SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 27
Leitura da literatura
      juvenil:
por quê? Para quê?
Ana Mariza Ribeiro Filipouski - 2012
OO

O


             www.gipeonline.com.br          2
The fantastic flying books of Mr. Morris
Lessmore
  Um fato curioso: antes de ser premiado, foi lançado como livro
  digital interativo para iPad, e chegou ao primeiro lugar entre os
  mais vendidos na loja da Apple em 2011.




                          www.gipeonline.com.br                   3
O curta revela paradigmas típicos da
            contemporaneidade :
• aponta para problemas complexos (não mais simples);
• para uma forma de organização autônoma (não mais
hieráquica);

• para uma visão de mundo fragmentária (não mais
determinista);

• para uma perspectiva temporal causal (não mais linear);

• para uma realidade contextual (não mais objetiva);

• para uma visão de espaço globalizadora (não mais
localizada).

                         www.gipeonline.com.br              4
Por que a literatura (juvenil)
precisa considerar esses
paradigmas?
 porque ler é interagir: o ato de ler implica
  diálogo entre sujeitos históricos;
 leitura desenvolve competências para
  compreender o texto como manifestação de um
  ponto de vista autoral, assumido a partir de
  determinado contexto histórico (visão e valores
  expressos no texto);
 leitura supõe uma atitude responsiva,
estrutura
    respostas ao texto por meio de novas ações, de
    linguagem verbal ou não (recepção ativa).
                         www.gipeonline.com.br       5
ESSA RELAÇÃO
CONCRETIZA A FUNÇÃO
SOCIAL DA LEITURA




       www.gipeonline.com.br   6
O que faz a escola hoje a esse
          respeito?




           www.gipeonline.com.br   7
Para que ler
                             literatura?

 para constituir repertório de leitura, ou
história de
    leitor (favorece a intimidade com os textos, o hábito
   de ler a partir do gosto pessoal e oportuniza
   socializar seus achados de modo a poder influenciar
   outros leitores em formação;
 para exercitar formas de aprofundamento e
   qualificação da história de leitor (relacionar com
a
  série literária, problematizar temas e soluções de
  linguagem encontrados pelo texto, experimentando
                         www.gipeonline.com.br              8
A quem compete favorecer a leitura
         literária de jovens?
 à escola, cuja função, entre outras, é ampliar a cultura
 escrita dos estudantes, atribuindo novos sentidos ao
 letramento em suas vidas, já que ele integra as mais
 variadas práticas sociais contemporâneas;

 às práticas pedagógicas
organizadas
  (planejamento de tarefas de leitura com
  finalidade reconhecível e compatível com
  o gênero estudado), que tornam o ato de
  ler uma atividade de construção de
  sentidos e recuperam a função social da
  leitura.
                      www.gipeonline.com.br                  9
Práticas pedagógicas em literatura: o
  que ler? Para que ler? Como ler?
• Ler para estabelecer relações com as situações
    de produção e recepção: elementos do contexto
    social, do movimento literário, do público, da ideologia,
    etc;
•
    Ler para estabelecer relações com outros
    textos, verbais e não verbais, literários e não literários,
    da mesma época ou de outras, colocando-os em
    interação e diálogo;




                            www.gipeonline.com.br                 10
Práticas pedagógicas em literatura: o
  que ler? Para que ler? Como ler?

• Ler para explorar as potencialidades de uso da
  linguagem literária, condição para produzir sentidos e
  adquirir uma cultura integradora das dimensões
  humanista, social e artística, que valorizam as noções de
  diacronia e sincronia, ou seja, as relações com a série
  literária (que envolve a história de leitor) e a capacidade
  de perceber uso artístico da linguagem (fruição).




                        www.gipeonline.com.br                   11
Conceitos estruturantes do
 trabalho com literatura




          www.gipeonline.com.br   12
Tradição e ruptura

       - instrumentalizam para a compreensão
dos textos a partir do lugar e da época em que
foram produzidos ;
       - fortalecem a construção de uma história
pessoal de leitor, pois habituam a estabelecer
relações a partir do que as obras são capazes de
dizer para um leitor atual;
       - legitimam leituras produzidas em outros
tempos ou contextos.



                        www.gipeonline.com.br      13
Estranhamento

      -    alarga o horizonte de expectativas do
leitor e permite compreender outro modo de ver;
        - oportuniza, do seguro lugar do leitor,
vivenciar experiências radicais da vida humana, a
partir da linguagem e por meio da ficção;
        - investe na ampliação da humanidade pela
fruição estética;




                        www.gipeonline.com.br       14
Intertextualidade             (diálogo entre textos)


      -    favorece o reconhecimento de que todo o
texto é um mosaico de citações;
        - assegura, a um só tempo, renovação e
interação com o que já existe;
        - supõe ultrapassar a compreensão linear
do texto e lançar mão da história pessoal de
leitura para atribuir sentido à produção simbólica
constituída por um novo texto.



                        www.gipeonline.com.br           15
Como a literatura juvenil revela
preocupação com ler a partir de novos
            paradigmas?

    O exemplo de A invenção de Hugo Cabret
          (Brian Selznick. São Paulo: SM Editora,
 2011.)




                   www.gipeonline.com.br            16
O autor
Brian Selznick nasceu em East Brunswick,
Nova Jersey, e se formou na Escola de
Design de Rhode Island.


  É autor premiado de literatura infantojuvenil. Selznick
  reconhece que encontrou a inspiração para criar o mundo de
  Hugo Cabret depois de ler Edison´s Eve: A Magical History of
  the Quest for Mechanical Life, de Gaby Wood, texto que
  contava a história de uns complicados homens mecânicos de
  corda que foram doados a um museu de Paris. A coleção fora
  abandonada em um sótão bagunçado e, por acaso, jogada no
  lixo. O autor então imaginou como seria se um garoto
  encontrasse as máquinas quebradas e enferrujadas e criou
  Hugo e sua história.
                           www.gipeonline.com.br                 17
A obra/sinopse: Paris, anos 30. Hugo Cabret vive
                              clandestinamente na estação de trem. Esgueirando-se
                              por passagens secretas, o menino cuida dos relógios do
                              lugar. Ele precisa manter-se invisível porque guarda um
                              segredo. Descoberto pelo dono da loja de brinquedos
                              próxima e por sua afilhada, todos os seus planos correm
                              risco. Um valioso caderno, uma chave roubada, uma
                              mensagem cifrada e um passado esquecido estão no
                              centro dessa aventura.
                              A obra oferece uma diferente experiência de leitura. Seu
                              autor compôs a trama com textos e ilustrações que
                              desenvolvem a história como em uma storyboard de
                              cinema. A interação entre realidade e a ficção oportuniza
                              que o leitor adquira novos conhecimentos.
A obra recria uma época-chave da história da humanidade: a industrialização européia, o
auge das ferrovias, os funcionamentos de mecanicismos das máquinas (aplicado às
artes, à mágica, à relojoaria) e o surgimento do cinema.
Considerada uma obra-mestra pela crítica mundial, foi publicada em 2007 pela
Scholastic, mesma editora do Harry Potter nos Estados Unidos, e vendeu 300 mil
exemplares em três meses. Adaptada para o cinema por Martin Scorsese, tem agradado
os espectadores e recebeu 5 Prêmios Oscar em 2012 (efeitos visuais, fotografia, direção
de arte, edição de som e mixagem de som).
                                    www.gipeonline.com.br                          18
A contextualização da
                                    leitura

• http://www.theinventionofhugocabret.com/index.htm
  Na página oficial inglesa lê-se uma entrevista com Brian Selznick e há fotos
  que o autor tirou em Paris quando visitou a cidade para escrever o livro e
  conhecer a vida de Georges Méliés.

• http://www.melies.eu
  site oficial em homenagem a Méliés. Além de informações sobre vida e obra,
  disponibiliza alguns curtas.

• http://www.edicoessm.com.br/hugocabret/links.html
  Também é interessante visualizar a página da editora SM e pesquisar nos
  links que ela oferece, especialmente remetendo à foto de um acidente
  ferroviário na Estação de Montparnasse que ilustra um sonho de Hugo, à
  história dos homens mecânicos, que tem um importante papel na obra e ao
  estudo do ilusionismo.

                               www.gipeonline.com.br                             19
Aspectos relevantes da obra



   • Breve introdução (situação inicial): um
     narrador onisciente (prof. H. Alcofrisbas) sugere ao
     leitor que simule estar numa sala de cinema, no
     início de um filme. Alude ao movimento de uma
     câmera, que começa em plano geral (situa no
     tempo – o sol vai nascer; no lugar - uma cidade/
     Paris/ uma estação de trem/Montparnasse e vai
     focando um menino, Hugo Cabret, até mostrá-lo
     em primeiro plano. Sugere que o leitor o siga
     “porque ele está cheio de segredos na cabeça,
     esperando que sua história comece”.

              www.gipeonline.com.br                  20
Aspectos relevantes da obra
Parte 1/ cap 1: O ladrão: 44 páginas de narração
por imagens que retomam o que um narrador
onisciente apresentou e dá seguimento à
narrativa, desenvolvendo aspectos relativos ao
segredo e introduzindo outro personagem: um
velho que trabalha em uma loja de brinquedos e é
observado por Hugo.

 p. 46 – narrativa escrita, curta e ágil, que detalha ponto de vista de
 Hugo e sua relação com o velho. Introduz outra personagem (uma
 menina, observada por Hugo) e refere ainda o guarda de estação,
 temido por ele. Coloca Hugo e o velho em conflito e apresenta um
 objeto que passa a ser disputado por ambos: um caderno de notas,
 guardado pelo menino e que perturba o velho. O objeto é examinado
 pelo velho e seu conteúdo é informado ao leitor através de imagens
 que se misturam às páginas escritas.
                              www.gipeonline.com.br                   21
A linguagem
• é hibrida: envolve imagem e palavras, remete aos
quadrinhos, à literatura, ao cinema;
• é familiar ao destinatário/leitor, predispondo-o a ler;

• o recurso (característico da literatura contemporânea
destinada a jovens e a adultos (ver Diário de um Banana, de
Jeff Kinney, ou Daytripper, de Fábio Moon e Gabriel Bá);

• rompe com o cânone tradicional da
literatura, vinculando a leitura a
seu tempo e desafiando o jovem a
continuar a ler. Pela linguagem,
enreda o leitor na narrativa atualiza o
interesse pelo passado.

                          www.gipeonline.com.br               22
A narrativa
 • à medida que evolui, a trama remete à realidade (a história de
 Georges Méliés, 1861-1938), e propõe à discussão do que há de
 verdade e de ficção no enredo. Isso supõe a possibilidade de
 discutir uma das funções da literatura: dar a conhecer um
 contexto social (a virada do século XIX/XX), especialmente os
 aspectos culturais e científicos, de um grande centro urbano da
 época.
• por ser ficção, recorre à caracterização de um
tempo determinado (simbologia do relógio,
objeto que supõe o domínio do seu mecanismo
de funcionamento), num espaço definido
(estação de trem, transporte que representa, na
época, progresso e encurtamento do espaço,
mediado pelo tempo )– não é à toa que tempo e
espaço são aspectos descritivos da narrativa.

                            www.gipeonline.com.br                   23
A narrativa
• ao simular histórias de vida para apresentar aspectos do real,
cria personagens complexos, imersos em problemas que
fazem sentido ainda na contemporaneidade (as relações
afetivas, os vínculos pessoais com traumas do passado e a
necessidade de resolvê-los para poder crescer), oportunizando,
do seguro lugar do leitor, vivenciar experiências radicais da vida
humana, a partir da linguagem e por meio da ficção.

• ao ser lida por jovens, dá acesso a
conhecimentos sobre o passado, alarga o
horizonte de expectativas do leitor e
permite compreender outros tempos, outro
modo de ver o mundo (o contexto).

                           www.gipeonline.com.br               24
A experiência de leitura
pode ampliar
conhecimentos:

• remeter a outras leituras sobre o contexto (pesquisas a
respeito do tempo, das personagens reais presentes na trama,
das máquinas e de sua influência na vida de época (trens,
brinquedos, mágicas, etc);
• remeter a outras obras literárias e explorar outros tempos e
contextos representados pela ficção (Mark Twain e As
aventuras de Tom Sawyer, e outros).
• propor a discussão do suporte utilizado para criar: filme ou
livro? No livro, a imagem tem que finalidade? Ela aproxima ou
distancia do leitor? Ela facilita ou complexifica a leitura?

                          www.gipeonline.com.br                  25
A experiência de leitura
pode:

• dar concretude à interação proposta pela leitura:

   a) através da criação de fóruns de discussão e difusão dos
   achados sobre a época retratada no texto (relato oral, ou
   em suporte a ser socializado em forma de pôster, painel,
   blog etc);

   b) pelo registro escrito, em forma de resenha crítica,
   criação de cadernos temáticos que documentem todo o
   processo de leitura, as relações de intertextualidade, a
   apropriação de conhecimentos e a ampliação das
   competências de leitura literária.

                          www.gipeonline.com.br               26
Síntese

A unidade propõe, então, que se realize a função da leitura de
literatura (juvenil):
Ler para estabelecer relações com as situações de
produção e recepção: dá conta do contexto social da época
retratada com recursos que interessam o leitor hoje.
Ler para estabelecer relações com outros textos:
relaciona literatura e HQ, explora recursos de linguagem atuais,
abre perspectiva para outras artes, colocando-as em interação
e diálogo.



                           www.gipeonline.com.br               27

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A literatura infantil e a crítica
A literatura infantil e a críticaA literatura infantil e a crítica
A literatura infantil e a críticamarimidlej
 
Literatura infantil.narrativa
Literatura infantil.narrativaLiteratura infantil.narrativa
Literatura infantil.narrativaAna Paula Cecato
 
A natureza da literatura infantil
A natureza da literatura infantilA natureza da literatura infantil
A natureza da literatura infantilRosemary Batista
 
Aula De Literatura Infantil
Aula De Literatura InfantilAula De Literatura Infantil
Aula De Literatura Infantilroessencia
 
Constituição de acervo para bibliotecas
Constituição de acervo para bibliotecasConstituição de acervo para bibliotecas
Constituição de acervo para bibliotecasAna Paula Cecato
 
Literatura infantil brasileira
Literatura infantil brasileiraLiteratura infantil brasileira
Literatura infantil brasileiraSilvana Aranda
 
Samires gomes michiles professor inovador
Samires gomes michiles professor inovadorSamires gomes michiles professor inovador
Samires gomes michiles professor inovadorSimoneHelenDrumond
 
Atps literatura infantil oficial
Atps literatura infantil oficialAtps literatura infantil oficial
Atps literatura infantil oficialRegina Gidzinski
 
Apresentação do slide do projeto literatura infantil
Apresentação do slide do projeto literatura infantilApresentação do slide do projeto literatura infantil
Apresentação do slide do projeto literatura infantilRosimeire Rodrigues
 
Literatura Infantil Slides
Literatura Infantil   SlidesLiteratura Infantil   Slides
Literatura Infantil Slidesestercotrim
 
Biblioteca boletim nº 8
Biblioteca   boletim nº 8Biblioteca   boletim nº 8
Biblioteca boletim nº 8bibdjosei2006
 

Mais procurados (19)

A literatura infantil e a crítica
A literatura infantil e a críticaA literatura infantil e a crítica
A literatura infantil e a crítica
 
elefante
elefanteelefante
elefante
 
Literatura infantil.narrativa
Literatura infantil.narrativaLiteratura infantil.narrativa
Literatura infantil.narrativa
 
A natureza da literatura infantil
A natureza da literatura infantilA natureza da literatura infantil
A natureza da literatura infantil
 
Aula De Literatura Infantil
Aula De Literatura InfantilAula De Literatura Infantil
Aula De Literatura Infantil
 
Constituição de acervo para bibliotecas
Constituição de acervo para bibliotecasConstituição de acervo para bibliotecas
Constituição de acervo para bibliotecas
 
Literatura infantil brasileira
Literatura infantil brasileiraLiteratura infantil brasileira
Literatura infantil brasileira
 
Samires gomes michiles professor inovador
Samires gomes michiles professor inovadorSamires gomes michiles professor inovador
Samires gomes michiles professor inovador
 
Atps literatura infantil oficial
Atps literatura infantil oficialAtps literatura infantil oficial
Atps literatura infantil oficial
 
Slide seminário
Slide seminárioSlide seminário
Slide seminário
 
Apresentação do slide do projeto literatura infantil
Apresentação do slide do projeto literatura infantilApresentação do slide do projeto literatura infantil
Apresentação do slide do projeto literatura infantil
 
181213historiaemquadrinhos
181213historiaemquadrinhos181213historiaemquadrinhos
181213historiaemquadrinhos
 
Percurso lit infanto
Percurso lit infantoPercurso lit infanto
Percurso lit infanto
 
livro infantil
livro infantillivro infantil
livro infantil
 
Tessituras
TessiturasTessituras
Tessituras
 
Atps lite (2)
Atps lite (2)Atps lite (2)
Atps lite (2)
 
Literatura Infantil Slides
Literatura Infantil   SlidesLiteratura Infantil   Slides
Literatura Infantil Slides
 
Biblioteca boletim nº 8
Biblioteca   boletim nº 8Biblioteca   boletim nº 8
Biblioteca boletim nº 8
 
Leitura
LeituraLeitura
Leitura
 

Semelhante a A invenção de Hugo Cabret: uma obra que revela preocupação com novos paradigmas da leitura

A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1
A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1
A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1Maria Clara Magalhães
 
181213historiaemquadrinhos
181213historiaemquadrinhos181213historiaemquadrinhos
181213historiaemquadrinhosLailsa Li
 
Projeto de Leitura - " Vidas Secas"
Projeto de Leitura - " Vidas Secas"Projeto de Leitura - " Vidas Secas"
Projeto de Leitura - " Vidas Secas"Cirlei Santos
 
História em quadrinhos
História em quadrinhosHistória em quadrinhos
História em quadrinhosntebrusque
 
A literatura infantil na escola
A literatura infantil na escolaA literatura infantil na escola
A literatura infantil na escolaUESPI - PI
 
Projeto integrado de aprendizagem
Projeto integrado de aprendizagemProjeto integrado de aprendizagem
Projeto integrado de aprendizagemMarileizoletrotta
 
Projetos Educação Infantil
Projetos Educação InfantilProjetos Educação Infantil
Projetos Educação Infantilguest6de939
 
Projetos de Ed . Infantil 1 E2
Projetos de Ed . Infantil 1 E2Projetos de Ed . Infantil 1 E2
Projetos de Ed . Infantil 1 E2Alinemmoliveira
 
Projeto monteirolobatovideo
Projeto monteirolobatovideoProjeto monteirolobatovideo
Projeto monteirolobatovideoAnaKelly
 
Projeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro Lobato
Projeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro LobatoProjeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro Lobato
Projeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro LobatoAna Kelly Brustolin
 
O Ensino de Literatura Contemporânea
O Ensino de Literatura ContemporâneaO Ensino de Literatura Contemporânea
O Ensino de Literatura ContemporâneaJuliane Liberato
 
Em busca de escritores
Em busca de escritoresEm busca de escritores
Em busca de escritoresKatia Cristina
 
Projeto ação cultural - Birabiblio em Ação
Projeto ação cultural - Birabiblio em AçãoProjeto ação cultural - Birabiblio em Ação
Projeto ação cultural - Birabiblio em AçãoHamilton
 

Semelhante a A invenção de Hugo Cabret: uma obra que revela preocupação com novos paradigmas da leitura (20)

Slide Cida Novo
Slide Cida NovoSlide Cida Novo
Slide Cida Novo
 
Roteiro de Leitura -Literaturas brasileira e portuguesa
Roteiro de Leitura -Literaturas brasileira e portuguesaRoteiro de Leitura -Literaturas brasileira e portuguesa
Roteiro de Leitura -Literaturas brasileira e portuguesa
 
Módulo 3
Módulo 3Módulo 3
Módulo 3
 
A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1
A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1
A interdisciplinaridade da arte _1ano_cn_parte 1
 
181213historiaemquadrinhos
181213historiaemquadrinhos181213historiaemquadrinhos
181213historiaemquadrinhos
 
Projeto de Leitura - " Vidas Secas"
Projeto de Leitura - " Vidas Secas"Projeto de Leitura - " Vidas Secas"
Projeto de Leitura - " Vidas Secas"
 
História em quadrinhos
História em quadrinhosHistória em quadrinhos
História em quadrinhos
 
Atividade 4 4
Atividade 4 4Atividade 4 4
Atividade 4 4
 
2012 projeto
2012 projeto2012 projeto
2012 projeto
 
A literatura infantil na escola
A literatura infantil na escolaA literatura infantil na escola
A literatura infantil na escola
 
Projeto integrado de aprendizagem
Projeto integrado de aprendizagemProjeto integrado de aprendizagem
Projeto integrado de aprendizagem
 
Projetos Educação Infantil
Projetos Educação InfantilProjetos Educação Infantil
Projetos Educação Infantil
 
Projetos de Ed . Infantil 1 E2
Projetos de Ed . Infantil 1 E2Projetos de Ed . Infantil 1 E2
Projetos de Ed . Infantil 1 E2
 
Projeto monteirolobatovideo
Projeto monteirolobatovideoProjeto monteirolobatovideo
Projeto monteirolobatovideo
 
Projeto monteirolobatovideo
Projeto monteirolobatovideoProjeto monteirolobatovideo
Projeto monteirolobatovideo
 
Projeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro Lobato
Projeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro LobatoProjeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro Lobato
Projeto Descobrindo as diversas facetas de Monteiro Lobato
 
O Ensino de Literatura Contemporânea
O Ensino de Literatura ContemporâneaO Ensino de Literatura Contemporânea
O Ensino de Literatura Contemporânea
 
Em busca de escritores
Em busca de escritoresEm busca de escritores
Em busca de escritores
 
Projeto ação cultural - Birabiblio em Ação
Projeto ação cultural - Birabiblio em AçãoProjeto ação cultural - Birabiblio em Ação
Projeto ação cultural - Birabiblio em Ação
 
Projeto de Leitura _ História em Quadrinhos
Projeto de Leitura _  História em QuadrinhosProjeto de Leitura _  História em Quadrinhos
Projeto de Leitura _ História em Quadrinhos
 

Mais de Ana Paula Cecato

Somos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a biblioteca
Somos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a bibliotecaSomos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a biblioteca
Somos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a bibliotecaAna Paula Cecato
 
Retratos da Leitura em Esteio
Retratos da Leitura em EsteioRetratos da Leitura em Esteio
Retratos da Leitura em EsteioAna Paula Cecato
 
Lista de escolas Lendo pra Valer
Lista de escolas Lendo pra ValerLista de escolas Lendo pra Valer
Lista de escolas Lendo pra ValerAna Paula Cecato
 
Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...
Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...
Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...Ana Paula Cecato
 
Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...
Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...
Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...Ana Paula Cecato
 
LEndo pra Valer na EEEF Porto Alegre
LEndo pra Valer na EEEF Porto AlegreLEndo pra Valer na EEEF Porto Alegre
LEndo pra Valer na EEEF Porto AlegreAna Paula Cecato
 
Maribel Soares: é hora da história
Maribel Soares: é hora da históriaMaribel Soares: é hora da história
Maribel Soares: é hora da históriaAna Paula Cecato
 
Tessituras: apresentação de Rosane Castro
Tessituras: apresentação de Rosane CastroTessituras: apresentação de Rosane Castro
Tessituras: apresentação de Rosane CastroAna Paula Cecato
 
Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)
Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)
Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)Ana Paula Cecato
 
Tessituras: Poesia oral e autoral
Tessituras: Poesia oral e autoralTessituras: Poesia oral e autoral
Tessituras: Poesia oral e autoralAna Paula Cecato
 
Projeto de leitura literária
Projeto de leitura literáriaProjeto de leitura literária
Projeto de leitura literáriaAna Paula Cecato
 
Literatura e primeira infância
Literatura e primeira infânciaLiteratura e primeira infância
Literatura e primeira infânciaAna Paula Cecato
 
Como se faz um livro? Elaine Martiza
Como se faz um livro? Elaine MartizaComo se faz um livro? Elaine Martiza
Como se faz um livro? Elaine MartizaAna Paula Cecato
 
Como se faz um livro? Gláucia de Souza
Como se faz um livro? Gláucia de SouzaComo se faz um livro? Gláucia de Souza
Como se faz um livro? Gláucia de SouzaAna Paula Cecato
 

Mais de Ana Paula Cecato (20)

Somos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a biblioteca
Somos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a bibliotecaSomos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a biblioteca
Somos feitos de histórias: reflexões sobre a literatura e a biblioteca
 
Retratos da Leitura em Esteio
Retratos da Leitura em EsteioRetratos da Leitura em Esteio
Retratos da Leitura em Esteio
 
A loira do banheiro
A loira do banheiroA loira do banheiro
A loira do banheiro
 
Lista de escolas Lendo pra Valer
Lista de escolas Lendo pra ValerLista de escolas Lendo pra Valer
Lista de escolas Lendo pra Valer
 
Coração de bigodes
Coração de bigodesCoração de bigodes
Coração de bigodes
 
Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...
Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...
Estratégias digitais na educação - Escritora e especialista em Informática na...
 
Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...
Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...
Projeto de leitura na EMEF Maria Gusmão Britto (São Leopoldo) - Profª Neusa P...
 
Dedilhando Sonhos
Dedilhando SonhosDedilhando Sonhos
Dedilhando Sonhos
 
LEndo pra Valer na EEEF Porto Alegre
LEndo pra Valer na EEEF Porto AlegreLEndo pra Valer na EEEF Porto Alegre
LEndo pra Valer na EEEF Porto Alegre
 
Maribel Soares: é hora da história
Maribel Soares: é hora da históriaMaribel Soares: é hora da história
Maribel Soares: é hora da história
 
Tessituras: apresentação de Rosane Castro
Tessituras: apresentação de Rosane CastroTessituras: apresentação de Rosane Castro
Tessituras: apresentação de Rosane Castro
 
Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)
Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)
Relato de experiência - EEEF Ezequiel Nunes Filho (Esteio)
 
Livro ilustrado
Livro ilustrado Livro ilustrado
Livro ilustrado
 
Literatura Juvenil
Literatura JuvenilLiteratura Juvenil
Literatura Juvenil
 
Tessituras: Poesia oral e autoral
Tessituras: Poesia oral e autoralTessituras: Poesia oral e autoral
Tessituras: Poesia oral e autoral
 
Relato de experiência
Relato de experiênciaRelato de experiência
Relato de experiência
 
Projeto de leitura literária
Projeto de leitura literáriaProjeto de leitura literária
Projeto de leitura literária
 
Literatura e primeira infância
Literatura e primeira infânciaLiteratura e primeira infância
Literatura e primeira infância
 
Como se faz um livro? Elaine Martiza
Como se faz um livro? Elaine MartizaComo se faz um livro? Elaine Martiza
Como se faz um livro? Elaine Martiza
 
Como se faz um livro? Gláucia de Souza
Como se faz um livro? Gláucia de SouzaComo se faz um livro? Gláucia de Souza
Como se faz um livro? Gláucia de Souza
 

A invenção de Hugo Cabret: uma obra que revela preocupação com novos paradigmas da leitura

  • 1. Leitura da literatura juvenil: por quê? Para quê?
  • 2. Ana Mariza Ribeiro Filipouski - 2012 OO O www.gipeonline.com.br 2
  • 3. The fantastic flying books of Mr. Morris Lessmore Um fato curioso: antes de ser premiado, foi lançado como livro digital interativo para iPad, e chegou ao primeiro lugar entre os mais vendidos na loja da Apple em 2011. www.gipeonline.com.br 3
  • 4. O curta revela paradigmas típicos da contemporaneidade : • aponta para problemas complexos (não mais simples); • para uma forma de organização autônoma (não mais hieráquica); • para uma visão de mundo fragmentária (não mais determinista); • para uma perspectiva temporal causal (não mais linear); • para uma realidade contextual (não mais objetiva); • para uma visão de espaço globalizadora (não mais localizada). www.gipeonline.com.br 4
  • 5. Por que a literatura (juvenil) precisa considerar esses paradigmas?  porque ler é interagir: o ato de ler implica diálogo entre sujeitos históricos;  leitura desenvolve competências para compreender o texto como manifestação de um ponto de vista autoral, assumido a partir de determinado contexto histórico (visão e valores expressos no texto);  leitura supõe uma atitude responsiva, estrutura respostas ao texto por meio de novas ações, de linguagem verbal ou não (recepção ativa). www.gipeonline.com.br 5
  • 6. ESSA RELAÇÃO CONCRETIZA A FUNÇÃO SOCIAL DA LEITURA www.gipeonline.com.br 6
  • 7. O que faz a escola hoje a esse respeito? www.gipeonline.com.br 7
  • 8. Para que ler literatura?  para constituir repertório de leitura, ou história de leitor (favorece a intimidade com os textos, o hábito de ler a partir do gosto pessoal e oportuniza socializar seus achados de modo a poder influenciar outros leitores em formação;  para exercitar formas de aprofundamento e qualificação da história de leitor (relacionar com a série literária, problematizar temas e soluções de linguagem encontrados pelo texto, experimentando www.gipeonline.com.br 8
  • 9. A quem compete favorecer a leitura literária de jovens?  à escola, cuja função, entre outras, é ampliar a cultura escrita dos estudantes, atribuindo novos sentidos ao letramento em suas vidas, já que ele integra as mais variadas práticas sociais contemporâneas;  às práticas pedagógicas organizadas (planejamento de tarefas de leitura com finalidade reconhecível e compatível com o gênero estudado), que tornam o ato de ler uma atividade de construção de sentidos e recuperam a função social da leitura. www.gipeonline.com.br 9
  • 10. Práticas pedagógicas em literatura: o que ler? Para que ler? Como ler? • Ler para estabelecer relações com as situações de produção e recepção: elementos do contexto social, do movimento literário, do público, da ideologia, etc; • Ler para estabelecer relações com outros textos, verbais e não verbais, literários e não literários, da mesma época ou de outras, colocando-os em interação e diálogo; www.gipeonline.com.br 10
  • 11. Práticas pedagógicas em literatura: o que ler? Para que ler? Como ler? • Ler para explorar as potencialidades de uso da linguagem literária, condição para produzir sentidos e adquirir uma cultura integradora das dimensões humanista, social e artística, que valorizam as noções de diacronia e sincronia, ou seja, as relações com a série literária (que envolve a história de leitor) e a capacidade de perceber uso artístico da linguagem (fruição). www.gipeonline.com.br 11
  • 12. Conceitos estruturantes do trabalho com literatura www.gipeonline.com.br 12
  • 13. Tradição e ruptura - instrumentalizam para a compreensão dos textos a partir do lugar e da época em que foram produzidos ; - fortalecem a construção de uma história pessoal de leitor, pois habituam a estabelecer relações a partir do que as obras são capazes de dizer para um leitor atual; - legitimam leituras produzidas em outros tempos ou contextos. www.gipeonline.com.br 13
  • 14. Estranhamento - alarga o horizonte de expectativas do leitor e permite compreender outro modo de ver; - oportuniza, do seguro lugar do leitor, vivenciar experiências radicais da vida humana, a partir da linguagem e por meio da ficção; - investe na ampliação da humanidade pela fruição estética; www.gipeonline.com.br 14
  • 15. Intertextualidade (diálogo entre textos) - favorece o reconhecimento de que todo o texto é um mosaico de citações; - assegura, a um só tempo, renovação e interação com o que já existe; - supõe ultrapassar a compreensão linear do texto e lançar mão da história pessoal de leitura para atribuir sentido à produção simbólica constituída por um novo texto. www.gipeonline.com.br 15
  • 16. Como a literatura juvenil revela preocupação com ler a partir de novos paradigmas? O exemplo de A invenção de Hugo Cabret (Brian Selznick. São Paulo: SM Editora, 2011.) www.gipeonline.com.br 16
  • 17. O autor Brian Selznick nasceu em East Brunswick, Nova Jersey, e se formou na Escola de Design de Rhode Island. É autor premiado de literatura infantojuvenil. Selznick reconhece que encontrou a inspiração para criar o mundo de Hugo Cabret depois de ler Edison´s Eve: A Magical History of the Quest for Mechanical Life, de Gaby Wood, texto que contava a história de uns complicados homens mecânicos de corda que foram doados a um museu de Paris. A coleção fora abandonada em um sótão bagunçado e, por acaso, jogada no lixo. O autor então imaginou como seria se um garoto encontrasse as máquinas quebradas e enferrujadas e criou Hugo e sua história. www.gipeonline.com.br 17
  • 18. A obra/sinopse: Paris, anos 30. Hugo Cabret vive clandestinamente na estação de trem. Esgueirando-se por passagens secretas, o menino cuida dos relógios do lugar. Ele precisa manter-se invisível porque guarda um segredo. Descoberto pelo dono da loja de brinquedos próxima e por sua afilhada, todos os seus planos correm risco. Um valioso caderno, uma chave roubada, uma mensagem cifrada e um passado esquecido estão no centro dessa aventura. A obra oferece uma diferente experiência de leitura. Seu autor compôs a trama com textos e ilustrações que desenvolvem a história como em uma storyboard de cinema. A interação entre realidade e a ficção oportuniza que o leitor adquira novos conhecimentos. A obra recria uma época-chave da história da humanidade: a industrialização européia, o auge das ferrovias, os funcionamentos de mecanicismos das máquinas (aplicado às artes, à mágica, à relojoaria) e o surgimento do cinema. Considerada uma obra-mestra pela crítica mundial, foi publicada em 2007 pela Scholastic, mesma editora do Harry Potter nos Estados Unidos, e vendeu 300 mil exemplares em três meses. Adaptada para o cinema por Martin Scorsese, tem agradado os espectadores e recebeu 5 Prêmios Oscar em 2012 (efeitos visuais, fotografia, direção de arte, edição de som e mixagem de som). www.gipeonline.com.br 18
  • 19. A contextualização da leitura • http://www.theinventionofhugocabret.com/index.htm Na página oficial inglesa lê-se uma entrevista com Brian Selznick e há fotos que o autor tirou em Paris quando visitou a cidade para escrever o livro e conhecer a vida de Georges Méliés. • http://www.melies.eu site oficial em homenagem a Méliés. Além de informações sobre vida e obra, disponibiliza alguns curtas. • http://www.edicoessm.com.br/hugocabret/links.html Também é interessante visualizar a página da editora SM e pesquisar nos links que ela oferece, especialmente remetendo à foto de um acidente ferroviário na Estação de Montparnasse que ilustra um sonho de Hugo, à história dos homens mecânicos, que tem um importante papel na obra e ao estudo do ilusionismo. www.gipeonline.com.br 19
  • 20. Aspectos relevantes da obra • Breve introdução (situação inicial): um narrador onisciente (prof. H. Alcofrisbas) sugere ao leitor que simule estar numa sala de cinema, no início de um filme. Alude ao movimento de uma câmera, que começa em plano geral (situa no tempo – o sol vai nascer; no lugar - uma cidade/ Paris/ uma estação de trem/Montparnasse e vai focando um menino, Hugo Cabret, até mostrá-lo em primeiro plano. Sugere que o leitor o siga “porque ele está cheio de segredos na cabeça, esperando que sua história comece”. www.gipeonline.com.br 20
  • 21. Aspectos relevantes da obra Parte 1/ cap 1: O ladrão: 44 páginas de narração por imagens que retomam o que um narrador onisciente apresentou e dá seguimento à narrativa, desenvolvendo aspectos relativos ao segredo e introduzindo outro personagem: um velho que trabalha em uma loja de brinquedos e é observado por Hugo. p. 46 – narrativa escrita, curta e ágil, que detalha ponto de vista de Hugo e sua relação com o velho. Introduz outra personagem (uma menina, observada por Hugo) e refere ainda o guarda de estação, temido por ele. Coloca Hugo e o velho em conflito e apresenta um objeto que passa a ser disputado por ambos: um caderno de notas, guardado pelo menino e que perturba o velho. O objeto é examinado pelo velho e seu conteúdo é informado ao leitor através de imagens que se misturam às páginas escritas. www.gipeonline.com.br 21
  • 22. A linguagem • é hibrida: envolve imagem e palavras, remete aos quadrinhos, à literatura, ao cinema; • é familiar ao destinatário/leitor, predispondo-o a ler; • o recurso (característico da literatura contemporânea destinada a jovens e a adultos (ver Diário de um Banana, de Jeff Kinney, ou Daytripper, de Fábio Moon e Gabriel Bá); • rompe com o cânone tradicional da literatura, vinculando a leitura a seu tempo e desafiando o jovem a continuar a ler. Pela linguagem, enreda o leitor na narrativa atualiza o interesse pelo passado. www.gipeonline.com.br 22
  • 23. A narrativa • à medida que evolui, a trama remete à realidade (a história de Georges Méliés, 1861-1938), e propõe à discussão do que há de verdade e de ficção no enredo. Isso supõe a possibilidade de discutir uma das funções da literatura: dar a conhecer um contexto social (a virada do século XIX/XX), especialmente os aspectos culturais e científicos, de um grande centro urbano da época. • por ser ficção, recorre à caracterização de um tempo determinado (simbologia do relógio, objeto que supõe o domínio do seu mecanismo de funcionamento), num espaço definido (estação de trem, transporte que representa, na época, progresso e encurtamento do espaço, mediado pelo tempo )– não é à toa que tempo e espaço são aspectos descritivos da narrativa. www.gipeonline.com.br 23
  • 24. A narrativa • ao simular histórias de vida para apresentar aspectos do real, cria personagens complexos, imersos em problemas que fazem sentido ainda na contemporaneidade (as relações afetivas, os vínculos pessoais com traumas do passado e a necessidade de resolvê-los para poder crescer), oportunizando, do seguro lugar do leitor, vivenciar experiências radicais da vida humana, a partir da linguagem e por meio da ficção. • ao ser lida por jovens, dá acesso a conhecimentos sobre o passado, alarga o horizonte de expectativas do leitor e permite compreender outros tempos, outro modo de ver o mundo (o contexto). www.gipeonline.com.br 24
  • 25. A experiência de leitura pode ampliar conhecimentos: • remeter a outras leituras sobre o contexto (pesquisas a respeito do tempo, das personagens reais presentes na trama, das máquinas e de sua influência na vida de época (trens, brinquedos, mágicas, etc); • remeter a outras obras literárias e explorar outros tempos e contextos representados pela ficção (Mark Twain e As aventuras de Tom Sawyer, e outros). • propor a discussão do suporte utilizado para criar: filme ou livro? No livro, a imagem tem que finalidade? Ela aproxima ou distancia do leitor? Ela facilita ou complexifica a leitura? www.gipeonline.com.br 25
  • 26. A experiência de leitura pode: • dar concretude à interação proposta pela leitura: a) através da criação de fóruns de discussão e difusão dos achados sobre a época retratada no texto (relato oral, ou em suporte a ser socializado em forma de pôster, painel, blog etc); b) pelo registro escrito, em forma de resenha crítica, criação de cadernos temáticos que documentem todo o processo de leitura, as relações de intertextualidade, a apropriação de conhecimentos e a ampliação das competências de leitura literária. www.gipeonline.com.br 26
  • 27. Síntese A unidade propõe, então, que se realize a função da leitura de literatura (juvenil): Ler para estabelecer relações com as situações de produção e recepção: dá conta do contexto social da época retratada com recursos que interessam o leitor hoje. Ler para estabelecer relações com outros textos: relaciona literatura e HQ, explora recursos de linguagem atuais, abre perspectiva para outras artes, colocando-as em interação e diálogo. www.gipeonline.com.br 27