Leitura e conhecimento no espaço da biblioteca escolar
1. Leitura e conhecimento no
espaço da biblioteca escolar
Ana Paula Cecato de Oliveira
Mestranda em Letras/UNIRITTER
anacecato@gmail.com
2.
3.
4. Considerações a partir de PRIETO
(1999):
• As narrativas constituem uma das formas de
pensar o mundo.
• Todos nós nascemos imersos numa trama de
narrativas. Algumas delas, dada sua influência
sobre nosso imaginário, parecem que nos
possuem. Elas condicionam nosso modo de ver a
vida, de tomar decisões, de resolver os
problemas afetivos...
5. • Estas narrativas formam o repertório que
as crianças trazem à escola e deve ser
considerado pelo mediador de leitura.
• As histórias são materiais de grande
carga afetiva. Por exemplo, todos nós
nos tornamos mediadores de leitura
porque, de alguma forma, o espaço da
biblioteca é presente em nossa memória
afetiva.
6. “Mar de histórias” é a expressão que se usava em
sânscrito para se referir ao universo das narrativas. Ao
transitar por essas rotas imaginárias, é sempre bom ter
em mente a metáfora do mar. Ou seja, é preciso ter um
caminho, é preciso manter o leme firme, mas é
também necessária a consciência de que se navega em
águas que ora podem ser muito tranquilas, ora podem
se transformar em verdadeiros maremotos.
Esta é a aventura literária da qual fazem parte o mestre e
seus alunos: é preciso coragem para trafegar por
mundos imaginários; porém, as viagens serão sempre
cheias de descobertas.
Heloisa Prieto, em Quer ouvir uma história?
7. Mnemosine ou Mnemósine (em grego Mνημοσύνη,
pronounciado /mnɛːmosýːnɛː/) era uma das
Titânides, filha de Urano e Gaia e a deusa que
personificava a Memória. Ela é a mãe de todas as
criações, com Zeus teve as Nove Musas:
Calíope (Poesia Épica)
Clio (Historia)
Érato (Poesia Romântica)
Euterpe (Música)
Melpômene (Tragédia)
Polímnia (Hinos)
Terpsícore (Dança)
Tália (Comédia)
Urânia (Astronomia)
Era aquela que preserva do esquecimento. Seria a
divindade da enumeração vivificadora frente aos
perigos da infinitude, frente aos perigos do
esquecimento que na cosmogonia grega aparece
como um rio, o Lete, um rio a cruzar a morada dos
mortos (o de "letal" esquecimento), o Tártaro, e de
onde "as almas bebiam sua água quando estavam
Mnemosyne, por Dante Gabriel prestes a reencarnarem-se, e por isso esqueciam sua
Rossetti, 1828-1882, pintor e poeta
inglês. existência anterior".
8. A memória é o essencial, visto
que a literatura está feita de
sonhos e os sonhos fazem-se
combinando recordações.
Jorge Luis Borges
9. • Quando alguém conta uma história, desperta
a memória do outro, e assim começa uma
roda de histórias.
• O homem faz uma pergunta ao mundo. Deseja
compreender o universo como um todo, mas
também quer conhecer os pormenores da
vida. O homem coloca-se diante do mundo e o
interroga, pedindo que lhe revele seus
fenômenos. Recebe então uma resposta:
palavras que vêm ao encontro das suas. Por
pergunta e resposta, temos a formação da
narrativa mitológica. (PRIETO, 1999)
10. • A relação de significação com a
linguagem na infância acontece por e
com imagens, que remetem a um
mundo sensível e mítico.
• A criança percebe o mundo através das
imagens e de sua ludicidade.
11. FALCÃO, Adriana. Ilust. MASSARANI,
Mariana. Mania de explicação. São
Paulo: Salamandra, 2001.
13. • Assim sendo, não se trata de somente
conhecer a realidade social da comunidade
onde trabalhamos, mas também conhecermos
o modo como nossos leitores se relacionam
com a linguagem.
• Em algumas comunidades, por exemplo, onde
a leitura e de escrita pouco integram suas
práticas cotidianas, gêneros que envolvam a
imagem (quadrinhos, livros de imagem, de
música) podem ser a “porta de entrada” para
a constituição dos acervos de seus leitores.
14. • Oportunizar eventos de letramento
(práticas que precisam da escrita para
serem significadas) na biblioteca
colaboram para a construção do valor
simbólico da leitura no imaginário da
comunidade escolar.
• Envolver a comunidade nestes eventos
(experiências como o Programa de
Leitura Adote um Escritor).
15. A partir da proposta de Britto
(2009), perguntamo-nos:
LEITURA gera CONHECIMENTO
ou
CONHECIMENTO gera LEITURA?
16. • Não se trata de dizer que a leitura não
proporciona conhecimento ao leitor, mas que
o conhecimento (no étimo da palavra latina,
saber a ação) só pode ser aperfeiçoado
através da leitura. Dessa forma, abarcamos o
repertório de conhecimentos prévios que o
sujeito traz consigo ao ler (no étimo da
palavra, colher o que está escrito).
• Nesse sentido, a biblioteca pode se tornar um
espaço de estudo e acesso ao conhecimento
elaborado pela tradição ocidental.
17. A função da arte
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff,
levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o
Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas,
esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram
aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o
mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a
imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino
ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu
falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!
GALEANO, Eduardo. O Livro dos Abraços. Tradução de Eric
Nepomuceno. - 9. ed. - Porto. Alegre: L&PM, 2002.
18. O que é um bom livro infantil?
• Antes de tudo, deve considerar o repertório, o interesse e
o propósito do leitor;
• Como mediadores, o texto deve aproximar o leitor do
prazer estético e propor “uma educação do olhar”;
• Deve permitir ao leitor a construção de sentidos a partir
da leitura;
• O essencial é que as produções cativem com o recurso à
fantasia, por seu caráter mágico, pela valorização das
sensações e emoções que os transporta para o mundo da
imaginação, edificado pelas imagens e símbolos do texto
literário. (MARTHA, 2011, p.50)
• O livro inserir-se num campo de produção cultural para a
criança.
19. O livro infantil como objeto cultural*
• Elementos externos ao texto verbal (capa,
contracapa, orelhas, paratextos, informações
contextualizantes dos autores, fonte, papel,
ilustrações, projeto gráfico);
• Elementos internos (estruturais como foco narrativo,
verossimilhança, linguagem, caráter de
experimentação, intertextualidade, relação com
outras lggs, rompimento de clichês e modelos,
ambiguidade e pluralidade de significação da lggm
literária, adequação do discurso das personagens a
variáveis como tempo e espaço no mundo narrado).
• Jogo de sentidos – diálogo entre palavras e imagens –
Literatura Infantil é um gênero híbrido.
*De acordo com MARTHA, 2011, p.49-53)
20. Sugestões de trabalho na biblioteca
escolar
• Com políticas de distribuição de livros para as
bibliotecas escolares, o grande desafio do mediador de
leitura é encontrar estratégias de trabalho com estas
obras.
• Para isso, propomos algumas sugestões de trabalho,
que, naturalmente, serão adequadas à realidade local
da comunidade escolar.
21. • O mediador deve ser um atento observador
da realidade em que está inserido (conhecer
o repertório cultural da comunidade, se
participam de eventos de letramento,
observar de que forma se expressam, quais
temas lhes interessam) e um bom conhecedor
de obras clássicas e contemporâneas de LI (o
caminho pode ser o acervo disponibilizado
pelo PNBE às bibliotecas escolares, a
participação em eventos como seminários na
Feira do Livro, acesso a sites sobre o gênero,
onde podem ser encontradas resenhas dos
livros...)
22. • É preciso que a leitura e a escrita sejam
entendidas como práticas que são
significadas a partir das produções dos
sujeitos envolvidos.
• Trabalhos interdisciplinares,
contemplando os níveis de expressão
oral, visual e escrito.
• Contextualização da obra lida.
23. • Encarregar as turmas para produzirem
material para exposição na biblioteca
(experiência Dia do Livro).
• Investir em práticas de linguagem
artística (verbal, visual, corporal).
• A biblioteca é o coração das nossas
escolas, espaço de todos os membros
da comunidade escolar!
24. A convenção da maioria das escolas tem sido a de
tratar a arte da narrativa – as canções, o drama,
a ficção, o teatro, seja lá o que for – mais como
uma “decoração” do que como uma necessidade,
como algo que tenha que enfeitar o lazer, ou, às vezes,
até como moralmente exemplar. Apesar disso,
formulamos os relatos de nossas origens culturais e das
crenças que nos são mais caras sob a forma de histórias, e
não apenas o “conteúdo” dessas histórias nos atrai, mas
seu artifício narrativo. (BRUNER, 2001, p. 171 apud
CORSO, 2011 p.21).
25. Alguns sites sobre LI:
• Dobras da Leitura:
http://www.dobrasdaleitura.com/index.html
• Memórias da LIJ:
• http://www.museudapessoa.net/mdl/memoriasDaLiteratura
• Mundo da Leitura:
• http://mundodaleitura.upf.br/novo/index.php
• O livro infantil:
• http://olivroinfantil.blogspot.com.br/
• Revista Tigre Albino (poesia infantil)
• http://www.tigrealbino.com.br/
• http://programasdeleitura.blogspot.com
26.
27.
28. Referências
• CORSO, Diana & Mario. A psicanálise na Terra do
Nunca: ensaios sobre a fantasia. Porto alegre: Penso,
2011.
• MARINHO, Jorge Miguel. A convite das palavras:
motivações para ler, escrever e criar. São Paulo: Biruta,
2009.
• OLIVEIRA, Ieda de. O que é qualidade em Literatura
Infantil e Juvenil – com a palavra o educador. São
Paulo: DCL, 2011.
• PRIETO, Heloisa. Quer ouvir uma história? Lendas e
mitos no mundo da criança. Campinas: Angra, 1999.
• RAMOS, Flávia Brochetto & NEVES, Nathalie Vieira.
Biblioteca escolar e práticas educativas: o mediador
em formação. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid
=S1806-58212009000300020&script=sci_arttext. Acesso
em 30 abr 2012.
29. Livros Infantis:
BRENMAN, Ilan. MORICONI, Renato. (Ilust.)
O Alvo. São Paulo: Ática, 2011.
VASSALLO, Márcio. TERRA, Ana. (Ilust.) A
professora encantadora. BH: Abacatte,
2010.
FALCÃO, Adriana. MASSARANI, Mariana.
Mania de explicação. São Paulo: Moderna,
2011.
30. “Entrar em uma biblioteca é
entrar em uma viagem que
pode mudar a vida.”
Alberto Manguel, escritor argentino, autor de muitas obras, dentre
elas Uma história da leitura (Cia das Letras, 1997)