O dogmatismo pode ser entendido como: 1) A crença ingênua na possibilidade de conhecer a verdade das coisas; 2) Confiança absoluta na razão como órgão de conhecimento; 3) Submissão completa a princípios ou autoridade. A atitude dogmática é conservadora e gera preconceitos que impedem o contato com novas ideias, colocando em risco crenças já estabelecidas.
4. O dogmatismo pode entender-se
principalmente em três sentidos:
1) Como a posição própria do realismo, ou seja,
disposição ingénua que admite não só a
possibilidade de conhecer as coisas no ser
verdadeiro mas também a efetividade deste
conhecimento no uso diário e direto com as
coisas.
2) Como confiança absoluta num determinado
órgão de conhecimento (ou suposto
conhecimento), principalmente a razão.
5. 3) Como a completa submissão, a determinados
princípios ou à autoridade que os impõe ou
revela. Em geral, é uma atitude adotada no
problema da possibilidade do conhecimento e
portanto compreende as duas primeiras
acepções. Contudo, a ausência do exame crítico
revela-se também em certas formas de
ceticismo e por isso diz-se que certos céticos
são, a seu modo, dogmáticos.
6.
7. A atitude dogmática ou natural se rompe
quando somos capazes de uma atitude de
estranhamento diante das coisas que nos
pareciam familiares.
A atitude dogmática é conservadora, isto é,
sente receio das novidades, do inesperado,
do desconhecido e de tudo o que possa
desequilibrar as crenças e opiniões já
constituídas. Esse conservadorismo se
transforma em preconceito, isto é, em idéias
preconcebidas que impedem até mesmo o
contato com tudo quanto possa pôr em
perigo o já sabido, o já dito e o já feito.
8. O conservadorismo pode aumentar ainda mais
quando o dogmatismo estiver convencido de
que várias de suas opiniões e crenças vieram de
uma fonte sagrada, de uma revelação divina
incontestável e incontestada, de tal modo que
situações que tornem problemáticas tais
crenças são afastadas como inaceitáveis e
perigosas; aqueles que ousam enfrentar essas
crenças e opiniões são tidos como criminosos,
blasfemadores e heréticos.
9.
10. O conflito entre verdades reveladas e verdades
alcançadas pelos humanos através do exercício
da inteligência e da razão tem sido também
uma questão que preocupa a Filosofia, desde o
surgimento do Cristianismo. Podemos conhecer
as verdades divinas? Se não pudermos
conhecê-las, seremos culpados? Mas, como
seríamos culpados por não conhecer aquilo que
nosso intelecto, por ser pequeno e menor do
que o de Deus, não teria forças para alcançar?