O documento discute como a razão e a emoção são fundamentais para a tomada de decisão e o desempenho, de acordo com evidências das neurociências. Aborda como o técnico de futebol Abel Ferreira e o neurocientista Antonio Damásio demonstraram a importância do equilíbrio entre razão e emoção. Também explica como estímulos emocionais são necessários para melhorar o desempenho devido aos mecanismos cerebrais de conservação de energia.
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1. Razão e Emoção: duas faces da mesma moeda nas
neurociências
William A. Cerantola
17/05/2022
Razão e emoção sem dúvida são dois enigmas que desafiam o conhecimento humano
desde muito tempo, e é tão atual, que permite colocar duas personalidades tão
diferentes lado a lado.
Antonio Damásio é um neurocientista português e tem desenvolvido pesquisas pioneiras
sobre o cérebro e as relações entre emoção, razão e processos cognitivos. Em seu livro
o “Erro de Descartes” argumenta que a experiência emocional é fundamental para a
tomada de decisão. De fato, apoia uma visão interdisciplinar que combina as ciências
biológicas e humanidades como uma abordagem mais adequada para melhor
compreender o cérebro e a mente humana.
Abel Ferreira é um técnico de futebol português, ex jogador, que desenvolveu sua
carreira como técnico no Braga, Sporting, Paok e Palmeiras. Neste período recente no
Brasil conquistou respeito e admiração não só pelos resultados alcançados, mas pela
maneira de preparar, motivar e apoiar as decisões dos jogadores em campo. Em seu livro
“Cabeça Fria, Coração Quente”, faz uma alusão clara ao equilíbrio entre razão e emoção,
demonstrando isso na forma como sua equipe apresenta forte capacidade mental
durante os jogos.
2. O que conecta estes perfis são as evidências de que o comportamento depende de nosso
repertório emocional, onde entra em jogo a interação com o corpo e suas percepções.
Uma atividade esportiva de alto desempenho faz uso dessa sinergia corpo, cérebro e
emoções, ou melhor ainda, processos cognitivos em sintonia com respostas emocionais.
Vale dizer que o desempenho de alta performance só é alcançado quando de um ajuste
fino entre treino físico e estado emocional. A mente modula o estado do corpo, mas o
corpo modula a forma de funcionar a mente. Essa combinação é que resulta nas
melhores decisões conscientes e refletidas, e mesmo nas decisões ou repostas
automáticas e imediatas.
Isso é especialmente importante ao saber que o cérebro representa cerca de 2% a 3%
da massa corpórea, mas consome 25% da energia diária, ou seja, o cérebro tende a optar
por alternativas de menor esforço e menor consumo energético, e portanto, como toda
melhoria de desempenho requer mais esforço, é necessário ativar estímulos cognitivos
e emocionais importantes para que as coisas aconteçam.
Melhoria exige esforço e energia persistente, tudo o que o cérebro procura evitar. É
nesse momento que o estímulo emocional faz toda a diferença. Esse estímulo emocional
vai acontecer nas interações do líder-treinador com equipe-jogadores, na forma de
motivar e comunicar, nas atividades de integração e nos desafios que apostam no
desenvolvimento das habilidades e talentos da equipe. Os neurotransmissores,
acionados nesses processos de recompensa, tais como dopamina, serotonina, ocitocina,
são os veículos neurológicos que garantem equilíbrio dinâmico a todo esse sistema.
A continuidade desse ciclo positivo entre mecanismos focados na razão e na emoção,
como em uma equipe de futebol com as atividades de preparação, preleção,
concentração, treino e vestiário, associados aos reforços positivos dos resultados em
campo, favorecem um estado mental e emocional de maior foco, atenção e consolidação
de resiliência. Não é de surpreender que uma abordagem técnica de futebol que está
atenta e prioriza este equilíbrio entre razão e emoção chegue a resultados acima da
média. De fato, as evidências das neurociências apontam exatamente nesta direção, o
que justifica a força mental de uma equipe.
A habilidade de uma liderança em lançar mão do repertório emocional de sua equipe de
futebol nas vésperas de uma decisão, ao acionar com o chamado de “o que nos trouxe
até aqui?”, e construir uma ponte para a conquista futura com o desafio de “proteger o
nosso sonho”, são bons exemplos dessa arquitetura mental razão e emoção.
Essa é apenas uma das maneiras de fazer uma releitura de um dos temas importantes
no escopo das neurociências e que serão debatidos em cursos de curta duração e
atualização no Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein:
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