O documento descreve a história do estado de Roraima desde o século XIX, quando a Amazônia passou a ser vista como fronteira de recursos e acumulação de capital. A formação de uma sociedade hierárquica e patrimonial na fronteira é descrita, assim como o papel dos militares que se tornaram fazendeiros. O documento também aborda o período do Estado Novo e da 2a Guerra Mundial, quando o território federal do Rio Branco foi criado.
1. SANTOS, Nelvio
Paulo Dutra.
Políticas Públicas,
HISTÓRIA DE RORAIMA
economia e poder: o
Estado de Roraima
entre 1970 e 2000.
Te s e d e D o u t o r a d o .
S Í N T E S E E L A B O R A D A P E L O P R O F. A N D R É A . F O N S E C A – U E R R 2 0 1 2 . Núcleo de Altos
Estudos Amazônicos,
U F PA . B e l é m : 2 0 0 4 .
2. AMAZÔNIA A PARTIR DO SÉCULO XIX
Amazônia pós-independência da América Latina: “ pátio dos
fundos” dos novos países independentes.
Avanço do capitalismo: fronteira de recursos e de acumulação
(Berta Becker).
Fronteira do poder militar ( Altvater), alternativa para conter a
contestação à ordem social dominante/ tensão social em outras
regiões.
Prioridade máxima dos governos militares.
Parte do projeto de hegemonia brasileira na América do Sul.
8. A FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE DE
FRONTEIRA
A formação e a consolidação de uma fronteira pode levar a uma
sociedade fortemente hierárquica e patrimonial.
Rio Grande do Sul: fazendeiros criadores de gado que se
militarizavam, produzindo couro e charque para alimentar escravos
do NE e SE.
Vale do Rio Branco: militares que se tornavam fazendeiros,
privatizando as fazendas nacionais e criando gado solto, favorecidos
pelo ciclo da borracha.
Famílias Brasil, Magalhães, Motta, Souza Cruz etc.
12. VALE DO RIO BRANCO, INÍCIO DO SÉC. XX
Pecuaristas investem na produção de ouro e diamantes
(como financiadores, intermediários e efetuando o
descaminho dos minérios para Guiana e Venezuela).
Disputas com a firma J. G. Araújo, sediada em Manaus:
Posse de vastas áreas no território
aviadora de extração da balata
fornecedora de víveres para as tropas e membros das diversas
comissões de limites nas fronteiras
a maior casa de comércio de Boa Vista.
15. VALE DO RIO BRANCO, INÍCIO DO SÉC. XX
Nova realidade: volta das ordens religiosas europeias.
Representação federal de proteção aos índios, de
inspiração positivista.
Descentralização do Estado brasileiro, entregando o
controle da legislação às oligarquias locais.
Tentativa de legalização/ formalização das terras
ocupadas pelas oligarquias.
Criação do município de Boa Vista.
Baixo Rio Branco: extrativismo vegetal e animal.
17. VALE DO RIO BRANCO, INÍCIO DO SÉC. XX
Decadência da borracha –
crise da pecuária
riobranquense; deslocamento
do eixo econômico para a
mineração.
década de 1930: epidemia
dizima rebanho bovino.
19. ESTADO NOVO E II GUERRA MUNDIAL
1939-1945: Brasil de Vargas
acaba se alinhando com os
EUA.
Necessidade de matérias-
primas para os beligerantes.
Apoio técnico e financeiro dos
EUA para as mudanças
promovidas na Amazônia.
20. AMAZÔNIA NO ESTADO NOVO (1937-45)
Serviço Especial de Saúde Pública, mantido pela Fundação
Rockefeller, encarregado do saneamento básico;
Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a
Amazônia;
Comissão Administrativa de Encaminhamento de Trabalhadores
para a Amazônia, que tinha a função de recrutar, hospedar e
providenciar a colocação de nordestinos nos seringais;
Banco do Crédito da Borracha, que tinha 40% de capital norte-
americano;
Instituto Agronômico do Norte, com sede em Belém;
Ampliação do SPI, para controlar os eventuais conflitos entre
índios e seringueiros.
21. O TERRITÓRIO FEDERAL DO RIO BRANCO
criar territórios para melhor
controlar as fronteiras.
1944 - 1º governador: Cap.
Ene Garcez. “Não quero
saber de coronéis de
barranco”.
Autoritarismo e
modernização.
1945: Plano de
Recuperação e
Desenvolvimento para o
território, pelo técnico do
governo federal Araújo
Cavalcanti.
23. O TERRITÓRIO FEDERAL DO RIO BRANCO
Dependência e controle externo x articulações das
famílias locais.
Relatório de Araújo (1945):
o trabalho forçado de crianças índias, principalmente dos Macuxi;
o controle total do comércio por poucos, com preços abusivos;
extração de madeiras de lei de modo predatório;
quase inexistência da agricultura;
pecuária decadente (fazendeiros preferiam aplicar seu capital
financiando atividades mineiras).
24. O TERRITÓRIO FEDERAL DO RIO BRANCO
Medidas do 1º governo territorial:
construir uma cidade-capital administrativa;
melhorar os transportes;
promover a colonização agrícola, trazendo e apoiando colonos com
crédito e assistência técnica
Relatório Araújo:
Propôs a criação de parques nacionais, como da ilha de Maracá.
Demonstrou a necessidade de uma exploração mais racional de
madeiras de lei.
Plano Rodoviário Territorial, que deveria garantir o acesso a três
mercados consumidores “seguros”: a própria Amazônia, a Guiana
Inglesa e a Venezuela.
1943: 60% da riqueza do Território vinha da mineração; 3 ou 5% da
agricultura e 26% da pecuária.
25. 1945-1946: PERÍODO DO “POPULISMO”
1945: Queda de Vargas e exoneração de Ene Garcez.
Hegemonia do Senador Vitorino Freire (PSD -MA).
Félix Valois de Araújo: governador, aliado de Gilberto
Mestrinho, montou uma base de apoio político (cassados em
1964).
Disputas acirradas pelo cargo de deputado federal – acesso
às verbas federais e poder de preencher os cargos públicos.
1953: criação da SPVEA, antecessora da SUDAM.