Importância da História de Itiúba no Currículo Escolar
1. 8
INTRODUÇÃO
O Trabalho de Conclusão de Curso que ora pensamos em realizar, tem
como tema a inserção da História do município de Itiúba no currículo da Escola
Municipal Getúlio Vargas do referido município.
Acreditamos que conhecer a História de Itiúba é também conhecer a
nossa própria história. Lembrar os fatos históricos acontecidos no passado é
trazer a memória os feitos de nossos ancestrais, e isso nos ajudarão a
entender que é necessário preservar nosso patrimônio cultural.
Vivemos em um novo tempo, no qual é cada vez mais imprescindível
propiciar a integração dos alunos, corpo docente e comunidade local com os
conhecimentos para o exercício pleno da cidadania. Pois consideramos que a
verdadeira educação se constrói além dos limites da sala de aula.
A lembrança dos feitos dos nossos ancestrais são elementos que
ajudam ao fortalecimento do exercício da cidadania, dos alunos, professores e
funcionários da escola em estudo, bem como da comunidade local. O
reconhecimento da presença de alguns elementos do passado no presente,
juntamente com a identificação e a participação de diferentes sujeitos nos
acontecimentos, sociais, políticos, econômicos e culturais pode estimular a
busca pelo conhecimento sobre a diversidade da história do município.
Pensamos que este estudo é importante para a educação no nosso
município, porque estamos criando uma oportunidade para desenvolvermos
alguns conhecimentos que passam na maioria das vezes por despercebidos, e
queremos saber como estes saberes são tratados na escola e nas salas de
aula, para que a partir disso possamos sugerir alguma intervenção nas
práticas, bem como nos conteúdos que sejam relacionados com as questões
históricas e culturais do município, daí o nosso objetivo para este estudo, que é
refletir sobre como é que os alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas
trabalham a história do município de Itiúba em suas salas de aula.
2. 9
Palavras – chave: História e Currículo. Práticas educativas. História de
Itiúba.
3. 10
CAPÍTULO I
1. 1. História e historiografia
A história surgiu com o aparecimento da escrita. Na Grécia antiga a
palavra história, é derivada da denominação indo-europeia widweid, que
significa “ver”. Isto é, aquele que vê, que testemunha. Histórien, por sua vez,
em grego significa procurar, ou se informar a respeito de algo. Para Heródoto
(século V a. C.), primeiro historiador grego, a história é entendida como
testemunho, procura ou investigação. Todavia, a palavra empregada para
designar o saber histórico, a “narrativa”, não conhecia o rigor exigido pela
construção acadêmica, uma vez que a sua função era unir as fábulas e as
lendas aos fatos precisos. Nesse sentido, a história se apresenta como a
glorificação do homem, ou seja, a elevação do homem ao primeiro plano,
transformando-o num herói.
Os romanos receberam dos gregos o vocábulo história e destacam nele
o seu caráter objetivo, e como não poderia deixar de ser naqueles tempos,
para a história são apresentados suas intenções morais e patrióticas.
No período denominado Idade Média, surge uma dimensão filosófica
para história: a chegada do cristianismo, que impõe uma nova visão de mundo,
carregada por valores religiosos. O surgimento do cristianismo também
enriquece a história, uma vez que antes de tal acontecimento, essa, centrava-
se na tradição Greco-romana e depois do cristianismo as contribuições da
cultura dos povos orientais presentes na Bíblia, passam também a fazer parte
da história da humanidade, surgindo assim um novo sistema cronológico de
valor universal. Entretanto, é do século XVI ao século XVIII que nascem as
técnicas modernas de construção do conhecimento histórico.
O conceito de história está ligado ao estudo das experiências e das
ações de personalidades humanas, pois a história está para a humanidade
assim como a memória está para o individuo; a história é a memória coletiva.
Atualmente, a História é vista como a possibilidade de proporcionar reflexões e
4. 11
debates sobre a importância de acontecimentos do passado como contribuição
para o entendimento do futuro.
A “História não é memória ancestral ou tradição coletiva. É o que as
pessoas aprenderam de padres, professores, autores de livros de história e
compiladores de artigos para revistas e programas de televisão” (HOBSBAWN,
2005, p. 20)¹. Dessa maneira, a História é considerada como sendo um
conjunto de acontecimentos, fatos e realizações da humanidade que ocorreram
ao longo do tempo. Segundo Abud (1998)² ao longo do tempo, a História se
revelaria como a genealogia das nações, procurando identificar as bases
comuns, formadoras do sentimento de identidade nacional dos povos. Assim,
podemos observar que a História sempre permaneceu unida as manifestações
culturais de um povo e os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) confirmam
essa relação ao observar que
O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é
uma história de cultura, na medida em que tudo o que faz está
inserido num contexto cultural, produzindo e reproduzindo cultura. O
conceito de cultura é aqui entendido como produto da sociedade, da
coletividade à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e
transcendendo-os (BRASIL, 1997, p. 23).
A História como conhecimento humano, é uma área curricular
importante na formação dos estudantes, e compete aos professores
estimularem e incentivarem o desejo do aluno pela a aquisição desse
conhecimento. Durante muito tempo a história pátria era entendida e
considerada como a base da “pedagogia do cidadão”, seus conteúdos
deveriam enfatizar as tradições de um passado homogêneo, com feitos
gloriosos de célebres personagens históricos nas lutas pela defesa do território
e da unidade nacional.
______________________
¹ HOBSBAWN, E. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
² ABUD, K. M. “Formação da Alma e do Caráter Nacional: ensino de História na Era
Vargas”. Revista Brasileira de História, volume 18, número 36, São Paulo, 1998.
5. 12
Em todo o percurso da humanidade, a história tem sido construída como
resultado de conflitos entre as camadas sociais, conflitos esses geralmente
vencidos pela camada dominante, em prejuízo das camadas dominadas. Em
relação a História como componente escolar, o conteúdo lecionado em sala de
aula não pode se fixar, portanto, nem no passado, nem no presente tão
somente. Ele viabiliza-se em processo ou como diria o mesmo “ao longo da
caminhada” (MENEZES; SILVA, s/d, p. 221)³.
Atualmente as propostas curriculares passaram a ser influenciadas pelo
debate entre as diversas tendências historiográficas. Os historiadores movidos
pelas questões ligadas á história social, cultural e do cotidiano, tem sugerido
possibilidades de rever no ensino fundamental o formalismo da abordagem
histórica tradicional como, por exemplo, o acúmulo de diversas informações
acerca de datas e nomes, buscando valorizar mais as origens e culturas
populares.
De acordo com os PCN (BRASIL, 1998), torna-se indispensável que a
escola proporcione aos estudantes, possibilidades para que eles possam
pesquisar e conhecer os valores e manifestações culturais de seus
antepassados, resgatando assim a história de sua comunidade e contribuindo
para a valorização da mesma. Trabalhos nessa linha possibilitam para o
docente, entre outras coisas, reconhecer sua atuação na construção do saber
histórico escolar, na medida em que é ele quem seleciona, avalia e insere a
obra em uma situação didática e tal obra adquire novos significados ao ser
submetida aos novos interlocutores, ou seja, ele e os alunos.
A História estuda o passado do homem através da interpretação de
testemunhos, é importante destacar que a história contribui para explicar a
realidade em que vivemos e nos leva a ver como é fundamental a sua
existência. Karl Marx e Friedrich Engels viam a história como um processo
dinâmico, dialético, no qual cada realidade social traz dentro de si o princípio e
_____________________
³ MENEZES, L. M. de; SILVA, M. F. S. Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas. p.
221.
6. 13
sua própria contradição, o que gera a transformação constante na história.
Entretanto a historiografia marxista ficou limitada ao estudo dos aspectos
econômicos das sociedades do passado e os aspectos culturais ou políticos
eram interpretados como resultantes necessários da estrutura econômica
vigente em determinadas épocas. A realidade não é estática, mas dialética, ou
4
seja, está em transformação pelas suas contradições internas (BORGES, s/d) .
Como toda forma de conhecimento, a história procura desvendar,
revelar e interpretar relações desconhecidas, não claras e constitui-se como
uma forma de conhecimento pretensamente autônoma e cientifica. Por isso,
pode ser pensada a partir de uma perspectiva epistemológica concebida como
uma reflexão filosófica sobre o conhecimento cientifico.
O pesquisador da História necessita levantar uma quantidade de
vestígios adequados à pesquisa para a reconstituição daquilo que aconteceu
no passado. Os historiadores devem estar atentos as contribuições da teoria
literária de modo a lerem os textos de forma menos reducionista, pois, cada um
desses conceitos merecem ser estudados detalhadamente, a fim de que possa
contribuir para a compreensão do objeto em estudo (LACAPRA, 1992 apud
VASCONCELOS, 2009, p. 156).
5
De acordo com as professoras Tânia Colodete e Simone da Silva , a
disciplina História nos livros didáticos, continua contendo informações prontas,
datas precisas, fatos memoráveis, onde o aprendizado se faz através da
memorização de questionários de causas e consequências. As pesquisadoras,
afirmam que os professores precisam quebrar esses paradigmas para que seu
ensino seja proveitoso e que o aluno venha a adquirir uma aprendizagem
satisfatória.
_____________________
4
BORGES, V. P. O que é história. Uma enciclopédia crítica. Editora Brasileira. (Coleção
primeiros passos).
5
COLODETE, T; SILVA, S. Instituto de Educação Roberto Silveira. Duque de Caxias. Rio de
Janeiro. Em DVD.
7. 14
6
Helenici Ciampi observa que “a história se movimenta porque se não,
não estaríamos aqui. Porque a história caminha lentamente. Porque a
mentalidade, crenças e valores ainda estão irraigadas, então trazer o novo é
meio complicado”. O homem precisa da História para viver em sociedade
interagindo com seus semelhantes, necessita da fala, da escrita e de ouvir. Ao
longo do processo da existência humana, aparecem as lembranças, as
descobertas e surgem novos conhecimentos. Assim é claro, a existência do ser
humano se dar a partir das experiências das coisas e só podem ser realizadas,
tematizadas e lembradas pelo homem por meio de linguagem, da comunicação
da história.
A história, como as outras formas de conhecimento da realidade, está
sempre se constituindo, o conhecimento que ela produz nunca é perfeito ou
acabado. Há inúmeras discussões entre os vários especialistas sobre o que é
essencialmente história. A história como forma de explicação, nasce unida à
filosofia, é vista como mestra da vida, levando os homens a compreenderem o
seu destino. Ela continua tendo uma visão do tempo linear, cujo
desenvolvimento é conduzido segundo um plano da providência, da
providência divina.
A história mostra que os homens, para sobreviverem, precisam
transformar a natureza, o mundo em que vive. Fazendo não isoladamente, mas
em conjunto, agindo em sociedade, estabelecendo relações que não
dependem diretamente de sua vontade, mas do mundo que precisam
transformar. A história é apresentada como um processo de desenvolvimento
contínuo, desde a pré-história. Percebe-se que a partir da segunda metade
deste século, a história que ficou escrita é sempre marcada pela visão, pelos
desejos e interesses da chamada classe dominante. Para os pesquisadores a
história está em desenvolvimento constante. Desde as primeiras investigações,
até o uso do computador, as formas de registrar os fatos históricos e de utilizar
suas fontes vêm tendo um contínuo aperfeiçoamento.
_____________________________
6
CIAMPI, H. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo. Em DVD.
8. 15
A história é uma construção do próprio historiador que se impõe. É ele
quem escolhe seu objetivo, escolhe como vai trabalhá-lo, expô-lo. Também não
se pensa mais a história dos homens como sendo algo absoluto ou como um
objetivo que está pronto nos arquivos, sendo somente necessário ir lá buscar
seus dados para se reconstituir um fato histórico.
A história se faz com documentos e fontes, com ideias e imaginação das
pessoas, ela hoje em dia, pode ser destacada como o estudo do passado da
humanidade e sua função desde o inicio, foi a de fornecer a sociedade uma
explicação sobre ela mesma. A história procura especificamente ver as
transformações pelas quais passaram as sociedades humanas.
O tempo é a dimensão da análise da história. O tempo histórico através
do qual se analisam os acontecimentos não corresponde ao tempo cronológico
que a sociedade vive. O historiador que a escreve se ocupa especificamente
de uma determinada realidade concreta, situada no tempo e no espaço, pois o
homem é um ser finito, temporal e histórico.
Ele tem consciência de sua historicidade, isto é, de seu caráter histórico.
O homem vive em um determinado período de tempo, em um espaço físico
concreto. Tudo o que se relaciona com o homem tem sua história para
descobri-lo, o historiador vai perguntando: O quê? Quando? Onde? Como? Por
quê? Para quê?
A história, tal qual é ensinada deve acima de tudo transmitir um saber
científico que representa uma espécie de “cultura histórica”. As transformações
da sociedade contemporânea bem como as novas perspectivas
historiográficas, como as relações entre história e memória, têm estimulado o
debate sobre a necessidade de novos conteúdos e novos métodos de ensino
de história.
(...) o ensino de História pode favorecer a formação do estudante
como cidadão, para que assuma formas de participação social,
política e atitudes críticas diante da realidade atual, aprendendo a
discernir os limites e as possibilidades de sua atuação, na
9. 16
permanência ou na transformação da realidade histórica na qual se
insere (BRASIL, 1998, p. 36).
A história é uma compreensão dos atos humanos no passado uma
tomada de consciência da condição humana, uma apreciação de como os
problemas humanos vão mudando no transcorrer do tempo e uma percepção
de como homens, mulheres e crianças viviam e respondiam aos sucessos do
passado. A história busca compreender o gênero humano. O historiador não
necessita estabelecer um ponto de partida absoluto. O acesso ao passado
pode se realizar a partir de qualquer ponto e lugar. A história não tem um
princípio particular no tempo e espaço, nem um fim particular.
Ligada a busca de entender o que é História, encontra-se a
Historiografia. Para diversos autores, Historiografia é o conjunto de estudos
críticos acerca da história e que engloba as principais tendências dos
historiadores, suas teorias e métodos, assim como as obras produzidas sobre
determinado período da história de um país ou região.
O que é historiografia? Nada mais que a história do discurso — um
discurso escrito e que se afirma verdadeiro — que os homens têm
sustentado sobre o seu passado. É que a historiografia é o melhor
testemunho que podemos ter sobre as culturas desaparecidas,
inclusive sobre a nossa — supondo que ela ainda existe e que a
semiamnésia de que parece ferida não é reveladora da morte. Nunca
uma sociedade se revela tão bem como quando projeta para trás de
7
si a sua própria imagem (CARBONELL, 1987, s/p.) .
Diversos outros autores têm refletido em relação ao que se constitui a
8
Historiografia e Rüsen (1996, p. 13) afirma que:
Historiografia é uma maneira específica de manifestar a consciência
histórica. Ela geralmente apresenta o passado na forma de uma
ordem cronológica de eventos que são apresentados como
“factuais”, ou seja, como uma qualidade especial de experiência.
Para propósitos comparativos, é importante saber como essa relação
aos assim chamados fatos do passado é organizada e apresentada.
_____________________
7
CARBONELL, C. O. Historiografia. Trad. Pedro Jordão. Lisboa: Teorema, 1987, s/p.
8
RÜSEN, J. Some Theoretical Approaches to Intercultural Comparative Historiography.
History & Theory, v. 35, n. 4, p. 5-22, 1996.
10. 17
Uma outra característica da historiografia é sua forma lingüística. Ela
é apresentada em verso ou em prosa? O que esses dois modos de
apresentação de escrita indicam? É essa distinção a mesma através
das fronteiras culturais?
Para White (1987 apud VASCONCELOS, 2009, p. 156) a historiografia
encontra-se atrelada a modos antiquados de representação e devem abrir-se
as tendências contemporâneas, tanto a arte quanto na ciência, para recorrer à
historiografia deve assumir seu caráter narrativo, por isso é o que dá
especificidade ao conhecimento histórico. Em sentido escrito, o processo é
objetivo real de desenvolvimento da sociedade humana como um todo ou de
povos e nações. Segundo Orr (1986 apud VASCONCELOS, 2009, p. 156), a
historiografia, com o passar do tempo, torna-se valorizada em função de suas
qualidades literárias. De acordo com Freitas (1998, p. 9) “(...) Talvez a
historiografia esteja fadada a ser sempre uma parte da história das ideias (e
vice-versa) uma vez que sua ocupação com o registro está impregnada das
impressões (fantasmagóricas ou não) do “não registrado””.
Ciente de que historiografia tem uma história, o historiador Horst Walter
Blanke, se propõe a elaborar uma tipologia de modo que mostre da história
uma simples coleção que é encontrada e que produzam práticas cientificas
preocupado tanto em afirmar quanto em negar os princípios ideológicos dos
trabalhos selecionados. Em busca de uma compreensão do alcance e dos
limites da reflexão acerca da historiografia, o autor traz também uma instigante
análise de um projeto desenvolvido entre os fins da década de 1980 e fins de
1990, em Bielefeld, Alemanha cujo objetivo foi analisar a historiografia europeia
da época Moderna e assim realizar uma história da história. De acordo com
9
Fico e Polito (1992, s/p.) entendemos por
(...) historiografia, não só a análise da produção do conhecimento
histórico e das condições desta produção, mas, igualmente, o estudo
de suas condições de reprodução, circulação, consumo e crítica. O
momento da produção do conhecimento, portanto, não se confunde
com o de sua disseminação social, ainda que sejam evidentes as
possibilidades de ambos se relacionarem.
____________________
9
FICO, C.; POLITO, R. A história no Brasil; elementos para uma avaliação historiográfica.
Ouro Preto: UFOP, 1992. v. 1.
11. 18
Para o professor trabalhar de modo significativo com a História em sala
de aula, é necessário que este disponha de um currículo organizado, que dê
oportunidade de desenvolver uma prática educativa adequada a realidade dos
alunos.
1. 2. Currículo e práticas educativas
10
Segundo Araújo (2007, p. 33) em linhas gerais, um currículo é “um
plano pedagógico e institucional que orienta a aprendizagem dos alunos de
forma sistemática. No sentido tradicional, o currículo é compreendido como
“grade curricular”, “conteúdos de ensino” ou “conjunto de disciplinas””.
O Currículo é entendido como o conjunto de situações e experiências
propiciadas aos alunos pela escola, tendo em vista a necessidade de se
conseguir alcançar os principais objetivos da educação, como a construção e a
partilha do conhecimento entre professores e alunos. A palavra currículo
associa-se a diferentes concepções, que resultam dos diversos modos de
como a educação é concebida historicamente, bem como das influências
teóricas que a afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento. Cabe
destacar que a palavra currículo tem sido utilizada para indicar efeitos
alcançados na escola, que não estão explícitos nos planos e nas propostas,
não sendo sempre, por isso, claramente percebidos pela comunidade escolar.
De modo geral o currículo está ligado às práticas educativas. De acordo com
Moreira (2008, p. 5 e 6),
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base
nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino
e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e da clientela.
As indagações sobre currículo presentes nas escolas e na teoria
pedagógica mostram um primeiro significado: a consciência de que os
currículos não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos. São uma
____________________
10
ARAÚJO, D. Noção de competência e organização curricular. Revista Baiana de Saúde
Pública. v. 31, Supl.1, p.32-43 jun. 2007.
12. 19
construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidas em contextos
concretos e em dinâmicas sociais, políticas, culturais, intelectuais e
pedagógicas. As indagações revelam que há entendimento de que os
currículos são orientados pela dinâmica da sociedade (MOREIRA, 2008).
Para examinarmos possíveis respostas a essas perguntas, talvez seja
necessário esclarecer o que entendemos pela palavra currículo, tão familiar a
todos que trabalham nas escolas e nos sistemas educacionais. Por causa
dessa familiaridade, talvez não dediquemos muito tempo para refletir sobre o
sentido do termo, bastante frequente em conversas nas escolas, palestras,
textos acadêmicos, noticias em jornais, discursos de autoridades e propostas
curriculares oficiais.
Pode-se afirmar que é por intermédio do currículo que as ações e
práticas pedagógicas se concretizam nas escolas. É no currículo que se
sistematizam os esforços pedagógicos dos profissionais de educação. O
currículo é, em outras palavras, a essência da escola, o espaço central em que
todos atuam, o que nos torna, nos diferentes níveis do processo educacional,
responsáveis por sua elaboração. Assim o papel do educador no processo
curricular é fundamental. Daí a necessidade de constantes discussões e
reflexões, na escola, sobre o currículo, tanto o currículo formalmente planejado
e desenvolvido quanto ao currículo oculto. Portanto, daí a obrigação, do
professor como profissional da educação, de participar criticamente e
criativamente na elaboração de currículos mais atraentes, mais democráticos e
mais fecundos.
Atualmente o currículo não é mais percebido, meramente, como sendo a
relação e distribuição das disciplinas com a sua respectiva carga horária. Ele
não se constitui apenas por uma seriação de estudos, chamada de base
curricular para um determinado curso, ou uma listagem de conhecimentos e
conteúdos das diferentes disciplinas para serem ensinados de forma
sistemática, na sala de aula. O currículo não deve ser concebido apenas como
uma relação de conteúdos ou conhecimentos delimitados ou isolados,
13. 20
estabelecendo tópicos estanques, numa relação “fechada”, sem uma
integração envolvente e ampla com todas as dimensões do conhecimento.
11
Para Coll (1998) , a primeira função do currículo consiste em explicitar
o projeto — as intenções e o plano de ação — que norteia as atividades
educativas escolares. Segundo esse autor, o currículo deve proporcionar
informações sobre o que ensinar (conteúdos e objetivos), sobre quando ensinar
(ordenação e sequência dos conteúdos e objetivos), e sobre como ensinar
(modo de estruturar atividades, a fim de alcançar os objetivos estabelecidos em
relação a conteúdos selecionados). O currículo também se propõe a apresentar
informações sobre o que, quando e como avaliar.
Currículo não é, simplesmente, um plano padronizado, onde estão
relacionados alguns princípios e normas para o funcionamento da escola, como
se fosse um manual de instruções para se poder acionar uma máquina. O
currículo escolar não se delimita em relacionar matérias, cargas horárias ou
outras normas relativas a vida escolar que um aluno deve cumprir na escola,
não é algo restrito somente ao âmbito da escola ou da sala de aula.
O termo currículo dá a ideia de um caminho percorrido durante uma
vida, ou que se vai percorrer. Daí tem a expressão “Curriculum Vitae”. Deste
modo o currículo é algo abrangente e dinâmico. Ele é entendido numa
dimensão profunda e real que envolve todas as situações circunstanciais da
vida escolar e social do aluno. Pode-se dizer que é a escola em ação, isto é, a
vida do aluno e de todos os que sobre ele possam ter determinada influência. É
o interagir de tudo e de todos que interferem no processo educacional da
pessoa do aluno. O currículo se refere a todas as situações que o aluno vive
dentro e fora da escola. Por isso, o mesmo não se limita a questões ou
problemas que só se relacionam ao âmbito da escola.
O currículo não se restringe às paredes da escola e não surge dentro da
escola. Nasce fora dela. Seu primeiro passo é dado fora da escola, para poder
____________________
11
COLL, C. Psicologia e currículo. Trad. Claudia Schilling. 3ª. ed. São Paulo: Ática, 1998.
14. 21
entrar nela. Esse procedimento se justifica por que o currículo constituído por
todos os atos da vida de uma pessoa: do passado, do presente e tendo, ainda,
uma perspectiva de futuro. O currículo é um currículo da vida de uma pessoa, e
a vida do aluno não está enclausurada dentro de uma escola ou de uma sala
de aula. Pode-se também dizer que o currículo deve ser a organização da vida
que o aluno vive fora e dentro da escola, sendo, com isso a estruturação de
toda a ação desencadeada na escola para organizar e desenvolver o
“Curriculum Vitae”, do aluno.
É necessário dá ao currículo um sentido bem mais amplo do que ser
apenas a relação dos conteúdos e das disciplinas ensinadas na escola, ou
seja, o currículo é o conjunto de todas as experiências e atividades realizadas e
vividas pelos estudantes sob a orientação da escola, tendo em vista os
objetivos visados pela mesma. O plano curricular é de fundamental importância
para a escola e para o aluno. Ele é a expressão viva e real da filosofia da
educação seguida pela escola, além disso, ele é a própria filosofia de ação da
escola, como um todo unificado. Não se pode nem supor uma escola sem uma
filosofia claramente definida, devendo esta estar expressa no currículo da
escola.
Portanto, Currículo são todos os esforços direcionados para dinamizar a
ação educativa, num ambiente educativo. Esses esforços correspondem a
todas as tentativas da sociedade, da família, da escola e dos alunos, para
desencadear o desenvolvimento total e pleno da pessoa humana. São as
disciplinas, os acontecimentos, os conteúdos as experiências os fatos sociais,
políticos, religiosos, econômicos, as tradições, os valores planejados e
sistematizados, o grupo social, educacional e a estrutura para promover a
educação. O currículo é o que o educando viveu e vive, percebe e sente
durante o seu processo de crescimento. É a força que transforma a realidade
escolar em vida escolar.
É a experiência de vida que o educando realiza para atingir a sua auto-
realização. O currículo escolar deve conter e manifestar os seus elementos
chaves, com toda exatidão e clareza, pois, se isto não ocorrer, o currículo será
15. 22
fadado ao fracasso total. O currículo, como um guia para o educador e para o
educando, deverá representar o patrimônio social, que é formado por todos os
conhecimentos, pelos grandes ideais e aspirações da humanidade, pelas
descobertas cientificas e tecnológicas, pelas artes e por todas as instituições
sociais, enfim, por tudo aquilo que constitui a herança cultural do homem.
A escola deve, por meio do currículo, ajudar o educando a refletir sobre
os grandes ideais da humanidade, representados pela cultura e pela
civilização, e a partir dessa reflexão, interpretá-los e recriá-los para o viver
presente. O currículo, para ser um verdadeiro guia na transformação da cultura
e do saber, para que possa estabelecer uma relação entre a herança cultural e
o viver presente futuro, deverá expressar e definir quais os objetivos a serem
alcançados a longo, médio e curto prazo, sempre em relação ao
desenvolvimento do individuo. Como pessoa humana deve representar uma
sequência de conhecimentos significativos para a vida presente,
desenvolvendo habilidades, fornecendo princípios e diretrizes que possam ser
úteis a vida futura do individuo. Deve relacionar, de forma gradual, todas as
experiências que possam ser desencadeadas e promovidas no ambiente
escolar. Deve, ainda, evidenciar todas as oportunidades de integração e
correlação dos conhecimentos, para que o educando possa promover a
aplicação do aprendido na vida prática.
Em meados da década de 1980, em vários estados brasileiros, foram
organizadas reestruturações curriculares. Esse momento foi marcado por
discussões e debates em torno do ensino da história, as quais giravam,
principalmente, sobre as metodologias de ensino. O grande marco dessas
reformulações concentrou-se na perspectiva de recolocar professores e alunos
como sujeitos da história e da produção do conhecimento histórico enfrentando
a forma tradicional de ensino trabalhada na maioria das escolas brasileiras, a
qual era centrada na figura do professor como transmissor e na do aluno como
receptor passivo do conhecimento histórico.
Assim a década de 1980 foi marcada pelos debates sobre a retomada
da disciplina história como espaço para um ensino crítico, centrado em
16. 23
discussões sobre temáticas relacionadas com o cotidiano do aluno, seu
trabalho e sua historicidade. O objetivo era recuperar o aluno como sujeito
produtor da história, e não como mero espectador de uma história já
determinada. Ao mesmo tempo a necessidade de adequação de currículos ao
mundo contemporâneo, surgiu também, a defesa de uma referência curricular
global para todos os estados brasileiros a partir da Lei Federal nº. 9.394, de 20
de Dezembro de 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
A escola, através do seu plano curricular, tem a missão de transmitir as
novas gerações todo o patrimônio cultural da humanidade. A escola deve, por
meio do currículo, ajudar o educando a refletir sobre os grandes ideais da
humanidade, representados pela cultura e pela civilização e a partir dessa
reflexão interpretá-los e recriá-los para viver presente.
Com a perspectiva de atender aos desafios postos pelas orientações e
normas vigentes, é preciso olhar de perto a escola, seus sujeitos, suas
complexidades e rotinas e fazer as indagações sobre suas condições
concretas, sua história, seu retorno e sua organização interna. Torna-se
fundamental, com essa discussão permitir que todos os envolvidos se
questionem e busquem novas possibilidades sobre currículo: O que é? Para
que serve? A quem se destina? Como se constrói? Como se implementa? O
processo educativo é complexo, fortemente marcado pelas variáveis
pedagógicas e sociais, entendemos que esse não pode ser analisado fora de
interação entre escola e vida, considerando o desenvolvimento humano, o
conhecimento e a cultura.
Posicionamos a defesa da escola democrática que humaniza e
assegure a aprendizagem. Uma escola que veja o estudante em seu
desenvolvimento integral. Criança, adolescente e jovem em crescimento
biopsicossocial; que considere seus interesses e de seus pais, suas
necessidades, potencialidades e conhecimentos culturais. Devemos construir
um projeto social que não somente ofereça informações, mas que, de fato
construa conhecimentos, elabore conceitos a todos para o aprendizado, pois os
seres humanos vão a escola com vários objetivos, mas a existência da escola
17. 24
cumpre um objetivo muito importante, garantir a continuidade da espécie,
socializando novas gerações e invenções resultando no desenvolvimento
cultural da humanidade. O adulto tem um papel importante culturalmente
determinado, garantindo sua continuidade.
Um currículo para a formação humana introduz sempre novos
conhecimentos, não se limita aos conhecimentos relacionados as vivências do
aluno, as realidades regionais, ou com base no conhecimento do cotidiano.
Como a diversidade é hoje recebida na escola, há a demanda, óbvia por um
currículo que atenda a todo tipo de diversidade.
O ser humano aprende somente as formas de ação que existiram em
seu meio, assim como ele aprende somente a língua ou as línguas que ai
forem faladas. Isto significa que a cultura é constituída dos processos de
desenvolvimento e de aprendizagem. A criança se constitui enquanto membro
do grupo por meio de formação de sua identidade cultural, que possibilita a
convivência e sua permanência no grupo. A aprendizagem é um processo
múltiplo, isto é, a criança utiliza estratégias diversas para aprender, com
variações de acordo com o período de desenvolvimento. O aluno constitui
conhecimentos por meio de estratégias especificas que se modificam, inclusive
em função dos conteúdos aprendidos.
Não é qualquer proposta ou qualquer interação em sala de aula,
portanto, que promove a aprendizagem. Toda atividade que se pretende
realizar com a criança precisa ter uma intenção clara e objetiva.
Toda criança se desenvolve indo ou não á escola. O que é do domínio
do desenvolvimento humano não deixa de acontecer se a criança não for a
escola, ou se ela for se encontrar em uma situação de não aprendizagem. Para
promover o desenvolvimento humano, a escola deveria partir do que a criança
desenvolve por si mesma e propor novas aprendizagens que façam uso destas
manifestações da função simbólica. Portanto aprender é uma atividade
complexa que exige do ser humano procedimentos diferenciados segundo a
natureza do conhecimento.
18. 25
Atualmente diversos grupos de educadores e educadoras de escolas de
todo o país, vêm expressando inquietações sobre o que ensinar e aprender,
sobre que práticas educativas privilegiarem nas escolas, nos congressos e nos
dias de estudo e planejamento. A reflexão sobre o currículo e as práticas
educativas está instalada como tema central nos Projetos Políticos
Pedagógicos (PPP) das escolas e nas propostas dos sistemas de ensino.
As indagações relevam que há atendimento de que os currículos são
orientados pela dinâmica da sociedade. Este conjunto de indagações toca em
preocupações que ocupam os profissionais da educação básica: qual o papel
da docência, da pedagogia e da escola? Que concepções de sociedade, de
escola, de educação, de conhecimento, de cultura, e de currículo orientarão a
escolha das práticas educativas?
É importante alertar para a diferença entre um currículo que parte do
cotidiano e aí se esgota a um currículo que engloba em si mesmo não apenas
a aplicabilidade do conhecimento a realidade cotidiana vivida por cada grupo
social, mas entende que conhecimento formal traz dimensões ao
desenvolvimento humano além do “uso prático”.
No senso comum, o distanciamento entre a teoria e a prática é
analisado como originário das ações e ocupações das pessoas em seus
labores: ou seja, os teóricos fazem a teoria e os práticos, a prática em seus
contextos laborais. Assim, na educação, a teoria seria aquela produzida em
universidades, nas agências de pesquisas ou nos centros de formação de
professores. Já a prática da educação estaria sendo desenvolvida nos centros
escolares não universitários, pelos professores ali estabelecidos.
Outra análise limitada que costuma ocorrer é a redução das relações e
desencontros entre dois tipos de agentes, os teóricos e os práticos, no contexto
restrito as suas ações liberais. Ou seja, no sistema educativo deve-se
considerar um contexto mais amplo, com outros setores e agentes sociais que,
a margem das decisões “transportam ideias á prática”. A prática não deve ser
19. 26
considerada somente um fazer técnico ou instrumental dos profissionais em
educação, possuindo sentidos e significações que podem ser compreendidos
por outras pessoas distintas dos professores, baseando-se em seus
ajustamentos na história, na tradição e na ideologia.
Nas análises de currículo, prática pedagógica e avaliação, em nossas
escolas, percebe-se uma aplicabilidade de sua proposta. Ou seja, quando
analisamos sobre os conteúdos serem interdisciplinares (politécnicos),
fragmentários; quando abordamos a necessidade de união entre teoria e
prática enquanto metodologia; e, ainda a democracia enquanto gestão, nós nos
damos conta da pedagogia problematizadora de Paulo Freire (LIMA, 2001)¹².
Assim podemos entender o Currículo como sendo um conjunto de todas
as experiências de conhecimentos proporcionados aos estudos que está
dentro e no centro de atividades educacionais. Diante disso podemos refletir:
Será que a escola e os currículos têm realmente cumprido a tarefa de
incorporação de grupos e culturas diversas ao suposto núcleo cultural comum
de uma nação? Educar é, nessa perspectiva, basicamente um processo de
incorporação cultural. As discussões sobre currículo só ganham o centro das
atenções quando sugere alguma proposta de introdução de uma nova
disciplina. Assim, o currículo, é tomado como algo acabado e indiscutível.
_______________________
12
LIMA, L. M. A ação educativa dos professores de educação física: teoria e prática, 2001.
(Revista pensar a prática).
Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index. php/fef/article/view/76/2672>. Acesso em: 4
dez 2011.
20. 27
1. 3. História de Itiúba
Aqui destacaremos alguns aspectos da História de Itiúba, baseados
principalmente na obra do escritor itiubense, o senhor Robério Azerêdo,
historiador e autor do livro “Itiúba e os roteiros do Padre Severo”, obra esta
editada no ano de 1987, como também buscamos outras informações em sites
da Internet dedicados a História do nosso município.
A região onde atualmente se localiza o município de Itiúba era
primitivamente habitada pelos índios cariacás. O povoamento do território,
integrante da sesmaria de Garcia D’Ávila, iniciou-se no final do século XVII por
pioneiros procedentes de Inhambupe, Alagoinhas e Cachoeira. Formou-se a
povoação de “São Gonçalo do Amarante da Serra de Itiúba”. Transformada
depois em julgado, foi anexada a Senhor do Bonfim da Tapera, em 1697. Em
1868, elevou-se o julgado de São Gonçalo do Amarante da Serra de Itiúba à
freguesia, subordinada ao município de Vila Nova da Rainha, atual Senhor do
Bonfim.
Em 1884, a freguesia foi anexada ao recém criado município de Vila
Bela de Santo Antonio das Queimadas. Em 1860, outro núcleo populacional
surgia na fazenda Salgada, originando a atual cidade de Itiúba. Para esse novo
local, foram transferidos os elementos administrativos, judiciários e religiosos,
de São Gonçalo do Amarante da Serra de Itiúba.
O povoado recebeu a denominação de Itiúba, em 1882. Criou-se a
freguesia, em 1884. O topônimo é adoção do nome da serra, localizada a 6
quilômetros da Cidade. Segundo historiadores é uma corruptela do vocábulo
tupi “tu-yba”, que significa “abelha dourada”. Os nativos de Itiúba são
chamados itiubenses.
Itiúba foi elevado à categoria de município, através do decreto nº 9.322,
de 17 de janeiro de 1935, desmembrado-se do município de Queimadas.
21. 28
É muito importante conhecermos a história do nosso país, estado e
principalmente do nosso município, suas origens, seus povos e culturas. Dentre
os principais objetivos indicados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998, p. 7) para o ensino fundamental, destaca-se que os alunos
sejam capazes de:
• Conhecer características fundamentais do Brasil nas
dimensões sociais, materiais e culturais como meio para
construir progressivamente a noção de identidade nacional e
pessoal e o sentimento de pertinência ao país;
• Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio
sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de
outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características
individuais e sociais;
Partindo desse princípio, acredita-se ser de fundamental importância
realizar esse estudo sobre a História de Itiúba no Currículo Escolar da Escola
Municipal Getúlio Vargas, no qual pretende-se, saber como é que os alunos da
referida instituição de ensino trabalham a história do citado município em suas
aulas.
1. 3. 1 Focos de povoamento
No século XVII, teria sido fundado o primeiro núcleo demográfico de
Itiúba. Indícios de povoamento, começaram a surgir logo depois de ano de
1600. Os documentos primitivos, pertencente ao Arquivo Público do Estado,
escrituras e sesmarias da região, nos trazem registros históricos sobre a
fixação de moradores na assentada da Serra de Itiúba. Os jesuítas, teriam
erguido em 1662, uma capela sendo esta a notícia mais antiga. Anos mais
tarde surgiria a Igreja de São Gonçalo. Os atrativos de um solo fecundo, fontes
de águas nativas e boa madeira de lei teriam atraído os primeiros exploradores
da terra de dadivosa... As primeiras casas foram construídas, currais, cercas e
roças. Logo depois, chegavam àquele sítio as valiosas mudas de cana-de-
açúcar, café e fruteiras. O gado bovino vinha em manadas pela Estrada Real
22. 29
que coleava o sudoeste de Itiúba, oriundo do litoral da Bahia (...) e depois
abriram uma acidentada estrada, feita em socalcos, autênticos degraus de
penetração que subiam as cordilheiras.
23. 30
CAPÍTULO II
2.1. A pesquisa
Para a realização deste estudo, foi utilizada a abordagem etnográfica,
como um procedimento. Que atende satisfatoriamente aos nossos propósitos.
Esse tipo de pesquisa objetiva descrever o conjunto de entendimentos e de
conhecimento específico compartilhado entre participantes que orienta seu
comportamento em um contexto específico, ou seja, na cultura de um
determinado grupo.
2.2. Os instrumentos
Realizamos entrevistas com professores, coordenadora pedagógica e
alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas com o objetivo de obter informações
pertinentes ao nosso estudo.
Utilizamos questionário com questões abertas onde o pesquisado teve a
oportunidade de respondê-los em seus lares sem a presença do investigador.
A opção pelo questionário foi feita pela necessidade de levantar dados que
permitissem traçar o perfil dos pesquisados, buscando posteriormente delinear
os sujeitos em seus aspectos educacionais e suas concepções quanto a
importância e a utilização da História de Itiúba no currículo escolar da Escola
Municipal Getúlio Vargas.
2.2.1. As questões da entrevista:
As questões que compõem o questionário se dividem em dois blocos: A
identificação do entrevistado:
1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)
Data:............ de …................................ de ...................... horário: ..............horas
Local: ….................................................................................................................
24. 31
Nome: …................................................................................................................
Cor.........................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: …..............................................
Posição no grupo familiar:..................................................................................
Filiação: …......................................... e …...........................................................
Local de nascimento:.............................................................................................
Estado Civil:.........................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) ….............................
Religião: …........................................................................................................
Escolaridade:........................................................................................................
Ocupação: ….......................................................................................................
Tempo de docência na Educação........................................................................
Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas
Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( )
mais de dois salários mínimos ( )
2° BLOCO: As questões da entrevista
Para a realização da entrevista com os professores, coordenadora
pedagógica e alunos, preparamos cinco questões, todas relacionadas com a
história de Itiúba.
1- Você considera importante trabalhar a história de Itiúba no contexto escolar
da escola Getulio Vargas? Justifique.
2- Em sua opinião os professores deveriam ter um aprofundamento maior
sobre a história de Itiúba? Justifique.
3- Como trabalhar a história de Itiúba de forma dinâmica com os alunos?
4- Existe no PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola Getúlio Vargas uma
proposta de se trabalhar a história de Itiúba?
25. 32
5- Há uma preocupação por parte dos professores de se trabalhar a história de
Itiúba em sala de aula?
2.3. As fontes de pesquisa
2.3.1. Fontes Orais
As entrevistas foram realizadas com seis professoras, uma
coordenadora pedagógica e três alunos, todos pertencentes a Escola Municipal
Getúlio Vargas.
2.3.1.1. Caracterização dos entrevistados
A partir da identificação das pessoas entrevistadas, elaboramos uma
pequena biografia para cada uma delas.
Professora A
Nasceu em Itiúba, Bahia, casada, concluiu a formação geral no ano de
2003, concluiu o curso de magistério em 2006. Em 1998, prestou concurso
público, e foi aprovada para o cargo de auxiliar de ensino. Começou a lecionar
na 2ª série na Escola Rafael Rosa da Silva no povoado de Cabaças na zona
rural deste município. Atualmente leciona na Escola Municipal Getúlio Vargas,
está concluindo o curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade do
Estado da Bahia-UNEB.
Professora B
Nasceu na cidade de Queimadas, 30 anos, solteira concluiu o curso de
Magistério na cidade de Senhor de Bonfim, fez o concurso na cidade de Itiúba
e passou a exercer a profissão de professora, e estou ensinando os alunos do
1º ano em uma escola pública. Está concluindo o curso de Pedagogia.
26. 33
Professora C
Nasceu na cidade de Itiúba, tem vinte e seis anos de idade, é solteira,
leciona desde o ano de 2006 em escola pública de ensino fundamental, depois
de passar por um concurso público. Concluiu o curso de magistério em 2004,
hoje está concluindo a graduação em Pedagogia pela UNEB.
Professora D
Nasceu na cidade de Itiúba, Tem trinta e três anos, concluiu o curso de
Magistério há seis anos e atualmente trabalha no ensino fundamental. Casada,
e está terminando o curso de Pedagogia.
Professora E
Nasceu em Itiúba, cidade do estado da Bahia. Estudou o primário na
Escola Estadual Belarmino Pinto. Em Caraíba Metais, conclui o curso de
magistério. Prestou concurso público no ano de 1998 e foi aprovada. Começou
a lecionar na escola Bertolino Rodrigues de Souza, no ensino fundamental.
Atualmente leciona na escola municipal Getúlio Vargas, no ensino fundamental.
E está concluindo o curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade do
Estado da Bahia (UNEB).
Professora F
Nasceu no dia 15 de novembro de 1975 na cidade de Itiúba, casada,
estudou no Colégio Estadual Belarmino Pinto, e concluiu o 2º grau no curso de
Magistério. Passou a lecionar no ano seguinte no ensino fundamental. Foi
aprovada em concurso público, no ano de 1996. Atualmente está terminando o
curso de Pedagogia.
27. 34
Coordenadora Pedagógica
Valdeni Oliveira Castro, brasileira, casada, nascida na cidade de
Itiúba em 15 de Janeiro de 1962, iniciei os estudos aos 7 anos de idade na
escola isolada, mudando para a escola Goés Calmon, onde conclui a 4ª série.
Prestei exame de seleção e obtive a média suficiente para ingressar na 5ª
série no ginásio Municipal Antonio Simões Valadares no qual conclui o ensino
fundamental. Fui estudar no Colégio Imaculada Conceição de Itiúba me
formando em magistério. Procurei me aperfeiçoar fazendo cursos assim
ingressando na Secretaria de Educação do estado como professora que atuo
até o presente momento. Com o intuito de adquirir mais conhecimento prestei
vestibular e cursei Pedagogia na Faculdade Uniter. Hoje estou com 27 anos de
serviço, porém ainda não me afastei das minhas funções de professora
educadora porque tenho um compromisso com a educação. Considero que ser
professor, é um caso de amor que temos com a educação. Essa é a única
profissão que o profissional em um ser comprometido com o desenvolvimento
social, sendo responsável por estabelecer uma relação de compromisso, afeto
e responsabilidade de todos com a vida em sociedade. Sinto que contribui
com meus alunos e as famílias ao longo desse trajeto, por isso sinto-me
realizada e continuo colaborando com meus colegas de profissão, com a
escola onde trabalho e a comunidade, mesmo próximo a aposentadoria tenho
mantido o meu compromisso em contribuir com a educação de qualidade
para melhorar a vida de todos. Portanto afirmo ter cumprido o meu papel.
Aluno A
Eu, Pedro Eduardo nasci em São Paulo, hoje moro com minha avó
Eulália na Avenida Osvaldo Campos. O nome de meu pai é Pedro de Sousa,
minha mãe é Eloar Batista de Sousa, tenho 10 anos e estou na 4ª série, a
matéria que mais gosto é Português.
Aluno B
28. 35
Eu, Natiele natural de Itiúba, moradora na fazenda Poção, tenho 10
anos, estudante da 3ª série na escola Getúlio Vargas, filha de Laurentina e
Veraldino, a matéria que mais gosto é matemática, pois me identifico com a
mesma.
Aluno C
Eu, Itamar da Silva Cardoso, idade 9 anos, nasci em 5 de abril de 2003,
curso a 2ª série, nasci na cidade de Juazeiro, hoje moro na Rua do Corte,
casa laranja sem número, meus pais são Ismael e dona Rejane. Tenho um
perfil de aluno muito comprometido na educação.
2.3.2. Carta Cessão
Este documento permite que o material produzido na entrevista possa
ser usado ou exposto pela Instituição, desde que esteja devidamente assinada
pelos depoentes.
CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA UNEB
1- Pelo presente documento.........................................brasileiro (a), (estado
civil)......................(profissão)..............carteira de identidade nº......., emitida
por.................... CPF nº................, residente e domiciliada
em..................................................., Município de Itiúba, Bahia, cede e
transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao
Campus VII da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos
seus direitos patrimoniais de autor sobre o depoimento prestado no dia
.....de ...................... de 2012, perante o
pesquisador.........................................................................
2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções
internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário
originário do depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o
29. 36
direito ao exercício pleno dos seus direitos morais sobre o referido
depoimento, de sorte que sempre terá seu nome citado por ocasião de
qualquer utilização.
3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia
(UNEB) plenamente autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em
parte, editado ou integral, inclusive cedendo seus direitos a terceiros, Brasil
e/ou no exterior.
Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nossos
interesses, assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e
para um só efeito.
...............[ assinatura da entrevistada ]............
TESTEMUNHAS:
_____________________________________
_____________________________________
2.3.3. Fontes escritas
Como fontes escritas, nós utilizamos informações de sites da Internet e
principalmente do livro Itiúba e os roteiros do padre Severo, de Robério
Azerêdo, historiador itiubense, editado no ano de 1987. Foi realizada uma
pesquisa minuciosa acerca de informações sobre a História de Itiúba, porém o
material já publicado em relação a esse assunto é bastante escasso, não
sendo possível encontrar outros livros além do já citado.
2.4. O local da pesquisa
2.4.1. Escola Municipal Getúlio Vargas
30. 37
A Escola Municipal Getúlio Vargas, localiza-se no município de Itiúba,
na região do semiárido Baiano, no Território do Sisal, distando cerca de 300 km
de Salvador, a capital do estado. O município possui uma população de
aproximadamente 36.113 habitantes, conforme o censo do IBGE (BRASIL,
2010).
A Escola Municipal Getúlio Vargas foi fundada em 1974, está situada
na Avenida Vereador Osvaldo Campos, possui seis salas de aula, uma
secretaria, dois banheiros para alunos (um masculino e um feminino) e outro
para professores, uma biblioteca e uma quadra esportiva. A área da escola é
de 250m². Atualmente a instituição funciona nos turnos matutino e vespertino e
atende uma clientela diversificada conta com turmas de Alfabetização a 4ª
séries do Ensino Fundamental e um total de 320 alunos matriculados, seis
professores e sete funcionários de apoio. A escola ainda possui direção, vice-
direção e coordenação pedagógica.
31. 38
CAPITULO III
3.1. A importância de trabalhar a história de Itiúba no contexto da Escola
Municipal Getúlio Vargas
Na primeira questão perguntamos aos professores se eles
consideravam importante trabalhar a história de Itiúba no contexto da escola
em que trabalhavam. De acordo com os entrevistados é muito importante
trabalhar a história de Itiúba no contexto escolar, pois deste modo os alunos
conseguem assimilar os conteúdos abordados, pois eles se interessam em
conhecer sobre a história dos nossos antepassados, como afirma um dos
entrevistados “[...] a história da cidade é também a sua história, a história dos
seus antepassados.” Além de ensinar a ler a sua realidade para interagir e
participar do processo de construção e preservação desta historia, como afirma
o professor 1.
[...] é importante e significativo que os discentes apropriem de forma
eficiente de pensar a realidade, sendo testemunha da sua época,
tanto no cotidiano como dos acontecimentos que ouve as notícias
pelos meios de comunicação (P1).
Entendemos que é muito importante trabalhar os conteúdos escolares
tendo como base a realidade dos alunos, é o que revela um dos entrevistados
em seu relato “[...] quando se trabalha a partir da realidade dos alunos o
aprendizado se torna mais significativo”. (professor P2). Vale ressaltar também
a importância da oralidade como um recurso a ser utilizado em sala de aula,
como expressa uma professora: “[...] o tempo do Padre Severo está no
cotidiano de muitos alunos, descendentes dos moradores do território de
domínio do Padre Severo (P3)”. Esta professora nos diz que a oralidade é
responsável pela transmissão da cultura e das crenças que fazem parte do
viver desta comunidade.
Outros entrevistados em seus relatos deixam claro que o estudo da
História de Itiúba é importante para desenvolver nos alunos habilidades de
compreensão sobre o cotidiano da sua cidade e do seu município, como
32. 39
destaca uma das entrevistadas: “[...] o aluno amplia a capacidade de observar
o seu entorno para a compreensão de relações sociais e econômicas
existentes no seu próprio tempo e reconheçam a presença de outros tempos
no seu dia-a-dia (P4)”. Outro discurso reforça a importância deste estudo para
o conhecimento da sua identidade “[...] a história da cidade é também a sua
história, a história dos seus antepassados (P5)”.
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais, é necessária a formação de
algumas habilidades nos alunos do ensino fundamental, para que estas
habilidades os tornem capazes de:
Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural
brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e
nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em
diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia
ou outras características individuais e sociais (BRASIL, 1998, p. 7).
A citação que recortamos dos Parâmetros Curriculares, fundamenta um
dos discursos por nós coletado, em que o professor coloca a cultura local como
algo a ser reconstituído “[...] é importante resgatar a história do nosso povo, a
cultura e seus valores” (P6). Isso nos faz lembrar Munanga (2006, p. 11)
quando trata sobre o conhecimento das culturas como algo importante para a
identificação do povo brasileiro.
[...] Aprender e conhecer sobre o Brasil e sobre o povo brasileiro é
aprender a conhecer a história e a cultura de vários povos que aqui
se encontraram e contribuíram com suas bagagens e memórias na
construção deste país e na produção da identidade brasileira.
A visão da coordenação pedagógica da escola também enxerga a
importância da realização de estudos nessa área, para que os alunos possam
ter como referência a sua localidade a sua cultura e consequentemente a sua
identificação como cidadão daquele lugar. “Sim, o aluno precisa conhecer e
valorizar a história de Itiúba para que a cultura da mesma continue sempre
viva” (CP).
33. 40
Do mesmo modo os alunos se posicionam favoráveis ao ensino da
historia local, pela necessidade de acompanhar o que acontece, “Sim, porque é
melhor para as pessoas entenderem melhor os acontecimentos” (Aluno A); Por
outro lado, para uns é importante compreender melhor o movimento da sua
localidade, aprendendo mais sobre ela. “Sim, porque estudar e reconhecer a
história de Itiúba é bom” (Aluno B).
Dessa maneira podemos concluir que todos os discursos dos nossos
entrevistados sobre a importância do estudo da história do município, são
unânimes em afirmar que esta atividade pode contribuir para formação da
cidadania, além de tornar as praticas nas salas de aula mais atraentes por se
tratar de algo próximo das vivencias dos alunos.
3.2. Os professores deveriam ter um aprofundamento maior sobre a
história de Itiúba
Perguntamos aos professores o que pensavam sobre a importância de
ter um aprofundamento maior sobre a História de Itiúba, com a finalidade de
realizarem um trabalho mais eficiente com esse tema em sala de aula. Os
nossos entrevistados em sua maioria revelam a vontade de trabalhar este
assunto, porém como detém pouco conhecimento sobre o mesmo, não se
sentem seguros para assim proceder.
Para os professores P1 e P6, a equipe pedagógica poderia estar mais
presente, auxiliando e realizando eventos que tratassem deste assunto para
assim dá suporte ao trabalho: “[...] Deveríamos ter apoio melhor por parte da
equipe pedagógica”. (P6) ou ainda, “[...] deveríamos ter por parte da
coordenação apresentação de seminários encarando como um processo que
admite diferentes enfoques do saber”. (P1) Neste discurso observamos uma
referência à transversalidade – “[...] admite diferentes enfoques do saber [...]”
estes saberes por ela citado referem-se certamente a cultura de Itiúba, e se
encaixam perfeitamente nos conteúdos transversais sugeridos pelos PCNs.
34. 41
Em outras respostas os professores afirmam a necessidade de obterem
conhecimento e aprofundamento, uma vez que estes saberes locais estão á
margem do saber oficial das escolas. P2 declara que para poder ensinar bem é
preciso saber do assunto, já o professor P3 em seu discurso salienta que: “[...]
muitas vezes deixamos de trabalhar por falta de aprofundamento sobre a
história de nossa cidade... como surgiu, os primeiros moradores e também a
cultura”.
Ainda tratando sobre a mesma questão, a resposta do professor P4 vem
reforçar as outras contribuições, enfatizando a necessidade de ter maiores
referências para o trabalho em sala de aula, assim como material didático
produzido para esta finalidade: “[...] Muitas vezes os professores não trabalham
a história de Itiúba por falta de conhecimento e material em mãos”. Uma
pequena porcentagem destaca a falta de interesse por parte dos professores
em trabalhar com este conteúdo tão próximo ás vivências de todos. “[...] Muitas
vezes o professor não trabalha a história por falta de conhecimento, e de
interesse em conhecer”.
A coordenação pedagógica da escola reconhece que o aprofundamento
sobre este assunto é importante para os professores, pois os torna mais
seguros sobre a história de Itiúba: “Sim, para seu próprio conhecimento,
ficando assim mais seguro ao transmitir para os educandos” (CP). Para os
alunos os professores podem ter uma atuação mais consistente: e com isso o
aprendizado deles seria bem melhor:
“Sim, para eles fazerem o melhor para escola durante a história”
(Aluno A);
“Sim, porque nós alunos deveríamos saber mais sobre a história de
itiúba é muito importante” (Aluno B);
“Sim, porque nós alunos deveríamos aprender mais sobre o nosso
município” (Aluno C).
Constatamos, através das respostas dos entrevistados que é necessário
que os docentes tenham um aprofundamento maior com relação à História e a
35. 42
cultura do município de Itiúba para que a partir deste conhecimento seja
possível trabalhar melhor em sala de aula com seus alunos.
3.3 A História de Itiúba: um trabalho dinâmico em sala de aula é o desejo
dos professores
Nesta questão, buscamos saber dos professores fontes deste estudo,
sobre como trabalhar a História de Itiúba de forma dinâmica com os alunos em
sala de aula. Alguns colaboradores se referem aos equipamentos como fala o
professor P1: “Trabalhar por meio de slides, fotos fazendo um paralelo do
ontem e do hoje”; ou ainda atividades lúdicas: “Acredito que usando atividades
lúdicas e em que os alunos possam participar ativamente” (P2); como meios de
dinamizar as atividades didáticas em sala.
Estes depoimentos deixam claro que os professores desejam e estão
sempre procurando novos métodos e recursos que possam dinamizar as suas
aulas e que os alunos possam aprender de modo satisfatório; já a professora
P3 declara que trabalha a História de Itiúba de forma dinâmica, utilizando o
livro didático aliado a história oral.
[Trabalho] utilizando os relatos orais da história oral e do livro da
História de Itiúba, contextualizando com a Colonização do Brasil e da
Bahia, mostrando o domínio dos jesuítas e a influência de Portugal
que é trazida na história de Itiúba por sua origem religiosa, e o
surgimento do povoado do Adro por dois irmãos portugueses.
Já a professora P4, afirma que trabalha utilizando fontes, “Através das
fontes históricas, orais, iconográficas, documentos, fotografias, mapas, filmes,
depoimentos, objetos cotidiano etc. e passeios”. As demais entrevistadas assim
como P6, colocaram que o trabalho também é desenvolvido “Através de
palestra, seminário, apresentações teatrais, músicas e danças que resgatem a
cultura local (P6); outra dá destaque aos passeios de rua em que os alunos
aprendem que são parte da história: “Poderíamos fazer passeios pelas ruas da
36. 43
cidade conhecendo a história das ruas e dos monumentos considerados
históricos (P5).
Para a coordenação pedagógica as atividades podem ser diversificadas,
e o estudo sobre a história e cultura local pode ser trabalhado em sala de aula
“Através de teatros, músicas, paródias, poesias e incluir no currículo da escola,
na disciplina História” (CP). Já os alunos se manifestaram dizendo que o
estudo poderia tomar como metodologia a forma lúdica através de “Vídeos,
brincadeiras, jogos e palestras” (Aluno A); “Através de cartazes, DVD, jogos,
brincadeiras e festas populares” (Aluno B); “Deveria mostrar cartazes, pesquisa
em computador, slides, DVD” (Aluno C).
3.4 História de Itiúba: uma proposta no PPP (Projeto Político Pedagógico)
da escola Getúlio Vargas
Na presente questão, perguntamos para as professoras entrevistadas se
existe no PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola Getúlio Vargas uma
proposta de se trabalhar a história de Itiúba. Assim, obtivemos as seguintes
respostas: “Sim” (P1) e “Não só no PPP, mas também no Plano de ação da
escola” (P2). Como afirmam as professoras, o ensino da História de Itiúba está
previsto nos documentos oficiais da instituição de ensino, porém outras
professoras entrevistadas afirmam que existe a proposta, mas não há
concretização desta ação. “No Projeto tem uma proposta de trabalho, mas falta
concretizar algumas ações” (P3). Em outro depoimento a entrevistada diz que a
proposta fica no papel e consta apenas como documento, “[...] só fica no papel,
engavetado, somente para constar em documentos” (P4).
De acordo com os depoimentos acima, é possível perceber que há uma
leve contradição nas concepções das entrevistadas em relação a esta questão.
Enquanto duas professoras afirmam que existe no PPP e também no Plano de
ação da escola a proposta para inserir a História de Itiúba no currículo da
Escola municipal Getúlio Vargas, a maioria das entrevistadas, afirmam que
37. 44
existe essa proposta no PPP, porém fica apenas no papel, pois na maioria das
vezes não são realizadas as propostas, faltando concretizar algumas ações.
3.5 Há uma preocupação por parte dos professores de se trabalhar a
história de Itiúba em sala de aula
Na última questão perguntamos as professoras se havia uma
preocupação por parte das mesmas em trabalhar a história de Itiúba em sala
de aula. A maioria dos depoimentos se assemelha, nem todas as entrevistadas
acreditam que todos tenham esta preocupação como fica claro no discurso da
entrevistada P2.
Acho que alguns professores tentam trabalhar com esse tema em
sala de aula, mas existem também professores que obedecem ao
currículo com pouca criticidade sem se preocupar com a qualidade
do ensino-aprendizagem e ainda existem outros que não estão ai pra
nada e nem se quer planejam suas aulas de maneira significativa
para os alunos (P2).
Poucas pessoas afirmam que esta atividade acontece, haja vista a fala
da colaboradora P3, quando justifica dizendo que as razões estão no
cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases – LDB, “Porque a História de Itiúba
está ligada a história dos afrodescendentes que necessita de atenção para
atender o que a LDB impõe” (P3). Esta colaboradora se refere ao Art. 26-A. da
Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional que sugere:
Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,
públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura
afro-brasileira e indígena.
Lembramos que este Artigo foi acrescido pela Lei no 10.639, de 9-1-
2003, e com redação dada pela Lei nº 11.645, de 10-3-2008. Em relação a
essa questão ainda podemos citar o § 2° que diz:
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Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos
povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de
literatura e história brasileiras.
Outras duas professoras entrevistadas disseram que às vezes há uma
preocupação por parte das mesmas de se trabalhar a história de Itiúba em sala
de aula, mas outras afirmam que somente em alguns momentos é que isto
acontece, “Em alguns momentos, mas não trabalhamos como deveríamos, por
falta de conhecimento” (P6).
Fazendo uma análise dos discursos dos participantes da nossa pesquisa
podemos compreender que há sim uma considerável preocupação por parte
dos professores em trabalhar a história de Itiúba em sala de aula com seus
alunos, estes também demonstram interesse em estudar esse importante tema,
porém existem ainda algumas situações adversas que acabam por
comprometer a concretização de um trabalho que poderia ser satisfatório por
parte do professor e que pudesse contribuir com o aprendizado dos alunos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização desta pesquisa foi motivada por uma inquietação: como é
que os alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas trabalham a história do
município de Itiúba em suas salas de aula? Esse questionamento decorre
do dilema que envolve a importância de trabalhar a memória da nossa história,
a fim de manter viva as tradições e a cultura do nosso município.
A análise feita a partir das entrevistas realizadas com seis professoras, a
coordenadora pedagógica e três alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas,
evidenciou que há sim uma considerável preocupação por parte destes em
trabalhar a história de Itiúba em sala de aula, porém existem diversas situações
adversas que acabam por comprometer a concretização de um trabalho
satisfatório que venha contribuir de modo eficaz para a aprendizagem dos
educandos.
Nessa perspectiva, refletir sobre como é que os alunos da Escola
Municipal Getúlio Vargas trabalham a história do município de Itiúba em suas
salas de aula, significou discutir uma história local que não está inserida nos
livros didáticos utilizados nas escolas do município. E, além disto, debater uma
história local no território do Sisal, sobre a importância de se trabalhar com os
fatos históricos e pessoas que tiveram um papel relevante na criação desse
município, e que por isso, precisa ser conhecidos pela sociedade local e
regional.
Portanto, quando a História do município de Itiúba estiver ao alcance
dos nossos alunos, da comunidade escolar e principalmente da população
Itiubense, entende-se que haverá outra maneira de valorizar nossa história, ao
passo em que, através desse trabalho procura-se contribuir com um novo
capítulo para a história desse município, e fornecer subsídios para que outros
pesquisadores interessados neste tema possam ampliar esses estudos,
trazendo novas descobertas.
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REFERÊNCIAS
AZERÊDO, Robério. Itiúba e os roteiros do padre Severo. Goiânia: Unigraf,
1987. 253p.
BRASIL. LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. N.º 9394 de
20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.
_________, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: Educação Física. Brasília: Imprensa Oficial, v.7, 1997. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Acesso em: 25 abr.
2012.
_________,Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais: História / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /
SEF, 1998. 108 p.
_________, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 acesso em:
25 abr. 2012.
FREITAS, Marcos Cézar de (org.). Historiografia Brasileira em Perspectiva.
São Paulo: Contexto, 1998.
MOREIRA, Antônio Flavio Barbosa. Indagações sobre o currículo: Currículo,
conhecimento e cultura, Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2008.
MUNANGA, Kabengele. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006.
(Coleção para entender).
VASCONCELOS, José Antônio. Fundamentos epistemológicos da história.
Curitiba: Editora Ibpex, 2009. (Coleção Metodologia do ensino de história e
geografia).
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FONTES ORAIS
Professora A- entrevista cedida em 03 de abril de 2012
Professora B- entrevista cedida em 03 de abril de 2012
Professora C- entrevista cedida em 03 de abril de 2012
Professora D- entrevista cedida em 03 de abril 2012
Professora E- entrevista cedida em 03 de abril 2012
Professora F- entrevista cedida em 03 de abril de 2012
Coordenadora pedagógica - entrevista cedida em 03 de abril de 2012
Aluno A- entrevista cedida em 03 de abril de 2012
Aluno B- entrevista cedida em 03 de abril de 2012
Aluno C- entrevista cedida em 03 de abril de 2012