivo da Educação Ambiental é o de contribuir para a conservação da
                     biodiversidade, para a auto-realização individual e a comunitária e para a
                     autogestão política e econômica, através de processos educativos que
                     promovam a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.


Assim, é preciso se ter muita atenção às questões relevantes que estão sendo
discutidas no contexto educacional e em especial, no da Educação Ambiental,
porque é preciso refletir criticamente sobre as soluções acerca dos problemas
ambientais, pois poderá fortalecer as desigualdades sociais.


2.2.1 Legislação, Educação e Meio Ambiente


Como foi explicitado no primeiro capítulo deste trabalho de pesquisa sobre o que a
Constituição Federal estabelece em relação a Educação Ambiental em seu artigo
225 quando institui a Política Nacional do Meio Ambiente delegando ao Poder
Público: “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Diante desse
contexto a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) de nº 9394/96, conhecida
também como Carta Magna da Educação, em seu artigo 32 nos traz a importância
da Educação Ambiental no Ensino Fundamental:


                     Art. 32 - O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos,
                     obrigatório gratuito na escola pública terá por objetivo a formação básica do
                     cidadão. Mediante:
                     I – O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios
                     básicos o pleno do mínimo da leitura da escrita do cálculo:

                     II – A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político da
                     tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade:
                     III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a
                    aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e
                    valores;
                     IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade
                     humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
22



Norteada pelo artigo 32 da LDB 9394/96, o Ministério da Educação (MEC)
determinou a inclusão do tema Meio Ambiente como tema transversal, pois a
temática ambiental deve está em todas as disciplinas escolares e devem congregar
nas diferentes áreas do conhecimento, realizando assim a interdisciplinaridade.
Sobre isso a LDB 9394/96 afirma:


                        A Educação Ambiental será considerada na concepção dos conteúdos
                        curriculares de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina
                        específica, implicando desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de
                        conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano da vida,
                        da escola e da sociedade.


Em 27 de abril de 1999 o Congresso Nacional decreta e sanciona a Lei de nº 9795,
que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e define em seu capítulo I no
Art. 1º que:


                        Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
                        indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
                        habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
                        ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
                        e sua sustentabilidade.


Em seu Art. 2º, ressalta que: “A educação ambiental é um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-
formal.” Desta forma, é necessário práticas pedagógicas associadas e duráveis em
todos os níveis da educação.


2.2.2 As crianças e o Meio Ambiente


A educação infantil é uma etapa muito importante para a formação humana, pois é
na infância que acontecem os primeiros contatos sociais, formando o sujeito
histórico e social, construindo e transformando a sua realidade. Dessa forma Kramer
(2005, p. 33) relata:


                        Estudos contemporâneos sobre infância enfatizam que a criança é um
                        sujeito social, que possui historia e que, além disso, é produtora e
                        reprodutora do meio no qual está inserida, atuando, portanto como
                        produtora de história e cultura.
23



Considerando a importância da escola na vida das crianças, e frente à necessidade
de construção de uma nova visão de Meio Ambiente, percebemos a escola como
meio de produção social realizada por sujeitos que fazem e refazem sua história de
vida e cultura. Levando em conta suas diversidades , seu contexto social, cultural e
ecológico.


O desafio, agora, é educar as crianças nesta nova perspectiva. É preciso que elas
aprendam a preservá-lo. Isto implica em rever as concepções de conhecimento que
são adquiridas em alguns meios escolares sobre o cuidado com o Meio Ambiente.
Talamoni & Sampaio (2003, p. 11) afirma:


                     A educação ambiental não se restringe ao ensino de ecologia e ao ensino
                     de ciências, e também não se caracteriza como um “doutrinamento” para
                     modificar comportamentos ambientais predatórios. O que temos hoje, por
                     parte daqueles que têm uma concepção mais crítica de educação ambiental
                     é a idéia de que ela é um processo de construção da relação humana com o
                     ambiente onde os princípios da responsabilidade, da autonomia, da
                     democracia, entre outros, estejam sempre presentes.


Para Guimarães (2004) as práticas pedagógicas de Educação Ambiental devem
superar a simples transmissão de conhecimentos. Nessa perspectiva a educação
escolar tem um sentido mais amplo, está comprometida em abranger outras
dimensões humanas, busca novos valores, assegura a qualidade de vida e perpassa
o compromisso somente com a transmissão de conhecimentos técnicos.


2.3 Aluno e Professor: uma relação necessária para o desenvolvimento


O fenômeno educativo é complexo e abrange diversas características que quando
interelacionadas colaboram para a construção do processo ensino aprendizagem.
Para o sucesso do aluno na vida estudantil é de fundamental importância a relação
aluno-professor. Assim, Hilal (1995, p.19) nos diz que: “O primeiro professor de uma
criança tem muito grande importância na atitude futura desse educando, não só
durante a sua fase de aprendizagem, mas na sua relação com os sucessivos
professores”.


É dentro da escola que ocorre um maior contato humano entre pessoas que
pensam, agem e têm sentimentos. Por isso é necessário que haja um respeito
24



mútuo entre aluno e professor garantindo assim, um bom relacionamento que com o
passar do tempo vai desenvolvendo a confiança.


É por meio dos conhecimentos trocados, do respeito, que aluno e professor
desenvolvem a curiosidade, a criatividade e a ética. Dessa forma, conhecendo o dia-
a-dia do aluno, as dificuldades enfrentadas por eles, os conhecimentos prévios que
eles trazem consigo permitem que o professor aprimore sua prática. E Libâneo
(1994, p.250) vem ressaltar que:


                     O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas
                     também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que
                     aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho
                     docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos
                     mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades
                     que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para
                     diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.



Essa relação estabelecida entre professores e alunos é o centro do processo
pedagógico. Não se pode separar a realidade escolar da realidade de mundo
vivenciada pelos alunos, essa relação é uma "rua de mão dupla", pois professores e
alunos podem ensinar e aprender através de suas experiências.


A educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental
e agregação de valores numa pessoa. Mas é preciso não limitar o estudo em relação
comportamento do professor com resultados dos alunos. É preciso apresentar os
processos construtivos como mediadores para superar as limitações do paradigma
processo-produto. Sobre isso Gadotti (1999, p.2) nos afirma:


                     O educador para por em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição
                     de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe
                     tudo; reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento
                     mais importante: o da vida.


Na medida em que o aluno sente-se responsável pelas suas atitudes e motivação
em sala de aula, para ele, o “aprender” torna-se prazeroso. Aprender é aprender
com alguém. Esse alguém precisa ter uma importância especial para despertar no
aluno prazer e desejo de pensar e aprender. Compete ao professor compreender e
respeitar o aluno como um ser capaz de criar e recriar.
25



Mizukami (1986, p.53) vem nos trazer uma abordagem humanista do professor
como facilitador da aprendizagem, que está sempre aberto às novas experiências,
quando nos diz que: “ As qualidades do professor (facilitador) podem ser
sistematizadas em autenticidade, compreensão empática – compreensão da
conduta do outro a partir do referencial desse outro – e o apreço (aceitação e
confiança em relação ao aluno).


Isso nos faz perceber que a responsabilidade do “aprender” está ligada também ao
aluno, pois aquilo que for mais significativo é absorvido melhor por ele.
Conseqüentemente, o processo de ensino depende da capacidade individual de
cada professor, de sua aceitação e compreensão e do relacionamento com seus
alunos.
26



                                    CAPÍTULO III


3. METODOLOGIA


Abordaremos aqui neste capítulo a metodologia utilizada para a realização da
presente pesquisa, que tem como objetivo identificar como os alunos da 3ª e 4ª série
representam o Meio Ambiente, analisando a maneira como esta temática está
abordada no ambiente escolar. Como também, o lócus de pesquisa, os sujeitos e o
procedimento de coleta de dados.


Severino (2002, p.82) nos fala que: “qualquer pesquisa em qualquer nível exige do
pesquisador um envolvimento tal, que seu objetivo de investigação passa a fazer
parte de sua vida”. Esta afirmação nos leva a entender que a pesquisa qualitativa é
pessoal, mostra o perfil do pesquisador, a relação que ele tem com o objeto de
estudo, isso porque trabalha com valores, atitudes, representações sociais, crenças,
opiniões.


3.1 Definição da Linha Metodológica


Os procedimentos aqui utilizados foram orientados à luz da pesquisa qualitativa,
uma vez que propõe identificar como os alunos do Ensino Fundamental representam
o Meio Ambiente. E os sujeitos investigados respondem conforme sua perspectiva
pessoal e expressam-se livremente.
Compreendemos a pesquisa qualitativa que segundo Bogdan e Biklen (1982), apud
Lüdke (1986, p.13):


                      Pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no
                      contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o
                      processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos
                      participantes.


Compreende-se     que    a   pesquisa     qualitativa   está   diretamente     ligada    com
procedimentos como observações, entrevistas, questionários e interpretações,
permitindo uma interferência subjetiva e confrontando a teoria com a realidade que
foi observada.
27



Como enfatiza Lüdke (1986, p.11) a pesquisa qualitativa


                      (...) tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador
                      como seu principal instrumento. [...] a pesquisa qualitativa supõe o contato
                      direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está
                      sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo.


É neste tipo de pesquisa que o significado é uma das preocupações essenciais do
pesquisador.


3.2 Lócus e sujeitos da pesquisa


A pesquisa foi realizada na Escola Montessoriana da rede particular de ensino do
município de Senhor do Bonfim – BA. A escola recebe crianças da Educação Infantil
a 4ª série do ensino Fundamental, o turno de funcionamento é o vespertino, o
método de trabalho é o agrupamento, ou seja, 3ª e 4ª série juntas totalizando 12
alunos.


A escolha da Escola Montessoriana foi devido a alguns princípios fundamentais que
norteiam o Sistema Montessori, que são: a atividade, a individualidade e a liberdade.
Enfatiza os aspectos biológicos, pois considera que a vida é desenvolvimento.
Acredita que estímulos externos formam o espírito da criança, precisando, portanto
ser determinados. Na sala de aula a criança é livre para agir sobre os objetos
sujeitos à sua ação, mas estes já estão preestabelecidos como conjuntos de jogos e
outros tipos de materiais.


O nosso lócus apresenta uma quantidade pequena de alunos. Este foi um aspecto
que nos conduziu a optar por 12 alunos dos agrupamentos I e II (3ª e 4ª série) da
escola em questão, sendo 8 na 3ª série e 4 da 4ª série com faixa etária é de 8 a 10
anos.


3.3 Instrumentos de coleta de dados


Para que o objetivo de estudo fosse alcançado, principalmente por se tratar de uma
abordagem qualitativa, foram utilizados como instrumento de coleta de dados os
28



mapas mentais que são elaborações mentais construídas socialmente. A priori foi
entregue à direção da escola um ofício solicitando a liberação para a pesquisa, foi
feito também um acordo com os professores para a execução das observações,
aplicação dos mapas mentais.


3.3.1 Mapas mentais


Outro instrumento utilizado para identificar as representações sociais que as
crianças têm sobre Meio Ambiente foi o mapa mental. Instrumento este, que permite
expressar parcialmente através        da linguagem pictográfica e escrita suas
representações de Meio Ambiente. Para Petchenik (1995, p.27): “[...] o termo mapa
mental parece oferecer muito mais, soa como se tivesse referência com a soma total
de todo conhecimento espacial que qualquer indivíduo carrega consigo na forma de
conhecimento tácito e imagens espaciais potenciais”.


Assim, o mapa mental tem o objetivo de avaliar o nível da consciência espacial dos
alunos buscando entender a compreensão do lugar em que vivem. É a partir deste
instrumento de coleta de dados que podemos perceber valores que são “pré-
desenvolvidos” pelos alunos considerando a imagem que eles têm do seu lugar.


Di Leo (1985) acredita que a interpretação do desenho infantil não foge da realidade
e do contexto da criança, pois o desenho como símbolo depende da cultura em que
a criança está inserido como também de sua própria história pessoal. Segundo
Frémont (1999), apud Machado (2007, p.69):


                     O espaço vivido parece assim construído de uma compactação de estratos
                     sucessivos que acumulam, se espremem, se esmigalham, se esquecem
                     mais ou menos... Esta estratificação comporta evidentemente componentes
                     pessoais, próprio a cada indivíduo, as suas qualidades e virtualidades
                     específicas, mas ela se insere também em um sistema de contingências em
                     que o casamento, o trabalho, o serviço militar, as migrações revelam
                     bastante as referências, tanto de ordem econômica como social.


Para Morin (2001) essas experiências criam significados no pensamento objetivo e
subjetivo do indivíduo. Percebemos então que o processo de desenvolvimento metal
é realizado por etapas, está associado com as etapas do desenvolvimento mental do
homem. A percepção de cada indivíduo é reflexo das experiências e do meio onde
29



adquire as informações. Derdyk (1989) percebe o desenho como um importante
meio de comunicação e, por meio dele, a criança representa a qualidade do
ambiente em que vive.


Durante a aplicação dos mapas mentais entregamos uma folha de oficio e lápis de
cor para as crianças e solicitamos que os sujeitos expressassem por meio de
desenhos imagens que representassem Meio Ambiente.
30



                                 CAPÍTULO IV


4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS


Mesmo sendo essa pesquisa de caráter qualitativo, todas as identidades dos
sujeitos foram preservadas. Identificamos por meio de desenhos e palavras as
representações sociais dos alunos sobre Meio Ambiente. Para avaliar as relações
entre os dados obtidos e a questão de pesquisa apresentaremos aqui neste capítulo
as análises e interpretações, tomando como norte a fundamentação teórica.


Para que os dados fossem coletados foram distribuídas duas folhas de ofício para
cada aluno e solicitado que em uma das fosse feito um desenho e na outra folha que
escrevessem quatro palavras que pra eles representavam o Meio Ambiente. Estes
dados foram elementos indispensáveis para nossa análise e discussão a cerca das
representações sociais do meio ambiente.


Os resultados são apresentados por categorias, primeiro o perfil dos sujeitos e
segundo as Representações Sociais dos alunos a respeito do meio ambiente.


4.1 Análise e interpretação dos dados por meio das representações sociais de
Meio Ambiente


Sendo nossos sujeitos os 12 alunos, é importante destacar que no dia da coleta de
dados encontravam-se somente 8 alunos.


4.1.1 O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística


Compreender a realidade e a dimensão de como as crianças representam o Meio
Ambiente, foi o objetivo central desta pesquisa. Escolhemos o mapa mental como
um instrumento metodológico, porque acreditamos que ele é capaz de nos dá
subsídios para interpretar as representações dos alunos por meio dos desenhos.
31



Escolhemos o desenho como instrumento para coletar os dados, pois consideramos
pertinentes e de grande riqueza, eles representam uma influência do seu
pensamento simbólico, traz uma relação de identidade com o que representa
concretamente, ou seja, expressa de uma forma significativa o seu cotidiano, suas
vivências e sua realidade ambiental. Para Morin (2001, p.173) essa presença
concreta “tece uma teia de significados do pensamento objetivo e subjetivo”.


Identificamos que dentro do universo pesquisado 75% dos mapas mentais ilustrados
pelos sujeitos expressam uma representação holística do Meio Ambiente conforme
figuras a seguir.




   FIGURA 01: O Meio Ambiente em uma        FIGURA 02: O Meio Ambiente em uma
   perspectiva Holística 1                  perspectiva Holística 2
   FONTE: Mapas mentais aplicados aos       FONTE: Mapas mentais aplicados aos
   sujeitos                                 sujeitos



Essas imagens demonstram representações sociais que trazem visões completas de
Meio Ambiente, reafirmam uma representação de ser e fazer parte desse meio
ecológico. O homem é percebido como parte dos elementos que compõem o
Planeta Terra.
32



Os pensamentos das crianças são representados aqui nesta pesquisa por meio dos
desenhos, por meio deles a criança expressa sua visão de mundo, seus valores e
sua cultura. É através destes desenhos, que nós educadores precisamos interpretar
as preocupações e sentimentos dos alunos que muitas vezes se expressam mais
pelos desenhos do que com as palavras. Derdyk (1989) nos diz que, o desenho é
um importante meio de comunicação e representação da criança sobre a qualidade
do ambiente em que vive e interage, apresentando-se como uma atividade
fundamental para compartilhar experiências infantis.


As crianças demonstram por meio de suas representações sociais que o homem
além de esta contido no Meio Ambiente, de ser um dos elementos que compõem o
Planeta Terra ele é um ser atuante nesse meio e capaz de refletir sobre suas
próprias ações. Eis as imagens:




  FIGURA 03: O Meio Ambiente em uma perspectiva
  Holística 3
  FONTE: Mapas mentais aplicados aos sujeitos     FIGURA 01: O Meio Ambiente em
                                                  uma perspectiva Holística 1
                                                  FONTE: Mapas mentais aplicados
                                                  aos sujeitos



As crianças representam reflexões sobre a convivência agressiva do homem com o
Meio Ambiente a partir do momento que ela expressa a frase: “A Terra pede
Socorro”. Essas agressões estão cada vez mais intensa devido ao crescimento
33



desordenado do capitalismo, no qual os líderes políticos não fazem questão de
reconhecer esse problema. Capra (2006, p. 24) afirma que “nossos líderes políticos
não só deixaram de reconhecer como diferentes problemas estão inter-relacionados;
eles também se recusam a reconhecer como as suas chamadas soluções afetam as
gerações futuras”.
Existem também reflexões sobre a convivência harmônica com o Meio Ambiente. O
cuidado que devemos ter em “jogar o lixo no lixo”, de preservar o ambiente limpo.
Isso é imagem dos conhecimentos adquiridos pelos alunos na sociedade como um
todo (sala de aula, família, igreja). O aluno é um ser que busca constantemente o
conhecimento em vários momentos de sua vida para poder utilizá-los em sua
prática. Sendo assim Becker (1993, p. 52) ressalta que:


                     O conhecimento é a capacidade de aprender algo e usar depois; é quando
                     o aluno incorpora o conteúdo e consegue manipular os dados. O
                     conhecimento ou conteúdo é, num primeiro momento, incorporado e, e num
                     segundo momento, vivenciado. Ora, o conhecimento especificamente os
                     conceitos que constituem a própria arquitetura do pensamento, é vivenciado
                     ao ser construído; construção e vivência são duas faces do mesmo evento.


As representações sociais das crianças no permite inferir que elas já conseguem
perceber o homem como alguém que age sobre este meio e que para cada ação do
homem corresponde sempre uma reação do ambiente. A criança consegue
perceber-se enquanto Meio Ambiente e como sujeito integrante desta teia.


O papel do professor é muito importante para despertar na criança esta visão
holística do Meio Ambiente. A compreensão que os professores têm a cerca de Meio
Ambiente é fundamental para que suas práticas pedagógicas sejam pautadas no
seu conhecimento e no que acredita de forma a adequá-las aos conhecimentos já
trazidos pelos alunos . Partindo dessa premissa os conhecimentos transmitidos para
as crianças devem ter uma linguagem adequada para que haja uma compreensão
de como conviver com a sociedade e o Meio Ambiente de forma harmônica.


É imperativo que a Educação Ambiental seja abordada de uma forma holística, vista
em sua totalidade, percebendo-nos como integrante desse processo. Hoje diante
das catástrofes mundiais que é resultado da irresponsabilidade do pensamento
hegemônico predominante, sofremos conseqüências talvez irreversíveis. O que nos
34



impulsiona a refletir para uma convivência harmônica entre o social- cultural e
ambiental. Reigota (1994,p. 14) ressalta que:


                     Educação ambiental é uma proposta que altera profundamente a educação
                     como a conhecemos, não sendo necessariamente uma prática pedagógica
                     voltada para a transmissão de conhecimentos sobre ecologia. Trata-se de
                     uma educação que visa não só à utilização racional dos recursos naturais,
                     mas basicamente à participação dos cidadãos nas discussões e decisões
                     sobre a questão ambiental.


“A Educação Ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na
conscientização, mudanças de comportamento, desenvolvimento de competência,
capacidade de avaliação e participação dos educandos” (REIGOTA, 1994). Por isso,
percebemos a importância de desenvolver essa pesquisa com as crianças, pois
acreditamos que elas são sujeitos capazes de desenvolver seu potencial crítico
pautado numa visão global, se percebendo parte essencial desse meio ambiente.


4.2.2 O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista


Constatamos também que 25% das representações sociais das crianças tinham
uma visão conservacionista de Meio Ambiente, ou seja, é voltado apenas para o
ambiente natural. Há uma dicotomia entre homem e natureza, as crianças não
demonstram nenhum traço social de ser parte integrante da natureza.


O desenho espontâneo é uma comunicação visual tornando-se uma fonte de dados
importantes para validar o estudo em questão. As representações de vida nessa
categoria foi representada por meio de desenhos como água, floresta, as flores, a
árvore, frutos, terra, as nuvens. A visão que a criança tem é de que o homem é um
elemento à parte do Meio Ambiente, reafirma assim, a dicotomia entre homem e
natureza.


Di Leo (1985, p.18) acredita que a interpretação do desenho infantil não foge da
realidade e do contexto da criança, pois o desenho como símbolo depende da
cultura em que a criança está inserido como também de sua própria história pessoal:


                     Assim como o conteúdo manifesto em um sonho torna-se significativo,
                     quando relacionado com as associações pessoais de quem sonha, assim
35


                       também os símbolos, conscientes ou inconscientemente desenhados,
                       encontram significado apenas quando vistos no contexto da história pessoal
                       do desenhista.
Vejamos alguns desenhos:




                                       FIGURA 05: O Meio Ambiente em uma perspectiva
                                       Conservacionista 2
                                       FONTE: Mapas mentais aplicados aos sujeitos
 FIGURA 05: O Meio Ambiente em
 uma perspectiva Conservacionista 1
 FONTE: Mapas mentais aplicados
 aos sujeitos



A harmonia entre as árvores, os frutos, os bichos, a água que é representada pelo
rio, o Sol não inclui o homem, o que por sua vez, nos permiti inferir que o mesmo
está longe de pertencer a este ambiente.


Acreditamos que estes alunos ainda tenham uma visão basicamente naturalista, na
relação natureza – homem, o ser humano não esta incluído. Segundo Guimarães
(2004) a formação básica dos educadores, em sua maioria, é pautada nesta visão
desarmônica entre, sociedade, homem e natureza. Sobre o objetivo da Educação
Ambiental, Sorrentino (1995, p. 87) afirma:


                       O objetivo da Educação Ambiental é o de contribuir para a conservação da
                       biodiversidade, para a auto-realização individual e a comunitária e para a
                       autogestão política e econômica, através de processos educativos que
                       promovam a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.
36



Precisamos refletir melhor sobre como a Educação Ambiental é ministradas nas
escolas. Reigota (1994) ressalta a necessidade de se conhecer as percepções das
pessoas envolvidas nas atividades.
Para Guimarães (2004) as práticas pedagógicas de Educação Ambiental devem
superar a mera transmissão de conhecimentos ecologicamente corretos e as ações
de sensibilização, ou seja, devem oferecer meios para que os alunos compreendam
os fenômenos naturais, as ações de cada indivíduo e suas conseqüências.
37



                           CONSIDERAÇÕES FINAIS


A busca como compreender as Representações Sociais que os Alunos da Escola
Montessoriana do Município de Senhor do Bonfim têm sobre Meio Ambiente, foi o
objetivo que norteou este trabalho.


Buscamos esta compreensão de uma forma holística, envolvendo o social,
econômico, político e cultural. Constatamos que 25% dos alunos ainda apresentam
esta concepção reduzida, mas em sua grande maioria (75%), as crianças já
demonstram a percepção de que fazem parte desse ambiente. E que são pessoas
capazes de agir sobre o mesmo.


Sabemos que o processo de desenvolvimento mental é realizado por etapas, dessa
forma, cada criança representou por meio de desenhos e palavras os significados de
suas experiências e dos conhecimentos adquiridos no cotidiano. Isto nos permite
inferir que a responsabilidade de preocupação com o Meio Ambiente não é somente
da   escola,   mas    da    sociedade   em    geral.   Sendo      assim,   a   cultura
naturalista/conservacionista de Meio Ambiente precisa ser trabalhada de uma forma
mais intensa, não somente em sala de aula, pois a criança e envolvida por cultura e
valores que são adquiridos, em sua maior parte, fora da escola.


A questão ambiental perpassa a relação do homem com o Meio Ambiente, pois para
que termos uma qualidade de vida hoje e as gerações futuras sejam contempladas é
preciso refletir também sobre nossos costumes e hábitos para com o Meio
Ambiente.


Ao acreditar que nós, sujeitos do processo educativo, somos conscientes e
inacabados percebemos que o ato de ensinar e aprender é inacabado. Foi notória a
preocupação que a educadora tem sobre a questão Ambiental, pois percebemos
que a maioria dos alunos percebe-se como Meio Ambiente e não limitando-se
somente ao natural.
38



Para que melhor entendamos a questão Ambiental de uma forma sistêmica, é
necessário que a Educação Ambiental seja trabalhada de uma forma interdisciplinar,
para que possamos acabar com a visão de Meio Ambiente reducionista, conhecendo
que o papel da Educação Ambiental é de suma importância para o crescimento de
uma nova mentalidade, de um novo paradigma de desenvolvimento social,
econômico e político, segundo o que estabelece o artigo 225 da Constituição
Federal.


Queremos que este trabalho seja mais um instrumento que desperte em todos, que
são ligados a educação, uma reflexão voltada para a importância da Educação
Ambiental em nossas escolas. Recomendamos que a Educação Ambiental seja
trabalhada em sua totalidade de forma interdisciplinar, e que através de suas
práticas pedagógicas promovam mudanças de comportamento em nossos alunos,
uma vez que acreditamos que os educandos de hoje representam potencialmente
um poder para refletir e modificar as políticas públicas do nosso país.
39



                                REFERÊNCIAS



BAKHTIN,M. Marxismo e Filosofa da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

BECKER, Fernando. A epistemologia do professor: o cotidiano da escola.
Petrópolis. RJ: Vozes, 1993.

BERGER, P. L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da
religião. São Paulo: Edições Paulinas, 1985, p. 23.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33.ª ed. São Paulo: Brasiliense,
1995. (Coleção primeiros passos).

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Lei nº. 9.795 de 27 de abril de
1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, n. 79, 28 abr. 1999.

BRASIL. Secretaria de Educação Ambiental. Parâmetros Curriculares nacionais:
meio ambiente e saúde. Brasília. 1997. v 9.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC / SEF,
1998.

CAPRA, Fritjof. . A teia da vida: uma nova compreensão cientifica dos sistemas
vivos. São Paulo: Cultrix, 2006.

CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do
sujeito ecológico. São Paulo: 2004.

DERDYK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo
infantil. São Paulo: Scipione, 1989.

Di LEO, J. H. A interpretação do desenho infantil. Porto Alegre: Artes Médicas,
1985

DURKHEIM, E. “As Regras do Método Sociológico”. Pensadores. São Paulo:
Abril, 1978

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FRANCO, Maria Amélia Santoro. A Pedagogia para além dos confrontos. Síntese
da Conferência proferida no Fórum de Educação Pedagogo, que profissional é
esse? Belo Horizonte, setembro de 2002. [on-line] Disponível na internet:
<http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=
40



325:a-pedagogia-para-alem-dos-confrontos&catid=4:educacao&Itemid=15>      Acesso
em: 07 Julho 2009.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

GADOTTI, M.. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999.

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Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente. Florianópolis, 1990, p.125-
146.

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2004.

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para o debate”. Ambiente e Sociedade, NEPAM/ UNICAMP, Campinas, ano II,
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pedagógica à cidadania. São Paulo: Escrituras Editora, 2003.

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  • 1. 0 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM-BA PEDAGOGIA 2004.1 ELOÁ SALGADO DE CARVALHO RELAÇÃO AMBIENTE-PESSOA, EU FAÇO PARTE? REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE SENHOR DO BONFIM – BA 2010
  • 2. 1 ELOÁ SALGADO DE CARVALHO RELAÇÃO AMBIENTE-PESSOA, EU FAÇO PARTE? REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE Monografia apresentada como pré- requisito para conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos Educativos, Departamento de Educação Campus VII da Universidade do Estado da Bahia. SENHOR DO BONFIM – BA 2010
  • 3. 2 ELOÁ SALGADO DE CARVALHO RELAÇÃO AMBIENTE-PESSOA, EU FAÇO PARTE? REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE Aprovada em _______ de ___________de 2010 BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Prof. Avaliador _________________________________________________ Prof . Avaliadora _________________________________________________ Profª. Zózina Maria Rocha de Almeida (Orientadora)
  • 4. 3 Dedico este trabalho a Deus por ter me dado força e sabedoria para realizá-lo. Aos meus pais amados que encorajou-me na tentativa de incentivar e dizer que não estou só. Dedico mais essa vitória a cada um, pois se hoje sou vencedora é porque tive a compreensão, o apoio e o amor de vocês – presenças constantes em minha vida.
  • 5. 4 AGRADECIMENTOS Aos familiares: Que compartilharam meus ideais e me alimentaram, incentivando-me a prosseguir a jornada. A vocês mesmo que distantes, mantiveram-se sempre ao meu lado, agradeço por todo carinho dedicado. Aos mestres: Aqueles que transmitiram seus conhecimentos e experiências, profissionais e de vida com dedicação e carinho, aqueles que guiaram para além das teorias, das filosofias e das técnicas, expresso o meu respeito diante do que foi oferecido. A minha orientadora, professora Zózina: Meu carinho e gratidão a você que soube, além do conhecimento, transmitir sua alegria, experiência e apoiar em minhas dificuldades. E ao profº Adson Bastos que iniciou esse trabalho comigo, mas que por vontade do destino não permitiu que concluíssemos juntos. Obrigada por acreditarem e mim! As amigas Saibam meninas que vocês foram um apoio na conclusão dessa monografia. Agradeço pela palavra amiga, pelo silêncio que me confortou, pelo ombro que me consolou e me fez perceber cada desafio de uma forma diferente. E de modo especial a minha amiga-irmã Fabrise, que na reta final foi essencial, as tardes de domingos em frete ao computador, as noites mal dormidas, obrigada por tudo! Aos amigos de trabalho
  • 6. 5 Obrigada a todos que várias vezes viram meu sofrimento na construção desse trabalho, em especial ao meu gerente Rigoberto Gomes pela compreensão e pelas liberações sempre que necessária. Vocês são a minha segunda família!
  • 7. 6 “... A natureza é o corpo humano, isto é, a natureza, na medida que ela própria não é corpo humano. ‘O homem vive na natureza, significa que a natureza é o seu corpo’, com o qual ele vive deve permanecer em contínuo intercurso se não quiser morrer. Que a vida física e espiritual do homem está vinculada à natureza significa, simplesmente, que a natureza está vinculada a si mesma, pois o homem é parte da natureza”. Capra
  • 8. 7 RESUMO A educação ambiental é de fundamental importância, principalmente para as crianças, pois é na infância que a criança começa a elaborar “seu mundo”, ela começa a construir seus valores e costumes. A escola é uma forte aliada para demonstrar e incentivar as crianças não somente nas aulas práticas, como também nas questões ambientais. O contato direto com o meio ambiente ajuda na formação das crianças, pois coloca-as diante da situação. O presente trabalho foi realizado na Escola Montessoriano, localizada na cidade de Senhor do Bonfim – Ba e teve como objetivo, identificar as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série da escola Montessoriano têm sobre meio ambiente. O trabalho foi desenvolvido com crianças cuja faixa etária era de 8 a 10 anos. Para nortear nosso trabalho tivemos como referência alguns autores como: Reigota (1995), Machado (2007), Freire (1981), Gadotti (1999), Libâneo (2004), entre outros. Adotamos uma metodologia qualitativa e nossos instrumentos de coletas de dados foram as observações participantes e os mapas mentais. Por meio desses instrumentos e com os teóricos utilizados em nossa fundamentação, pudemos fazer as análises e interpretação dos dados. Os resultados do estudo apontam que do universo pesquisado 75% das crianças têm uma visão holística do Meio Ambiente, isso significa dizer que a Educação Ambiental na escola pesquisada é trabalhada de uma forma interdisciplinar, na qual a visão de meio ambiente reducionista não se faz tão presente. Nossa pretensão é que estudos dessa natureza despertem em todos que são ligados a educação, uma reflexão voltada para a importância da Educação Ambiental em nossas escolas. Que deve ser trabalhada em sua totalidade de forma interdisciplinar, e por meio de suas práticas pedagógicas promovam mudanças de comportamento em nossos alunos que apresentam potencial para intensificar mudanças em nossa sociedade ampliando a consciência de preservação com os valores futuros. Palavras - chave: Representação Social, Meio Ambiente e Criança.
  • 9. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10 CAPÍTULO I ........................................................................................................ 11 1 - Meio Ambiente e Educação Ambiental: atores e práticas educativas ........ 11 CAPÍTULO II ....................................................................................................... 17 2 - Fundamentação Teórica .............................................................................. 17 2.1 – Representação Social: o que é? ............................................................ 17 2.1.1 – Representação Social: um meio de expressão .................................. 18 2.2 – Meio Ambiente: o que é? ....................................................................... 20 2.2.1 – Legislação, Educação e Meio Ambiente ............................................. 21 2.2.2 – As crianças e o meio Ambiente ........................................................... 22 2.3 – Alunos e Professores: uma relação necessária para o desenvolvimento ................................................................................................. 23 CAPÍTULO III ...................................................................................................... 26 3 – Metodologia ................................................................................................ 26 3.1 – Definição da Linha Metodológica .......................................................... 26 3.2 – Lócus e Sujeitos da pesquisa ................................................................ 27 3.3 – Instrumentos de Coletas de Dados ....................................................... 27 3.3.1 – Mapas Mentais ................................................................................... 28 CAPÍTULO IV ..................................................................................................... 30 4 – Análise e interpretação dos dados ............................................................. 30 4.1 – Análise e interpretação dos dados por meio das Representações Sociais de Meio Ambiente ................................................................................. 30 4.1.1 – O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística ................................ 30 4.1.2 – O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista ................... 34 5 – Considerações Finais ................................................................................. 37 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 39
  • 10. 9 LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 1 ........................... 31 FIGURA 02: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 2 ........................... 31 FIGURA 03: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 3 ........................... 32 FIGURA 04 O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 4 ............................ 32 FIGURA 05: O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista 1 ............. 35 FIGURA 06: O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista 2 ............. 35
  • 11. 10 INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso é resultado de uma pesquisa realizada na escola Montessoriano, situada na cidade de Senhor do Bonfim – Ba, sendo nosso objetivo identificar as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série da escola Montessoriano têm sobre meio ambiente. Por meio das análises de dados fizemos reflexões embasadas nos teóricos utilizados na fundamentação sobre as representações de Meio Ambiente que as crianças da escola em estudo têm sobre a questão. O trabalho foi dividido em quatro capítulos, são eles: No Capítulo I fizemos uma abordagem problematizando a questão ambiental. Ressaltando que a Educação Ambiental tem por objetivo formar sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele de uma forma crítica e consciente, formando assim, sujeitos ecológicos. No Capítulo II encontra-se a fundamentação teórica, ou seja, o aprofundamento das nossas palavras-chaves que orientou nosso trabalho: Meio Ambiente, Representação Social e Criança. No Capítulo III apresentamos nossa linha metodológica que norteou nossa pesquisa. A pesquisa tem uma abordagem qualitativa e os instrumentos de dados foram as observações participantes e os mapas mentais. No Capítulo IV temos nossas reflexões sobre os dados coletados por meio dos instrumentos citados acima. Trabalhamos nesse capítulo com duas categorias, uma foi a apresentação da tempestade de idéias e a outra a análise dos desenhos. Tendo como ponto de partida nosso objetivo de pesquisa, fundamentadas pelos autores escolhidos e norteadas pelas reflexões que o capítulo IV nos permitiu fazer, elaboramos algumas considerações sobre a dicotomia entre o homem e a natureza.
  • 12. 11 CAPITULO I 1. MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ATORES E PRÁTICAS EDUCATIVAS A Educação é um processo social que acompanha as transformações da atualidade, ela acontece em vários espaços de diversas formas, pode ser institucionalizada ou não. O antropólogo Brandão (1995, p.7) destaca em seus estudos o seguinte conceito sobre o ato de educar: “ Ninguém escapa à educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar”. Sendo assim, a Educação em seu sentido mais geral acontece fora dos muros da escola, é um fenômeno inerente à condição humana. Muitas pessoas quando falam em educação pensam logo na educação escolar. Entretanto, nesse mundo contemporâneo a educação é um processo bem mais amplo, ela acontece em todas as dimensões e prática social. É entendida também como um fenômeno plurifacetado e instrumento de formação/transmissão da cultura humana. Nessa perspectiva Brandão (1995, p.9) mostra quando nos diz que: Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é o seu único praticante. Diante do exposto, percebe-se que a Educação se desenvolve em diversos contextos e isso se configura como processo complexo e multifacetado, no qual modifica a vida das pessoas e interfere nas relações e processos sociais. A exemplo tem-se: educação ambiental, educação rural, educação para o trânsito, educação escolar, educação para o trabalho, entre outros. Franco (2002, p.9) vem nos dizer que a educação deve ser: ... o instrumento por excelência da humanização dos homens em sua convivência social, uma vez que os sujeitos, imersos em sua prática e
  • 13. 12 impregnados das diversas influências educacionais, estão constantemente participando, interagindo, intervindo no seu próprio contexto cultural, requalificando a civilização, para condições que deveriam ser cada vez mais emancipatórias e humanizantes. Libâneo (2004, p.30) ressalta que Educação é: (...) o conjunto de ações, processos, influências, estruturas, que intervém no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. É uma prática que atua na configuração da existência humana individual e grupal, para realizar nos sujeitos humanos as características de ‘ser humano’. Por sua vez, a Educação Ambiental mais do que um modismo revela-se uma necessidade imperiosa, não apenas para garantir a existência humana e da vida em seu conjunto, mas para construir uma sociedade mais harmônica e respeitosa com as demais espécies com o meio que o sustenta. Surge como respostas à preocupação da sociedade com o futuro da vida. Segundo Carvalho (2004, p.45) A Educação Ambiental fomenta sensibilidades afetivas e capacidades cognitivas para uma leitura do mundo do ponto de vista ambiental. Dessa forma, estabelece-se como mediação para múltiplas compreensões da experiência do indivíduo e dos coletivos sociais em suas relações com o ambiente. Esse processo de aprendizagem, por via dessa perspectiva de leitura, dá-se particularmente pela ação do educador como intérprete dos nexos entre sociedade e ambiente e da Educação Ambiental como mediadora na construção social de novas sensibilidades e posturas éticas diante do mundo . Considerando o que nos disse Carvalho (2004), a Educação Ambiental tem como proposta principal superar a oposição entre natureza e sociedade por meio de uma formação de atitudes ecológicas nas pessoas. Tem uma visão socioambiental, ou seja, o ambiente é um espaço de relações culturais, sociais e naturais. Dentro do processo educativo a Educação Ambiental tem por objetivo formar sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele de uma forma crítica e consciente, formando assim, sujeitos ecológicos. Como condição para o processo de aprendizagem, Freire (1981, p.70), também se preocupa com a compreensão natureza e cultura quando afirma:
  • 14. 13 (...) a primeira dimensão desse novo conteúdo com que ajudaríamos o analfabeto, antes ainda de iniciar sua alfabetização (...) seria o conceito antropológico de cultura, isto é, a distinção entre estes dois mundos: o da natureza e o da cultura; o papel ativo do homem na sua realidade e com a sua realidade; o sentido de mediação que tem a natureza para as relações e a comunicação do homem; a cultura como o acréscimo que o homem faz ao mundo que não criou; a cultura como resultado de seu trabalho, de seu esforço criador e recriador. A formação/educação aqui expressa por Freire, pode por sua vez ser pensada como parte da ação humana de transformar a natureza em cultura, dando-lhe sentido e compreendendo o “estar no mundo” e o “participar da vida”. Nesse processo o educador tem um papel fundamental, pois, ele é o mediador, envolvendo com atividades reflexivas, ou seja, provoca novas compreensões, outras leituras de vida e nos faz pensar também sobre nossa ação no mundo. Essa leitura como processo de aprendizagem do mundo e de si mesmo, é uma produção de sentidos que tem como base a interação entre o sujeito e o mundo. As preocupações com o meio ambiente, conforme Capra (2006) adquiriram grande importância. Desde o final do século passado defrontamo-nos com toda uma série de problemas globais que estão danificando a biosfera e a vida humana de uma maneira alarmante e que pode logo se tornar irreversível. Essas preocupações voltam-se para a gravidade da questão ambiental estendendo-se pelos âmbitos sócio-político e econômico. Observa-se que a sociedade capitalista apropriou-se dos recursos naturais de forma insustentável, com uma visão imediatista e fragmentada percebendo somente as vantagens que podem ser usufruídas momentaneamente e esquecendo-se que somos parte da natureza. Sobre isso ressalta Capra (2006, p.24): O reconhecimento de que é necessária uma profunda mudança de percepção e de pensamento para garantir a nossa sobrevivência ainda não atingiu a maioria dos líderes das nossas corporações, nem os administradores e dos professores das nossas grandes universidades. Nossos líderes não só deixam de reconhecer como diferentes problemas estão interelacionados, eles também se recusam a reconhecer como as suas assim chamadas soluções afetam as gerações futuras. Entende-se que é a partir desse ponto de vista sistêmico que surgem as “soluções sustentáveis” juntamente com o conceito de sustentabilidade, que segundo Lester
  • 15. 14 Brown apud Capra (ano 2006 p.24) define que: “uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas das gerações futuras”. Diante disso, é que a Educação Ambiental, como tantas outras áreas de conhecimento pode-se tornar um processo intelectual a serviço da solução dos problemas da comunidade, pois a forma como o ser humano se relaciona com o meio ambiente está diretamente ligada à sua percepção, ideologias e conhecimentos prévios. Para Gonçalves (1990, p.14) a Educação Ambiental pode ser conceituada como: ... um processo de aprendizagem, longo e contínuo, que procura esclarecer conceitos e fomentar valores éticos de forma a desenvolver atitudes racionais, responsáveis e solidárias entre os homens. Tem por objetivo instrumentalizar os indivíduos, dotando-se de competência para agir consciente e responsavelmente sobre o meio ambiente, por meio da interpretação correta da complexidade que encerra a temática ambiental e da relação existente entre essa temática e os fatores políticos, econômicos e sociais. Nesse sentido a Educação Ambiental pode sensibilizar o indivíduo quanto a sua cidadania, seus direitos e deveres para com a natureza, pois trata-se de um aprendizado social, no qual o diálogo, a criação de informação, conceito significativo, podem surgir da sala de aula ou de experiência pessoal. Observa-se o quanto o ser humano tem se ausentado dos atuais problemas ambientais, como se não fosse do seu interesse o que acontece com o mundo ao seu redor. É cabível, que os educadores, possam preparar os educandos desde cedo, dando-lhes toda formação necessária para que assim ele exerça seu papel de agente transformador na sociedade (GONÇALVES, 1990). Para melhor refletir e compreender a relação do homem com a natureza, no que se refere a um processo de reconstrução interna dos indivíduos, faz-se urgente a busca do conhecimento em área específica. E foi com esse intuito de nortear a Educação Ambiental que o Ministério do Meio Ambiente criou a Diretoria de Educação Ambiental em 1999. A regulamentação da lei 9.795/99 define que a Coordenação da Política Nacional de Educação, ficará a cargo de um Órgão gestor, dirigido pelos Ministros de Estado do Meio Ambiente e da Educação.
  • 16. 15 Como preceitua o artigo 225 da Constituição Federal: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: (...) VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Salienta-se que, cabe ao Poder Público proteger o meio ambiente e oferecer meios para se implantar a Educação Ambiental em todo o Brasil independente de qual for o nível de ensino, não esquecendo da responsabilidade que a sociedade também tem para com a natureza, preservando-a e protegendo-a. Atrelado a isso, surge a necessidade das escolas trabalharem em seus currículos a Educação Ambiental. Diante desse contexto, salientamos que durante a graduação, através da experiência dos estágios, tivemos contatos com diversas escolas municipais e particulares e percebemos que a formação dos alunos, no que diz respeito a educação ambiental, ainda é trabalhada de forma tradiconal, onde priporiza em sua maioria os aspectos naturais sem levar em conta que a própia escola, as residências dos alunos, as pessoas e a cidade como um todo constituem o Meio Ambiente. Essas compreensões estereotipadas interferem muitas vezes, na relação ambiente pessoa dos alunos e também de seus formadores. Por isso, acreditamos que é pertinente e salutar estarmos propondo um redimensionamento de nossas representações sobre meio ambiente. Percebe-se então o quanto se faz necessário e urgente a compreensão dos alunos e a mudança de paradigmas da educação no que diz respeito à relação pessoa ambiente, principalmente nas escolas do Município de Senhor do Bonfim – BA. Sendo assim, surgiu a motivação para o desenvolvimento deste trabalho que tem como tema Educação Ambiental e sua relação ambiente-pessoa, principalmente com as crianças da 3ª e 4ª série. Fundamentada em toda a problemática exposta, e no contexto das escolas locais, nos inquietamos na tentativa de responder a seguinte questão de pesquisa: Quais
  • 17. 16 as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série da escola Montessoriano têm sobre meio ambiente? Estimulados a buscar respostas para esta questão surge o objetivo dessa pesquisa que é: identificar e analisar as representações sociais que os alunos da 3ª e 4ª série da escola Montessoriano têm sobre meio ambiente.
  • 18. 17 CAPÍTULOII 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Buscando entender melhor a questão de pesquisa que é identificar quais as representações que os alunos da 3ª e 4ª série da Escola Motessoriana têm sobre Meio Ambiente, foi necessário fundamentar-nos em alguns teóricos para que assim, pudéssemos ter embasamento a respeito da questão a ser estudada. 2.1 Representação Social: o que é? Durkheim foi o primeiro a trabalhar com o conceito de representação social usado no mesmo sentido de representações coletivas. É através destas representações que a sociedade elabora e expressa por meio de pensamentos a realidade na qual esta inserida. Na concepção de Durkheim (1978, p.79): As Representações coletivas traduzem a maneira como o grupo se pensa nas suas relações com os objetos que o afetam. Para compreender como a sociedade se representa a si própria e ao mundo que a rodeia, precisamos considerar a natureza da sociedade e não a dos indivíduos. Os símbolos com que ela se pensa mudam de acordo com sua natureza. Do ponto de vista do autor as representações respondem de diferentes formas a condições dadas da existência humana, dessa forma, “não existe representações falsas, são símbolos através dos quais é preciso saber atingir a realidade que eles figuram e que lhes dá sua verdadeira significação” (idem, p.88). Em contra partida para Minayo (2008, p. 89) Representação Social é definida como: ...um termo filosófico que significa a reprodução de uma concepção retida na lembrança ou do conteúdo do pensamento. Nas Ciências Socais são definidas com categorias de pensamentos que expressam a realidade, explicam-na, justificando-a ou questionando-a. Enquanto material de estudo, essas percepções são consideradas consensualmente importantes, atravessando a história e as mais diferentes correntes de pensamento sobre o social.
  • 19. 18 A Representação Social é vista como uma nova maneira de interpretar as relações com a realidade e com as práticas do dia-a-dia; e explicar os pensamentos de determinados grupos de pessoas sobre um determinado assunto. Jodelet (2001, p. 17) ressalta: Frente a esse mundo de objetos, pessoas, acontecimentos ou idéias, não somos (apenas) automatismos, nem estamos isolados num vazio social: partilhamos esse mundo com os outros, que nos servem de apoio, às vezes de forma convergente, outras pelo conflito, para compreendê-lo, administrá- lo ou enfrentá-lo. Eis por que as representações são sociais e tão importantes na vida cotidiana. Elas nos guiam no modo de nomear e definir conjuntamente os diferentes aspectos da realidade diária, no modo de interpretar esses aspectos, tomar decisões e, eventualmente, posicionar-se frente a eles de forma defensiva. É através dos discursos, falas, saberes e opiniões dos alunos que as Representações Sociais de Meio Ambiente será expressa. 2.1.1 Representações Sociais: um meio de expressão Para compreender como as escolas vêem trabalhando o Meio Ambiente e suas definições no tocante a construção da cidadania e como as crianças pensam e agem sobre esta temática que vem se firmando cada dia mais em nossa sociedade, utilizamos as Representações Sociais, pois segundo Forgas (1981, p.2): ... nosso conhecimento é socialmente estruturado e transmitido desde o primeiro dia de nossas vidas, é colorido por valores, motivações e normas de nosso ambiente social na fase adulta e as idéias, conhecimentos e representações são criadas e recriadas tanto ao nível social quanto individual. Dessa forma o autor nos faz compreender que a dimensão social considera o conhecimento como algo inevitavelmente e profundamente social. Assim, não é todo e qualquer tipo de conhecimento que pode ser considerando como representação social, é considerado somente aquele que faz parte do cotidiano das pessoas, como por exemplo, o senso comum que é uma elaboração social, é uma forma de interpretação, uma forma de pensar e agir sobre determinada realidade. A vida cotidiana é um mundo intersubjetivo, pois o mundo de cada indivíduo participa junto com a dos outros indivíduos, essa participação se dá na medida que o
  • 20. 19 mundo compartilha atitudes naturais em relação ao mundo. Sobre isso Berger (1985, p.23) afirma: ...o mundo cultural não é só produzido pelo coletivamente, como também permanece real em virtude do conhecimento coletivo. Estar na cultura significa compartilhar com os outros de um mundo particular de objetividades. É por meio da sociedade, da interação e das realizações pessoais que o indivíduo expressa sua subjetividade. Ao compartilhar sua intersubjetividade ele passa a ter certeza da realidade vivida, e diferencia essa realidade vivida com outros tipos de realidades na qual ele tem consciência. A partir disso é que as representações sociais vêm surgindo, elas são construídas por processos sócio-cognitivos, pois está diretamente ligada com a vida cotidiana influenciando os comportamentos e a comunicação. Por isso ela é considerada como um sistema de interpretações da realidade, na qual organiza as relações dos indivíduos com o mundo e orienta as condutas e o comportamento no meio social. Assim vem nos dizer Moscovici (2003, p. 251) que a “representação social é compreendida como a elaboração de um objeto social pela comunidade com o propósito de conduzir-se e comunicar-se”. As representações sociais são elementos simbólicos, sendo expressa pelos homens através de palavras e de gestos. No caso da primeira é utilizado a linguagem oral ou escrita, os indivíduos explicitam suas idéias, o que pensam, suas opiniões, suas expectativas. É importante analisar o contexto no qual o indivíduo está inserido, pois as representações sociais são construídas historicamente e tem uma ligação com os diferentes grupos socioeconômicos, culturais e étnicos que são refletidas nas práticas sociais. Completando Mazzotti (2002, p.7) afirma: Sujeito e objeto não são funcionalmente distintos, eles formam um conjunto indissociável. Isso quer dizer que um objeto não existe por si mesmo, mas apenas em relação a um sujeito (indivíduo ou grupo); é a relação sujeito- objeto que determina o próprio objeto. Ao formar sua representação de um objeto, o sujeito, de certa forma, o constitui, o reconstrói em seu sistema cognitivo, de modo a adequá-lo a seus sistemas de valores, o qual por sua vez, depende de sua história e do contexto social e ideológico no qual está inserido.
  • 21. 20 É por meio das Representações Sociais das crianças em estudo, compreendermos como vem acontecendo a formação desses sujeitos em relação a educação ambiental. Assim, podemos parafrasear Leontiev (1978) ao afirmar que as representações sociais nada mais são do que comportamentos em miniatura, indicando os reflexos das práticas cotidianas. 2.2 Meio Ambiente: o que é? Meio Ambiente é o conjunto de condições naturais que atuam sobre seres vivos. Conjunto de elementos naturais e sociais que se inter-relacionam em lugar e tempo determinados. Considerando-se que a Biosfera possui apenas duas organizações fundamentais (os ecossistemas da natureza e os sistemas culturais das sociedades humanas) que se comportam de modo diferente, o Ambiente é o resultado das relações entre essas duas organizações. Vivemos nos últimos anos os problemas ligados a relação sociedade e Meio Ambiente. Para Lima (1999, p. 1): A questão ambiental, neste sentido, define, justamente, o conjunto de contradições resultantes das interações internas ao sistema social e deste com o meio envolvente. São situações marcadas pelo conflito, esgotamento e destrutividade que se expressam: nos limites materiais ao crescimento econômico exponencial; na expansão urbana e demográfica;[...];no crescimento acentuado das desigualdades sócio-econômicas intra e internacionais, que alimentam e tornam crônicos os processos de exclusão social; no avanço do desemprego estrutural; na perda da biodiversidade e na contaminação crescente dos ecossistemas terrestres, entre outros. Percebemos que o Ambiente compõe-se na diversidade e nas relações que se produzem em diversos espaços, ele se faz e se refaz a cada instante. É necessário um debate sobre a relação do meio ambiente e educação, sendo norteada pelas analises críticas das propostas educacionais relacionadas ao Meio Ambiente. Pois, todos nós somos responsáveis pela produção da vida no planeta. Estabelecer uma Educação Ambiental que seja crítica e inovadora não é fácil, pois ela deve ser um ato político diretamente ligado as transformações sociais. Reigota (2002, p. 62) ressalta:
  • 22. 21 A Educação Ambiental como educação política está empenhada na formação de cidadão nacional, continental e planetário, baseando-se no diálogo de cultura e de conhecimento entre povos, geração e gênero. Sorrentino (1995, p.87) acredita que: O objetivo da Educação Ambiental é o de contribuir para a conservação da biodiversidade, para a auto-realização individual e a comunitária e para a autogestão política e econômica, através de processos educativos que promovam a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida. Assim, é preciso se ter muita atenção às questões relevantes que estão sendo discutidas no contexto educacional e em especial, no da Educação Ambiental, porque é preciso refletir criticamente sobre as soluções acerca dos problemas ambientais, pois poderá fortalecer as desigualdades sociais. 2.2.1 Legislação, Educação e Meio Ambiente Como foi explicitado no primeiro capítulo deste trabalho de pesquisa sobre o que a Constituição Federal estabelece em relação a Educação Ambiental em seu artigo 225 quando institui a Política Nacional do Meio Ambiente delegando ao Poder Público: “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Diante desse contexto a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) de nº 9394/96, conhecida também como Carta Magna da Educação, em seu artigo 32 nos traz a importância da Educação Ambiental no Ensino Fundamental: Art. 32 - O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório gratuito na escola pública terá por objetivo a formação básica do cidadão. Mediante: I – O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno do mínimo da leitura da escrita do cálculo: II – A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade: III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
  • 23. 22 Norteada pelo artigo 32 da LDB 9394/96, o Ministério da Educação (MEC) determinou a inclusão do tema Meio Ambiente como tema transversal, pois a temática ambiental deve está em todas as disciplinas escolares e devem congregar nas diferentes áreas do conhecimento, realizando assim a interdisciplinaridade. Sobre isso a LDB 9394/96 afirma: A Educação Ambiental será considerada na concepção dos conteúdos curriculares de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina específica, implicando desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola e da sociedade. Em 27 de abril de 1999 o Congresso Nacional decreta e sanciona a Lei de nº 9795, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e define em seu capítulo I no Art. 1º que: Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Em seu Art. 2º, ressalta que: “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não- formal.” Desta forma, é necessário práticas pedagógicas associadas e duráveis em todos os níveis da educação. 2.2.2 As crianças e o Meio Ambiente A educação infantil é uma etapa muito importante para a formação humana, pois é na infância que acontecem os primeiros contatos sociais, formando o sujeito histórico e social, construindo e transformando a sua realidade. Dessa forma Kramer (2005, p. 33) relata: Estudos contemporâneos sobre infância enfatizam que a criança é um sujeito social, que possui historia e que, além disso, é produtora e reprodutora do meio no qual está inserida, atuando, portanto como produtora de história e cultura.
  • 24. 23 Considerando a importância da escola na vida das crianças, e frente à necessidade de construção de uma nova visão de Meio Ambiente, percebemos a escola como meio de produção social realizada por sujeitos que fazem e refazem sua história de vida e cultura. Levando em conta suas diversidades , seu contexto social, cultural e ecológico. O desafio, agora, é educar as crianças nesta nova perspectiva. É preciso que elas aprendam a preservá-lo. Isto implica em rever as concepções de conhecimento que são adquiridas em alguns meios escolares sobre o cuidado com o Meio Ambiente. Talamoni & Sampaio (2003, p. 11) afirma: A educação ambiental não se restringe ao ensino de ecologia e ao ensino de ciências, e também não se caracteriza como um “doutrinamento” para modificar comportamentos ambientais predatórios. O que temos hoje, por parte daqueles que têm uma concepção mais crítica de educação ambiental é a idéia de que ela é um processo de construção da relação humana com o ambiente onde os princípios da responsabilidade, da autonomia, da democracia, entre outros, estejam sempre presentes. Para Guimarães (2004) as práticas pedagógicas de Educação Ambiental devem superar a simples transmissão de conhecimentos. Nessa perspectiva a educação escolar tem um sentido mais amplo, está comprometida em abranger outras dimensões humanas, busca novos valores, assegura a qualidade de vida e perpassa o compromisso somente com a transmissão de conhecimentos técnicos. 2.3 Aluno e Professor: uma relação necessária para o desenvolvimento O fenômeno educativo é complexo e abrange diversas características que quando interelacionadas colaboram para a construção do processo ensino aprendizagem. Para o sucesso do aluno na vida estudantil é de fundamental importância a relação aluno-professor. Assim, Hilal (1995, p.19) nos diz que: “O primeiro professor de uma criança tem muito grande importância na atitude futura desse educando, não só durante a sua fase de aprendizagem, mas na sua relação com os sucessivos professores”. É dentro da escola que ocorre um maior contato humano entre pessoas que pensam, agem e têm sentimentos. Por isso é necessário que haja um respeito
  • 25. 24 mútuo entre aluno e professor garantindo assim, um bom relacionamento que com o passar do tempo vai desenvolvendo a confiança. É por meio dos conhecimentos trocados, do respeito, que aluno e professor desenvolvem a curiosidade, a criatividade e a ética. Dessa forma, conhecendo o dia- a-dia do aluno, as dificuldades enfrentadas por eles, os conhecimentos prévios que eles trazem consigo permitem que o professor aprimore sua prática. E Libâneo (1994, p.250) vem ressaltar que: O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. Essa relação estabelecida entre professores e alunos é o centro do processo pedagógico. Não se pode separar a realidade escolar da realidade de mundo vivenciada pelos alunos, essa relação é uma "rua de mão dupla", pois professores e alunos podem ensinar e aprender através de suas experiências. A educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores numa pessoa. Mas é preciso não limitar o estudo em relação comportamento do professor com resultados dos alunos. É preciso apresentar os processos construtivos como mediadores para superar as limitações do paradigma processo-produto. Sobre isso Gadotti (1999, p.2) nos afirma: O educador para por em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo; reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. Na medida em que o aluno sente-se responsável pelas suas atitudes e motivação em sala de aula, para ele, o “aprender” torna-se prazeroso. Aprender é aprender com alguém. Esse alguém precisa ter uma importância especial para despertar no aluno prazer e desejo de pensar e aprender. Compete ao professor compreender e respeitar o aluno como um ser capaz de criar e recriar.
  • 26. 25 Mizukami (1986, p.53) vem nos trazer uma abordagem humanista do professor como facilitador da aprendizagem, que está sempre aberto às novas experiências, quando nos diz que: “ As qualidades do professor (facilitador) podem ser sistematizadas em autenticidade, compreensão empática – compreensão da conduta do outro a partir do referencial desse outro – e o apreço (aceitação e confiança em relação ao aluno). Isso nos faz perceber que a responsabilidade do “aprender” está ligada também ao aluno, pois aquilo que for mais significativo é absorvido melhor por ele. Conseqüentemente, o processo de ensino depende da capacidade individual de cada professor, de sua aceitação e compreensão e do relacionamento com seus alunos.
  • 27. 26 CAPÍTULO III 3. METODOLOGIA Abordaremos aqui neste capítulo a metodologia utilizada para a realização da presente pesquisa, que tem como objetivo identificar como os alunos da 3ª e 4ª série representam o Meio Ambiente, analisando a maneira como esta temática está abordada no ambiente escolar. Como também, o lócus de pesquisa, os sujeitos e o procedimento de coleta de dados. Severino (2002, p.82) nos fala que: “qualquer pesquisa em qualquer nível exige do pesquisador um envolvimento tal, que seu objetivo de investigação passa a fazer parte de sua vida”. Esta afirmação nos leva a entender que a pesquisa qualitativa é pessoal, mostra o perfil do pesquisador, a relação que ele tem com o objeto de estudo, isso porque trabalha com valores, atitudes, representações sociais, crenças, opiniões. 3.1 Definição da Linha Metodológica Os procedimentos aqui utilizados foram orientados à luz da pesquisa qualitativa, uma vez que propõe identificar como os alunos do Ensino Fundamental representam o Meio Ambiente. E os sujeitos investigados respondem conforme sua perspectiva pessoal e expressam-se livremente. Compreendemos a pesquisa qualitativa que segundo Bogdan e Biklen (1982), apud Lüdke (1986, p.13): Pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. Compreende-se que a pesquisa qualitativa está diretamente ligada com procedimentos como observações, entrevistas, questionários e interpretações, permitindo uma interferência subjetiva e confrontando a teoria com a realidade que foi observada.
  • 28. 27 Como enfatiza Lüdke (1986, p.11) a pesquisa qualitativa (...) tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. [...] a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de campo. É neste tipo de pesquisa que o significado é uma das preocupações essenciais do pesquisador. 3.2 Lócus e sujeitos da pesquisa A pesquisa foi realizada na Escola Montessoriana da rede particular de ensino do município de Senhor do Bonfim – BA. A escola recebe crianças da Educação Infantil a 4ª série do ensino Fundamental, o turno de funcionamento é o vespertino, o método de trabalho é o agrupamento, ou seja, 3ª e 4ª série juntas totalizando 12 alunos. A escolha da Escola Montessoriana foi devido a alguns princípios fundamentais que norteiam o Sistema Montessori, que são: a atividade, a individualidade e a liberdade. Enfatiza os aspectos biológicos, pois considera que a vida é desenvolvimento. Acredita que estímulos externos formam o espírito da criança, precisando, portanto ser determinados. Na sala de aula a criança é livre para agir sobre os objetos sujeitos à sua ação, mas estes já estão preestabelecidos como conjuntos de jogos e outros tipos de materiais. O nosso lócus apresenta uma quantidade pequena de alunos. Este foi um aspecto que nos conduziu a optar por 12 alunos dos agrupamentos I e II (3ª e 4ª série) da escola em questão, sendo 8 na 3ª série e 4 da 4ª série com faixa etária é de 8 a 10 anos. 3.3 Instrumentos de coleta de dados Para que o objetivo de estudo fosse alcançado, principalmente por se tratar de uma abordagem qualitativa, foram utilizados como instrumento de coleta de dados os
  • 29. 28 mapas mentais que são elaborações mentais construídas socialmente. A priori foi entregue à direção da escola um ofício solicitando a liberação para a pesquisa, foi feito também um acordo com os professores para a execução das observações, aplicação dos mapas mentais. 3.3.1 Mapas mentais Outro instrumento utilizado para identificar as representações sociais que as crianças têm sobre Meio Ambiente foi o mapa mental. Instrumento este, que permite expressar parcialmente através da linguagem pictográfica e escrita suas representações de Meio Ambiente. Para Petchenik (1995, p.27): “[...] o termo mapa mental parece oferecer muito mais, soa como se tivesse referência com a soma total de todo conhecimento espacial que qualquer indivíduo carrega consigo na forma de conhecimento tácito e imagens espaciais potenciais”. Assim, o mapa mental tem o objetivo de avaliar o nível da consciência espacial dos alunos buscando entender a compreensão do lugar em que vivem. É a partir deste instrumento de coleta de dados que podemos perceber valores que são “pré- desenvolvidos” pelos alunos considerando a imagem que eles têm do seu lugar. Di Leo (1985) acredita que a interpretação do desenho infantil não foge da realidade e do contexto da criança, pois o desenho como símbolo depende da cultura em que a criança está inserido como também de sua própria história pessoal. Segundo Frémont (1999), apud Machado (2007, p.69): O espaço vivido parece assim construído de uma compactação de estratos sucessivos que acumulam, se espremem, se esmigalham, se esquecem mais ou menos... Esta estratificação comporta evidentemente componentes pessoais, próprio a cada indivíduo, as suas qualidades e virtualidades específicas, mas ela se insere também em um sistema de contingências em que o casamento, o trabalho, o serviço militar, as migrações revelam bastante as referências, tanto de ordem econômica como social. Para Morin (2001) essas experiências criam significados no pensamento objetivo e subjetivo do indivíduo. Percebemos então que o processo de desenvolvimento metal é realizado por etapas, está associado com as etapas do desenvolvimento mental do homem. A percepção de cada indivíduo é reflexo das experiências e do meio onde
  • 30. 29 adquire as informações. Derdyk (1989) percebe o desenho como um importante meio de comunicação e, por meio dele, a criança representa a qualidade do ambiente em que vive. Durante a aplicação dos mapas mentais entregamos uma folha de oficio e lápis de cor para as crianças e solicitamos que os sujeitos expressassem por meio de desenhos imagens que representassem Meio Ambiente.
  • 31. 30 CAPÍTULO IV 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Mesmo sendo essa pesquisa de caráter qualitativo, todas as identidades dos sujeitos foram preservadas. Identificamos por meio de desenhos e palavras as representações sociais dos alunos sobre Meio Ambiente. Para avaliar as relações entre os dados obtidos e a questão de pesquisa apresentaremos aqui neste capítulo as análises e interpretações, tomando como norte a fundamentação teórica. Para que os dados fossem coletados foram distribuídas duas folhas de ofício para cada aluno e solicitado que em uma das fosse feito um desenho e na outra folha que escrevessem quatro palavras que pra eles representavam o Meio Ambiente. Estes dados foram elementos indispensáveis para nossa análise e discussão a cerca das representações sociais do meio ambiente. Os resultados são apresentados por categorias, primeiro o perfil dos sujeitos e segundo as Representações Sociais dos alunos a respeito do meio ambiente. 4.1 Análise e interpretação dos dados por meio das representações sociais de Meio Ambiente Sendo nossos sujeitos os 12 alunos, é importante destacar que no dia da coleta de dados encontravam-se somente 8 alunos. 4.1.1 O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística Compreender a realidade e a dimensão de como as crianças representam o Meio Ambiente, foi o objetivo central desta pesquisa. Escolhemos o mapa mental como um instrumento metodológico, porque acreditamos que ele é capaz de nos dá subsídios para interpretar as representações dos alunos por meio dos desenhos.
  • 32. 31 Escolhemos o desenho como instrumento para coletar os dados, pois consideramos pertinentes e de grande riqueza, eles representam uma influência do seu pensamento simbólico, traz uma relação de identidade com o que representa concretamente, ou seja, expressa de uma forma significativa o seu cotidiano, suas vivências e sua realidade ambiental. Para Morin (2001, p.173) essa presença concreta “tece uma teia de significados do pensamento objetivo e subjetivo”. Identificamos que dentro do universo pesquisado 75% dos mapas mentais ilustrados pelos sujeitos expressam uma representação holística do Meio Ambiente conforme figuras a seguir. FIGURA 01: O Meio Ambiente em uma FIGURA 02: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 1 perspectiva Holística 2 FONTE: Mapas mentais aplicados aos FONTE: Mapas mentais aplicados aos sujeitos sujeitos Essas imagens demonstram representações sociais que trazem visões completas de Meio Ambiente, reafirmam uma representação de ser e fazer parte desse meio ecológico. O homem é percebido como parte dos elementos que compõem o Planeta Terra.
  • 33. 32 Os pensamentos das crianças são representados aqui nesta pesquisa por meio dos desenhos, por meio deles a criança expressa sua visão de mundo, seus valores e sua cultura. É através destes desenhos, que nós educadores precisamos interpretar as preocupações e sentimentos dos alunos que muitas vezes se expressam mais pelos desenhos do que com as palavras. Derdyk (1989) nos diz que, o desenho é um importante meio de comunicação e representação da criança sobre a qualidade do ambiente em que vive e interage, apresentando-se como uma atividade fundamental para compartilhar experiências infantis. As crianças demonstram por meio de suas representações sociais que o homem além de esta contido no Meio Ambiente, de ser um dos elementos que compõem o Planeta Terra ele é um ser atuante nesse meio e capaz de refletir sobre suas próprias ações. Eis as imagens: FIGURA 03: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 3 FONTE: Mapas mentais aplicados aos sujeitos FIGURA 01: O Meio Ambiente em uma perspectiva Holística 1 FONTE: Mapas mentais aplicados aos sujeitos As crianças representam reflexões sobre a convivência agressiva do homem com o Meio Ambiente a partir do momento que ela expressa a frase: “A Terra pede Socorro”. Essas agressões estão cada vez mais intensa devido ao crescimento
  • 34. 33 desordenado do capitalismo, no qual os líderes políticos não fazem questão de reconhecer esse problema. Capra (2006, p. 24) afirma que “nossos líderes políticos não só deixaram de reconhecer como diferentes problemas estão inter-relacionados; eles também se recusam a reconhecer como as suas chamadas soluções afetam as gerações futuras”. Existem também reflexões sobre a convivência harmônica com o Meio Ambiente. O cuidado que devemos ter em “jogar o lixo no lixo”, de preservar o ambiente limpo. Isso é imagem dos conhecimentos adquiridos pelos alunos na sociedade como um todo (sala de aula, família, igreja). O aluno é um ser que busca constantemente o conhecimento em vários momentos de sua vida para poder utilizá-los em sua prática. Sendo assim Becker (1993, p. 52) ressalta que: O conhecimento é a capacidade de aprender algo e usar depois; é quando o aluno incorpora o conteúdo e consegue manipular os dados. O conhecimento ou conteúdo é, num primeiro momento, incorporado e, e num segundo momento, vivenciado. Ora, o conhecimento especificamente os conceitos que constituem a própria arquitetura do pensamento, é vivenciado ao ser construído; construção e vivência são duas faces do mesmo evento. As representações sociais das crianças no permite inferir que elas já conseguem perceber o homem como alguém que age sobre este meio e que para cada ação do homem corresponde sempre uma reação do ambiente. A criança consegue perceber-se enquanto Meio Ambiente e como sujeito integrante desta teia. O papel do professor é muito importante para despertar na criança esta visão holística do Meio Ambiente. A compreensão que os professores têm a cerca de Meio Ambiente é fundamental para que suas práticas pedagógicas sejam pautadas no seu conhecimento e no que acredita de forma a adequá-las aos conhecimentos já trazidos pelos alunos . Partindo dessa premissa os conhecimentos transmitidos para as crianças devem ter uma linguagem adequada para que haja uma compreensão de como conviver com a sociedade e o Meio Ambiente de forma harmônica. É imperativo que a Educação Ambiental seja abordada de uma forma holística, vista em sua totalidade, percebendo-nos como integrante desse processo. Hoje diante das catástrofes mundiais que é resultado da irresponsabilidade do pensamento hegemônico predominante, sofremos conseqüências talvez irreversíveis. O que nos
  • 35. 34 impulsiona a refletir para uma convivência harmônica entre o social- cultural e ambiental. Reigota (1994,p. 14) ressalta que: Educação ambiental é uma proposta que altera profundamente a educação como a conhecemos, não sendo necessariamente uma prática pedagógica voltada para a transmissão de conhecimentos sobre ecologia. Trata-se de uma educação que visa não só à utilização racional dos recursos naturais, mas basicamente à participação dos cidadãos nas discussões e decisões sobre a questão ambiental. “A Educação Ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudanças de comportamento, desenvolvimento de competência, capacidade de avaliação e participação dos educandos” (REIGOTA, 1994). Por isso, percebemos a importância de desenvolver essa pesquisa com as crianças, pois acreditamos que elas são sujeitos capazes de desenvolver seu potencial crítico pautado numa visão global, se percebendo parte essencial desse meio ambiente. 4.2.2 O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista Constatamos também que 25% das representações sociais das crianças tinham uma visão conservacionista de Meio Ambiente, ou seja, é voltado apenas para o ambiente natural. Há uma dicotomia entre homem e natureza, as crianças não demonstram nenhum traço social de ser parte integrante da natureza. O desenho espontâneo é uma comunicação visual tornando-se uma fonte de dados importantes para validar o estudo em questão. As representações de vida nessa categoria foi representada por meio de desenhos como água, floresta, as flores, a árvore, frutos, terra, as nuvens. A visão que a criança tem é de que o homem é um elemento à parte do Meio Ambiente, reafirma assim, a dicotomia entre homem e natureza. Di Leo (1985, p.18) acredita que a interpretação do desenho infantil não foge da realidade e do contexto da criança, pois o desenho como símbolo depende da cultura em que a criança está inserido como também de sua própria história pessoal: Assim como o conteúdo manifesto em um sonho torna-se significativo, quando relacionado com as associações pessoais de quem sonha, assim
  • 36. 35 também os símbolos, conscientes ou inconscientemente desenhados, encontram significado apenas quando vistos no contexto da história pessoal do desenhista. Vejamos alguns desenhos: FIGURA 05: O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista 2 FONTE: Mapas mentais aplicados aos sujeitos FIGURA 05: O Meio Ambiente em uma perspectiva Conservacionista 1 FONTE: Mapas mentais aplicados aos sujeitos A harmonia entre as árvores, os frutos, os bichos, a água que é representada pelo rio, o Sol não inclui o homem, o que por sua vez, nos permiti inferir que o mesmo está longe de pertencer a este ambiente. Acreditamos que estes alunos ainda tenham uma visão basicamente naturalista, na relação natureza – homem, o ser humano não esta incluído. Segundo Guimarães (2004) a formação básica dos educadores, em sua maioria, é pautada nesta visão desarmônica entre, sociedade, homem e natureza. Sobre o objetivo da Educação Ambiental, Sorrentino (1995, p. 87) afirma: O objetivo da Educação Ambiental é o de contribuir para a conservação da biodiversidade, para a auto-realização individual e a comunitária e para a autogestão política e econômica, através de processos educativos que promovam a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.
  • 37. 36 Precisamos refletir melhor sobre como a Educação Ambiental é ministradas nas escolas. Reigota (1994) ressalta a necessidade de se conhecer as percepções das pessoas envolvidas nas atividades. Para Guimarães (2004) as práticas pedagógicas de Educação Ambiental devem superar a mera transmissão de conhecimentos ecologicamente corretos e as ações de sensibilização, ou seja, devem oferecer meios para que os alunos compreendam os fenômenos naturais, as ações de cada indivíduo e suas conseqüências.
  • 38. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS A busca como compreender as Representações Sociais que os Alunos da Escola Montessoriana do Município de Senhor do Bonfim têm sobre Meio Ambiente, foi o objetivo que norteou este trabalho. Buscamos esta compreensão de uma forma holística, envolvendo o social, econômico, político e cultural. Constatamos que 25% dos alunos ainda apresentam esta concepção reduzida, mas em sua grande maioria (75%), as crianças já demonstram a percepção de que fazem parte desse ambiente. E que são pessoas capazes de agir sobre o mesmo. Sabemos que o processo de desenvolvimento mental é realizado por etapas, dessa forma, cada criança representou por meio de desenhos e palavras os significados de suas experiências e dos conhecimentos adquiridos no cotidiano. Isto nos permite inferir que a responsabilidade de preocupação com o Meio Ambiente não é somente da escola, mas da sociedade em geral. Sendo assim, a cultura naturalista/conservacionista de Meio Ambiente precisa ser trabalhada de uma forma mais intensa, não somente em sala de aula, pois a criança e envolvida por cultura e valores que são adquiridos, em sua maior parte, fora da escola. A questão ambiental perpassa a relação do homem com o Meio Ambiente, pois para que termos uma qualidade de vida hoje e as gerações futuras sejam contempladas é preciso refletir também sobre nossos costumes e hábitos para com o Meio Ambiente. Ao acreditar que nós, sujeitos do processo educativo, somos conscientes e inacabados percebemos que o ato de ensinar e aprender é inacabado. Foi notória a preocupação que a educadora tem sobre a questão Ambiental, pois percebemos que a maioria dos alunos percebe-se como Meio Ambiente e não limitando-se somente ao natural.
  • 39. 38 Para que melhor entendamos a questão Ambiental de uma forma sistêmica, é necessário que a Educação Ambiental seja trabalhada de uma forma interdisciplinar, para que possamos acabar com a visão de Meio Ambiente reducionista, conhecendo que o papel da Educação Ambiental é de suma importância para o crescimento de uma nova mentalidade, de um novo paradigma de desenvolvimento social, econômico e político, segundo o que estabelece o artigo 225 da Constituição Federal. Queremos que este trabalho seja mais um instrumento que desperte em todos, que são ligados a educação, uma reflexão voltada para a importância da Educação Ambiental em nossas escolas. Recomendamos que a Educação Ambiental seja trabalhada em sua totalidade de forma interdisciplinar, e que através de suas práticas pedagógicas promovam mudanças de comportamento em nossos alunos, uma vez que acreditamos que os educandos de hoje representam potencialmente um poder para refletir e modificar as políticas públicas do nosso país.
  • 40. 39 REFERÊNCIAS BAKHTIN,M. Marxismo e Filosofa da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986. BECKER, Fernando. A epistemologia do professor: o cotidiano da escola. Petrópolis. RJ: Vozes, 1993. BERGER, P. L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Edições Paulinas, 1985, p. 23. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33.ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. (Coleção primeiros passos). BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Lei nº. 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, n. 79, 28 abr. 1999. BRASIL. Secretaria de Educação Ambiental. Parâmetros Curriculares nacionais: meio ambiente e saúde. Brasília. 1997. v 9. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC / SEF, 1998. CAPRA, Fritjof. . A teia da vida: uma nova compreensão cientifica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 2006. CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: 2004. DERDYK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 1989. Di LEO, J. H. A interpretação do desenho infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985 DURKHEIM, E. “As Regras do Método Sociológico”. Pensadores. São Paulo: Abril, 1978 FORGAS, J. P. What is social about social cognition. In: FORGAS, J. P. (ed.). Social cognition. London: Academic Press, 1981 FRANCO, Maria Amélia Santoro. A Pedagogia para além dos confrontos. Síntese da Conferência proferida no Fórum de Educação Pedagogo, que profissional é esse? Belo Horizonte, setembro de 2002. [on-line] Disponível na internet: <http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=
  • 41. 40 325:a-pedagogia-para-alem-dos-confrontos&catid=4:educacao&Itemid=15> Acesso em: 07 Julho 2009. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. GADOTTI, M.. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999. GONÇALVES, D. R. P. Educação Ambiental e ensino básico. – Anais do IV Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente. Florianópolis, 1990, p.125- 146. GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambientais. Campinas: Papirus, 2004. HILAL, Josephina. Relação Professor-aluno: Formação do homem consciente. São Paulo, Ed Paulinas, 2ª edição, 1995 JODELET, D. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (org.). As representações sociais. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 2002. KRAMER, Sônia. Profissionais de educação infantil: gestão e formação. São Paulo: Àtica, 2005 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei n. 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996. LEONTIEV, A. O Desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte, 1978. LIBÂNEO, J. C.. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? 7.ª ed. – São Paulo: Cortez, 2004. LIMA, Gustavo Ferreira da Costa. “Questão ambiental e educação: contribuição para o debate”. Ambiente e Sociedade, NEPAM/ UNICAMP, Campinas, ano II, n° 135-153, 1999. 5, LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MACHADO, P.B. Espaços, mapas mentais, representações sociais e práticas docentes na Educação do Campo. Prefácio de Roberto Sidnei Macedo. Senhor do Bonfim-Ba. Eduneb, 2007. MANN, Peter H. Métodos de investigação sociológica. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. MAZZOTTI, A. J.A A abordagem estrutural das representações sociais. Psicologia da Educação. São Paulo, PU/SP, n 14/15, 2002.
  • 42. 41 MINAYO, Maria Cecília de Souza. Textos em representações sociais. In :GUARESCHI, Pedrinho & JOCHELOVITCH, Sandra ( Orgs). Textos em representações sócias. Petrópolis: Vozes. P.89.2008 MIZUKAMI, Maira. G. N. Ensino: Abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986. MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2001. MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis:Vozes, 2003. PETCHENIK, Bárbara Bartz. Cognição e cartografia. Geocartografia. n.6, São Paulo:USP, 1995 REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 1995. _______________. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1994. SEVERINO, A. J. Observações metodológicas referentes aos trabalhos de pós- graduação. In Metodologia do Trabalho Científico. 22 ed. São Paulo, Cortez 2002. SORRENTINO, M. De Tibilisi a Tessaloniki. Educação ambiental e universidade: um estudo de caso. São Paulo: USP. Faculdade de Educação, 1995. TALAMONI, J. L. B. & SAMPAIO, A. C. (Org.) Educação ambiental: da prática pedagógica à cidadania. São Paulo: Escrituras Editora, 2003.