Este documento apresenta uma monografia sobre a importância da integração entre família e escola no desempenho dos alunos. A monografia foi apresentada por quatro alunos do curso de licenciatura em pedagogia da Universidade do Estado da Bahia e analisa a participação dos pais na vida escolar dos filhos e seu impacto no aprendizado.
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
PROGRAMA REDE UNEB 2000/ITIÚBA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ÁUREA DAMASCENO ROSA
EVANICE LARANJEIRA DOS SANTOS
GIVANILDA MENDES DA SILVA
MANOEL ALVES FILHO
A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA
SENHOR DO BONFIM
2012
2. ÁUREA DAMASCENO ROSA
EVANICE LARANJEIRA DOS SANTOS
GIVANILDA MENDES DA SILVA
MANOEL ALVES FILHO
A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA
Monografia apresentada ao Departamento de
Educação da Universidade do Estado da
Bahia–UNEB/CAMPUS VII, como parte dos
requisitos para conclusão do Curso de
Licenciatura em Pedagogia.
Orientador:
Prof. Dr. Gilberto Lima dos Santos
Senhor do Bonfim
2012
3. ÁUREA DAMASCENO ROSA
EVANICE LARANJEIRA DOS SANTOS
GIVANILDA MENDES DA SILVA
MANOEL ALVES FILHO
A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA
Monografia apresentada ao Departamento de
Educação da Universidade do Estado da
Bahia–UNEB/CAMPUS VII, como parte dos
requisitos para conclusão do Curso de
Licenciatura em Pedagogia.
Aprovada em 15 de junho de 2012.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Gilberto Lima dos Santos – Universidade do Estado da Bahia–UNEB
(Orientador)
_______________________________________________________________
Profa. MSc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves – Universidade do Estado da
Bahia–UNEB (Examinadora)
_______________________________________________________________
Profa. MSc. Maria da Conceição Curaçá Gonçalves (Examinadora)
4. Agradecimentos
A Deus, nossa Força, nossa Luz e nossa Esperança.
Ao nosso Orientador, Professor Dr. Gilberto Lima dos
Santos, pelo incentivo, orientação e disposição em todos
os momentos durante a realização deste trabalho.
As professoras Maria Elizabeth Souza Gonçalves e Maria
Conceição Curaçá que participaram da banca
examinadora.
A professora Alayde Ferreira dos Santos pelo incentivo.
À Universidade do Estado da Bahia–UNEB e à Prefeitura
Municipal de Itiúba, que nos proporcionaram a
oportunidade de aprendizagem e crescimento.
5. Aos nossos pais, que nos apoiaram e possibilitaram que
chegássemos até aqui.
Aos nossos familiares, por todo o suporte e carinho,
essenciais para percorrer esta longa jornada.
Aos nossos mestres, que nos guiaram ao longo do
caminho.
A todos os nossos amigos, que colaboraram para que
toda essa jornada valesse a pena. E a você...
6. “Não se pode educar eficientemente se os pais e
professores se desconhecem, se a educação
escolar estiver isolada da educação familiar”.
(Suenens)
7. RESUMO
O presente estudo tem como tema, A Importância da Integração Família e Escola e
buscou conhecer e analisar a participação da família no processo de aprendizagem
dos filhos, alunos do Ensino Fundamental I da Escola Municipal Luiz Navarro de Britto,
localizada no Bairro do Alto na cidade de Itiúba, Bahia. Para isso, foi importante saber
como as famílias influenciam no processo de aprendizagem dos filhos e como ocorre
essa interação família-escola. Tendo como problema de pesquisa a seguinte questão
norteadora: O que leva os pais a não participarem da vida escolar de seus filhos? E
em que esta participação poderia contribuir?. Nossos objetivos foram: avaliar se a
participação da família na vida escolar de seus filhos tem alguma relação com o
desempenho deles, compreender como algumas famílias acompanham a vida escolar
de seus filhos, bem como caracterizar o desempenho escolar desses estudantes. O
método utilizado para a realização desse trabalho foi a entrevista, realizada no mês de
março de 2012 e teve como participantes dois professores e oito pais de alunos. Como
resultados principais da pesquisa, podemos observar que de acordo com as respostas
dos oito pais entrevistados, sete se mostram como participativos na vida escolar dos
filhos e apenas um diz não ser tão participativo nas atividades escolares dos filhos.
Sendo assim, a primeira categoria representa 87,5% do total de entrevistados, (pais
que participam da vida escolar dos filhos). Já a segunda categoria (pais que não
participam da vida escolar dos filhos) corresponde a 12,5% dos participantes. De
acordo com os resultados da pesquisa, ficou evidente que de modo geral o
desempenho dos alunos cujos pais se declararam como participantes da vida escolar
de seus filhos é superior ao dos alunos em que os pais não participam de forma ativa.
Assim, pode-se entender que a interação da família com a escola influencia de forma
direta no desempenho escolar dos alunos. Para que estes consigam obter êxito no
processo de ensino e aprendizagem e nas tarefas escolares, precisam do apoio dos
pais, pois não importa o preparo intelectual, se não tiver o afeto da família. A relação
família e escola precisa criar possibilidades para a ocorrência de uma relação
equilibrada com o objetivo de proporcionar uma maior participação dos pais no espaço
escolar, contribuindo, assim, para superar os obstáculos existentes, colaborando para
o desenvolvimento do processo educativo dos educandos.
PALAVRAS-CHAVE: Família. Escola. Parceria Família-Escola. Desempenho
Escolar.
8. SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................09
CAPÍTULO I:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................13
1. 1 Família........................................................................................................14
1. 2 Escola........................................................................................................18
1. 3 Parceria Família-Escola...........................................................................25
1. 4 Desempenho Escolar...............................................................................30
CAPÍTULO II:
METODOLOGIA................................................................................................34
2. 1 O Paradigma da Pesquisa.......................................................................34
2. 2 Participantes e Lócus..............................................................................36
2. 3 Instrumentos de coleta de dados...........................................................37
2. 4 Procedimentos de coleta de dados........................................................38
2. 5 Análise dos dados...................................................................................39
CAPÍTULO III:
ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...........................40
3. 1 Entrevistas com os pais de alunos.........................................................41
3.1.1 Categoria 1: Pais que dão suporte aos filhos......................................41
3.1.2 Categoria 2: Pais que frequentam a escola..........................................43
3.1.3 Categoria 3: Pais que participam de eventos escolares.....................44
3.1.4 Categoria 4: Pais que acompanham a vida escolar dos filhos..........44
3.1.5 Categoria 5: Pais que contribuem para a realização de atividades
escolares..........................................................................................................45
9. 3.1.6 Categoria 6: Pais que atuam para melhorar o rendimento escolar dos
filhos.................................................................................................................46
3. 2 Entrevistas com os professores (as)......................................................47
3.2.1 Categoria 1: Ações da escola para garantir a parceria com a
família................................................................................................................47
3.2.2 Categoria 2: Conflitos que emergem da parceria................................48
3.2.3 Categoria 3: Benefícios da parceria para a comunidade....................49
3.2.4 Categoria 4: Motivos da não participação dos pais na vida escolar
dos filhos..........................................................................................................50
3.2.5 Categoria 5: Crenças dos professores sobre a participação da
família................................................................................................................51
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................56
REFERÊNCIAS.................................................................................................59
APÊNDICES......................................................................................................64
10. 9
NTRODUÇÃO
Este estudo, que tem como temática “a Importância da Integração
Família e Escola”, surgiu a partir da necessidade de fazer uma reflexão sobre a
importância da participação da família na vida escolar de seus filhos,
observando em quais aspectos esta interação implica na aprendizagem dos
alunos.
Ao longo do curso, surgiu a necessidade, no momento em que foi
elaborado um projeto de oficina Intercurricular, ministrada pelo grupo de
professores-alunos do Programa Rede UNEB 2000, pois sentimos uma grande
afinidade com a temática.
Diante da complexidade em que nos encontramos nos dias atuais, a
família deposita a responsabilidade plena do ato de educar os seus filhos na
escola, alegando uma sociedade capitalista em que precisam trabalhar cada
vez mais para garantir a sobrevivência, deixando para a escola a função de
educar.
Com o passar do tempo, as famílias sofreram muitas mudanças. O
modelo da família nuclear burguesa de trinta anos atrás tem passado por
transformações, surgindo outros modelos de famílias. E com isso a Educação
foi se modificando, aparecendo conflitos difíceis de serem resolvidos por falta
do apoio familiar.
Desta forma, os valores coletivistas é que estão sendo substituídos por
valores individualistas na sociedade contemporânea, abrindo espaço de forma
significativa para a indisciplina ou conflitos, a intolerância, gerando uma
sociedade cada vez mais individualista.
Contudo, diante desse contexto, o ato de educar tem se tornado um
processo árduo e complexo, tanto a sociedade quanto a família esperam que a
escola dê conta sozinha da formação dos educandos, responsabilizando-a por
todo e qualquer problema que surgir dentro dela, contribuindo assim para a
inquietação dos educadores, pois os mesmos estão sendo desrespeitados e
desvalorizados pelos estudantes. Antigamente os pais ou responsáveis
estabeleciam limites as criança e adolescente, hoje, porém muitos professores
buscam respeito e atenção dos alunos e nem sempre conseguem.
11. 10
Por isso, faz-se necessário que família e escola caminhem juntas, numa
mesma direção, na tentativa de formar cidadãos competentes e conscientes de
seu papel na sociedade. Atualmente o educador tem o direito de instruir seus
discentes a serem competentes e autônomos neste mundo de ultra-rápidas
tecnologias e multiplicidades de conhecimentos, observa-se que o saber, cada
vez mais estará dependente de modificações. Segundo Moraes (1997, p. 36),
Não podemos continuar produzindo uma educação onde as pessoas
sejam incapaz de pensar e de construir seu conhecimento. Na nova
escola, o conhecimento é produto de uma constante construção, das
interações e de enriquecimento mútuos de alunos e professores.
É preciso haver uma parceria eficaz entre Escola e Família, pela qual
ambas as instituições possam buscar resgatar os valores morais necessários
para a construção de uma sociedade mais justa, pois o que se percebe é que a
escola sozinha, não consegue desenvolver de modo satisfatório o ensino e a
aprendizagem dos educandos, se a família não colabora de forma eficiente.
É extremamente importante que os pais estejam informados sobre a vida
escolar de seus filhos, contribuindo assim para o desenvolvimento e
crescimento dos mesmos. Cabe à escola o papel de atrair os pais para o
ambiente escolar, proporcionando uma palestra criativa e inovadora,
adequando os horários necessários, garantindo sucesso no aprendizado dos
filhos.
A escola que reconhece essa prática possivelmente terá uma qualidade
de ensino diferenciado das demais unidades escolares, pois o modelo de
educação vivenciado recentemente na história brasileira requer o mais rápido
possível uma mudança de mentalidade de todos os envolvidos no processo
educacional.
Portanto, a partir do momento que a Escola e Família conseguirem uma
parceria de como conduzir a educação dos educandos-filhos, poderá diminuir
os conflitos existentes no âmbito escolar. Assim, para que isso ocorra, é de
fundamental importância que a família participe da vida escolar de seus filhos.
Faz-se necessário uma boa relação com a escola, transmitindo para a criança
sentimentos de afeto e segurança, possibilitando uma autoconfiança.
No decorrer da nossa prática pedagógica, ficam claras as dificuldades
apresentadas pelos alunos cujos pais não participam da educação escolar de
12. 11
seus filhos, assim como fica evidente o bom rendimento daqueles que contam
com a contribuição dos pais no currículo escolar.
Diante dessas inquietações geradas durante todo o percurso dos
estudos da graduação e a partir dessas observações, podemos então sintetizar
o nosso problema de pesquisa explanando-o através da seguinte questão
norteadora: O que leva os pais a não participarem da vida escolar de seus
filhos? E em que esta participação poderia contribuir?
A partir desses questionamentos levantados do tema proposto para a
realização desse Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.), torna-se
necessário definirmos os nossos objetivos de pesquisa, tendo como objetivo
geral: avaliar se a participação da família na vida escolar de seus filhos tem
alguma relação com o desempenho deles; e tendo como objetivos específicos:
compreender como algumas famílias acompanham a vida escolar de seus
filhos, bem como caracterizar o desempenho escolar desses estudantes.
Portanto, é notório que nos dias atuais a Escola não vive sem a Família
e tampouco a Família vive sem a Escola. Porém nesse processo é fundamental
uma parceria, onde ambas interajam em conformidade, buscando garantir um
bom rendimento do aluno no ambiente escolar.
Nesta pesquisa serão abordados os principais motivos que levam os
pais a não participarem da vida escolar dos filhos e em que aspectos isso
implica a aprendizagem do educando. O que a Escola está fazendo para
garantir uma parceria entre Família e Escola? Quais conflitos surgem por falta
dessa parceria? Em que seria favorável para a sociedade essa parceria?
O presente estudo foi dividido em quatro capítulos. No primeiro capítulo,
abordamos o problema de estudo e sua importância. No segundo capítulo,
apresentamos os estudos de teóricos e algumas considerações acerca da
temática estudada. No terceiro capítulo, enunciamos os caminhos
metodológicos percorridos para o esclarecimento da problemática,
descrevemos a trajetória da nossa pesquisa quanto à metodologia,
instrumentos, sujeitos e local da pesquisa. No quarto capítulo apresentamos as
análises e discussões construídas a partir da coleta de informações da
entrevista realizada com dois professores e oito pais de alunos, no mês de
março de 2012. Por fim, nas considerações finais, trazemos uma reflexão sobre
os principais resultados da pesquisa. Diante disso, esperamos que os
13. 12
resultados deste trabalho proporcionem uma reflexão sobre a temática,
buscando respostas para as dificuldades encontradas em sala de aula pelos
professores, para que possamos através desse estudo aprofundarmos as
discussões desenvolvidas em torno do objeto em questão, encontrando assim
ações corretas que possam superar essas dificuldades.
14. 13
CAPÍTULO I
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No capítulo anterior construímos a nossa problemática fazendo algumas
considerações em relação à importância da participação da família na vida
escolar dos filhos. Nesse capítulo apresentaremos os aportes teóricos que
serão utilizados como fundamentos para a realização deste estudo.
Abordaremos a relação família-escola, do ponto de vista de Nérici (1983), Scoz
(1994), Romanelli (2005), Gentile (2006), Young (2007), Reis (2007), Souza
(2009) e Solidade, Molinari e Prince (2011) entre outros. Em relação ao
desempenho escolar, orientamo-nos por Polity (2001) e Souza (2009).
Diante da grande diversidade cultural de nossa sociedade
contemporânea, as escolas se deparam com uma série de discentes que
consideram indisciplinados. As famílias estão perdendo o controle dos filhos
não se dando conta da importância da vida escolar, mudando seus valores e
deixando a responsabilidade da educação dos filhos apenas nas mãos da
escola. De acordo com Castro (2011, s/p) “A família teve origem em tempos
remotos da humanidade. As ações pedagógicas, tiveram sua origem na Grécia
antiga onde surgiu a figura do pedagogo: “aquele que conduz a criança””.
As instituições família e escola são as responsáveis diretas por
desenvolver nas pessoas as ações evolutivas. “Tanto a escola quanto a família,
as duas instituições cuja relação é nosso objeto de análise, sofreram
transformações profundas ao longo da nossa história” (CASTRO;
REGATTIERI, 2009, p. 20). A família constitui-se em uma estrutura básica da
sociedade, é nela que convivemos por um longo período de tempo, é com a
família que as crianças realizam suas experiências iniciais de aprendizagem,
que muitas vezes acabam também influenciando no seu comportamento.
A educação só acontece quando as pessoas tiverem a capacidade de
ouvir e este relacionamento tem que ser aberto, claro e íntegro. Ainda segundo
Castro (2011, s/p),
Se para existir escola é preciso que exista prioritariamente a família,
por que tantas escolas insistem em manter as famílias distantes? Por
15. 14
que muitos professores, coordenadores, orientadores educacionais e
até diretores, procuram manter os pais ausentes do ambiente
escolar?
Diante desses e outros questionamentos, procuramos responder, neste
capítulo, as seguintes indagações: O que é família? Como ela tem mudado? E
a organização e a dinâmica da família? O que é escola?, Como a escola tem
se reconstituído historicamente e atualmente?.
1. 1 FAMÍLIA
Segundo Prado (1981, p. 51) “O termo FAMÍLIA origina-se do latim
FAMULUS que significa: conjunto de servos e dependentes de um chefe ou
senhor”. A família é e continua sendo a base de toda organização social, pois é
considerada como “o primeiro grupo com o qual a pessoa convive e seus
membros são exemplos para a vida” (GENTILE, 2006, p. 35). Segundo Knobel
(1992, p. 3), “(...) não há melhor escola de formação cultural, social e
psicológica que o próprio lar”. De acordo com Young (2007, p. 1288), “As
famílias, como tal, têm um papel único, que é o de reproduzir sociedades
humanas e fornecer condições que possibilitem suas inovações e mudanças”.
Diante disso pode-se perceber o grande valor que a família representa para a
sociedade. Prado (1981, p. 12) afirma que:
“[...] a família não é um simples fenômeno natural. Ela é uma
instituição social variando através da História e apresentando até
formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme
o grupo social que esteja sendo observado”.
Ultimamente, mudanças ocorridas na sociedade têm causado alterações
expressivas dentro das famílias e um dos principais fatores é a necessidade
enfrentada pelos pais e mães que trabalham fora do lar, pois isso tem gerado
alguns conflitos no modo de desenvolvimento da educação dos filhos.
Uma das transformações mais significativas na vida doméstica e que
redunda em mudanças na dinâmica é a crescente participação do
sexo feminino na força de trabalho, em conseqüência das
dificuldades enfrentadas pelas famílias (ROMANELLI, 2005, p. 77).
16. 15
Ao comentar as mudanças ocorridas na estrutura familiar, Solidade,
Molinari e Prince (2011, p. 1) observam que:
Ao longo da história brasileira, a família passou por transformações
importantes relacionadas com o contexto social econômico e político
do país. Na atualidade, assim como a escola , a família também
passa por uma crise, pois ambas perderam sua identidade, ou seja,
qual seria a real função da escola e da família?
Mesmo diante do processo de transformação que a sociedade moderna
tem enfrentado, família e escola não podem deixar de exercer as funções que
são inerentes às mesmas. Romanelli (2005, p. 6) define de modo claro o
objetivo principal de ambas as instituições, quando faz a seguinte colocação:
Tanto a família quanto a escola têm o objetivo de educar crianças e
adolescentes, por isso, parece evidente que ambas devam manter
uma relação de proximidade e cooperação, porém, o que parece tão
óbvio não ocorre de fato.
A família de modo geral tem encarado diversas dificuldades, o que tem
contribuído de forma decisiva para o afastamento da mesma do espaço escolar
e isso tem prejudicado o relacionamento entre pais e professores, o que pode
interferir de maneira negativa no desempenho escolar dos alunos. Sendo
assim, “Família e escola precisam, juntas, criar uma força de trabalho para
superarem as suas dificuldades, construindo uma identidade própria e coletiva;
para isto, é fundamental que se encarem como parceiras de caminhada, [...]”
(SOUSA; FILHO, 2008, p. 7), pois ambas têm a responsabilidade de influenciar
de modo positivo na educação e formação de cidadãos cônscios e autônomos
para conduzir a sociedade.
Portanto, é imprescindível que família e escola atuem juntas como
agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do educando, pois é
através da educação que vão se constituir em agentes institucionais
capazes de exercer seu papel para a mudança da estrutura social
(SOUSA; FILHO, 2008, p. 7).
As instituições de ensino desempenham grande importância educativa
na formação do ser humano, por isso, a harmonia entre escola e família é
essencial para que contribuam de modo a vir provocar mudanças na estrutura
17. 16
social. A atual estrutura familiar presente na sociedade se apresenta de modo
diferenciado da que estamos habituados a observar.
A família também tem passado por modificações. Resgatando um
pouco da história, a família burguesa se limitava a pai, mãe e filhos,
sendo que o pai era o responsável pelo sustento e a mãe cuidava da
casa e dos filhos, devendo obediência ao seu marido. O casamento
era indissolúvel e normalmente ligado a negócios (MARTINS;
TAVARES, 2010, p. 260).
O conceito de família tem se modificado ao longo dos anos, em várias
discussões de teóricos e pesquisas a cerca do assunto, o que tem
demonstrado dificuldade em se definir de modo exato o que é família. Entende-
se por família o grupo, habitualmente constituído pelo pai, mãe e filhos, juntos
residindo no mesmo lar. Porém atualmente as famílias são compostas de
formas diversas, umas apenas por mãe e filhos, ou pais e filhos, avós e netos,
ou até por pessoas que moram sozinhas, todos podem ser consideradas como
uma família (FUSVERKI; PABIS, 2008).
Algumas questões precisam ser levadas em consideração, como por
exemplo, a que se refere à atuação da mulher no contexto atual, pois conforme
Martins e Tavares (2010, p. 260) “A mulher da sociedade contemporânea faz
parte do mercado de trabalho e já não tem mais o mesmo tempo para cuidar
dos seus filhos, dividindo esta tarefa com a escola”. Esta necessidade de
ausentar-se do lar por um longo período diário tem levado os pais refletirem a
respeito da complexa tarefa de dividirem as responsabilidades da educação
dos filhos com outras instituições, principalmente a escola. De acordo com Tiba
(1996, p. 44), "Os pais estão sendo consumidos pelo trabalho, construindo
patrimônios para seus filhos (...) não sobra tempo para acompanhar os filhos
nem para conviver com a família". Por isso as famílias têm delegado à escola a
responsabilidade de educar e ensinar os filhos.
Porém é importante lembrar que os pais precisam participar da vida
escolar de seus filhos, contribuindo assim para facilitar uma boa atuação da
escola junto à comunidade na qual está inserida. Parolim (2003, p. 59) observa
que a família tem um “importante papel formador, mas precisa da escola (...)
para construir conhecimentos com seu filho. A escola necessita da família, de
sua história (...) para cumprir seu papel educacional”.
18. 17
A função da família é essencial, pois a mesma é que tem a autoridade
de definir logo cedo o que seus filhos necessitam estudar, quais locais poderão
frequentar e o que é indispensável saberem para contribuir no seu
desenvolvimento futuro.
Nos dias atuais professores e gestores escolares vêm discutindo a falta
de participação da família nas atividades das escolas. Envolver a família na
elaboração da proposta pedagógica pode ser a meta da escola que pretende
ter um equilíbrio no que diz respeito à diversidade de seus educandos.
Contudo, acredita-se que é necessário haver uma reforma por parte das
políticas públicas para atrair os alunos com uma nova metodologia de trabalho
e recursos para que os mesmos não deixem de estudar. Por essa razão, dentro
das escolas as discussões que procuram compreender esses quadros tão
complexos e muitas vezes caóticos, no qual a educação se encontra
mergulhada, são cada vez mais frequentes.
No ponto de vista de Aquino (1996), a escola e a família são as duas
instituições responsáveis pela educação num sentido amplo. O
processo educacional depende da articulação desses dois âmbitos
institucionais. Um não substitui o outro, devem sim, complementar-
se. Se tanto a família como a escola são as principais responsáveis
pela formação da criança ou o adolescente, é preciso que haja
coerência entre princípios e valores de uma e outra, evitando
confrontos entre professores, alunos, família e escola, o que
favoreceria a rebeldia e a indisciplina dos alunos (TODERO;
PERUZZOLO e MROCZKOSKI, 2009, p. 10-11).
Os pais precisam compartilhar das atividades da escola de seus filhos,
cooperando com a direção e professores na tomada de decisões, pois uma
gestão escolar participativa é essencial, considerando que o ambiente escolar
é constituído, por vários indivíduos, que necessitam permanecer em harmonia
com o objetivo de obter resultados satisfatórios no campo educacional.
Uma das funções da família é construir em parceria com os filhos
situações adequadas para que ambos se tornem mais afetivos e receptivos. As
famílias precisam criar ações que mostrem a eles os limites necessários para
desenvolver uma personalidade equilibrada emocionalmente e afetivamente.
Mas para que isso ocorra a família precisa estabelecer vínculos de harmonia
durante momentos de decepções, para que todos posam receber
19. 18
reciprocamente carinho, atenção e compreensão diante das dificuldades
apresentadas. Esses acontecimentos formarão a identidade do verdadeiro
cidadão que se deseja formar na sociedade moderna.
1. 2 ESCOLA
A escola é um espaço de aprender, trabalhar e fazer educação.
Configurou-se ao longo do tempo como uma instituição formadora da ação
individual e social. A atuação da escola é fundamental na construção do
indivíduo como ser humano. Rodrigues (1991, p. 56) enfatiza o principal papel
da escola, quando diz que:
A escola tem por função preparar o indivíduo para o exercício da
cidadania moderna, para a modernidade. Isso significa formar o
homem capaz de conviver numa sociedade em que se cruzam
interveniência e influências mundiais da cultura, da política, da
economia, da ciência e da técnica.
Sendo assim, a principal função da escola é ensinar os alunos para que
estes possam interagir no seu meio social. Este meio é formado por uma
diversidade de culturas, estando sempre em constantes transformações,
ocorrendo assim, demandas diferenciadas e contraditórias, gerando a partir daí
conflitos e oposição de ideias. Atualmente a escola vem se destacando como
um ambiente que tem como função transmitir conhecimento, socializar o
indivíduo e prepará-lo para os desafios que ele enfrentará num mundo
globalizado, onde o mercado de trabalho absorve apenas as pessoas
preparadas e com uma boa qualificação profissional. Através dos estudos
sobre a origem da escola e seus efeitos, sabe-se de sua importante
contribuição para o progresso da humanidade.
De acordo com a história sobre as instituições escolares, como coloca
Ariès (1981), o educandário cumpriu duas funções: uma referente à
substituição do poder de educar da igreja, enfatizando o disciplinar, e outra no
que diz respeito à preparação para um novo tipo de trabalho, industrial, fabril.
Conhecer estes fatores históricos é compreender a escola como uma
instituição em movimento, que se configurou numa rede social significativa à
20. 19
constituição do sujeito. Durante a Idade Média, havia um modo de educação
muito característico aos artesãos, nesta época existia uma interação familiar,
ou seja, crianças e jovens iam para outras famílias com o intuito de serem
educadas por pessoas diferentes, famílias diferentes. Neste modo de
educação, as crianças e os adolescentes faziam serviços domésticos e
recebiam do mestre tarefas de ofício.
Ao se desenvolverem as manufaturas, os orfanatos, que anteriormente
eram destinados a abrigar infantes que não eram nobres e que vagavam pela
cidade, transformaram-se em escolas industriais. As crianças serviam como
mão-de-obra para a indústria que estava emergente na época e eram
ensinadas, de forma rudimentar, a ler e calcular. Sendo assim a escola se
constituiu como segundo espaço de formação intelectual, moral e social do
indivíduo.
A educação escolar tornou-se o modo de educação predominante
nas sociedades modernas, democráticas, a partir da escolarização
compulsória em fins do século XIX, com uma organização específica:
currículo seriado, sistema de avaliação, níveis, diplomas,
professores, professoras e outros profissionais especializados
(CARVALHO, 2004, p. 49).
Infelizmente, a escola de modo geral ainda não tem conseguido cumprir
com a sua função de maneira plena, o que pode ser comprovado nas
colocações de Solidade, Molinari e Prince (2011, p. 2),
Quanto às escolas, ao mesmo tempo, estão mais preocupadas em
instruir e não em educar, querem cumprir o currículo e pronto. O
dilema muitas vezes está na postura de alguns pais que não querem
se envolver, com a questão do rendimento escolar e nem mesmo,
com a lição de casa de seus filhos.
Ao longo dos anos a incumbência da escola concernente à instrução
dos indivíduos tem se modificado, devido ao vácuo deixado pela família na
realização da sua função. Para Nérici (1977, p. 195) “A escola, entretanto, não
tem se revelado tão eficiente como seria de se desejar, não só pela falta de
cooperação da família, como também, por determinantes sociais gerais (...)”.
Conforme o comentário do autor, as transformações sociais, econômicas e
políticas, pelas quais a sociedade vem passando, têm ocasionado mudanças
na estrutura familiar e escolar, pois o papel da família é o de instruir
moralmente os filhos, passando segurança, carinho e amor. No entanto, ela
21. 20
tem se distanciado do seu papel, em razão das exigências do mercado de
trabalho (reciclagem constante; necessidades econômicas etc.), deixando a
cargo da instituição escolar a sua função de educadora.
A família não pode deixar apenas para a escola o dever de educar os
seus filhos, pois no processo de educação, ela necessita andar unida com a
escola, compartilhando de modo ativo de toda a construção do conhecimento
dos alunos, a fim de que eles sintam-se aptos para resolver as suas
dificuldades, tornando-se dessa forma adultos conscientes do seu papel na
sociedade em que vivem.
Como função social a Escola é um local onde visa a inserção do
cidadão na sociedade, através da interelação pessoal e da
capacitação para atuar no grupo que convive. Forma cidadãos
críticos e bem informados, em condições de compreender e atuar no
mundo em que vive... (Thomaz, 2009, s.p. apud MARTINS;
TAVARES, 2010, p. 257).
A escola deve formar cidadãos capazes de desempenhar
conscientemente suas atividades na sociedade, que participem dos problemas
existentes no cotidiano, dando sua contribuição para que haja solidariedade,
justiça e paz, pois segundo Nérici (1977, p. 194) “A escola existe para
completar a ação educativa do lar, na sua tarefa de preparar novas gerações
para o exercício pleno da cidadania”. A educação escolar veio a ser o modo
predominante na sociedade moderna. Na concepção da escola, o envolvimento
ou a participação dos pais na educação dos filhos significa comparecimento às
reuniões de pais e mestres, atenção à comunicação escola–casa e,
principalmente, no acompanhamento dos deveres de casa e das notas obtidas.
Esse envolvimento pode ser espontâneo ou incentivado por políticas da escola
ou do sistema de ensino.
A escola tem um papel importante na socialização da criança, na
promoção do conhecimento social e no desenvolvimento das
capacidades cognitivas, influenciando na compreensão que elas têm
do mundo social. Para que ela se desenvolva é necessário que se
socialize, satisfazendo suas necessidades e assimilando a cultura da
sociedade em que vive. Para o processo de socialização, as crianças
precisam aprender o que é correto no meio em que elas estão
inseridas, aprendam e respeitem os valores morais desse meio.
Quando a criança nasce, ela já faz parte de um grupo e chega à
escola trazendo todas as vivências de seu cotidiano, sejam positivas
ou negativas (MARTINS; TAVARES, 2010, p. 257).
22. 21
As escolas são espaços que recebem todos os caracteres de
dificuldades sociais, portanto faz-se necessário de modo urgente que ocorra
algumas mudanças na sua estrutura. Acredita-se que a partir dessas
mudanças, será possível alcançar melhorias no contexto social, como por
exemplo, a construção de uma sociedade mais justa e com ensino de
qualidade para todos. Portanto cabe aos pais e a escola a importante tarefa de
educar a criança, transformando em cidadãos participativos, atuantes e
conscientes de seus deveres e direitos. Os pais podem exercer grande
influência no trabalho do educador através da integração entre família e escola.
Sabe-se que atualmente na sociedade pós-moderna estão ocorrendo
transformações de forma rápida em todas as esferas sociais, principalmente na
educação, em virtude disso torna-se necessário a utilização pelas escolas de
novos métodos de ensino, por exemplo, o uso de tecnologias, como as redes
eletrônicas no processo de ensino e aprendizagem. Por isso, este novo modelo
de educação requer que os educadores acompanhem estas transformações
que contribuem para sua agilidade profissional. O educador, usando as redes
eletrônicas, poderá gerar e gerenciar uma abundância de noções e
conhecimentos, trabalhando na análise e na produção de novos
conhecimentos.
Assim, o objetivo principal do educador deve está centralizado em ser
aberto para aprender a cada momento, e não em ser considerado como o dono
da verdade absoluta, pois vale salientar que não podemos refletir, nos dias
atuais, que nossos educandos são inferiormente responsáveis ou menos
organizados do que em outros tempos. O que temos que observar é que o
padrão do mundo está se distorcendo ligeiramente e que as técnicas têm
contribuído para isto. Ao educador, competirá o trabalho de instruir seus
educandos a tornarem corajosos neste mundo marcado pelas multiplicidades
de conhecimentos. Não se pode prosseguir produzindo uma educação pautada
no paradigma de que as pessoas não sejam capazes de refletir em busca da
construção de seus próprios conhecimentos. No modelo atual de educação,
esse conhecimento é tido como fruto de constantes reflexões e interações
entre alunos e professores.
Em todo momento o educador não caminha à frente do aluno, mas lado
a lado com os mesmos, trilhando sua aprendizagem e fazendo intervenções
23. 22
necessárias, estimulando a buscar informações em diferentes fontes,
ajudando-o a encontrar por si próprio a resposta para sua ação ou dificuldade.
Escola e família têm uma semelhança de ajuda na formação do ser
humano. A criança ao nascer vai depender do espaço onde está inserida, pois
é por meio deste lar que ela vai receber os ensinamentos principais e torná-la
apta e habilitada a enfrentar os desafios do mundo adiantado. Deste modo, a
família continua a ser a base da formação do sujeito de um modo geral. Para
Tiba (1996, p. 140), “O ambiente escolar deve ser de uma instituição que
complemente o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis
e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos
para o benefício do filho/aluno”. A criança ao nascer vai depender do espaço
onde ela está inserida, pois é por meio deste lar que ela vai receber os
ensinamentos principais e torná-la apta para enfrentar os desafios atuais. De
acordo com Gokhale (1980, p. 41),
A família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade
futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem
sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua
criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. A
família tem sido, e será a influência mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
Sabemos que a escola é lugar de compartilhar valores e de agregar
conhecimentos, desenvolvendo capacidades, inteligências sociais, afetivas e
éticas etc. Sendo assim, “A escola não é somente um espaço de transmissão
da cultura e de socialização. É também um espaço de construção de
identidade” (CASTRO; REGATTIERI, 2009, p. 20).
Diante disso, o professor tem o dever de se preparar para lidar com
situações e comportamentos distintos, preparo esse intelectual, emocional e
ético, para que o educador seja capaz de mediar e resolver conflitos, já que a
escola é também lugar de formação de competências para a participação na
vida social, econômica e cultural. O educador precisa trabalhar com o objetivo
de promover a aprendizagem nos alunos, procurando auxiliar estes a superar
as dificuldades de aprendizagem.
O professor deve valorizar sempre a participação do aluno na construção
do conhecimento, pois a relação entre o educador e o educando é horizontal,
24. 23
ou seja, professor e aluno aprendem juntos mediante a realização de
atividades diárias. Nesta ação, o professor necessita estar comprometido com
um trabalho transformador, buscando despertar no aluno, a valorização de sua
linguagem e cultura.
Diante disso, é imprescindível que o professor valorize as várias formas
de linguagem, culturas e conhecimentos dos alunos. Colaborando com a
discussão sobre o tema de nosso trabalho, Young (2007, p. 1296) tece
algumas considerações:
[...] as escolas nem sempre têm sucesso ao capacitar alunos a
adquirir conhecimento poderoso. Também é verdade que as escolas
obtêm mais sucesso com alguns alunos do que com outros. O
sucesso dos alunos depende altamente da cultura que eles trazem
para a escola.
Um bom aspecto para a educação, o primeiro passo que um educador
deve ampliar é o de criar estratégias em equipe com a família dos educandos
com a finalidade de promover e defrontar as situações imprevistas. Ainda de
acordo com Young (2007, p. 1291),
As escolas são tratadas como um tipo de agência de entregas, que
deve se concentrar em resultados e prestar pouca atenção ao
processo ou ao conteúdo do que é entregue. Como resultado, os
propósitos da escolaridade são definidos em termos cada vez mais
instrumentais, como um meio para outros fins. Com as escolas
sendo controladas por metas, tarefas e tabelas comparativas de
desempenho, não é de se espantar que os alunos fiquem entediados
e os professores sintam-se desgastados e apáticos.
Gadotti e Romão (2002, p. 120) afirmam que “a escola não deve apenas
transmitir conhecimentos, mas também preocupar-se com a formação global
dos alunos”. Segundo Dayrell (2007, p. 1106),
Para os jovens, a escola se mostra distante dos seus interesses,
reduzida a um cotidiano enfadonho, com professores que pouco
acrescentam à sua formação, tornando-se cada vez mais uma
“obrigação” necessária, tendo em vista a necessidade dos diplomas.
A educação tem um papel fundamental na vida das pessoas, formar
cidadãos cônscios de seus direitos e deveres, a fim de que possam atuar de
maneira crítica no contexto social em que estão inseridos, e que possam
25. 24
perceber que a sua intervenção é de grande valia na transformação da
sociedade. Sabe-se que a escola, por ser uma instituição responsável pela
educação de uma clientela social, política, cultural e economicamente
diversificada, enfrenta inúmeros problemas de relacionamento entre os
indivíduos.
Estes fatores interferem diretamente na disciplina, pois a falta desta tem
sido apontada como alvo principal dos conflitos escolares, o que
consequentemente tem interferido de forma negativa no processo de ensino e
aprendizagem. Machado (1991, p. 19) ressalta que:
A vivência familiar é insubstituível. No entanto essa possibilidade de
ampliar esta vivência entre outras crianças, desde que num ambiente
propício, com adultos qualificados e uma metodologia que levem em
conta suas necessidades e características, favorece e enriquece seu
desenvolvimento desde que nasce e isto só é possível numa
instituição voltada para este fim. Escola e família não se excluem, se
completam.
Segundo Torres (2006), uma das principais funções sociais da escola é
preparar o cidadão para o pleno exercício da cidadania, vivendo como
profissional e cidadão. Isto mostra que a escola tem como papel social
democratizar informações e constituir cidadãos participativos e atuantes na
sociedade.
O papel da escola é o de oferecer condições, propiciar
oportunidades e estímulos dos mais variados para a criança educar-
se, socializar-se, formar-se independente e autônoma para enfrentar
situações de conflito dos mais diversos, apropriando-se do processo
de aprendizagem como sujeito de sua história (FAZENDA, 1991, p.
24).
Analisando a escola como uma das primeiras instituições pela qual o
indivíduo passa, ressaltamos o espaço físico também como um aliado na tarefa
de auxiliar no desenvolvimento do mesmo. O ambiente escolar é muito mais
que um espaço que abriga, guarda, ele é também educador (GANDINI, 1999).
26. 25
1. 3 PARCERIA FAMÍLIA-ESCOLA
Entende-se que a família, em parceria com a escola, deva exercer papel
fundamental na orientação dos educandos. Silveira (2003, p. 131) apresenta
que a escola e a família necessitam criar uma parceria para construir
“alternativas a partir da realidade que está se apresentando”. É necessário
haver essa parceria entre ambas as instituições. A Escola precisa criar
situações que aumentem a participação dos pais na unidade escolar. Conforme
Gentile (2006, p. 32), “O bom relacionamento deve começar da matrícula e se
estender a todos os momentos”. Esse é um dos fatores fundamentais para o
sucesso da parceria. De acordo com Souza (2009, p. 3),
A boa vontade e simplicidade pode ser a chave para uma
aproximação entre família e escola, além do diálogo e compromisso
de ambas as partes, pois, quanto maior for a participação da família,
mais eficaz será o trabalho da escola.
A escola juntamente com a família são as instituições sociais que mais
causam reflexos nas crianças, sejam estes positivos ou não. A escola será
determinante para o desenvolvimento cognitivo e social da criança e, portanto,
para o curso posterior da vida. Naturalmente que, depois da família, é na
escola que as crianças permanecem mais tempo, e as expectativas em relação
ao seu desempenho escolar aumentam, assumindo maior importância na vida
em família.
Educação não é só ensinar, instruir, treinar, domesticar, é, sobretudo
formar a autonomia do sujeito histórico competente, uma vez que, o
educando não é o objetivo de ensino, mas sim sujeito do processo,
parceiro de trabalho, trabalho este entre individualidade e
solidariedade (Demo, 1996, p. 16, apud CRUZ, 2009, s.p.).
É preciso rever esta situação resgatando os valores emocionais, morais
e espirituais da família, reforçando a importância do que está sendo aprendido.
Castro (2011, s/p) observa que:
Haver uma aliança entre pais e professores é essencial, produtivo e
eficaz. É importante terem em mente que as reuniões de pais e
mestres não são para falar mal ou bem do aluno, ou do filho, e sim
reportar seus progressos e dificuldades, discutindo melhorias ou
soluções de problemas.
27. 26
Muitos educadores reclamam da ausência dos pais no acompanhamento
da vida escolar dos filhos, porém não abrem espaços para que as famílias
frequentem a escola periodicamente, no entanto sabemos que muitos pais não
dão o apoio necessário que a criança precisa, para ter um bom rendimento
escolar. Um ponto que faz a diferença nos resultados da educação nas escolas
é a proximidade dos pais no esforço diário dos professores. Por isso é
indispensável haver uma parceria entre Escola e Família. De acordo com Scoz
(1994, p. 71),
A Escola deve reavaliar os objetivos das reuniões que promove e o
espaço de participação que oferece aos pais. Inúmeras experiências
de trabalho com a comunidade escolar têm demonstrado que
raramente os pais sentem-se motivados a comparecer às reuniões
cujos objetivos são apenas os de prestar contas de questões de
ordem administrativa ou de instruí-los sobre normas e procedimentos
a serem cumpridos.
A Escola deve criar situações que aumentem a participação dos pais na
unidade escolar. Eles precisam compreender o quanto é importante oferecer a
sua contribuição na educação de seus filhos. Na relação família e escola, a
família legitima o discurso escolar, buscando adequar as práticas culturais
familiares às práticas escolares. Muitas vezes os pais acabam não atribuindo
certos limites aos filhos, permitindo que estes decidam sozinhos como agir em
suas vidas, isto tem causado sérios prejuízos na formação dos mesmos.
Alguns alegam que não têm tempo, trabalham demais e não dispõe de
condição para acompanhar de modo mais direto a vida dos seus filhos.
Os pais precisam estabelecer princípios desde cedo para seus filhos,
assim eles podem crescer sabendo que precisam respeitar normas em casa,
na escola, nas ruas etc. Cury (2003, p. 52) diz que:
Antigamente os pais eram autoritários, hoje, são os filhos.
Antigamente os professores eram os heróis dos alunos, hoje, são
vítimas deles. Os jovens não sabem ser contrariados. Nunca na
história assistimos a crianças e jovens dominando tanto os adultos.
Os filhos se comportam como reis, cujos, desejos têm de ser
imediatamente atendidos. Em primeiro lugar, aprenda a dizer “não”
para seus filhos sem medo. Se eles não ouvirem “não” dos pais,
estarão despreparados para ouvir “não” da vida. Não terão chance
de sobreviver.
28. 27
A parceria entre a família e a escola no sentido de garantir um
desenvolvimento pleno para os educandos no mundo atual e a forma de educar
também interferem no desempenho escolar dos mesmos. Através de pesquisa
bibliográfica, verificou-se que para superar os obstáculos impostos pelo
cotidiano é necessário que haja união entre estas duas instituições sociais. A
família e a escola juntas conseguirão obter melhores resultados no
desenvolvimento dos estudantes.
Além de preparar o educando para o mercado de trabalho, a Escola tem
o dever de preparar este para atuar na sociedade como um cidadão consciente
de seu papel. Porém a Escola só conseguirá fazer isso, se contar com a
participação dos pais, pois estes precisam dar continuidade em casa ao que é
ensinado na escola, visto que a escola não deve ser só um lugar de
aprendizagem, mas também um campo de ação na qual haverá uma
continuidade da vida afetiva.
É imprescindível ressaltar que para formar um verdadeiro cidadão
construindo um futuro melhor, depende da confiança e apoio mútuo entre a
família e a escola. Segundo Castro (2011, s/p), “O bem estar surge da
confiança de sermos capazes de nos autossustentar continuamente, mesmo
diante de situações em que nos tornarmos frágeis e emocionalmente reativos”.
Acredita-se que se a família conseguir superar estes entraves e aliar-se à
instituição escolar haverá um avanço significativo na aprendizagem dos
educandos e consequentemente tornaria possível minimizar a evasão e a
violência na escola. Gentile (2006, p. 37), observa que “Nas grandes cidades, a
falta de tempo é um dos fatores que afastam as famílias da escola. Na área
rural, é a distância”.
Acredita-se que uma grande maioria da população não se dá conta de
que a educação é um dos meios mais viáveis para a transformação do cidadão.
Alguns pais não ajudam seus filhos a superar suas dificuldades escolares, pois
não tiveram oportunidades para estudar. Candau et al. (1995, p. 13) afirmam
que “Para a grande maioria dos brasileiros vida digna supõe lutar pela
satisfação de necessidades básicas”. Diante desta complexidade que se
encontra a educação nos dias atuais, o professor tem o dever de preparar-se
para lidar com diversas personalidades humanas e é cobrado pela sociedade a
desempenhar seu papel como orientador, formando cidadãos capazes de
29. 28
enfrentar o mercado de trabalho. Na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o Artigo 26 enfatiza que:
A educação terá por finalidade o pleno desenvolvimento de
personalidade humana e o fortalecimento do respeito aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais; (...) os pais terão direito de
preferência na escolha do tipo de educação que será dada aos seus
filhos (CANDAU ET AL, 1995, p. 102)
Observa-se que a sociedade tem passado por diversas transformações,
pois há alguns anos, só frequentavam as escolas os filhos de pessoas que
dispunham de condição financeira favorável. Hoje é diferente, a educação
constitui-se em um direito de todos, sem exclusão de raça, cor, gênero,
orientação religiosa etc. A escola precisa preparar-se, para acolher seus alunos
e prepará-los para a vida pessoal e profissional. Ainda segundo Candau et al
(1995, p. 102), o Artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente expressa
que:
A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às
instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do
processo pedagógico, bem como participar da definição das
propostas educacionais.
Atualmente as escolas precisam de uma parceria mútua dos pais, pois
sabemos que os mesmos são responsáveis pela orientação e construção da
identidade de cada filho. Inicialmente, pode-se afirmar que nos dias atuais a
família não pode viver sem a escola e a escola sem a família. Assim, a escola e
a família têm uma ampla tarefa a cumprir, uma vez que nelas é que se
desenvolvem os principais grupos sociais, pessoas interessadas em evoluir e
se aperfeiçoar como cidadãos, comprometidos com mudança na sociedade.
É preciso que as famílias tenham o compromisso de se envolverem com
a escola deixando seus filhos se sentirem protegidos e valorizados como seres
humanos. As crianças e adolescentes têm os adultos como referência que irão
30. 29
proporcionar o seu desenvolvimento. De acordo com Durkheim (1978, p. 52),
“A educação não é um elemento para a mudança social, e sim pelo contrário, é
um elemento fundamental para a conservação e funcionamento do sistema
social”. A relação entre Escola e Família tem sido muito discutida nos dias
atuais, isso ocorre devido aos problemas enfrentados por profissionais da
Educação em sala de aula, como por exemplo, a indisciplina dos alunos, a
violência escolar, as dificuldades de aprendizagem etc.
Para Bassedas; Huguet e Solé (1999, p. 282) “precisa ficar claro que a
escola e família são contextos diferentes e que nesses contextos, as crianças
encontrarão coisas, pessoas e relações diversas”. Diante disso é necessário
que haja parceria entre escola e família, pois entendemos que é de grande
valor para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Gentile (2006, p.
32), afirma que: “Abrir as portas à participação de familiares e da comunidade
ajuda os alunos a ter sucesso na vida escolar e colabora para diminuir a
evasão e a violência”. Em relação aos objetivos da escola e da família, afirma
Gentile (2006, p. 33),
Escola e família têm os mesmos objetivos: fazer a criança se
desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem.
As instituições que conseguiram transformar os pais ou responsáveis
em parceiros diminuíram os índices de evasão e de violência e
melhoraram o rendimento das turmas de forma significativa.
As escolas conseguem melhorar o rendimento dos alunos contando com
a participação efetiva dos pais no acompanhamento do desenvolvimento das
atividades escolares dos filhos. Atualmente tem se tornado comum alguns pais
irem à escola questionar, desde as atividades escolares até a forma dos
professores avaliarem os alunos, outros, após matricularem os filhos,
entregarem à escola toda a problemática relacionada à educação (desde o
conteúdo até a formação ética). Ambas as maneiras em nada colaboram para o
desenvolvimento intelectual e afetivo dos educandos. Se a relação estiver
abalada, deve-se buscar as causas para tentar resolver as dificuldades que na
maioria das vezes surgem de ideias equivocadas, difundidas por alguns que
não detêm conhecimentos pedagógicos para fundamentar suas críticas.
Quando os pais não confiam mais na escola (e vice-versa), o caos se instala e
31. 30
os alunos/filhos são bastante prejudicados. De acordo com Medeiros (2006, p.
15),
A escola é uma instituição direcionada ao ensino que, como outras, é
um importante espaço de socialização, possibilita o encontro de
jovens de díspares culturas e com tendências à busca e a
experimentação, facilita o confronto com a autoridade do saber, o
que implica poder e domínio.
É importante que no espaço escolar os estudantes tenham contato com
diversas informações e vivências culturais, pois isso colabora de forma positiva
no desempenho escolar dos mesmos, sempre valorizando a participação
efetiva dos pais no contexto escolar e na educação dos filhos. Reis (2007, p.
6), diz que: “A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade
educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação
com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos”.
1. 4 DESEMPENHO ESCOLAR
Considerando o desenvolvimento físico, intelectual, moral, espiritual e
social dos estudantes atuais nas escolas brasileiras, percebe-se que de modo
geral esses educandos não estão desenvolvendo de maneira plena todas
essas potencialidades, já que muitas dessas crianças não possuem família e
quando têm é família desajustada, que causa algumas dificuldades no
aprendiz, tais como, dúvidas, insatisfações, descrenças na vida e reações
adversas, o que tem contribuído para a má formação de alguns cidadãos na
atual sociedade complexa e individualista. Segundo Fusverki e Pabis (2008, p.
4),
A desestrutura familiar permeia a nossa sociedade o que influencia
diretamente na formação primeira da criança, pais separados têm
uma grande influência no desenvolvimento psicológico, emocional e
afetivo das nossas crianças.
Isso tem afetado de forma direta o desempenho escolar de muitos
estudantes. Para que estes consigam obter êxito no processo de ensino e
aprendizagem e nas tarefas escolares, precisam do apoio da família, pois não
importa o preparo intelectual, se não tiver o afeto. É preciso fazer uma
32. 31
“discussão e reflexão sobre a necessidade do bom relacionamento entre a
família e a escola para um melhor desempenho escolar das crianças” (SOUZA,
2009, p. 5), pois a participação da família na escola ajuda para que o educando
obtenha uma aprendizagem melhor. Com a participação dos pais no processo
de ensino e aprendizagem, o aluno adquire confiança ao perceber que tanto a
escola quanto a família se interessam por ele.
A escola e a família necessitam conhecer as dificuldades enfrentadas
pelos alunos, bem como seus conhecimentos, pois educação se constitui em
um elemento de socialização para as futuras gerações:
A educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as
gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social:
tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de
estados físico, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade
política, no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança
particularmente se destine (DURKHEIM, 1978, p. 41).
Torna-se importante a participação dos pais na educação dos filhos, pois
“Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem as condutas caóticas
e desordenadas, que se refletem em casa e, quase sempre, também na escola,
em termos de indisciplina e de baixo rendimento escolar” (MALDONADO, 1997,
p. 11).
Sabemos que uma família afetiva, participativa na educação de seu filho,
ajuda na construção desse indivíduo, pois nessa fase a criança precisa
principalmente desse afeto e apoio para realizar suas escolhas e
transformação para tornar-se um verdadeiro cidadão. Isto ocorrerá de forma
satisfatória se a família estiver caminhando junto com a escola na
aprendizagem integral desses jovens.
Comprova, deste modo, a necessidade de um trabalho conjunto entre
família e escola, no sentido de favorecer a superação destas dificuldades, é
preciso os pais incentivarem os filhos a estarem na sala de aula, é, portanto,
tarefa valiosa e primordial.
A hipótese é que crianças e jovens com dificuldade de aprendizagem
podem ser beneficiados com uma intervenção familiar, que lhes
possibilite sair da posição portadora do sintoma para a construção de
uma nova relação com o saber. Pois, penso que seja qual for a
etiologia da dificuldade de aprendizagem (neurológica, emocional,
33. 32
cognitiva ou genética), o grupo familiar é fator decisivo para a
condução e/ou resolução da situação (POLITY, 2001, p. 16).
A família e a escola, por serem as primeiras unidades de contato
contínuo, são também os primeiros contextos nos quais se desenvolvem
padrões de socialização e problemas sociais. É fácil perceber que estas duas
instituições interferem diretamente na estrutura pessoal de um indivíduo,
principalmente, quando esse está em formação.
Quando os pais são participativos nas atividades realizadas pela
escola o aluno se desenvolve com maior facilidade, quando surge
uma dificuldade pais e professores dialogam buscando resolver
juntos o problema, deixando de lado as acusações feitas “quando as
notas altas deixam a desejar, e começa o jogo de empurra,
professores acusam os pais e os pais acusam os professores”, e
assim surgem as transferências de responsabilidade, fazendo cada
um a sua parte. A escola precisa abrir as portas para essa
participação dos pais, trazendo-os à escola com as atividades
diversificadas e do interesse deles (FUSVERKI; PABIS, 2008, p. 13).
Diante disso, entende-se que a parceria entre a escola e a família é de
essencial valor, pois ambas as instituições, unidas auxiliarão no
desenvolvimento educativo, político, cultural e social dos educandos, fazendo
com que os mesmos se tornem cidadãos críticos e conscientes em reivindicar
seus direitos e cumprir com os deveres que lhes são atribuídos, e para que isso
ocorra é necessário que essas organizações (família e escola) caminhem
unidas em busca de objetivos comuns, aquisição da liberdade como atuação
política, participativa. É preciso haver uma parceria entre a família e a escola,
pois segundo Castro (2011, s/p),
Haver uma aliança entre pais e professores é essencial, produtivo e
eficaz. A própria escola tem de mostrar coesão e transparência,
trabalhando em equipe, entre si, e em relação à família de seus
alunos. A Escola pode dar o primeiro passo, pela própria base de
formação da qual é portadora. É importante ter em mente que as
reuniões de pais e mestres não são para falar mal ou bem do aluno,
ou do filho, e sim reportar seus progressos e dificuldades, discutindo
melhorias ou soluções de problemas. Pais e escola devem educar
juntos (e não separados) para um bem maior. A criação de um
verdadeiro cidadão, construtor de um futuro melhor para as próximas
gerações, depende desta aliança, do relacionamento e da confiança
mútua.
34. 33
Espera-se que a participação que abrange a família e a escola possa
estabelecer uma sociedade justa e democrática. Entende-se que, para que o
processo de ensino e aprendizagem se efetive na prática, é necessário que
ocorra uma parceria entre a família e a escola. Compreende-se que, desse
modo, o intercâmbio entre família e escola é imprescindível para que ambas
reconheçam suas realidades e limitações e que possam buscar caminhos que
facilitem o entendimento entre si, em busca do sucesso na educação dos seus
filhos e alunos.
35. 34
CAPÍTULO II
2. METODOLOGIA
2.1 O Paradigma da Pesquisa
A partir deste capítulo estão dispostos todos os dados coletados e que
norteiam a presente pesquisa. É aqui que se apresentam os elementos já
conferidos e comparados aos diversos autores que fundamentam esse estudo.
Segundo Best (1972 apud LAKATOS e MARCONI, 1991, p. 167), a análise
“representa a aplicação lógica e indutiva do processo de investigação. A
importância dos dados não está em si mesma, mas em proporcionarem
respostas às investigações”.
Deste modo, como elemento final do processo de pesquisa, a análise e
interpretação dos dados coletados através de entrevistas (instrumento este
utilizado com o objetivo de reunir as informações necessárias para nossas
discussões) permitiram comparar os dados obtidos, os quais foram
fundamentais para o esclarecimento da problemática e também responder aos
objetivos propostos pelo presente estudo. Lüdke e André (1986, p. 45) afirmam
que:
Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo o material
obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as
transcrições de entrevista, as análises de documentos e as demais
informações disponíveis. A tarefa de análise implica, num primeiro
momento, a organização de todo o material, dividindo-o em partes,
relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e
padrões relevantes.
Ao examinar os dados coletados, procurou-se fazer de modo cuidadoso
e imparcial, pois de acordo com Wilson (1977 apud LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.
15), na perspectiva qualitativa “O pesquisador deve exercer o papel subjetivo
de participante e o papel objetivo de observador, colocando-se numa posição
ímpar para compreender e explicar o comportamento humano”. Ainda em
relação ao papel exercido pelo pesquisador, Lüdke e André (1986, p. 12)
argumentam que “Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a
36. 35
“perspectiva dos participantes”, isto é, a maneira como os informantes encaram
as questões que estão sendo focalizadas”.
A investigação realizada utilizou-se de pesquisa qualitativa, levando em
consideração os dados dos informantes (pais e professores), para descrever e
explicar as possíveis contribuições da participação dos pais na vida escolar dos
filhos, ou seja, da interação entre a Família e a Escola.
Assim, objetivamos apresentar os embasamentos teórico-metodológicos
da trajetória percorrida para a realização desse estudo, apresentamos o lócus,
os sujeitos e os instrumentos de coleta de dados da pesquisa. Este estudo
busca focalizar a importância da integração família e escola e foi direcionado
sob o enfoque qualitativo, procurando compreender o fenômeno estudado.
Partindo deste pressuposto, decidimos realizar este estudo, pois segundo
Demo (1993, p. 127) “a alma da vida acadêmica é constituída pela pesquisa,
como princípio científico e educativo, ou seja, como estratégia de geração de
conhecimento e de promoção da cidadania”.
Para a realização dessa pesquisa, além da revisão bibliográfica, optou-
se metodologicamente pela realização de entrevistas com professores e pais
de alunos. Ressaltamos que a presente pesquisa tem características
predominantemente de natureza qualitativa, pois apresenta algumas de suas
características básicas, apontadas por Bogdan e Biklen (1982 apud LÜDKE e
ANDRÉ, 1986, p. 11-13), conforme segue:
• A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta
de dados e o pesquisador como seu principal instrumento;
• Os dados coletados são predominantemente descritivos;
• A preocupação com o processo é muito maior do que com o
produto;
• O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são
focos de atenção especial pelo pesquisador;
• A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.
Segundo Goldenberg (2000, p. 49), “os dados da pesquisa qualitativa
objetivam uma compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados
no pressuposto da maior relevância do aspecto subjetivo da ação social”.
Diante disso, concluí-se que quanto à abordagem qualitativa, o foco da
investigação centra-se na compreensão dos significados atribuídos pelos
sujeitos às suas ações, e que, durante seu desenvolvimento,
37. 36
[...] o investigador introduz-se no mundo das pessoas que pretende
estudar, tenta conhecê-la, dar-se a conhecer e ganhar sua
confiança, elaborando um registro escrito e sistemático de tudo
aquilo que ouve e observa (Bogdan; Biklen, 1994, p.16 apud
DOURADO, 2009, p. 31-32).
Por isso a pesquisa de campo é importante para conseguirmos obter
uma análise mais completa e qualificada do processo que vem sendo
estudado. A pesquisa qualitativa permite ao pesquisador envolver-se de modo
direto com as fontes, o espaço, e o tempo vivido pelos pesquisados e, por
participar de seus conhecimentos, os quais tornam o intercâmbio de
informação mais rica em dados, o que beneficia o estudo.
Segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 47 apud DOURADO, 2009, p. 31)
“Na investigação qualitativa, a fonte direta de dados é o ambiente natural,
constituindo o investigador o instrumento principal”. Optamos pela a
abordagem qualitativa, pois entendemos que a mesma atende nosso propósito.
Ainda de acordo com Bogdan e Biklen (1994, p. 48 apud DOURADO, 2009, p.
31) “Os investigadores qualitativos freqüentam locais de estudo porque se
preocupam com, o contexto. Entendem que as ações podem ser melhor
compreendidas quando são observadas no seu ambiente de ocorrência”. A
pesquisa qualitativa tem como objetivo principal interpretar o fenômeno que
observa, ou seja, nela não existe a suposta certeza do método experimental,
trabalhando com valores, crenças, opiniões, atitudes e representações, tenta
atingir o objetivo.
A pesquisa qualitativa ou naturalística, segundo Bogdan e Biklen
(1982), envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato
direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o
processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva
dos participantes (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 13).
Na pesquisa qualitativa o que se quer alcançar é “a compreensão dos
comportamentos a partir da perspectiva dos sujeitos da investigação” (Bogdan;
Biklen, 1994, p.16 apud DOURADO, 2009, p. 31).
2. 2 Participantes e Lócus
38. 37
O mencionado trabalho de pesquisa tem como participantes dois
professores e oito pais de alunos do ensino fundamental I da Escola Municipal
Luiz Navarro de Britto, que fica situada no Bairro do Alto, na cidade de Itiúba,
Bahia. Esse estabelecimento de ensino atende a crianças do ensino
fundamental, nos turnos matutinos e vespertinos, onde se buscou coletar
informações e dados referentes à participação da Família junto à referida
Escola. A escolha do município de Itiúba como lócus para a realização desta
pesquisa justifica-se por ser nosso domicílio de moradia e trabalho.
O município de Itiúba está localizado no semi-árido do Norte Baiano na
Região do Território do Sisal, a cerca de 300 km da capital do estado
(Salvador). Possui área total de 1.737,8 km², sua população é estimada em
36.113 habitantes, o que dá uma densidade populacional de aproximadamente
20,78 hab/km², segundo o censo do IBGE (BRASIL, 2010). Sua emancipação
política ocorreu em 17 de janeiro de 1935, quando foi desmembrada do
município de Queimadas. A economia local tem seu forte na pecuária e na
extração mineral (minério de ferro e cromo). Os municípios que fazem limite
com Itiúba são: Monte Santo, Cansanção, Queimadas, Andorinha, Senhor do
Bonfim, Filadélfia e Ponto Novo. A sede do município é cercada por belíssimas
serras, por isso é particularmente conhecida como “Cidade Serrana”.
2. 3 Instrumentos de coleta de dados
Inicialmente para a realização deste trabalho, foi feito um estudo
bibliográfico. Gil (1991, p.16) diz que: “a pesquisa bibliográfica é elaborada a
partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de
periódicos e atualmente com material disponibilizado na internet”. Através de
estudo de alguns autores, buscamos subsídios teóricos que respondam os
questionamentos apresentados e partindo das respostas encontradas,
rumaremos para segunda parte, se tratando da pesquisa de campo ao qual
avaliaremos a relação que a família-escola tem no processo de aprendizagem.
Para obtermos os dados apresentados nesse trabalho, utilizamos
instrumento de investigação e as técnicas disponibilizadas pelo mesmo, o que
de acordo com Rodrigues (2006, p. 92) é muito importante, pois a “técnica é o
suporte instrumental e prático que auxilia o pesquisador a chegar a um
39. 38
determinado resultado." E para isso adotamos a entrevista com professores e
alguns pais de alunos da referida escola. Segundo Marconi e Lakatos (2001, p.
196) “a entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do
entrevistado, sobre determinado assunto ou problema.”
A entrevista é considerada um dos mais importantes e básicos
instrumentos de pesquisa, muitos estudiosos compartilham desse pensamento,
como é o caso de Lüdke e André (1986) quando observam que ao lado da
observação, a entrevista representa um dos instrumentos básicos para coleta
de dados, pois ela desempenha importante papel não apenas nas atividades
científicas como em muitas outras atividades humanas,
A grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela
permite a captação imediata e corrente da informação desejada,
praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais
variados tópicos. Uma entrevista bem-feita pode permitir o
tratamento de assuntos de natureza estritamente pessoal e íntima,
assim como temas de natureza complexo e de escolhas nitidamente
individuais (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 34).
Ainda em relação à importância da utilização da entrevista como
instrumento de coleta de dados, entende-se que esta é uma excelente
ferramenta para a obtenção das informações necessárias para a conclusão
deste trabalho. Além das entrevistas realizadas com os participantes,
resolvemos avaliar o rendimento escolar de alunos, filhos de sujeitos que
participaram da nossa pesquisa. Para esse fim, utilizamos dos registros das
notas destes alunos contidas nos diários escolares, dos quais foram fornecido
cópias, mediante solicitação formal junto à direção da referida escola.
2. 4 Procedimentos de coleta de dados
Solicitamos da direção da Escola a autorização para realizarmos a
entrevista com professores e alguns pais de alunos do referido estabelecimento
de ensino. Antes da realização da entrevista (Apêndices A e B), informamos de
modo detalhado o objetivo da pesquisa e coletamos as assinaturas dos
professores e pais de alunos através do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndice C), o qual nos autoriza a analisar e publicar os dados
coletados, garantindo a total preservação dos nomes destes professores e pais
40. 39
de alunos, bem como dados de caráter particular que possibilitem a
identificação dos sujeitos pesquisados. Fizemos as entrevistas com pais e
professores, separadamente e finalmente, por meio da gravação da entrevista,
avaliamos a compreensão dos entrevistados, iniciando assim a análise final
dos dados coletados durante a mesma.
É nesta conjuntura que faremos a análise dos dados fornecidos sem, no
entanto, identificar diretamente os sujeitos participantes. Deste modo,
utilizaremos Prof.° acompanhado de uma numeração para indicar os
professores e professoras participantes deste estudo, bem como usaremos a
letra P para indicar os pais participantes desse trabalho, pois de acordo com
Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 199) é necessário que “O pesquisador, ao
relatar os resultados de sua pesquisa, precisa também preservar a integridade
física e a imagem pública dos informantes”. Por meio de procedimentos
metodológicos, baseados em entrevista com questões abertas, busca-se
conhecer as concepções dos professores e pais de alunos acerca da relação
Família e Escola.
2. 5 Análise dos dados
Procuramos a seguir, por meio da análise e interpretação dos dados
coletados, compreender e explicar o nosso foco de estudo, partindo do
pressuposto de que é impossível se conceber a existência isolada de um
fenômeno social. No caso particular do presente estudo, ouvimos os
participantes em seus próprios contextos e consideramos suas concepções
acerca dos questionamentos realizados. Assim partimos então para uma
reflexão, à luz dos embasamentos teóricos que possibilitaram descobertas e
respostas para a problemática apresentada inicialmente. Por fim, fizemos a
análise dos dados encontrados para responder nossos objetivos de pesquisa,
sugerindo assim uma proposta de ação que possa contribuir com a questão em
estudo. Resolvemos examinar os dados coletados, a partir de categorias, por
entendermos que desse modo se compreenderia melhor os resultados obtidos,
focalizando fatores gerais e específicos da realidade estudada.
Cada uma dessas categorias será exemplificada com relatos dos pais e
todas serão discutidas, a seguir, com base na literatura consultada.
41. 40
CAPÍTULO III
3. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise de dados e discussão dos resultados iniciou-se juntamente
com a coleta, e foram tomando forma à medida que eram redigidas as
anotações e transcritas as gravações, pois segundo Alves-Mazzotti e
Gewandsznajder (2001, p.162) “a análise e interpretação dos dados vão sendo
feitas de forma interativa com a coleta, acompanhando todo o processo de
investigação”.
Nos últimos anos, a integração família-escola tem sido bastante
destacada, por ser considerada como um dos principais recursos utilizados
para a melhoria da aprendizagem dos educandos. Esta parceria deve basear-
se na participação dos pais na vida escolar dos filhos, visando seu
desenvolvimento educacional.
A partir dos nossos objetivos de pesquisa que são: avaliar se a
participação da família na vida escolar de seus filhos tem alguma relação com
o desempenho deles; compreender como algumas famílias acompanham a
vida escolar de seus filhos e caracterizar o desempenho escolar desses
estudantes, resolvemos organizar os dados coletados, em categorias. Segundo
Bogdan e Biklen (1994, p. 221 apud DOURADO, 2009, p. 33),
As categorias constituem um meio de classificar os dados descritivos
que recolheu á medida que se vai lendo os dados, repetem-se ou
destacam-se certas palavras, frases, padrões de comportamento,
forma dos sujeitos pensarem e acontecimentos. (...) Determinadas
questões e preocupações de investigação dão origem a
determinadas categorias.
De acordo com as respostas dos entrevistados, agrupamos os mesmos
em duas categorias: a dos pais participativos na vida escolar dos filhos (7) e a
dos pais não participativos (apenas 1). A primeira categoria representa 87,5%
do total de entrevistados, (pais que participam da vida escolar dos filhos). Já a
segunda categoria (pais que não participam da vida escolar dos filhos)
corresponde a 12,5% dos participantes. A participação dos pais é de
fundamental importância para o sucesso do sistema educacional, pois este
42. 41
depende da relação de proximidade entre a família e a instituição de ensino,
sua abertura para transformá-lo num espaço de socialização em que todos
(alunos, pais de alunos, professores, direção, coordenação pedagógica e
comunidade em geral) interajam formando e fortalecendo parcerias
proveitosas. Segundo Pacheco (2004, p. 20), “É necessário que a escola e
seus projetos político-pedagógicos levem em consideração não apenas as
atividades internas, mas procurem desenvolver atividades externas,
envolvendo as famílias e outras entidades [...]”, isso proporciona integração e
fortalece o papel de cada instituição envolvida no processo de aprendizagem.
Assim, passaremos à análise da entrevista com os pais de alunos e
posteriormente com os professores. Vale aqui ressaltar que as falas dos pais
participantes dessa entrevista forram transcritas sem correção gramatical.
3.1 Entrevistas com os pais de alunos
3.1.1 Categoria 1: Pais que dão suporte aos filhos
Perguntamos inicialmente aos pais envolvidos na pesquisa, qual o
suporte que eles dão aos seus filhos na vida escolar e registramos algumas de
suas respostas a seguir:
Eu compartilho, tou todos os dias aqui, fui voluntária o ano passado
numa sala, ajudei fiz de tudo tanto os meus como os outros, que
sentia que precisavam de mim (P1).
A partir da resposta registrada percebemos que há um envolvimento
positivo da entrevistada com a instituição de ensino. Neste enfoque Prado
(1981, p. 13) vem trazendo uma importante contribuição quando diz que: “A
família influencia positivamente quando transmite afetividade, apoio e
solidariedade e negativamente quando impõe normas através de leis, dos usos
e dos costumes”.
Vejamos a fala de outro pai entrevistado:
Assim eu cumpanho as reunião, chega em casa também vou saber
se teve dever, se teve pego no pé deles para eles fazer, e me
preocupo muito assim para eles não perder aula, e as vezes vou
43. 42
levar até o meio da escola vou levar sempre eles, o dia que eles
dormem muito assim que perdem, nossa eu fico nervosa e faço
questão deles não perder aula, e (P2).
Diante das respostas apresentadas, podemos observar que os pais
dizem que dão algum tipo de suporte para os seus filhos na vida escolar,
principalmente comparecendo às reuniões realizadas pela escola e, ainda,
colocando seus filhos para fazer as tarefas que o professor passa para serem
feitas em casa. Os pais entrevistados demonstram também preocupação com
as faltas dos filhos na escola em dias de aula.
Ajudo bem, porque eu gosto que eles estudem, quando eles chegam
eu tenho que olhar direitinho, eu pergunto a eles se eles não é pra
responder a professora é pra ter aducação, eu acompanho assim
dando ensinamento assim, tem que respeitar os mais velhos, a
professora, conversano (P3).
Eu boto elas pra estudarem, quando elas tão assim, eu pergunto a
R. se elas tem alguma tarefa pra fazer, quando elas traz elas diz que
traz, quando elas não traz elas diz que não tem nada pra fazer aí eu
deixo elas brincarem (P4).
Também analisando os discursos aqui citados, podemos ver que o pai
se preocupa pela aprendizagem do filho.
Continuando os discursos:
Eu coloco no reforço particular e vou ensinando em casa também,
não espero só a professora aqui na escola (P5).
O incentivo, pelos estudo, eu incentivo elas estudar, porque hoje só
se adquire alguma coisa com estudo, porque sem o estudo tudo fica
mais difícil e que não tem condição a coisa é pior (P6).
Essas que falei, pergunto se teve atividade (P7).
Assim para ajudar nas tarefas, eu não sei não, só assinar o nome, é
por que só sei assinar o nome, não vou andar me “gavano’’ (P8).
Os resultados acima demonstram que os pais procuram dar o apoio
necessário para o desenvolvimento escolar de seus filhos, porém vale ressaltar
que é preciso buscar meios, a fim de que esse apoio seja ampliado de modo a
alcançar a totalidade dos educandos matriculados nas escolas.
3.1.2 Categoria 2: Pais que frequentam a escola
44. 43
Neste sentido, buscamos, na próxima questão (ou categoria)
informações relativas à frequência dos pais em relação à unidade escolar em
que seu filhos estudam.
Sempre, sempre, trago e venho pegar (P1).
Todos os dias não frequento, eu não pergunto, sempre eles não
faltam aula, quando eles faltam aula porque eu tava fazendo
tratamento fora eu tenho que levar um e outro fica, sempre vou lá
converso com a professora, com a diretora (P3).
Todos os dias vou levar e vou buscar (P4).
Como podemos constatar em algumas falas:
Eu sempre tou na escola, sempre levo eles acompanho até a escola,
pois é muito importante eles ter alguma segurança, um apoio (...)
(P6).
As runiões é (P7).
Vez em quando, quando tem reunião eu vou mais não é... como
amanhã vai ter eu já não vou, festinha eu num vou, porque minha
mãe manda o fio do meu irmão, aí eu tenho essa duas pequenas
que agora que botei elas na creche, aí eu ia deixar com quem para ir
para festinha nem pra reunião, tinha vez que eu ia tinha vez que eu
num ia não (P8).
Todos esses discursos nos apontam para a grande necessidade que se
tem da família frequentar regularmente a unidade escolar que os filhos
estudam e também participar de decisões relacionadas à educação dos filhos.
Segundo Nogueira (1999, p. 15), “Se a escola é uma instituição pública da qual
os pais dos alunos fazem parte, estes devem poder participar de tomadas de
decisão em relação aos objetivos educacionais, à prioridade e às metas do
projeto educativo”.
Diante dos relatos dos pais entrevistados, podemos constatar que a
maior parte deles afirma frequentar periodicamente a unidade escolar em que
seus filhos estudam. Assim, de acordo com Szymanski (2001, p. 82), as
famílias “Esperam da escola um tipo de organização que permita mais contato
com os pais, por meio de reuniões em que possam saber sobre o rendimento
45. 44
dos filhos, assim com um registro, um boletim”. Dessa forma, acreditamos
ainda que, “(...) se toda pessoa tem direito à educação, é evidente que os pais
também possuem, o direito de serem senão educados, ao menos informados e
mesmo formados no tocante à melhor educação a ser proporcionada a seus
filhos” (PIAGET, 1972, p. 50).
3.1.3 Categoria 3: Pais que participam de eventos escolares
Em seguida, perguntamos aos pesquisados se eles participam ou já
participaram de algum evento da escola de seus filhos. Conforme podemos
observar, as respostas foram as seguintes:
Já sim, as festinhas que tem aqui sempre participo, venho ajudar
ornamentar (P1).
Não, porque, assim quando eles querem fazer a festinha que me
pedem algum... um real, dois, três aí eu ajudo, tenho que ajudar
(P3).
Já o ano passado a R. foi a rainha do amendoim, e ,eu fui, o ano
retrazado elas dançaram uma quadrilha, aí eu tou sempre presente
(P4).
Já participei da II Conferencia do PNE da escola (P5).
Também (P7).
Nunca fui pra festinha não, nem nos dias das mães eu nunca vou,
nem quando eu morava na Serra eu nunca ia, porque eu não gosto
(P8).
Em relação a essa questão, entendemos que
(...) é imprescindível que família e escola atuem juntas como agentes
facilitadores do desenvolvimento pleno do educando, pois é através
da educação que vão se constituir em agentes institucionais capazes
de exercer seu papel para a mudança da estrutura social (SOUSA;
FILHO, 2008, p. 7).
3.1.4 Categoria 4: Pais que acompanham a vida escolar dos filhos
46. 45
Na questão seguinte, questionamos aos pesquisados (as) se em casa
eles acompanham a vida escolar de seus filhos. De modo que podemos
observar os seguintes registros:
Com os deveres, quando eles chegam eu vou logo perguntando se
tem dever, como se foi como eles responderam, no outro dia
pergunto a professora como foi o dia-a-dia dele o amanhã com ele,
pergunto tudo (P1).
Segundo Rossini (2004, p. 19), “Criar um filho sem nunca dizer “não”
significa comprometer seu equilíbrio futuro: será um ser com dificuldade de
tomar conta do próprio destino. Quanto mais cedo começarmos a estabelecer
os limites melhor”.
Não. Sempre a gente ajuda nas tarefas, as vez nem dá precisão,
porque eles ensinam bem eles tão muito, esse daí mesmo é muito
inteligente. Sabem ler e é muito inteligente, sempre eles não me dão
trabalho (P3).
Assim, outros pais entrevistados justificam suas respostas:
Assim eu ensino elas no que posso ensinar no que eu sei, quando
tenho alguma dúvida eu procuro alguém né que possa ajudar, mas
assim na medida do possível eu mesmo ajudo elas, mas assim elas
participam de uma ONG, e o rapaz me ajuda muito com elas (P6).
Foi como eu falei, eu não ajudo não, é só a menina, que eu não sei
ler, a irmã (P7).
3.1.5 Categoria 5: Pais que contribuem para a realização de atividades
escolares
Na quinta questão solicitamos que os pais informassem de que forma
contribuem para a realização das atividades escolares de seus filhos.
Para tanto, registramos as seguintes respostas:
Da primeira forma é com os materiais e o incentivo, todos os dias,
isso aos dois professores como tão a vida deles na sala de aula, se
participam, se conversam (P1).
Não sei o que acontece lá no colégio, porque aqui em casa ele é
obediente (P3).