O documento discute como a habilidade social é essencial para a liderança e como líderes de escolas de samba no Brasil mostraram ter altas habilidades sociais de acordo com uma avaliação. As relações sociais construídas ao longo de décadas dentro das comunidades das escolas de samba facilitam a coesão e a liderança, ao contrário do que acontece tipicamente em empresas. Desenvolver habilidades sociais pode ajudar a reduzir problemas como esgotamento e rotatividade de funcionários nas empresas.

1. Habilidade Social: Escola de Samba um
bom exemplo para a liderança
William A. Cerantola
Autor e consultor - Comunicação e Marketing. LeadComm Index de Comunicação da
Liderança. Atua em ESG e certificação pela WeWe. LeadComm Index for Leadership
Communication. Lead ESG certification projects
May 23, 2023
Quando pensamos sobre a comunicação da liderança sempre nos vem a mente a
escuta, capacidade de falar com clareza, empatia, construção de confiança, entre tantos
outros, mas pouco observamos a habilidade de realizar interações sociais nas empresas.
A aplicação do assessment pelo LeadCom Index tem demonstrado que em diferentes
tipos de empresas e entidades sem fins lucrativos, a capacidade de navegar entre os
diferentes níveis e correntes dentro da organização fazem enorme diferença na
tessitura da confiança e do relacionamento para o bom exercício da liderança.
Nas empresas essa habilidade social é percebida como estilo pessoal e até de
comunicação, mas em outras organizações pode ser fator determinante de sucesso. Ao
aplicar o assessment a três escolas de samba de São Paulo ficou evidente os scores
superiores e a maior habilidade social dos líderes frente aos executivos de empresas
multinacionais e nacionais na indústria e em serviços. A liderança numa escola de
samba tem sua trajetória vinculada a comunidade, e suas relações familiares estão
presentes na quadra e nas interações com os demais membros. Aqui o termo "vestir a
camisa" tem outro significado porque nasce de relações históricas, sociais, culturais e
emocionais.

2. A habilidade social se transfere de dentro de casa para a quadra da escola de samba.
Parafraseando Roberto DaMatta, antropólogo brasileiro, do privado para o público, da
cozinha para a rua. Evidente que muitas pessoas fora da comunidade participam dos
ensaios e do desfile, mas a coesão interna está consolidada na comunidade de origem e
nas relações sociais que foram construídas ao longo de décadas. Algo muito difícil,
senão completamente improvável, de acontecer em uma empresa, que se baseia em
sua estrutura organizacional e as relações são mediadas pelo exercício de poder
associado a função.
Nas empresas há sempre o esforço de construção contínua das interações sociais que
sistematicamente são desafiadas nos processos de mudança, relações de poder, cultura
organizacional, entre outros.
Habilidade social não se restringe ao líder e sua equipe, mas se amplia aos pares,
interações com líderes acima na estrutura organizacional e nas relações com outras
equipes das demais áreas.
Seguramente, a percepção dessa habilidade no líder facilita sua forma de atuação, e
investir tempo e treinamento nessa perspectiva, podem reduzir alguns dos sintomas
atuais empresas, onde cerca de 50% dos profissionais se desligam do lugar onde
trabalham por causa das pessoas. A crescente onda de burnout cultivada no decorrer
da pandemia, com o esgotamento e fadiga no trabalho híbrido/ remoto, distanciamento
afetivo do trabalho e menor produtividade, podem encontrar parte de sua solução a
partir do autoconhecimento e pelas interações sociais saudáveis que podem ser
construídas no ambiente de trabalho.
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