O documento discute a origem da lógica na filosofia grega e as posições dos filósofos Heráclito e Parmênides sobre mudança e permanência. Heráclito acreditava que tudo está em constante mudança, enquanto Parmênides defendia que só o que é imutável pode ser considerado real.
2. “Foi Aristóteles que constituiu a lógica como
disciplina. Queria encontrar um método que servisse
para construir raciocínios sólidos que nos ajudassem a
descobrir a verdade deste mundo e a distinguir a todo
momento o verdadeiro do falso. Ele mesmo começou a
analisar como as pessoas falavam e foi aperfeiçoando a
linguagem a partir de determinadas regras que
ajudaram a construir raciocínios verdadeiros”
(LEGUIZAMÓN, Héctor. Atlas Básico de Filosofia. São
Paulo: Escala, 2007).
3. “É lógico que eu vou!”, “É lógico que ela disse isso!”. Quando
dizemos frases como essas, a expressão “é lógico que ”
indica, para nós e para a pessoa com quem estamos falando,
que se trata de alguma coisa evidente. A expressão aparece
como se fosse a conclusão de um raciocínio implícito,
compartilhado pelos interlocutores do discurso.
Ao dizer “É lógico que eu vou!”, estou supondo que quem
me ouve sabe, sem que isso seja dito explicitamente, que
também estou afirmando: “Você me conhece, sabe o que
penso, gosto ou quero, sabe o que vai acontecer no lugar x e
na hora y e, portanto, não há dúvida de que irei até lá”
(CHAUÍ, 2001).
4. Em certas ocasiões, ouvimos, lemos, vemos alguma
coisa e nossa reação é dizer:
“Não. Não pode ser assim. Isso não tem lógica!”.
Ou, então:
“Isso não é lógico!”.
Essas duas expressões indicam uma situação oposta às
anteriores, ou seja, agora uma conclusão foi tirada por
alguém, mas o que já sabemos (de uma pessoa, de um
fato, de uma idéia, de um livro) nos faz julgar que a
conclusão é indevida, está errada, deveria ser outra.
5. Nesses vários exemplos, podemos perceber que as palavras
lógica e lógico são usadas por nós para significar:
1. ou uma inferência: visto que conheço x, disso posso
concluir y como conseqüência;
2. ou a exigência de coerência: visto que x é assim, então é
preciso que y seja assim.
Inferência, coerência, conclusão sem contradições,
conclusão a partir de
conhecimentos suficientes são algumas noções
implicitamente pressupostas por nós toda vez que
afirmamos que algo é lógico ou ilógico.
6. Ao usarmos as palavras lógica e lógico estamos
participando de uma tradição de pensamento que se
origina da Filosofia grega, quando a palavra logos –
significando linguagem-discurso e pensamento-
conhecimento – conduziu os filósofos a indagar se o
logos obedecia ou não a regras, possuía ou não
normas, princípios e critérios para seu uso e
funcionamento. A disciplina filosófica que se ocupa
com essas questões chama-se lógica.
7. Os primeiros filósofos se preocupavam com a origem, a
transformação e o desaparecimento de todos os seres.
Preocupavam-se com o devir.
Duas grandes tendências adotaram posições opostas a esse
respeito, na época do surgimento da Filosofia: a do filósofo
Heráclito de Éfeso e a do filósofo Parmênides de Eléia.
Heráclito afirmava que somente o devir ou a mudança é real. O
dia se torna noite, o inverno se torna primavera, esta se torna
verão, o úmido seca, o seco umedece, o frio esquenta, o quente
esfria, o grande diminui, o pequeno cresce, o doente ganha
saúde, a treva se faz luz, esta se transforma naquela, a vida cede
lugar à morte, esta dá origem àquela.
O mundo, dizia Heráclito, é um fluxo perpétuo onde nada
permanece idêntico a si mesmo, mas tudo se transforma no
seu contrário. O logos é mudança, é contradição.
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11. Parmênides, porém, afirmava que o devir, o fluxo dos
contrários, é uma aparência, mera opinião que
formamos porque confundimos a realidade com as
nossas sensações, percepções e lembranças. O devir dos
contrários é uma linguagem ilusória, não existe, é irreal,
não é. É o Não-Ser, o nada, impensável e indizível.
O que existe real e verdadeiramente é o que não muda
nunca, o que não se torna oposto a si mesmo, mas
permanece sempre idêntico a si mesmo, sem
contrariedades internas. É o Ser.
Pensar e dizer só são possíveis se as coisas que pensamos e
dizemos guardarem a identidade, forem permanentes. Só
podemos dizer e pensar aquilo que é sempre idêntico a si
mesmo. Por isso somente o Ser pode ser pensado e dito.
12. “Não se caminha sem um pé firme no chão, isto é,
precisamos de certezas, mesmo que provisórias. Não
podemos ignorar os conhecimentos já acumulados.
Isso nos ensina a lógica formal. De outra parte, porém,
avançar supõe um pé no ar, em desequilíbrio, e nisso
consiste o contraditório, a oposição, a mudança que o
raciocínio dialétio é capaz de desvelar” (GASHO).
13. Qual das duas A sociedade é boa ou
perspectivas serve má?
melhor aos interesses A tecnologia é boa ou
conservadores? má?
A realidade se Juquinha nenê é o
transforma ou mesmo Juca adulto?
permanece?
A lógica formal de
Parmênides é totalmente
descartada ou totalmente
suficiente para
apreendermos o real?