O documento discute a Estética da Recepção, que surgiu na metade do século XX para conceder maior importância ao leitor. A Estética da Recepção vê a literatura como um processo dinâmico entre autor, obra, leitor e sentido, ao invés de focar apenas no autor ou na obra. Também discute como as condições sociais e históricas influenciam as interpretações dos leitores.
1. Universidade Federal de Minas Gerais Departamento de Teoria e Gestão da Informação Graduação em Biblioteconomia Tópicos em Informação e Cultura D (Biblioterapia)
Módulo 3 BIBLIOTERAPIA E A LITERATURA
Marina Nogueira
2. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
Sistema literário= obra + autor + leitor
Até meados do século XX, a estética tradicional e as teorias norteadoras das análises literárias desconsideravam o leitor, fazendo com que os estudos oscilassem entre o autor e a obra (MOTA, p.1).
3. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
No primeiro caso, interessadas no universo do escritor, quando a biografia ganhava importância. No segundo, a obra era vista fora de todo contexto histórico, e a linguagem, o estilo, a estrutura e a textualidade eram priorizadas em prejuízo do mundo do autor.
Fosse como fosse, em ambos os casos, as teorizações se estabeleciam em detrimento do leitor que, desde o surgimento da sistematização teórica dos estudos, não tinha merecido interesse (MOTA, p.1).
4. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
A Estética da Recepção (ER) surge em meados do Século XX, com um grupo de teóricos na Alemanha, com o desejo de conceder ao leitor sua real importância.
Ela se diferencia da teoria da estética tradicional, pois entende a Literatura como processo de produção, recepção e comunicação, ou seja, uma relação dinâmica entre autor, obra, leitor e o sentido daí resultante
5. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
Destaques da ER:
•Wolfang Iser;
•Hans Robert Jauss: qualquer obra de arte literária só será efetivamente recriada ou “concretizada”, quando o leitor a legitimar. Na sua tese, um livro sem leitor não existe.
6. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
Assim, o trabalho do autor e o próprio texto criado perdem prioridade. Por isso, é fundamental descobrir o “horizonte de expectativas” do leitor, que envolve a obra em análise.
Acontece que os leitores são condicionados por leituras pregressas, em especial, no âmbito de um mesmo gênero literário. Razão pela qual depositam determinadas expectativas nos textos que leem (MOTA, p.2).
7. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
As abordagens da ER consideram as condições sócio-históricas das diversas interpretações textuais pelo universo de leitores possíveis.
O discurso literário se constituiria, através de seu processo receptivo, enquanto pluralidade de estruturas de sentido historicamente mediadas.
•papel ativo do leitor no processo de construção do sentido presente na interpretação e na leitura crítica das obras.
8. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
Para a estética da recepção, todo texto é uma obra em potencial, que se realiza através da ação do leitor e dos efeitos que nele provoca. [...] O autor, ao invés de impor uma ótica única ao leitor, deve despertar diferentes pontos de vista e deixar perspectivas em aberto. A tarefa do autor é despertar no leitor o desejo de ler. Já a tarefa do leitor é a de formar a partir do texto uma interpretação original que não é necessariamente aquela formulada pelo autor da obra. (VENTURELLA, 2012).
9. DO SÉTIMO ANDAR (Loa Hermanos)
Fiz aquele anúncio e ninguém viu Pus em quase todo lugar a foto mais bonita que eu fiz, você olhando pra mim
Alto aqui do sétimo andar longe, eu via você e a luz desperdiçada de manhã num copo de café
Deus sabe o que quis foi te proteger do perigo maior, que é você E eu sei que parece o que não se diz o seu caso é o tempo passar Quem fala é o doutor
Parece que foi ontem, eu fiz aquele chá de habu pra te curar da tosse do chulé pra te botar de pé
E foi difícil ter que te levar àquele lugar Como é que hoje se diz? Você não quis ficar
Os poucos que viram você aqui me disseram que mal você não faz E se eu numa esquina qualquer te vir será que você vai fugir? Se você for, eu vou correr Se for, eu vou.
10. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
Regina Zilberman considera que existem algumas convenções existentes no comportamento e decisões dos leitores que são na seguinte ordem:
- social, pois o indivíduo ocupa uma posição na hierarquia da sociedade;
- intelectual, porque ele detém uma visão de mundo compatível, na maior
parte das vezes, com seu lugar no espectro social, mas que atinge após
completar o ciclo de sua educação formal;
- ideológica, corresponde aos valores circulantes no meio, de que se imbuiu e dos quais não consegue fugir;
- lingüística, pois emprega um certo padrão expressivo, mais ou menos
coincidente com a norma gramatical privilegiada, o que decorre tanto de sua educação, como do espaço social em que transita;
- literária, proveniente das leituras que fez, de suas preferências e da oferta artística que a tradição, a atualidade e os meios de comunicação, incluindos e aí a própria escola, lhe concedem.
11. LITERATURA E ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
[...] o receptor não é neutro no contato com qualquer gênero de texto (impresso, oral, fílmico etc), mas [...] que na recepção oral isso difere um pouco, pois o leitor-narrador não é isento e interfere substancialmente na condução da história, dando mais cor em determinados trechos, evidenciando características de um ou de outro personagem e destacando alguns aspectos do texto em detrimento de outros. (MOTA apud BORTOLIN).
12. Leitura dos clássicos
•A leitura dos clássicos proporciona ao ser humano cultura, discernimento e centralidade mental fora da superficialidade em que a vida contemporânea se encontra. Ajuda-nos a encontrar novas saídas para o enfrentamento das dificuldades.
•Clássicos são livros que criaram as noções de realidade e fantasia, senso comum e extravagância, razão e irrazão, liberdade e tirania, absoluto e relativo – as noções que usamos diariamente para expressar nossos pontos de vista (FONSECA, p.4).
13. Leitura dos clássicos
•A leitura dos clássicos aprimora suas capacidades intelectuais e cognitivas, cuja aquisição é fundamental para a compreensão do mundo. Os livros clássicos são marcados por experiências de vidas passadas, carregam consigo um somatório de histórias sobre a humanidade e por isso pode trazer ao leitor novas possibilidades de enxergar o mundo que, por hora, poderia encontrar-se em um “estado morno” pela sobrecarga da vida diária (FONSECA, p.4).
•Por que um livro se torna clássico? Por sua capacidade de proporcionar várias leituras!
14. Leitura Literária
Cada página literária é um tributo à inteligência, à sensibilidade e à capacidade que as pessoas têm de entender a si e aos outros e de compartilhar. Quem lê/escuta um texto também lê/escuta a si mesmo, porque tem a oportunidade de descobrir-se e reconhecer-se nessa experiência que fusiona afeto, emoção, imaginação, memória, criatividade, lógica, razão e crítica (Pra que serve a literatura?).
15. Leitura Literária
Cada página literária pega o leitor pela mão e o leva a passear, sem nada impor, pelo campo florido das questões fundamentais da humanidade − até mesmo dos erros, a coisa mais verdadeiramente humana dos humanos. A literatura enriquece pontos de vista; instiga a ouvir, a levar em conta e a dar valor à voz do outro; desperta a vontade de ultrapassar o próprio “mundinho” e alimentar-se de outras luzes. Um belo dia, quem sabe emerja uma percepção da vida “menos burocrática, mais amorosa”... (Pra que serve a literatura?)
16. Palavras podem ser usadas de muitas maneiras. Os fósforos só podem ser usados uma vez.
Arnaldo Antunes
19. Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Miriam Lúcia de; BORTOLIN, Sueli. Biblioterapia e a recepção da literatura. XXV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação – Florianópolis, SC, Brasil, 07 a 10 de julho de 2013. Disponível em:< http://portal.febab.org.br/anais/article/view/1247/1248>. Acesso em 20 fev. 2014.
FONSECA, Karla Haydê Oliveira da. A leitura dos clássicos, uma possibilidade biblioterapêutica: por um viver melhor. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.19, n.1, p. 6-12, jan./jun., 2014. Disponível em:<http://revista.acbsc.org.br/racb/article/download/841/pdf_82 >. Acesso em 04 jul. 2014.
MOTA, Débora T. Mutter da Silva. Literatura e estética da recepção. Disponível em:< http://www.ulbra.br/letras/files/literatura-e-estetica-da-recepcao- enade-2011.pdf>. Acesso em 20 jul. 2014.